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Um grande número de metodologias foi proposto para avaliar a densidade de uma po- pulação. Levou-se em consideração, por exem- plo, se os organismos são grandes ou peque- nos, se são organismos sésseis ou móveis. Outro aspecto relevante refere-se ao fato de que, algumas vezes, é necessário inventariar toda a população, como no caso de grandes vertebrados em perigo de extinção. Na maio- ria dos casos, entretanto, apenas uma parte dela deve ser inventariada. Nesse caso, técnicas de amostragem com base estatística são empre- gadas para garantir uma representatividade adequada das amostras. Em alguns casos, não é possível determi- nar a densidade absoluta de uma população, como é o caso de contar-se somente amostras não-quantitativas (por exemplo, plâncton co- DEFINIÇÕES BÁSICAS População É qualquer grupo de organismos da mes- ma espécie ocupando um espaço particular em um tempo determinado. A população possui certo grupo de parâmetros que pode ser quanti- tativamente definido em condições experimen- tais ou de campo. Densidade Refere-se ao número de indivíduos por uni- dade de área ou volume. Existem várias ma- neiras de se expressar a densidade de uma dada população (Tabela 1.1). Ecologia das Populações Parte 1 TABELA 1.1 Densidades e locais de ocorrência de algumas populações Espécie Organismo Densidade Hábitat Cylindrospermopsis raciborskii Alga cianobactéria 30.000 indivíduos/ml Lago Paranoá, Brasília, DF Platypodium elegans Árvore latifoliada 500 indivíduos/hectare Campus da UFMG Homo sapiens sapiens Mamífero primata 375 indivíduos/km2 Holanda (1970) 2 indivíduos/km2 Canadá (1970) c a p í t u l o 1 22 Ricardo Motta Pinto-Coelho letado por uma rede, na qual não foi possível a correta determinação do volume filtrado). Ainda assim, é possível a determinação da den- sidade relativa da população. Conta-se um nú- mero arbitrário de indivíduos e determina-se o percentual de cada espécie em relação ao total. MEDIDAS DE DENSIDADE ABSOLUTA Contagem total Utilizada em censos de população humana e de vertebrados e invertebrados, tais como os- tras ou mexilhões, ou, ainda, em estudos fitos- sociológicos de plantas de porte arbóreo. Métodos de amostragem Método dos quadrados Este método é usado com grande freqüên- cia em estudos sobre ecologia vegetal. Conta- se o número de indivíduos em quadrados (ou qualquer outra figura geométrica) com área conhecida. A seguir, extrapolam-se os dados para a área total a ser considerada. A confiabi- lidade desse método baseia-se nos fatores listados na Tabela 1.2. Coleta e recaptura Este método é muito usado em estudos de ecologia animal. Também permite estimar as taxas de nascimentos e de mortes, além da den- sidade de uma população, podendo ser esti- mado da seguinte maneira: N a . Nm t T = ————— Nm a onde: T = tamanho da população; N a = tamanho da amostra; Nm t = total de indivíduos marcados; Nm a = total de indivíduos marcados na amostra. Tem sido usado com muito sucesso em bor- boletas, cobras, besouros, peixes e vários ver- tebrados. No entanto, apresenta algumas limi- tações: a) os animais marcados devem ter a mes- ma taxa de mortalidade que os não- marcados, ou seja, a técnica de marca- ção não deve expor os animais a uma maior taxa de predação; b) as marcas não devem desaparecer ou causar equívocos para serem reconhe- cidas. Densidade relativa Baseia-se na coleta de amostras que repre- sentam uma relação constante, embora desco- nhecida, com a população total. Não é feita estimativa de densidade, mas, sim, de um ín- dice de abundância. A seguir é apresentada uma lista de variá- veis que podem ser usadas para a estimativa da densidade relativa de uma dada população: a) armadilhas de captura de roedores; b) contagem de bolas fecais; c) freqüência de vocalização de pássaros; d) registros de atividades de pescadores ou caçadores; e) número de evidências ou pistas da pre- sença de um organismo; f) índices de cobertura vegetal; g) questionários em censos sobre popula- ção de vertebrados, aplicados aos ha- bitantes de certa região; h) percentual de iscas consumidas (em ra- tos, por exemplo). TABELA 1.2 Critérios para o uso do método dos quadrados Critérios 1. A população dentro da unidade de amostragem tem que ser estimada exatamente. 2. A área de cada unidade deve ser estimada com grande precisão e não deve variar. 3. Os quadrados devem ser plotados aleatoriamen- te. Fundamentos em Ecologia 23 ATRIBUTOS DEMOGRÁFICOS DE UMA POPULAÇÃO Natalidade É um termo que descreve a produção de novos indivíduos por unidade de tempo. Esta produção pode ser quantificada por nascimen- tos, postura de ovos, germinação ou fissão celular (índices mitóticos). Dois aspectos de- vem ser diferenciados em relação à produção: a fertilidade e a fecundidade. Fertilidade e fecundidade Referem-se à performance real de uma po- pulação e estão baseadas no número de nasci- mentos bem-sucedidos. A fecundidade refe- re-se ao potencial fisiológico de reprodução atribuído a uma dada população. A população humana apresenta uma fecundidade igual a um nascimento/11 meses.fêmea em idade repro- dutiva e uma fertilidade média de um nasci- mento/oito anos.fêmea em idade reprodutiva. Naturalmente essas estimativas irão depender do organismo a ser considerado. Uma ostra pode produzir de 55 a 114 milhões de ovos, os peixes irão produzir milhares deles, os anfíbios centenas e os pássaros de um a 20 ovos. Já os mamíferos poderão produzir de um a 10 indi- víduos/ciclo reprodutivo. Mortalidade Inicialmente, deve ser distinguida a longe- vidade fisiológica da ecológica. Para isso, deve-se levar em conta o fato de que em eco- logia é muito raro encontrar uma população na qual a maioria dos indivíduos esteja mor- rendo por senescência. Grande parte dos indi- víduos é predada, sofre doenças ou não escapa de catástrofes naturais. Uma pequena enchen- te em um córrego, por exemplo, pode ser o fim para milhares de pequenos insetos habi- tantes da várzea. A longevidade da população humana sofreu grandes variações ao longo do último milênio: na Roma antiga, as mulheres viviam em média 21 anos; na Inglaterra do fi- nal do século XVIII, elas viviam cerca de 39 anos, e nos Estados Unidos ao início dos anos 60, viviam em média 73 anos (Rabinovich, 1978). A taxa de mortalidade pode ser esti- mada diretamente no campo, pela técnica de marcação e recaptura ou por tabelas de vida do tipo horizontal, e no laboratório, pelas ta- belas de vida do tipo vertical (vide adiante). Imigração e emigração A dispersão (emi e imigração) muitas vezes não tem sido levada em conta em censos popu- lacionais. Em estudos de marcação e recaptura é comum trabalhar-se com a taxa de diminuição, que é resultante de mortalidade e emigração, e a taxa de incremento, que é resultante da adi- ção entre as taxas de nascimento e de imigração. A taxa de emigração pode ser distinguida da taxa de morte ao estimar a taxa de diminui- ção. Sejam A e B dois quadrados de lados la = 1 e lb = 2, respectivamente (Tabela 1.3). A taxa de mortalidade dos indivíduos em A e B é igual. Se os indivíduos estão se movendo ao acaso, a taxa de emigração em B é duas vezes maior que em A, já que a relação perímetro sobre a área é 4:2 (A:B). A probabilidade de um orga- nismo cruzar os limites de A é duas vezes maior do que a de cruzar os limites de B. Imaginemos que as taxas de diminuição tenham sido 0,20 e 0,15, respectivamente, em A e B. Se quisermos determinar a taxa de mortalidade m e a taxa de emigração e da taxa de diminuição observada nos dois quadrados, podemos supor: 0,15 = m + e 0,20 = m + 2e TABELA 1.3 Relação perímetro/área em retângulos de diferentes tamanhos Retângulo Lado (1) Perímetro (p) Área (a) p/a A 1 4 1 4B 2 8 4 2 24 Ricardo Motta Pinto-Coelho Aplicando o multiplicador (-1) aos mem- bros da primeira equação e somando-os com a segunda equação, temos: 0,05 = 0 + e logo: e = 0,05 (5%) e m = 0,10 (10%). Utilizando o mesmo processo, pode-se se- parar a taxa de nascimento da taxa de imigra- ção, usando o número de indivíduos não-mar- cados na amostra. A relação entre os atributos acima descri- tos pode ser sumarizada na Figura 1.1. CRESCIMENTO DE POPULAÇÃO Modelo exponencial de crescimento populacional Lotka (1922) demonstrou que uma popu- lação cuja distribuição em classes etárias não se altere deverá crescer segundo a relação: dN ——— = rm . N dt onde: dN/dt = taxa real de crescimento populacional a qualquer instante; r m = taxa instantânea (intrín- seca) de crescimento; N = tamanho (número de indivíduos) na população. O modelo de crescimento exponencial é ca- racterizado por uma curva típica que é ilustra- da pela Figura 1.2. r = μ* - k r e μ são usados muitas vezes na literatura como abreviaturas da taxa instantânea (intrín- seca) de crescimento populacional. A rigor, μ refere-se à taxa máxima de crescimento popu- lacional, ou potencial biótico, obtido em con- dições de crescimento ideal sem qualquer tipo de perdas (também representada por rm, ou μ*). Já r, em muitos casos, refere-se à taxa real (ou observada no campo). A relação entre as duas seria, portanto: r = μ - k onde k são as perdas (predação, parasitismo, emi- gração, etc.). O modelo de crescimento exponencial pode ser finalmente definido pelas fórmulas se- guintes: dN ——— = μ . N dt Nt = No . e μt FIGURA 1.1 Relações entre a densidade de indivíduos em uma população com os principais atributos demo- gráficos. onde: N = tamanho (número de indivíduos) da popu- lação; N o = tamanho inicial da população (tempo t o ); N t = tamanho da população no tempo t; eμt = função exponencial, onde μ é a taxa instantânea de cresci- mento, t é o tempo e e = 2,71828. 1 Nt μ = —— . ln (——) t N0 ln2 0.693 Td = —— = ———— μ μ onde: μ = taxa de crescimento instantâneo da po- pulação; μ* = taxa de crescimento máximo (poten- cial); N o = tamanho inicial da população (em indiví- duos ou biomassa); T d = tempo de duplicação da população. Na literatura especializada freqüentemente a taxa de crescimento instantâneo de uma popula- ção pode ser representada pela notação r ou μ. Se temos a taxa líquida de crescimento (R o ), podemos facilmente calcular a taxa instantânea de crescimento (r m ), observando a fórmula: R o r m = ln —— T onde: R o = taxa finita ou líquida de crescimento ou número de fêmeas por fêmea.geração; T = tempo de geração. Fundamentos em Ecologia 25 Qual é a diferença entre essas duas taxas? A taxa finita R o tem uma lógica fácil de ser compreendida em termos demográficos, ao passo que a taxa instantânea de crescimento é mais fácil de se trabalhar matematicamente. R o pode ser estimada a partir de tabelas de vida (como a seguir) e pode ser definida como sen- do o somatório do produto entre o número de sobreviventes e de nascimentos em cada clas- se etária dentro de uma população: Ro = ∑ ∞ o lx . mx ou Ro = ∫ ∞ o lx . mx . dx A taxa de crescimento R o é calculada so- mando o produto: Ro = Σ lx . mx = 3,0 Dados experimentais mostram que o besou- ro Tribolium castaneum possui um valor de T próximo a 55,6 dias e o valor de R o foi estima- do em 275,0. Sendo assim, teremos para este organismo: 275 rTribolium = ln ——— = 0,101 55,6 Raramente, na natureza, as populações obe- decem ao modelo exponencial de crescimen- to por longos períodos. Normalmente têm uma FIGURA 1.2 O modelo de crescimento exponencial hipotético aplicável à população humana. N = tamanho (número de indivíduos) da população; N o = tamanho inicial da população; r = taxa instantânea (intrínseca) de crescimento; T = tempo (em anos). Observar que os valores finais da população (N t ) bem diferentes podem ser obtidos a partir de um mesmo número inicial (N o ), dependendo da taxa de crescimento (r). TABELA 1.4 Tabela de vida x l x m x l x m x 0 1 0 0 1 1 2 2 2 1 1 1 3 1 0 0 4 0 0 0 onde: l x = número de sobreviventes no intervalo de tempo x; m x = número de nascimentos no intervalo de tempo x. Se R o > 1, a população está crescendo; se R o = 1, está estável; se R o < 1, ela está diminuindo. O uso dessa equação pode ser ilustrado da seguinte maneira: considere-se um animal hi- potético que viva três anos, que produza dois jovens no ano um e um jovem no ano dois e nenhum indivíduo no ano três. Teríamos, então, a tabela de vida representada na Tabela 1.4. 26 Ricardo Motta Pinto-Coelho taxa de crescimento menor do que μ max (μ*), uma vez que várias perdas podem ocorrer. A taxa de crescimento real de uma população, que pode, em alguns casos, ser até negativa, é chamada de lambda (λ). A equação abaixo ilustra a relação entre a taxa de crescimento real (λ) e o potencial biótico (μ max ) para o fitoplâncton de lagos e oceanos. λ = μ* - k k = s + d + g onde: λ = taxa real de crescimento observada sob condições naturais; μ* = potencial biótico ou taxa máxima de crescimento; k = taxa somatória das perdas populacionais; s = taxa de sedimentação; d = taxa de diluição; g = herbivoria (grazing). No entanto, há situações genéricas nas quais se pode esperar crescimento exponencial de algumas espécies: a) quando há introdução de uma nova es- pécie no ecossistema; b) novos hábitats foram criados (fechamen- to de um reservatório, por exemplo). Há casos na literatura em que um genuíno crescimento exponencial pôde ser observado em circunstâncias naturais: a) a alga diatomácea Asterionella formo- sa pode crescer exponencialmente du- rante o spring bloom (florescimento pri- maveril, um período restrito a algumas semanas) em muitos lagos temperados; b) áreas de ressurgência marinha; c) roedores em climas temperados e árti- cos durante sua estação de crescimento. Na população humana tem havido um cres- cimento que pode ser descrito pelo modelo exponencial. Observe-se, no entanto, que a taxa r vem crescendo também ao longo do tem- po (crescimento superexponencial). A Tabela 1.5 resume os dados sobre o cres- cimento populacional nos últimos 500 anos. Se uma população segue o modelo geomé- trico, é possível estimar o seu tempo de dupli- cação (t) apenas conhecendo-se sua taxa de crescimento populacional (r). Imaginemos que no instante t a população deverá ter o dobro do seu tamanho inicial que seria N o . Assim, no instante t, vamos ter Nt = 2.No Aplicando o modelo geométrico, temos: Nt = No . e r.t Nt —— = er.t No 2 = er.t ln2 = r.t 0,693 = r.t onde: r = taxa intrínseca de crescimento; t = tempo. Se r é conhecido, podemos calcular o tem- po de duplicação da seguinte forma: 0,693 t = ———— r A população humana, em vários países do Terceiro Mundo, possui um r ao redor de 0,033. Qual seria o tempo de duplicação (t) dessa po- pulação se ela seguisse o modelo exponencial? 0,693 t = ———— = 21 anos 0,033 Modelo de crescimento logístico (Verhulst, 1838) Este modelo caracteriza-se por uma associa- ção entre a densidade de uma população e sua taxa de crescimento. Por esta razão, é também chamado de modelo densidade-dependente. A TABELA 1.5 Crescimento da população humana entre os séculos XVIII e XX Ano Tamanho (bilhões) 1650 0,50 1750 0,75 1830 1,00 1900 1,60 1950 2,50 1960 2,80 1970 3,60 Fundamentos em Ecologia 27 população pára de crescer ao atingir uma densi- dade máxima (K), definida como a capacidade de suporte do meio. Em baixas densidades(K tende a 0), o crescimento é aproximadamente exponencial, e em altas densidades (N tende a 0), o crescimento tende a ser zero. O modelo logístico pode ser definido pelas seguintes fór- mulas: dN K-N —— = r* . N . ——— dt K K-N lim N→K (———) = 0 K K Nt = —–————— a - r* . t 1 + e onde: N t = tamanho da população no tempo t; K = capacidade de suporte (densidade máxima prevista pelo modelo); r* = taxa de crescimento (potencial biótico); e = base de números naturais (e = 2,71827); a = constante de integração. A forma integrada da curva logística pode ser observada na equação anterior. Observar que “a” é uma constante de integração e o ter- mo “e” é número natural (e = 2,71828). Essa curva pode ser facilmente ajustada a partir de dados de laboratório (N, K e t). Para o cálculo da curva logística, utiliza-se uma análi- se de regressão linear dada pela equação adian- te. A inclinação da reta é a taxa de crescimento per capita (r) e a interseção em y é a constante de integração. K-N ln ——— = a - r . t N A Figura 1.3 ilustra o modelo de cresci- mento logístico, que é do tipo densidade-de- pendente, ou seja, a taxa de crescimento de- pende do tamanho populacional. A diferença entre o crescimento exponencial e o logístico, em termos de área de curva, é chamada de re- sistência ambiental (Ω, ômega). Há várias evidências experimentais dando suporte a esse modelo. A mais famosa foi publi- cada por Gauss (1934), na qual é feito um estudo sobre a dinâmica populacional de dois Parame- cium: P. aurelia e P. caudatum. Pearl (1927) observou que leveduras (Saccharomices) podem crescer segundo um modelo logístico. Jacobs (1947) cultivou Escherichia coli em meio aeróbico sob temperatura (35ºC) e pH constan- tes e contínuo aporte de alimento e obteve como resposta o crescimento logístico. Chapman (1928) observou que colônias do coleóptero Tribolium crescem segundo um modelo logístico. Park (1964) observou, entretanto, que culturas FIGURA 1.3 Duas curvas de crescimento populacional segundo o modelo logístico. 28 Ricardo Motta Pinto-Coelho de Tribolium, embora cresçam segundo uma cur- va logística, não se estabilizam em torno de K. Há um lento e contínuo decréscimo (800 dias). Birch (1953) observou a ausência de estabiliza- ção em K para o coleóptero Calandra. A falta de estabilidade em torno de K apre- sentada por várias populações sob suposto crescimento logístico levou à proposição de modelos alternativos: a) modelo do “time-lag”, onde a taxa de crescimento (μ ou r) é dependente do tamanho da população de uma maneira uniforme; b) modelos estocásticos ou probabilísticos, onde é introduzida uma ponderação ale- atória na taxa de crescimento (r) ou mes- mo no número de indivíduos (N). Essas variáveis randômicas procuram refletir variações climáticas ou de outros fatores abióticos (mosaico de solos) que afetam o crescimento das populações no ambien- te natural. Uma população que obedeça ao modelo logístico deve também obedecer aos seguin- tes critérios (Rabinovich, 1978): 1. Qualquer que seja a natureza do novo in- divíduo, o efeito em r é o mesmo. Todos os indivíduos são idênticos, ou seja, não há efeito da idade ou sexo sobre a taxa de crescimento. 2. O efeito depressivo da densidade sobre a taxa de crescimento é sentido instan- taneamente, ou seja, não há time-lag (ou tempo requerido para se observar uma dada resposta). 3. A população apresenta uma distribui- ção de idades estável. 4. O efeito depressivo da densidade so- bre a taxa de crescimento é linear. 5. As taxas instantâneas de natalidade e mortalidade (b e m) são as determinantes da taxa instantânea de crescimento (μ) e não mudam ao longo do tempo. Isso sig- nifica que tanto as condições ambientais como o genótipo dos indivíduos são cons- tantes ao longo de gerações sucessivas. É possível expressar r em função da capa- cidade de suporte do meio (K) e da densidade da população (N). O crescimento populacional pode ser expresso da seguinte maneira: dN ——— = N . (rm - C.N) dt se dN/dt = 0, então rm - C.N = 0 Se, N = K Então, rm - C.K = 0 Logo: rm C = ——— K onde: r m = taxa máxima de crescimento; K = capa- cidade de suporte do meio; N = número de indivíduos e C = constante que mede o efeito da densidade na equação logística. Multiplicando ambos os membros dessa equação por N teremos rm . N C.N = ———— K se dN/dt < > 0 → dN/dt = r, logo, tem-se r = rm - C.N mas rm . N C.N = ––––––– K Logo: rm . N r = ———— K N r = rm . (1 - ——) K K-N r = rm . (———) K onde: r m , N,K e C, como supracitado. Fundamentos em Ecologia 29 A última expressão estima o valor de r em função da densidade N da população. Obser- ve-se que r tende para r m quando as densida- des N são próximas de zero (N = 0). A taxa r tende a ser nula quando a densidade aproxima- se da capacidade de suporte do meio (N = K). A taxa de crescimento r m pode ser inter- pretada como a capacidade inata para crescer em números. É um parâmetro característico para cada espécie e pode variar segundo o ambiente ou as condições experimentais. A taxa r m é uma capacidade inata sendo atingida por uma particular combinação de condições do meio em conjunto, definidas como sendo ótimas. O termo ótimo deve ser encarado com reservas. Na realidade, condições ótimas po- dem significar condições controladas e especi- ficáveis. A importância desse parâmetro está em sua utilidade para simulações e modeliza- ções. A Tabela 1.6 fornece algumas destas taxas para roedores e insetos. TABELA 1.6 Taxas de crescimento rm e Ro para diferentes populações de vertebrados e invertebrados rm (dia -1) G (dia) Ro Microtus agrestes (r) 0,0125 141,8 5,9 Rattus norvegicus (r) 0,0147 217,6 25,9 Triboluim castaneum (i) 0,101 55,6 275,0 Calandra oryzae (i) 0,109 43,4 113,6 (r): roedores; (i): insetos; r m : taxa instantânea máxima ou taxa inata de crescimento ou, ainda, potencial biótico da espécie; R o : taxa líquida de crescimento ou taxa finita ou, ainda, taxa de renovação de uma população (número de indivíduos [fêmeas] produzidos por um indivíduo [fêmea] em uma geração); G: é o tempo de geração em dias. A relação entre essas três variáveis é dada por G = In(R o )/r m .