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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I Juliana Dorn Nóbrega Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais aspectos e impactos ambientais de canteiros de obras. � Definir a importância da geração de resíduos na construção civil. � Reconhecer as formas de reaproveitamento de resíduos da construção civil. Introdução Com o crescimento das cidades e das atividades da construção civil, tornaram-se imprescindíveis a priorização das questões ambientais e a busca de um desenvolvimento mais sustentável em ambientes urbanos. E a adoção de diretrizes sustentáveis nas atividades de construção requer o entendimento dos aspectos e impactos ambientais dos canteiros de obras, bem como da importância da geração de resíduos e as suas formas de reaproveitamento. Além disso, é fundamental definir políticas públicas que estabeleçam o comprometimento dos diversos intervenientes do setor (poderes públicos, setor construtivo e sociedade), com estímulo ao desenvolvimento na ciência, tecnologia e inovação, a conscientização e capacitação dos profissionais, entre outras medidas. Neste capítulo, inicialmente são abordados os aspectos e impactos am- bientais dos canteiros de obras. Em seguida, apresentamos alguns aspectos da geração dos resíduos da construção civil, incluindo a classificação e a destinação desses materiais de maneira apropriada. E, por fim, são descritas soluções para o reaproveitamento dos resíduos, como reúso, reciclagem, incineração e destinação final, além de alguns aspectos que devem ser observados nos processos de demolição e desconstrução dos edifícios. 1 Principais aspectos e impactos ambientais de canteiros de obras A etapa de construção responde por uma parcela significativa dos impactos causados pela construção civil no ciclo de vida de um edifício, podendo interferir no meio físico, biótico e antrópico, no local em que a construção é edificada e na vizinhança da obra (CARDOSO; ARAÚJO; DEGANI, 2006). A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986, define impacto ambiental como: […] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I — a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II — as atividades sociais e econômicas; III — a biota; IV — as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V — a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, documento on-line). O entendimento da intensidade e da frequência dos impactos ambientais resultantes das atividades nos canteiros de obras, bem como suas consequências para os meios físico, biótico e antrópico, é fundamental para avaliar as neces- sidades de desenvolvimento em pesquisa e tecnologia no setor construtivo, com os objetivos de adotar medidas mitigatórias (ações de natureza gerencial, soluções tecnológicas e capacitação dos profissionais) e priorizar os impactos que precisam ser reduzidos ou eliminados. Além disso, essa análise torna-se fundamental para definir os prazos e os custos envolvidos e avaliar a viabi- lidade técnico-econômica para implementação de ações mais sustentáveis nos canteiros. Muitos trabalhos têm alertado para os riscos referentes às perdas em canteiros de obras, à geração excessiva de resíduos e aos lançamentos não monitorados, e, embora outros aspectos ambientais não estejam recebendo a devida atenção no meio acadêmico e profissional, não são menos importantes, como emissão de ruídos e vibrações, contaminação do solo, ar e água, consumo de recursos naturais (principalmente água e energia), emissão de material particulado, etc. (CARDOSO; ARAÚJO; DEGANI, 2006). Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil2 Os aspectos ambientais decorrentes das atividades da construção civil foram subdivididos por Degani (2003) e Araújo (2009) em quatro categorias (Quadro 1): 1. recursos; 2. incômodos e poluições; 3. resíduos; 4. infraestrutura do canteiro de obras. Aspectos ambientais Recursos � Consumo de recursos (inclui perda incorporada e embalagens) � Consumo e desperdício de água � Consumo e desperdício de energia Incômodos e poluições � Geração de resíduos perigosos � Geração de resíduos sólidos � Emissão de vibração � Emissão de ruídos � Lançamento de fragmentos � Emissão de material particulado � Risco de geração de faíscas no qual há gases dispersos � Desprendimento de gases, fibras, etc. � Renovação do ar � Manejo de materiais perigosos Resíduos � Perda de materiais por entulho � Manejo de resíduos � Destinação de resíduos (inclui descarte de resíduos renováveis) � Manejo e destinação de resíduos perigosos � Queima de resíduos no canteiro Quadro 1. Aspectos ambientais derivados das atividades desenvolvidas nos canteiros de obras (Continua) 3Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Fonte: Adaptado de Araújo (2009) e Degani (2003). Aspectos ambientais Infraestrutura do canteiro de obras � Remoção de edificações � Supressão da vegetação � Risco de desmoronamentos � Existência de ligações provisórias (exceto águas servidas) � Esgotamento de águas servidas � Risco de perfuração de redes � Geração de energia no canteiro � Existência de construções provisórias � Impermeabilização de superfícies � Ocupação de via pública � Armazenamento de materiais � Circulação de materiais, máquinas, equipamentos e veículos � Manutenção e limpeza de ferramentas, máquinas, equipamentos e veículos Quadro 1. Aspectos ambientais derivados das atividades desenvolvidas nos canteiros de obras De acordo com os autores, os aspectos ambientais provocam impactos ambientais nos meios físico, biótico e antrópico, alterando as suas propriedades naturais (Quadro 2). De modo semelhante, Costa et al. (2017) classificam os aspectos ambientais nos canteiros de obras em: a) consumos; b) emissões e resíduos; c) interface com o meio exterior; d) qualidade intrínseca do canteiro. A seguir, serão discutidos os aspectos ambientais e suas relações com os impactos ambientais gerados, assim como algumas diretrizes para a redução dos impactos. (Continuação) Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil4 Fonte: Adaptado de Araújo (2009) e Degani (2003). Impactos ambientais Meio físico Solo � Alteração das propriedades físicas � Contaminação química � Indução de processos erosivos � Esgotamento de reservas minerais Ar � Deterioração da qualidade do ar � Poluição sonora Água � Alteração da qualidade das águas superficiais � Aumento da quantidade de sólidos � Alteração da qualidade das águas subterrâneas � Alteração dos regimes de escoamento � Escassez de água Meio biótico � Interferências na fauna local � Interferências na flora local � Alteração da dinâmica dos ecossistemas locais � Alteração da dinâmica do ecossistema global Meio antrópico Trabalhadores � Alteração nas condições de saúde � Alteração nas condições de segurança Vizinhança � Alteração da qualidade paisagística � Alteração nas condições de saúde � Incômodo para a comunidade � Alteração no tráfego de vias locais � Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem) � Alteração nas condições de segurança � Danos a bens edificados � Interferência na drenagem urbana Sociedade � Escassez de energia elétrica � Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem) � Aumento do volume de aterro de resíduos � Interferência na drenagem urbana Quadro 2. Impactos ambientais derivados das atividades desenvolvidas nos canteiros de obras 5Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Aspecto ambiental: recursos De acordo com John, Oliveira e Lima (2007 apud ARAÚJO, 2009), a constru- ção civil consome até 75% da totalidade dos recursosextraídos da natureza, sendo a maior parte não renovável, considerado assim quando a sua taxa de extração é superior à taxa de reposição natural no meio ambiente. Portanto, o elevado consumo de recursos naturais, utilizados como matéria-prima para os materiais de construção, tem como consequências a escassez e o esgotamento das jazidas, além de alterações na fauna e na flora do entorno desses locais de exploração (DEGANI, 2003). Para a redução na quantidade de insumos utilizados, deve-se promover ações e estratégias para a diminuição dos des- perdícios de materiais. Além dos materiais construtivos, a construção civil utiliza água e energia elétrica, equipamentos e processos em suas atividades. A maior demanda e os desperdícios de água e energia durante as obras de construção provocam uma pressão sobre o fornecimento desses serviços pelas concessionárias locais. Para a redução do consumo de recursos (materiais, água e energia) e para a extensão da vida útil dos empreendimentos, algumas diretrizes são estabe- lecidas (ARAÚJO, 2009; CBCS, 2014; COSTA et al., 2017): � redução de perdas de materiais na execução dos serviços, no recebi- mento, no transporte interno, na estocagem e no manuseio de materiais no canteiro de obras; � desenvolvimento de critérios para compra dos materiais, componentes e sistemas construtivos a partir de fontes confiáveis e que incluam infor- mações sobre a análise do ciclo de vida (procedência, processamento, uso e manutenção) e de desempenho técnico; � redução do consumo de água, energia e gás nas instalações provisórias; aproveitamento de águas pluviais; aproveitamento de águas cinzas; redução de consumo de energia nas atividades; e uso de fontes alter- nativas de energia; � preferência pela utilização de materiais reutilizáveis ou recicláveis, quando possível; � maximização da vida útil de componentes e edifícios. Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil6 Aspecto ambiental: incômodos e poluições Esse aspecto compreende, entre outros, a geração de resíduos perigosos, a emissão de ruídos e vibrações, a emissão de material particulado e o des- prendimento de gases, que resultam em impactos ambientais relacionados principalmente às alterações na qualidade do ar, do solo e da água, bem como nas condições de saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores e da comunidade em geral. Os resíduos perigosos podem impactar o meio ambiente de diversas ma- neiras, como (ARAÚJO, 2009): � contaminação química do solo por penetração de substâncias tóxicas, como tintas e solventes; � deterioração da qualidade do ar pelo desprendimento de gases tóxicos por compostos orgânicos voláteis; � poluição de águas subterrâneas, pela percolação de resíduos perigosos no solo, atingindo o lençol freático; � alteração das condições de saúde do trabalhador pela inalação ou pelo manejo inadequado de substâncias nocivas à saúde. Os resíduos perigosos podem contaminar outros resíduos inertes, como na demolição de obras, caso não haja uma separação adequada entre eles. Já a emissão de ruídos e vibrações pelo uso de máquinas e equipamentos nas obras, além de representar um incômodo aos trabalhadores e à vizinhança, pode causar problemas auditivos pela exposição ao ruído por períodos pro- longados e provocar lesões no sistema nervoso, muscular e circulatório dos trabalhadores em virtude das vibrações. Ademais, as vibrações são capazes de causar patologias e comprometer a segurança estrutural de edificações vizinhas. O material particulado emitido pelas atividades da construção prejudica a visibilidade do ambiente e pode causar efeitos nocivos aos seres humanos, como irritações nos olhos, na boca, na pele, e problemas respiratórios ou car- díacos. Para o meio ambiente, consegue alterar a ecologia aquática, deteriorar a qualidade do ar, poluir o solo e prejudicar as funções naturais das plantas (ARAÚJO, 2009). Algumas diretrizes para a minimização dos impactos mencionados são (COSTA et al., 2017): 7Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil � redução da emissão de materiais particulados por meio de práticas sim- ples, como o uso de caminhão-pipa na fase de terraplanagem, cobertura das caçambas com lona e aspersão de água nas áreas com atividades que emitam materiais particulados; � armazenamento individualizado dos materiais perigosos no almoxari- fado, descarte dos resíduos perigosos em baias específicas, manutenção de kits de emergência no canteiro e destinação adequada dos resíduos; � utilização de equipamento de proteção individual e de novas tecnologias para redução dos ruídos e vibrações, além do monitoramento de ruídos. Aspecto ambiental: resíduos A elevada geração de resíduos de construção e demolição (RCD) — também chamados de entulhos — nos canteiros de obras exige sejam manejados e des- tinados de maneira correta, incluindo aqueles considerados resíduos perigosos. Em geral, os RCD são acondicionados temporariamente em caçambas metálicas localizadas nas vias públicas, nas quais a presença de material orgânico, produtos perigosos e de embalagens vazias pode reter água e outros líquidos, favorecendo a proliferação de insetos, animais peçonhentos e vetores de doenças (KARPINSK et al., 2009). Os depósitos irregulares dos RCD nas cidades, como em lotes vagos, re- presentam uma grave preocupação pública, pelos gastos e impactos ambientais por eles promovidos. Como impactos, têm-se o comprometimento ambiental e paisagístico do ambiente urbano, a perda de vegetação, o comprometimento do tráfego de pedestres e veículos, a atração para lançamento de resíduos não inertes incluindo material orgânico, a proliferação de animais nocivos e a obstrução dos sistemas de drenagem (BOURSCHEID; SOUZA, 2010; KARPINSK et al., 2009). Além dos aspectos mencionados, outra preocupação refere-se ao manejo dos resíduos perigosos, como tintas, cimento amianto, resinas, etc., que compõem os resíduos da construção, constituídos em sua maioria por materiais como argamassa, alvenaria e concreto, e que, ao serem depositados em conjunto com os materiais inertes, podem contaminá-los, promovendo uma maior preocupação ambiental. Algumas medidas para mitigação dos impactos mencionados são (COSTA et al., 2017): � controle da geração, estocagem e descarte de resíduos; � aproveitamento de resíduos da construção; Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil8 � descarte adequado dos resíduos perigosos, não sendo permitida a dispo- sição em aterros de resíduos domiciliares, áreas de “bota fora”, encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por lei. Aspecto ambiental: infraestrutura do canteiro de obras As atividades de construção, reforma, reparo e demolição interferem no local da obra e na vizinhança, como no trânsito local, no fluxo de pedestres, nos processos erosivos e riscos de desmoronamento, nas alterações nas condições de saúde e segurança dos trabalhadores e dos indivíduos na vizinhança, e nas alterações na qualidade paisagística, pela presença de equipamentos de grande porte, tapumes e construções provisórias (ARAÚJO, 2009). Para melhorar a qualidade nos canteiros de obras, Costa et al. (2017) de- finiram algumas diretrizes, como: proteções em máquinas e equipamentos; proteções contra choques elétricos; proteções em escavações; equipamentos de proteção coletiva; limpeza nos ambientes de trabalho e no entorno da obra (de preferência com águas reaproveitadas); proteção contra queda de materiais; comunicação visual externa e interna; comunicação com a comunidade na qual a obra está inserida. 2 Geração de resíduos na construção civil Os resíduos do setor construtivo surgem desde a fabricação dos materiais e componentes, na qual os recursos naturais são transformados em produtos utilizados nas construções, até os ambientes urbanos, durante a fase de cons- trução de uma obra, nas fases de manutenção e reabilitação durante a vida útil de um edifícioou uma infraestrutura e, finalmente, na fase de demolição ao final de sua vida útil. Também são considerados resíduos de construção aqueles provenientes da preparação e da escavação de terrenos. Dentro do termo genérico RCD (resíduos de construção, manutenção e demo- lição) podem ser encontrados produtos de diferentes origens e natureza, os quais causam impactos distintos no meio ambiente, tais como: argamassas a base de cimento e cal, resíduos de cerâmica vermelha (como tijolos e telhas), cerâmica branca (especialmente a de revestimento), concreto armado ou não, solo, rocha, metal, madeira, papel, plásticos diversos, material betuminoso, vidro, gesso em pasta e placa, tintas e adesivos, restos de embalagens, cimento amianto, produtos de limpeza de terrenos, entre outros (DEGANI, 2003, p. 37). 9Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil A composição dos resíduos é bastante heterogênea e varia significativamente entre os países, pois depende das matérias-primas locais e das tecnologias construtivas utilizadas. Mesmo entre as cidades brasileiras, pode-se observar uma grande variabilidade na composição dos resíduos, como apresentado no Quadro 3. Fonte: Adaptado de Carneiro (2005 apud KARPINSK et al., 2009). Material Origem São Paulo (SP) Ribeirão Preto (SP) Salvador (BA) Florianópolis (SC) Passo Fundo (RS) Concreto e argamassa 33 59 53 37 15 Solo e areia 32 — 22 15 20 Cerâmica 30 23 14 12 38 Rochas — 18 5 — — Outros 5 — 6 36 23 Quadro 3. Composição, em percentagens, do RCD de algumas cidades brasileiras Classificação dos resíduos A Resolução Conama nº. 307, de 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, de acordo com a qual os resíduos devem ser classificados em quatro tipos (Classes A, B, C ou D) e receber as suas respectivas destinações adequadas. Além dos materiais mencionados na resolução como resíduos perigosos, outros exemplos são as baterias, os biocidas incorporados a madeiras tratadas e os sulfatos provenientes da dissolução de gessos (DEGANI, 2003). A ABNT NBR 10004:2004 apresenta uma classificação dos resíduos só- lidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, descrita a seguir. Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil10 � Resíduos Classe I — Perigosos: os resíduos que apresentam pelo menos uma das características, como inflamabilidade, corrosidade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. � Resíduos Classe II — Não perigosos: ■ Classe II A — Não inertes: resíduos que não se enquadram nas clas- sificações de Classe I ou Classe II B e que podem ter propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. ■ Classe II B — Inertes: resíduos que, quando submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. São exemplos de resíduos não inertes (Classe II A) e inertes (Classe II B) os resíduos domiciliares e as frações minerais de resíduos da construção civil (como concreto, rocha, asfalto), respectivamente (PALAMIN, 2016). No Quadro 4, você pode conferir a classificação e a destinação de resíduos. Classe Caracterização Destinação Classe A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, como: � de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; � de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto; � de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios- fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras Reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura Quadro 4. Classificação e destinação dos resíduos da construção civil (Continua) 11Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Fonte: Adaptado de Brasil (2002). Classe Caracterização Destinação Classe B Resíduos recicláveis para outras destinações, como: � plásticos; � papel/papelão; � metais; � vidros; � madeiras e outros Reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura Classe C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, como os produtos oriundos do gesso Armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas Classe D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, como: � tintas; � solventes; � óleos e outros; Resíduos contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de: � demolições; � reformas e reparos de clínicas radiológicas; � instalações industriais e outros; � telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde Armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas Quadro 4. Classificação e destinação dos resíduos da construção civil (Continuação) Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil12 Causas e impactos da geração de resíduos e ações sustentáveis A parcela dos RCD representa aproximadamente 30% dos resíduos urbanos gerados nas grandes cidades, podendo chegar a 60% em algumas regiões, provocando impactos na qualidade ambiental e na vida útil dos aterros para os quais são normalmente destinados (ARAÚJO, 2009; BOURSCHEID; SOUZA, 2010). Com o crescimento das cidades e a consequente limitação dos espaços urbanos, a necessidade de reduzir os resíduos sólidos torna-se cada vez mais imperativa. As soluções normalmente utilizadas para a disposição dos entulhos de construção são os aterros ou lixões, no entanto esse descarte muitas vezes é feito irregularmente em encostas de rios, vias e logradouros públicos, representando um risco à saúde pública pela degradação da qualidade do meio ambiente e pela multiplicação de vetores de doenças. Outros problemas derivados dessa questão são a degradação da paisagem urbana, as interferências no tráfego de veículos e pedestres, o aumento dos custos municipais para recolha do entulho, o comprometimento dos sistemas de drenagem pela deposição dos materiais e os entupimentos dos componentes de drenagem (além da possibilidade de arraste de contaminantes), e o estímulo a descartes de resíduos não inertes nesses locais (KARPINSK et al., 2009). Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) referentes ao ano de 2012 mostraram que aproximadamente 65 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram gerados no Brasil, dos quais menos de 50% foram adequadamente destinados a aterros sanitários (PALAMIN, 2016). Segregação e destinação final É importante ressaltar que, de acordo com a Resolução Conama nº. 307/2002, os resíduos devem ser classificados nas Classes A, B, C ou D e destinados corretamente segundo esse critério, não sendo permitida a disposição em aterros de resíduos domiciliares, áreas de “bota fora”, encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por lei (COSTA et al., 2017). Os resíduos Classe C (que não apresentam viabilidade técnico-econômica para reciclagem/recuperação) e Classe D (perigosos) devem ser destinados em conformidade com normas técnicas específicas. 13Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Para assegurar uma destinação adequada dos resíduos, é importante que sua segregaçãoseja realizada nos canteiros de obras ou em áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT) para que, então, recebam uma disposição final e sejam possivelmente reaproveitados ou reciclados. Os resíduos Classe D (perigosos) devem ser descartados em baias específicas no canteiro de obras, para evitar a contaminação das outras classes de resíduos, preservar a saúde e segurança dos trabalhadores e da vizinhança, e evitar a poluição do meio ambiente. Não se deve queimar resíduos nos canteiros, pois isso provoca o despren- dimento de gases tóxicos e a deterioração da qualidade do ar no ambiente urbano. A geração de ácido clorídrico pela queima de material PVC, por exemplo, pode causar ferimentos graves. Outro exemplo é a queima de ma- deiras pintadas que, constituindo uma fonte de contaminação por chumbo, produz alguns efeitos adversos à saúde, como falta de apetite, gosto metálico na boca, desconforto muscular, mal-estar, dor de cabeça e cólicas abdominais intensas (ARAÚJO, 2009). O uso das práticas de separação e destinação dos materiais segundo a sua natureza contribui para a preservação da saúde da comunidade e a redução do uso do sistema de coleta dos municípios, além de prolongar a vida útil de aterros sanitários, uma vez que assegura condições para a reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos (COSTA et al., 2017). Além dos aspectos mencionados, a gestão de resíduos no canteiro de obras cria um ambiente mais organizado e racional no canteiro, introduzindo novos comportamentos, van- tagens institucionais (como boa imagem da empresa) e vantagens econômicas diretas (PINTO, 2000 apud KARPINSK et al., 2009). Uso ineficiente dos materiais de construção e geração de resíduos Grande parte do volume de resíduos descartados na fase da construção está associada às perdas e aos desperdícios de materiais nos canteiros de obras. Para as fases de manutenção, reabilitação e demolição, as perdas ocorrem pela própria quantidade de recursos aplicados (DEGANI, 2003) — o uso excessivo e ineficiente dos materiais, além de representar um alto custo ao construtor, promove maiores impactos ao meio ambiente, pelo aumento do consumo de produtos e aumento dos volumes de resíduos enviados às áreas de disposição final (ARAÚJO, 2009). Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil14 A redução da geração de resíduos mostra-se como a alternativa mais efi- caz para a diminuição do impacto ambiental, além de representar a melhor escolha do ponto de vista econômico (KARPINSK et al., 2009). A redução dos desperdícios depende principalmente da precisão do projeto, do planeja- mento da execução, dos cuidados no transporte, manuseio e armazenamento dos materiais seguindo orientações de normas técnicas e dos fabricantes, da escolha do sistema construtivo, do grau de industrialização, da qualidade dos materiais e da eficiência da mão de obra. O sistema de construção com materiais pré-moldados, por exemplo, reduz o uso de formas e as sobras de ferragens e erros dimensionais, em comparação com os sistemas construtivos convencionais (BOURSCHEID; SOUZA, 2010). O emprego de concreto usinado diminui as perdas de cimento e agregados para a produção de concreto no local da obra, e a coordenação modular e os sistemas construtivos baseados em montagem evitam a necessidade de cortes e ajustes na obra, proporcionando a redução dos resíduos e o aumento na produtividade (CBCS, 2014). Aspectos legais A Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Re- síduos Sólidos (PNRS), que dispõe sobre “[…] as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis [...]” (BRASIL, 2010, documento on-line). De acordo com tal lei, os resíduos da construção civil são aqueles “[...] gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de cons- trução civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis [...]” (BRASIL, 2010, documento on-line). As empresas de construção civil estão sujeitas à elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, conforme estabelecido pela PNRS, que deve apresentar um conteúdo mínimo, como: descrição do empreendimento ou atividade; diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos; caracterização dos passivos ambientais; explicitação dos responsáveis e definição dos pro- cedimentos operacionais relativos a cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos; medidas saneadoras dos passivos; entre outros. 15Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil A Resolução Conama nº. 307, de 5 de julho de 2002, estabelece “[...] di- retrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais [...]” (BRASIL, 2002, documento on-line), em que os resíduos devem ser geridos, classificados em Classes A, B, C ou D e destinados conforme a sua natureza. Essa resolução também estabelece obrigações para os gerado- res (pessoas físicas ou jurídicas, público ou privadas) e para os municípios. Os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Os municípios são responsáveis pela implementação de um Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil, o qual deve estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Geren- ciamento dos Resíduos da Construção Civil e Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de grandes geradores. As diretrizes técnicas e os procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores deverão ser estabelecidos pelo Programa Municipal de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil. Os planos de gerenciamento de resíduos da construção civil para cada empreendimento têm como objetivo estabelecer procedimentos necessários para o manejo e a destinação ambiental adequada dos resíduos, devendo contemplar as seguintes etapas: a) caracterização, com a identificação e a quantificação dos resíduos; b) triagem, que deve ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos; c) acondicionamento, que deve ser garantida pelo gerador após a geração até a etapa de transporte, assegurando as condições para reciclagem e reutilização, quando possível; d) transporte, de acordo as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; e) destinação, de acordo com o estabelecido na resolução. Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil16 Veja a seguir as Normas Regulamentadoras relacionadas à gestão dos resíduos da construção civil. � ABNT NBR 15112:2004. Resíduos da construção civil e resíduos volumosos — Áreas de transbordo e triagem — Diretrizes para projeto, implantação e operação. � ABNT NBR 15113:2004. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes — Aterros — Diretrizes para projeto, implantação e operação. � ABNT NBR 15114:2004. Resíduos sólidos da construção civil — Áreas de reciclagem — Diretrizes para projeto, implantação e operação. � ABNT NBR 15115:2004. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil — Execução de camadas de pavimentação — Procedimentos. � ABNT NBR 15116:2004. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil — Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural — Requisitos. 3 Formas de reaproveitamento de resíduos da construção civil O gerenciamento de RCD envolve algumas alternativas para disposição dos resíduos visando a práticas mais sustentáveis, e a minimização da geração de resíduos deve sersempre priorizada nos canteiros de obras. Depois da redução dos resíduos, é preciso priorizar as soluções na seguinte ordem (Figura 1): reutilização, reciclagem e incineração (EUROPEAN COMISSION, 2018; KARPINSK et al., 2009). Quando o resíduo não puder ser aproveitado, a destinação final consiste no aterramento. A redução da geração de resíduos representa a alternativa mais eficaz no que diz respeito à diminuição dos impactos ambientais e mais vantajosa eco- nomicamente para os construtores e para a sociedade em geral (KARPINSK et al., 2009). A reutilização é o processo de reaplicação de um resíduo, sem que seja transformado (BRASIL, 2002). Durante a renovação e a demolição, compo- nentes construtivos que ainda têm um valor funcional podem ser utilizados em um projeto atual ou futuro, ou, ainda, vendidos (KIBERT, 2016). 17Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Segundo Bourscheid e Souza (2010), o solo de boa qualidade retirado nas operações de escavação da obra, por exemplo, é reaproveitado como material de aterro para outro local ou utilizado em contenções de enrocamento (quando constituído por blocos de rocha). Ficam excluídos os solos de má qualidade, como os orgânicos e as argilas moles (BOURSCHEID; SOUZA, 2010). Outro exemplo de reutilização de materiais na construção civil apresentado pelos autores refere-se à reutilização de tábuas de madeira de construções antigas em novas construções, assim como a de tábuas utilizadas na confec- ção do concreto para a confecção de novas formas, andaimes ou construções provisórias. A reciclagem constitui o processo de reaproveitamento de um resíduo após ter sido reprocessado e transformado em um novo produto (BRASIL, 2002). O processamento envolve, por exemplo, a britagem do concreto e de outros resíduos inertes para a geração de agregados, além do derretimento de metais ou vidros para formar novos produtos. O processo de reciclagem pode ser realizado no canteiro de obras, no entanto é mais comum encaminhar os resíduos a usinas de reciclagem para o seu processamento (WRAP, 2019). A incineração é o processo utilizado para recuperação de energia dos materiais sem gerar substâncias tóxicas, quando é cuidadosamente operacio- nalizada (KARPINSK et al., 2009). Exemplos de resíduos incinerados são as madeiras quimicamente não contaminadas, papéis e plásticos. Figura 1. Hierarquia da disposição de resíduos da construção e demolição. Fonte: Adaptada de Peng et al. (apud KARPINSK et al., 2009). Im pa ct o am bi en ta l Alto Baixo Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil18 Em muitos projetos de construção, materiais recicláveis ou reaproveitáveis, como madeira, concreto e alvenaria, metais e drywall, correspondem até 75% do total de resíduos, havendo oportunidades para um reaproveitamento significativo (KIBERT, 2016). A seleção de uma opção de gerenciamento de resíduos é bastante variável, dependendo dos requisitos regulatórios, das questões econômicas, ambientais, técnicas, de saúde pública, entre outros (EUROPEAN COMISSION, 2018). Em projetos de renovação de edifícios, os materiais podem ser removidos pelo processo de demolição ou desconstrução (também chamada de demolição seletiva): a primeira compreende a destruição completa de uma obra existente, resultando em uma mistura de materiais dificilmente segregados; e a segunda consiste na desmontagem dos componentes e da estrutura dos edifícios no sentido inverso ao da sua construção, com o objetivo de reutilizá-los ou conduzi- -los para a reciclagem (Figura 2). Ainda que a última alternativa seja mais demorada e dispendiosa, a recuperação de materiais e componentes com vida útil residual significativa pode compensá-la financeiramente (KIBERT, 2016). Figura 2. Tipos de materiais e reaproveitamentos a partir da demolição seletiva. Fonte: Adaptada de Lauritzen (2019). 19Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil Antes de uma demolição ou desconstrução, deve-se realizar uma auditoria da obra para identificar os materiais e componentes que podem ser reapro- veitados e os resíduos perigosos. Janelas, portas e ladrilhos são exemplos de componentes construtivos que podem ser removidos de maneira a preservar a sua integridade. Os resíduos de demolição também podem ser reaproveitados por reciclagem, sendo imprescindível a separação dos materiais perigosos (como tintas, solventes, óleos e lubrificantes) para a não contaminação dos demais resíduos (KIBERT, 2016). A auditoria também visa a estimar a quan- tidade dos resíduos que serão gerados. Um dos obstáculos para a reciclagem e o reúso de resíduos RCD reside na falta de confiança na qualidade dos materiais reciclados de RCD, o que restringe a sua demanda. Para aumentar a confiança no processo de gerenciamento e na qualidade dos resíduos RCD, podemos tomar algumas ações, como me- lhoria na identificação dos resíduos, separação na fonte e coleta, na logística e no processamento, gerenciamento da qualidade, além da implementação de políticas públicas apropriadas (EUROPEAN COMISSION, 2018). Outro fator limitante consiste na falta de conhecimento por parte dos gestores de obras sobre as soluções tecnológicas disponíveis, apesar dos diversos estudos que vêm sendo desenvolvidos quanto a essa temática (COSTA et al., 2017). O incentivo à reutilização e ao reúso de materiais deve ser estabelecido a partir de políticas públicas, incentivos fiscais, desenvolvimento tecnológico e científico, divulgação das diretrizes sustentáveis aplicadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos, capacitação de profissionais, entre outras medidas. Confira no Quadro 5 mais informações sobre tipos de resíduos, reúso, reciclagem e armazenamento. Impactos ambientais e geração de resíduos na construção civil20 Tipos de resíduos Observações sobre reúso, reciclagem e armazenamento Madeira � Os resíduos de madeira têm origem nas atividades de construção, demolição e manutenção de edifícios, incluindo portas, assoalhos, esquadrias, escoras, trabalhos temporários, entre outros. Eles podem ser reutilizados diretamente ou enviados para áreas de reciclagem (para limpeza, remoção dos pregos e redimensionamento) ou para transformação em madeira compensada � A segregação da madeira (em local seco apropriado para armazenagem) e a sua reutilização na forma original devem ser encorajadas � É preciso identificar os materiais passíveis de reutilização no próprio canteiro de obras � As madeiras tratadas com materiais químicos podem conter resíduos perigosos e não devem ser misturadas com os resíduos de madeiras sem tratamento Tijolos e azulejos � A segregação dos resíduos de tijolos e azulejos deve ser encorajada, assegurando uma área apropriada para o armazenamento � Esses resíduos podem ser reciclados em agregados O processamento dos resíduos pode ser realizado no próprio canteiro de obras ou em usinas Concreto, tijolo, asfalto, solo e rochas � Materiais inertes como concreto, tijolo, asfalto, solos e rochas correspondem à maior parte dos resíduos de construção, demolição e escavação � Resíduos de demolição e escavação podem ser britados e peneirados no próprio canteiro de obras ou em usinas, para serem utilizados como agregados ou para reúso para aterro em outros locais de escavação � Todos esses materiais podem ser direcionados para a mesma área de segregação. No entanto, devem ser armazenados separadamente, quando possível, uma vez que têm maior valor quando segregados � Deve-se analisar quais materiais podem ser segregados e se é necessário algum equipamento suplementar na obra, como uma usina móvel para processar os resíduos de demolição em agregados reciclados � Resíduos inertes contaminados devem ser segregados e dispostos separadamente, pois não podem ser reciclados Quadro 5. Alguns tipos de resíduos e observações sobre o reúso, reciclagem e armaze- namento (Continua) 21Impactos ambientais e geração de resíduosna construção civil Fonte: Adaptado de WRAP (2019). Tipos de resíduos Observações sobre reúso, reciclagem e armazenamento Embalagens � As embalagens representam um grande volume dos resíduos das construções, sendo os paletes de madeira, papelão e plásticos os materiais predominantes. Muitos fabricantes fornecem suporte para recolha ou reciclagem das embalagens � A segregação e o armazenamento das embalagens dependem de instruções específicas das empresas que os coletarão Placas de gesso � Esses materiais são resíduos não inertes, devendo ser dispostos separadamente dos resíduos inertes, como tijolos e concreto � Quando não há destinação adequada no município, o gerador pode procurar soluções com o fabricante Quadro 5. Alguns tipos de resíduos e observações sobre o reúso, reciclagem e armaze- namento (Continuação) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004:2004. Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ARAÚJO, V. M. Práticas recomendadas para a gestão mais sustentável de canteiro de obras. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. BOURSCHEID, J. A.; SOUZA, R. L. 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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305. htm. Acesso em: 30 jan. 2020. CARDOSO, F. F.; ARAÚJO, V. M.; DEGANI, C. M. Impactos ambientais dos canteiros de obras: uma preocupação que vai além dos resíduos. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: A CONSTRUÇÃO DO FUTURO, 11., 2006, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC/ANTAC, 2006. CBCS. Aspectos da construção sustentável no Brasil e promoção de políticas públicas: subsídios para a promoção da construção civil sustentável. [S. l.]: CBCS, 2014. COSTA, D. B. et al. Diagnóstico das necessidades prioritárias de pesquisas e soluções tecnológicas para canteiros de obra de baixo impacto ambiental. In: SERRA, S. M. P. et al. (org.). Tecnologias para canteiro de obras sustentável. São Carlos: Scienza, 2017. DEGANI, C. M. Sistemas de gestão ambiental em empresas construtoras de edifícios. 2003. Dissertação (Mestrado Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. EUROPEAN COMISSION. EU construction and demolition waste protocol and guidelines. 2018. Disponível em: https://ec.europa.eu/growth/content/eu-construction-and- -demolition-waste-protocol-0_en. Acesso em: 30 jan. 2020. KARPINSK, L. A. et al. Gestão diferenciada de resíduos da construção civil: uma abordagem ambiental. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2009. KIBERT, C. J. Sustainable construction: green building design and delivery. 4th ed. New Jersey: Wiley, 2016. LAURITZEN, E. K. Construction, demolition and disaster waste management: an integrated and sustainable approach. Boca Raton: Taylor & Francis, 2019. PALAMIN, C. M. Subsídios para elaboração de um plano de gestão e gerenciamento de resíduos da construção civil em cidades de pequeno porte. 2016. 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