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Os principais objetivos do Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Litoral Norte de Sergipe Lei Ordinária 9147/2022: Disciplinar o ordenamento territorial necessário ao desenvolvimento sustentável da zona costeira. Subdividir a zona costeira em zonas territoriais identificadas a partir das necessidades. Estabelecer diretrizes para atividades turísticas compatíveis com as potencialidades locais, proteção de remanescentes florestais e recursos hídricos, recuperação de áreas degradadas, promoção de turismo sustentável, ecoturismo, turismo rural e de base comunitária, apoio a programas de redução de uso de agrotóxicos, e promoção de educação ambiental para as comunidades costeiras. Garantir a balneabilidade, segurança e livre acesso às praias, conservação do ambiente, promoção da preservação de estuários, manguezais e biodiversidade marinha, qualidade das águas costeiras, produção de energia renovável sustentável, monitoramento da erosão costeira, integração das políticas públicas na zona orla marítima, e proibição de atividades prejudiciais ao ambiente costeiro. Esses objetivos visam promover o desenvolvimento sustentável, a conservação ambiental e a proteção dos recursos naturais na região costeira de Sergipe. Algumas críticas que podem ser feitas sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Litoral Norte de Sergipe: Falta de detalhamento: A lei pode não fornecer detalhes específicos o suficiente sobre como as diretrizes serão implementadas na prática, o que pode levar a interpretações variadas e falta de clareza na execução. Fiscalização e cumprimento: Pode haver preocupações sobre a eficácia da fiscalização e do cumprimento das diretrizes estabelecidas na lei, especialmente considerando a necessidade de monitoramento constante das atividades na zona costeira. Participação pública: A falta de mecanismos claros para a participação pública e envolvimento das comunidades locais na implementação do zoneamento pode resultar em decisões que não reflitam adequadamente as necessidades e preocupações das populações afetadas. Conflitos de interesses: Pode haver conflitos de interesses entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, o que pode dificultar a tomada de decisões equilibradas e sustentáveis. Revisão e atualização: A necessidade de revisão periódica e atualização do zoneamento para garantir sua relevância e eficácia ao longo do tempo pode não estar claramente estabelecida na lei. Com a leitura da lei e dos artigos auxiliares é possível perceber que certos padrões continuam a se repetir, essas críticas destacam áreas de melhoria potenciais que podem ser consideradas para fortalecer a implementação e eficácia do Zoneamento Ecológico- Econômico Costeiro do Litoral Norte de Sergipe. Artigo: Monumento Natural do São Francisco: pescadores artesanais e gestão participativa O artigo analisa a participação dos pescadores artesanais no Conselho Consultivo do Monumento Natural do Rio São Francisco (CCMNRSF) e sua influência na gestão compartilhada da Unidade de Conservação. Destaca-se a importância da presença dos pescadores artesanais no conselho, evidenciando que sua participação contribui para uma gestão mais inclusiva e sustentável. Além disso, a presença dos pescadores nas reuniões teve impacto positivo, influenciando a dinâmica das discussões e garantindo que suas demandas fossem consideradas. O artigo também aborda a criação de uma Reserva Extrativista como alternativa defendida pelos pescadores antes da criação do Monumento Natural, ressaltando a importância de considerar as perspectivas e necessidades das comunidades locais na gestão de Unidades de Conservação. Levando em consideração a importância da participação da comunidade nas leis com interferência direta ao local e com a leitura deste artigo percebe-se que a presença dos pescadores artesanais no conselho de gestão do Monumento Natural do São Francisco é de extrema importância por várias razões: Representatividade: Os pescadores artesanais são diretamente afetados pelas decisões tomadas na Unidade de Conservação, portanto, sua presença no conselho garante que suas vozes e interesses sejam considerados nas discussões e tomadas de decisão. Conhecimento local: Os pescadores artesanais possuem um conhecimento profundo do ambiente em que atuam, incluindo práticas tradicionais de pesca e impactos ambientais locais. Esse conhecimento é valioso para a gestão adequada da Unidade de Conservação. Participação ativa: A participação dos pescadores artesanais no conselho de gestão permite que eles contribuam ativamente com sugestões, propostas e soluções para questões relacionadas à conservação e uso sustentável dos recursos naturais na região. A participação dos pescadores nas reuniões do Conselho Consultivo do Monumento Natural do Rio São Francisco teve impacto significativo. A presença dos representantes do setor pesqueiro, especialmente dos pescadores artesanais, influenciou positivamente a dinâmica das reuniões, aumentando a efetividade da participação dos demais conselheiros e representantes. Além disso, a presença unânime dos representantes do setor pesqueiro em uma das reuniões incentivou a exposição de demandas por parte dos conselheiros da categoria, demonstrando que a presença dos pares é um fator que aumenta a efetividade da participação dos outros pescadores ou representantes no Conselho Consultivo. Portanto, a participação dos pescadores artesanais nas reuniões do conselho teve um impacto positivo ao garantir que suas vozes fossem ouvidas, suas demandas fossem apresentadas e consideradas, e que a gestão da Unidade de Conservação fosse mais inclusiva e representativa dos interesses das comunidades locais envolvidas na pesca artesanal. Em resumo, a presença dos pescadores artesanais no conselho de gestão do Monumento Natural do São Francisco é fundamental para garantir uma gestão mais inclusiva, participativa e eficaz, levando em consideração a realidade e as necessidades das comunidades locais envolvidas na atividade pesqueira artesanal. Neste sentido, para garantir a participação ativa dos pescadores na gestão do Monumento Natural do São Francisco, estão sendo adotadas as seguintes medidas: Reserva de assentos: Os pescadores artesanais possuem assentos reservados no Conselho Consultivo do MONA, representando 13% do total de vagas disponíveis, o que garante sua presença e representatividade nas discussões e decisões. Gestão participativa: Através de uma abordagem de gestão participativa, os pescadores artesanais e outras comunidades têm a capacidade de colaborar na tomada de decisões relacionadas à Unidade de Conservação. Isso inclui transferir o poder de decisão para as comunidades locais, priorizando sua participação na gestão do ambiente natural. Incentivo à participação: O caráter descentralizador e as atitudes democráticas apresentadas pelo órgão presidente do Conselho Consultivo do MONA incentivam a participação de diferentes setores, incluindo os pescadores artesanais. A presença constante dos representantes do setor pesqueiro nas reuniões demonstra o apoio e interesse na participação ativa dessas comunidades. Essas medidas visam garantir que os pescadores artesanais tenham voz ativa e participação efetiva na gestão do Monumento Natural do São Francisco, contribuindo para uma abordagem mais inclusiva e sustentável na conservação dos recursos naturais da região. Algumas das críticas apontadas pelo artigo: Impacto nas atividades tradicionais: A criação de uma Unidade de Conservação pode afetar de forma significativa as atividades dos pescadores artesanais, limitando suas áreas de pesca e gerando conflitos territoriais. Restrições sem diálogo prévio: A imposição de restrições ao uso dos recursos sem um processo democrático de discussão e definição de limites pode afastar as comunidadeslocais da gestão das Unidades de Conservação, prejudicando os esforços de conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Escolha da categoria da Unidade de Conservação: Algumas críticas apontam que, antes da criação do Monumento Natural do São Francisco, os pescadores artesanais reivindicaram a criação de uma Reserva Extrativista (RESEX) em vez de um Monumento Natural, argumentando que a RESEX considera a desapropriação apenas para quem não pertence à comunidade tradicional, o que poderia ser mais favorável aos pescadores. Essas críticas destacam a importância de considerar as perspectivas e necessidades das comunidades locais, como os pescadores artesanais, na gestão e criação de Unidades de Conservação, visando uma abordagem mais participativa, inclusiva e sustentável. Artigo: Pescadores Artesanais na Gestão Participativa de Recursos Hídricos O artigo aborda a participação dos pescadores artesanais na gestão de recursos hídricos, destacando a importância da preservação dos usos múltiplos dos recursos hídricos e a participação ativa desses atores nesse processo. Os pescadores artesanais enfrentam conflitos na regulamentação da pesca, alocação e apropriação privada de recursos, especialmente em bacias hidrográficas como a do São Francisco. Eles lutam contra a dominação exclusiva para fins econômicos, buscando garantir a manutenção dos territórios de pesca e a conservação dos recursos pesqueiros. A presença dos pescadores artesanais em fóruns de discussão e decisão sobre recursos hídricos é fundamental para a gestão participativa da água, considerando sua relação de subsistência com os recursos hídricos. Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) desempenham um papel importante na coordenação da gestão integrada das águas, na mediação de conflitos e na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). No entanto, existem desafios para a efetiva participação dos pescadores artesanais, como a linguagem técnica utilizada nos espaços de decisão, as dificuldades de deslocamento para reuniões e a sobreposição de interesses. Apesar dos avanços na participação dos pescadores artesanais em órgãos colegiados, ainda há obstáculos que limitam sua efetiva contribuição, como a falta de atratividade das pautas, resistência em incorporar demandas sociais das comunidades menos favorecidas e a burocratização das reuniões. A presença ativa dos pescadores artesanais nos processos de gestão de recursos hídricos é essencial para garantir a sustentabilidade dos territórios de pesca e a conservação dos recursos naturais. O artigo comenta acerca da apropriação dos recursos hídricos para fins econômicos e como isso afeta os pescadores artesanais de diversas maneiras, tendo em vista que quando os recursos hídricos são prioritariamente utilizados para atividades econômicas, como a exploração de água para irrigação agrícola, indústria ou abastecimento urbano, isso pode limitar os usos tradicionais e costumeiros feitos pelos pescadores artesanais. Essa priorização econômica pode resultar na exclusão ou restrição do acesso dos pescadores aos locais de pesca, impactando diretamente em suas práticas de subsistência e geração de renda. Além disso, a apropriação econômica dos recursos hídricos pode levar ao cerceamento dos territórios pesqueiros dos pescadores artesanais, causando conflitos relacionados à disputa por esses espaços. A restrição ou degradação desses territórios pode comprometer a sobrevivência e a identidade cultural das comunidades de pescadores artesanais, que dependem desses recursos para sua subsistência e manutenção de suas tradições. Destarte, a apropriação dos recursos hídricos para fins econômicos pode impactar negativamente os pescadores artesanais, restringindo seu acesso aos recursos naturais, gerando conflitos territoriais e ameaçando suas formas de vida tradicionais. Neste sentido, o artigo demonstra que os principais conflitos relacionados à gestão dos recursos hídricos em bacias hidrográficas brasileiras envolvem questões como: Regulamentação da pesca: Conflitos surgem devido a divergências na regulamentação da pesca, incluindo restrições de acesso, períodos de defeso, tamanhos mínimos de captura, entre outros aspectos que impactam diretamente os pescadores artesanais. Alocação de recursos: Disputas pela alocação de recursos hídricos, como água para irrigação agrícola, abastecimento urbano e geração de energia, podem gerar conflitos entre diferentes usuários, incluindo pescadores artesanais que dependem da água para suas atividades. Acesso aos recursos pesqueiros: Conflitos surgem quando há competição pelo acesso aos recursos pesqueiros, seja devido à redução das áreas de pesca disponíveis, à degradação dos habitats naturais ou à superexploração dos estoques pesqueiros. Uso da água: Disputas relacionadas ao uso da água, como a destinação para atividades agrícolas, industriais ou de abastecimento humano, podem gerar conflitos entre diferentes setores da sociedade, incluindo pescadores artesanais que dependem da qualidade e quantidade adequada de água para suas atividades. Esses conflitos evidenciam a complexidade da gestão dos recursos hídricos em bacias hidrográficas brasileiras, destacando a importância de abordagens participativas e integradas que considerem os diversos interesses e necessidades dos usuários, incluindo os pescadores artesanais. A gestão compartilhada e a resolução colaborativa de conflitos são fundamentais para promover a sustentabilidade dos recursos hídricos e garantir a equidade no acesso e uso da água. Em contra ponto aos conflitos e explorações econômicas do local, o artigo sugere que a participação dos pescadores artesanais pode contribuir significativamente para a preservação dos recursos hídricos de diversas formas: Monitoramento ambiental: Os pescadores artesanais, devido ao seu conhecimento local e experiência prática, podem atuar como observadores e monitorar a qualidade da água, a saúde dos ecossistemas aquáticos e a abundância de espécies aquáticas. Esse monitoramento pode ajudar na identificação de impactos ambientais e na implementação de medidas de conservação. Conservação de habitats: Os pescadores artesanais têm um interesse direto na conservação dos habitats aquáticos, uma vez que dependem desses ambientes saudáveis para a pesca. Eles podem contribuir para a proteção de áreas de reprodução, desova e alimentação de espécies aquáticas, ajudando a manter a biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos pesqueiros. Práticas sustentáveis de pesca: A participação dos pescadores artesanais na gestão dos recursos hídricos pode promover a adoção de práticas de pesca sustentáveis, como o respeito aos períodos de defeso, o uso de artes de pesca seletivas e a limitação da captura de espécies ameaçadas. Isso contribui para a conservação dos estoques pesqueiros e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Engajamento comunitário: A participação dos pescadores artesanais em processos de tomada de decisão e gestão dos recursos hídricos promove o engajamento comunitário e a valorização dos conhecimentos tradicionais. Essa integração das comunidades locais nas ações de conservação pode fortalecer a proteção dos recursos hídricos e promover a sustentabilidade a longo prazo. Com a leitura do artigo, percebe-se que as críticas apontadas estão relacionadas principalmente à falta de efetividade da participação dos pescadores artesanais na gestão dos recursos hídricos, apesar de sua presença assegurada nos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs). Algumas das críticas apontadas são: Participação simbólica: Observa-se que a participação dos pescadores artesanais nos CBHs muitas vezes é utilizada de forma simbólica, sem garantir o real protagonismo desses atores nas decisões tomadas nesses espaços. Os pescadores acabam tendo sua presença reduzidaa legitimar os interesses de outras categorias, sem efetivamente influenciar as decisões. Barreiras à participação efetiva: Existem barreiras que dificultam a participação efetiva dos pescadores artesanais na gestão dos recursos hídricos, como a linguagem técnica predominante nos CBHs, a falta de formação continuada e específica para as comunidades tradicionais, e a resistência em incorporar demandas sociais dessas comunidades nos processos decisórios. Conflitos e sobreposição de interesses: Há relatos de conflitos e sobreposição de interesses nos CBHs, favorecendo a prevalência de interesses individuais em detrimento dos interesses coletivos da bacia. Além disso, levanta-se a hipótese da existência de uma espécie de participação provocada, na qual os membros são manipulados para alcançar objetivos de interesse previamente estabelecidos. Essas críticas apontam para a necessidade de repensar e fortalecer os mecanismos de participação dos pescadores artesanais na gestão dos recursos hídricos, visando garantir uma efetiva representatividade, protagonismo e contribuição dessas comunidades para a preservação e sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e dos recursos hídricos brasileiros.