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CASOS CLINICOS EM NEUROLOGIA-390

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CASOS CLÍNICOS EM NEUROLOGIA 389
sistema nervoso central (SNC), dor da articulação temporomandibular ou abuso de 
substâncias. Em geral, as cefaleias secundárias são definidas pelo problema principal 
subjacente e necessitam uma avaliação mais extensa e imediata. Cefaleias primárias, 
no entanto, costumam ser bem definidas por seus sintomas clínicos e podem não ne-
cessitar de um trabalho diagnóstico, caso os critérios clínicos sejam cumpridos. Neste 
cenário, a história é clássica para enxaqueca, com uma queixa de cefaleia unilateral, 
pulsátil, aura, história familiar e desencadeantes.
ABORDAGEM À
Cefaleia pediátrica
A cefaleia em crianças e adultos pode ser dividida em cefaleia primária e secundá-
ria. Também pode ser útil considerar o padrão da cefaleia do paciente: (1) aguda 
recorrente – cefaleia episódica com intervalos livres de dor; (2) crônica progressiva 
– cefaleia com piora gradual, sem intervalos livres de dor; (3) cefaleia crônica diária 
– cefaleia persistente que não melhora, nem piora e não é remitente; e (4) cefaleia 
mista – cefaleia crônica diária, com exacerbações periódicas. As cefaleias crônicas 
progressivas levantam a possibilidade de aumento da pressão intracraniana e re-
querem avaliação mais detalhada por meio de exames de neuroimagem. Cefaleias 
crônicas diárias podem ser uma cefaleia secundária causada por trombose do seio 
venoso cerebral, ou podem originar-se de uma cefaleia primária. Essa condição, bem 
como as cefaleias mistas, pode necessitar um encaminhamento a um especialista em 
cefaleias. Em 2004, a International Headache Society definiu os critérios para a en-
xaqueca pediátrica:
A. Ataque de cefaleia que dura de uma a 72 horas.
B. Cefaleia que apresenta pelo menos duas das seguintes características:
(1) Localização bilateral ou unilateral (frontal/temporal);
(2) Qualidade pulsátil;
(3) Intensidade moderada a grave;
(4) Agravada por atividades físicas de rotina.
C. Pelo menos um dos seguintes itens acompanha a cefaleia:
(1) Náusea e/ou vômito;
(2) Fotofobia e fonofobia (pode ser inferida pelo seu comportamento);
D. Cinco ou mais ataques com os critérios descritos;
A média de idade para o início das enxaquecas pediátricas é cerca de sete anos 
para meninos e 11 anos para meninas. Quanto à prevalência, 8 a 23% das crianças 
preenchem os critérios para enxaquecas depois dos 10 anos, tornando as cefaleias 
primárias um problema muito comum. Embora as enxaquecas possam ser observa-
das em crianças de três anos, a prevalência é inferior a 3%. Esse valor provavelmente 
é subestimado, dada a dificuldade de fazer o diagnóstico em crianças muito novas.
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