Poesia e Filosofia de Antero

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a social na qual examina a sociedade e busca as causas de decadência, 
apresentando soluções fundamentadas no socialismo utópico de Proudhon;
a face filosófica tem influência de Platão e, especialmente, de Hegel, segundo o 
qual a ideia é o objetivo, o ideal a ser alcançado;
a poética que reflete sobre o Amor e a Razão, fontes de harmonia no sujeito e na 
sociedade, além de temas como sonho, desejo, noite, morte, melancolia, pessimismo do 
regresso ao nada. Em suma, os temas constantes de sua poética são Deus, a Fé, o 
Amor, a Fraternidade, a Justiça, a Liberdade, a Ideia, a Morte, a Solidão e o Nada.
Dessa forma, apesar de ser um dos primeiros poetas ligados ao estilo realista, a poesia 
de Antero reflete a presença marcante das ideias filosóficas do seu tempo em 
contraposição às ciências sociológicas ou cientificistas, tais como o Positivismo e o 
Determinismo. As reflexões sobre o homem estão mais voltadas para o sentido filosófico de 
compreensão da condição humana no novo contexto de luta social. Por isso a presença da 
interrogação sobre a relação opositiva entre o sujeito (EU) e o mundo (OUTRO), aquela que 
pode ser vista no eixo horizontal de existência, e a presença de outra  interrogação sobre o 
mistério da existência em geral, isto é,  a do eixo vertical entrevista na relação EU versus
DEUS (ou o DIVINO).
Na relação EU versus OUTRO o poeta questiona o mundo, a partir 
de filósofos do seu tempo. Há um sentido de luta por um mundo 
novo que Antero quer ver surgir, no qual a “Poesia é a voz da 
Revolução". Apresenta-se o ideal de fraternidade, de amor, de justiça 
que divulga sem cessar. Por outro lado, na relação EU X DEUS o 
poeta busca interpretar Deus de modo racionalista, atentando para a 
superioridade da razão humana.
Boa parte da crítica considera a produção poética anteriana como uma síntese de sua 
trajetória biográfica e literária. Segundo essa perspectiva, Primaveras românticas assinalam 
a fase na qual estão presentes o lirismo amoroso, o erotismo e a religiosidade. Por sua vez, 
Odes modernas, obra fundamental de sua atuação revolucionária, assinalada a fase de ação 
social e de irreverência, sendo também a mais expressiva e conhecida de suas faces. A 
última fase é marcada pela reflexão metafísica e pelo pessimismo e está refletida em 
Sonetos completos. 
Antero, ao lado de Camões e Bocage, é considerado um dos grandes sonetistas da 
literatura portuguesa.
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