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Poesia e Filosofia na Cultura

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C’ os prazeres sonhei, que lá distantes
Debuxava a estragada fantasia.
Saturno vagoroso me trazia
Um diadema de lúcidos diamantes,
Entramado de mirtos odorantes,
O qual Cípria na fronte me cingia.
A Fortuna risonha se mostrava,
Mas no disco da roda vacilando,
Voltando-a, me levou quando eu sonhava.
Já Délio para os mares ia olhando,
E Boreas, que raivoso murmurava,
M’ acordou, como dantes, suspirando.
Os ideais iluministas, assim como as ciências, são também elogiados em consonância 
com o racionalismo da cultura greco-latina, segundo revela o soneto a seguir:
A Robertson, subindo em um balão, e descendo no pára-quedas
Deu nome às águas Ícaro, morrendo.
Ícaro novo, os ares invadindo,
Placidamente aos astros vai subindo,
E de lá sem soçobro vem descendo.
Tanto excede na glória este vencendo,
E obstáculos sem conto desmentindo,
Esse, que a presunção pagou caindo,
E no fatal despenho perecendo!
Mancebos presumidos destas eras,
Não fique para vós o exemplo mudo!
Despejai a cabeça de quimeras!
Ciência, aplicação, método, estudo
Põem os homens acima das esferas:
Pouco importa empr’ender, saber é tudo!
Por sua vez, na face pré-romântica da Marquesa pode-se perceber a influência de 
Rousseau relacionado ao modo como a interioridade e o estado de espírito alteram olhar 
sobre a natureza, o que pode ser visto no próximo poema:
Bem pode sobre o cândido Oriente
Soltar Febo os cabelos douradores,
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