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Crias filhos compassivamente cnv

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Título original: Raising Children Compassionately: Parenting the Nonviolent Communication
Way
Copyright © 2005 PuddleDancer Press
Gra�a segundo o Acordo Ortográ�co da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor
no Brasil em 2009.
Coordenação editorial: Lia Diskin
Revisão técnica: Silvio de Melo Barros
Revisão: Rejane Moura
Capa, Projeto grá�co, Produção e Diagramação: Jonas Gonçalves
Conversão para ePub: Cumbuca Studio
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Rosenberg, Marshall B., 1934-2015
Criar �lhos compassivamente: maternagem e paternagem na perspectiva da
comunicação não violenta / Marshall Rosenberg; tradução Tônia Van Acker. – São
Paulo: Palas Athena, 2019.
Título original: Raising children compassionately: parenting the nonviolent
communication way
e-ISBN 978-65-86864-03-8
1. Comunicação interpessoal 2. Educação de �lhos 3. Pais e �lhos I. Título.
19-25444 — CDD-158.24
Índices para catálogo sistemático:
1. Filhos e pais: Relações familiares: Psicologia aplicada 158.24
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
3ª edição, março de 2020
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem a autorização prévia,
por escrito, da Editora.
Direitos adquiridos para a língua portuguesa por Palas Athena Editora.
Alameda Lorena, 355 – Jardim Paulista
01424-001 – São Paulo, SP – Brasil
Fone (11) 3050-6188
www.palasathena.org.br
editora@palasathena.org.br
Sumário
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Introdução
Nossa própria consciência
Nossa educação como pais
As limitações da coerção e da punição
Certa qualidade de vínculo
As limitações das recompensas
Transformar sua comunicação habitual
“Guerra nas tarefas”
Amor incondicional
Preparando nossos �lhos
O jogo do “Capitão”
O uso de força
Comunidades de apoio
Os quatro componentes da CNV
file:///tmp/calibre_4.23.0_tmp_K3nwqu/tBPAQj_pdf_out/OEBPS/Text/cover.xhtml
Lista de alguns sentimentos e necessidades
universais
Sobre a Comunicação Não Violenta
Sobre o Center for Nonviolent Communication
Sobre o autor
Introdução
Há trinta anos ensino Comunicação Não Violenta para mães e pais.
Gostaria de partilhar algumas das coisas que têm sido úteis para
mim e para os pais com quem trabalhei, e também quero dividir
algumas percepções que tive sobre a maravilhosa e desa�adora
missão de criar �lhos.
Primeiramente, é aconselhável chamar a atenção para o perigo da
palavra “�lho” – se for usada para sugerir um tipo diferente de
respeito, diferente daquele que teríamos por alguém não rotulado
como �lho ou criança. Explicarei melhor o que quero dizer com
isso.
Nas o�cinas de maternagem e paternagem que realizei ao longo
dos anos, muitas vezes começava dividindo o grupo em dois. A
atividade funciona assim: um grupo �ca em uma sala, o outro
grupo em outra. Ambos recebem a tarefa de escrever, em uma folha
de papel grande, um diálogo com alguém, numa situação
con�ituosa. Digo a cada grupo qual é o con�ito. A única diferença é
que para um grupo sinalizo que o con�ito se dá com um �lho, e
para o outro grupo que a discussão é com um adulto – por exemplo,
um vizinho.
Depois, os grupos se reúnem e juntos contemplamos os
diferentes diálogos que escreveram – num caso pensando que o
outro era um �lho, no outro supondo ser um vizinho. Note que não
permito que os grupos discutam entre si sobre quem é a pessoa
envolvida na discussão, portanto, os dois grupos pensam que o
contexto é o mesmo.
Depois que todos leram os diálogos dos dois grupos, pergunto a
eles se perceberam alguma diferença quanto ao grau de respeito e
compaixão demonstrados em cada um dos casos. Todas as vezes
que propus essa atividade, a comunicação do grupo que trabalhava
na discussão com um �lho sempre era percebida como menos
respeitosa e compassiva quando comparada com o grupo que havia
trabalhado com o outro como sendo um vizinho. Isso mostra aos
dois grupos, de modo doloroso, que é muito fácil desumanizar
alguém pelo simples fato de ver essa pessoa como “meu �lho”.
Nossa própria consciência
Um dia, tive uma experiência que realmente me conscientizou do
perigo de pensar nas pessoas como �lhos/crianças. Eu tinha
passado um �nal de semana inteiro trabalhando com dois grupos:
uma gangue de rua e o departamento de polícia. Meu papel era de
mediador entre esses antagonistas. Muita violência vinha sendo
trocada entre eles, e me pediram para tentar intermediar uma
solução. Depois de passar tanto tempo ali, lidando com a
hostilidade mútua entre membros da gangue e policiais, eu estava
exausto. Quando as sessões de mediação terminaram, a caminho de
casa, dirigindo meu carro, pensei comigo mesmo que nunca mais
na minha vida queria estar em meio a um con�ito.
É claro que quando entrei pela porta da cozinha, meus três �lhos
estavam brigando. Expressei minha dor da maneira que
recomendamos na Comunicação Não Violenta. Disse como estava
me sentindo, quais eram minhas necessidades e �z meu pedido.
Falei da seguinte forma, aos gritos: “Quando ouço tudo isso que está
acontecendo agora entre vocês, �co muito nervoso! De verdade,
preciso muito de paz e sossego depois do �nal de semana que
passei! Será que vocês poderiam me dar esse tempo e espaço que
estou precisando?”
Meu �lho mais velho olhou para mim e disse: “Você quer falar
sobre isso?” Muito bem. Naquele momento eu o desumanizei na
minha mente. Como? Porque pensei: “Que graça! Vejam só, um
menino de nove anos tentando ajudar o pai”. Examine de perto meu
pensamento. Veja como desquali�quei seu oferecimento por causa
da sua idade, porque o rotulei como criança. Felizmente, percebi na
mesma hora o que estava acontecendo em minha cabeça. Talvez
tenha tido mais clareza justamente por causa do trabalho que
acabara de fazer com a gangue de rua e a polícia, algo que me
mostrou o perigo de pensar nas pessoas em termos de rótulos ao
invés de enxergar sua humanidade.
Portanto, em vez de vê-lo como uma criança e pensar “Que
gracinha”, enxerguei um ser humano tentando ajudar outro ser
humano que sofre, e lhe disse em voz alta: “Sim, gostaria de falar a
respeito”. Os três me seguiram, fomos para a outra sala e me
ouviram enquanto eu abria o coração para sentir toda a dor por
aquilo que havia assistido – as pessoas podem chegar ao ponto de
querer ferir os outros simplesmente porque não foram treinadas
para enxergar a humanidade daquele outro ser. Depois de falar
sobre isso durante 45 minutos, me senti ótimo, e lembro de ter
ligado o som e de dançarmos como loucos por um tempinho.
Nossa educação como pais
Todavia, não estou dizendo que devemos parar de usar as palavras
“�lho/criança” para comunicar de modo rápido que estamos falando
de alguém de certa idade. Re�ro-me às ocasiões em que permitimos
que rótulos como esses nos impeçam de ver a outra pessoa como
um ser humano – o que nos leva a desumanizar o outro por causa
das coisas que nossa cultura nos ensina sobre as “crianças”. Permita
que eu demonstre as consequências daquilo que estou a�rmando, e
como o rótulo “criança” pode nos conduzir a um comportamento
bastante infeliz.
Segundo a maneira como fui educado a pensar sobre criação de
�lhos, o trabalho de um pai ou mãe é fazer as crianças se
comportarem bem. Veja, na cultura em que fui educado, se você se
torna autoridade, professor ou pai, passa a entender que sua
responsabilidade é fazer com que pessoas rotuladas como
“�lho/criança” ou “aluno” se comportem de determinada maneira.
Hoje percebo que esse é um objetivo que traz consigo a derrota,
pois aprendi que quando nosso objetivo é conseguir que outra
pessoa se comporte de determinado modo, elas provavelmente
resistirão àquilo que estamos pedindo. Segundo minha experiência,
esta regra vale para pessoas com idade de 2 a 92 anos.
Esse objetivo – conseguir o que desejamos da outra pessoa (ou
conseguir que faça o que nós queremos) – ameaça a sua autonomia,
seu direito de escolher oque deseja fazer. E sempre que as pessoas
sentem que não podem escolher livremente sua tendência é resistir,
mesmo se enxergarem o propósito daquilo que estamos pedindo e
sejam, normalmente, inclinadas a fazer aquilo. É tão forte a
necessidade de proteger nossa autonomia que, se percebermos que
alguém insiste em seus próprios objetivos – se aquela pessoa age
como se acreditasse que sabe o que é melhor para nós, e não nos
deixa escolha ou alternativa de ação – isso estimula nossa
resistência.
As limitações da coerção e da punição
Serei eternamente grato a meus �lhos por me ensinarem a respeito
das limitações desse objetivo: conseguir que outras pessoas façam o
que quero. Eles me mostraram que, em primeiro lugar, não podia
obrigá-los a fazer o que eu queria. Não conseguia obrigá-los a fazer
nada. Não conseguia fazê-los guardar o brinquedo de volta na caixa
de brinquedos. Não conseguia que arrumassem a cama. Não
conseguia obrigá-los a comer. Essa foi uma lição de humildade para
mim: aprender que, como pai, eu não tinha poder. Por algum
motivo eu havia colocado na minha cabeça que cabia ao pai fazer a
criança se comportar “bem”. E ali estavam aquelas criancinhas me
ensinando esta lição de humildade: que não se pode obrigá-las a
fazer as coisas. Eu conseguia apenas fazer com que se
arrependessem de não ter feito o que mandei.
E sempre que fui tolo o bastante para fazê-los se arrepender de
não me obedecerem, eles me ofereceram uma segunda lição sobre
paternagem e poder, que acabou se mostrando muito valiosa ao
longo dos anos: faziam com que eu me arrependesse de ter feito
aquilo. Violência gera violência.
Meus �lhos me ensinaram que qualquer uso de coerção da minha
parte invariavelmente criaria resistência da parte deles, e isso trazia
uma qualidade adversarial à nossa ligação. Não desejo ter esse tipo
de vínculo com ser humano algum, mas é especialmente indesejado
no caso de meus �lhos, os seres humanos que me são mais
próximos e pelos quais tenho responsabilidade. Meus �lhos são,
portanto, as últimas pessoas com quem quero entrar em jogos
coercitivos envolvendo punição.
Entretanto esse conceito de punição é muito defendido pela
maioria dos pais. Pesquisas indicam que cerca de 80% dos pais
norte-americanos acreditam sem reservas na e�cácia do castigo
físico para crianças. Essa é aproximadamente a mesma
porcentagem dos que defendem a pena de morte para criminosos.
Havendo uma parcela tão grande da população que defende a
punição como justi�cável e necessária na educação de crianças,
tive, ao longo dos anos, bastante oportunidade de discutir essa
questão com os pais, e �quei satisfeito em ver que consegui ajudar
muitas pessoas a enxergarem as limitações de qualquer tipo de
punição. Para tanto basta perguntar a si mesmo duas coisas.
Pergunta número um: O que você quer que a criança faça de
outro modo? Se pararmos nessa questão, pode parecer que em
certas ocasiões a punição funciona, pois por meio de ameaça ou
aplicação de castigo, certamente conseguiremos algumas vezes
in�uenciar a criança a fazer o que queremos.
Contudo, ao acrescentar uma segunda pergunta, observei que os
pais percebem que a punição nunca funciona: Quais são as
motivações que queremos que a criança tenha para agir como
desejamos? Essa segunda pergunta nos ajuda a ver que a punição
não apenas é ine�caz, mas impede que nossos �lhos façam as
coisas pelos motivos que desejamos.
Já que a punição é usada com frequência e considerada
justi�cável, os pais imaginam que o contrário da punição é aquele
tipo de permissividade na qual nada fazemos quando as crianças se
comportam de maneira divergente aos valores dos pais. Portanto,
os pais só conseguem pensar: “Se eu não punir meu �lho, estarei
abrindo mão de meus próprios valores e simplesmente permitindo
à criança fazer o que quer”. Conforme mostrarei a seguir, há outras
abordagens além da permissividade. Em outras palavras, há
alternativas entre deixar as pessoas fazerem o que bem entendem e
aplicar táticas coercitivas de punição. Aliás, gostaria de dizer que as
recompensas são tão coercitivas quanto os castigos. Nos dois casos
estamos usando o poder sobre os outros, controlando o ambiente
de modo a tentar forçar as pessoas a se comportarem do modo que
queremos. Sob esse ponto de vista, o uso de recompensas brota da
mesma mentalidade que preconiza o castigo.
Certa qualidade de vínculo
Há uma abordagem alternativa à omissão e à utilização de táticas
coercitivas. Esta outra metodologia requer consciência da diferença
sutil, porém importante, entre ter por objetivo conseguir que as
pessoas façam o que queremos (o que não recomendo) e, em vez
disso, ter a clareza de que nosso objetivo é criar a qualidade de
vínculo necessária ao atendimento das necessidades de todos.
Entendi por experiência que (estejamos nos comunicando com
crianças ou com adultos) quando percebemos a diferença entre
esses dois objetivos e conscientemente nos abstemos de tentar
conseguir que o outro faça o que queremos – ao mesmo tempo
procurando criar uma qualidade de cuidado mútuo, respeito
mútuo, um bom vínculo que permite aos dois sentirem que suas
necessidades estão sendo levadas a sério, e a consciência de que as
necessidades e o bem-estar da outra pessoa são independentes – é
impressionante como os con�itos, que de outro modo pareceriam
insolúveis, se resolvem com facilidade.
Ora, esse tipo de comunicação que viabiliza a criação da
qualidade de vínculo necessária ao atendimento das necessidades
de todos é muito diferente daquela que usamos quando adotamos
formas coercitivas para resolver disputas com crianças. Ela requer
uma mudança que nos distancia da avaliação moralista da infância
(em termos de certo/errado, bom/mau), e nos aproxima de uma
linguagem baseada em necessidades. Precisamos conseguir dizer às
crianças se o que elas estão fazendo está em harmonia com nossas
necessidades, ou em con�ito com elas – mas fazê-lo de tal forma
que não estimulemos a culpa ou a vergonha nos mais jovens.
Vamos dar um exemplo: “Fico com medo quando vejo você bater no
seu irmão, pois preciso que as pessoas da família estejam em
segurança” ao invés de “É errado bater no seu irmão”. Ou em outra
circunstância, em vez de a�rmar “Você é um preguiçoso porque não
arrumou o quarto”, dizer “Fico frustrado quando vejo que sua cama
não está arrumada porque preciso de apoio para manter a casa em
ordem”.
Essa mudança de linguagem – que evita a classi�cação do
comportamento da criança em termos de certo e errado, bom e
mau, e procura se concentrar nas necessidades – não é fácil para
aqueles que foram educados por professores e pais a pensar em
termos de julgamentos moralistas. Requer também a habilidade de
estar presente para nossos �lhos, escutá-los com empatia quando
estão angustiados. Isso tampouco é simples, pois aprendemos com
nossos pais a intervir imediatamente, aconselhar e consertar a
situação.
Portanto, quando trabalho com mães e pais, analisamos juntos as
situações que podem surgir quando uma criança diz, por exemplo:
“Ninguém gosta de mim”. Quando expressa isso, acredito que está
precisando de uma conexão empática. Ou seja, compreensão
respeitosa, através da qual a criança sente que estamos presentes e
realmente escutamos o que ela sente e necessita. Às vezes é
possível comunicar isso em silêncio, apenas mostrando no olhar
que estamos ali com ela, com sua tristeza, sua necessidade de ter
outra qualidade de conexão com seus amigos. Mas talvez seja
preciso dizer algo em voz alta, como: “Parece que você está
realmente muito triste. Não está se divertindo muito com seus
amigos?”
Entretanto, muitos pais, tendo de�nido seu papel como o de fazer
seus �lhos felizes o tempo todo, se precipitam e falam algo do tipo:
“Bem, será que você está fazendo alguma coisa que talvez esteja
afugentando seus amigos?” Ou discordam da criança dizendo: “Ah,
isso não é verdade. Você tinha tantos amigos. Tenho certeza que vai
fazer mais amizades”. Ou então oferecem conselhos: “Talvezse você
falasse de outro modo com seus amigos, eles gostariam mais de
você”.
Não percebem que todos os seres humanos, quando estão
sofrendo, precisam de presença e empatia. Talvez até queiram
conselhos, mas isto precisa vir depois de receberem conexão
empática. Meus próprios �lhos me ensinaram isso da maneira mais
dura, dizendo: “Papai, por favor não dê conselhos a não ser que
tenha recebido um pedido por escrito com �rma reconhecida em
cartório”.
As limitações das recompensas
Muitas pessoas acreditam que é mais humano usar recompensas do
que punições. Mas vejo ambas como exercício de poder sobre os
outros, e a Comunicação Não Violenta se baseia no poder com os
outros. Na modalidade de poder com as pessoas, não procuramos
in�uenciar através de nossa capacidade de fazer as pessoas
sofrerem se não �zerem o que queremos, ou de recompensá-las
caso obedeçam. O “poder com” é um tipo de poder baseado em
con�ança mútua e respeito, que leva as pessoas a se abrirem para
ouvir o outro e aprender mutuamente; doarem-se uns aos outros de
boa vontade pelo desejo de contribuir com o bem-estar do outro, ao
invés de motivados por medo de punições ou esperança de
recompensas.
É possível obter esse tipo de poder, o poder com as pessoas,
quando conseguimos comunicar de modo aberto nossos
sentimentos e necessidades sem fazer crítica alguma à outra
pessoa. Isso acontece quando dizemos ao outro aquilo que
queremos, de tal modo que ele não o ouça como uma exigência ou
ameaça. Como mencionei, é preciso também escutar o que os
outros estão de fato tentando comunicar, e mostrar que
entendemos com exatidão – em vez de imediatamente começar a
dar conselhos e querer consertar a situação.
Para muitos pais, esse modo de comunicação é tão diferente que
pensam: “Não me parece natural falar dessa maneira”. Por uma
incrível coincidência, um escrito de Gandhi me caiu nas mãos na
hora exata: “Não confunda o que é natural com o que é habitual”.
Gandhi explica que, com frequência, fomos educados a falar e agir
de modo bastante antinatural, embora essas formas tenham se
tornado habituais uma vez que, por várias razões, fomos treinados a
falar ou agir daquela maneira na nossa cultura. Quando li isso,
certamente me pareceu verdadeiro, pois reconheci na minha
própria experiência a origem do meu estilo de comunicação com as
crianças. Fui treinado a julgar em termos de certo e errado, bom e
mau, e o uso de punições sempre foi disseminado e se tornou
habitual para mim como pai. Contudo, eu tampouco diria que pelo
fato de uma coisa ser habitual ela seja natural.
Aprendi que é muito mais natural as pessoas se conectarem de
modo amoroso, respeitoso, e fazerem as coisas pela alegria de estar
com o outro, ao invés de usar punições e recompensas, ou culpa e
acusações, como instrumentos de coerção. Mas uma transformação
dessa natureza exige muita consciência e esforço.
Transformar sua comunicação habitual
Recordo-me de uma ocasião, quando estava em processo de
transformar minha comunicação habitual julgadora com meus
�lhos e adotar esta outra maneira que agora defendo. Naquele dia, a
situação era um con�ito com meu �lho mais velho, e eu estava
demorando para me comunicar da forma que escolhi ao invés do
meu modo habitual. Quase tudo que vinha espontaneamente à
minha cabeça era alguma a�rmação coercitiva na forma de
julgamento por ele ter dito o que dissera. Tive que parar para
respirar fundo e pensar em como acessar minhas próprias
necessidades e entrar mais em contato com as dele. E isso demorou.
Ele foi �cando frustrado porque seu amigo estava esperando lá fora,
e me disse:
— Pai, você está demorando muito para falar.
— Vou te dizer o que dá para dizer rapidamente – faça do meu
jeito ou eu acabo com a sua vida.
Ele então respondeu:
— Tudo bem, pai. Demore o quanto quiser.
De fato, ao me comunicar com meus �lhos pre�ro demorar e falar
a partir da energia de minha escolha, ao invés de responder por
hábito do modo que fui condicionado a fazer se algo não estiver em
harmonia com meus valores. Infelizmente, recebemos do nosso
entorno muito mais reforço positivo para agir de forma punitiva e
julgadora do que de maneira respeitosa com nossos �lhos.
Lembro-me de um jantar de Ação de Graças. Eu me esforçava
para falar com meu �lho mais novo do modo que recomendo. Não
estava fácil, pois ele me testava até os limites. Mas não tive pressa;
eu respirava fundo, tentava compreender as necessidades dele e
procurava entender minhas próprias necessidades para expressá-las
de modo respeitoso. Um outro membro da família, observando
minha conversa com meu �lho, a dada altura chegou no meu
ouvido e sussurrou: “Se fosse meu �lho, ele lamentaria ter dito o
que disse”. Obviamente ele tinha sido treinado da maneira
“habitual”.
Já conversei com inúmeros pais e mães que tiveram experiências
semelhantes e que, ao tentarem se relacionar de modo mais
humano com seus �lhos, ao invés de obter apoio, foram criticados.
As pessoas muitas vezes confundem a comunicação da qual estou
falando com permissividade. Ou pensam que equivale a deixar as
crianças sem norte, não percebem que é uma outra qualidade de
orientação. A direção que defendo nasce de duas pessoas que
con�am uma na outra, e não de uma pessoa que impõe sua
autoridade à outra.
O resultado mais triste de ter por objetivo conseguir que as
crianças façam o que queremos – ao invés de desejar que todos
tenham o que querem – é que em algum momento tudo que
pedirmos lhes parecerá uma exigência. E sempre que as pessoas
escutam uma exigência, é difícil manterem o foco no valor daquilo
que está sendo solicitado pois, como já mencionei, aquilo constitui
uma ameaça à sua autonomia – e esta é uma necessidade muito
forte dos seres humanos. Todos querem poder fazer algo quando
escolhem fazer aquilo, e não porque estão sendo forçados a fazê-lo.
Assim que uma pessoa ouve uma exigência, �ca muito mais difícil
chegar a uma solução que atenda às necessidades de todos.
“Guerra nas tarefas”
Darei um exemplo da minha vida familiar: meus �lhos recebiam
diferentes tarefas em casa. Meu mais novo, Brett, tinha doze anos e
pedimos a ele que levasse o lixo para fora, duas vezes por semana,
para que a equipe de coletores de lixo pudesse recolher. A tarefa era
simples: pegar o saco de lixo debaixo da pia da cozinha e levá-lo até
a calçada, de onde seria retirado mais tarde. Esse processo, do
começo ao �m, levava cinco minutos. Porém, criava uma guerra
duas vezes por semana na hora de pôr o lixo para fora.
Como começava essa guerra? Em geral, bastava mencionar o
nome dele: “Brett!” É claro que, pela minha entonação de voz, ele
percebia que eu já estava bravo e julgando-o por não ter feito o que
devia. Apesar de chamar o nome dele alto o su�ciente para que os
vizinhos do quarteirão de baixo ouvissem, o que ele fazia para
escalar o con�ito? Ele �ngia que não tinha ouvido, mesmo estando
na sala ao lado. E o que eu fazia? Ficava com mais raiva, é claro.
Então eu gritava o nome dele ainda mais alto que da primeira vez,
de tal modo que nem ele podia �ngir que não tinha ouvido:
— O que você quer? – ele perguntava.
— O lixo ainda está aqui dentro.
— Você é muito perspicaz.
— Ponha o lixo para fora.
— Daqui a pouco – retrucava.
— Você disse isso da última vez, e não fez.
— Não signi�ca que não vou fazer desta vez.
Veja quanta energia gasta no simples ato de colocar o lixo para
fora. Toda essa tensão se criava entre nós porque, naquele tempo,
eu tinha en�ado na cabeça que era seu dever fazer aquilo, que ele
tinha de fazê-lo, que ele tinha de aprender a ser responsável. Em
outras palavras, apresentei aquela tarefa como uma exigência.
As pessoas entendem solicitações como exigências se pensarem
que serão punidas ou culpadas caso não �zerem a tarefa. Essa ideia
tira toda a alegria de qualquer ato.
Certa noite conversei com Brett sobre isso. Foi quando eu estava
começando a entender toda essa questão da motivação. Comecei a
descon�ar que era muito destrutivo pensar que sabia o que erao
“certo”, ou seja, que meu dever como pai era fazer as crianças se
comportarem “bem”. Naquela noite conversamos sobre por que o
lixo não estava sendo colocado para fora – e nessa época eu já
estava aprendendo a escutar melhor, a ouvir os sentimentos e
necessidades por trás da sua recusa em fazer o que eu pedia. Vi
claramente que ele tinha necessidade de fazer as coisas por escolha
própria, e não apenas porque estava sendo obrigado a fazê-las.
Quando enxerguei isso, disse-lhe:
— Brett, como vamos sair desta situação? Sei que tenho feito
exigências no passado, que quando você não fazia as coisas que eu
pedia, eu o julgava por não estar cooperando com a família da qual
você é membro. Como vamos sair deste histórico que temos, e
como conseguiremos chegar a uma situação onde podemos ajudar
um ao outro com base em outro tipo de energia?
Ele teve uma ideia muito útil:
— Pai, que tal se toda vez que eu tiver dúvida se é um pedido ou
uma exigência, perguntar a você: “Isso é um pedido ou uma
exigência?”
— Gostei dessa ideia. Isso me obrigaria a realmente parar e
observar o que estou pensando, e perceber se o que eu disse de fato
está no espírito de “Veja, eu realmente gostaria que você �zesse
isto, atenderia às minhas necessidades, mas se as suas necessidades
estão em con�ito com as minhas, quero ouvi-las, e então podemos
pensar uma saída para que as necessidades de todos sejam
atendidas”.
Gostei mesmo da sugestão dele, de parar e realmente veri�car
quais pressupostos estavam funcionando dentro de mim. No dia
seguinte, antes de ele ir para a escola, tivemos três oportunidades
de testar o método. Por três vezes lhe pedi que �zesse algo, e a cada
vez ele me olhava e dizia: “Pai, isso é um pedido ou uma exigência?”
A cada vez eu olhava para dentro e percebia que ainda era uma
exigência. Eu continuava pensando que Brett devia fazer aquilo, que
era a única coisa razoável de se fazer. Sentia que se ele não o �zesse,
eu estava preparado para me tornar cada vez mais coercitivo.
Portanto, foi útil ele ter chamado minha atenção para o fato. A cada
vez eu parava, entrava em contato com minhas necessidades,
tentava escutar as dele, e dizia: “Ok. Obrigado. Me ajudou. Era uma
exigência e agora é um pedido”. E ele sentia a diferença na minha
atitude. E nas três ocasiões ele fez o que eu pedi sem questionar.
Quando as pessoas ouvem uma exigência, parece-lhes que nosso
amor, respeito e cuidado são condicionais. Isto é, parece que só
gostamos deles enquanto pessoas quando fazem o que queremos.
Amor incondicional
Lembro-me de uma vez, anos atrás – Brett só tinha três anos de
idade. Eu não sabia se estava comunicando a ele e a meus outros
�lhos a qualidade incondicional do meu amor. Ele apareceu naquele
meu momento de questionamento interno e entrou na sala. Então,
perguntei-lhe:
— Brett, por que o papai ama você?
Ele me olhou e disse de imediato:
— Porque agora eu faço cocô na privada?
Fiquei muito triste naquele instante porque era evidente que ele
não tinha como pensar de outra maneira. Naquele tempo, minha
resposta a meus �lhos era muito diferente quando eles faziam o que
eu queria e quando desobedeciam.
Então, disse a ele:
— Bem, eu realmente gosto disso, mas não é por isso que te amo.
— Então é porque eu não jogo mais a comida no chão?
Ele se referia a um pequeno incidente na noite anterior, quando
jogou comida no chão.
— É verdade, eu gosto quando a comida �ca no prato. Mas não é
por isso que te amo.
Ele �cou muito sério, me olhou nos olhos, e indagou:
— Então por que você me ama, papai?
Naquele instante me perguntei por que tinha entrado numa
conversa tão abstrata sobre amor incondicional com uma criança
de três anos. Como expressar algo assim a alguém dessa idade? E
disse sem pensar:
— Ora, gosto de você porque você é você!
Lembro que naquele momento pensei: “Bem, isso foi uma coisa
muito vaga e banal de se dizer”. Mas ele entendeu. Compreendeu a
mensagem; eu vi no rostinho dele. Ele sorriu, me olhou, e disse:
— Ah, você me ama porque eu sou eu, papai!
Nos próximos dois dias, parece que a cada dez minutos ele corria
para o meu lado, olhava para cima e dizia: “Você me ama porque eu
sou eu, papai. Você me ama porque eu sou eu, papai”.
Portanto, para comunicar essa qualidade incondicional de amor,
respeito e aceitação às outras pessoas, não signi�ca que seja
necessário gostar de tudo o que fazem. Não quer dizer que devamos
ser permissivos e abrir mão de nossos valores. Mas é preciso, sim,
mostrar às pessoas que temos a mesma qualidade de respeito por
elas nas duas ocasiões: quando fazem o que queremos e quando não
fazem o que lhes pedimos. Depois de mostrar respeito através da
empatia, dedicando tempo para compreender por que não querem
fazer o que pedimos, então podemos passar a estudar maneiras de
motivá-las a fazerem voluntariamente o que precisamos. Em alguns
casos, quando o outro tem um comportamento que ameaça nossas
necessidades ou a segurança, e não há tempo ou habilidade para se
comunicar de modo adequado, é possível até recorrer à força.
Mas o amor incondicional exige que, não importa qual seja o
comportamento das pessoas, elas tenham a con�ança de que
receberão alguma medida de compreensão da nossa parte.
Preparando nossos �lhos
É claro que nossos �lhos muitas vezes se verão em situações onde
não receberão aceitação, respeito nem amor incondicional.
Frequentarão escolas onde talvez os professores utilizem formas de
autoridade baseadas em outro modo de pensar, por exemplo, que
respeito e admiração devem ser conquistados e que a pessoa
merece ser acusada e punida se não se comportar de determinada
maneira. Portanto, uma de nossas tarefas como pais e mães é
mostrar aos nossos �lhos como preservar sua humanidade, mesmo
quando estão sendo expostos a autoridades que usam algum tipo de
coerção.
Um de meus dias mais felizes como pai foi o primeiro dia do meu
�lho mais velho na escola do bairro. Ele tinha doze anos de idade.
Acabara de cursar os seis primeiros anos numa outra escola onde
eu ajudara a treinar todos os professores, uma escola baseada nos
princípios da Comunicação Não Violenta. Lá esperava-se que as
pessoas �zessem as coisas não pelas punições e recompensas, mas
por perceberem a importância de sua contribuição para o próprio
bem-estar e o dos outros; as avaliações eram em termos de
necessidades e pedidos, não julgamentos. Depois de seis anos
naquele estabelecimento, esta seria uma experiência radical para
ele, pois, infelizmente, a escola do bairro não funcionava da
maneira como eu gostaria.
Mas antes que mudasse de escola, tentei transmitir a ele algum
conhecimento sobre por que os professores da nova escola talvez se
comportassem diferente, e tentei lhe passar algumas habilidades
para lidar com a situação, caso ocorresse. Quando ele voltou do
primeiro dia de aula, �quei radiante ao descobrir como tinha
utilizado os conhecimentos que ofereci.
— Rick, como foi na escola nova? – perguntei-lhe.
— Ah, foi tudo bem, pai. Mas, puxa, alguns dos professores...
Vi que ele estava tenso e quis saber:
— O que aconteceu?
— Pai, nem bem eu tinha passado pela porta, sério, mal entrei na
sala, o professor olhou para mim, correu na minha direção e gritou:
“Vejam só, vejam só a menininha!”
O professor estava reagindo ao fato de que meu �lho naquela
época tinha cabelo comprido até os ombros. Aparentemente,
entendeu que ele, como autoridade, sabia o que era certo, que
existia apenas um corte de cabelo correto, e que se alguém não faz
as coisas da forma certa, é preciso humilhá-lo ou fazê-lo se sentir
culpado por estar errado.
Senti tristeza por meu �lho ter sido saudado daquela maneira em
seus primeiros minutos numa escola nova.
— Como você lidou com a situação? – perguntei-lhe.
— Pai, me lembrei do que você tinha dito, que quando estamos
numa situação assim, para nunca dar ao outro o poder de nos
obrigar a sermos submissos ou rebeldes.
Fiquei encantado pelo fato de ele ter lembrado um princípio tão
abstrato naquela hora. Comuniquei-lhe minha satisfação e quis
saber oque tinha feito.
Ele me disse:
— Pai, também �z o que você me sugeriu, que quando as pessoas
falam comigo desse jeito, para eu tentar ouvir o que estão sentindo
e precisando, sem levar para o lado pessoal. Somente tentar ouvir
seus sentimentos e necessidades.
Demonstrei-lhe minha apreciação:
— Uau, �co feliz que você pensou em fazer isso. O que você
ouviu?
— Ah, pai, estava bem óbvio. Ouvi que ele estava irritado e queria
que eu cortasse o cabelo.
— Ah... – retruquei. — Como você se sentiu ao receber a
mensagem daquela maneira?
— Pai, �quei triste pelo professor. Ele é careca e parece que tem
um problema com esse assunto de cabelo – respondeu Rick.
O jogo do “Capitão”
Tive uma ótima experiência com meus �lhos quando eles tinham
respectivamente três, quatro e sete anos de idade. Naquela época,
estava escrevendo um livro para professores, sobre como criar
escolas em harmonia com os princípios da Comunicação Não
Violenta, em consonância com valores de respeito mútuo entre
professores e alunos, escolas que fomentassem autonomia e
interdependência. Como parte da minha pesquisa para montar
essas escolas, queria aprender mais sobre que espécie de escolhas
as crianças estão aptas a fazer em cada idade, e como delegá-las a
elas a �m de melhor desenvolverem a habilidade de tomar decisões
na vida.
Na época, me pareceu que uma brincadeira com meus �lhos seria
uma boa maneira de aprender mais sobre isso, e chamamos essa
atividade de Jogo do Capitão. A cada dia, eu escolhia uma das
crianças para ser o capitão. Uma criança por vez, eu delegava ao
capitão várias decisões que normalmente eram minhas, e ele tinha
que decidir por mim. Mas não transferia à criança uma decisão a
não ser que eu estivesse pronto a viver com a sua escolha. Como
mencionei, o objetivo da brincadeira era aprender com que idade as
crianças estão aptas a fazer certas escolhas, e que decisões são mais
difíceis para elas.
A seguir darei um exemplo de como funcionava a brincadeira, e
por que a experiência foi um ótimo aprendizado para mim. Certa
vez levei as crianças para a lavanderia onde devíamos buscar umas
roupas que tinham sido lavadas a seco. Quando paguei, a balconista
me ofereceu três balas para as crianças. Imediatamente vi a
oportunidade de delegar a decisão ao capitão, e falei: “Por favor,
pode dar as balas ao capitão?”
A moça não entendeu nada, mas o capitão sim. Brett, de três anos
de idade, foi até lá, estendeu a mão e recebeu as balas. Então falei:
“Capitão, por favor, decida o que fazer com as balas”.
Imaginem como foi difícil essa decisão para aquele capitão de
três anos de idade. Veja, ele com três balas na mão, a irmã olhando
para ele, o irmão olhando para ele; como decidir? Depois de
ponderar bem a questão, ele deu uma para o irmão e uma para a
irmã, e comeu a última.
Quando contei essa história pela primeira vez a um grupo de pais,
um deles disse: “Tudo bem, mas isso aconteceu porque você já
tinha ensinado que partilhar seria o correto”. Então respondi: “De
modo algum. Sei que não foi por isso, porque na semana anterior
ele se viu numa situação bem parecida e comeu todos os doces
sozinho. Mas, no dia seguinte, o que aconteceu com ele? Sim, no dia
seguinte ele aprendeu que se não levarmos as necessidades dos
outros em conta, nossas próprias necessidades nunca serão
plenamente satisfeitas. Foi uma lição rápida de interdependência.
Para mim foi emocionante ver como as crianças percebem isso
rapidamente quando precisam tomar decisões. Percebem que
nunca podemos realmente cuidar de nós mesmos sem mostrar
igual preocupação pelas necessidades dos outros”.
Já relatei acima que abrir mão do conceito de punição não é fácil
para mães e pais. Muitos estão imbuídos da noção de que o castigo
é necessário. Não conseguem imaginar o que mais pode ser feito
quando as crianças se comportam de um modo que pode ser danoso
a si ou a outras pessoas. E não conseguem conceber outras opções
além da permissividade – deixar rolar – ou de usar algum tipo de
ação punitiva.
O uso de força
Considerei muito importante transmitir àqueles pais e mães o
conceito do uso protetivo de força, e conseguir que vissem a
diferença entre o uso de força para proteger e o uso de força para
punir. Assim sendo, quando podemos, às vezes, usar a força com
crianças?
Bem, as condições que pedem o uso da força seriam aquelas em
que não há tempo para conversar e o comportamento da criança
pode levar ao prejuízo da sua própria integridade ou a de outros –
ou quando a pessoa não está disposta a falar. Portanto, se a pessoa
não quer falar, ou se não há tempo para conversar, e nesse meio
tempo ela está se comportando de modo con�itante com nossas
necessidades (como a de proteger as pessoas), poderíamos usar a
força. Mas agora é preciso ver a diferença entre uso protetivo e uso
punitivo de força. Esses dois modos de usar a força diferem em
vários pontos; um deles é a maneira de pensar da pessoa que usa a
força.
No uso punitivo de força, quem a utiliza formou um julgamento
moralista sobre a outra pessoa, um julgamento que imputa àquela
pessoa algum erro que merece punição. A pessoa merece sofrer
pelo que fez. Essa é a ideia central da punição. Disso deriva a noção
de que os seres humanos são fundamentalmente criaturas
pecaminosas e más, e que o processo corretivo lhes fará
arrepender-se. Seria preciso fazê-los ver quão horríveis são por
terem feito o que �zeram. E o modo de levá-los ao arrependimento é
aplicando algum castigo que os faça sofrer. Por vezes é um castigo
físico, como uma surra, ou psicológico, quando tentamos fazer com
que se odeiem, se sintam culpados ou envergonhados.
A maneira de pensar que leva ao uso protetivo de força é
radicalmente diferente. Não há pensamentos de que a outra pessoa
é má ou merece punição. Nossa consciência está totalmente focada
em nossas necessidades. Estamos atentos para as necessidades que
estão em risco. Mas de maneira alguma imputamos maldade ou
erro à criança.
Portanto, essa percepção constitui uma distinção signi�cativa
entre o uso protetivo e punitivo de força. E tal mentalidade está
muito relacionada à segunda diferença – a intenção. No uso
punitivo de força, a intenção é criar dor e sofrimento na outra
pessoa, fazê-la lamentar ter feito o que fez. No uso protetivo de
força, a intenção é apenas proteger. Protegemos nossas
necessidades, em seguida nos comunicaremos de modo a educar a
pessoa. Mas no momento pode ser preciso usar de força para
oferecer proteção.
Um exemplo disso seria o que aconteceu comigo quando meus
�lhos eram pequenos. Vivíamos numa rua movimentada. Eles eram
fascinados com o que estava acontecendo do outro lado da rua, e
não entendiam ainda o perigo de sair correndo entre os carros.
Tenho certeza de que se tivesse bastante tempo para conversar com
eles, conseguiria explicar. Mas, nesse meio tempo, tinha medo que
sofressem um acidente. Por conseguinte, havia motivo para usar
força protetiva, pois o tempo era curto para explicar antes que algo
grave acontecesse. Então disse a eles: “Se eu os vir indo para a rua,
vou colocá-los no quintal onde não há perigo de serem atropelados”.
Um tempinho depois de dizer isso, um deles se esqueceu e
começou a correr para a rua. Eu o peguei no colo, levei até o quintal
e o coloquei lá – não como castigo, pois havia muita coisa para fazer
no quintal, tínhamos balanços e escorregador. Eu não estava
tentando fazê-los sofrer. Só queria controlar o ambiente para
atender à minha necessidade de segurança.
Muitos pais dizem: “Mas será que a criança não verá isso como
punição?” Bem, se isso foi feito como punição no passado, se a
criança teve muitas experiências com pessoas punitivas, sim, talvez
veja como punição. Mas o principal é que nós, os pais, estejamos
conscientes da diferença, e quando usarmos de força, estejamos
certos de que é para proteger e não para punir.
Um modo de lembrar o propósito do uso protetivo de força é ver a
diferença entre controlar a criança e controlar o ambiente. Ao punir
estamostentando controlar a criança fazendo com que ela se sinta
mal pelo que fez, a �m de suscitar dentro dela vergonha, culpa ou
medo.
No uso protetivo de força, nossa intenção não é controlar a
criança; é controlar o ambiente. O objetivo é proteger nossas
necessidades até que haja tempo de fazer o que realmente é
necessário: ter uma comunicação de qualidade com a outra pessoa.
É mais ou menos como colocar telas nas janelas para nos
protegermos dos mosquitos. É um uso protetivo de força.
Controlamos o ambiente para evitar que coisas desagradáveis
aconteçam.
Comunidades de apoio
A criação de �lhos que proponho aqui é muito diferente do modo
que a maioria das pessoas cria seus �lhos. É difícil contemplar
opções radicalmente diversas num mundo onde a punição é tão
prevalente, e onde há grande chance de sermos mal interpretados
se não usarmos punição e outras formas coercitivas de
comportamento. Por isso, ajuda muito fazer parte de uma
comunidade de apoio que compreende o conceito de
maternagem/paternagem do qual estou falando; ali encontramos o
suporte para prosseguir num mundo que muitas vezes não dá
incentivo a esse estilo de criação.
Com certeza, para mim sempre foi muito mais fácil persistir com
essa metodologia da qual estou falando quando recebia empatia de
uma comunidade de apoio – empatia necessária, pois às vezes é
muito difícil ser pai ou mãe. Como é fácil recair em velhos padrões!
Quando eu tinha a companhia de outros pais e mães que também
estavam tentando se vincular a seus �lhos da mesma maneira que
eu, foi muito bom poder falar com eles, ouvir suas frustrações e
poder falar a eles das minhas. Notei que, quanto mais participava
dessa comunidade, melhor conseguia adotar esse processo com
meus �lhos, mesmo sob condições complexas.
Uma das coisas grati�cantes que me aconteceu, que foi
estimulante e enriquecedora, foi uma mensagem que recebi da
minha �lha quando era bem pequena. Era domingo de manhã,
único período da semana que eu tinha para relaxar, um tempo
muito precioso para mim.
Nessa manhã em especial, um casal me chamou por telefone
pedindo para atendê-los. O relacionamento estava em crise e eles
queriam que eu trabalhasse com eles. Concordei, sem dar a devida
atenção às minhas necessidades internas e ao meu ressentimento
por sua intrusão no meu tempo livre. Enquanto estava com esse
casal na sala, a campainha tocou. Era a polícia chegando com uma
jovem para falar comigo. Eu também a atendia como terapeuta, e a
polícia a encontrara nos trilhos do trem. Essa era a forma de ela
chamar minha atenção para pedir uma consulta. Era assim,
sentando nos trilhos do trem, que ela me dizia que estava sofrendo.
Ela conhecia os horários dos trens melhor do que qualquer outra
pessoa, portanto sabia que a polícia a tiraria dos trilhos antes que o
trem passasse.
A polícia foi embora, e eu �quei com a moça chorando na cozinha
e o casal na sala – �quei indo e vindo de lá para cá, tentando cuidar
amorosamente dos dois. Enquanto fazia isso, olhando no relógio e
torcendo para ainda sobrar tempo para desfrutar algum lazer
pessoal, as três crianças começaram a brigar lá em cima. Subi as
escadas aos pulos, e descobri algo fascinante. Talvez escreva um
trabalho cientí�co sobre isso algum dia: o efeito da altitude no
comportamento maníaco. Veja, no andar de baixo eu era uma
pessoa amorosa, cuidando daquele casal, da jovem na cozinha,
porém, no andar de cima, eu me tornei um maníaco.
Disse a eles: “O que tem de errado com vocês? Será que vocês não
veem que tem pessoas sofrendo lá embaixo? Já para seus quartos!”
Cada um voltou para seu respectivo quarto e fechou a porta com
força su�ciente apenas para que eu não pudesse dizer que haviam
batido a porta; na primeira vez eu �quei mais bravo, na segunda
mais ainda. Felizmente, na terceira, não sei por que, isso me ajudou
a ver a ironia da situação. Como é fácil ser amoroso com as pessoas
lá embaixo, mas com que rapidez eu conseguia ser grosseiro com
minha própria família lá em cima!
Respirei fundo e fui primeiro no quarto do meu �lho mais velho.
Disse a ele que estava triste por ter descontado nele coisas que
estava sentindo em relação às pessoas lá embaixo. Ele entendeu, e
disse apenas: “Tudo bem, pai. Não foi nada de mais”. Fui até o
quarto do mais novo e tive uma resposta semelhante. Quando fui
até o quarto da minha �lha e disse a ela que estava triste pelo modo
que falei com eles, ela se aproximou de mim, pôs a cabeça no meu
ombro e disse: “Tudo bem, papai. Ninguém é perfeito”.
Que mensagem preciosa. Sim, meus �lhos apreciavam meu
esforço para me relacionar com eles de modo amoroso, compassivo
e empático. Que alívio perceber que eles compreendem minha
humanidade, e como isso também pode ser difícil.
Então, para �nalizar, ofereço a você este conselho reconfortante,
que me foi dado pela minha �lha: ninguém é perfeito – para que se
lembre que tudo que vale a pena, vale a pena fazer de modo menos
do que perfeito. E a criação de �lhos, evidentemente, vale muito a
pena, embora por vezes seja inevitável que o façamos de modo
menos que perfeito. Se nos castigarmos sempre que não formos
pais perfeitos, nossos �lhos sofrerão por causa disso.
Muitas vezes digo aos pais que o inferno é ter �lhos e pensar que
existe tal coisa como um “bom pai” ou “boa mãe”. 
Se toda vez que somos menos do que perfeitos nos culparmos e nos
atacarmos, nossos �lhos não se bene�ciarão disso. Assim, o
objetivo que proponho não é sermos um pai ou mãe perfeitos, mas
tornarmo-nos progressivamente menos ignorantes – aprendendo
com cada ocasião em que não conseguirmos dar aos nossos �lhos a
qualidade de compreensão que precisam, em que não
conseguirmos nos expressar de maneira honesta. Na minha
experiência, toda vez que isso acontece, signi�ca que não estamos
tendo o apoio emocional que precisamos como pais, o apoio que
nos permita dar aos nossos �lhos o que eles necessitam.
Só é possível dar de si amorosamente na mesma medida em que
se recebe amor e compreensão similares. Por isso, recomendo com
toda convicção criar uma comunidade de apoio para nós mesmos,
com amigos ou outras pessoas que nos deem a compreensão que
precisamos, para conseguirmos estar presentes aos nossos �lhos de
tal forma que os bene�cie e também bene�cie a nós.
Espero que as coisas que disse aqui o ajude a se desenvolver e se
tornar a mãe ou o pai que deseja ser.
Sobre a Comunicação Não Violenta
Do dormitório à sala do conselho de administração, da classe à zona
de guerra, a CNV está mudando vidas todos os dias. Ela oferece um
método e�caz e de fácil compreensão que consegue chegar nas
raízes da violência e do sofrimento de um modo pací�co. Ao
examinar as necessidades não atendidas por trás do que fazemos e
dizemos, a CNV ajuda a reduzir hostilidades, curar a dor e fortalecer
relacionamentos pro�ssionais e pessoais. A CNV está sendo
ensinada em empresas, escolas, prisões e centros de mediação no
mundo todo. E está provocando mudanças culturais pois
instituições, corporações e governos estão integrando a consciência
própria da CNV às suas estruturas e abordagens de liderança.
A maioria tem fome de habilidades que melhorem a qualidade dos
relacionamentos, aprofundem o sentido de empoderamento
pessoal, ou mesmo contribuam para uma comunicação mais e�caz.
É lamentável que tenhamos sido educados desde o nascimento para
competir, julgar, exigir e diagnosticar – pensar e comunicar-se em
termos do que está “certo” e “errado” nas pessoas. Na melhor das
hipóteses, as formas habituais de falar atrapalham a comunicação e
criam mal-entendidos e frustração. Pior, podem gerar raiva e dor, e
levar à violência. Inadvertidamente, mesmo as pessoas com as
melhores intenções acabam gerando con�itos desnecessários.
A CNV nos ajuda a perceber abaixo da superfície e descobrir o
que está vivo e é vital em nós, e como todas as nossas ações se
baseiam em necessidades humanas que estamos tentando
satisfazer. Aprendemos a desenvolver um vocabulário de
sentimentos e necessidades que nos ajuda a expressar com mais
clarezao que está acontecendo dentro de nós em qualquer
momento. Ao compreender e reconhecer nossas necessidades,
desenvolvemos uma base partilhada que permite relacionamentos
muito mais satisfatórios.
Junte-se aos milhares de pessoas do mundo todo que
aprimoraram seus relacionamentos e suas vidas por meio desse
processo simples, porém revolucionário.
Sobre o Center for Nonviolent
Communication
O Center for Nonviolent Communication (CNVC) é uma organização
global que apoia o aprendizado e a partilha da Comunicação Não
Violenta e ajuda as pessoas a resolver con�itos de modo pací�co e
e�caz no contexto individual, organizacional e político.
O CNVC é guardião da integridade do processo de CNV e um
ponto de convergência para informação e recursos relacionados à
CNV, inclusive treinamento, resolução de con�itos, projetos e
serviços de consultoria organizacional. Sua missão é contribuir para
relações humanas mais sustentáveis, compassivas e que apoiem a
vida no âmbito da mudança pessoal, dos relacionamentos
interpessoais e dos sistemas e estruturas sociais, tal como nos
negócios, na economia, na educação, justiça, sistema de saúde e
manutenção da paz. O trabalho de CNV está sendo realizado em 65
países e crescendo, tocando a vida de centenas de milhares de
pessoas por todo o mundo.
Visite o site https://www.cnvc.org onde poderá saber mais sobre as
atividades principais da organização:
• Programa de Certi�cação
• Treinamentos Intensivos Internacionais
• Promover Formação em CNV
• Patrocínio de projetos de mudança social através da CNV
• Criação ou ajuda na criação de materiais pedagógicos para
ensinar CNV
• Distribuição e venda de materiais pedagógicos de CNV
• Promover ligações entre o público em geral e a comunidade de
CNV.
The Center for Nonviolent Communication
9301 Indian School Rd NE, Suite 204. Albuquerque, NM 87112-2861
USA.
Tel: 1 (505) 244-4041 | Fax: 1 (505) 247-0414
Sobre o autor
Marshall B. Rosenberg, Ph.D., fundou e foi diretor de serviços
educacionais do Center for Nonviolent Communication – CNVC,
uma organização internacional de construção de paz. Além deste
livro, é autor do clássico Comunicação Não Violenta. Marshall foi
agraciado com o Bridge of Peace Award da Global Village
Foundation em 2006, e com o prêmio Light of God Expressing
Award da Association of Unity Churches International no mesmo
ano.
Tendo crescido num bairro violento de Detroit, Marshall
interessou-se vivamente por novas formas de Comunicação que
pudessem oferecer alternativas pací�cas às agressões que ele
presenciou. Esse interesse motivou seus estudos, até o doutorado
em Psicologia Clínica da University of Wisconsin em 1961, onde foi
aluno de Carl Rogers. Estudos e vivências posteriores no campo da
religião comparada o motivaram a desenvolver o processo de
Comunicação Não Violenta.
Marshall aplicou o processo de CNV pela primeira vez em um
projeto federal de integração escolar durante os anos 1960 com a
�nalidade de oferecer mediação e treinamento em 
habilidades de comunicação. Em 1984 fundou o CNVC, que hoje
conta com mais de 200 professores de CNV a�liados, em 35 países
do mundo inteiro.
Com violão e fantoches nas mãos, e um histórico de viagens a
alguns dos lugares mais violentos do planeta, dotado de grande
energia espiritual, Marshall nos mostrou como criar um mundo
mais pací�co e satisfatório.
	Folha de Rosto
	Créditos
	Introdução
	Nossa própria consciência
	Nossa educação como pais
	As limitações da coerção e da punição
	Certa qualidade de vínculo
	As limitações das recompensas
	Transformar sua comunicação habitual
	“Guerra nas tarefas”
	Amor incondicional
	Preparando nossos filhos
	O jogo do “Capitão”
	O uso de força
	Comunidades de apoio
	Os quatro componentes da CNV
	Lista de alguns sentimentos e necessidades universais
	Sobre a Comunicação Não Violenta
	Sobre o Center for Nonviolent Communication
	Sobre o autor

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