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e-Tec Brasil69 Aula 10 – Mecanismos de Fiscalização, Controle e Participação II O objetivo é conhecer os Direitos e Garantias Fundamentais, previstos na Constituição Federal, em especial o Capítulo destinado aos direitos e de- veres individuais e coletivos, que consagra os mecanismos de fiscalização, controle e participação na gestão da coisa pública. São eles: a existência de grupos; a obtenção de informações; de participação ou controle social mediante ações judiciais (habeas corpus, mandado de segurança, man- dado de injunção, habeas data e ação popular). Ao final, será objeto de análise o direito dos contribuintes de fiscalizarem as contas públicas, dos usuários de fiscalizarem os serviços públicos e, ainda, o direito das entida- des da sociedade civil de participarem de audiências públicas no Congres- so Nacional. Essa aula foi desenvolvida a partir das regras estabelecidas na Constituição Federal, com análise minuciosa das formas de fiscalização, controle e participação social. Ao final dessa aula, você saberá reconhecer, na prática, esses mecanismos constitucionais. 10.1 Mecanismos de participação ou controle social mediante ações judiciais Na sequência, serão objeto de esclarecimento as medidas judiciais colo- cadas à disposição do cidadão na tutela das liberdades garantidas pela Lei Maior, ou simplesmente, para a utilização quando do desrespeito de alguns direitos fundamentais. 10.1.1 Habeas Corpus Art. 5º (...) LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber- dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Etimologicamente habeas corpus em latim, significa “que tenhas o teu corpo”. Trata-se de uma garantia constitucional outorgada em favor de quem sofreu ou está na iminência de sofrer coação, ameaça ou violência de constrangi- mento na sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder da autoridade legítima. Além disso, serve como instrumento de controle da legalidade do Processo Penal. Etimologia s.f. Ciência que investiga a origem (étimo) das palavras, procurando determinar as causas e circunstâncias de seu processo evolutivo. Em outras palavras, o habeas corpus é uma garantia individual ao direito de ir e vir, ao direito de locomoção, manifestada por meio de uma ordem judicial ao agente coator, para que este cesse imediatamente a restrição à liberdade do indivíduo ou até mesmo a ameaça de restrição ao direito de ir, vir, permanecer. Neste último caso, está-se a falar do habeas corpus preven- tivo, também conhecido como salvo conduto, que ocorre quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade. Exemplos típicos de cabimento de habeas corpus são prisões ilegais e permanência na prisão após o encerramento do prazo determinado pela justiça. Para compreender melhor o habeas corpus, ele pode ser preventivo ou re- pressivo. É preventivo quando alguém, ameaçado de ser privado de sua li- berdade, interpõe para que tal direito não lhe seja agredido, isto é, antes de acontecer a privação de liberdade. É repressivo ou liberatório quando já ocorreu a privação de liberdade (prisão). O fundamento do habeas corpus está na premissa que a liberdade é indis- pensável no Estado Democrático de Direito. A Constituição Federal, artigo 5º, inciso XV, garante a liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz. Assim, em caso de guerra existe a possibilidade de restrições. Qualquer do povo pode pleitear essa medida, não há necessidade de capa- cidade de estar em juízo ou capacidade postulatória, ou seja, não precisa ser advogado. Registra-se que se trata de um instrumento constitucional para garantir a liberdade de locomoção de pessoa física, não podendo atender aos reclames da pessoa jurídica. 10.1.2 Mandado de Segurança Art. 5º (...) LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito lí- quido e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habe- as-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; Coator adj. e s.m. Que ou aquele que coage. (Var.: coactor.) Gestão Participativae-Tec Brasil 70 Dos mecanismos de controle social por meio de ação judicial, o mandado de segurança é o mais conhecido e utilizado pelas pessoas. Foi introduzido no direito brasileiro em 1934 e não há instrumento similar no direito estran- geiro. É um instrumento de liberdade civil e política. Tem por objetivo proteger direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de le- são, por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Pode-se definir direito líquido e certo como aquele capaz de ser comprovado de plano, ou seja, aquele direito que não precisa ser provado por meio de dilação probatória. O prazo para interposição dessa ação constitucional é de 120 (cento e vinte) dias, a contar da data que o interessado teve ciência do ato omissivo ou co- missivo de qualquer autoridade pública. O mandado de segurança pode ser repressivo, quando é impetrado poste- riormente ao ato de ilegalidade ou abuso de poder, ou ainda, preventivo, que compreende a comprovação do justo receio de sofrer uma violação de direito líquido e certo por parte da autoridade, sendo fundamental, a comprovação de um ato ou omissão concreta, sob pena de ser denegada a liminar. Essa ação mandamental é regulada pela Lei Ordinária nº 12.016/2009. Por fim, nos termos da Súmula 105 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) “na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios”. A palavra mandado tem significado diferente de mandato! Mandado = ordem ou determinação imperativa. Mandato = missão, procuração, delegação, período/tempo. Dilação Demora, delonga, espera, prorrogação e prazo. Probatório adj. Que serve de prova. e-Tec BrasilAula 10 – Mecanismos de Fiscalização, Controle e Participação II 71 10.1.3 Mandado de Segurança Coletivo Art. 5º (...) LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; O mandado de segurança pode ser coletivo quando impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona- mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. O mandado de segurança coletivo foi uma grande novidade da Constituição Federal de 1988 no âmbito de proteção dos direitos e garantias fundamen- tais. Tem por objetivo facilitar o acesso ao Poder Judiciário, permitindo que pessoas jurídicas (partidos políticos e sindicatos) defendam e preservem os interesses de seus membros ou associados. O objeto do mandado de segurança coletivo será a defesa dos mesmos di- reitos que podem ser objeto do mandado de segurança individual, porém relacionados à coletividade, como por exemplo, os interesses da profissão ou da categoria. É importante mencionar que existem divergências na doutrina e jurisprudên- cia acerca da pertinência temática do mandado de segurança coletivo, isto é, se o direito subjetivo que está sendo questionando deve ou não guardar consonância com as atividades e interesses perseguidos pelo sindicato e pelo partido político. Gestão Participativae-Tec Brasil 72 Resumo • Habeas Corpus: garantia constitucional outorgada em favor de quem sofreu ou está na iminência de sofrer coação, ameaça ou violência de constrangimento na sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abu- so de poder da autoridade legítima. • Mandado de Segurança: visa protegerdireito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. • Mandado de Segurança Coletivo: impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, en- tidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona- mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus mem- bros ou associados. Anotações e-Tec BrasilAula 10 – Mecanismos de Fiscalização, Controle e Participação II 73