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CASOS CLÍNICOS EM NEUROLOGIA 423 O manejo do paciente com lissencefalia é de apoio, centrado nas três prin- cipais complicações: epilepsia, dificuldade alimentar e espasticidade. A melhora do tratamento sintomático aumentou a expectativa de vida desses pacientes de alguns anos para até o início da adolescência. O uso de esteroides (prednisona) e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) é um tratamento aceito para os espasmos infantis, mas pode ou não ser bem-sucedido. As crises retornarão após o tratamento com esteroi- des e, frequentemente, são intratáveis. É frequente a necessidade de vários anticon- vulsivantes com cuidados especiais quanto ao estado epiléptico com risco para a vida. A dificuldade alimentar e a dificuldade de deglutição predispõem à má nutrição e à pneumonia aspirativa; uma sonda de alimentação e uma gastrostomia em longo pra- zo podem ajudar a reduzir essas comorbidades. A hipotonia nos pacientes de pouca idade progride para uma espasticidade e contraturas que, se não tratadas, podem resultar em dor grave e desconforto, assim como em imobilidade e complicações, como quedas, atelectasias e úlceras de decúbito. Fisioterapias de alongamento frequentes, talas e relaxantes musculares podem retardar o desenvolvimento de espasticidade e contraturas, enquanto cadeiras de ro- das e colchões especiais podem reduzir os problemas originados pela imobilidade. Os pacientes com lissencefalia também podem apresentar anormalidades congênitas cardíacas e renais, que devem ser monitoradas e tratadas atentamente. Assim como no caso da família desse paciente, o aconselhamento genético de- sempenha um papel importante por causa da preocupação com uma síndrome he- reditária. O risco de recorrência da síndrome de Miller-Dieker é muito baixo, pois a maioria dos casos é causada por uma deleção cromossômica recente. No entanto, o risco de recorrência pode ser de até 33%, caso seja determinada uma translocação familiar recíproca. A elucidação diagnóstica pode começar com uma análise de hi- bridização in situ (FISH) para a deleção 17p13.3, e uma consulta com um geneticista. O teste pré-natal é possível pela análise cromossômica fetal por cariotipagem, FISH, biópsia de vilo coriônico ou amniocentese. O exame de imagem para malformações dos giros cerebrais é mais sensível após a 28a semana gestacional. QUESTÕES DE COMPREENSÃO 50.1 Um bebê de 14 meses foi diagnosticado como portador da síndrome de Miller- Dieker. Qual dos itens a seguir é o mais provavelmente encontrado no exame físico? A. Macrocefalia. B. Retardo motor. C. Genitália ambígua. D. Estudos anormais do cromossomo X. 50.2 Qual dos seguintes itens é a sequela mais comum da síndrome de Miller-Dieker? A. Epilepsia. B. Insuficiência respiratória. C. Hipotonia. Toy - Neurologia.indd 423 21/8/2013 15:20:59