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Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) Autor: Renan Araujo 19 de Setembro de 2023 Renan Araujo Aula 07 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Crimes Contra a Paz Pública 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Dos Crimes Contra a Saúde Pública 11 ..............................................................................................................................................................................................3) Questões Comentadas - Crimes Contra a Paz Pública - Multibancas 19 ..............................................................................................................................................................................................4) Questões Comentadas - Crimes Contra a Paz Pública - Cebraspe 22 ..............................................................................................................................................................................................5) Questões Comentadas - Crimes contra a Saúde Pública - Multibancas 25 ..............................................................................................................................................................................................6) Lista de Questões - Crimes Contra a Paz Pública - Multibancas 27 ..............................................................................................................................................................................................7) Lista de Questões - Crimes Contra a Paz Pública - Cebraspe 29 ..............................................................................................................................................................................................8) Lista de Questões - Crimes contra a Saúde Pública - Multibancas 30 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 2 32 DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 1 Incitação ao crime Incitação ao crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade. (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) Aqui temos um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige, portanto, nenhuma qualidade específica do sujeito ativo do crime. A conduta criminalizada é a de incitar, publicamente, a prática de crime. Ou seja, tipifica-se a conduta daquele que, publicamente, incita (estimula) um número indeterminado de pessoas à prática de crime. EXEMPLO: José, pelas redes sociais, incita os cidadãos brasileiros a invadirem o Congresso Nacional para agredir os deputados e senadores. EXEMPLO 2: José, munido de um megafone, considerando a grave crise econômica que se abateu sobre o país, incita as pessoas que passavam pela rua abandonarem a legalidade e subtrair alimentos dos supermercados em geral. O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de incitar um número indeterminado de pessoas a praticarem crime. Não há forma culposa para tal delito. O crime se consuma no momento em que o agente pratica a conduta de incitar, pouco importando se dessa incitação há adesão por parte de qualquer pessoa, ou seja, não é necessário que algum destinatário da incitação efetivamente venha a cometer o crime incitado. Trata-se, portanto, de crime de perigo abstrato, pois a prática da conduta gera presunção de perigo à paz pública, sendo desnecessária a comprovação da ocorrência de risco concreto. A tentativa é possível, salvo quando praticada na forma oral, já que nesse caso teremos um crime unissubsistente, inadmitindo a forma tentada. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 3 32 A “marcha da maconha” pode ser considerada incitação ao crime? Não. Manifestações pela descriminalização de qualquer conduta (descriminalização das drogas, do aborto, da eutanásia, etc.). não podem ser consideradas como incitação ao crime, na medida em que configuram exercício legítimo da liberdade de expressão, na medida em que todo cidadão tem o direito de entender que determinada conduta não deve mais ser considerada criminosa e externar seu entendimento buscando a descriminalização da conduta. O § único, incluído pela Lei 14.197/21, trouxe uma forma equiparada. Vejamos: Art. 286 (...) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade. (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) Logo, aquele que publicamente estimula o atrito entre as Forças Armadas (Exército contra Marinha, por exemplo), ou estimula o atrito entre elas e os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade, terá a mesma pena prevista no caput (detenção, de três a seis meses, ou multa). Como a pena mínima não ultrapassa 01 ano, é cabível a suspensão condicional do processo. Como a pena máxima não ultrapassa 02 anos, temos aqui uma infração penal de menor potencial ofensivo, da competência do JECrim. 2 Apologia de crime ou criminoso Apologia de crime ou criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Aqui temos um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige, portanto, nenhuma qualidade específica do sujeito ativo do crime. A conduta criminalizada é a de fazer, publicamente, apologia de fato criminoso (um fato criminoso já ocorrido) ou de autor de crime (autor de um fato criminoso já ocorrido). Fazer apologia é elogiar, enaltecer, exaltar. EXEMPLO: José, racista assumido, ao tomar conhecimento de um caso de lesão corporal praticada por motivação racista, veio a público e, em sua rede social, postou: “Gostei! Mas bateu foi pouco, tinha é que bater mais”. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 4 32 EXEMPLO 2: José faz publicação na internet na qual elogia a autora de um crime de homicídio, dizendo: “A forma como ela matou e esquartejou o marido me encantam! Uma mente brilhante, que nos brindou com um belo crime de homicídio. Fulana é nossa rainha!!”. Como a lei menciona “fato criminoso” ou “autor de crime”, prevalece que deva se referir a um fato passado.1 A criminalização da conduta se justifica na medida em que se busca preservar a paz pública, entendendo-se que a apologia a fato criminoso ou a autor de crime pode, ainda que de forma indireta, aumentar a incidência de crimes dessa natureza. Embora seja relativamente controvertido, prevalece o entendimento de que não é necessário que o fato criminoso enaltecido já tenha sido objeto de sentença penal condenatória. Ou seja, ainda que se trate de fato criminoso ainda investigado ou cujo processo criminal não tenha chegado ao fim, a apologia a tal fato (ou a seu autor) configurará o crime previsto no art. 287 do CP. O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de incitar um número indeterminado de pessoas a praticarem crime. Não há forma culposa para tal delito. Ademais, é importante destacar que se o elogio ao autor de crime não tem relação com o crime em si, não há o crime do art. 287. EXEMPLO: José, torcedor do Flamengo, publicamente diz: “Bruno foi o melhor goleiro que tive o prazer dever jogar com a camisa do Mengão!”. O “Bruno” em questão era o goleiro Bruno, condenado pela morte da modelo Eliza Samudio. Bruno, então, é considerado autor de crime. Porém, o elogio de José não tem qualquer relação com o crime praticado, referindo-se exclusivamente ao desempenho esportivo do até então goleiro. Consuma-se o crime com a mera apologia, independentemente da ocorrência de eventual risco à paz pública. Trata-se, portanto, de crime de perigo abstrato, pois a prática da conduta gera presunção de perigo à paz pública, sendo desnecessária a comprovação da ocorrência de risco concreto. 1 Nesse sentido, HELENO CLÁUDIO FRAGOSO. Nelson Hungria discordava. (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 620) Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 5 32 A tentativa é possível, salvo quando praticada na forma oral, já que nesse caso teremos um crime unissubsistente, inadmitindo a forma tentada. Como a pena mínima não ultrapassa 01 ano, é cabível a suspensão condicional do processo. Como a pena máxima não ultrapassa 02 anos, temos aqui uma infração penal de menor potencial ofensivo, da competência do JECrim. 3 Associação criminosa Associação Criminosa (redação dada pela Lei 12.850/13) Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.” (NR) Aqui temos um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige, portanto, nenhuma qualidade específica do sujeito ativo do crime. O elemento subjetivo é o dolo, mas se exige a finalidade especial de agir, consistente na intenção de praticar crimes, ou seja, não basta o dolo genérico de reunião. Não há forma culposa. A tentativa não é admissível.2 A Doutrina e a Jurisprudência entendem, ainda, que o delito de associação criminosa é crime permanente (pois se prolonga no tempo) e independe da prática de outros crimes pelos infratores, bastando que eles se reúnam com a finalidade de praticar delitos (com intenção de atuar de forma estável e permanente).3 2 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 618/621 3 Caso tenhamos uma reunião de quatro ou mais pessoas, organizadas de forma hierárquica e com divisão de tarefas, poderemos estar diante de uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, caso preenchidos os demais requisitos, nos termos da Lei 12.850/13: Art. 1º (...) § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 6 32 Mas, e se os agentes se reúnem para praticar crimes e não chegam a praticar nenhum dos crimes para os quais se reuniram? Nesse caso, mesmo assim estará configurado o crime de associação criminosa. Não é necessário, portanto, que os associados cheguem, efetivamente, a colocar em prática os crimes para os quais se reuniram. Como a pena mínima não ultrapassa 01 ano, é cabível a suspensão condicional do processo. Porém, como a pena máxima ultrapassa 02 anos, não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo. O § único do art. 288 nos traz uma causa especial de aumento de pena, que será aplicada: ▪ Quando se tratar de associação armada; ou ▪ Quando houver participação de criança ou adolescente. Nesses casos, a pena será aumentada até a metade! CUIDADO! Tal causa de aumento de pena, como vimos, será aplicada em duas hipóteses: ▪ Quando se tratar de associação armada; ou ▪ Quando houver participação de criança ou adolescente. No primeiro caso (associação armada), a Lei 12.850/13 (que alterou a redação do § único do art. 288) trouxe uma disposição mais benéfica ao acusado, já que a disposição anterior previa que a pena seria aplicada em dobro no caso de se tratar de associação armada. Assim, a lei nova é mais benéfica ao acusado, sendo, portanto, aplicável retroativamente. No segundo caso (participação de criança ou adolescente), contudo, a nova disposição é prejudicial ao acusado (pois a redação anterior não previa aumento de pena nesta hipótese). Assim, tal disposição não será aplicada aos crimes praticados ANTES da entrada em vigor da Lei 12.850/13. Vale frisar, ainda, que se a associação visa à prática de crimes hediondos, teremos uma forma qualificada de tal delito, prevista no art. 8º da Lei 8.072/90: Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 7 32 Tal qualificadora irá se verificar ainda que os associados não cheguem a praticar qualquer dos crimes hediondos ou equiparados para os quais se reuniram. O crime de associação criminosa, nesse caso, também não se configura como crime hediondo. Caso algum crime hediondo venha a ser praticado pelos associados, as disposições da Lei 8.072/90 serão aplicadas a tal específico crime (ex.: latrocínio), mas não ao crime de associação criminosa em si. Além disso, a própria Lei 8.072/90 traz uma causa de diminuição de pena (redução de um a dois terços), no caso de um dos associados denunciar o bando, possibilitando seu desmantelamento: Art. 8º (…) Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. 4 Constituição de milícia privada A Lei 12.720/12 nos trouxe a figura da “constituição de milícia privada”, prevista no art. 288-A do CP. Vejamos: Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Trata-se de figura semelhante ao tipo penal do art. 288 do CP, mas que com ele não se confunde. Aqui nós temos uma infinidade de condutas possíveis (constituir, financiar, integrar, etc.). Além disso, a Lei não prevê um número mínimo de integrantes. Contudo, como o texto da Lei nada diz a respeito da quantidade mínima de integrantes, duas correntes surgiram: ▪ É necessária a reunião de pelo menos 03 pessoas, pois isso é o exigido para a associação criminosa Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 8 32 ▪ É necessária a reunião de pelo menos 04 pessoas, já que esta é a atual exigência para a configuração de Organização Criminosa, nos termos da Lei 12.850/13. É a que prevalece4. Vejam, ainda, que a pena é bem mais severa (Varia de 04 a 08 anos de reclusão). Como a pena mínima ultrapassa 01 ano, NÃO é cabível a suspensão condicional do processo. Como a pena máxima ultrapassa 02 anos, não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA STJ - HC 216.996/BA – O STJ confirmou entendimento no sentido de que, para a caracterização do delito de associação criminosa, é necessário o elemento subjetivo do tipo, consistente na intenção de integrar uma associação criminosacom caráter ESTÁVEL E PERMANENTE (requisitos da estabilidade e permanência), caso contrário teríamos mero concurso de pessoas: (...) 2. Para a caracterização do crime descrito no artigo 288 do Código Penal, é necessário, entre outros, o elemento subjetivo do tipo, consistente no ânimo de associação de caráter estável e permanente. Do contrário, seria um mero concurso de agentes para a prática de crimes. 3. Reconhecido que a união do paciente com os demais corréus foi estável e permanente para o fim de cometer crimes, não há como absolvê-lo do delito no artigo 288 do Código Penal. (...) (HC 216.996/BA, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 02/10/2014) STJ – Resp 1.497.490 – O STJ entendeu que é possível o concurso de crimes entre o delito de milícia privada (art. 288-A do CP) e os crimes do Estatuto do Desarmamento. Assim, não teria havido “novatio legis in mellius” pela ausência de previsão, no novo tipo penal, de causa de aumento de pena por se tratar de milícia armada: 4 Nesse sentido, Cezar Roberto Bitencourt, Rogério Sanches e Rogério Greco. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 628; GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume IV. Ed. Impetus. Niterói-RJ, 2015, p. 238/239. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 9 32 (...) Não há que se falar em novatio legis in melius por conta da superveniência da Lei 12.720/2012, que introduziu o art. 288-A ao Código Penal e tipificou o crime de milícia privada. No novo tipo penal, o legislador deixou de prever a aplicação da pena em dobro na hipótese de milícia armada, contudo, não descartou o concurso formal entre o crime do art. 288-A e os delitos previstos no Estatuto do Desarmamento. E, considerando os inúmeros episódios em que a quadrilha se impôs à comunidade mediante a utilização ostensiva de armas de fogo, induvidosa a perspectiva de aplicação da fração máxima do art. 70 do CP, conduzindo a pena a patamares idênticos àqueles do art. 288, p. único c/c art. 8^ da Lei 8.072/90. (STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 1.497.490 - RJ (2014/0312370-8) – Pub. Em 21.09.2015) Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 10 32 Dos crimes contra a saúde pública Epidemia Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Infração de medida sanitária preventiva Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 11 32 Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Corrupção ou poluição de água potável Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 12 32 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 13 32 Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dadapela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Invólucro ou recipiente com falsa indicação Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Substância destinada à falsificação Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Outras substâncias nocivas à saúde pública Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 14 32 Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Medicamento em desacordo com receita médica Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. Charlatanismo Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Curandeirismo Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 15 32 II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Forma qualificada Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. Todos os crimes são COMUNS, ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa, não se exigindo do agente nenhuma qualidade especial. EXCEÇÃO: No entanto, o crime do art. 269 (omissão de notificação de doença) é CRIME PRÓPRIO, só podendo ser praticado por médico. O sujeito passivo é a coletividade e, subsidiariamente, eventual pessoa lesionada pela conduta do agente. CUIDADO MASTER! O crime de Epidemia com resultado MORTE (art. 267, §1º do CP) é considerado hediondo, nos termos do art. 1º, VII-B da Lei 8.072/90. Não é considerado hediondo na forma culposa! Além deste, o crime do art. 273 (Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais) também é considerado HEDIONDO, em todas as suas Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 16 32 formas DOLOSAS, nos termos do art. 1º, VII-B da Lei 8.072/90). Ou seja, tal delito NÃO é considerado hediondo em sua forma culposa. O elemento subjetivo é o DOLO, mas nos crimes dos arts. 267, 270 a 273, 278 e 280 há previsão de punição na modalidade CULPOSA. Desta forma, haverá punição na modalidade culposa em relação aos seguintes delitos: ▪ Epidemia (art. 267, §2º do CP) - NÃO É HEDIONDO NA FORMA CULPOSA ▪ Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal ▪ Corrupção ou poluição de água potável ▪ Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios ▪ Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais – NÃO É HEDIONDO NA FORMA CULPOSA ▪ Outras substâncias nocivas à saúde pública ▪ Medicamento em desacordo com receita médica A maioria esmagadora dos crimes previstos neste capítulo é considerada de PERIGO ABSTRATO, ou seja, não é necessário que se comprove a existência de um perigo real e concreto gerado pela conduta do agente, pois este perigo é presumido. No entanto, os crimes do art. 267 (Epidemia) e 280 (fornecimento de medicamento em desacordo com receita médica) são considerados pela Doutrina majoritária como sendo de PERIGO CONCRETO, o primeiro se consumando no momento em que a epidemia é causada, mediante a propagação dos germes1, e o segundo se consumando no momento em que o infrator entrega o medicamento à vítima (momento que gera o perigo concreto).2 A tentativa é sempre admitida, exceto nas modalidades culposas. O art. 285 prevê a aplicação do art. 258 no caso de a conduta do agente provocar lesão grave ou morte. No entanto, o próprio art. 285 ressalva, contudo, que ao art. 267 (Crime de Epidemia) não se aplica o art. 258, por já possuir regramento próprio no caso de ocorrência de algum resultado de dano. 1 Importante frisar que o crime de epidemia só se configura quando o agente dá causa à epidemia mediante a propagação de germes patogênicos que infectam seres humanos. Somente a propagação de doença humana, portanto, é que configura o crime do art. 267 do CP. Caso se trate de propagação de doença apta a infectar plantas ou animais teremos o crime do art. 61 da Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais). 2 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 606 Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 17 32 Ou seja: DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA (ARTS. 267 A 285 DO CP) AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO CONDUTA RESULTADO CONSEQUÊNCIA DOLOSA LESÃO GRAVE ACRÉSCIMO DE METADE DOLOSA MORTE PENA EM DOBRO CULPOSA LESÃO (QUALQUER) ACRÉSCIMO DE METADE CULPOSA MORTE PENA DO HOMICÍDIO CULPOSO + 1/3 EXCEÇÃO: Nada disso se aplica ao crime de epidemia (art. 267 do CP). Em relação ao crime de epidemia se aplica o seguinte regramento: CONDUTA RESULTADO CONSEQUÊNCIA DOLOSA MORTE PENA EM DOBRO CULPOSA MORTE PENA DE 02 A 04 ANOS DE DETENÇÃO Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 18 32 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (FCC – 2015 – TJ-PI – JUIZ SUBSTITUTO) Segundo a nova redação do art. 288 do Código Penal, conferida pela Lei n° 12.850/13, o crime de associação criminosa a) deve ter a pena aumentada até o dobro, se houver a participação de criança ou adolescente. b) consiste na associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes. c) deve ter a pena aumentada até a metade, se houver a participação de criança ou adolescente, não retroagindo tal disposição. d) conduz à aplicação da pena em dobro, se a associação é armada. e) deve ter a pena aumentada até a metade, se a associação é armada, não retroagindo tal disposição. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Neste caso a pena é aumentada até a metade, nos termos do art. 288, § único do CP. b) ERRADA: O crime de associaçãocriminosa exige a reunião de 03 OU MAIS pessoas (mínimo de 03) e não de “mais de 03” pessoas. c) CORRETA: Nos termos do § único do art. 288 do CP, no caso de haver participação de criança ou adolescente a pena deverá ser aumentada até a metade. Tal disposição, contudo, não pode retroagir para alcançar fatos praticados antes da entrada em vigir da Lei 12.850/13, eis que se trata de lei nova prejudicial ao acusado. d) ERRADA: Neste caso a pena também é aumentada até a metade, nos termos do art. 288, § único do CP. e) ERRADA: Neste caso a pena é aumentada até a metade, nos termos do art. 288, § único do CP. O erro, contudo, reside no fato de a questão afirmar que tal causa de aumento de pena não será aplicada de forma retroativa. Isto porque tal disposição configura lei nova mais benéfica, já que a disposição anterior previa que a pena seria aplicada em dobro no caso de se tratar de associação armada. Assim, a lei nova é mais benéfica ao acusado, sendo, portanto, aplicável retroativamente. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 2. (FUNCAB – 2013 – PC/ES – ESCRIVÃO) Laurindo, comerciante do ramo de joalheria, cansado de sofrer roubos em suas lojas, passou a financiar um esquadrão formado por ex-policiais, com a finalidade de que o referido grupo executasse os ladrões. O esquadrão já havia planejado a morte de dois ladrões, quando foi descoberto pela polícia. Assim, Laurindo e o esquadrão: Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 19 32 a) devem responder pelos delitos de bando ou quadrilha (artigo 288 do CP) e por duas tentativas de homicídio. b) devem responder unicamente pelo crime de constituição de milícia privada (artigo 288-A do CP). c) devem responder unicamente pelo crime de bando ou quadrilha (artigo 288 do CP). d) devem responder pelos delitos de constituição de milícia privada (artigo 288-A do CP) e por duas tentativas de homicídio. e) devem responder somente por duas tentativas de homicídio. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente deverá responder pelo delito de constituição de milícia privada, previsto no art. 288-A do CP. Vejamos: Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Não há que se falar em punição por tentativa de homicídio, pois a execução destes delitos não chegou a ser iniciada, ficando apenas no planejamento. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 3. (INSTITUTO CIDADES – 2010 – DPE-GO – DEFENSOR PÚBLICO) Quatro indivíduos reúnem- se, de forma estável e permanente, com o fim de cometer crimes de estelionato. Todavia, tendo cometido um único estelionato, o grupo é desmantelado em virtude de uma denúncia anônima. Nesses termos, todos os quatro devem responder penalmente por a) estelionato, apenas. b) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso formal próprio. c) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso formal impróprio. d) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso material. e) quadrilha ou bando, apenas. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 20 32 Cuidado! Como a questão foi aplicada antes de 2013, a conduta praticada é a de formação de quadrilha ou bando (além do estelionato, em concurso material). Atualmente, o nome do delito foi alterado para “associação criminosa”. Vejamos: Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Mas não foi só o nome que mudou. Anteriormente se exigia mais de 03 pessoas para a formação da quadrilha. Atualmente, exige-se um mínimo de 03 pessoas para a formação da associação criminosa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 21 32 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. Os tipos penais definidos como incitação ao crime e apologia de crime são espécies de crimes contra a paz pública. COMENTÁRIOS Item correto, pois tais delitos estão inseridos no Título IX da Parte Especial do CP, que trata dos crimes contra a paz pública, mais precisamente, encontram-se tipificados nos arts. 286 e 287 do CPP: Incitação ao crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Apologia de crime ou criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 2. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. No caso de três ou mais pessoas associarem-se com a intenção de cometer um único assalto a banco, estará configurado o crime de associação criminosa. COMENTÁRIOS Item errado, pois para a configuração do crime de associação criminosa, previsto no art. 288 do CP, é necessário que se trate de reunião para a prática de crimes (no plural), não sendo suficiente a reunião eventual para a prática de um único delito: Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 22 32 Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 3. (CESPE – 2014 – PGE-BA – PROCURADOR) A associação, de três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes, configura quadrilha ou bando, devendo a pena imposta ao condenado com base nesse tipo penal ser aumentada até a metade quando tomarem parte da associação criança, adolescente, idoso ou pessoas com deficiência. COMENTÁRIOS Item errado por dois motivos. Primeiro, porque tal conduta configura o delito de ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (que substituiu o antigo crime de quadrilha ou bando). Em segundo lugar, porque a causa de aumento de pena só se aplica se há participação de criança ou adolescente, e não no caso de idoso ou pessoa com deficiência: Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 4. (CESPE – 2014 – TCE-PB – PROCURADOR – ADAPTADA) A prática de constituir, organizar ou manter milícia particular sujeita o agente à pena de reclusão de três a oito anos e multa. COMENTÁRIOS Item errado, pois a pena, neste caso, é de quatro a oito anos de reclusão: Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organizaçãoparamilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 23 32 qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 24 32 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue. A conduta de disseminar germes patológicos com o objetivo de infectar plantas e animais não configura o crime de epidemia. COMENTÁRIOS Item errado, pois o crime de epidemia só se configura quando o agente dá causa à epidemia mediante a propagação de germes patogênicos que infectam seres humanos. Somente a propagação de doença humana, portanto, é que configura o crime do art. 267 do CP. Caso se trate de propagação de doença apta a infectar plantas ou animais teremos o crime do art. 61 da Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais). Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 2. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue. Situação hipotética: Após anos de trabalho como auxiliar de enfermagem, Marcos abriu um consultório médico e passou a realizar consulta, a ministrar medicamentos aos seus pacientes e a realizar pequenas intervenções cirúrgicas. Assertiva: Nessa situação, Marcos pratica o crime de exercício ilegal da profissão. COMENTÁRIOS Item errado, pois o agente, neste caso, praticou o delito de “exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica”, mais precisamente o crime de exercício ilegal da arte dentária, na forma do art. 282 do CP: Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 25 32 3. (VUNESP – 2012 – TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO) O crime de infração de medida sanitária preventiva tem pena aumentada de um terço se o agente I. é funcionário da saúde pública; II. praticou o ato com intenção de lucro; III. exerce profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Completa adequadamente a proposição o que se afirma apenas em a) I. b) II. c) III. d) I e III. COMENTÁRIOS Tal delito está previsto no art. 268 do CP: Infração de medida sanitária preventiva Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Assim, podemos ver que haverá incidência da causa de aumento de pena caso o agente: • Seja funcionário da saúde pública; • Exerça profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Desta forma, as assertivas corretas são as de nº I e III. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 26 32 1 EXERCÍCIOS PARA PRATICAR 1. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. Os tipos penais definidos como incitação ao crime e apologia de crime são espécies de crimes contra a paz pública. 2. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. No caso de três ou mais pessoas associarem-se com a intenção de cometer um único assalto a banco, estará configurado o crime de associação criminosa. 3. (FCC – 2015 – TJ-PI – JUIZ SUBSTITUTO) Segundo a nova redação do art. 288 do Código Penal, conferida pela Lei n° 12.850/13, o crime de associação criminosa a) deve ter a pena aumentada até o dobro, se houver a participação de criança ou adolescente. b) consiste na associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes. c) deve ter a pena aumentada até a metade, se houver a participação de criança ou adolescente, não retroagindo tal disposição. d) conduz à aplicação da pena em dobro, se a associação é armada. e) deve ter a pena aumentada até a metade, se a associação é armada, não retroagindo tal disposição. 4. (FUNCAB – 2013 – PC/ES – ESCRIVÃO) Laurindo, comerciante do ramo de joalheria, cansado de sofrer roubos em suas lojas, passou a financiar um esquadrão formado por ex-policiais, com a finalidade de que o referido grupo executasse os ladrões. O esquadrão já havia planejado a morte de dois ladrões, quando foi descoberto pela polícia. Assim, Laurindo e o esquadrão: a) devem responder pelos delitos de bando ou quadrilha (artigo 288 do CP) e por duas tentativas de homicídio. b) devem responder unicamente pelo crime de constituição de milícia privada (artigo 288-A do CP). c) devem responder unicamente pelo crime de bando ou quadrilha (artigo 288 do CP). Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 27 32 2 d) devem responder pelos delitos de constituição de milícia privada (artigo 288-A do CP) e por duas tentativas de homicídio. e) devem responder somente por duas tentativas de homicídio. 5. (INSTITUTO CIDADES – 2010 – DPE-GO – DEFENSOR PÚBLICO) Quatro indivíduos reúnem- se, de forma estável e permanente, com o fim de cometer crimes de estelionato. Todavia, tendo cometido um único estelionato, o grupo é desmantelado em virtude de uma denúncia anônima. Nesses termos, todos os quatro devem responder penalmente por a) estelionato, apenas. b) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso formal próprio. c) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso formal impróprio. d) quadrilha ou bando e estelionato, em concurso material. e) quadrilha ou bando, apenas. GABARITO 1. ALTERNATIVA C 2. ALTERNATIVA B 3. ALTERNATIVA D Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 28 32 1 EXERCÍCIOS PARA PRATICAR 1. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. Os tipos penais definidos como incitação ao crime e apologia de crime são espécies de crimes contra a paz pública. 2. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública. No caso de três ou mais pessoas associarem-se com a intenção de cometer um único assalto a banco, estará configurado o crime de associação criminosa. 3. (CESPE – 2014 – PGE-BA – PROCURADOR) A associação, de três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes, configura quadrilha ou bando, devendo a pena imposta ao condenado com base nesse tipo penal ser aumentada até a metade quando tomarem parte da associação criança, adolescente, idoso ou pessoas com deficiência. 4. (CESPE – 2014 – TCE-PB – PROCURADOR – ADAPTADA) A prática de constituir, organizar ou manter milícia particular sujeita o agente à pena de reclusão de três a oito anos e multa. GABARITO 1. CORRETA 2. ERRADA 3. ERRADA 4. ERRADA Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br29 32 1 EXERCÍCIOS PARA PRATICAR 1. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue. A conduta de disseminar germes patológicos com o objetivo de infectar plantas e animais não configura o crime de epidemia. 2. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a incolumidade pública, julgue o item que se segue. Situação hipotética: Após anos de trabalho como auxiliar de enfermagem, Marcos abriu um consultório médico e passou a realizar consulta, a ministrar medicamentos aos seus pacientes e a realizar pequenas intervenções cirúrgicas. Assertiva: Nessa situação, Marcos pratica o crime de exercício ilegal da profissão. 3. (VUNESP – 2012 – TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO) O crime de infração de medida sanitária preventiva tem pena aumentada de um terço se o agente I. é funcionário da saúde pública; II. praticou o ato com intenção de lucro; III. exerce profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Completa adequadamente a proposição o que se afirma apenas em a) I. b) II. c) III. d) I e III. Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 30 32 2 GABARITO 1. ERRADA 2. ERRADA 3. ALTERNATIVA D Renan Araujo Aula 07 PC-SP (Escrivão) Noções de Direito (Direito Penal) - 2023 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 31 32