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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

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RESUMO DE ARTIGO: Da crise regional às novas dinâmicas de especialização da produção de cacau no sul da Bahia
Com um contexto internacional favorável e consumo crescente do cacau e seus derivados, em meados do século XX, a região sul da Bahia (especialmente nas áreas compreendidas por Ilhéus e Itabuna), ganhou destaque na produção e exportação mundial de amêndoas. Em 1957 criou-se a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), com o intuito de apoiar a elite cacaueira com créditos agrícolas e facilitar o comércio da produção brasileira. O sistema utilizado nessas produções era conhecido como cabruca – em consorciação com a mata nativa. Grandes empresas começaram a se instalar na região: a Cargill S/A (Cargill Cacau – Ilhéus), Nestlé (Itabuna), entre outras. Porém, entre as décadas de 1980/90 transformações de ordem técnica, política e econômica foram responsáveis pela estagnação da produção e exportação regional do cacau. Com a redução dos financiamentos agrícolas pelo Estado, diminuição dos investimentos no melhoramento das lavouras, crescimento de novos centros produtores de cacau no mercado mundial, rebaixamento dos preços da commodity no mercado internacional (chegando a uma redução de praticamente 3.000 dólares, nos anos 90) e a disseminação da “vassoura de bruxa”, acabou por dizimar muitas plantações devido a falta de meios eficazes para o seu controle. A produção brasileira de cacau foi reduzida quase que pela metade, saindo de 428.517 para 242.104 toneladas. Segundo Rocha (2008), o Brasil perdeu seu posto para outros países, passando de segundo lugar para sexto lugar em produção. O Sul Baiano passou então a importar cacau para suprir as demandas por matéria-prima das grandes empresas moageiras. Como forma de tentar superar essa crise instalada foram criadas novas estratégias para promover modelos de produção e comercialização do fruto e seus derivados. O intuito final de todo o processo era tornar o produto certificado, garantindo a qualidade única dos produtos aderindo mais valor ao mesmo, além de tornar as regiões agrícolas produtoras menos vulneráveis e instáveis frente ao mercado mundial de commodities. Esse esforço de diferenciação esteve alinhado ao “descommoditização” da produção agrícola. 
O Estado brasileiro criou um mecanismo chamado de Drawback – permitia importar, livre de pagamentos de tributos e taxas, itens destinados a integrar um produto final, com a condição básica desse ser exportado e, durante a safra 1992/93 o Sul Baiano, fazendo uso desse mecanismo, passou a importar cacau (Gana, Costa do Marfim e Indonésia) para suprir as demandas por matéria-prima das grandes empresas moageiras.
A PRODUÇÃO DE CACAU ORGÂNICO CERTIFICADO NO SUL DA BAHIA: INICIATIVAS DE IMPLANTAÇÃO E A FORMAÇÃO DE CIRCUITOS ESPACIAIS DE PRODUÇÃO

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