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Cardiopatia Congênita É qualquer alteração estrutural do coração e/ou grandes vasos da base. Elas comprometem o funcionamento cardíaco e geralmente acontecem nas primeiras 8 semanas de gestação · Prevalência de 8/1000 nascidos vivos e 80% precisam de tratamento cirúrgico · Alterações genéticas relacionadas: Sd Down, Turner, Edwards, Marfan, Willians (cursam frequentemente com cardiopatias) → precisam de avaliação cardíaca, independente de ausculta · Fatores ambientais relacionados: infecções maternas (rubéola), doenças maternas (DM, hipotireoidismo, HAS, LES) e uso de medicações, álcool e drogas → comprometem a formação do feto Classificação: · Fluxo pulmonar aumentado · Fluxo pulmonar diminuído · Fluxo pulmonar normal · Também divide-se em cianótica e acianótica Ciclo cardíaco normal: · A circulação é 1:1 em relação ao fluxo pulmonar e o fluxo sistêmico, ou seja, tudo que entra nas câmaras, também sai e a que passa pelo corpo na mesma unidade de tempo, chamado de circulação em série · Pressão normal de bebê: 80-70 mmHg · Quando se tem uma cardiopatia, há uma perda desse padrão, devendo associar se gera um fluxo pulmonar aumentado, diminuído ou normal CARDIOPATIA CONGÊNITA ACIANÓTICA · Ausência de cianose · Hiperfluxo pulmonar apresentam “shunt” intracardíaco ou extracardíacos, que aumenta a circulação pulmonar · Fluxo pulmonar normal: lesão obstrutiva na saída do VE (não interfere diretamente na circulação pulmonar · Sintomas: taquipneia (> FR, tiragem subcostal e intercostal, estertores bolhosos), cansaço ao mamar, sudorese, ausculta de sopros, alterações de bulhas, hepatomegalia e sinais de ICC · História clínica: infecções respiratórias de repetição (pulmão comprometido), baixo ganho ponderal pela dificuldade de alimentação · Geralmente precisa de internamento por quadro respiratório Cardiopatias acianóticas com hiperfluxo: · CIA: comunicação interatrial - dx no adulto · CIV: comunicação interventricular - mais comum · DSAVT: defeito de septo AV total; principalmente em Sd Down · PCA: persistência do canal arterial - prematuros CIV (COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR) · Ocorre em 41% das cardiopatias; a mais comum · Não há diferença entre sexo · Pode ocorrer isolada ou associada · Tipos: 1. Perimembranosa 70% dos casos: defeito no septo membranoso e o septo ventricular 2. Subaórtica/subpulmonar: ausência ou deficiência do septo infundibular (divide a saída do VE e VD) 3. Musculares: na ponta do coração · Na vida fetal, as pressão nos ventrículos são iguais, então a passagem é irrelevante · Ao nascimento, com o fechamento dos shunts fisiológicos, ocorre queda da pressão pulmonar e aumento da sistêmica, ocorrendo fluxo VE → VD pela grande diferença de pressão (por < RVP) · Pressão VD < VE · Fluxo depende do tamanho da CIV e ocorre na sístole · Do VD, vai sangue para a circulação pulmonar, voltando mais sangue para o AE e também para o VE → dilatação do AE e VE Exame físico: · Ausculta cardíaca: sopro holossistólico em barra, mais audível no foco tricúspide (pode ser audível em todos), com 2a bulha hiperfonética no pulmonar e pode ter frêmito palpável · Taquipneia (pulmão congestionado) · Hepatomegalia · Desnutrição/baixo peso, palidez Exames complementares: · No ECG: sobrecarga ventricular biventricular, principalmente esquerda e de átrio esquerdo · Rx com aumento de área cardíaca e do fluxo pulmonar (AE, VE e pode ter VD também) · Ecocardiograma: confirma o dx e define dimensão da CIV, localização, anatomia e defeitos associados *Primeira: CIV muscular subaórtico; segunda: apical Tratamento: · Clínico (ganhar tempo): diurético, vasodilatador (ex: IECA), digoxina → estabilizar ICC, visando melhorar para cx · Cirúrgico: · Correção total (melhor) · Cx paliativa (provisório, para paciente ganhar peso) → bandagem de a. pulmonar (diminuir o calibre) visando diminuir o fluxo que vai para o pulmão, feita quando há uma anatomia desfavorável para correção total, ICC refratária, CIV ampla e bebê muito pequeno (rever após 6 meses para cx total) Doença de Eisenmenger: (PROVA) · Estágio final das cardiopatias de hiperfluxo se não corrigidas, pois ocorre fibrose pulmonar, gerando resistência pulmonar maior · Ocorre equilíbrio entre pressões sistêmicas e pulmonares, com desaparecimento do shunt · Paciente melhora clinicamente · Sopro diminui/ausente: “fase lua de mel” · Chega uma hora que a pressão do lado D vai ficar maior do que no E e o shunt se inverte · Evolui para hipertensão pulmonar e cianose · No exame físico, há uma segunda bulha bem hiperfonética · Não adianta transplante cardíaco, porque o problema também está no pulmão · Tratamento é paliativo (vasodilatador pulmonar) ou transplante cardiopulmonar PCA (PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL) · Conexão entre aorta descendente e tronco pulmonar, indo sangue da Ao → pulmonar (pela diferença de pressão), fazendo um shunt extracardiaco · Prematuros < 1200 g = 80% · Fechamento funcional 12-15hrs após o nascimento e anatômico entre o 5° e 7° dia · Pode prolongar 21 dias e algumas vezes não há fechamento · Persistência crônica: Sd de Eisenmenger Clínica: · Sopro é do tipo contínuo ou maquinaria (tanto na PAS, quanto na PAD), mais intenso infraclavicular à esquerda e B2 hiperfonética · Pulso amplo, pelo débito aumentado Exames complementares: · RX: aumento de área cardíaca e circulação pulmonar · ECG: sobrecarga de câmaras esquerdas · Eco: confirma dx, avalia tamanho do PCA e da cavidade e estima fluxo pulmonar Tratamento: · Clínico: · Prematuros: ibuprofeno/indometacina (3 dias), restrição hídrica, correção de anemia e diuréticos, sendo indicados nos RNPT com PCA ampla, em VM e com sinais de ICC · Cirúrgico: faz toracotomia lateral esquerda, quando há falha no tto conservador e com ICC · Cateterismo: se ainda não fechar em crianças maiores, usa-se uma prótese FLUXO PULMONAR NORMAL · Lesão obstrutivas, estenose aórtica valvar (congênita ou adquirida), febre reumática · Lesão obstrutiva saindo do VE, não tem acometimento da circulação pulmonar e não faz shunt COARCTAÇÃO DE AORTA · Associação com Sd. Turner em 35% · Estreitamento da camada média da aorta · Incidência maior no sexo masculino (2:1) · Pode estar associado com CIV, CIA, PCA, SHVE, TGA Tipos: segmentar ou localizada, podendo ser pré-ductal, justa-ductal ou pós-ductal Clínica: depende do grau da estenose de lesão associada; área cardíaca aumentada e redução do pulso dos membros Em neonato: o débito sanguíneo do MMII é feito pelo canal arterial. Há aumento no retorno venoso pulmonar e na pós-carga do VE, gerando falência e sinais de IC grave (choque cardiogênico). Gera diferença de saturação entre MMII (mais baixa, porque recebe do canal arterial) e MSD Teste do coraçãozinho: · Usa-se o oxímetro de pulso, mede do MSD (pré-ductal) e MMII, feito entre 24-48 hrs de vida antes da alta · Aquecimento com onda regular · Sat < 95% ou se houver diferença > 3% entre os membros na primeira medida → repetir em 1h · Se persistir após 1h → pedir ecocardiograma · Pode dar falso-negativo: aferir pressão de MS e MI, se houver diferença, pode ser coarctação Em crianças maiores: · Podem ser assintomáticos · Sintomas: cansaço, cefaleia, dor nas pernas · Sopro sistólico em foco aórtico e dorso · HAS principalmente · Pulsos diminuídos em MMII · Exames complementares: cardiomegalia ou normal (já que não tem hiperfluxo) / sulcos de Roesler Diagnóstico: · RX: aumento da área cardíaca e congestão pulmonar (IC). Sulcos de Roesler (impressões dos vasos intercostais, porque ficam mais grossos) · Ecocardiograma Tratamento urgência: · Nos neonatos com coarctação cana dependente → PROSTAGLANDINA e não usar oxigênio · Estabilização do quadro clínico e correção de acidose · Cirurgia assim que possível Tratamento eletivo: · Nos pacientes assintomáticos em torno do 1° ano de vida · Correção cirúrgica - neonato/lactente · Cateterismo cardíaco - crianças maiores CARDIOPATIA CONGÊNITA CIANÓTICA Cianose · Cor azulada de extremidades e mucosas, não sendo apenas de pé e mão, precisando ser central· Baixa saturação de oxigênio tecidual · Pode ser de várias causas cardíaca, pulmonar, neurológica e/ou hematológica · Possíveis causas: tetralogia de Fallot, transposição dos grandes vasos da base, atresia tricúspide, sd. hipoplasia de VE, truncus arteriosus e ventrículo único → precisa saber o padrão de circulação pulmonar · Pode ser por lesões obstrutivas para circulação pulmonar (baixo fluxo), shunt D → E (mistura de sangue) ou cianose por múltiplos defeitos Tetralogia de Fallot: (mais comum; masculino) · CIV · Aorta dextroposta · Estenose pulmonar: determina o grau dos sintomas pela obstrução da via de saída · Hipertrofia VD · Sangue vem do VE, mas como existe uma doença obstrutiva (estenose pulmonar) que gera uma pressão maior no VD, o shunt não é tão grande, porque os 2 ventrículos têm pressão · Quanto maior a estenose pulmonar, menos sangue vai para o pulmão (hipofluxo pulmonar), aumentando o grau de cianose Sinais e sintomas: · Assintomático por um período, se leve · Cansaço, cianose, baqueteamento digital (hipoxemia mais crônica em crianças maiores), emagrecido · Olhar a palma da mão para ver a cianose Exame físico: · Cianose de grau variado dependendo da EP · 1a bulha normal ou pouco hiperfonética e 2a bulha única, não auscultando o componente pulmonar pela EP · Sopro sistólico ejetivo (estenose pulmonar) · Baqueteamento digital (crianças maiores) · Tem que ter cianose central + acrocianose Exames complementares: · Rx: padrão de hipofluxo pulmonar que depende do grau de estenose pulmonar; área cardíaca normal · Eletrocardiograma: sobrecarga de VD, com desvio de eixo para a direita · Ecocardiograma: define anatomia · Cateterismo: complementa ecocardio, para definir a correção cirúrgica do paciente Posição de cócoras: · Mecanismo compensatório após atividade física · Permite satO2 aumentada pois há redução do retorno venoso de sangue insaturado que vem dos MMII · Compressão/angulação das artérias femorais aumenta a resistência vascular sistêmica → aumento do fluxo pulmonar · Faz isso automaticamente Tratamento clínico: uso de BB (propranolol 1-3 mg/kg/dia podem ser usados enquanto aguarda cirurgia) Crises de cianose/hipóxia: · Choro intenso, quadro infeccioso/febre, atividade física → aumenta FC e faz taquicardia · Lactantes 2-6 meses · Taquicardia diminui fluxo de sangue pulmonar por espasmo do infundíbulo pulmonar - menos sangue passa pela válvula pulmonar · Se não passa sangue, diminui sopro · Taquipneico (“fome de O2”) · Letargia // inconsciente No PA: · Sedação com morfina para abolir taquipneia · Expansão com soro fisiológico · Oxigênio · Manobra joelho-tórax após sedação · Considerar antecipação de abordagem cirúrgica Se não tirar o paciente da crise (abordagem cx paliativa): · Blalock-Taussig: anastomose sistêmico pulmonar · Indicado para anatomias desfavoráveis, bebê muito pequeno em crise de hipóxia · Desfaz quando fizer a definitiva · Terá um sopro contínuo, se não tiver, tornando sistólico e ficando cianótico, o shunt está ficando pequeno Correção total: · Fechamento CIV, ressecção do infundíbulo pulmonar, correção da estenose pulmonar · Faz a partir de 4-6 meses de idade TRANSPOSIÇÃO DOS GRANDES VASOS DA BASE · Discordância ventrículo arterial: artéria pulmonar se origina no VE e aorta no VD, gerando 2 circuitos paralelos · É incompatível com a vida · 5-7% das malformações cardíacas, mais comum no período neonatal · Mais comum no sexo masculino · Bebê a termo nasce bem, mas quando o canal começa a fechar, evolui mal Sinais e sintomas: cianose que não melhora com oxigenação e não apresenta shunt Diagnóstico: · Ausculta cardíaca 2a bulha hiperfonética · Rx tórax: normal ou cardiomegalia leve, pouco aumento da trama vascular; “ovo deitado” · ECG: padrão de sobrecarga direita · Ecocardiograma: dx anatômico · Cateterismo: importante para intervenção Tratamento: · Prostaglandina 0,02-1 µg/kg/min em infusão contínua, antes do procedimento cirúrgico: para manter o canal arterial aberto · Correção de distúrbios metabólicos para estabilização · Drogas vasoativas e diuréticos se necessário · Não fazer O2 (faz vasoconstrição do canal) Cirurgia de JATENE: · É o procedimento de escolha, mas é longa · Realizar até 45 dias de vida · Trocar os grandes vasos e as coronárias CIA (COMUNICAÇÃO INTRA-ATRIAL) · Na clínica, pode apresentar P2 com desdobramento fixo (não altera com respiração) em AP, com sopro sistólico ejetivo suave em foco tricúspide · Atraso no fechamento da veia pulmonar pelo esvaziamento prolongado do VD por aumento do volume de sangue · Sístole ventricular D é mais colabada que o E · Os sintomas podem demorar para aparecer, porque a diferença de pressão não é tão acentuada quando na CIV · No RX: DCRD, cardiomegalia, com congestão → borramento bilateral, sugestivo de congestão, difuso e sugestivo de hiperfluxo pulmonar · No ECG: onda P apiculada (mais de 2,5), padrão de sobrecarga · No eco: define anatomia e defeitos associados (exame preferencial) · Maioria é do tipo ostium secundum (50-70%), há também do tipo primum, seio venoso e coronário · Tratamento cirúrgico ou por hemodinâmica (cateterismo) image2.png image5.png image4.png image6.png image1.png image3.png