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Como se pode perceber, temos um texto em forma de uma bula. Contudo, o propósito é outro. Não temos aqui o propósito típico da bula: informar sobre um medicamento, mas sim, fazer publicidade de livros. Esse fenômeno é muito comum e teoricamente é chamado de intergenericidade (Cf. MARCUSCHI, 2002). Ocorre quando propositadamente o enunciador utiliza a forma de um gênero com função distinta a que usualmente tem, para fazer algum efeito de linguagem. Contudo, dada a primazia do propósito comunicativo, em geral, o interlocutor proficiente consegue extrair o significado, percebendo a intenção do enunciador. Este é só um exemplo do quão problemático é a análise de gêneros. Além do mais, o surgimento e a consequente massificação dos computadores e da internet propiciaram o aparecimento de um conjunto de gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. Esses gêneros, embora possuam similares em outros ambientes, trazem consigo novos comportamentos linguísticos e sociais que precisam de maiores investigações por parte de pesquisadores. Marcuschi (2005, p. 14) chega inclusive a dizer que “seguramente, uma criança, um jovem ou um adulto, viciados na internet, sofrerão sequelas nada irrelevantes”. Na mesma obra, Marcuschi diz que: Três aspectos tornam a análise desses gêneros relevante: (1) seu franco desenvolvimento e uso cada vez mais generalizado. (2) suas peculiaridades formais e funcionais, não obstante terem eles contrapartes em gêneros prévios; (3) a possibilidade que oferecem de se rever conceitos tradicionais, permitindo repensar nossa relação com a oralidade e a escrita. Assim, conclui, esse “discurso eletrônico constitui um bom momento para se analisar o efeito de novas tecnologias na linguagem e o papel da linguagem nessas tecnologias. 73