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e-Tec Brasil79 Aula 13 – Destinação de recursos públicos para o setor privado O poder público é o agente normativo e regulador da destina- ção de recursos públicos para o setor privado. Nesta aula vamos analisar como a Lei de responsabilidade trata essa destinação. “O inter-relacionamento entre finanças públicas e privadas confere particu- lar realce ao papel do poder público como agente normativo e, sobretudo, regulador da atividade econômica, nos termos do art. 174, §1°, da Consti- tuição Federal”. (CRUZ, 2001, p. 99) Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômi- ca, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, in- centivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. §1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desen- volvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. 13.1 A LRF e a destinação de recursos para o setor privado Diante desse controle, a destinação de recursos para, direta ou indireta- mente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas ocorrerá tão somente se autorizada por lei específica, aten- didas as condições estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e se estiver prevista no orçamento ou em seus créditos adicio- nais. É o que diz o artigo 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. As exigências previstas, que devem ser cumuladas, não buscam vetar as transferências, mas sim discipliná-las. Assim, advindo lei específica autori- zando a destinação de recursos, tal deve ocorrer, na sequência, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e também na Lei Orçamentária. Pode ocorrer, ainda, por meio de crédito adicional. A determinação é aplicada a toda a administração indireta, inclusive funda- ções públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil. As formas de destinação de recursos são: a concessão de empréstimos, fi- nanciamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital. As subvenções são abordadas pela Lei n° 4.320/64, que faz, inclusive, uma distinção: (a) subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; (b) subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. Art. 12. §3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferên- cias destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficia- das, distinguindo-se como: I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. Os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres, na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação. Pela lógica, então, se o ente da Federação tiver o controle direto ou indireto, os encargos e comissões poderão ser inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação. Com relação a recursos públicos dirigidos a instituições do Sistema Financeiro Nacional, no intuito de socorrê-las, somente será possível mediante lei específica, nos termos do artigo 28 da LRF, ou seja, a regra geral é a de que os recursos públicos não poderão socorrer tais instituições, mesmo que haja mudança do controle acionário. Lei de Responsabilidade Fiscale-Tec Brasil 80 Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recur- sos públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer institui- ções do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário. O que é permitido pela LRF, no entanto, é a concessão às instituições finan- ceiras pelo Banco Central do Brasil de operações de redesconto e de emprés- timos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias. Nas palavras de De Plácido e Silva, redesconto é entendido como: a operação pela qual o estabelecimento, que é proprietário ou ces- sionário de títulos de crédito descontados, consegue numerários ou fundos pecuniários em outro estabelecimento, com a garantia dos mesmos títulos. (SILVA, De Plácido, 2005, p. 1175). Já Arnaldo Rizzardo, conceitua o redesconto como: operação pela qual o banco, não desejando aguardar o vencimento do título sobre o qual operou o desconto, para encaixar o seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprio capital. Em síntese, vem a ser a operação pela qual o banco pode des- contar o título que pagou em outro banco. (RIZZARDO, 2006, p. 1408) Curiosidade! Houve no Brasil, no início do Pla- no Real, uma política diferente quanto ao socorro de instituições financeiras em crise. Surgido em 1995, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimen- to do Sistema Financeiro Nacional – PROER, que teve por finalidade a recuperação instituições finan- ceiras que estavam com graves problemas de caixa. O programa destinou bilhões de reais a bancos brasileiros e somente deixou de vigorar a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proibiu o aporte de recursos públicos em instituições financeiras, salvo quando há lei específica. Figura 13.1: PROER Fonte: unhombresincero.com e-Tec BrasilAula 13 – Destinação de recursos públicos para o setor privado 81