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INTRODUÇÃO SOBRE ALCOOL NA TERCEIRA IDADE

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INTRODUÇÃO
A idade avançada, mais conhecida como o envelhecimento é um fenômeno que uma hora ou outra atingirá toda a população, pois se trata de um processo progressivo e diverso, advindo de mudanças biológicas, sociais, psíquicas e tecnológicas que ocorreram ao longo de todo o curso da vida. Estas mudanças que constituem e influenciam o envelhecimento não são lineares e afetam diretamente o funcionamento e o bem-estar de cada idoso. Apesar dos idosos apresentarem vários problemas de saúde com o passar do tempo, a idade avançada não implica em dependência e utilização de cuidados de saúde.[footnoteRef:1] [1: WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on ageing and health. Geneva, Switzerland: (WHO); 2015.] 
O consumo de tabaco, álcool e drogas é considerado um fator sociocultural os últimos dois elementos são associados ao aumento de acidente de trânsito bem como violência doméstica.[footnoteRef:2] [2: ACSELRAD, G., KARAM, M. L., David, H. M. S. L., & ALARCON, S. (2012). Consumo de bebidas alcoólicas no brasil. Estudo com base em fontes secundárias. FLACSO Brasil.   Disponível em: https://flacso.org.br/files/2015/02/RelatorioConsumodoAlcoolnoBrasilFlacso05082012.pdf acesso 20 de abr. de 2024.] 
O uso dessas substâncias pelos idosos pode ser considerado um grave problema de saúde pública, e é tida como a terceira condição psiquiatra mais constante nessa população. Esse cenário se agrava mais quando o consumo é por meio de altas taxas da droga.[footnoteRef:3] [3: GUIDOLIN, Bruno Luiz. Dependência de álcool e sua relação com transtornos cognitivos mentais em idosos. (2016). Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6838/2/DIS_BRUNO_LUIZ_GUIDOLIN_PARCIAL.pdf acesso: 20 de abr. de 2024.] 
No que tange ao álcool, seu consumo é considerado aceitável quando não ultrapassa de 15 doses/semana para homens e 10 doses/semana para mulheres, sendo que uma dose equivale a aproximadamente 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 40 ml de uma bebida destilada.[footnoteRef:4] [4: DINIZ A, PILLON SC, MONTEIRO S, Pereira A, GONÇALVES J, SANTOS MA. Elderly substance abuse: na integrative review. Psicol Teor Prat. 2017.] 
Quanto aos idosos com problemas relacionados ao álcool ele pode ser caracterizado de duas formas: com início precoce ou com o início tardio. O início precoce ocorre antes dos 30 anos, ou seja, na fase adolescente/adulta do indivíduo gerando algumas consequências com o uso demasiado, como transtorno psiquiátrico. Já com o início tardio, ocorre após os 30 anos e pode ocorrer em fases estressantes da vida tais como: fim de um relacionamento, perda de um ente querido etc.[footnoteRef:5] [5: HIRATA, E. S. (2014). Alcoolismo em idosos. In: V. F. Orestes, M. Radanovic, & I. Aprahamian. (Eds.). Neuropsiquiatria Geriátrica. São Paulo: Atheneu,2014.] 
No que se referem os idosos, recomenda-se que a dose diária de álcool não ultrapasse de uma dose, e que a dose semanal não ultrapasse de sete. As complicações clínicas e sociais relacionadas ao uso de álcool em idosos podem ocorrer mesmo sem aumentar o consumo a que estava habituado, isso em razão das modificações fisiológicas mencionadas e pelo próprio desgaste dos órgãos.[footnoteRef:6] [6: DINIZ A, PILLON SC, MONTEIRO S, Pereira A, GONÇALVES J, SANTOS MA. Elderly substance abuse: na integrative review. Psicol Teor Prat. 2017.] 
Os problemas trazidos pelo consumo exagerado de álcool dependem da frequência e do tipo de bebida alcoólica consumida uso problemático de álcool em idosos pode ser medido por um consumo maior que uma dose de álcool por dia, e/ou três ou mais doses de uma vez só semanalmente.[footnoteRef:7] [7: FINK, A., MORTON, S. C., BECK, J. C., HAYS, R. D., SPRITZER, K., OISHI, S., & Moore, A. A. (2002). The alcohol-related problems survey: identifying hazardous and harmful drinking in older primary care patients. Journal of the American Geriatrics Society,2002.] 
A taxa de álcool no sangue se comporta diferente entre jovens e idosos, pois, com o envelhecimento, o organismo deixa de absorver e metabolizar o álcool como antes. Sendo assim, idosos apresentarão um maior nível de concentração de álcool no sangue do que um jovem, mesmo ingerindo quantidade igual da bebida.[footnoteRef:8] [8: GUIDOLIN, Bruno Luiz. Dependência de álcool e sua relação com transtornos cognitivos mentais em idosos. (2016). Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6838/2/DIS_BRUNO_LUIZ_GUIDOLIN_PARCIAL.pdf acesso: 20 de abr. de 2024.] 
Existe uma dificuldade em identificar o usuário de álcool por idosos uma vez que falta instrumentos de investigação para os profissionais da saúde e da negação do problema do uso de álcool nesta faixa etária pelos amigos, cuidadores e familiares. Além disso, existem poucos estudos recentes sobre tendências estimadas do uso de álcool entre os idosos, principalmente no que se refere ao seu padrão de uso e relação com variáveis sociodemograficas. Esta problemática reafirma a necessidade de realização de estudos na comunidade para conhecimento dos idosos que fazem uso de álcool, para implementar ações preventivas e terapêuticas pertinentes no contexto de saúde pública.[footnoteRef:9] [9: WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on ageing and health. Geneva, Switzerland: (WHO); 2015.] 
No que se refere ao tabagismo, este é um grande fator de risco para 7 das 14 principais causas de morte entre idosos, sendo considerado um problema de saúde pública.[footnoteRef:10] [10: DOOLAN DM, Froelicher ES. Smoking cessation interventions and older adults. Prog Cardiovasc Nurs 2008;] 
Ocorrerá aproximadamente cerca de 7 milhões de óbitos atribuíveis ao consumo de tabaco entre 2020 e 2030 nos países em desenvolvimento.[footnoteRef:11] [11: OLIVEIRA AF, Valente JG, Leite IC. Aspectos da mortalidade atribuível ao tabaco: revisão sistemática. Rev Saúde Pública 2008.] 
No Brasil, o tabagismo constitui uma das principais causas de mortes evitáveis, estimando-se que seja responsável por 45% dos óbitos por infarto do miocárdio, 85% dos provocados por enfisema, 25% das mortes por doença cerebrovascular e 30% das provocadas por câncer.[footnoteRef:12] [12: INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer: modelo lógico e avaliação. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer; 2003.] 
Ressalta-se que na Classificação Internacional de Doenças, o tabagismo situa-se no grupo dos transtornos mentais e de comportamentos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. Além de causar dependência à nicotina.[footnoteRef:13] [13: MENESES-GAYA IC, Zuardi AW, Loureiro SR, Crippa JAS. As propriedades psicométricas do Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina. J Bras Pneumol 2009.] 
O tabaco expõe o usuário a cerca de 4.700 substâncias tóxicas, sendo 60 destas carcinogênicas. A exposição ao tabaco predispõe assim à ocorrência de doenças limitantes e fatais, como doenças respiratórias crônicas, vasculares periféricas, cerebrovasculares, cardiopatias e neoplasias, entre outras.[footnoteRef:14] [14: WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report on the Global Tobacco Epidemic 2008: the MPOWER package. Geneva: World Health Organization; 2008.] 
Idosos fumantes, por terem sofrido em suas vidas exposições mais longas ao fumo, a cigarros sem filtro e com elevados teores de nicotina têm maior risco atual de apresentar doenças relacionadas ao cigarro. O consumo de tabaco pelos idosos tende a favorecer o surgimento de comorbidades, ampliando os gastos deste grupo etário com cuidados de saúde.[footnoteRef:15] [15: SACHS-ERICSSON N, Schmidt NB, Zvolensky MJ, Mitchell M, Collins N, Blazer DG. Smoking cessation behavior in older adults by race and gender: the role of health problems and psychological distress.Nicotine Tob Res 2009.] 
Por fim, o uso de drogas ilegais por idosos, associado à aceleração da ocorrência das condições crónicas nessa faixa etária, caracteriza-se como um grave problema de saúde pública, gerando alto custo social e de saúde, bem como uma carga financeira pesada para os contribuintes e agências governamentais.[footnoteRef:16] [16: EUROPEAN MONITORING CENTRE FOR DRUG ADDICTION - EMCDDA. (2010). Treatment and care for older drug users. Luxemburgo: Publications Office of the European Union. 2010.] 
Estudos mostraram que o uso de algumas drogas ilícitas, tais como cocaína, crack, cannabis, opiáceos, cogumelo e anfetamina, tem aumentado rapidamente na meia-idade e na idade avançada. Indivíduos com mais de 60 anos representam 3,2% de um serviço de atendimento a usuários de drogas e 11,7% dos atendimentos realizados são direcionados a pessoas com 50 anos ou mais.  Em serviços de urgências, 3,1% dos utentes com mais de 50 anos apresentavam metabolitos no teste de urina para drogas e 2% testaram positivo para cocaína (60 anos ou mais).[footnoteRef:17] [17: RIVERS, E., SHIRAZI, E., AURORA, T., MULLEN, M., GUNNERSON, K., SHERIDAN, B., Eichhom, L., & Tomlanovich, M. (2004). Cocaine use in elder patients presenting to an inner-city emergency department. Academic Emergency Medicine, 11(8),874-877. DOI: 10.1197/j.aem.2004.] 
Relativamente à escolaridade, encontra-se baixa educação na população que consome substâncias psicoativas. O consumo de álcool pela população idosa tem apresentado resultados conflitantes com relação ao impacto do funcionamento cognitivo.[footnoteRef:18] [18: HAN, B., Gfroerer, J. C., COLLIVER, J. D., & Penne, M. A. (2009). Substance use disorder among older adults in the United States in 2020. Addiction, 104(1),88-96. DOI: 10.1111/j.1360-0443.2008.] 
Isto posto, o presente trabalho tem por escopo fazer uma análise sobre o uso de tabaco, álcool e drogas por idosos e qual os impactos do consumo de tais substâncias têm com a cognição de idosos brasileiros, através de dados levantados e como forma de prevenir aplicaremos palestras educativas para idosos acima de 60 anos.
A área de abrangência será uma UBS na Zona Sul de São Paulo, através de palestras conscientizando os idosos dos malefícios dessas substâncias para a saúde dos mesmos, bem como para sua cognição.
Será apresentado a eles também folders demonstrativos e interativos afim de conscientizarem os pacientes.
REFERÊNCIAS
ACSELRAD, G., KARAM, M. L., David, H. M. S. L., & ALARCON, S. (2012). Consumo de bebidas alcoólicas no brasil. Estudo com base em fontes secundárias. FLACSO Brasil.   Disponível em: https://flacso.org.br/files/2015/02/RelatorioConsumodoAlcoolnoBrasilFlacso05082012.pdf acesso 20 de abr. de 2024.
AN, B., Gfroerer, J. C., COLLIVER, J. D., & Penne, M. A. (2009). Substance use disorder among older adults in the United States in 2020. Addiction, 104(1),88-96. DOI: 10.1111/j.1360-0443.2008.
DINIZ A, PILLON SC, MONTEIRO S, Pereira A, GONÇALVES J, SANTOS MA. Elderly substance abuse: na integrative review. Psicol Teor Prat. 2017.
DOOLAN DM, Froelicher ES. Smoking cessation interventions and older adults. Prog Cardiovasc Nurs 2008;
EUROPEAN MONITORING CENTRE FOR DRUG ADDICTION - EMCDDA. (2010). Treatment and care for older drug users. Luxemburgo: Publications Office of the European Union. 2010.
FINK, A., MORTON, S. C., BECK, J. C., HAYS, R. D., SPRITZER, K., OISHI, S., & Moore, A. A. (2002). The alcohol-related problems survey: identifying hazardous and harmful drinking in older primary care patients. Journal of the American Geriatrics Society,2002.
GUIDOLIN, Bruno Luiz. Dependência de álcool e sua relação com transtornos cognitivos mentais em idosos. (2016). Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6838/2/DIS_BRUNO_LUIZ_GUIDOLIN_PARCIAL.pdf acesso: 20 de abr. de 2024.
HIRATA, E. S. (2014). Alcoolismo em idosos. In: V. F. Orestes, M. Radanovic, & I. Aprahamian. (Eds.). Neuropsiquiatria Geriátrica. São Paulo: Atheneu,2014.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer: modelo lógico e avaliação. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer; 2003.
MENESES-GAYA IC, Zuardi AW, Loureiro SR, Crippa JAS. As propriedades psicométricas do Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina. J Bras Pneumol 2009.
OLIVEIRA AF, Valente JG, Leite IC. Aspectos da mortalidade atribuível ao tabaco: revisão sistemática. Rev Saúde Pública 2008.
RIVERS, E., SHIRAZI, E., AURORA, T., MULLEN, M., GUNNERSON, K., SHERIDAN, B., Eichhom, L., & Tomlanovich, M. (2004). Cocaine use in elder patients presenting to an inner-city emergency department. Academic Emergency Medicine, 11(8),874-877. DOI: 10.1197/j.aem.2004.
SACHS-ERICSSON N, Schmidt NB, Zvolensky MJ, Mitchell M, Collins N, Blazer DG. Smoking cessation behavior in older adults by race and gender: the role of health problems and psychological distress. Nicotine Tob Res 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report on the Global Tobacco Epidemic 2008: the MPOWER package. Geneva: World Health Organization; 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on ageing and health. Geneva, Switzerland: (WHO); 2015.

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