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24/02/24, 23:14 Justiça Digital
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04140/index.html# 1/48
Justiça Digital
Prof. Maurício Antonio Tamer
false
Descrição
Justiça Digital a partir do estudo do aproveitamento das tecnologias da
informação nos mecanismos de resolução de conflitos.
Propósito
O estudo sobre a Justiça Digital é absolutamente fundamental para que
os estudantes estejam preparados para entender e trabalhar em todos
os temas associados às resoluções de conflitos, da negociação a
procedimentos judiciais sofisticados que se valem de mecanismos de
inteligência artificial.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos o Código de Processo Civil e
as Resoluções nº 345 e nº 372 do Conselho Nacional de Justiça.
Objetivos
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Módulo 1
Justiça 100% digital
Analisar o que se propõe como uma Justiça 100% digital, suas
características e principais mecanismos.
Módulo 2
Inteligência arti�cial e atos processuais
Reconhecer o uso dos mecanismos de inteligência artificial na
resolução de conflitos e o estudo de possíveis limites.
Módulo 3
Mediação e arbitragem on-line
Identificar os diversos meios de resolução de conflitos que se valem
das tecnologias, incluindo, as mediações e as arbitragens on-line.
Introdução
O estudo do uso das tecnologias da informação nos métodos de
resolução de conflito é gratificante e desafiador. Quando se fala
de Direito Digital, fala-se da existência de uma relação entre as
tecnologias e o Direito, que se explica ou se manifesta em várias
frentes. Uma das mais relevantes é a compreensão de como as
tecnologias propõem a mudança de como os conflitos sociais
são resolvidos. Conflitos estes que, em uma sociedade da

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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04140/index.html# 3/48
informação e de risco, são criados ou potencializados, muitas
vezes pelas próprias tecnologias.
Fala-se, então, de uma possível leitura em direção ao
reconhecimento de uma quinta dimensão do Acesso à Justiça,
com o uso das tecnologias a serviço da estabilidade jurídico-
social. Essa tarefa, porém, demanda estudo e a correta
compreensão sobre os fenômenos. Entre muitas questões, esse
conteúdo se propõe responder a algumas: (i) o que é uma Justiça
100% Digital? (ii) quais são as principais resistências ao avanço
das tecnologias nos sistemas de resolução de conflitos? (iii)
como a inteligência pode ser utilizada nos procedimentos de
resolução de conflitos; e (iv) a mediação e a arbitragem podem
ser realizadas de forma on-line?
1 - Justiça 100% digital
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o que se propõe como uma Justiça 100%
digital, suas características e principais mecanismos.
Ligando os pontos
Inegavelmente, as tecnologias têm apoiado o desenvolvimento da
atuação do Poder Judiciário de forma on-line ou de uma forma que
implique o máximo aproveitamento das tecnologias da informação. Na
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vanguarda dessas iniciativas, o Conselho Nacional de Justiça tem
atuado de forma decisiva na regulação de como esse referido
aproveitamento pode ocorrer nas estruturas de Justiça. Tal vanguarda
se revela, inclusive, no superar de resistências jurídicas e sociais em prol
do desenvolvimento de mecanismos tecnológicos. Nesse contexto, o
CNJ editou a Resolução nº 345/2020, que dispõe sobre o chamado
Juízo 100% Digital e a Resolução nº 372 de 2021, que trata da criação
do Balcão Virtual.
Dito isso, a empresa Orange Inc. lhe procura em razão de um problema
contratual decorrente do contrato de desenvolvimento de software que
possui com a empresa Megasoft Ltda. Esta teria sido contratada para o
desenvolvimento de um SaaS customizado para a Orange, porém, houve
atrasos e envolvimento de profissionais de qualidade e experiência
inferior ao que o contrato previa, resultando em vultosos prejuízos para a
Orange. O Diretor Jurídico desta empresa, coincidentemente, é um
entusiasta das novas tecnologias e antes da propositura da demanda
indenizatória no Poder Judiciário, lhe questiona sobre como o Poder
Judiciário tem absorvido as novas tecnologias.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
O uso do procedimento judicial eletrônico no país já é uma
realidade de muito tempo e os benefícios são absolutamente
flagrantes. A ideia de uma Justiça Digital é diferente e você deseja
explicar esse avanço proposto pelo CNJ ao cliente. Entao, você
A
esclarece que a ideia de Justiça 100% Digital é
apenas um avanço do procedimento judicial
eletrônico, sem qualquer novidade substancial.
B
indica que a principal característica é a resolução
dos conflitos pelo uso exclusivo de algoritmos.
C
ressalta que a Justiça 100% Digital depende apenas
de cada tribunal e não existe qualquer documento
ou proposta de ação coordenada em nível nacional.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Nos termos da Resolução nº 345 do CNJ, que perfaz uma proposta
nacional de uniformização das iniciativas em prol de uma Justiça
100% Digital, esta se caracteriza, em termos administrativos, por
procedimentos em que todos os atos processuais serão
exclusivamente praticados por meio eletrônico e remoto por
intermédio da rede mundial de computadores.
Questão 2
Curioso, o mesmo cliente pergunta sobre como o atendimento aos
advogados tem sido feito pelo Poder Judiciário. A demanda teria de
ser proposta no foro de eleição da cidade de Curitiba/PR, mas ele
gostaria que você despachasse com o juiz responsável, mesmo
você estando na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Você, então,
D
esclarece que a Justiça 100% Digital é a proposta
nacional da atuação do Poder Judiciário em
aproveito às tecnologias da informação, com
procedimentos judiciais cujos atos procedimentais
sejam realizados exclusivamente pela internet.
E
desabafa sobre o fato de que o Brasil não possui
qualquer iniciativa sobre o tema.
A
explica que apenas a arbitragem, pelas facilidades e
custos envolvidos, permite o despacho de forma
remota e orienta o cliente a inserir cláusulas
arbitrais nos contratos futuros.
B
lamenta que o país ainda está muito atrasado no
tema e que nenhum juiz se vale de mecanismos on-
line de videoconferência para contato.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Despachos, sustentações orais e demais atos síncronos (que
envolvem todos os sujeitos de participação necessária ao mesmo
tempo), como as audiências, já são uma realidade no Poder
Judiciário brasileiro, sendo a instituição do chamado Balcão Virtual
pelo CNJ uma realidade.
Questão 3
A partir do case proposto e das ideias trazidas nas questões
anteriores, explique com suas palavras o que você entende que
seria uma Justiça 100% Digital?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
É esperado que você explique que a Justiça 100% Digital é
assim caracterizada, especialmente, pelo desenvolvimento
C
lembra o cliente de que o CNJ determinou a criação
do chamado Balcão Virtual, por meio do qual cada
tribunal ficou incumbido de criar uma área de
acesso aos advogados de forma remota para
despacho ou para qualquer interessado.
D
esclarece que o procedimento judicial eletrônico por
si só permite esse contato síncrono com o juiz ou
os servidores do respectivo gabinete.
E
explica que mesmo em casos que envolvem
disputas de software o despacho precisa ser
presencial, detalhando os custos do deslocamento
para o cliente.
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de procedimentos judiciais e demais métodosde resolução
de conflito com o aproveitamento das tecnologias da
informação, mencionando, como exemplo, as Resoluções
indicadas na própria introdução do case.
A implementação do Acesso à Justiça
O princípio do Acesso à Justiça
Historicamente, a ideia de Acesso à Justiça decorre dos avanços entre
os mecanismos rudimentares de autotutela até a consolidação do
protagonismo da jurisdição estatal e, hoje, pela adoção do modelo
multiportas de resolução de conflitos.
Com foco no tema, o essencial a ser dito é que a
função jurisdicional constitui verdadeiro dever
constitucional do Estado. E que, nesse sentido, não
pode ignorar os aprimoramentos e as melhorias que as
tecnologias da informação propõem.
A Constituição Federal ao garantir, em seu art. 5º, XXXV, o acesso à
função jurisdicional, cria um dever do Estado de oferecer respostas
efetivas e adequadas às demandas que lhe são dirigidas: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Essa é na essência, a ratio decidendi do precedente da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal exarado no RE nº 204.305, segundo o qual:
a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”. Essa é na essência, a ratio
decidendi do precedente da Primeira
Turma do Supremo Tribunal Federal
exarado no RE nº 204.305, segundo
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o qual: “A atual Constituição, em seu
artigo 5º, LXXIV, inclui, entre os
direitos e garantias fundamentais, o
da assistência jurídica integral e
gratuita pelo Estado aos que
comprovarem a insuficiência de
recursos. – Portanto, em face desse
texto, não pode o Estado eximir-se
desse dever desde que o
interessado comprove a
insuficiência de recursos, mas isso
não impede que ele, por lei, e
visando a facilitar o amplo acesso
ao Poder Judiciário que é também
direito fundamental (art. 5º, XXXV,
da Carta Magna), conceda
assistência judiciária gratuita.
(STF, Primeira Turma, RE nº 204.305/PR, Rel. Min.
Moreira Alves, j. 05.05.1998, DJ 19.06.1998)
Portanto, o Acesso à Justiça constitui um direito fundamental e nessa
condição deve ser compreendido. Assume essa qualidade,
especialmente, pela posição que ocupa no ordenamento jurídico
brasileiro, por sua evolução histórica, constituindo preceito inerente ao
próprio Estado de Direito e por sua íntima ligação com o princípio do
devido processo legal.
Como princípio, propõe a importante busca por um estado ideal das
coisas, representado por uma situação de pleno acesso ou de plenitude
de disposição dos meios de solução de conflitos mais adequados e
efetivos, em que as pessoas devem ter à disposição o maior número de
meios e possibilidades possíveis para as soluções efetivas e adequadas
dos conflitos.
Uma quinta dimensão do Acesso à Justiça
Costumeiramente, foi convencionada, em especial a partir da famosa e
ímpar obra de Mauro Cappelletti e Bryany Garth (CAPPELLETTI, 1988), a
identificação de ondas do Acesso à Justiça. Na essência, a identificação
de movimentos históricos de promoção e melhoria dos mecanismos de
resolução de conflitos.
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Até esse momento, mais precisamente, poderiam ser identificadas
quatro ondas:

A primeira, caracterizada pela relativização dos custos financeiros.

A segunda, caracterizada pelos mecanismos de tutela de direitos
transindividuais.

A terceira, caracterizada pela expansão dos métodos de resolução.

A quarta, caracterizada pela promoção do acesso para os responsáveis
por operar o Direito (proposta de Kim Economides).
Mais que ondas, parece ser interessante e proveitoso o uso da
expressão “dimensões”. Embora esses movimentos possam ser
identificados em ordem cronológica ou histórica, isso não altera o fato
de que eles seguem sendo observados na contemporaneidade.
Por essa razão, prefere-se a expressão dimensões de Acesso à Justiça,
ao passo que cada um desses movimentos gera uma nova e perene
camada a ser sobreposta sobre os mecanismos de resolução dos
conflitos sociais.
Resumindo
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As tecnologias da informação propõem um repensar do conteúdo
normativo do Princípio do Acesso à Justiça consagrado em nossa
Constituição Federal (art. 5°, XXXV), trazendo novos e consistentes
aspectos práticos de discussão. Isso parece se dar, de forma destacada,
de duas maneiras relacionadas entre si, não só porque têm nas
tecnologias da informação as suas bases, como estão ligadas, em certo
modo, por uma lógica de causa e efeito. O que se propõe é o
entendimento de que as tecnologias da informação podem otimizar a
forma como as resoluções dos conflitos se desenvolvem.
Isso pode acontecer com a automação de procedimentos existentes e já
feitos por humanos, com a transformação de meios existentes ou
agregando novos métodos de solução.
Em suma, a leitura do fenômeno é que as tecnologias da informação, na
linha de que se relacionam com o Direito de várias maneiras, funcionam
como verdadeiros mecanismos catalizadores do Acesso à Justiça, ao
passo que:
i. melhoram ou otimizam os meios existentes; ou
ii. aumentam o cardápio de opções de meios de solução de conflitos
à disposição das pessoas envolvidas no conflito, potencializando,
por consequência, as chances de que o método seja mais
adequado e efetivo ao conflito posto.
Portanto, não parece mais ser possível ignorar que o Acesso à Justiça
também tenha essa dimensão e assim deva ser trabalhado. Logo, além
de se trabalhar na redução dos custos, na ampliação da tutela
transindividual, no desenvolvimento de outros métodos de solução ao
lado da jurisdição estatal e na melhoria do ensino jurídico e
profissionalização dos sujeitos envolvidos nessa dinâmica, faz-se
necessário aproveitar-se ao máximo as funcionalidades e ferramentas
trazidas pelas tecnologias da informação na solução dos conflitos
jurídico-sociais.
Comentário
As tecnologias da informação e a formatação social contemporânea
(sociedade da informação ou pós-industrial, sociedade do risco e que
permeia a quarta revolução industrial) geram toda espécie de riscos e,
por consequência, conflitos sociais em maior diversidade e
especificidade.
Parece existir um dever ou um compromisso social de todos, com que o
Direito lida de alguma forma, de utilizar essas mesmas ferramentas para
solucionar tais situações. Um compromisso com o Acesso à Justiça
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que parte da própria lógica de proporcionalidade. Se os conflitos são
potencializados pelas tecnologias, estas também devem catalisar os
meios para solução. Assim como uma vacina para uma doença, que
pode se desenvolver a partir do seu agente causador, trata-se de
reconhecer a necessidade de utilizar as próprias funcionalidades que
têm modificado a sociedade para tentar sanar os conflitos e mazelas
decorrentes dessa mesma modificação.
O que seria Justiça Digital?
O que é a Justiça 100% Digital?
Neste vídeo, o professor Maurício Tamer explicará o que é Justiça 100%
Digital.
Neste contexto de necessário aproveitamento das tecnologias da
informação nos métodos de resolução dos conflitos, como podemos
entender a Justiça 100% Digital? Justiça 100% Digital, tecnicamente, são
as chamadas cortes on-line.
A prestação jurisdicional estatal de forma on-line não
se trata, como visto, do mero uso de ferramentas
digitais na atuação jurisdicional presencial, como o
peticionamento eletrônico ou as citações e intimações
eletrônicas, regulamentadas na Lei nº 11.419/06.
Com efeito, está-se diante da atuação jurisdicional estatal integralmente
por meio da tecnologia, sem a necessidade de encontro físico com os
jurisdicionados, mas apenas por meio eletrônico. Ademais, como reflexo
da atuaçãoamplamente digital, os atos do órgão jurisdicional passam a

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ser realizados com o apoio da tecnologia e da inteligência artificial na
sua elaboração e condução.
A esse conceito podem ser adicionados outros dois para explicá-lo.
Primeiro sentido
Online judging ou julgamento on-line, refere-se à atuação totalmente on-
line das partes e do órgão jurisdicional, apresentando suas alegações e
provas, mas sem a realização de atos síncronos, especialmente
audiências. Um procedimento assíncrono, ou seja, sem a necessidade
de que as partes estejam presentes fisicamente.
Segundo sentido
Extended court ou tribunal estendido/extensão do tribunal, é referente à
atuação dos tribunais com o apoio da tecnologia à entrega de um
serviço de melhor qualidade. Por exemplo, com o uso da tecnologia para
auxiliar as partes a saberem seus direitos e como apresentar mais
facilmente suas alegações e provas, transcendendo a simples resolução
do conflito.
As cortes on-line representam mais um movimento disruptivo em
relação ao Princípio do Acesso à Justiça. Já foi sustentado acima que
este não significa o acesso a uma prestação jurisdicional estatal, a
busca de um estado ideal das coisas, em que haja à disposição das
partes um rol de possibilidades de mecanismos de solução para os
conflitos de interesse.
No entanto, caso a solução justa precise ser buscada por meio do Poder
Judiciário, a Justiça não depende mais de uma estrutura física
específica: o que é relevante é o serviço prestado, mas não o local em
que é prestado.
Inclusive, é preciso rever a ideia de Justiça associada a um lugar – uma
sede física do Poder Judiciário, ou à realização de procedimentos com
movimentos presenciais ou síncronos (simultâneos). A prestação
jurisdicional estatal também pode ser exercida de forma on-line,
eliminando atos de tais natureza e isso pode fazer muito sentido às
partes, no caso concreto.
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Essa mudança está ligada à eficiência e à qualidade que se esperam de
um serviço público. Sendo a atividade jurisdicional um serviço público,
há um dever estatal de se buscar os meios mais eficientes de prestá-lo.
Comentário
É crucial notar que o princípio da eficiência (em seu aspecto) processual
está positivado em todos os níveis. Da Constituição Federal, pode ser
extraído inicialmente do artigo 37, a exemplo da eficiência
administrativa, na medida em que a norma se dirige a todos os poderes
estatais. Isso fica ainda mais claro nas atividades administrativas dos
tribunais.
Nessa linha, diversos benefícios podem ser extraídos da atuação de
cortes digitais:
1. Conveniência
Podem as partes e mesmo o magistrado praticar os atos de sua
responsabilidade no momento que melhor se ajuste à sua rotina
diária.
2. Eficiência, celeridade
Na Justiça Digital, em regra, os sujeitos do processo não precisam
se deslocar e podem praticar muitos atos de forma assíncrona.
Ademais, o apoio da inteligência artificial possibilita que os
magistrados apreciem mais casos em menos tempo, pois já
recebem muitas informações devidamente indicadas pela
máquina. Isso permite, então, que o processo tenha seu curso de
maneira mais célere.
3. Custo
No início de sua implantação, uma corte on-line gera custos com
as ferramentas tecnológicas, os sistemas e os equipamentos,
entretanto, em médio prazo, isso reduz custos com instalações
físicas, que se tornam desnecessárias; com materiais (por
exemplo, há uma redução drástica de consumo de papel); e com
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pessoal, pois a atuação virtual torna despicienda, no mínimo, a
atuação de uma série de agentes de setores de apoio
administrativo dos tribunais, assim como a inteligência artificial
vai aumentando a capacidade de atuação de servidores e
magistrados, reduzindo a necessidade de novos concursos
públicos.
A Resolução nº 345 do Conselho
Nacional de Justiça
De forma emblemática e, diga-se, elogiável, o Conselho Nacional de
Justiça editou a Resolução nº 345, em 09/10/2020, que, segundo seu
próprio texto, dispõe sobre “o Juízo 100% Digital e dá outras
providências”. Inegavelmente impulsionada pela pandemia da Covid-19
e a necessidade de virtualização dos procedimentos por conta das
medidas necessárias de isolamento social, fato é que a Resolução nº
345 representa verdadeiro marco das cortes on-line no país. Mais
recentemente, demonstrando a dinâmica inerente da própria matéria,
seu texto foi alterado pela Resolução nº 378, em 09/03/2021.
Saiba mais
A Resolução nº 345, em seu artigo inaugural, autoriza a adoção pelos
tribunais das medidas necessárias à implementação do “Juízo 100%
Digital”, explicando que o “Juízo 100% Digital” é aquele compreendido
por procedimentos em que “todos os atos processuais serão
exclusivamente praticados por meio eletrônico e remoto, por intermédio
da rede mundial de computadores” (art. 1º). Há, assim, uma relação de
sinonímia entre o que se entende aqui por “Corte On-line” e o que a
Resolução define por “Juízo 100% Digital”: a jurisdição estatal exercida
de forma integralmente eletrônica.
Inclusive, nesta linha, diz o §1º que “no âmbito do “Juízo 100% Digital”,
todos os atos processuais serão exclusivamente praticados por meio
eletrônico e remoto por intermédio da rede mundial de computadores”.
Na sequência, de forma equilibrada, diz que “inviabilizada a produção de
meios de prova ou de outros atos processuais de forma virtual, a sua
realização de modo presencial não impedirá a tramitação do processo
no âmbito do “Juízo 100% Digital” (§2º), além disso, “o ‘Juízo 100%
Digital’ poderá se valer também de serviços prestados presencialmente
por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de
conflitos, de cumprimento de mandados, centrais de cálculos, tutoria
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dentre outros, desde que os atos processuais possam ser convertidos
em eletrônicos” (§3º).
Seguindo a Resolução, no seu art. 2º, sinaliza, com cautela e ciente das
implicações decorrentes, que “as unidades jurisdicionais de que tratam
este ato normativo não terão a sua competência alterada em razão da
adoção do ‘Juízo 100% Digital’”.
A consensualidade ou a faculdade da parte na eleição do procedimento
do “Juízo 100% Digital” também é marcante na Resolução, mais uma
vez, com sinais de cautela na adesão das partes. Inclusive, é elogiável
tal cautela na eleição do método, dado que é necessário reconhecer a
realidade brasileira de difícil e limitado acesso às tecnologias da
informação por partes e seus representantes em relevante parcela da
população.
Diz seu art. 3º:
Art. 3º - A escolha pelo “Juízo
100% Digital” é facultativa e
será exercida pela parte
demandante no momento da
distribuição da ação,
podendo a parte demandada
opor-se a essa opção até o
momento da contestação.
(RESOLUÇÃO Nº 345)
Inclusive, em disposição muito interessante, o CPC prevê que as partes
podem, a qualquer tempo (antes ou durante o procedimento, portanto),
celebrar negócio jurídico processual para a escolha do Juízo 100%
Digital, reforçando o alcance procedimental da cláusula geral de
negociação processual (CPC, art. 190).
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Resolução nº 372 do Conselho
Nacional de Justiça
Nesse contexto, também é de suma relevância a menção da Resolução
nº 372 do CNJ, de 12/02/2021, que regulamenta a criação da
plataforma de videoconferência denominada “Balcão Virtual”.
Saiba mais
A Resolução nº 372 do CNJ determina a criação da plataforma com
esse nome, dispondo que “os tribunais, à exceção do Supremo Tribunal
Federal, deverão disponibilizar,em seu sítio eletrônico, ferramenta de
videoconferência que permita imediato contato com o setor de
atendimento de cada unidade judiciária, popularmente denominado
como balcão, durante o horário de atendimento ao público” (art. 1º).
Os tribunais poderão utilizar qualquer ferramenta tecnológica que se
mostre adequada para o atendimento virtual, ainda que não seja a
mesma utilizada em outros procedimentos das mesmas cortes (art. 2º).
Relevante, então, que seja verificada a adequação e funcionalidade da
ferramenta para a finalidade, independentemente de qual seja. De forma
equilibrada, nas localidades e unidades judiciárias em que a deficiência
de infraestrutura tecnológica for notória, o atendimento pode se dar de
forma assíncrona, ou seja, não simultânea, com a resposta no
atendimento em tempo razoável (§1º).
Para ser efetivo, o Balcão Virtual deve refletir ao máximo a realidade do
atendimento público presencial, sendo essa a premissa para considerar
a ferramenta adotada como a adequada.
Nesse sentido, diz a Resolução que: “O Balcão Virtual deverá funcionar
durante todo o horário de atendimento ao público, de forma similar à do
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balcão de atendimento presencial” (art. 3º) e seu link de acesso deve
constar de forma facilitada no site do tribunal (art. 5º).
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Diante dos avanços das tecnologias da informação e do princípio
constitucional do Acesso à Justiça, é correto dizer que
A
as tecnologias da informação não possuem relação
com o Acesso à Justiça, não podendo contribuir
com o seu melhor desenvolvimento.
B
as tecnologias da informação possuem relação com
o Acesso à Justiça, pois, apenas, criam novos
métodos de resolução dos conflitos.
C
as tecnologias da informação possuem relação com
o Acesso à Justiça, pois, apenas, aprimoram o
desenvolvimento de métodos de resolução de
conflitos já existentes.
D
as tecnologias da informação possuem relação com
o Acesso à Justiça, pois criam métodos de
resolução de conflitos e aprimoram o
desenvolvimento de métodos de resolução de
conflitos já existentes.
E
considerando que as tecnologias criam métodos de
resolução de conflitos e aprimoram o
desenvolvimento de métodos de resolução de
conflitos já existentes, relação esta que pode se
manifestar como a quarta dimensão do Acesso à
Justiça.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Como visto, as tecnologias não só aprimoram a forma como os
métodos de resolução de conflito se desenvolvem, como também
criam novos métodos. Em uma espécie de contrapartida social, é
possível a leitura de que esta influência se caracteriza como uma
quinta dimensão do Acesso à Justiça.
Questão 2
A respeito da chamada Justiça 100% Digital, assinale a alternativa
correta:
A
O conceito de Justiça 100% Digital, diante da
novidade do tema, é ainda legal e decorre de
disposições inovadoras a este respeito pelo Código
de Processo Civil de 2015.
B
O conceito de Justiça 100% Digital significa o
desenvolvimento da prestação jurisdicional estatal
de forma integralmente on-line.
C
Apesar de a Resolução nº 345 do CNJ fazer
referência à expressão Justiça 100% Digital, não
avança na correspondência do conceito com a ideia
de cortes on-line, apenas reafirmando que a Justiça
100% Digital seria aquela em que a prestação
jurisdicional se dá em parte de forma eletrônica,
como no caso processo eletrônico há muito usado.
D
O conceito de Justiça 100% Digital significa tanto o
desenvolvimento da prestação jurisdicional estatal
de forma integralmente on-line, como o
desenvolvimento de parte da prestação jurisdicional
de forma eletrônica, como no caso processo
eletrônico há muito usado.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04140/index.html# 20/48
Parabéns! A alternativa B está correta.
A partir do conceito adotado na Resolução nº 345 do CNJ, a Justiça
100% Digital pode ser considerada como uma corte on-line, ou seja,
a prestação jurisdicional de forma integralmente digital.
2 - Inteligência arti�cial e atos processuais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o uso dos mecanismos de inteligência
arti�cial na resolução de con�itos e o estudo de possíveis limites.
Ligando os pontos
Muitas têm sido as iniciativas de aproveitamento da inteligência
artificial no âmbito do Poder Judiciário e, logo, na prática dos atos
processuais. Como aponta o estudo “Tecnologia Aplicada à Gestão de
Conflitos no Poder Judiciário”, com ênfase em inteligência artificial,
coordenado pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do
Judiciário da FGV (CIAPJ), “há mais de 70 projetos diferentes em mais
da metade dos tribunais do país” (FREITAS, 2020). Dentre essas
iniciativas, destaca-se o exemplo do algoritmo Victor, do Supremo
Tribunal Federal, “fruto de uma parceria entre o Supremo Tribunal
E
O conceito de Justiça 100% Digital, diante da
novidade do tema, é ainda meramente doutrinário,
não existindo qualquer lei ou norma administrativa
que disponha a respeito.
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Federal (STF) e a Universidade de Brasília (UnB), um importante marco
no Judiciário brasileiro e referência no cenário internacional, por seu
pioneirismo na aplicação de inteligência artificial para resolver ou
mitigar os desafios pertinentes a uma maior eficiência e celeridade
processuais. Tal iniciativa encorajou os demais tribunais do país a
buscarem na inovação e na tecnologia o auxílio necessário para apoiar a
atividade jurisdicional. Iniciado no final de 2017, na gestão da ministra
Cármen Lúcia na presidência da Corte, o Victor foi idealizado para
auxiliar o STF na análise dos recursos extraordinários recebidos de todo
o país, especialmente quanto a sua classificação em temas de
repercussão geral de maior incidência” (STF, 2021). O algoritmo, então,
propõe a análise da presença ou não do pressuposto de repercussão
geral dos Recursos Extraordinários que chegam à Corte. O contexto,
assim, inspira um estudo dedicado de entendimento.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
No case, há a afirmação de que o Victor é uma iniciativa baseada na
inteligência artificial no Supremo Tribunal Federal. Embora a
afirmação possa parecer até intuitiva, é importante reconhecer que
ela demanda uma análise técnica cuidadosa, para se entender os
processos compreendidos e, com isto, uma análise dedicada da
sua legalidade e segurança. Diante disso, assinale a alternativa
correta:
A
O Victor pode ser entendido como uma ferramenta
de inteligência artificial pelo simples fato de a
implementação de mecanismos dessa natureza ser
uma atribuição legal do STF.
B
O Victor representa uma iniciativa isolada de uso da
inteligência artificial no país, que ainda está em fase
experimental.
C
A característica de inteligência artificial do Victor se
revela pela técnica empregada de racionalização
dos recursos e capacidade de identificar, como se
humano fosse, os temas de repercussão geral.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A inteligência artificial da ferramenta em uso pelo STF se
caracteriza pela capacidade de análise e entendimento artificiais do
mecanismo que é capaz de avaliar a existência ou não de temas de
repercussão geral.
Questão 2
Colocado o case, ligando os pontos deste módulo e feita referência
ao cenário nacional do uso da inteligência artificial pelo Poder
Judiciárioem atos processuais, é correto dizer que
D
Embora se afirme que o Victor é uma ferramenta de
inteligência artificial, não há nenhuma atividade de
inteligência em si mesmo, mas tão somente
classificação de dados identificados nas petições
recursais.
E
Em que pese seja uma iniciativa isolada no país, a
característica de inteligência artificial do Victor se
revela pela técnica empregada de racionalização
dos recursos e capacidade de identificar, como se
humano fosse, os temas de repercussão geral.
A
o uso dos mecanismos de inteligência artificial no
país está consolidado, já estando claros os limites
do seu emprego e a transparência e auditabilidade
de todos os algoritmos empregados.
B
a inteligência artificial apenas pode ser aplicada no
âmbito do Poder Judiciário e não em qualquer
método de resolução de conflito, ao passo que no
Poder Judiciário é garantida a revisão humana,
condição sempre necessária.
C
a iniciativa do Victor no STF não representa exemplo
de uso da inteligência artificial no país, ao passo
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O algoritmo Victor é apenas um dos grandes exemplos dos muitos
projetos de uso da inteligência artificial pelo Poder Judiciário no
país que, é possível dizer, tem se revelado um grande pioneiro no
uso dessas ferramentas em âmbito público.
Questão 3
A partir do case proposto, discorra sobre possíveis limites no uso
da inteligência artificial pela função jurisdicional estatal.
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Esperamos que você seja capaz, com base na sua
experiência e aprendizados prévios, de identificar possíveis
limites ao uso da inteligência artificial, provocando um
diálogo sobre o tema do módulo, tais como o uso limitado
da instrumentalidade das ferramentas, sem afastar
decisões de natureza humana.
que apenas representa uma ferramenta de
catalogação de recursos.
D
o algoritmo Victor é um bom exemplo das muitas
iniciativas de emprego da inteligência artificial nos
atos processuais.
E
o uso dos mecanismos de inteligência artificial no
país ainda é incipiente, identificando-se um ou outro
projeto isolado.
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Inteligência arti�cial
A ideia aqui não é detalhar o que seria necessário para uma
compreensão técnica ou mesmo filosófica do tema. Porém, de uma
maneira geral e tentando simplificar o que não é simples, se é que isso é
possível, inteligência artificial (IA) parece ser uma ideia a ser extraída da
junção lógica dos dois termos: inteligência e artificial.
Resumindo
Inteligência, em linhas muito gerais, decorre da ideia de reconhecer a
capacidade de algo ou de alguém realizar a categorização de objetos e
respectivas separando-os por características e propriedades que
possuem, o que pode se dar em graus diferentes de capacidade e
detalhe.
O exercício subsequente da racionalidade vem pela capacidade de tal
separação aliada à correta tomada de decisão a partir das
categorizações feitas. Inteligente é aquilo ou quem consegue diferenciar
o mundo à sua volta e tomar decisões decorrentes dessa diferenciação.
É a soma das fases sequenciais de identificação, categorização,
raciocínio e tomada de decisão. A percepção popular do “mais
inteligente”, então, seria associada àquilo ou a quem melhor consegue
racionalizar esse processo e em maior nível de detalhe ou
categorização.
Assim, é um processo de inteligência desde a simples diferenciação
entre um livro e uma maçã, tomando a decisão de se alimentar apenas
do segundo, como também complexos raciocínios pautados em lógica,
a partir de premissas e resultados consequenciais respectivos.
De um modo amplo, “ser inteligente”, na ideia média e popular e que
interessa ao essencial de explicação desse trabalho, é saber lidar com
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determinado objeto e extrair dele classificações e consequências
lógicas e racionalmente válidas.
Soma-se a isso os termos e as expressões que podem eventualmente
categorizar a própria inteligência, seja porque dizem respeito ao próprio
objeto sobre o qual se raciocina, seja porque dizem respeito à forma
como as quatro etapas da inteligência se desenvolvem. Falar em
“inteligência emocional” ou “inteligência jurídica” é falar de exemplos da
primeira possibilidade.
O raciocínio e a tomada de decisão sobre as emoções e sobre o Direito,
respectivamente. Por sua vez, a “inteligência artificial” parece ser
justamente exemplo do segundo, caracterizando uma forma não natural
de identificar, categorizar, raciocinar e tomar a decisão.
Resumindo
Em linhas gerais, portanto, parece que a inteligência artificial pode ser
entendida pela capacidade programada, técnica e não natural de
identificar objetos, categorizá-los, aplicar em relação a eles uma lógica
racional e, a partir dessas três fases anteriores, tomar as decisões
respectivas com a apresentação dos resultados de toda essa atividade
de inteligência.
Adicionalmente, é importante dizer que a implementação prática dessa
ideia se dá pelos mecanismos conhecidos como “algoritmos”, ou seja,
os instrumentos práticos e concretos por meio dos quais as fases de
identificação da tomada de decisão, de forma artificial, são elaboradas.
Em termos mais simples e sem aprofundar nas impressões técnicas a
respeito, algoritmo pode ser entendido como uma sequência de
instruções técnicas que determinará o que um dispositivo eletrônico
(destacadamente, um computador) terá de fazer.
Para maior visibilidade, algoritmo é um passo a passo técnico e
sequencial com um ou mais comandos para o que o dispositivo
eletrônico deverá fazer. Algoritmos podem ser programados, com todas
as etapas da sequência previamente definidas por programação
humana, e não programados em que não há a programação do passo a
passo, competindo aos próprios dispositivos eletrônicos desenvolvê-los
com base nas informações inseridas (input) e resultados esperados
(output).
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A utilização da IA na resolução de
con�itos
Inteligência arti�cial e resolução de
con�itos
Neste vídeo, o professor trata da utilização da inteligência artificial na
resolução de conflitos.
Mais que um conceito abstrato, a inteligência artificial está presente em
poderosas e práticas ferramentas para o dia a dia de todas as atividades
na atual sociedade da informação, desde simples e, por vezes, não
lembradas planilhas com fórmulas preestabelecidas, até as mais
sofisticadas ferramentas de análise de bases de dados e apresentação
de resultados.
Atenção!
Todo e qualquer mecanismo que hoje seja capaz de receber
informações a partir de alimentação humana ou de extração
automatizada, que trate tais informações de forma racional e
automática e entregue resultados dessas etapas anteriores, pode ser
entendido como um mecanismo de inteligência artificial. Com esse
potencial, era esperado e natural que os mecanismos de resolução dos
conflitos, sobretudo os judiciais, aproveitassem esses instrumentos
para conduzir os procedimentos e auxiliar as decisões decorrentes.
Uma das utilizações mais notáveis está na otimização da realização de
procedimentos e naquilo que os mais representa concretamente: os
atos procedimentais. A inteligência artificial tem um grande potencial
para uma maior variabilidade de criação de documentos, de reprodução
destes e para gerar maior capacidade da análise de seus conteúdos.

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Inclusive, a depender de como tais tarefas forem automatizadas,
possibilitando a criação de padrões de associação de documentos a
determinados resultados, o uso dasferramentas também pode agregar
previsibilidade às resoluções, especialmente nas situações jurídicas de
volume e que, por perfil e regra, não apresentam maiores
individualidades.
Igualmente, desde a década de 1980, existem ferramentas importantes
que se valem da inteligência artificial para demonstração probatória de
fatos ou construção de narrativa a partir das evidências indicadas.
Algumas ferramentas podem ser citadas como exemplo:
i. Stevie, que apresenta modelos a partir das evidências para
possíveis reconstruções dos fatos.
ii. Eco, que avalia possibilidades de julgamento, a partir das
evidências, auxiliando na elaboração de teses de acusação e
defesa na esfera criminal.
iii. Alibi, que a partir das evidências desenvolve explicações
alternativas daquelas associadas às provas para evitar ou mitigar
responsabilidades.
Adicionalmente, em relação à prova testemunhal, a tecnologia tem sido
utilizada para analisar as circunstâncias e a credibilidade dos
testemunhos de forma mais objetiva, sem depender dos aspectos
subjetivos e emocionais de avaliação do conteúdo testemunhal.
Também já há, por exemplo, sistemas que objetivam resultados
preditivos, ou seja, que tenham como entrega a possível previsão de
resultados a depender do órgão judicial envolvido. A ciência das
chances de sucesso, com precisão, pode ser decisiva para potencializar
as chances de acordo e de diminuição de disputas.
A predileção de
resultados também é
importante, do ponto de
vista estratégico, para
entendimento da
fundamentação judicial
utilizada e na
identificação de
precedentes judiciais.
A ideia é utilizar a
inteligência artificial
para identificar as ratio
decidendi das decisões.

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É a espécie de visibilidade que não só facilita o trabalho das partes que
precisam adequar a argumentação e estratégia aos posicionamentos
consolidados (evitando ou diminuindo atos processuais inócuos), como
também dos próprios órgãos jurisdicionais na prolação das decisões
futuras, otimizando a prestação jurisdicional, pensada nesse aspecto no
art. 927, CPC.
Ainda, na seara da resolução judicial brasileira de conflitos, muitos
outros exemplos podem ser mencionados. Uma das primeiras
iniciativas é o projeto “Dra. Luzia” implementado junto à Procuradoria do
Distrito Federal, para entender os processos de execuções fiscais.
Curiosidade
Também famoso é o projeto em andamento no Supremo Tribunal
Federal conhecido como “Victor”, nomeado justamente em homenagem
ao ex-ministro do próprio STF Victor Nunes Leal. O recurso
extraordinário sobe bruto ao Supremo e era preciso que um servidor
separasse e identificasse suas peças, tarefa que demandava em média
30 minutos de serviço. O Victor realiza essa tarefa em apenas cinco
segundos.
No Superior Tribunal de Justiça, a inteligência artificial não só tem sido
implementada como festejada, sobretudo pela redução significativa da
quantidade de processos. Veja alguns desses projetos:
É de se destacar o projeto “Sócrates”, voltado para identificar
previamente as controvérsias jurídicas presentes nos recursos
especiais.
Sócrates 
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Outra experiência importante na corte é o Sistema Athos,
baseado em um modelo de IA, que identifica processos os quais
possam ser submetidos à afetação para julgamento sob o rito
dos recursos repetitivos. Além disso, o Athos monitora e aponta
processos com entendimentos convergentes ou divergentes
entre os órgãos fracionários da corte, casos com matéria de
notória relevância e, ainda, possíveis distinções ou superações
de precedentes qualificados.
Limites da utilização da IA na
resolução de con�itos
Parece claro o valor que tais ferramentas agregam à prática dos atos
procedimentais judiciais, especialmente aqueles de entregar uma
solução adequada e efetiva às lides que lhe são apresentadas,
sobretudo no aspecto de duração razoável. Por outro lado, como
qualquer uso de tecnologia ou novidade no geral, surgem
questionamentos sobre os limites a serem respeitados na utilização dos
novos instrumentos. E nesse ponto talvez existam as maiores dúvidas
científicas e as questões de maior profundidade acadêmica e prática
sobre o tema.
Para os mecanismos de resolução jurisdicionais e a realização de atos
procedimentais, os limites parecem estar relacionados às
características e expectativas constitucionais da própria resolução de
conflitos por esse método.
Atenção!
O uso judicial dessas ferramentas de IA, assim, parece demandar um
exercício de cuidado detido na implementação. A identificação precisa e
detalhada dos limites, se possível, justifica vários debates acadêmicos
dedicados ao tema.
Os limites judiciais de todo modo parecem estar no respeito ao devido
processo legal e às normas fundamentais do processo civil brasileiro
que o integram (arts. 1º a 12, CPC) e na utilização instrumental das
ferramentas de inteligência artificial, bem como no respeito das normas
Athos 
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mais maduras de governança de tais ferramentas, antes, durante e
depois do seu uso.
Qualquer utilização que
viole o conteúdo do
devido processo não
pode se sustentar. Não
podem prevalecer
ferramentas que, v.g.,
impeçam o
contraditório concreto
das partes.
Igualmente, o uso não
instrumental (quer dizer,
ferramentas decidindo
os conflitos no lugar de
juízes humanos) parece
também exceder os
objetivos da função
jurisdicional que tem na
cognição, sensibilidade,
empatia e experiência
dos magistrados
componentes
intrínsecos.
A utilização da inteligência artificial que resolva o mérito dos conflitos
ou mesmo que antecipe efeitos de uma decisão final (tutelas de
urgência ou evidência, que em termos práticos se mostram ainda mais
carentes de sensibilidade do julgador) não parece ser possível. Agora,
todo instrumental que estiver à disposição do julgador para
levantamento de dados, identificação de elementos comuns, reunião de
demandas repetitivas, maior agilidade de procedimentalização deve ser
incentivado.
É relevante dizer que essas condições são próprias e
mais vinculadas ao exercício da função jurisdicional,
apenas uma das possibilidades de resolução de
conflitos postas à disposição das partes do conflito.
Isso significa que, embora ninguém esteja obrigado a utilizá-la (princípio
dispositivo), caso assim opte, aderirá a esse perfil de resolução. Até
porque é essa vinculação a tal perfil (com a garantia constitucional de
decisões humanas) que assegura, como face do Acesso à Justiça, que
toda parte terá à sua disposição a função jurisdicional estatal.
Igualmente, isso significa que a necessidade de decisão humana não
necessariamente tem de estar presente em meios não jurisdicionais de
resolução de conflitos.
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É perfeitamente possível e pode ser até recomendada a existência de
meios de resolução com decisões automatizadas – como visto
anteriormente (promovidas pelo Estado ou pelas empresas, conforme
alguns exemplos mencionados nas outras partes deste trabalho) para
as situações em que isso se mostre mais adequado e efetivo e desde
que essa possibilidade e o caminho para tanto seja o mais transparente
possível para as partes.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre uma proposta de entendimento de como mecanismos de
inteligência artificial podem ser caracterizados, é correto dizer que
A
inteligência artificial pode ser entendida apenas pela
capacidade artificial de classificar coisas ou
informações.
Binteligência artificial pode ser entendida pela
capacidade artificial de classificar coisas ou
informações e extrair delas premissas e resultados
racionais, mas sempre com a participação de um
processo de inteligência humana.
C
inteligência artificial pode ser entendida pela
capacidade artificial de classificar coisas ou
informações e extrair delas premissas e resultados
racionais, de forma similar ao que é feito pelos
seres humanos.
D
a inteligência artificial, embora não precise da
participação humana nos processos de
racionalização e de identificação dos resultados,
sempre depende da tarefa humana de obtenção dos
dados a serem catalogados.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Como visto, os processos de inteligência artificial representam a
capacidade artificial, de forma similar com o raciocínio humano, de
reconhecer dados, classificá-los e extrair conclusões racionais.
Questão 2
Acerca da existência de possíveis limites ao emprego dos
mecanismos de inteligência artificial em atos processual, pode-se
afirmar que
E
a inteligência artificial, embora não precise da
participação humana no processo de obtenção dos
dados a serem catalogados, sempre depende da
tarefa humana nos processos de racionalização e de
identificação dos resultados.
A
considerando que tais mecanismos são
desenvolvidos e monitorados por humanos, é
possível dizer que seu uso pode se dar sem limites,
exceto em mecanismos de mediação e conciliação,
ainda que on-line, em que a participação humana é
essencial.
B
considerando o perfil constitucional da resolução de
conflitos pela jurisdição estatal, neste método, há
limites ao uso desses mecanismos, que são
identificados no descumprimento do devido
processo legal e no afastamento de decisões
humanas.
C
considerando que tais mecanismos são
desenvolvidos e monitorados por humanos, é
possível dizer que seu uso pode se dar sem limites.
D
a princípio, apenas o exercício das funções
jurisdicionais (estatal e arbitral) podem sofrer
limites no uso de mecanismos dessa natureza.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Os mecanismos de inteligência artificial podem ser utilizados na
jurisdição estatal, desde que o devido processo legal seja
estritamente observado e asseguradas as decisões humanas.
3 - Mediação e arbitragem on-line
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os diversos meios de resolução de
con�itos que se valem das tecnologias, incluindo, as mediações e as arbitragens on-line.
Ligando os pontos
Reconhecidamente a plataforma Consumidor.gov é um caso de sucesso
mundial. Criada em 2014, a plataforma Consumidor.gov é um serviço
público monitorado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon),
que permite, como o próprio site define, “a interlocução direta entre
consumidores e empresas para solução de conflitos de consumo pela
internet”. É uma das providências mais alinhadas com a Política
E
considerando o perfil constitucional da resolução de
conflitos pela jurisdição estatal, neste método, há
limites ao uso desses mecanismos que são
identificados se a quantidade no emprego de tais
mecanismos excede a participação humana nos
procedimentos.
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Nacional de Relações de Consumo, focada na resolução de conflitos.
Serviço público e gratuito, a plataforma se desenvolve de forma
integralmente on-line (ODR) e de forma transparente. Permite que
consumidores e empresas dialoguem diretamente para tentar
solucionar questões associadas a produtos ou serviços prestados. A
participação é voluntária de ambos os lados, devendo o consumidor se
cadastrar e identificar adequadamente, com a apresentação dos
detalhes da reclamação. A empresa, por sua vez, adere ao serviço
mediante a assinatura de termo de adesão, documento formal que
passa a sujeitá-la à plataforma e a apresentação de índices nela
presentes.
Tecnicamente, a plataforma funciona como um terceiro desinteressado
no conflito e gera um ambiente de reaproximação das partes de forma
tecnológica e a partir da credibilidade decorrente da própria atuação da
Senacon e do desenvolvimento de seus resultados. Com isso e sem
sugerir soluções, a plataforma funciona como uma verdadeira mediação
on-line, promovendo o diálogo e resultados muito interessantes.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
Com base no case e no que já foi apresentado até aqui, pensando
na ideia de Acesso à Justiça e suas dimensões, é correto dizer que
A
a mediação, a conciliação e até mesmo a
arbitragem são métodos de resolução de conflitos,
que promovem o conteúdo constitucional do
Acesso à Justiça, apenas se desenvolvidos sem a
utilização de meios digitais sob pena de
comprometimento de suas características
fundamentais.
B
a mediação, a conciliação e até mesmo a
arbitragem são métodos de resolução de conflitos,
que promovem o conteúdo constitucional do
Acesso à Justiça.
C
apenas a jurisdição estatal, que se vale dos meios
digitais para seu desenvolvimento, pode ser
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A plataforma Consumidor.gov representa um importante
mecanismo de mediação on-line, perfeitamente alinhado com a
cláusula constitucional do Acesso à Justiça que determina a
promoção de tantos mecanismos quanto forem possíveis para a
resolução efetiva e adequada dos conflitos.
Questão 2
Sobre a plataforma Consumidor.gov, as informações do case e
considerando seu conhecimento acumulado até aqui, assinale a
alternativa correta:
considerada como um meio legítimo de resolução
de conflitos.
D
a mediação, a conciliação e até mesmo a
arbitragem são métodos de resolução de conflitos,
que promovem o conteúdo constitucional do
Acesso à Justiça, observada a garantia do devido
processo legal, o que impede a implementação de
mecanismos on-line de resolução.
E
a plataforma Consumidor.gov representa exemplo
de arbitragem, ao passo que um terceiro
desinteressado permite a reaproximação de partes
em conflitos, facilitando que elas mesmas cheguem
a uma solução.
A
A plataforma se caracteriza como uma modalidade
de jurisdição estatal, ao passo que é sustentada por
órgão vinculado ao Poder Executivo Federal
(Senacon).
B
A plataforma se caracteriza como uma modalidade
de jurisdição privada, ao passo que as próprias
partes chegam, de forma privada, à solução para
seus conflitos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A plataforma Consumidor.gov é um exemplo de mediação on-line
gratuita, que permite a reaproximação das partes, hoje em conflito,
para que cheguem, por si mesmas, a uma solução adequada do
conflito.
Questão 3
A partir do case proposto e de suas experiências prévias, discorra
sobre os conceitos de mediação e arbitragem e como você vê a
potencialidade de tais mecanismos na resolução de conflitos.
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
C
A plataforma se caracteriza como uma modalidade
de mediação, ao passo que o ambiente on-line
reaproxima partes distantes em conflito, permitindo
que elas cheguem, por si sós, à solução de conflitos.
D
A plataforma se caracteriza como uma modalidade
de conciliação, ao passo que o ambiente on-line
reaproxima partes distantes em conflito, permitindo
que elas cheguem, por si sós, à solução de conflitos.
E
A plataforma se caracteriza como uma modalidade
de mediação, ao passo que o ambiente on-line
reaproxima partes distantes em conflito, permitindo
que elas cheguem, por si sós, à soluçãode conflitos.
Porém, em razão dos custos envolvidos, em especial
das taxas de utilização dos serviços, não é tão
eficiente.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04140/index.html# 38/48
É esperado que você explique que a mediação ocorre nas
situações e estratégias de reaproximação das partes para
que cheguem, por si mesmas, na solução de seus conflitos
e que a arbitragem se caracteriza pela decisão jurisdicional
privada feita por um terceiro desinteressado no conflito,
ambos mecanismos que permitem a resolução mais efetiva
e adequada de conflitos que demandam tais instrumentos.
Online dispute resolutions (ODRs) e
mediação on-line
Online dispute resolution
Neste vídeo, o professor explica o que é o Online Dispute Resolution e o
surgimento da mediação on-line.
Como gênero inclusive das cortes on-line, as ODRs (online dispute
resolutions) podem ser integradas e compreendidas pelo uso de
mecanismos que se valem do ambiente on-line ou virtual para solução
das disputas jurídicas.
Quer dizer, será considerado uma ODR um procedimento de solução do
conflito que se desenvolva de forma on-line. Adicionalmente, como
espécies, tem-se:
i. As cortes on-line, se o desenvolvimento da jurisdição estatal
ocorre de forma on-line.

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ii. Os demais métodos, paralelos à jurisdição estatal, de solução on-
line dos conflitos (inclusive a arbitragem on-line tratada adiante).
Aliás, desenvolveram-se, em primeiro lugar, no campo dos demais
métodos (segunda espécie), e hoje a solução on-line já permeia a
própria jurisdição estatal (primeira espécie). As ODRs iniciaram sua
proliferação nos sistemas de solução de disputas como uma forma de
e-ADR (eletronic alternative dispute resolution) porque estes, aliás, diante
da complexidade social, não foram capazes de entregar o que
prometeram, adotando-se a expressão “métodos alternativos”
justamente na ideia de que eles serviriam como alternativa à clássica
jurisdição estatal.
Tendem a ser mais baratos ou mesmo gratuitos – esse último caso é o
da plataforma Consumidor.gov.br, de que se tratará adiante.
Exemplo
Na Europa, muitos desses meios têm seu custeio a cargo do fornecedor
ou são de baixo custo ao consumidor.
Ademais, ainda quanto ao custo, cabe lembrar que esses meios on-line
não reclamam a ida dos envolvidos a uma localidade específica para
audiências ou outros atos presenciais. Destaque-se, também, que o fato
de serem on-line amplia sua eficiência, já que muitas vezes sequer
possuem intervenção humana de mediadores, sendo que podem
comportar centenas ou milhares de negociações, mediações ou
arbitragem simultaneamente.
Outro benefício é a conveniência, que também converge para a
mencionada redução de custos econômicos e pessoais não só do
sistema, como das partes: ao lado de não ser necessário aos envolvidos
comparecer a uma sala de sessões de negociação, conciliação,
mediação ou arbitragem, não há, em princípio, a exigência de tais
mecanismos serem síncronos – ou seja, não precisam contar com atos
que demandam a presença simultânea dos sujeitos do processo, a
depender do serviço de online dispute resolution utilizado: dessa forma,
cada parte teria um prazo para acessar o sistema e efetuar suas
propostas e considerações.
Atenção!
Importante dizer que como ODR não estão inseridos os processos
judiciais eletrônicos que, embora se valham de procedimentos ou
ferramentas de tecnologia e, algumas, on-line, não transformam por
completo a prestação da jurisdição estatal, que continua com atos
tradicionais ou, por assim dizer, “off-line”, como aqueles em que se dá o
encontro físico entre sujeitos do processo ou seus representantes (v.g.
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audiências, sessões de julgamento, despachos presenciais, inspeção
judicial etc.).
A ODR não ocorre com a simples ou complexa automação de
procedimentos, mas representa a transformação destes.
Entre as ODRs, podem ser citados os mecanismos de mediação on-line.
A premissa nesse método é a de que o procedimento de mediação é
conduzido de forma integralmente on-line.
A mediação, por si só, pode ser conceituada como o método pelo qual
há a criação de um ambiente, com envolvimento humano ou não, de
reaproximação das partes no conflito.
Essa reaproximação é fundamental para que as partes cheguem, por si
sós, a uma solução de conflitos. Isso tende a ser muito proveitoso para
situações em que as partes eram muito próximas nos contratos
firmados antes da geração do conflito e a reaproximação pode ser
decisiva, a exemplo de lides em contexto familiar.
Difere da conciliação, porque nesta há a sugestão pelo terceiro
conciliador de uma solução às partes. Difere da jurisdição, estatal ou
privada (arbitral), porque nestas um terceiro desinteressado decide o
conflito com aptidão de definitividade.
Naturalmente, como nos demais métodos, a mediação também é
aprimorada pelo uso das tecnologias da informação e pode ser
conduzida de forma on-line. Isso pode acontecer com participação
humana como mediador, restabelecendo e promovendo o diálogo das
partes, com atos síncronos (com todos participando ao mesmo tempo)
ou apenas assíncronos. Pode também ser conduzida de forma on-line,
em que o próprio ambiente on-line, por suas características, significa a
reaproximação das partes, como é o exemplo da plataforma
Consumidor.gov.
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Arbitragem on-line
O princípio do Acesso à Justiça não tem como conteúdo apenas o
acesso ao Poder Judiciário ou a uma decisão judicial estatal, mas o
direito a uma solução adequada, efetiva e justa para o conflito de
interesses.
A arbitragem é técnica
de solução de conflitos
mediante a qual os
conflitantes buscam em
uma terceira pessoa, de
sua confiança, a
solução amigável e
"imparcial" (porque não
feita pelas partes
diretamente) do litígio.
É, portanto, mais um
método ou mecanismo
à disposição das partes
para que essas possam
por ele optar, se esse se
apresentar de forma
mais adequada e efetiva
ao conflito. Em outras
palavras, se ele fizer
mais sentido ao conflito
de direito material
existente.
Tradicionalmente, a arbitragem gera importantes benefícios para as
partes que a escolheram, especialmente com relação à independência e
à expertise dos árbitros, à privacidade dos envolvidos, à flexibilidade do
procedimento e à celeridade na obtenção da sentença.
As tecnologias possibilitaram, nesse contexto, um novo meio arbitral de
resolver o conflito: a arbitragem on-line, que pode ser uma importante
forma de atenuação de inconvenientes da arbitragem tradicional, como
demora e custo, por meio do seu potencial de redução de custos e
garantia de maior velocidade à arbitragem.
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A arbitragem on-line tem, assim, potencial para
aprimorar o próprio método arbitral de resolver
conflitos e, por consequência, potencializar o próprio
conteúdo do princípio do Acesso à Justiça.
Parece, então, ser possível conceituar a arbitragem on-line como a
arbitragem que tenha seu procedimento integralmente desenvolvido por
meio digital ou com os usos das tecnologias da informação.
Nesse sentido, podem ser mencionadas algumas experiências
relevantes.
Experiências de destaque na arbitragem on-
line
Em primeiro lugar, cabe mencionar a Plataforma Europeia para
resolução de disputas consumeristas, regulada pela Diretiva
2013/11/EU e pelo Regulamento EU nº 524/13, de 21 de maio de 2013,
que cuida da resolução on-line de conflitos entre consumidores e
fornecedores e traz a arbitragem entre as modalidades de mecanismos
de solução de controvérsias.
Saiba mais
De acordo com oRegulamento EU nº 524/13, consumidores podem
registrar reclamações na Plataforma de Resolução Online de Conflitos,
cujo uso é facultativo, o que significa dizer que os consumidores podem
optar por ingressar diretamente em juízo contra o fornecedor, ainda que
a obtenção da resolução seja mais lenta e custosa. Vale salientar que a
plataforma de consumo europeia tem obtido boa taxa de êxito.
Ao longo do primeiro ano de implementação da Plataforma Europeia
Consumerista ODR, uma pesquisa indicou que mais de 24.000
consumidores prestaram reclamação na Plataforma e mais de 40%
alcançaram um acordo.
Outro relevante sistema de arbitragem on-line é o Uniform Domain-Name
Dispute Resolution Policy (UDRP), adotada por registradores
credenciados pela ICANN em todos os gTLDs (Generic Top-Level
Domain), a fim de analisar supostos abusos no uso do domínio de
determinado site.
Uma experiência interessante é a plataforma Kleros, a qual consiste em
um protocolo de resolução on-line de conflitos que utiliza blockchain e
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crowsourcing para resolver disputas de modo mais eficiente. Esse
sistema visa resolver conflitos envolvendo áreas como e-commerce e
economia compartilhada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando as ideias e definições de ODR, mediação e arbitragem
on-line, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa A está correta.
A
A arbitragem on-line se caracteriza como uma ODR
em que um terceiro desinteressado ao conflito
decide o conflito pela condução de um
procedimento integralmente on-line.
B
A mediação on-line se caracteriza como uma ODR
em que um terceiro desinteressado ao conflito
decide o conflito pela condução de um
procedimento integralmente on-line.
C
A mediação on-line não se caracteriza como uma
ODR em que um terceiro desinteressado ao conflito
decide o conflito pela condução de um
procedimento integralmente on-line.
D
A arbitragem on-line não se caracteriza como uma
ODR em que um terceiro desinteressado ao conflito
decide o conflito pela condução de um
procedimento integralmente on-line.
E
A mediação on-line e a arbitragem on-line são
métodos que se equivalem conceitualmente, apenas
se diferenciando em razão dos custos envolvidos.
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A arbitragem on-line é caracterizada por um tipo de ODR, no qual o
conflito é dirimido por um terceiro que não possui interesse no
deslinde daquele litígio, sendo procedida inteiramente on-line.
Questão 2
Assinale a alternativa que corresponda às principais vantagens da
utilização da arbitragem on-line.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A redução de custos e a maior celeridade dos procedimentos são
as principais vantagens da arbitragem on-line em relação à
arbitragem tradicional.
A
A aptidão de definitividade, característica típica do
modelo on-line, e a celeridade dos procedimentos.
B
A aptidão de definitividade, característica típica do
modelo on-line, e a redução de custos.
C
Aproximação das partes para resolverem por si sós
o conflito e maior celeridade do procedimento.
D
Redução de custos e maior celeridade do
procedimento.
E
Aproximação das partes para resolverem por si sós
o conflito e redução de custos.
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Considerações �nais
Como vimos, o princípio do Acesso à Justiça pode ser compreendido
em uma nova dimensão com a aplicação das tecnologias da informação
no aprimoramento dos métodos de resolução de conflitos ou na criação
de novos métodos. Dentro disto, estão as cortes on-line ou a Justiça
Digital, caracterizada pela prestação da jurisdição estatal de forma
integralmente on-line. No Brasil, destacam-se as Resoluções nº 345 e nº
372 do CNJ a esse respeito.
Vimos também a crescente participação dos mecanismos de
inteligência artificial nos atos procedimentais, sendo profícuas as
iniciativas do país. Além do conceito, estudamos possíveis limites na
utilização de tais mecanismos, especialmente a necessidade de
preservação das decisões humanas.
Por fim, vimos juntos as ODRs e as principais características dos
mecanismos de mediação e arbitragem on-line.
Podcast
Neste podcast, o especialista tratará do surgimento da Justiça Digital e
da resolução on-line de conflitos, destacando os benefícios e as críticas
que lhes são dirigidas.
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Explore +
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Conheça o projeto Dra. Luiza, implementado junto à Procuradoria do
Distrito Federal para entender os processos de execuções fiscais.
Saiba mais sobre o projeto em andamento no Supremo Tribunal Federal
conhecido como Victor, nomeado justamente em homenagem ao ex-
ministro do próprio STF Victor Nunes Leal.
Conheça também sobre o projeto Sócrates, voltado para identificar
previamente as controvérsias jurídicas presentes nos recursos
especiais.
Referências
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Arbitration, v. 449, p. 452, 2001.
BRIGGS, L. J. Civil Courts Structure Review: Final Report, July 2016.
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Law). London: Taylor and Francis, 2011.
ECONOMIDES, K. Lendo as ondas do “movimento de acesso à justiça”:
Epistemologia versus metodologia? In: PANDOLFI, D. [et al.] (orgs).
Cidadania, justiça e violência. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas,
1999. p. 61-76.
FALECK, D. Manual de design de sistemas de disputas: criação de
estratégias e processos eficazes para tratar conflitos. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2018.
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Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020.
MCCARTHY, J.; MINSKY, M. L.; ROCHESTER, N.; SHANNON, C. E. A
proposal for the Dartmouth summer research project on artificial
intelligence. AI magazine, v. 27, n. 4, p. 12, 2006.
RODRIGUES, M. A.; GISMONDI, R. Métodos de solução consensual de
conflitos e a Fazenda Pública. In: Mediação e arbitragem na
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04140/index.html# 48/48
administração pública: volume 2 [recurso eletrônico] / Coordenadores
Humberto Dalla Bernardina de Pinho, Roberto de Aragão Ribeiro
Rodrigues. Santa Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2020.
TAMER, M. Justiça digital. São Paulo: Juspodivm, 2021.
THAMAY, R.; TAMER, M. Provas no direito digital: conceito da prova
digital, procedimentos e provas digitais em espécie. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020.
SUSSKIND, R. Online courts and the future of justice. Oxford: Oxford
University Express, 2019.
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