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Disposições preliminares

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e-Tec Brasil19
Aula 2 – Disposições preliminares: normas e princí-
pios aplicáveis, cláusulas contratuais neces-
sárias e a exigência de garantia
O objetivo dessa aula é conhecer as disposições preliminares atinentes aos 
contratos administrativos, com destaque as normas e princípios aplicáveis, 
as cláusulas necessárias e a exigência de garantia. Essa aula foi desen-
volvida a partir do contido nos artigos 54, 55 e 56 da Lei de Licitações e 
Contratos, no entendimento da doutrina, dos tribunais superiores e dos 
órgãos de controle. Ao final, você saberá reconhecer e aplicar as normas 
e princípios dos contratos administrativos, as cláusulas necessárias e o ins-
tituto da exigência de garantia.
2.1 Normas e princípios aplicáveis
A Lei nº 8.666/1993 disciplina, em capítulo próprio, as diretrizes aplicáveis 
aos contratos administrativos (artigos 54 a 80), também chamados de con-
tratos de direito público.
Nos termos do artigo 54 “os contratos administrativos de que trata esta Lei 
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplican-
do-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as 
disposições de direito privado”.
Isso implica dizer que aos contratos administrativos utilizam-se, primeira-
mente, as normas e princípios do Direito Público, em especial o disposto 
na Constituição Federal e na Lei de Licitações e Contratos e, supletivamente, 
os princípios da teoria geral dos contratos (autonomia de vontade, suprema-
cia da ordem pública, consensualismo, força obrigatória e teoria da impre-
visão, boa-fé e relatividade dos efeitos dos contratos), e as disposições do 
Código Civil Brasileiro. 
O artigo 37, caput, da Carta Magna afirma expressamente que “a admi-
nistração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, em qual-
quer ato que venha praticar.
Os contratos administrativos apresentam peculiaridades próprias, cláusulas 
especiais não encontradas nos contratos celebrados entre particulares.
IX. o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão 
administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
X. as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, 
quando for o caso;
XI. a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a 
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII. a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos ca-
sos omissos;
XIII. a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do 
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, 
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
As regras estabelecidas neste artigo são dirigidas primeiramente ao elabora-
dor do instrumento convocatório, tendo em vista que a minuta do contrato 
é anexo integrante do edital, conforme determina o artigo 40, § 2º da Lei 
nº 8.666/1993. De acordo com o caso concreto, outras cláusulas podem se 
tornar essenciais. A relação do artigo 55 é meramente exemplificativa. 
Não é demais salientar que o contrato deve estar de acordo com o instru-
mento convocatório (edital ou carta-convite) e a proposta do licitante. 
A ausência dessas cláusulas pode levar a nulidade do contrato administrati-
vo, tendo em vista que a omissão de uma delas pode comprometer a execu-
ção do contrato seja pela falta de descrição do objeto, incerteza do preço, 
ausência de especificação dos direitos e obrigações das partes e demais con-
dições imprescindíveis e não elucidadas.
O parágrafo segundo do artigo 55, com vistas a tutelar a soberania do Es-
tado Brasileiro estabelece o foro de eleição que, “nos contratos celebrados 
pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas 
domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que 
declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer 
questão contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei”. 
Destaca-se que, tanto os contratos públicos como os privados são regidos 
por dois princípios fundamentais:”o contrato faz lei entre as partes”;”o de-
ver de observar o que foi pactuado”.
O artigo 54 preceitua, ainda, no parágrafo primeiro que “os contratos de-
vem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, ex-
pressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades 
das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que 
se vinculam”.
O parágrafo segundo estabelece que “os contratos decorrentes de dispensa 
ou de inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato que os 
autorizou e da respectiva proposta”. 
2.2 Cláusulas contratuais necessárias 
O artigo 55 da Lei de Licitações enumera as cláusulas contratuais neces-
sárias ou essenciais nos ajustes celebrados pelo Poder Público, conforme 
segue:
I. o objeto e seus elementos característicos;
II. o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III. o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodici-
dade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária 
entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; 
IV. os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, 
de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
V. o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação 
funcional programática e da categoria econômica;
VI. as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
VII. os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e 
os valores das multas;
VIII. os casos de rescisão; (art.78)
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Aula 2 – Disposições preliminares: normas e princípios aplicáveis, 
cláusulas contratuais necessárias e exigência de garantia20 21
2. A exigência de regularidade fiscal deve permanecer durante toda 
a execução do contrato, a teor do art. 55, XIII, da Lei nº 8.666/93, 
que dispõe ser "obrigação do contratado de manter, durante toda a 
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele 
assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na 
licitação". (grifo nosso)
3. Desde que haja justa causa e oportunidade de defesa, pode a Admi-
nistração rescindir contrato firmado, ante o descumprimento de cláu-
sula contratual.
4. Não se verifica nenhuma ilegalidade no ato impugnado, por ser le-
gítima a exigência de que a contratada apresente certidões comproba-
tórias de regularidade fiscal.
5. Pode a Administração rescindir o contrato em razão de descumpri-
mento de uma de suas cláusulas e ainda imputar penalidade ao con-
tratado descumpridor. Todavia a retenção do pagamento devido, por 
não constar do rol do art. 87 da Lei nº 8.666/93, ofende o princípio da 
legalidade, insculpido na Carta Magna.
6. Recurso ordinário em mandado de segurança provido em parte.
(STJ - RMS 24953/CE; Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 
2007/0193526-6; Relator: Ministro Castro Meira; Órgão Julgador: Se-
gunda Turma; Data do Julgamento: 04/03/2008; DJ 17.03.2008).
Administrativo. Contrato. ECT. Prestação de serviços de trans-
porte. Descumprimento da obrigação de manter a regularidade 
fiscal. Retenção do pagamento das faturas. Impossibilidade.
1. A exigência de regularidade fiscal para a participação no procedi-
mento licitatório funda-se na Constituição Federal, que dispõe no 
§ 3º do art. 195 que "a pessoa jurídica em débito com o sistema da 
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com 
o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios", e deve ser mantida durante toda a execução do contrato, 
consoante o art. 55 da Lei 8.666/93.
2. O ato administrativo, no Estado Democrático de Direito,está su-
No parágrafo terceiro, há um dispositivo que permite o controle das obriga-
ções tributárias, pois prevê que “no ato da liquidação da despesa, os servi-
ços de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação 
e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as características e 
os valores pagos, segundo o disposto no artigo 63 da Lei nº 4.320, de 17 de 
março de 1964”.
Questão de fundamental importância é quanto à obrigação do contratado 
de manter durante toda a execução do contrato (artigo 55, inciso XIII), as 
condições exigidas em edital quanto à habilitação (jurídica, qualificação téc-
nica, qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e a observância 
da proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de de-
zoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição 
de aprendiz, a partir de quatorze anos). 
De acordo com a legislação, se o contratado durante a execução do con-
trato, deixar de apresentar as exigências da habilitação, o contrato deverá 
ser rescindido. Todavia, a decisão da autoridade competente deve estar em 
consonância com o princípio da razoabilidade, da proporcionalidade e do 
interesse público. É imprescindível avaliar e aplicar a providência menos gra-
ve e onerosa para a Administração Pública, ou seja, é necessário comparar 
o problema apresentado pelo contratado, a gravidade da sua conduta, com 
a satisfação dos interesses públicos a serem alcançados. Não se deve aplicar 
uma solução mecanicista e esmagando os interesses da coletividade.
Discussões
1. O que o Administrador Público deve fazer diante da ausência de 
regularidade fiscal do contratado? É possível uma retenção de pa-
gamento? 
Veja o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) órgão com-
petente para analisar, em última instância, a aplicabilidade de leis infra-
constitucionais: 
Administrativo. Mandado de Segurança. Contrato. Rescisão. Ir-
regularidade Fiscal. Retenção de Pagamento.
1. É necessária a comprovação de regularidade fiscal do licitante como 
requisito para sua habilitação, conforme preconizam os arts. 27 e 29 
da Lei nº 8.666/93, exigência que encontra respaldo no art. 195, § 3º, da CF.
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Aula 2 – Disposições preliminares: normas e princípios aplicáveis, 
cláusulas contratuais necessárias e exigência de garantia22 23
do contrato e a execução da garantia para ressarcimento dos valores e 
indenizações devidos à Administração, além das penalidades já previstas 
em lei (arts. 55, inciso XIII, 78, inciso I, 80, inciso III, e 87, da Lei nº 8.666/93). 
3. Verificada a irregular situação fiscal da contratada, incluindo a seguridade 
social, é vedada a retenção de pagamento por serviço já executado, ou 
fornecimento já entregue, sob pena de enriquecimento sem causa da 
Administração. (Acórdão 964/2012)
É importante esclarecer que situação adversa é a prevista no artigo 80, inciso 
IV da lei nº 8.666/1993, que cuida das consequências da rescisão unilateral. 
Nesta hipótese a lei expressamente prevê a retenção dos créditos decorren-
tes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração. Mas 
vale frisar que neste caso estamos diante de situação de rescisão contratual 
unilateral, por culpa do contratado e o limite da retenção são os eventuais 
prejuízos causados para a Administração.
Diferentemente, da hipótese de situação de não regularidade fiscal, onde 
uma vez retido o crédito pela Administração Pública pode configurar ofensa 
ao princípio da legalidade, configurando uma via transversa para a cobrança 
de tributos. 
2. Uma microempresa ou empresa de pequeno porte que perda essa 
condição durante a execução do contrato, estaria ferindo o conti-
do no artigo 55, inciso XIII da Lei nº 8.666/93?
Observe o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU):
38. (...) consideramos equivocada a interpretação de que a perda da 
condição de microempresa ou empresa de pequeno porte, durante 
a execução do contrato, estaria infringindo o art. 55, XIII, da Lei 
n.º 8.666/93.
39. citado dispositivo legal se refere à manutenção das condições 
compatíveis com as obrigações assumidas pelo contratado de habili-
tação e qualificação exigidas para a execução do contrato, inclusive 
quanto à regularidade fiscal (Acórdãos 584/1997-1C, 1674/2003-2C, 
2684/2004-1C).
40. Além disso, as regras contidas no § 3º, do art. 3º da Lei 
bordinado ao princípio da legalidade (CF/88, arts. 5º, II, 37, caput, 84, 
IV), o que equivale assentar que a Administração poderá atuar tão-
-somente de acordo com o que a lei determina.
3. Deveras, não constando do rol do art. 87 da Lei 8.666/93 a retenção 
do pagamento pelo serviços prestados, não poderia a ECT aplicar a re-
ferida sanção à empresa contratada, sob pena de violação ao princípio 
constitucional da legalidade. Destarte, o descumprimento de cláusula 
contratual pode até ensejar, eventualmente, a rescisão do contrato 
(art. 78 da Lei de Licitações), mas não autoriza a recorrente a suspen-
der o pagamento das faturas e, ao mesmo tempo, exigir da empresa 
contratada a prestação dos serviços.
4. Consoante a melhor doutrina, a supremacia constitucional "não 
significa que a Administração esteja autorizada a reter pagamentos 
ou opor-se ao cumprimento de seus deveres contratuais sob alegação 
de que o particular encontra-se em dívida com a Fazenda Nacional 
ou outras instituições. A administração poderá comunicar ao órgão 
competente a existência de crédito em favor do particular para serem 
adotadas as providências adequadas. A retenção de pagamentos, 
pura e simplesmente, caracterizará ato abusivo, passível de ataque 
inclusive através de mandado de segurança." (Marçal Justen Filho. 
Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, São Paulo, 
Editora Dialética, 2002, p. 549). (REsp 633432 / MG, Ministro LUIZ FUX, 
DJ 20/06/2005)
Edital - obrigatoriedade de cláusula de manutenção das condições 
de habilitação – previsão de sanções – vedada a retenção de 
pagamento
1. Nos contratos de execução continuada ou parcelada, a Administração 
deve exigir a comprovação, por parte da contratada, da regularidade 
fiscal, incluindo a seguridade social, sob pena de violação do disposto 
no § 3º do art. 195 da Constituição Federal, segundo o qual "a 
pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como 
estabelecido em lei, não poderá contratar com o poder público nem dele 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios". 2. Nos editais e 
contratos de execução continuada ou parcelada, deve constar cláusula que 
estabeleça a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução 
do contrato, as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, 
prevendo, como sanções para o inadimplemento dessa cláusula, a rescisão 
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Aula 2 – Disposições preliminares: normas e princípios aplicáveis, 
cláusulas contratuais necessárias e exigência de garantia24 25
contratada, da manutenção de todas as condições de habili-
tação, aí incluídas a regularidade fiscal para com o FGTS e a 
Fazenda Federal, com o objetivo de assegurar o cumprimento 
da Lei 9.012/1995 (art. 2º) e da Lei 8.666/1993 (arts. 29, incisos 
III e IV, e 55, inciso XIII);
9.2.3. estabeleça critérios de materialidade e relevância, para 
sujeitar à verificação mais rigorosa ou frequente, acerca da ma-
nutenção das condições de habilitação, aí incluídas a regula-
ridade fiscal, os contratos de maior vulto ou que se afigurem 
de maior risco de responsabilização por inadimplemento da 
contratada"; 
22. Portanto, no caso, sugere-se determinar à Infraero que exija, a cada 
pagamento referente a contrato de execução continuada ou parcelada, 
a comprovação da regularidade fiscal para com a Seguridade Social, 
em observância à Constituição Federal (art. 195, § 3º), à Lei nº 8.666/93 
(arts.29, incisos III e IV, e 55, inciso XIII); e inclua em futuros editais e con-
tratos de execução continuada ou parcelada, cláusula que estabeleça a 
possibilidade de subordinação do pagamento à comprovação, por parte 
da contratada, da manutenção de todas as condições de habilitação, aí 
incluídas a regularidade fiscal para com o FGTS e a Fazenda Federal, com 
o objetivo de assegurar o cumprimento da Lei nº 9.012/1995 (art. 2º) e 
da Lei nº 8.666/1993 (arts. 29, incisos III e IV, e 55, inciso XIII). (Acórdão 
837/2008 – Plenário, Ministro Relator Raimundo Carreiro)
4. Sendo a empresa contratada exclusiva, que possui o monopólio 
da atividade, o que fazer diante da sua inadimplência quanto às 
contribuições sociais?
Verifique adiante o entendimento do Tribunal de Contas da União 
(TCU):
Ementa
Consulta formulada pelo Secretário de Controle Interno do STJ sobre 
o procedimento adotado quando da contratação de empresas estatais 
detentoras de monopólio de serviços públicos essenciais que não apre-
sentam certidões comprobatórias de regularidade junto ao INSS e ao 
FGTS bem como a respeito dos pagamentos por serviços já prestados. 
Leia os artigos disponíveis no site 
do governo federal: 
• Licitações e Contratos 
Administrativos - Perguntas e 
Respostas
• Controladoria Geral da União
http://www.cgu.
gov.br/publicacoes/
cartilhaGestaoRecursosFederais/ 
Arquivos/LicitacoesContratos.pdf
Tribunal de Contas da União: 
órgão de controle; auxiliar do 
Poder Legislativo Federal na 
função de fiscalizar as contas 
públicas.
Superior Tribunal de Justiça: 
órgão jurisdicional encarregado 
de julgar matérias infraconsti-
tucionais, isto é, leis que estão 
abaixo da Constituição Federal.
Complementar n.º 123/2006 estabelecem que o desenquadramento 
posterior não implicará alteração, denúncia ou qualquer restrição 
em relação a contratos firmados pelas microempresas e empresas 
de pequeno porte anteriormente. (Acórdão 2196/2008 – Plenário, 
Ministro Relator Guilherme Palmeira)
3. É necessário exigir a cada pagamento os documentos da habilita-
ção, para se certificar da manutenção das condições de habilita-
ção?
Leia com atenção o entendimento do Tribunal de Contas da União 
(TCU):
21. (...) Consoante precedente jurisprudencial desta Casa, Acórdão 
nº 2.684/2004 - 1ª Câmara, a obrigação de manutenção das condi-
ções de habilitação não implica necessariamente a subordinação de 
cada pagamento à comprovação da regular situação fiscal da contra-
tada. Segundo o precedente, a exigência é cabível para a regularidade 
fiscal com a Seguridade Social, sendo que para as demais condicionan-
tes fiscais é facultado a verificação periódica com o intuito de a Ad-
ministração se certificar da manutenção das condições de habilitação 
durante a execução do contrato - vide voto condutor do Acórdão.
ACÓRDÃO 2684/2004 - Primeira Câmara 
(...)
"9.2. determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
que:
9.2.1. oriente suas unidades regionais quanto à necessidade de 
exigência, a cada pagamento referente a contrato de execução 
continuada ou parcelada, da comprovação da regularidade fis-
cal para com a Seguridade Social, em observância à Constitui-
ção Federal (art. 195, § 3º), à Lei 8.666/93 (arts. 29, incisos III 
e IV, e 55, inciso XIII), nos termos da Decisão 705/94 - Plenário 
- TCU (Ata 54/94);
9.2.2. inclua em futuros editais e contratos de execução con-
tinuada ou parcelada, cláusula que estabeleça a possibilidade 
de subordinação do pagamento à comprovação, por parte da 
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Aula 2 – Disposições preliminares: normas e princípios aplicáveis, 
cláusulas contratuais necessárias e exigência de garantia26 27
banco que se responsabiliza perante a Administração pela execução do con-
trato). Essas garantias são alternativas, ou seja, a exigência de uma exclui a 
exigência de outra.
O valor da garantia não excederá a 5% (cinco por cento) do valor do contra-
to e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele. Tratando-se 
de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta com-
plexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através 
de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de 
garantia poderá ser elevado para até 10% (dez por cento) do valor do con-
trato. Exemplos: construção de usinas hidrelétricas, estradas, pontes, barra-
gens e outros.
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execu-
ção do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente. O pra-
zo de validade da garantia deve ser igual ao prazo do contrato. Nos casos de 
contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais 
o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o 
valor desses bens. Isso é o teor dos parágrafos 4º e 5º do artigo 56 da Lei de 
Licitações. 
Importa ressaltar a garantia adicional, prevista no artigo 48, §2º da Lei 
nº 8.666/1993, que deve ser exigida por ocasião da assinatura do contrato, 
do licitante que apresentou proposta, nas licitações de menor preço para 
obras e serviços de engenharia, considerada exequível, entretanto com valor 
entre 70% (setenta por cento) a 80% (oitenta por cento) da média aritmé-
tica das propostas superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado 
pela Administração ou do próprio valor orçado pela Administração.
Resumo
•	 A Lei de Licitações tem um capítulo próprio que trata das diretrizes apli-
cáveis aos contratos administrativos.
•	 Aos contratos administrativos aplicar-se-á primeiro as normas e princípios 
de direito público (Constituição Federal e Lei de Licitações) e supletiva-
mente os princípios da teoria geral dos contratos.
•	 O artigo 55 da Lei de Licitações enumera as cláusulas necessárias do con-
trato administrativo. A ausência dessas cláusulas pode levar a nulidade 
ou comprometer a execução do contrato.
Decisão
O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1. 
conhecer da Consulta formulada pelo Sr. Secretário de Controle Interno 
do Colendo Superior Tribunal de Justiça; 2. responder ao responsá-
vel que as empresas estatais prestadoras de serviço público essencial 
sob o regime de monopólio, ainda que inadimplentes junto ao INSS e 
ao FGTS, poderão ser contratadas pela Administração Pública, ou, se já 
prestados os serviços, poderão receber o respectivo pagamento, desde 
que com autorização prévia da autoridade máxima do órgão, acompa-
nhada das devidas justificativas; 3. informar, ainda, ao consulente que, 
diante da hipótese acima, a administração deve exigir da contratada a 
regularização de sua situação, informando, inclusive, o INSS e o FGTS a 
respeito dos fatos; (Decisão nº 431/1997 – Plenário) 
2.3 Exigência de garantia 
A Lei de Licitações e Contratos permite, a critério da Administração Pública, 
a exigência de garantia a fim de assegurar uma correta e adequada execução 
dos contratos de obras, serviços e compras. Assim, como nos contratos de 
natureza privada é possível exigir fiança, nos contratos públicos, a critério da 
autoridade pública e, desde que previsto no instrumento convocatório, po-
derá ser exigido a prestação de uma garantia. Trata de uma medida preven-
tiva, de cautela, que a Administração Pública deve realizar para evitar preju-
ízos ao patrimônio público, exigindo nas hipóteses que entender necessário.
Isso é contido no caput do artigo 56 da Lei nº 8.666/1993: “a critério da 
autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento 
convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de 
obras, serviços e compras”. 
A escolha da modalidade de garantia caberá ao contratado que, nos termos 
do § 1o e seus incisos, poderá ser: I - caução em dinheiro ou em títulos 
da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, 
mediante registro em sistema centralizado de liquidação ede custódia au-
torizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econô-
micos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda; II - seguro-garantia 
(na linguagem empresarial é denominada performance bond, uma garantia 
oferecida por uma companhia seguradora para garantir a plena execução 
do contrato); e, III - fiança bancária (garantia fidejussória oferecida por um 
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cláusulas contratuais necessárias e exigência de garantia28 29
•	 O contratado deve manter durante toda a execução do contrato as con-
dições de habilitação (jurídica, qualificação técnica, regularidade fiscal, 
qualificação econômica e financeira, e a observância da proibição de tra-
balho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de apren-
diz, a partir de quatorze anos).
•	 A fim de assegurar uma correta e adequada execução dos contratos de 
obras, serviços e compras a Lei de Licitações e Contratos permite, a crité-
rio da Administração Pública, a exigência de garantia.
Anotações
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