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Lissencefalia: diagnóstico e causas

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422 TOY, SIMPSON & TINTNER
vada da palavra grega lissos, que significa liso, e da palavra encephalos, que quer dizer 
cérebro. O cérebro humano normalmente apresenta uma superfície com circunvolu-
ções. Na lissencefalia, essas convoluções estão completa ou parcialmente ausentes, ou 
existem áreas com um aspecto liso. As convoluções também são chamadas de giros e 
sua ausência é conhecida como agiria (sem giros). Em alguns casos, as convoluções 
estão presentes, mas estão espessadas e em número reduzido; nesse caso, usa-se o 
termo paquigiria (giros grossos). O diagnóstico em geral é feito com auxílio de uma 
tomografia computadorizada (TC) ou RM cerebral.
Na lissencefalia, o desenvolvimento cerebral precoce é normal até os três ou 
quatro meses do desenvolvimento, quando o cérebro para de progredir normalmen-
te. Tipos diferentes de lissencefalia têm causas diferentes.
A síndrome de Miller-Dieker, segundo relatos, ocorre em 11,7 por milhão de 
nascidos vivos. Essa forma grave parece ser a causa de um terço dos pacientes com 
lissencefalia identificada. É causada por uma deleção cromossômica, resultando em 
monossomia do cromossomo 17p13.3 com o gene LIS 1. O principal diagnóstico 
diferencial é a sequência de lissencefalia isolada, que apresenta um fenótipo mais leve 
e é causada por uma pequena mutação no gene LIS 1 com um padrão de hereditarie-
dade autossômica dominante, ou do gene DCX, com uma transmissão ligada ao X.
Tanto a síndrome de Miller-Dieker quanto a sequência de lissencefalia isolada são 
consideradas lissencefalias clássicas ou lissencefalias tipo 1. O diagnóstico diferencial tam-
bém inclui outras síndromes de defeito migratório que apresentam crises epilépticas, re-
tardo mental e lissencefalia, incluindo a lissencefalia com hipoplasia cerebelar (AR, gene 
RELN em 7q22) e a lissencefalia com genitália anormal (ligada ao X, ARX em Xp22.13). 
Síndromes relacionadas, que apresentam quadro clínico semelhante, mas achados de 
neuroimagem diferentes, incluem a heterotopia subcortical em banda (LIS 1 ou DCX), 
polimicrogiria, heterotopia nodular periventricular bilateral e esquizencefalia.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso é importante por dois motivos. Primeiro, se a condição é 
genética e foi herdada, o diagnóstico permitirá que os pais compreendam o risco 
para futuras gestações, assim como informará se outras crianças da mesma família 
também são portadoras do gene defeituoso. Segundo, o diagnóstico é útil para que 
os pais de crianças com lissencefalia possam encontrar outros pais com crianças na 
mesma condição, e assim aprender com base na experiência deles.
Uma condição de lissencefalia ou paquigiria não é um diagnóstico completo, 
e a causa não pode ser determinada sem uma avaliação mais detalhada feita por um 
neurologista, pediatra ou geneticista. Exames de neuroimagem são muito importan-
tes na avaliação e no diagnóstico. A RM é quase sempre superior para o detalhamen-
to de malformações cerebrais, em especial para condições como polimicrogiria, na 
qual as imagens de TC não fornecem a resolução necessária. Da mesma forma, essas 
condições são tão raras que muitos neurorradiologistas podem nunca ter visto esses 
achados ou podem não ter ajustado o aparelho de RM corretamente para detalhar as 
pequenas malformações que podem ocorrer. Nesses casos, é importante que o enca-
minhamento seja feito para especialistas competentes.
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