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https://ilet.mx/que-es-y-para-que-sirve-la-farmacologia/ FarmacologiaFarmacologia Farmacologia — 2 — Copyright© Nepuga – 2022 - Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada, reproduzida ou armazenada em qualquer forma ou meio, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc, sem a permissão por escrito da Instituição. Sobre a Faculdade Propósito • Mudar a vida das pessoas para melhor. Missão • Educar profissionais da saúde e negócios para fazer diferença no mercado e na vida. Visão • Proporcionar educação de qualidade segmentos da Saúde, Estética, Bem-Estar e Negócios, tornando-se referência nos mercados regional, nacional e internacio- nal. Valores • Liderança: porque devemos liderar pessoas, atraindo seguidores e influenciando mentalidades e comportamentos de formas positiva e vencedora. • Inovação: porque devemos ter a capacidade de agregar valor aos produtos da empresa, diferenciando nossos beneficiários no mercado competitivo. • Ética: porque devemos tratar as coisas com seriedade e em acordo com as regu- lamentações e legislações vigentes. • Comprometimento: porque devemos construir e manter a confiança e os bons relacionamentos. • Transparência: porque devemos sempre ser verdadeiros, sinceros e capazes de justificar as nossas ações e decisões. Farmacologia — 3 — Prezado aluno (a), Seja bem-vindo (a) a disciplina de Farmacologia do Curso de Pós-Graduação em Harmonização Orofacial do NEPUGA/ FAPUGA. Neste componente curricular abordaremos conceitos relacionados aos funda- mentos da Farmacologia tais como a origem e classificação dos fármacos, formas farmacêuticas, vias de administração e mecanismo de ação, bem como as bases farmacológicas para a prática clínica do cirurgião dentista na Harmonização Orofa- cial. O objetivo desta disciplina é retomar e aprofundar conceitos importantes visando o desenvolvimento do raciocínio clínico da farmacoterapia aplicada a situações co- tidianas do consultório odontológico que vão desde a seleção da antibioticoterapia pré e pós procedimento, até os fármacos e ativos utilizados na HOF. O presente componente é composto por um e-book, por vídeo aulas, aulas pre- senciais síncronas e atividades no Moodle. Leiam o e-book, assistam as aulas gravadas, aprofundem seus conhecimentos nas atividades e leituras complementares e aproveitem ao máximo nossos encon- tros. Bons estudos!!! Profª. Thais Farmacologia — 4 — Su m ár io Introdução .............................................................................................................................................5Remédio x medicamento ......................................................................................................6 Vias de administração de medicamentos ...............................................................8 Farmacocinética ....................................................................................................................... 10 Farmacodinâmica .....................................................................................................................13 Referências bibliográficas ........................................................................................................ 14 Farmacologia — 5 — Introdução A palavra Farmacologia tem origem grega: Farmacon que significa droga e Lo- gos que significa estudo, ou seja, Farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda os medicamentos. Mas a Farmacologia não estuda somente o medicamento, mas a natureza dos fármacos sob todos os aspectos (origem, fonte, absorção, mecanismo de ação e efeitos) até as formas farmacêuticas, as vias de administração dos medicamentos e até mesmo o impacto socioeconômico das terapias disponíveis no mercado. Para os autores Goodman e Gilman, o objeto da farmacologia é amplo e com- preende o conhecimento de: origem, propriedades físicas e químicas, composição, ações fisiológicas, absorção, destino, excreção e usos terapêuticos dos fármacos (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Desde o início da história, a Humanidade procura entender e estudar substân- cias e ferramentas com o objetivo de mitigar suas dores e sofrimentos. Entretanto, somente com no século XVIII é que a Farmacologia se constituiu como uma área de conhecimento. Atualmente, a Farmacologia pode ser subdivida em Farmacognosia, Farmacotécnica, Farmacocinética, Farmacodinâmica, Farmacologia Clínica, Toxico- logia e Farmacogenômica (BITTENCOURT, 2013, KATZUNG; TREVOR, 2017). De acordo com Oliveira e colaboradores (2019), a Farmacognosia é a área mais antiga da Farmacologia e se dedica ao estudo dos princípios ativos naturais, sejam eles de origem animal ou vegetal. Abrange desde a identificação do uso popular das drogas de origem natural (Etnobotânica) passando pela origem, extração, conserva- ção até os efeitos das mesmas. A Farmacotécnica, por sua vez, é estudo da formulação, da produção, da estabi- lidade e, consequentemente, da efetividade do medicamento (LANG, 2019). Já a Farmacocinética é a área da Farmacologia que identifica e estuda os pro- cessos de absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e eliminação dos fármacos do organismo. E, a Farmacodinâmica é a área que tem como objetivo a compreensão dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanis- mos de ação (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). A Farmacologia Clínica busca caracterizar a eficácia e a segurança de fármacos, e não somente seus efeitos no homem. Para tanto, utiliza como principal método de pesquisa a realização de estudos comparativos (FUCHS; WANNMACHER, 2017) A Toxicologia é o ramo da Farmacologia que lida com os efeitos indesejáveis de produtos químicos sobre sistemas vivos, desde células individuais de seres humanos até ecossistemas complexos, e, por fim, a área mais nova que é a Farmacogenômica estuda a relação da composição genética do indivíduo com a resposta a fármacos específicos (KATZUNG; TREVOR, 2017). Farmacologia — 6 — REFLITA: Qual a importância do conhecimento sobre farmacologia na práti- ca clínica do cirurgião dentista? Leia o artigo “Prescrição medicamentosa sob a visão de estudantes de Odontologia”, de autoria de Lúcio e colaboradores, dis- ponível no link: http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1516-09392011000400002. Remédio x medicamento Para realizar os estudos em Farmacologia, é fundamental ter claro alguns con- ceitos fundamentais. O primeiro deles é a diferença entre Remédio e Medicamento. No senso comum, muitas vezes essas denominações são utilizadas como sinônimos, mas não são. Remédio é qualquer meio utilizado com a finalidade de prevenir ou curar doenças ou mesmo minimizar um sofrimento. Enquanto Medicamento é um produto, tecnicamente obtido ou elaborado em farmácias ou indústrias farmacêu- ticas a partir de especificações técnicas e legais com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Desta forma, pode-se perceber que todo medi- camento pode ser considerado um remédio, mas nem todo remédio pode ser consi- derado um medicamento (BRAGHIROLLI, 2018, LANG, 2018). O medicamento é um produto farmacêutico composto por diferentes substân- cias. A substância ativa é denominada de fármaco e um medicamento pode ter um ou mais fármacos. Fármaco é uma substância química ativa que tem propriedades farmacológicas empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou es- tados patológicos em benefício da pessoa na qual se administra. Também é deno- minado de princípio ativo ou insumo farmacêutico ativo (ANVISA, 2019). No Brasil, o fármaco é identificado pela Denominação Comum Brasileira (DCB) aprovada pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária, mas também há a Denominação Comum Internacional (DCI) que é a denominação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (ANVISA, 2019). Os medicamentos podem ser classificados como alopáticos, fitoterápicos ou ho- meopáticos. Os alopáticossão compostos por princípios ativos isolados, os fitote- rápicos são medicamentos elaborados à partir de drogas vegetais ou animais e os homeopáticos são obtidos à partir da dinamização de substâncias consideradas te- rapêuticas (LANG, 2018). Podem ser classificados também em medicamentos de referência ou inovado- res, medicamentos genéricos, medicamentos similares, medicamentos biológicos e medicamentos biossimilares (ANVISA, 2010). Os medicamentos são disponibilizados para uso em uma forma farmacêutica. Forma farmacêutica é o estado final de apresentação que os princípios ativos far- macêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com Farmacologia — 7 — ou sem a adição de excipientes apropriados com características apropriadas a uma determinada via de administração (BERMAR, 2014). As formas farmacêuticas faci- litam a administração dos fármacos, permitindo a administração de quantidades exatas, a adoção de medidas de proteção, a melhora da palatabilidade e o ajuste da posologia do fármaco. Permite também a produção em larga escala e a garantia de qualidade dos produtos farmacêuticos. Tradicionalmente, as formas farmacêuticas podem ser sólidas, semi-sólidas ou líquidas. As sólidas representam mais de dois terços dos medicamentos comercia- lizados. São os pós, granulados, comprimidos, drágeas, cápsulas, pílulas, gomas e supositórios (ANVISA, 2019, BERMAR, 2014, LANG, 2018). Fonte: https://farmaceuticodigital.com/2014/10/formas-farmaceuticas.html As formas farmacêuticas semi-sólidas são os cremes, emplastros, géis, pomadas e as pastas. As formas farmacêuticas líquidas são as soluções, suspensões, xaropes e as emulsões líquidas (BERMAR, 2014). Atualmente encontram-se também novas formas farmacêuticas: as especiais (colírios, bandagens e ampolas) e as gasosas (aerossóis e sprays). Além do princípio ativo, uma forma farmacêutica possui outros componentes de- nominados de adjuvantes farmacotécnicos. Quando há mais de uma substância ativa, aquela que for considerada de maior atividade farmacológica, quer pelo seu potencial de ação, quer pelo seu volume ou quantidade é denominada de base. As demais, que irão complementar ou reforçar a ação da base são denominadas de coadjuvantes terapêuticos. Os adjuvantes farmacotécnicos, também denominados de adjuvantes farma- cêuticos são substâncias que não possuem ação terapêutica e que tem diferentes finalidades, entre elas dar forma e volume ao medicamento. Quando os adjuvan- tes são utilizados em formas farmacêuticas sólidas com essa finalidade, recebem o nome de excipientes e quando são utilizados em formas farmacêuticas líquidas, recebem o nome de veículos. Farmacologia — 8 — Além de forma e volume os adjuvantes podem ser utilizados para contribuir na solubilização, estabilidade, suspensão, espessamento, diluição, emulsionamento, preservação, coloração e para adequar o sabor da mistura. Contribuem para que, além de eficaz, a forma farmacêutica seja agradável. São, por exemplo, os corretivos e os edulcorantes. A partir do exposto, percebe-se que um medicamento possui várias substâncias na sua composição. Essa composição recebe o nome de fórmula farmacêutica. ENTENDA NA PRÁTICA: Compare a composição de medicamentos contendo To- xina Botulínica disponíveis no mercado brasileiro. Verifique a presença de excipien- tes ou veículos, acidificantes, conservantes, estabilizantes e o tipo de Toxina Botulí- nica utilizada. Vias de administração de medicamentos Via de administração é o caminho pelo qual o fármaco entra em contato com o organismo humano. Como já abordado, o fármaco está contido em um medicamen- to e os medicamentos podem ser administrados através de diferentes vias (BRAGHI- ROLLI, 2018). Para a definição da via de administração correta, vários fatores são determinan- tes, entre eles: a natureza físico-química do medicamento, a forma farmacêutica dis- ponível, a natureza, a rapidez e o local da ação desejada e características do paciente. Fármacos que são mal absorvidos pelo Trato Gastrointestinal geralmente são aplicados através da via injetável, comprimidos revestidos não devem ser dissolvidos para serem administrados através de sonda gástrica, medicamentos na forma de solução têm ação mais rápida do que os que estão na forma de suspensão. Por sua vez, a via oral não é indicada para pacientes que estão inconscientes. Na escolha da via administração, o prescritor deve avaliar também se quer que o medicamento tenha uma ação local ou sistêmica. As vias de administração são classificas em enterais ou parenterais. As vias de administração enterais são aquelas que utilizam o Trato Gastrointestinal (TGI) para disponibilização do fármaco ao organismo. São elas: oral, bucal, sublingual e retal. Enteral é uma palavra que deriva do grego e quer dizer “intestino)”. As parenterais são aquelas que não utilizam o TGI e podem ser divididas em diretas ou indiretas. As diretas são: as injetáveis (intravenosa, intramuscular, subcutânea, intradérmica, peridural, entre outras) e a indiretas são aquelas que utilizam as mucosas ou a via cutânea (BRAGHIROLLI, 2018, BRUM, 2018). Dentre as enterais, está a via oral, via mais utilizada para administração de medi- camentos quando se deseja um efeito sistêmico. O fármaco pode ser absorvido por Farmacologia — 9 — praticamente todo o TGI dependendo de suas características, o paracetamol, por exemplo, é absorvido principalmente no intestino por ter um caráter alcalino. As formas utilizadas para administrar medicamentos via oral são: cápsulas, com- primidos, drágeas, pós, soluções orais, suspensão oral, pastilhas, emulsão oral, elixir e xaropes. A via oral apresenta inúmeras vantagens sobre as outras vias: é mais prática (permite a autoadministração), é indolor, econômica e mais confortável para o pa- ciente. Ela também é a mais segura pois proporciona um aumento gradual do fárma- co na corrente sanguínea e quando há necessidade, permite a remoção do fármaco através do vômito, lavagem gástrica ou adsorção por carvão ativado (BRUM, 2018). Por outro lado, as vias parenterais são consideradas muito eficazes no tratamen- to principalmente no ambiente hospitalar. Entre as vias parenterais diretas, as mais utilizadas são: a endovenosa, a intramuscular, a subcutânea e a intradérmica (SOUZA et al, 2008). As vias parenterais possuem características diferentes e requerem cuidados es- pecíficos. Quando um fármaco é administrado por via endovenosa, a biodisponibi- lidade é total e, por isso, ela é muito utilizada em emergências. Por outro lado, é de difícil reversão, aumenta o risco de efeitos adversos e deve ser realizada em uma velocidade controlada em função da natureza do fármaco. Na via intramuscular, os fármacos em soluções aquosas são absorvidos mais rapidamente e tem início de ação mais rápida. Entretanto, a técnica deve ser adequada para evitar lesões ou até necrose no local de aplicação e é contraindicada quando o paciente faz tratamento com medicamentos anticoagulantes. (BRAGHIROLLI, 2018, BRUM, 2018). A via endovenosa possibilita a administração de grandes volumes de medica- mentos. Já na via intramuscular, o volume máximo a ser administrado depende do músculo que será utilizado: deltoide de 2 a 3 ml, glúteos de 4 a 5 ml e músculo da coxa de 3 a 4 ml. Pela via subcutânea não se deve exceder 3 ml e na via intradérmica o volume máximo recomendado é de 0,5 ml (BRUM, 2018). Fonte: https://blog.maconequi.com.br/tipo-de-agulha/ Farmacologia — 10 — Farmacocinética Quando um medicamento é administrado, o fármaco é liberado para o orga- nismo e faz todo um trajeto até o seu respectivo local de ação. Resumidamente, a Farmacocinética estuda este caminho percorrido pelo fármaco no organismo, bem como os obstáculos que ele encontra nesse percurso. A fase na qual o fármaco é liberado do medicamento é denominada biofar- macêutica. Os fármacos precisam estar solubilizados em líquidos para que sejam absorvidos pelo organismo.Por isso que medicamentos em formas farmacêuticas líquidas ou aqueles administrados por via parenteral sofrem rápida absorção. Já medicamentos na forma de comprimido ou cápsula passam por essa fase no tubo gastrintestinal se desintegrando em pequenas partículas e se dissolvendo nos líqui- dos corporais (FORD, 2019). Após a disponibilização do fármaco, ele poderá ser absorvido e, nesse caso, será transformado pelo organismo. Essa transformação, ou essa ação que o organismo faz sobre o fármaco é o objeto de estudo da Farmacocinética. A Farmacocinética estuda os processos farmacocinéticos com o obje- tivo de ampliar a probabilidade de sucesso terapêutico e reduzir a ocorrência de efeitos adversos dos tratamentos medicamento- sos (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Os processos farmacocinéticos são: a absorção, a distribuição, o metabolismo e a excreção do fármaco pelo organismo (ADME). A Farmacocinética pode ser compreen- dida, portanto, como o estudo e a caracte- rização dos processos ADME e sua relação com os efeitos terapêuticos e tóxicos no or- ganismo (BRUM, 2018). A absorção consiste na passagem do fármaco do local de administração para o plasma. A distribuição é a passagem do fármaco do sangue para os demais teci- dos. A metabolização (também chamada de biotransformação) é entendida como Fármaco no local da administração Fármaco no plasma Fármaco nos tecidos Metabólico(s) nos tecidos Fármaco e metabólico(s) na urina, na bile ou nas fezes Absorção (entrada)1 Excreção (saída)4 Distribuição2 Biotransformação3 Fonte: http://www.iq.ufrgs.br/biolab/images/courses/ aula13-16.pdf Farmacologia — 11 — qualquer alteração química que a molécula do fármaco sofre no interior do orga- nismo. E, por fim, a excreção é a eliminação do fármaco ou de seus metabólitos pelo organismo. Os processos farmacocinéticos sofrem interferência e são determinados por di- ferentes fatores que vão desde a natureza físico-química dos fármacos até caracte- rísticas individuais do paciente, tais como: idade, comorbidades, massa muscular e até a constituição genética. Aos estudar esses processos, a farmacocinética define a relação entre a admi- nistração de um fármaco, a evolução temporal de sua distribuição e a magnitude da concentração obtida em diferentes regiões do corpo. Na prática, a farmacocinética é determinante para a definição da forma farma- cêutica que deverá ser utilizada, a dose indicada no caso em questão, o intervalo entre as doses e as vias de administração. Nesse contexto, alguns conceitos são importantes (TOZER; ROWLAND, 2009): a. Biodisponibilidade da forma farmacêutica: é a quantidade do fármaco disponí- vel no sangue depois de um dado período. b. Latência: tempo entre a administração do fármaco até o início do efeito tera- pêutico. c. Meia vida: tempo necessário para a concentração plasmática do fármaco cair 50%. A absorção deve ser considerada para todas as vias de administração, exceto a intravenosa (IV). Para alcançar o plasma, o fármaco deverá ultrapassar várias bar- reiras biológicas constituídas por membranas celulares. Os fármacos atravessam as membranas através de processos passivos ou ati- vos, envolvendo ou não permeases (proteínas carreadoras de membrana) e gasto energético (BRUM, 2018). Alguns fatores que podem interferir na absorção do fármaco são: a vasculariza- ção do local da administração, a presença ou não de alimentos no TGI, a forma far- macêutica utilizada, o pH do meio e o pKa do fármaco e até mesmo a presença de outros fármacos. Após a absorção, o fármaco é distribuído para o organismo pela corrente san- guínea. Ao chegar ao sangue, alguns fármacos se ligam em maior ou menor grau às proteínas plasmáticas. Isso é importante, porque somente a parte livre (não ligada) do fármaco é que conseguirá ultrapassar o líquido intersticial e chegar ao sítio de ação desejado. (BRAGHIROLLI, 2018). Os órgãos com maior irrigação sanguínea (rins, fígado e pulmões) são os primei- ros que recebem os fármacos. Posteriormente, os fármacos atingem os músculos esqueléticos, o tecido adiposo e a pele. É importante ressaltar que alguns fármacos Farmacologia — 12 — podem ficar armazenados nos músculos esqueléticos, no tecido adiposo e no tecido ósseo que funcionam como compartimentos e agem como reservatório dos fárma- cos (TOZER; ROWLAND, 2009). O metabolismo ou a biotransformação é um conjunto de reações, em geral, en- zimáticas, que ocorrem com os fármacos no organismo. Essas reações acontecem principalmente no fígado, mas também podem acontecer nos rins, no TGI, na pele e nos pulmões. O objetivo da biotransformação é a formação de metabólitos inativos ou menos ativos, com maior polaridade, facilitando a eliminação dos fármacos. Apesar de didaticamente os livros de farmacologia apresentarem o metabolis- mo como uma terceira etapa da farmacocinética, o fato é que assim que o fármaco entra no organismo já tem início a sua respectiva degradação e o consequente pro- cesso de eliminação. Os fármacos são metabolizados em várias partes do corpo, como pulmões, plas- ma e intestino, porém é no fígado onde encontram-se o grupo de isoenzimas respon- sáveis por boa parte do metabolismo farmacológico: o Sistema Citocromal (Mono- -Oxigenase) P450. No fígado a biotransformação ocorre em duas fases. Na fase I ocorrem as re- ações catabólicas (oxidação, redução e hidrólise), enquanto na fase II ocorrem as reações anabólicas (de conjugação) (WHALEN, 2016). Em relação aos fatores que podem interferir no metabolismo de fármacos, po- dem ser citados: a idade do paciente, fatores genéticos e a interação com outros fármacos. A excreção do fármaco pelo organismo ocorre por numerosas vias, sendo a eli- minação na urina a mais importante. A excreção pelo sistema renal envolve os pro- cessos de filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção. Por isso é muito im- portante ter cuidado com pacientes com problemas renais. Além da via renal, os fármacos podem ser eliminados pelas vias pulmonar, biliar- -fecal, pelo leite materno, pelo suor, pelas lágrimas, pela saliva e por meio de secre- ções nasais. Vale ressaltar que alguns fármacos são eliminados de forma inalterada, ou seja, não são metabolizados pelo organismo. São os fármacos hidrossolúveis, como por exemplo, a Vitamina C. APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS! Leia o artigo “Farmacocinética: mode- los e conceitos – uma revisão de literatura” de autoria de Cavalheiro e Coma- rella disponível em: file:///C:/Users/55199/Downloads/571-Texto%20do%20arti- go-2230-1-10-20161221.pdf Farmacologia — 13 — Farmacodinâmica A farmacodinâmica é a área da farmacologia que avalia e estuda os efeitos da ação dos fármacos sobre o organismo humano, ou seja, estuda o que o fármaco faz com o organismo. O efeito da maior parte dos fármacos acontece a partir de uma interação entre o fármaco e macromoléculas endógenas, denominadas de receptores farmacoló- gicos. Tal interação promove alterações moleculares que dão origem a alterações bioquímicas ou fisiológicas que modificam funções celulares (BRAGHIROLLI, 2018). Receptores são proteínas possuidoras de um ou mais sítios que, quando ativados por substâncias endógenas, são capazes de desencadear uma resposta fisiológica. Além dos receptores, os fármacos podem provocar um efeito terapêutico intera- gindo com enzimas, com proteínas carreadoras ou com canais iônicos. A ação dos fármacos pode ser específica, como por exemplo a ação dos antibi- óticos, ou inespecífica, como a ação dos antiácidos. Fármacos que atuam de forma específica interagem com sítios bem definidos, apresentando um alto grau de se- letividade e, geralmente, apresentam uma relação definida entre sua estrutura e a atividade exercida. Já os fármacos que atuam de forma inespecífica, interagem com pequenas moléculas ou íons encontrados no organismo e a ação decorre das suas propriedades físico-químicas (solubilidade, o pKa, o poder oxirredutor e a capacida- de de adsorção do fármaco) (TOZER; ROWLAND,2009). Em relação aos receptores, os fármacos podem agir como agonistas ou anta- gonistas. Os agonistas se ligam aos receptores fisiológicos e simulam os efeitos dos compostos endógenos, enquanto os antagonistas se ligam aos receptores bloque- ando o sítio de ligação do agonista, devido a competição entre o agonista e o anta- gonista pelo receptor. Fonte: http://www.iq.ufrgs.br/biolab/images/courses/aula11-12.pdf Farmacologia — 14 — Referências bibliográficas ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Farmacopeia Brasileira. Vol. 1, 6ª ed., Brasília, 2019. Disponível em: file:///C:/Users/55199/Downloads/VOLUME%20 1%20-%20FB6.pdf . Acesso em 28 set. 2022. ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 55, de 16 de dezem- bro de 2010. Dispõe sobre o registro de produtos biológicos novos e produtos biológi- cos e dá outras providências. Brasília, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/anexo/anexo_res0055_16_12_2010.pdf. Acesso em 29 set. 2022. BERMAR, KCO. Farmacotécnica - Técnicas de Manipulação de Medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com. br/#/books/9788536520902/. Acesso em: 29 set. 2022. BITTENCOURT, SC et al. Farmacologia no século XX: a ciência dos medicamentos a partir da análise do livro de Goodman e Gilman. História, Ciências, Saúde-Mangui- nhos [online]. 2013, v. 20, n. 2: p 499 – 519. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104- 59702013005000007. Acesso em 26 set. 2022. BRAGHIROLLI, ID. et al. Farmacologia Aplicada. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595023116/. Acesso em: 03 out. 2022. BRUM, LFS. et al. Farmacologia básica. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. Disponí- vel em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025271/. Acesso em: 03 out. 2022. FORD, SM. Farmacologia Clínica. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. E-book. Disponí- vel em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527735681/. Acesso em: 06 out. 2022. FUCHS, FD.; WANNMACHER, L. Farmacologia Clínica e Terapêutica, 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabi- blioteca.com.br/#/books/9788527731324/. Acesso em: 28 set. 2022. HILAL-DANDAN, R; BRUNTON, L. Manual de Farmacologia e Terapêutica de Good- man & Gilman. Porto Alegre: Grupo A, 2015. E-book. Disponível em: https://integrada. minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555066/. Acesso em: 26 set. 2022. KATZUNG, BG.; TREVOR, AJ. Farmacologia básica e clínica. Porto Alegre: AMGH, 2017. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788580555974/. 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