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Princípios Constitucionais e Normas

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Direito Constitucional
Unidade 2
Princípios constitucionais 
fundamentais e a eficácia da norma
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO 
MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão
Possuo graduação em Direito pela Universidade de Ciências Sociais 
Aplicadas (Unifacisa). Atualmente, sou professora conteudista e autora 
de cadernos de questões. Como jurista, atuo nas áreas de Direito Penal, 
Direito do Trabalho e Direito do Consumidor.
Milena Barbosa de Melo
Possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da 
Paraíba. Sou Especialista e Mestra em Direito Comunitário e Doutora em 
Direito Internacional, todos esses títulos pela Universidade de Coimbra. 
Atualmente, sou professora universitária. Como jurista, atuo principalmente 
nas seguintes áreas: Direito Internacional – público e privado, Jurisdição 
Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da 
Propriedade Intelectual e Direito Digital.
Com satisfação, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a 
integrar seu elenco de autores independentes. Diante dessa oportunidade, 
estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo 
e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Princípios do direito constitucional .................................................... 10
Princípios ............................................................................................................................................... 10
Princípios da Constituição ......................................................................................................... 11
Direito e as garantias fundamentais ................................................... 19
Conceito de direitos e as garantias fundamentais ................................................. 19
Características dos direitos e garantias fundamentais ....................................... 20
Dos direitos e deveres individuais e coletivos ........................................................... 21
Direitos sociais ...................................................................................................................................23
Direitos de nacionalidade ..........................................................................................................24
Dos direitos políticos.....................................................................................................................26
Dos partidos políticos ..................................................................................................................27
Formas de eficácia da norma constitucional ..................................29
Eficácia da norma constitucional .........................................................................................29
Normas de eficácia plena ......................................................................................29
Normas de eficácia contida ................................................................................. 30
Normas de eficácia limitada .................................................................................32
Classificação da norma constitucional .............................................. 37
A interpretação da Constituição ...........................................................................................37
Correntes da interpretação ..................................................................................................... 39
Métodos de interpretação ....................................................................................................... 40
Método jurídico ............................................................................................................. 40
Método tópico-problemático .............................................................................. 41
Método hermenêutico-concretizador .......................................................... 41
Método científico-espiritual ..................................................................................43
Método normativo-estruturante .......................................................................44
Interpretação comparativa ....................................................................................44
7
UNIDADE
02
Direito Constitucional
8
INTRODUÇÃO
O Direito é um ramo que possui uma extensão de disciplinas, sendo 
o Direito Constitucional uma das principais, pois trata da Constituição 
Federal, norma norteadora dos demais ramos. Sendo assim, esta 
unidade será dedicada ao estudo dos princípios da Constituição 
Federal, relatando o que vem exposto no texto constitucional e a 
sua aplicabilidade. Ainda, como princípios essenciais à sociedade, 
estudaremos sobre os direitos e as garantias individuais, estabelecidas 
nas cláusulas pétreas contidas na norma. Sabendo da importância 
da norma, é necessário conhecer como se dá a sua eficácia e a sua 
interpretação. Vamos juntos nesta jornada?
Direito Constitucional
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Princípios constitucionais 
fundamentais e a eficácia da norma. Nosso objetivo é auxiliar você 
no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Entender de forma contextualizada os princípios do Direito 
Constitucional.
2. Identificar os princípios Constitucionais correlacionais aos direitos 
individuais.
3. Discernir sobre as formas de eficácia da norma Constitucional.
4. Assimilar a classificação da norma Constitucional.
Você está preparado para adquirir conhecimento sobre um 
assunto fascinante e inovador como esse? Então, vamos lá!
Direito Constitucional
10
Princípios do direito constitucional 
OBJETIVO:
Você sabe que a Constituição Federal de 1988 exerce um 
papel essencial na vida do cidadão? Então, tanto é que ela 
é conhecida como a Carta Maior do Estado. Desse modo, 
abordaremos neste capítulo os princípios que norteiam 
essa norma máxima e a sua importância para a vida social. 
Prontos? Vamos lá!
Princípios
Iniciamos esta unidade fazendo o seguinte questionamento: você já 
ouviu falar sobre princípios? Sabe de fato o que eles representam e sua 
definição? E a sua importância no âmbito jurídico? A palavra “princípio” 
advém do latim, cujo significado, de forma simples, é de início, origem das 
coisas, começo. Com relação a esse assunto, é exposto por Silva (1989) que:
No sentido jurídico, notadamente no plural, quer significar 
as normas elementares ou os requisitos primordiais 
instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. E, 
assim, princípios revelam o conjunto de regras e preceitos, 
que se fixaram paraservir de norma a toda espécie de ação 
jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer 
operação jurídica. Desse modo, exprimem sentido. 
Mostram a própria razão fundamental de ser das coisas 
jurídicas, convertendo-se em perfeitos axiomas. Princípios 
Jurídicos, sem dúvida, significam pontos básicos, que 
servem de ponto de partida ou de elementos vitais do 
próprio Direito. E, nesta acepção, não se compreendem 
somente os fundamentos jurídicos, legalmente instituídos, 
mas todo axioma jurídico derivado da cultura jurídica 
universal. Compreendem, pois, os fundamentos da 
Ciência Jurídica, onde se firmaram as normas originárias 
ou as leis científicas do Direito, que traçam as noções em 
que se estrutura o próprio Direito. Assim, nem sempre os 
princípios inscrevem-se nas leis. Mas, porque servem de 
base ao Direito, são tidos como preceitos fundamentais 
para a prática do Direito e proteção aos Direitos. (SILVA, 
1989, p. 447)
Direito Constitucional
11
Analisando o conceito exposto acima, podemos enxergar a 
importância dos princípios no ordenamento jurídico, não é mesmo?
Os princípios representam uma base de suma importância do 
ordenamento jurídico, pois eles atuam como caminho de direção para 
elaboração e aplicação das normas jurídicas. Como forma de melhor 
compreensão do conceito de princípio, Silva (2003) traz os seguintes 
elementos que o definem:
1. São determinações nucleares e essenciais de um sistema 
normativo.
2. Agem como base da ordem jurídica.
3. São formados por elementos extraídos da cultura sociojurídica de 
uma sociedade.
4. Transmitem comandos que causam influência na composição e 
no funcionamento das demais normas jurídicas.
Importante destacarmos que os princípios não se sobrepõem à lei, 
mas têm caráter normativo, pois possuem o condão de serem aplicados 
pela autoridade judicial. Eles também atuam como forma de orientação 
da lei, servindo de alicerce para o direito.
Vendo a importância dos princípios e a sua definição, agora, cabe a 
nós estudar sobre os princípios do Direito Constitucional, tendo em mente 
que todos os ramos do Direito possuem princípios aplicáveis a eles.
Princípios da Constituição
Sendo considerados como normas abertas, os princípios 
constitucionais são aplicados como diretrizes de compreensão para as 
demais normas constitucionais. Pode-se dizer, então, que os princípios 
constitucionais possuem a finalidade de auxiliar na interpretação válida 
da Constituição, como também de suprir possíveis lacunas presentes no 
nosso diploma. Como sabemos, a Constituição Federal é norteadora do 
Direito Constitucional. Nesses termos, do 1º ao 4º artigo, a Carta Magna 
traz o rol dos princípios Constitucionais. Inicialmente, podemos dispor o 
texto do artigo 1º:
Direito Constitucional
12
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. (BRASIL, 1988)
Em que constitui cada um desses fundamentos?
A soberania atribui ao Estado o poder de decisão, e esse fundamento 
vem acompanhado de dois requisitos: o território e o povo, pois são esses 
requisitos que permitem que ele exerça a sua soberania. Pode-se, ainda, 
dizer que essa soberania conferida ao Estado estabelece que não existe 
nenhum poder acima do Estado na ordem interna.
No que tange à cidadania, quando o legislador utiliza essa 
expressão, ele a traz de forma abrangente e não apenas como um termo 
técnico-jurídico. Nesses termos, Paulo e Alexandrino (2017) asseguram 
que a cidadania não é satisfeita com a simples atribuição formal de 
direitos políticos ativos e passivos aos brasileiros que atendam aos 
requisitos legais. Essa cidadania estabelece que o Poder Público atue, 
de forma concreta, com a finalidade de incentivar e oferecer condições 
propícias à participação efetiva da política dos indivíduos na condução 
dos negócios do Estado, garantindo os seus direitos, controlando os atos 
dos órgãos públicos, cobrando dos seus representantes o cumprimento 
dos compromissos que foram assumidos em campanha eleitoral.
IMPORTANTE:
É por meio da cidadania que é assegurado ao indivíduo a 
sua integração de forma irrestrita na sociedade política.
A dignidade da pessoa humana consagra o Brasil como uma 
organização centrada no ser humano, e não em qualquer outro referencial. 
Ela estabelece que a razão de o Estado existir não consiste na propriedade 
Direito Constitucional
13
nem nas classes, corporações, organizações religiosas, nem mesmo no 
próprio Estado, uma vez que a razão de ser tem como fundamento a 
pessoa humana. É da dignidade da pessoa humana que decorrem valores 
constitucionais como o direito à vida, à intimidade, à honra e à imagem.
A dignidade da pessoa humana assenta-se no 
reconhecimento de duas posições jurídicas ao indivíduo. 
De um lado, apresenta-se como um direito de proteção 
individual, não só em relação ao Estado, mas, também, 
frente aos demais indivíduos. De outro, constitui dever 
fundamental de tratamento igualitário dos próprios 
semelhantes. (PAULO; ALEXANDRINO, 2017, p. 137)
O quarto fundamento diz respeito aos valores sociais do trabalho 
e da livre iniciativa. Esse fundamento configura o Brasil como um Estado 
que deve ser de forma obrigatória capitalista, mas, ao mesmo tempo, 
também assegura que, nas relações existentes entre o capital e o trabalho, 
deve ser reconhecido o valor social do labor. Esse fundamento é reforçado 
pelo art. 170 da Constituição Federal que dispõe: “A ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por 
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social” (BRASIL, 1988, s/p).
Por fim, existe o fundamento do pluralismo político, sendo 
estabelecido que a sociedade brasileira deve reconhecer e garantir a 
inclusão com relação ao processo de formação da vontade geral das várias 
correntes de pensamento e grupos representantes de interesses existentes 
na sociedade (PAULO; ALEXANDRINO, 2017). De forma sucinta, temos:
Figura 1 – Fundamentos da Constituição 
Soberania
Cidadania
Dignidade da pessoa humana
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Pluralismo político
Fundamentos 
da república 
federativa do 
Brasil
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Direito Constitucional
14
Em seguida, o art. 2º da Constituição também faz parte dos 
princípios fundamentais, dispondo em seu texto: “São Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário” (BRASIL, 1988, s/p).
Qual é, então, o princípio consagrado nesse artigo 2º?
Como podemos observar, esse artigo é o responsável por consagrar 
o princípio da separação dos Poderes, também conhecido como princípio 
da divisão funcional do poder do Estado.
A divisão de poder brasileira segue a tripartição dos poderes de 
Montesquieu, a qual, de acordo com Lenza (2020), separa as funções 
estatais em três órgãos diferentes, estando eles conectados, mas distintos, 
autônomos e independentes entre si:
De acordo com essa teoria, cada Poder exercia uma função 
típica, inerente à sua natureza, atuando independente e 
autonomamente, não mais sendo permitido a um único 
órgão legislar, aplicar a lei e julgar, de modo unilateral, 
como se percebia no absolutismo. (LENZA, 2020, p. 376)
A tripartição dos poderes de Montesquieu, então, determinou essa 
divisão em Legislativo, Executivo e Judiciário. Em tal divisão, o Poder 
Executivo é encarregado da função de governo e administração; o Poder 
Legislativo possui a função principal de elaborar as leis; e ao Poder 
Judiciário cabe o exercício da jurisdição.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre a separação dos poderes,assista ao 
vídeo “AGU Explica – Princípio da Separação dos Poderes”, 
disponível aqui. Nesse vídeo, é explicado sobre o princípio 
da separação dos poderes e a sua importância para a 
sociedade.
Ainda, no que tange aos princípios do Direito Constitucional, a 
Constituição Federal de 1988, em seu art. 3º, explicou quais são os 
objetivos que devem ser perseguidos pelo Estado Brasileiro.
Quais são esses objetivos?
Direito Constitucional
https://www.youtube.com/watch?v=jia5lJfkkLY
15
De acordo com o artigo comentado, o Estado possui como objetivos 
fundamentais:
1. Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
2. Garantir o desenvolvimento nacional.
3. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais.
4. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, 
sexo, idade ou qualquer outra forma de discriminação.
Você nota alguma similaridade entre esses objetivos?
Podemos dizer que a similaridade deles é a de assegurar a igualdade 
material entre os indivíduos que compõem o Estado, possibilitando a todos 
oportunidades iguais para que possam alcançar o pleno desenvolvimento 
de sua personalidade, assim como para autodeterminar e atingir suas 
aspirações materiais e espirituais, condizentes com a dignidade que é 
garantida à pessoa humana.
Figura 2 – Objetivos do Estado 
Construir uma sociedade 
livre, justa e solidária.
Garantir o 
desenvolvimento 
nacional.
Erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais 
e regionais.
Promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, 
cor, sexo, idade e qualquer 
outra forma de discriminação.
Objetivos 
do Estado
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Por fim, o Título I da Constituição Federal, que trata dos princípios 
fundamentais, traz o seguinte texto em seu art. 4º:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
Direito Constitucional
16
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará 
a integração econômica, política, social e cultural dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. (BRASIL, 1988)
Como podemos observar, esses princípios orientam o Brasil 
nas suas relações internacionais, reconhecendo a soberania, no plano 
internacional, como um componente igualador dos Estados, além de 
reconhecer o indivíduo como o centro das preocupações do país.
De forma a compreender melhor esses princípios, Paulo e 
Alexandrino (2017) remetem-nos a um contexto de modo aleatório, 
expondo que a independência nacional corresponde à manifestação da 
soberania na ordem internacional. Em contrapartida, a igualdade entre 
os Estados remete à não subordinação no plano internacional. Assim, 
essa igualdade é considerada formal, sendo essencialmente jurídica, 
tendo em vista que, quanto às economias, são totalmente diferentes 
as condições dos Estados. Entretanto, em busca de uma igualdade de 
forma, surge o princípio da cooperação entre os povos para o progresso 
da humanidade, tendo em vista a cooperação mútua entre os Estados 
em busca do progresso da humanidade.
No que tange ao princípio da não intervenção, ele possui uma 
correlação com a autodeterminação dos povos e tem sua origem no 
reconhecimento da igualdade entre os Estados, devendo ser respeitada 
a soberania de cada um e respeitado que, em seu âmbito interno, os 
Estados não devem sofrer interferência na condução dos seus assuntos 
(PAULO; ALEXANDRINO, 2017).
Direito Constitucional
17
IMPORTANTE:
Não existem princípios absolutos, de forma que sua 
convivência deve seguir a lógica da cautela.
No que tange ao princípio da prevalência dos direitos humanos, 
é exposto que, quando houver casos extremos de afronta aos direitos 
humanos por um Estado, o Brasil poderá declarar apoio à interferência 
de outros Estados naquele, com a finalidade de impedir a continuação de 
situações de grande degradação da dignidade da pessoa humana (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2017). Nesses casos, podemos dizer que a dignidade da 
pessoa humana terá prevalência até mesmo sobre a soberania.
Seguindo a linha do princípio da prevalência dos direitos humanos, 
o constituinte também, em sua normatização, consagra o princípio do 
repúdio ao terrorismo e ao racismo e a concessão de asilo político. 
Essa concessão de asilo político é concedida a pessoas que estejam 
sendo perseguidas por outro Estado, por motivos políticos ou de opinião.
Figura 3 – Asilo político 
Fonte: Pixabay. 
Por fim, correspondem aos princípios que regem as relações 
internacionais a defesa da paz e a solução pacífica de conflitos, visando 
a um mundo mais justo e mais pacífico.
Com a finalidade de formação de uma comunidade latino-americana 
de nações, o parágrafo único do art. 4º, o qual acabamos de estudar, traz, 
ao lado desses 10 princípios, o objetivo que o Brasil deve perseguir no 
plano internacional, que é o da integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina. 
Direito Constitucional
18
Observando esses princípios, podemos, então, enxergar a 
importância que a Constituição tem para o nosso país, seja como 
mecanismo de organização, seja como disciplina das regras para que nos 
tornemos cada vez mais uma nação igualitária e de direitos e deveres.
RESUMINDO:
Como forma de compreender a importância da Constituição 
Federal de 1988, estudamos, neste capítulo, os seus 
princípios, que se encontram elencados no Título I do texto 
normativo. Entretanto, inicialmente, dispomos o que são 
os princípios, demonstrando que eles correspondem à 
origem das coisas. Como princípios, que são fundamentos 
do Estado Democrático de Direito, temos: a soberania, 
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo 
político. O Brasil tem seu poder dividido entre três poderes: 
Legislativo, Executivo e Judiciário. O Estado possui direitos 
que devem ser perseguidos, a exemplo de uma sociedade 
livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a 
erradicação da pobreza, entre outros. Por fim, vimos 
os princípios norteadores das relações internacionais, 
sendo eles: independência nacional, prevalência dos 
direitos humanos, autodeterminação dos povos, não 
intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, 
solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao 
racismo, cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade e concessão de asilo político.
Direito Constitucional
19
Direito e as garantias fundamentais
OBJETIVO:
Você já ouviu falar sobre os direitos e as garantias 
fundamentais? Eles são elementos importantes para os 
indivíduos e estão presentes na nossa Constituição Federal. 
Sabendo disso, que tal saber em que consistem esses 
direitos e garantias? Vamos lá!
Conceito de direitos e as garantias 
fundamentais
Em que consiste a diferença entre os direitos e as garantias 
fundamentais? 
Quem expõe essa distinção são Paulo e Alexandrino (2017), 
retratando que os direitos fundamentais correspondem aos bens em si 
mesmos considerados, declarados como tais nos textos constitucionais. 
Já as garantias correspondem aos instrumentos que são assegurados 
no exercício dos direitos fundamentais de forma preventiva ou no caso 
de sua violação. A Constituição Federal de 1988, em seu Título II, traz o 
gênero de direito e garantias fundamentais, sendo divididos em grupos 
correspondentes a:
 • Direitos e deveres individuais e coletivos.
 • Direitos sociais.
 • Direitos de nacionalidade.
 • Direitos políticos.• Partidos políticos.
Esses grupos são divididos entre os artigos 5º ao 17 da Constituição 
Federal.
Direito Constitucional
20
Características dos direitos e garantias 
fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais possuem características. Essas 
características são elencadas por Lenza (2020), consistindo em:
 • Historicidade – eles possuem caráter histórico, tendo nascido no 
cristianismo, passando pelas revoluções e chegado até os dias 
atuais.
 • Universalidade – eles são destinados a todos os indivíduos, sem 
distinção.
 • Limitabilidade – eles não são absolutos, pois, diversas vezes, 
dependendo do caso concreto, poderá haver confronto ou conflito 
de interesses.
 • Concorrência – eles podem ser exercidos de forma cumulativa.
 • Irrenunciabilidade – eles não podem ser renunciados, o que pode 
acontecer é o seu não exercício.
 • Inalienabilidade – eles são indisponíveis, não podendo aliená-los 
por não terem conteúdo econômico-patrimonial.
 • Imprescritibilidade – a prescrição corresponde a um instituto 
jurídico que só atinge a exigibilidade de direitos de caráter 
patrimonial, não a exigibilidade dos direitos personalíssimos, 
como é o caso dos direitos fundamentais.
É importante ressaltarmos que os direitos fundamentais são 
considerados como normas abertas. O que isso quer dizer? Quer dizer 
que é permitido que sejam inseridos novos direitos que não estejam 
previstos na Constituição.
IMPORTANTE:
Não existe uma lista, de forma taxativa, de todos os direitos 
fundamentais, pois eles se constituem como um conjunto 
aberto, mutável no tempo e dinâmico.
Direito Constitucional
21
O parágrafo segundo do art. 5º da Constituição Federal de 1988 
afirma essa característica de norma aberta dos direitos e garantias 
fundamentais, estabelecendo que os direitos que são expressos na 
norma constitucional não excluem os demais que decorram do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou, ainda, dos tratados internacionais de 
que o Brasil faça parte.
Outro questionamento importante a ser feito é sobre a aplicabilidade 
das normas que definem os direitos e as garantias fundamentais. Assim, 
de que forma acontece a aplicação das normas definidoras dos direitos e 
das garantias fundamentais?
O art. 5º, parágrafo primeiro, da Constituição Federal, estabelece que 
as normas que definem os direitos e as garantias fundamentais possuem 
aplicação imediata, o que quer dizer que essas normas são dotadas de 
todos os elementos e meios que são necessários para a sua incidência 
aos fatos, situações, condutas ou comportamentos que elas regulam. 
Entretanto, Paulo e Alexandrino (2017) observam que existe uma exceção 
a essa regra, que ocorre no caso dos direitos fundamentais, os quais se 
encontram previstos em normas de eficácia limitada, dependentes de 
regulamentação ordinária.
Sabendo em que consiste os direitos e garantias fundamentais, 
assim como suas principais características, agora, cabe a nós estudar 
quais são esses direitos.
Dos direitos e deveres individuais e 
coletivos
O artigo 5º da Constituição Federal estabelece que todos são iguais 
perante a lei, sem haver qualquer distinção, sendo garantido a todos 
que residem no Brasil a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade.
 • Direito à vida: o direito à vida é o mais importante de todos os 
direitos fundamentais, assim, a Constituição protege a vida de 
forma geral, tanto a extrauterina quanto a intrauterina.
Direito Constitucional
22
 • Direito à liberdade: deve ser tomada de forma ampla, 
compreendendo não somente a liberdade física, mas também 
a de locomoção, de crença, de convicções, de expressão de 
pensamento, de reunião, de associação, entre outros.
 • Direito à igualdade: a igualdade representa a base fundamental da 
democracia. Esse direito assegura um tratamento igual aos que 
se encontram em situações consideradas equivalentes e devendo 
ser tratados os desiguais de forma desigual, conforme a sua 
desigualdade.
NOTA:
Esse direito de igualdade tem como destino principal o 
legislador, sendo vedado a ele estabelecer um tratamento 
diferenciado entre as pessoas que mereçam tratamento 
idêntico.
Entretanto, pode ser conferido um tratamento diferenciado às 
pessoas que possuem distinção, assim, é permitido uma discriminação 
entre indivíduos quando existir uma razão razoável para a discriminação. 
 • Direito à segurança: a Constituição garante a todos o direito à 
segurança, sendo determinado pelo art. 144 da Constituição 
Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
(BRASIL, 1988)
Direito Constitucional
23
 • Direito à propriedade: o direito de propriedade não é visto mais 
como um direito absoluto, mesmo o Brasil sendo um Estado 
Democrático Social de Direito, assegurando, então, que a 
propriedade deve atender à função social. Entretanto, o direito à 
propriedade funciona como uma norma de eficácia contida.
Norma de eficácia contida é aquela em que o legislador regula os 
interesses relativos à determinada matéria, deixando margem à atuação 
restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, de 
acordo com o que for estabelecido pela lei (PAULO; ALEXANDRINO, 2017).
É importante destacarmos que esse direito de propriedade abrange 
tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos.
SAIBA MAIS:
Conheça todos os direitos e deveres individuais e coletivos 
lendo o artigo 5º da Constituição, rol que determina que os 
homens e as mulheres são iguais em direitos e obrigações; 
ninguém pode ser submetido à tortura; todos podem 
manifestar seu pensamento, sendo vedado o anonimato. 
Disponível aqui.
Conhecendo os direitos e deveres individuais e coletivos, vamos 
estudar sobre os direitos sociais.
Direitos sociais
O artigo 6º da Constituição Federal estabelece que:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. (BRASIL, 1988)
É exposto por Paulo e Alexandrino (2017) que esses direitos 
constituem as liberdades positivas, devendo ser observados de forma 
obrigatória em um Estado Social de Direito, com a finalidade de melhorar 
as condições de vida dos mais pobres, visando concretizar a igualdade 
social.
Direito Constitucional
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html
24
A Constituição Federal cuida desses direitos em seus artigos 6º, 7º, 
8º, 9º, 10 e 11, elencando, inclusive, os direitos dos trabalhadores.
SAIBA MAIS:
Leia os artigos 6º ao 11 da Constituição para compreender 
qual é o rol dos direitos sociais, podendo encontrar entre 
eles o seguro-desemprego, o piso salarial e a aposentadoria. 
Disponível aqui.
Vendo em que consistem os direitos sociais, partimos agora para os 
direitos de nacionalidade.
Direitos de nacionalidade
O que vem a ser nacionalidade?
De acordo com Paulo e Alexandrino (2017), a nacionalidade consiste 
no vínculo jurídico-político de direito público interno, que transforma a 
pessoa em um dos elementos que compõem a dimensão do Estado.
É de responsabilidade de cada Estado definir quem são os seus 
nacionais, quem não for por ele determinado como nacional, é chamado 
de estrangeiro.
Nessa concepção, também é importante definirmos o que vem a ser 
nação. Assim, é estabelecido por Paulo e Alexandrino (2017) que a nação 
corresponde a um agrupamento de indivíduos em que os membros, 
fixados em um território,são ligados por laços históricos, econômicos, 
culturais e linguísticos. 
Sabendo dessas definições, quando se trata da nacionalidade, a 
Constituição Federal traz duas figuras distintas: os brasileiros natos e os 
brasileiros naturalizados. Qual é a diferença existente entre essas figuras?
A diferenciação dessas figuras pode ser encontrada no próprio texto 
constitucional, em seu art. 12, em que consta:
Direito Constitucional
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
25
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a 
serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe 
brasileira, desde que sejam registrados em repartição 
brasileira competente ou venham a residir na República 
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois 
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e 
idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes 
na República Federativa do Brasil há mais de quinze 
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira. 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, 
se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos 
previstos nesta Constituição. (BRASIL, 1988)
De forma geral, podemos notar que os brasileiros natos são aqueles 
que possuem natureza originária, já os naturalizados têm a aquisição da 
nacionalidade de forma secundária.
Além de estabelecer a diferença entre os brasileiros natos e os 
naturalizados, a Constituição também dispõe quais cargos só podem ser 
exercidos pelos brasileiros natos, em seu art. 12, § 3º, sendo eles:
 • Presidente e vice-presidente da República.
 • Presidente da Câmara dos Deputados.
 • Presidente do Senado Federal.
Direito Constitucional
26
 • Ministro do Supremo Tribunal Federal.
 • Carreira diplomática.
 • Oficial das Forças Armadas.
 • Ministro de Estado da Defesa.
Esses cargos são de suma importância para o Brasil e, em virtude 
disso, existe essa exceção.
Dos direitos políticos
Como já sabemos, um dos princípios da Constituição Federal é a 
soberania, que deve ser exercida por meio do sufrágio universal e do voto 
direto e secreto. É nessa perspectiva que surgem os direitos políticos, 
sendo determinados pelo art. 14 da Constituição Federal que: 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio 
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para 
todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular. (BRASIL, 1988)
Primeiramente, cabe a nós questionarmos: o que vem a ser o direito 
ao sufrágio? Esse direito corresponde à capacidade que o indivíduo possui 
de votar (capacidade eleitoral ativa) e de poder ser votado (capacidade 
eleitoral passiva), sendo essa capacidade a essência dos direitos políticos.
E com relação ao artigo 14, acima mencionado, o que vem a ser 
plebiscito, referendo e iniciativa popular?
Paulo e Alexandrino (2017) explicam que plebiscito e referendo 
correspondem às consultas que são formuladas ao povo para que se 
delibere sobre matéria de acentuada relevância. Assim, o plebiscito é ato 
convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, sendo 
de responsabilidade dos indivíduos, pelo voto, aprovar ou denegar o que 
lhe tenha sido submetido. Já o referendo é um ato convocado de forma 
posterior ao ato legislativo ou administrativo, sendo dever do povo a sua 
ratificação ou rejeição.
Direito Constitucional
27
No que tange à iniciativa popular, como o próprio nome já 
diz, corresponde ao ato da população por meio de assinaturas para 
apresentação de um projeto de leis. Assim, a quem esse projeto de lei 
é apresentado? O projeto de lei da iniciativa popular é apresentado à 
Câmara dos Deputados.
O art. 15 da Constituição Federal ainda determina que:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja 
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada 
em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto 
durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
(BRASIL, 1988)
A perda dos direitos políticos corresponde à privação definitiva. Já 
a privação temporária é chamada de suspensão dos direitos políticos. 
Somente a Constituição pode prever as situações de perda ou de 
suspensão de direitos políticos.
Dos partidos políticos
Por fim, no que tange aos grupos dos direitos e garantias 
fundamentais, temos os partidos políticos. É determinado pelo art. 17 da 
Constituição Federal que é livre a criação, fusão, incorporação e extinção 
de partidos políticos, devendo ser resguardada a soberania nacional, o 
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da 
pessoa humana e ainda, devem-se respeitar alguns preceitos, sendo eles:
 • Ter caráter nacional.
 • Não receber recursos financeiros de entidades ou de governos 
estrangeiros ou de subordinação a esses.
 • Prestar contas à Justiça Eleitoral.
Direito Constitucional
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 • Obedecer aos ditames da lei com relação ao funcionamento 
parlamentar.
O parágrafo primeiro do art. 17 da nossa Carta Maior estabelece 
que, aos partidos políticos, é assegurado autonomia para definição de 
sua estrutura interna e para estabelecer regras sobre escolha, formação e 
duração de seus órgãos permanentes e provisórios e no que diz respeito 
a sua organização e funcionamento.
De forma sucinta, os partidos políticos são responsáveis por reger 
os ditames sobre os indivíduos a eles vinculados, indivíduos esses que 
serão eleitos por meio dos votos para representar a população.
Estudados os direitos e garantias fundamentais, podemos perceber 
o quanto eles são essenciais à vida da nação e à organização do Estado.
RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, sobre os direitos e as 
garantias fundamentais, estudando inicialmente, em que 
consiste a diferença entre esses dois elementos e as 
suas características. Vimos que esses direitos e garantias 
são divididos em grupos, na realidade, em cinco grupos, 
sendo eles: direitos e deveres individuais e coletivos; 
direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; 
e partidos políticos. Desse modo, podemos enxergar o 
quanto esses direitos e garantias atribuem mais segurança 
para os indivíduos que compõem o Estado Federativo.
Direito Constitucional
29
Formas de eficácia da norma 
constitucional
OBJETIVO:
Todas as normas possuem uma eficácia. Elas são delimitadas 
e estabelecidas para atender os interesses da sociedade, 
mas nem todas contêm o dispositivo de forma completa, 
necessitando de leis ordinárias para complementação. 
Assim, neste capítulo, estudaremos quais são as formas de 
eficácia da norma. Empolgados? Vamos lá!
Eficácia da norma constitucional
Em regra, as normas constitucionais apresentam uma eficácia, que 
pode ser jurídica e social, sendo que outras possuem eficácia apenas 
jurídica. Nesse sentido, Lenza (2020) aponta que: 
[a] eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, 
isto é, com potencialidade para regular determinadas 
relações, ser efetivamente aplicada a casos concretos. 
Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a norma está 
apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas; 
masjá produz efeitos jurídicos na medida em que a sua 
simples edição resulta na revogação de todas as normas 
anteriores que com ela conflitam. (LENZA, 2020, p. 121)
Para que se compreenda a eficácia da norma, foi estabelecido, 
de acordo com Lenza (2020), uma divisão, sendo ela: norma de eficácia 
plena, norma de eficácia contida e norma de eficácia limitada.
Importante destacar que essa divisão foi elaborada por José Afonso 
da Silva e é a utilizada pela maioria dos doutrinadores.
Normas de eficácia plena
Quando se diz que as normas possuem eficácia plena, o que 
queremos dizer?
Direito Constitucional
30
De acordo com Lenza (2020), as normas constitucionais de eficácia 
plena são as normas da Constituição que, assim que entram em vigor, já 
se tornam aptas para produzir todos os seus efeitos, independentemente 
de norma integrativa infraconstitucional. Reforçando, essas normas são 
aquelas que recebem do constituinte valor normativo suficiente para sua 
incidência de forma imediata.
NOTA:
As normas de eficácia plena não necessitam de elaboração 
de novas normas para que as completem.
Como exemplo de norma de eficácia plena, podemos citar o artigo 
2º da Constituição Federal, que estabelece os poderes da União de forma 
autônoma e independente entre si.
Normas de eficácia contida
O que vêm a ser as normas constitucionais de eficácia contida?
Lenza (2020) responde a essa pergunta determinando que as 
normas de eficácia contida possuem aplicabilidade direta e imediata, mas 
possivelmente não integrada. O que isso quer dizer?
Quer dizer que as normas, ao serem promulgadas ou assim que 
entrarem em vigor, embora possuam condições de produzir todos os 
seus efeitos, poderão ser reduzidas no que concerne a sua abrangência. 
Nas normas constitucionais de eficácia contida, há uma limitação da 
eficácia e de aplicabilidade.
Ainda, é ressaltado por Lenza (2020) que:
A restrição de referidas normas constitucionais pode-
se concretizar não só através de lei infraconstitucional 
mas, também, em outras situações, pela incidência de 
normas da própria Constituição, desde que ocorram 
certos pressupostos de fato, por exemplo, a decretação 
do estado de defesa ou de sítio, limitando diversos direitos. 
(LENZA, 2020, p. 172)
Direito Constitucional
31
De forma sintética, podemos expor que as restrições de limitação 
à eficácia e à aplicabilidade das normas contidas são as que contêm na 
figura a seguir.
Figura 4 – Restrições que limitam a eficácia e a 
aplicabilidade das normas de eficácia contida 
Uso de conceitos 
ético-jurídicos 
(segurança nacional, 
bons costumes etc.)
Outras normas 
constitucionais
Legislador 
infraconstitucional
Restrições das 
normas de eficácia 
contidas
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Nesses termos, são enumerados os seguintes pontos:
a) são normas que, em regra, solicitam a intervenção do 
legislador ordinário, fazendo expressa remissão a uma 
legislação futura; mas o apelo ao legislador ordinário visa a 
restringir-lhes a plenitude da eficácia, regulamentando os 
direitos subjetivos que delas decorrem para os cidadãos, 
indivíduos ou grupos; b) enquanto o legislador ordinário 
não expedir a normação restritiva, sua eficácia será plena; 
nisso também diferem das normas de eficácia limitada, 
de vez que a interferência do legislador ordinário, em 
relação a estas, tem o escopo de lhes conferir plena 
eficácia e aplicabilidade concreta e positiva; c) são de 
aplicabilidade direta e imediata, visto que o legislador 
constituinte deu normatividade suficiente aos interesses 
vinculados à matéria de que cogitam; d) algumas dessas 
normas já contêm um conceito ético juridicizado (bons 
costumes, ordem pública etc.), com valor societário ou 
político a preservar, que implica a limitação de sua eficácia; 
e) sua eficácia pode ainda ser afastada pela incidência 
de outras normas constitucionais, se ocorrerem certos 
pressupostos de fato (estado de sítio, por exemplo). 
(PAULO; ALEXANDRINO, 2017, p. 58)
Um exemplo de norma de eficácia contida é citado por Lenza 
(2020): o art. 5º, XIII, da Constituição Federal, no qual é assegurado o livre 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, devendo ser atendidas 
Direito Constitucional
32
as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Analisando esse artigo, 
podemos ver que é garantido o direito do livre exercício. Mas uma lei como, 
por exemplo, o Estatuto do Conselho Regional de Medicina, pode exigir 
que, para se tornar médico, deve-se ser aprovado em um exame específico. 
Normas de eficácia limitada
Quando nos deparamos com a expressão “eficácia limitada”, já 
pensamos que, para que a norma possa ter eficácia, é estabelecido um 
limite. Mas as normas de eficácia limitada realmente significam isso?
O conceito de normas de eficácia limitada é exposto por Lenza 
(2020). Ele determina essas normas como aquelas que, de forma imediata, 
assim que a Constituição é promulgada ou começa a entrar em vigor, não 
possuem a força de produzir todos os seus efeitos.
Se essas normas não possuem todos os seus efeitos, como, então, 
elas possuirão sua eficácia de forma plena?
É determinado para as normas de eficácia limitada que exista 
norma regulamentadora infraconstitucional, a qual que deve ser editada 
por um Poder, órgão ou autoridade competente, ou até mesmo com uma 
integração por meio de emenda constitucional (LENZA, 2020).
Paulo e Alexandrino (2017) retratam, ainda, que José Afonso da Silva 
classifica as normas de eficácia limitada em dois grupos diferentes, sendo 
eles:
Figura 5 – Grupos de normas de eficácia limitada 
Princípio 
programático
Princípio institutivo 
ou organizativo
Normas de eficácia 
limitada
Impositiva ImpositivaFacultativa
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Direito Constitucional
33
 • As definidoras de princípio institutivo ou organizativo – são 
aquelas em que o legislador traça esquemas, de forma geral, 
da estruturação e das atribuições de órgãos, entidades ou 
institutos, para que, em um momento posterior, possa haver uma 
estruturação de forma definitiva, mediante lei.
Exemplo desse grupo é o art. 33 da Constituição Federal: “A lei 
disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios” 
(BRASIL, 1988, s/p).
Essas normas de princípio institutivo ou organizativo podem ser 
tanto impositivas quanto facultativas. O que isso quer dizer?
Quando dizemos que a norma é impositiva, referimo-nos às normas 
que são determinadas pelo legislador, de forma definitiva, para a emissão 
de uma legislação integrativa. Já quando se fala em normas facultativas, 
é quando não há a imposição de uma obrigação, limitando-se a conceder 
ao legislador ordinário a possibilidade de instituir ou de regular a situação 
contidas nelas.
 • As definidoras de princípio programático – correspondem às 
normas em que o constituinte, ao invés de regular de forma direta 
e imediata certos interesses, limita-se a traçar os princípios e 
as diretrizes para serem cumpridos pelos órgãos que integram 
os poderes constituídos, como programas das suas respectivas 
atividades, com a finalidade de realizar os fins sociais do Estado.
NOTA:
Quais são os órgãos integrantes dos poderes constituídos? 
Os órgãos são o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o 
Administrativo.
Muitas pessoas confundem as normas constitucionais de eficácia 
contida com as de eficácia limitada. De forma a facilitar a distinção entre 
essas duas normas, Paulo e Alexandrino (2017) enumeram alguns pontos 
que devem ser considerados, sendo eles:
Direito Constitucional
34
 • Quando uma Constituição é promulgada, as normas de eficácia 
contida têm aplicação direta e imediata, ou seja, o direito nelas 
previsto é imediatamente exercitável; no que tange às normas 
de eficácia limitada, elas têm aplicabilidade indireta e mediata. 
Isso significa que o exercício do direito, que nelas está previsto, 
depende deuma regulamentação ordinária.
 • Tanto as normas de eficácia contida quanto as de eficácia limitada 
requerem uma normatização legislativa, mas o objetivo de cada uma 
dessas normatizações é diferente. Assim, temos que: nas normas de 
eficácia contida, a normatização ordinária deverá impor limites ao 
exercício do direito; nas normas de eficácia limitada, por sua vez, a 
regulamentação ordinária tem o condão de assegurar, para que se 
torne viável o pleno exercício do direito, até então não efetivo.
 • Quando não há regulamentação, as consequências são diferentes, 
assim: as normas de eficácia contida, até o momento em que não 
houver regulamentação ordinária, terão exercício do direito de 
forma ampla, portanto a legislação ordinária virá como forma de 
impor restrições ao exercício desse direito; nas normas de eficácia 
limitada, até o momento em que não houver regulamentação 
ordinária, não haverá efetivo exercício do direito. Desse modo, a 
legislação ordinária virá para tornar pleno o exercício desse direito.
Assim, temos a seguinte divisão:
Figura 6 – Formas de eficácia da norma
Eficácia plena
Eficácia contida
Eficácia limitada
De princípio 
institutivo ou 
organizativo
De princípio 
programático
Eficácia da 
norma
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em José Afonso da Silva (2020).
Importante mencionarmos que, além dessa classificação de autoria 
de José Afonso da Silva (que é a mais utilizada), os doutrinadores também 
consideram a classificação de Maria Helena Diniz.
Direito Constitucional
35
De acordo com Paulo e Alexandrino (2017), a classificação de Maria 
Helena Diniz combina os critérios de intangibilidade e de produção dos 
efeitos concretos das normas constitucionais, trazendo as seguintes 
categorias de normas constitucionais:
 • Normas de eficácia absoluta – são as normas constitucionais 
intangíveis, não podendo ser contrariadas ou emendadas nem 
mesmo por meio de emenda constitucional. 
Como exemplo de normas de eficácia absoluta, temos as cláusulas 
pétreas.
 • Normas de eficácia plena – correspondem às normas que são 
eficazes de forma plena desde o momento em que a constituição 
entra em vigor devido ao fato de conterem todos os elementos 
que são imprescindíveis para que haja a produção imediata dos 
efeitos que são previstos.
As normas de eficácia plena diferem-se das de eficácia absoluta, 
pois, ao contrário das primeiras, estas podem ser atingidas por emenda 
constitucional.
Um exemplo de norma de eficácia plena é o parágrafo único do art. 
1º da Constituição Federal, o qual dispõe que todo poder emana do povo, 
devendo ser exercido por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos da norma Constitucional.
 • Normas de eficácia relativa restringível – são equivalentes às 
normas classificadas por José Afonso da Silva como normas de 
eficácia contida. Assim, são normas de aplicabilidade imediata, 
muito embora sua eficácia possa ser reduzida ou restringida nos 
casos em que for determinado pela lei.
 • Normas com eficácia relativa dependente de complementação 
legislativa – são normas que não têm aplicação imediata. Isso 
porque elas não dependem de uma norma posterior que lhes 
conceda sua eficácia para que, então, possam permitir o exercício 
do direito ou do benefício que estiver nelas consagrado. Assim, é 
uma norma de eficácia mediata, pois, enquanto não houver uma 
Direito Constitucional
36
legislação regulamentadora, não haverá a produção de efeitos 
positivos, mas a sua eficácia será paralisante de efeitos de normas 
precedentes incompatíveis e ainda será impeditiva de qualquer 
conduta contrária ao que será estabelecido.
Figura 7 – Formas de eficácia da norma 
Eficácia absoluta
Eficácia plena
Eficácia relativa restringível
Eficácia relativa dependente de 
complementação legislativa
Eficácia e 
aplicabilidade 
das normas 
constitucionais 
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Maria Helena Diniz (2020).
Estas são, então, as classificações utilizadas pelos doutrinadores 
com relação às normas constitucionais. É válido destacar que elas são 
importantes para compreendermos os dispositivos contidos em nossa 
Constituição Federal.
RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, as formas de eficácia da norma 
Constitucional. Vimos que as normas constitucionais 
apresentam uma eficácia, podendo ser elas jurídica e 
social, e outras possuindo eficácia apenas jurídica. De forma 
a compreender melhor a eficácia das normas, José Afonso 
da Silva elaborou uma divisão, sendo ela a mais utilizada 
pelos doutrinadores, essa divisão consiste em: norma de 
eficácia plena (normas aptas a produzirem efeito), norma 
de eficácia contida (normas que podem ter redução com 
relação a sua abrangência) e norma de eficácia limitada 
(não possuem a forma de produzir todos os seus efeitos). 
Além dessa divisão, estudamos a proposta de Maria Helena 
Diniz, a qual consiste em: normas de eficácia absoluta, 
normas de eficácia plena, normas de eficácia relativa 
restringível e normas de eficácia relativa dependente de 
complementação legislativa.
Direito Constitucional
37
Classificação da norma constitucional
OBJETIVO:
Este capítulo se dedicará a explicar a interpretação 
da Constituição, porque o texto vai além do que está 
simplesmente escrito, devendo levar em consideração 
diversos fatores que envolvem o contexto social. Prontos 
para mais este conhecimento? Vamos lá!
A interpretação da Constituição
Já sabemos quais são os princípios da Constituição, os seus direitos 
e garantias assegurados e a eficácia da norma. No entanto, no que tange 
a sua forma de interpretação, você imagina como ela é feita? Por outro 
lado, na sua concepção, é só ler e fazer o que vem escrito no texto, sem a 
necessidade de fazer uma interpretação do dispositivo?
As normas constituintes vão além de um simples texto que você lê e 
do qual extrai o conteúdo como está escrito, pois é necessário interpretá-
las, ou seja, compreendê-las, investigá-las, analisando o conteúdo 
semântico dos enunciados.
A interpretação da Constituição não é uma tarefa única do Poder 
Judiciário, já que é ele que aplica as determinações normativas. Essa 
tarefa é atribuída também aos Poderes Legislativo e Executivo.
A gente já sabe que é de competência da Constituição proteger, de 
forma simultânea, os mais variados bens e direitos – como a liberdade de 
imprensa, a saúde, o trabalho, a integridade física e moral, entre outros – 
refletindo valores que podem, em determinadas relações, conflitar ou colidir.
Exemplo: Como exemplo de direitos Constitucionais que podem 
entrar em confronto, temos o direito de liberdade de imprensa e a garantia 
da inviolabilidade do indivíduo.
Direito Constitucional
38
Figura 8 – Liberdade das pessoas e da imprensa
Fonte: Freepik. 
Assim, quando existe confronto ou conflito, é indispensável que 
sejam utilizadas técnicas de interpretação constitucional, não somente 
visando à solução dos conflitos no caso concreto, mas também para 
que possa ser conferida eficácia e aplicabilidade a todas as normas 
constitucionais. Sobre esse assunto, Lenza (2020) aponta que:
A interpretação constitucional não tem natureza 
substancialmente diferente da que se opera em 
outras áreas. São, portanto, aplicáveis à interpretação 
constitucional os mesmos métodos de interpretação 
das demais normas jurídicas - gramatical, teleológico, 
sistemático, histórico etc. Ao lado destes, entretanto, como 
decorrência da superioridade hierárquica das normas 
constitucionais, existem alguns princípios e métodos 
próprios, que norteiam a interpretação das Constituições. 
(LENZA, 2020, p. 65)
O Direito moderno determina ser imprescindível que haja a 
interpretação da Constituição em todos os casos, ou seja, em todas as 
leis, decretos, atos, emendas e componentes normativos.
Nesses termos, Paulo e Alexandrino (2017) apontam que o 
constitucionalista Canotilho expôs que toda norma é significativa,no 
entanto o significado não constitui um dado prévio, pois é, sim, o resultado 
da tarefa interpretativa.
Direito Constitucional
39
Correntes da interpretação
Paulo e Alexandrino (2017) destacam que existem duas correntes 
responsáveis pela problematização da interpretação Constitucional, 
sendo elas: as correntes interpretativistas e as não interpretativistas. Mas 
em que consistem essas correntes?
As correntes interpretativistas determinam que, quando os juízes 
interpretam a Constituição, eles devem se limitar à captura do sentido dos 
preceitos expressos no texto constitucional ou que estejam, pelo menos, 
nele implícitos de forma clara. Essa corrente aponta que existem limites 
para a interpretação, sendo esses limites a textura semântica e a vontade 
do legislador.
De forma geral, para os interpretativistas, o controle judicial dos atos 
legislativos possui dois limites:
1. A própria Constituição escrita.
2. A vontade do poder político democrático.
As correntes não interpretativistas atuam em defesa da 
possibilidade e da necessidade de os juízes trazerem a interpretação e 
aplicarem os valores e princípios substantivos contra práticas que são de 
responsabilidade do Legislativo e que estejam em desconformidade com 
o texto constitucional. Assim, devem-se utilizar os valores substantivos.
NOTA:
Você sabe quais são os princípios e os valores substantivos? 
Os princípios substantivos são os princípios da liberdade 
e da justiça, enquanto os valores são os da justiça, da 
igualdade e da liberdade.
Saber em que consistem as correntes da interpretação é de suma 
importância para compreender o tema que será tratado a partir da 
próxima seção. Iremos, então, estudar em que consistem os métodos de 
interpretação.
Direito Constitucional
40
Métodos de interpretação
O Direito moderno enumera métodos de interpretação que foram 
desenvolvidos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência. Esses 
métodos foram baseados em critérios diferentes. Entretanto, de forma 
geral, são complementares de forma recíproca, caracterizando, assim, a 
natureza unitária que a interpretação possui.
Lenza (2020) apresenta seis métodos de interpretação, sendo eles: 
método jurídico, método tópico-problemático, método hermenêutico-
concretizador, método científico-espiritual, a metódica jurídica normativo-
estruturante e a interpretação comparativa. Agora, iremos estudar as 
características de cada um desses métodos.
Método jurídico
O método jurídico considera a Constituição como uma lei. Assim, o 
ato de interpretar a Constituição corresponde ao ato de interpretar uma 
lei. Mas como ocorre essa interpretação?
Para que essa interpretação possa existir, é necessário usar as 
regras de hermenêutica. Além disso, também é preciso utilizar elementos 
interpretativos, conforme citam Paulo e Alexandrino (2017):
 • Elemento filológico – literalidade do texto, considerando a parte 
gramatical e textual.
 • Elemento lógico – utilizando a sistematização.
 • Elemento histórico – devendo ser analisado o contexto em que o 
trabalho do constituinte aconteceu e os registros dos debates que 
foram travados para elaboração.
 • Elemento teleológico – analisando a finalidade da norma.
 • Elemento genérico – devem ser investigadas as origens dos 
conceitos que são utilizados no texto constitucional.
Esse método possui a função de ser o ponto de partida para que 
seja realizada a interpretação, sendo, também, um ponto de limite para 
atuação do intérprete.
Direito Constitucional
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Método tópico-problemático
Existem três premissas que são o ponto de partida do método 
tópico-problemático. Essas premissas são expostas por Paulo e 
Alexandrino (2017), sendo elas:
1. A interpretação constitucional deve ter um caráter prático, 
procurando sempre a resolução de problemas concretos.
2. As normas constitucionais possuem caráter fragmentário e 
indeterminado. O que isso quer dizer?
Quer dizer que essas normas não abrangem todas as situações 
que podem ocorrer na vida em sociedade, tratando somente das mais 
importantes. Além disso, possuem muita abstração e generalidade.
3. As normas constitucionais são abertas. Devido a isso, não podem 
ser aplicadas por meio de uma simples operação de subsunção, 
e isso implica que deve ser dado preferência à discussão do 
problema.
DEFINIÇÃO:
Subsunção corresponde ao direto ao enquadramento de 
casos concretos nas hipóteses previstas na norma.
De forma resumida, podemos dizer que o ponto central desse 
método é o de propor uma interpretação da Constituição por meio de 
um processo aberto de argumentação, envolvendo os mais diversos 
indivíduos, buscando sempre a adaptação ou adequação da norma 
constitucional ao caso concreto.
Método hermenêutico-concretizador
Destaca-se a importância do aspecto subjetivo da interpretação no 
método hermenêutico-concretizador, isto é, da compreensão prévia que 
o intérprete possui com relação aos elementos envolvidos no texto que 
deverá ser por ele interpretado. 
Direito Constitucional
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Essa compreensão prévia faz com que o indivíduo que vai interpretar, 
na primeira leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, o qual 
deve ser comparado com a realidade existente. É desse confronto que se 
resulta a reformulação, pelo indivíduo, da sua compreensão prévia, com 
a finalidade de harmonizar os conceitos por ele preconcebidos do texto 
constitucional, levando em consideração a realidade social.
O intérprete deve sempre reler o texto constitucional e analisar a 
realidade social, com a finalidade de harmonizar os problemas sociais.
Nessa perspectiva, Paulo e Alexandrino (2017) expõem que:
Impõe-se, assim, um “movimento de ir e vir’’, do subjetivo 
para o objetivo - e, deste, de volta para aquele-, mediante 
comparação entre os diversos conteúdos que se extraem 
do texto, decorrentes de sucessivas reformulações da pré-
compreensão do intérprete, e o contexto em que a norma 
deve ser aplicada (realidade social). Esse “movimento de 
ir e vir” é denominado “círculo hermenêutico”. (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2017, p. 67)
A base desse método é trazer uma concretização da norma, 
levando em consideração situações reais para que, assim, a norma possa 
ser aplicada.
Apesar dessa liberdade de o intérprete poder trazer a situação 
social para a aplicação da norma, é importante frisar que não é permitida 
a criação de um sentido livre por meio dessa compreensão prévia.
São elencados três pressupostos que esse método enseja para a 
tarefa de interpretar (PAULO; ALEXANDRINO, 2017):
1. Pressupostos subjetivos, devido ao fato de o intérprete 
desempenhar um papel criador na tarefa de obtenção do sentido 
do texto constitucional.
2. Pressupostos objetivos, ou seja, o contexto no qual o intérprete 
atua como operador de mediações entre o texto e a situação em 
que se aplica a norma.
3. Relação entre o texto e o contexto com a mediação criadora do 
intérprete, sendo a interpretação transformada em um movimento 
de ir e vir.
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Esse método reconhece a prevalência da Constituição quando se 
deve partir da norma para reconhecer o problema.
Método científico-espiritual
Lenza (2020) aponta que esse método tem como fundamento a 
ideia de que a pessoa que irá interpretar deve levar em consideração os 
valores que estão implícitos no texto constitucional, devendo compreender 
o sentido da norma por meio de uma captação espiritual da realidade da 
sociedade. Assim, é adotada a ideia de que a finalidade da interpretação 
não é fornecer a resposta ao sentido dos conceitos do texto constitucional, 
mas, sim, de forma fundamentada, compreender o sentido e a realidade da 
Constituição em sua conexão com a integração espiritual real da sociedade.
Figura 9 – Realidade Social 
Fonte: Freepik.
De forma geral, então, podemos expor que o método científico-
espiritual corresponde a um método sociológico, com a finalidade de 
analisar as normasconstitucionais levando em consideração não tanto o 
texto literal da norma, mas, sim, de forma precípua, a ordem de valores 
que ela possui, com a finalidade de visualizar a integração do texto 
Constitucional com a realidade social.
Direito Constitucional
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São os fatos que norteiam a sociedade que determinam a forma 
com que a norma deve ser interpretada.
Método normativo-estruturante
Esse método considera o fato de não existir identidade entre a 
norma jurídica e o texto normativo. Desse modo, é considerado que a 
norma jurídica tem em seu conteúdo um fragmento da realidade social, 
abrangendo não apenas a atividade legislativa, a atividade jurisprudencial 
e administrativa (LENZA, 2020). Sobre esse método, Paulo e Alexandrino 
(2017) retratam que
O intérprete deve identificar o conteúdo da norma 
constitucional mediante a análise de sua concretização 
normativa em todos os níveis. A tarefa de investigação 
compreende a interpretação do texto da norma (elemento 
literal da doutrina clássica), e também a verificação dos 
modos de sua concretização na realidade social. (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2017, p. 10)
Assim, é necessária uma interpretação de modo a concretizar a 
norma Constitucional da realidade social, devendo ser aplicada para 
tomada de decisão nas resoluções de problemas.
Interpretação comparativa
Por fim, temos a interpretação comparativa. Em que consiste esse 
mecanismo de interpretação? Como o próprio nome já diz, esse tipo 
de interpretação funda-se na comparação, na qual o intérprete analisa 
a evolução normativa e os conceitos do ordenamento jurídico, com a 
finalidade de identificar as semelhanças e as diferenças e para que, 
assim, possa esclarecer qual é o significado que deve ser atribuído aos 
enunciados contidos nos textos constitucionais.
Compreender esses métodos de interpretação é essencial para 
aplicabilidade das normas, principalmente das normas constitucionais, 
por serem elas as norteadoras de todo o Direito.
Direito Constitucional
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RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, que a interpretação vai além 
do que existe no texto da norma, existindo duas correntes: 
as interpretativistas e as não interpretativistas. Além disso, 
estudamos os métodos de interpretação existentes 
para facilitação da compreensão da norma, sendo eles: 
método jurídico, método tópico-problemático, método 
hermenêutico-concretizador, método científico-espiritual, a 
metódica jurídica normativo-estruturante e a interpretação 
comparativa. Esperamos que tenham gostado. Até o 
próximo encontro.
Direito Constitucional
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REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível 
em: http://bit.ly/36vujoQ. Acesso em: 22 nov. 2020.
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva, 
2020.
PAULO, V; ALEXANDRINO, M. Direito constitucional descomplicado. 
Rio de Janeiro: Forense, 2017.
SILVA, I. L. da. Introdução aos princípios jurídicos. Revista de 
Informação Legislativa, Brasília, v. 40, n. 160, out./dez. 2003. Disponível 
em: https://bit.ly/3qzeNFV. Acesso em: 17 nov. 2020
SILVA, P. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1989. 
Direito Constitucional
	art1
	1
	art1i
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	1II
	art1iii
	1III
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	art12ic..
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	art12iib
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	art12§1
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	art33
	Princípios do direito constitucional 
	Princípios
	Princípios da Constituição
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	Conceito de direitos e as garantias fundamentais
	Características dos direitos e garantias fundamentais
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	Dos partidos políticos
	Formas de eficácia da norma constitucional
	Eficácia da norma constitucional
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	Normas de eficácia contida
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	Classificação da norma constitucional
	A interpretação da Constituição
	Correntes da interpretação
	Métodos de interpretação
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	Método tópico-problemático
	Método hermenêutico-concretizador
	Método científico-espiritual
	Método normativo-estruturante
	Interpretação comparativa

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