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LivroC I L A Cap 1-2-3-4-5

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Capítulo 1 - Visão Geral de uma Importação Brasileiro
Neste capítulo, veremos, em linhas gerais, os passos a serem seguidos pela empresa brasileira quando decide adquirir um produto no exterior. A análise do procedimento será aprofundada nos capítulos subsequentes.
1.1. Escolha da Mercadoria
A primeira atitude para alguém que quer importar é escolher a mercadoria e seu fornecedor, prazo de pagamento e prazo de entrega, entre outras coisas.
Os potenciais exportadores no exterior emitem faturas pró-forma para o importador brasileiro, servindo como propostas. Ao aceitar uma delas, o importador deve assiná-la e devolvê-la ao exportador, vinculando-o ao respectivo cumprimento.
1.2. Licenciamento das Importações
Mesmo tendo sido acertados todos os detalhes da aquisição, isso não significa que o produto possa ser embarcado para o Brasil. Pela nossa legislação, algumas importações somente podem ser realizadas após a obtenção de uma licença concedida pelo governo brasileiro, seja pela espécie do produto que se quer importar, seja pela situação da importação. Por exemplo, animais vivos somente podem ser importados com autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Por outro lado, a importação de produtos usados, de qualquer espécie, depende da obtenção da licença junto à Secretaria de Comércio Exterior.
Caso o bem a ser importado esteja na lista de casos sujeitos ao licenciamento, o importador deverá, por meio do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), solicitar a autorização do respectivo órgão anuente.[footnoteRef:1] [1: Atualmente, o sistema administrativo das importações brasileiras está definido na Portaria no 23/2011 da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), e compreende três modalidades: as importações dispensadas de licenciamento, as sujeitas a Licenciamento Automático e as sujeitas a Licenciamento Não Automático. A dispensa de licenciamento é a regra. O licenciamento é exigido apenas para os produtos e situações apontados pela citada Portaria.
] 
1.3. Siscomex e Habilitação
Por meio do Siscomex, a empresa interage com os órgãos anuentes para fins de obtenção da licença de importação. Também é pelo sistema que ela registra a
Declaração de Importação, posteriormente analisada pela Receita Federal visando à verificação dos dados informados e do regular recolhimento dos tributos.
O Siscomex Importação é utilizado pela internet, por pessoas físicas ou jurídicas, estas previamente habilitadas pela Receita Federal, O procedimento de habilitação foi criado no ano de 2002, havendo, anteriormente, um controle governamental muito frágil, que permitia que muitas empresas inidôneas operassem no comércio exterior.
Atualmente, o procedimento se encontra definido na Instrução Normativa RFB no 1.984/2020. A habilitação ao sistema é solicitada por meio do Portal Único Siscomex, pela internet[footnoteRef:2]. Dependendo de parâmetros, a habilitação pode ser automática ou depender da formalização de um processo digital, instruído com os documentos que atestem, no caso de pessoas jurídicas, o funcionamento regular e a existência das capacidades operacional, econômica e financeira. Na habilitação não automática, a Receita Federal analisa os documentos anexados e, se julgar que foram atendidos os requisitos necessários, habilita o interessado ao uso do sistema. [2: portalunico.siscomex.gov.br] 
1.4. Deferimento da Licença de Importação e Embarque da Mercadoria
Deferido o licenciamento da importação, o importador comunica ao exportador estrangeiro que a mercadoria pode ser embarcada para o Brasil.
O exportador leva a mercadoria a uma empresa de transportes (companhia aérea, marítima ou de outra modalidade), celebrando-se o contrato de frete. Este contrato é formalizado em um documento chamado conhecimento de carga, que é um título de crédito. O conhecimento de carga prova quem é o possuidor ou o proprietário da mercadoria, e esta pode ser transferida a outrem por simples endosso no título.
1.5. Chegada ao Brasil, Custódia e Controle Aduaneiro
De acordo com a legislação aduaneira, mercadorias procedentes do exterior (ou a ele destinadas) somente entram no Brasil (ou dele saem) pela zona primária. Esta é composta pelos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados, ou seja, declarados pela Receita Federal como locais com Alfândega instalada, possibilitando a fiscalização das mercadorias.
Chegando, por exemplo, a um aeroporto alfandegado, a mercadoria é descarregada e custodiada pelo depositário.[footnoteRef:3] [3: Desde 2011, o governo federal tem realizado leilões de concessão de aeroportos internacionais, tais como os de Brasília (DF), Confins (MG), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Galeão (RJ), Guarulhos (SP), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Viracopos (SP). Até então, a Infraero — Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária — detinha o monopólio de armazenagem nos aeroportos brasileiros.
] 
Em regra, a mercadoria fica armazenada até que o importador registre uma Declaração de Importação, com as informações daquela, e apresente os documentos para a Receita Federal proceder ao despacho aduaneiro. No registro da declaração no Siscomex, os tributos exigíveis pela importação são debitados automaticamente da conta bancária do importador.
1.6. Entrega dos Documentos ao Importador e Pagamento ao Exportador
Paralelamente à viagem da mercadoria, os documentos relacionados à importação devem chegar às mãos do importador brasileiro. A fatura comercial e o conhecimento de carga devem ser apresentados por este à Receita Federal para fins de conferência. Também podem ser necessários, por exemplo, o certificado de origem ou o certificado sanitário.
O momento e a forma de entrega dos documentos por parte do exportador, assim como a data de pagamento por parte do importador, são livremente acordados entre eles. O pagamento pela mercadoria pode ser realizado antes mesmo do embarque no exterior com destino ao Brasil, mas também o pode ser antes do desembaraço alfandegário ou após este. São chamados, respectivamente, de pagamento "antecipado", "à vista" e “a prazo".
Em relação aos documentos, estes podem ser entregues diretamente ao importador ou por meio da rede bancária, sendo está a forma mais usual. A escolha depende da modalidade de pagamento escolhida, o que, por sua vez, depende da confiança entre os contratantes e da relação custo-benefício. Por exemplo, se a modalidade de pagamento escolhida for a cobrança, o exportador estrangeiro embarca a mercadoria e entrega os documentos a um banco de sua confiança com a exigência de que somente sejam repassados ao importador contra pagamento ou aceite na letra de câmbio. O banco no exterior envia os documentos a um banco no Brasil, fazendo a mesma recomendação. Quando os documentos chegam ao banco brasileiro, o importador é convidado a ir à agência bancária para retirá-los.
Sendo uma cobrança à vista, o importador deve pagar para retirar os documentos. Tal pagamento pode ocorrer de duas formas: com dinheiro próprio depositado em conta bancária no exterior ou com dinheiro a ser adquirido junto ao banco cobrador. A segunda opção é a mais usual e, neste caso, o importador e o banco liquidam um contrato de câmbio, que é o contrato de compra e venda da moeda estrangeira. O importador entrega ao banco os reais equivalentes ao valor da mercadoria, que está expresso em moeda estrangeira na fatura que acaba de receber. E o banco disponibiliza ao exportador o valor em moeda estrangeira. Este sai das contas que o banco brasileiro possui nos bancos estrangeiros. A existência de tais contas é autorizada pelo Banco Central do Brasil, que fiscaliza sua utilização.
1.7. Desembaraço e Entrega da Mercadoria
Registrada a Declaração de Importação, os documentos da operação devem ser apresentados pelo importador à Receita Federal, para que esta confirme a regularidade da importação, inclusive em relação aos tributos recolhidos. Verificada a correção dos dados declarados, o despacho aduaneiro — nome dado ao procedimento fiscal - é encerrado,sendo desembaraçadas as mercadorias.
Após o desembaraço, a mercadoria pode ser retirada pelo importador, sem prejuízo da cobrança pelo depositário (Infraero, por exemplo) dos custos relativos à armazenagem dos bens.
Segue abaixo o fluxo resumido da operação analisada.
1. O exportador envia uma fatura pró-forma para o importador.
2. O importador solicita a um ou mais órgãos anuentes a concessão do licenciamento da importação.
3. O(s) órgão(s) anuente(s) defere(m) a solicitação, autorizando a importação.
4. A mercadoria é entregue à empresa transportadora e esta entrega ao exportador o conhecimento de carga original, que representa o contrato de transporte.
5. A mercadoria viaja para o Brasil e, paralelamente, o exportador entrega os documentos ao banco no seu país.
6. Os documentos são repassados pelo banco estrangeiro ao banco brasileiro.
7. O banco brasileiro chama o importador brasileiro para retirar os documentos, mas exige deste o pagamento ou o aceite na letra de câmbio, se a cobrança for, respectivamente, "à vista" ou "a prazo".
8. Após registrar a declaração de importação no Siscomex, o importador apresenta os documentos à Receita Federal para que esta realize o despacho aduaneiro. Em paralelo, o banco brasileiro, caso tenha recebido o dinheiro à vista do importador, emite uma ordem de pagamento para o banco estrangeiro em favor do exportador.
9. A Receita Federal, após concluir pela regularidade da importação, desembaraça a mercadoria.
Em paralelo, é debitada a conta que o banco brasileiro mantém no exterior, transferindo-se a moeda estrangeira para o exportador.
Capítulo 2 - Instituições Intervenientes no Comércio Exterior Brasileiro
As denominações "Comércio Exterior" e "Comércio Internacional" não são equivalentes. "Comércio Exterior" está vinculado ao comércio que um país tem com o resto do mundo. Já a expressão "Comércio Internacional" se refere ao comércio considerado de forma global. Portanto, neste livro tratamos do comércio exterior brasileiro e não do comércio internacional brasileiro, expressão que é, no mínimo, inusitada.
Especificamente em relação à palavra "Comércio", há outra consideração a fazer: ela não se refere apenas às operações de compra e venda, mas também a outros tipos de contrato, como leasing e aluguel. Também não se refere apenas à transferência de mercadorias, mas também à prestação de serviços, como transportes e seguros. Logo, a importação de uma mercadoria alugada ou um serviço de frete prestado para ou pelo país são analisados no conjunto do seu comércio exterior.
O estudo do comércio exterior brasileiro se inicia com a apresentação das instituições intervenientes.
2.1. Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB)
A Receita Federal é um órgão específico singular que tem como competência a administração dos tributos federais, incluindo as atividades de fiscalização, lançamento do crédito tributário, cobrança e julgamento em primeira instância dos processos administrativo-fiscais. Além deste controle fiscal (ou tributário), exerce também o controle aduaneiro. Vejamos.
No Brasil, a aduana não é institucionalizada como o é em vários países. Nestes, o órgão que trata da arrecadação tributária e a aduana[footnoteRef:4] são órgãos distintos. A justificativa para essa separação se prende ao caráter dos tributos envolvidos. [4: 0 termo aduana é usado, lato sensu, como sinónimo de Alfândega. No entanto, considerando-se o regimento interno da Receita Federal, definido na Portaria do Ministro da Economia no 284/2020, observa-se que a fiscalização aduaneira é realizada tanto pelas Alfândegas como pelas Delegacias. Em regra, as Alfândegas cuidam da fiscalização na zona primária (portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados) e as Delegacias, na zona secundária, isto é, no restante do território.
] 
Os tributos sobre o comércio exterior e todo o controle aduaneiro têm caráter extrafiscal (ou económico) e não caráter arrecadatório. O controle aduaneiro se baseia na defesa da economia contra importações e exportações danosas ao Brasil, evitando-se, por exemplo, a entrada de mercadorias subfaturadas ou falsificadas. A função é de proteção da economia nacional. Por certo, há também, no controle aduaneiro, a verificação da regularidade do pagamento dos tributos, mas estes são incidentais, não são o ponto central do controle, bastando assinalar que mesmo as mercadorias sujeitas à imunidade de impostos são submetidas ao despacho aduaneiro, que é o procedimento adotado para se apurar a regularidade da importação.
O controle fiscal se pauta pelo controle da arrecadação tributária com o objetivo de financiar o funcionamento do Estado. O foco do controle fiscal é a obtenção de receitas públicas.
Considerando então que o controle aduaneiro e o controle fiscal têm objetivos distintos, sendo, às vezes, conflitantes, há aqueles que defendem a existência de dois órgãos, retirando-se da Receita Federal o controle aduaneiro. Atualmente, no entanto, prevalece a decisão política de concentração dos controles em uma única instituição.
No Anexo I do Decreto no 9.745/2019, está definida a estrutura do Ministério da Economia. O art. 63 dispõe sobre as competências da Receita Federal e está transcrito a seguir. Note que, em praticamente todos os seus incisos, aparecem as palavras "tributos", "contribuições", "aduaneiro", "receita" e "fiscal" e veja que os incisos III e VII confirmam a distinção entre o controle fiscal e o controle aduaneiro. Compare os incisos VIII e XVII, percebendo que cabe à Receita Federal tanto o controle tributário quanto o controle aduaneiro.
Art. 63. À Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil compete:
I - Planejar, coordenar, supervisionar, executar, controlar e avaliar as atividades de administração tributária federal e aduaneira, incluídas aquelas relativas às contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social e às contribuições devidas a terceiros, assim entendidos outros fundos e entidades, na forma da legislação em vigor;
II - Propor medidas de aperfeiçoamento, regulamentação e consolidação da legislação tributária federal;
III - Interpretar e aplicar a legislação tributária, aduaneira, de custeio previdenciário e correlata, e editar os atos normativos e as instruções necessárias à sua execução;
IV - Estabelecer obrigações tributárias acessórias e disciplinar a entrega de declarações;
V - Preparar e julgar, em primeira instância, processos administrativos de determinação e exigência de créditos tributários e de reconhecimento de direitos creditórios relativos aos tributos administrados pela Secretaria Especial;
VI - Preparar e julgar, em instância única, processos administrativos de aplicação de pena de perdimento de mercadorias e valores e de multa a transportador de passageiros ou de carga em viagem doméstica ou internacional que transportar mercadoria sujeita à pena de perdimento;
VII - Acompanhar a execução das políticas tributária e aduaneira e estudar seus efeitos sociais e económicos;
VIII - Planejar, dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar os serviços de fiscalização, lançamento, cobrança, arrecadação e controle dos tributos e demais receitas da União sob sua administração;
IX - Realizar a previsão, o acompanhamento, a análise e o controle das receitas sob sua administração, além de coordenar e consolidar as previsões das demais receitas federais, para subsidiar a elaboração da proposta orçamentária da União;
X - Propor medidas destinadas a compatibilizar a receita a ser arrecadada com os valores previstos na programação financeira federal;
XI - Estimar e quantificar a renúncia de receitas administradas e avaliar os efeitos das reduções de alíquotas, das isenções tributárias e dos incentivos ou estímulos fiscais, ressalvada a competência de outros órgãos que também tratem da matéria;
XII - Promover atividades de cooperação e integração entre as administrações tributárias do País, entre o fisco e o contribuinte, e de educação fiscal, além de preparar e divulgar informações tributárias e aduaneiras;XIII - Elaborar estudos e estatísticas econômico-tributárias para subsidiar a formulação da política tributária e, em relação ao comércio exterior, estabelecer política de informações econômico-fiscais e implementar sistemática de coleta, tratamento e divulgação dessas informações;
XIV - Celebrar convénios com órgãos e entidades da administração pública e entidades de direito público ou privado, para permuta de informações, racionalização de atividades, desenvolvimento de sistemas compartilhados e realização de operações conjuntas;
XV - Gerir o Fundaf, a que se refere o Decreto-Lei no 1.437, de 1975;
XVI - Negociar e participar da implementação de acordos, tratados e convénios internacionais pertinentes à matéria tributária e aduaneira;
XVII - Dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar os serviços de administração, fiscalização e controle aduaneiros, inclusive quanto ao alfandegamento de áreas e recintos;
XVIII - Dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar o controle do valor aduaneiro e de preços de transferência de mercadorias importadas ou exportadas, ressalvadas as competências do Comitê Brasileiro de Nomenclatura; 
XIX - Dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e económica e origem de mercadorias, inclusive para representar o País em reuniões internacionais sobre a matéria;
XX - Planejar, coordenar e realizar as atividades de repressão aos ilícitos tributários e aduaneiros, inclusive contrafação, pirataria, entorpecentes e drogas afins, armas de fogo, lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, observada a competência específica de outros órgãos;
XXI - Administrar, controlar, avaliar e normatizar o Siscomex, ressalvadas as competências de outros órgãos;
XXII - Articular-se com órgãos, entidades e organismos nacionais, internacionais e estrangeiros que atuem no campo econômico-tributário, econômico-previdenciário e de comércio exterior, para realização de estudos, conferências técnicas, congressos e eventos semelhantes;
XXIII - Elaborar proposta de atualização do plano de custeio da seguridade social, em articulação com os demais órgãos envolvidos; e
XXIV - orientar, supervisionar e coordenar as atividades de produção e disseminação de informações estratégicas na área de sua competência, em especial aquelas destinadas ao gerenciamento de riscos ou à utilização por órgãos e entidades participantes de operações conjuntas, que visem à qualidade e à fidedignidade das informações, à prevenção e ao combate às fraudes e práticas delituosas, no âmbito da administração tributária federal e aduaneira.
A Receita Federal tem competência em se tratando de contrabando, descaminho, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de armas e lavagem de dinheiro (inciso XX). Porém, podemos nos perguntar: isso não é competência da Polícia Federal?
Nesta matéria, ambos os órgãos detêm competências específicas, sem serem conflitantes. De uma forma simplificada, podemos identificar as funções: a Receita Federal apreende as mercadorias no curso da fiscalização, e a Polícia Federal age para indiciar o sujeito, podendo fazer uso das mercadorias como meio de prova.
Por último, é importante destacar o inciso XXI. Nele se encontra a informação de que a Receita Federal é um dos órgãos gestores (administradores) do Siscomex, a ser abordado no próximo capítulo.
2.2. Secretaria de Comércio Exterior (Secex)
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) pertence à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint), do Ministério da Economia, conforme definido no Anexo I do Decreto no 9.745/2019.
Suas funções se encontram no art. 91 do anexo citado[footnoteRef:5], mas a melhor análise passa pelo estudo das suas subsecretarias: [5: Art. 91. À Secretaria de Comércio Exterior compete:
— formular propostas de diretrizes, implementar e coordenar políticas e programas de comércio exterior de bens e serviços e estabelecer normas e procedimentos necessários à sua implementação, ao seu monitoramento e à sua avaliação, respeitadas as competências dos demais órgãos;
— representar o Ministério nas negociações e nos foros internacionais relativos ao comércio exterior nos temas de bens, inclusive do setor automotivo, serviços, investimentos, compras governamentais, regime de origem, barreiras técnicas, facilitação de comércio, defesa comercial, solução de controvérsias, propriedade intelectual, comércio digital e outros temas tarifários e não tarifários nos âmbitos multilateral, plurilateral, regional e bilateral;
— propor medidas de políticas fiscal e cambial, de transportes e fretes, e de promoção comercial;
— planejar, orientar e supervisionar a execução de políticas públicas e programas de operacionalização de comércio exterior e estabelecer as normas necessárias à sua implementação, observadas as competências de outros órgãos;
— propor diretrizes que articulem o emprego do instrumento aduaneiro com os objetivos gerais de política de comércio exterior e propor regimes de origem preferenciais e não preferenciais;
— coordenar, no âmbito do Ministério, a preparação de subsídios para o Mecanismo de Revisão de Política Comercial
Brasileira da Organização Mundial do Comércio;
— implementar os mecanismos de defesa comercial;
— regulamentar os procedimentos relativos às investigações de defesa comercial e às avaliações de interesse público; IX — decidir sobre a abertura de investigações e revisões relativas à aplicação de medidas antidumping, compensatórias e de salvaguardas, inclusive preferenciais, previstas em acordos multilaterais, regionais ou bilaterais e sobre a prorrogação do prazo da investigação e o seu encerramento sem a aplicação de medidas; X — decidir sobre:
a abertura de investigação da existência de práticas elisivas que frustrem a cobrança de medidas antidumping e compensatórias;
a prorrogação do prazo da investigação de que trata a alínea "a" e o seu encerramento sem extensão de medidas; e c) a abertura de avaliação de interesse público;
— decidir sobre a aceitação de compromissos de preço previstos nos acordos multilaterais, regionais ou bilaterais na área de defesa comercial;
— apoiar o exportador submetido a investigações de defesa comercial no exterior;
— orientar e articular-se com o setor produtivo em relação a barreiras às exportações brasileiras e propor iniciativas facilitadoras e de convergência regulatória em relação a terceiros países;
— articular-se com outros órgãos da administração pública federal, entidades e organismos nacionais e internacionais para promover a superação das barreiras às exportações brasileiras ou a atenuação de seus efeitos;
— administrar, controlar, desenvolver e normatizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior — Siscomex e de seu Portal Único de Comércio Exterior, observadas as competências de outros órgãos;
— formular a política de informações de comércio exterior e implementar sistemática de tratamento e divulgação dessas informações;
— elaborar e divulgar as estatísticas de comércio exterior, inclusive a balança comercial brasileira, observadas as recomendações internacionais e as competências de outros órgãos;
— promover iniciativas destinadas à difusão da cultura exportadora e à integração de empresas brasileiras ao comércio exterior e ações e projetos destinados à promoção e ao desenvolvimento do comércio exterior, especialmente das empresas de pequeno e médio portes;
— articular-se com órgãos, entidades e organismos nacionais e internacionais para a realização de treinamentos, estudos, eventos e outras atividades destinadas ao desenvolvimento do comércio exterior;
— propor medidas de aperfeiçoamento, simplificação e facilitação de comércio exterior e editar atos normativos para a sua execução;
e XXII - (revogados)
— conceder o regime aduaneiro especial de drawback, nas modalidades de suspensão e isenção, para proporcionar o aumento na competitividade internacional do produto brasileiro, respeitadas as competências da Secretaria Especial daReceita Federal do Brasil do Ministério da Economia;
— estabelecer critérios de distribuição, administração e controle de cotas tarifárias e não tarifárias de importação e exportação;
— examinar e apurar a prática de ilícitos no comércio exterior e propor aplicação de penalidades; 
— representar a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais no Comitê Nacional de Facilitação do Comércio;
— elaborar e, quando pertinente, divulgar relatórios e estudos de inteligência de comércio exterior; 
— formular propostas de políticas e programas de comércio exterior de serviços e estabelecer normas e medidas necessárias à sua implementação; 
— elaborar estratégias de inserção internacional da República Federativa do Brasil em temas relacionados com o comércio exterior; 
— (revogado)
— administrar, controlar, desenvolver e normatizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio — Siscoserv.] 
I -	Subsecretaria de Operações de Comércio Exterior (Suext);
II - Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM);
III - Subsecretaria de Negociações Internacionais (Seint);
IV - Subsecretaria de Facilitação de Comércio Exterior e Internacionalização (Sufac); e
V - Subsecretaria de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior (Sitec).
A Suext é a que atua de forma mais direta nas operações de importação e de exportação. Por exemplo, ela é um dos órgãos anuentes, que decidem sobre licenças de importação e anuências para exportação[footnoteRef:6], efetivando o controle administrativo do comércio exterior. Também realiza a verificação de preços nas operações de importação e de exportação, no chamado controle comercial. Em suma, sua atuação está mais voltada à parte operacional do comércio exterior.[footnoteRef:7] [6: A autorização de determinadas importações se dá por meio da concessão de Licença de Importação, enquanto as exportações são autorizadas por meio de anuências inseridas na Declaração Única de Exportação, analisadas no tópico 4.3.1.] [7: Decreto no 9.745/2019, anexo I: "Art. 93. À Subsecretaria de Operações de Comércio Exterior compete:
I	— desenvolver, executar e acompanhar políticas e programas de operacionalização do comércio exterior e propor normas e procedimentos necessários à sua implementação; 
II	— acompanhar, participar de atividades e implementar ações de comércio exterior relacionadas a acordos internacionais que envolvam setores específicos ou a comercialização de produtos, referentes à área de atuação da Subsecretaria•, 
III — administrar os módulos operacionais do Siscomex, incluído o Portal Único de Comércio Exterior, e gerir a atuação de usuários do sistema, ressalvadas as competências da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil; 
IV — analisar e deliberar sobre:
a)	exigências e controles comerciais nas operações de importação e exportação;
b)	atos concessórios de drawback, nas modalidades isenção e suspensão;
c)	importação de bens usados; e
d)	exame de similaridade e acordos de importação com a participação de empresas nacionais; 
V — fiscalizar preços, pesos, medidas, classificação, qualidades e tipos, declarados nas operações de exportação e importação, diretamente ou em articulação com outros órgãos da administração pública federal, observadas as competências das repartições aduaneiras;] 
A SDCOM também interage diretamente com o importador/exportador brasileiro, mas apenas nas situações de defesa comercial. A ela compete investigar o aumento de importações por parte do Brasil e a prática de dumping ou de subsídios por parte dos demais países.[footnoteRef:8] Tais fatos, quando comprovadamente danosos à indústria nacional, podem ser combatidos com a imposição de medidas de defesa permitidas nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. [8: 0 dumping é a exportação de uma mercadoria por um preço abaixo do valor normal de venda no mercado interno do país exportador. O subsídio é ação governamental que confere uma vantagem a quem o recebe. Ambos são considerados práticas desleais de comércio. No Brasil, o procedimento de defesa contra tais práticas é previsto, respectivamente, nos Decretos nos 8.058/2013 e 1.751/1995. Para maior detalhamento, sugiro a leitura de LUZ, Rodrigo. Relações Económicas Internacionais e Comércio Internacional. 4. ed. São Paulo: Método, 2015.] 
As demais subsecretarias não atuam diretamente nas operações de importação e exportação, tendo funções em nível mais alto. A Seint participa das negociações de tratados internacionais de comércio de bens e de serviços.
A Sufac é a responsável pela elaboração de projetos normativos para o aperfeiçoamento da legislação de comércio exterior. Também tem a competência de atuar para "melhoria da competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e à facilitação do comércio", especialmente na simplificação e harmonização da burocracia administrativa. Também se destaca na tarefa de difusão da cultura exportadora, tentando integrar as empresas brasileiras, especialmente as de pequeno e médio portes, ao comércio exterior.
A Sitec realiza análises e estudos relacionados ao comércio exterior de bens e serviços e dissemina as informações estatísticas do comércio exterior brasileiro.[footnoteRef:9] [9: Para cumprir a função de buscar o desenvolvimento do país por meio do comércio exterior, a Secex precisa, antes de tudo, conhecer o padrão do comércio brasileiro com o resto do mundo. Para isso utiliza sistemas que coletam e tratam gerencialmente as informações das transações exteriores. Essa gama de informações é a base das publicações e estatísticas governamentais.
A Receita Federal (RFB), apesar de também possuir função de controle, não atua com o objetivo específico de desenvolver o país por meio do comércio exterior (objetivo da Secex), mas de fiscalizar as operações realizadas, prevenindo e reprimindo os ilícitos aduaneiros. Em linhas gerais, a RFB não procura saber, por exemplo, quantos carros são importados mensalmente pelo Brasil, mas fiscaliza se a declaração de importação de cada um deles foi corretamente preenchida e se houve cumprimento das normas tributárias e aduaneiras.
Pode-se dizer que a RFB possui o conhecimento "micro" do comércio exterior brasileiro, e a Secex, o conhecimento macro", o que a torna o órgão responsável pela publicação das estatísticas governamentais do comércio exterior brasileiro.] 
Concluindo, cabem algumas observações importantes em relação à Secex. Em primeiro lugar, com a leitura do art. 91, transcrito anteriormente, podemos sintetizar as funções da Secretaria utilizando as expressões-chave: "propor", "negociações internacionais", "defesa comercial" e "desenvolvimento". Em segundo lugar, os incisos XV e XXXI do artigo citado qualificam a Secex como órgão gestor (administrador) do Siscomex e do Siscoserv. Somente o primeiro será analisado no próximo capítulo, pois o segundo foi descontinuado em 2020.
2.3. Banco Central do Brasil (Bacen)
A Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964, transformou a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) em autarquia, surgindo o Banco Central da República do Brasil. Com o Decreto-Lei no 278, de 28 de fevereiro de 1967, teve a sua denominação alterada para Banco Central do Brasil.
Dentre as atribuições elencadas na Lei no 4.595/1964, podem-se destacar algumas relativas à matéria cambial:
a) efetuar o controle dos capitais estrangeiros, nos termos da lei (art. 10, inciso VII, com a renumeração dada pela Lei no 7.730/1989);
b) ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque e fazer com estas últimas todas e quaisquer operações previstas no Convênio Constitutivo do Fundo Monetário Internacional (art. IO, inciso VIII, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 581/1969 e renumerado pela Lei no 7.730/1989);
c) conceder autorização às instituições financeiras a fim de que estas possam praticar operações de câmbio (art. 10, inciso X, com a renumeração dada pela Leino 7.730/1989);
d) entender-se, em nome do Governo Brasileiro, com as instituições financeiras estrangeiras e internacionais (art. 11, inciso I); e
e) atuar no sentido do funcionamento regular do mercado cambial, da estabilidade relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos, podendo, para esse fim, comprar e vender ouro e moeda estrangeira, bem como realizar operações de crédito no exterior, inclusive as referentes aos Direitos Especiais de Saque e separar os mercados de câmbio financeiro e comercial (art. 11, inciso III, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 581/1969).
De acordo com o art. 12 da lei citada, o Banco Central "operará exclusivamente com instituições financeiras públicas e privadas, vedadas operações bancárias de qualquer natureza com outras pessoas de direito público ou privado, salvo as expressamente autorizadas por lei".
No Capítulo 5, veremos que as operações de câmbio, ou seja, a compra e a venda de moedas estrangeiras, não são efetuadas diretamente pelo Banco Central. Foi indicado no item c que o Bacen autoriza as instituições financeiras a operarem no mercado de câmbio, ou seja, quem compra e vende moeda estrangeira são os bancos Itaú, Bradesco, CEF, do Brasil, entre outros. É normalmente das contas que estes bancos mantêm no exterior que saem os recursos para os destinatários indicados pelo importador brasileiro e constantes nos documentos da importação. E, no sentido inverso, é normalmente nestas contas que entram os recursos enviados ao Brasil como pagamento ou transferência financeira.
A função do Banco Central é fiscalizar os bancos, as remessas, os recebimentos e o cumprimento de todas as formalidades impostas para a operacionalização da entrada e saída dos recursos.
2.4. Ministério das Relações Exteriores (MRE)
O Ministério das Relações Exteriores é o órgão do Poder Executivo que promove as negociações do Brasil com o resto do mundo visando à celebração de acordos ou tratados internacionais. No entanto, quando o Brasil negocia, por exemplo, um tratado de agricultura ou sobre o meio ambiente, o MRE não é o único órgão brasileiro a tomar parte nas tratativas. Ele recebe a colaboração daqueles órgãos que possuem o conhecimento técnico do assunto negociado. Nos exemplos citados, é natural a colaboração respectivamente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente. Já as negociações de tratados de comércio exterior são realizadas pelo MRE com a participação da Secex, como analisado no tópico 2.2.
O Anexo I do Decreto no 9.683/2019 aponta as competências do MRE, ressaltando que ele participa das negociações internacionais envolvendo os mais diversos assuntos:
Art. 1 0 0 Ministério das Relações Exteriores, órgão da administração direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:
I - assistir direta e imediatamente o Presidente da República nas relações com
Estados estrangeiros e organizações internacionais;
II - política internacional;
III - relações diplomáticas e serviços consulares;
IV - participação em negociações comerciais, económicas, financeiras, técnicas e culturais com Estados estrangeiros e organizações internacionais, em articulação com os demais órgãos competentes;
V - programas de cooperação internacional;
VI - apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais;
VII - coordenação das atividades desenvolvidas pelas assessorias internacionais dos órgãos e das entidades da administração pública federal;
VIII - promoção do comércio exterior, de investimentos e da competitividade internacional do País, em coordenação com as políticas governamentais de comércio exterior, incluída a supervisão do Serviço Social Autónomo Agência de Promoção de Exportações do Brasil - Apex-Brasil, e a presidência do Conselho Deliberativo da Apex-Brasil; e
IX - apoio ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República no planejamento e coordenação de deslocamentos presidenciais no exterior.
A outra função do MRE vinculada ao comércio exterior é a promoção deste, como definido no inciso VIII. Envolve a promoção de feiras internacionais com a participação de exportadores brasileiros e daqueles que desejam iniciar exportações. Implica também a divulgação de potenciais negócios para os exportadores brasileiros e a promoção de visitas ao Brasil de potenciais compradores de nossos produtos. Enfim, o MRE atua no sentido de fomentar as exportações brasileiras.
Não se pode confundir "difusão da cultura exportadora" (função da Secex, analisada no tópico 2.2) com "promoção comercial". A difusão da cultura exportadora consiste em "abrir os olhos" das empresas brasileiras para que elas desejem exportar. É um trabalho interno de convencimento. Já a promoção comercial busca "abrir os olhos" dos estrangeiros para os nossos produtos. É um trabalho externo de convencimento.
2.5. órgãos Anuentes
No comércio exterior brasileiro, algumas operações de importação e de exportação somente podem ser realizadas após a obtenção de autorização governamental. Por exemplo, caso se queira importar um animal vivo, é necessário previamente obter uma autorização de embarque junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; no caso de armas e munições, o licenciamento é pedido ao Exército Brasileiro; no caso de medicamentos, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.
Atualmente existem dezoito órgãos anuentes.[footnoteRef:10] [10: Da lista de órgãos anuentes, somente a Secex foi analisada destacadamente, tendo em vista sua condição de órgão gestor do Siscomex, a ser analisado no próximo capítulo.] 
· Agência Nacional do Cinema (Ancine)
· Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
· Agência Nacional de Mineração (ANM)
· Agência Nacional de Petróleo (ANP)
· Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
· Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
· Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
· Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Exército Brasileiro
· Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
· Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
· Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
· Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
· Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)
· Ministério da Defesa
· Polícia Federal
· Subsecretaria de Operações de Comércio Exterior (Suext), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex)
· Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa)
Como saber se determinado produto está sujeito à anuência governamental, seja na importação, seja na exportação?
De acordo com os arts. 14 e 15 da Portaria Secex no 23/2011, consta, na página eletrônica do Ministério da Economia e no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), a lista de produtos sujeitos a anuência para importação. Para cada espécie listada, é indicado o respectivo órgão anuente. De forma análoga, o art. 187 tratava dos casos de exportações sujeitas a anuência. Apesar de este ter sido revogado em 2020 junto com dezenas de outros artigos, por causa da mudança na sistemática de exportação, os endereços eletrônicos mantêm as informações dos produtos e respectivos anuentes.
2.6. Câmara de Comércio Exterior (Camex)
Como vimos, o comércio exterior sofre controle de vários ministérios (da Economia, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Saúde, do Meio Ambiente, da Defesa, da Justiça etc.). Para coordená-los, foi criada, em 2003, a Câmara de Comércio Exterior, com a competência de lhes definir parâmetros e diretrizes de atuação. Em outras palavras, surgiu para evitar os conflitos positivo e negativo[footnoteRef:11] de normas ou ações dos órgãos intervenientes. [11: 0 conflito positivo se caracteriza por dois ou mais órgãos imporem regras conflitantes em relação a uma mesma situação; o negativo, quando os órgãos teoricamente competentes não se reconhecem como tais, criando-seum vácuo no controle governamental.] 
Para cumprir seu papel, a Camex assumiu a forma de órgão colegiado, composto por vários Ministros de Estado e vinculado diretamente à Presidência da República. Porém, em 2019, o Decreto no 10.044 moveu-a para o Ministério da Economia, apesar de seu novo órgão máximo — o Conselho de Estratégia Comercial — incluir o Presidente da República.[footnoteRef:12] [12: Art. 4º. O Conselho de Estratégia Comercial é composto pelos seguintes membros: I — Presidente da República, que o presidirá; II — Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República; III — Ministro de Estado da Defesa; IV — Ministro de Estado das Relações Exteriores; V — Ministro de Estado da Economia; e VI — Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.] 
As funções da Camex se encontram no decreto citado:
Art. 1º A Câmara de Comércio Exterior - Camex, do Ministério da Economia, tem por objetivo a formulação, a adoção, a implementação e a coordenação de políticas e de atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, aos investimentos estrangeiros diretos, aos investimentos brasileiros no exterior e ao financiamento às exportações, com vistas a promover o aumento da produtividade da economia brasileira e da competitividade internacional do País.
(...)
§3º Para fins do disposto no caput, a Camex será consultada sobre matérias relevantes relacionadas com comércio exterior, investimentos estrangeiros diretos, investimentos brasileiros no exterior e financiamento às exportações, ainda que consistam em atos de outros órgãos e entidades da administração pública federal. S 40 Não se aplica o disposto neste Decreto às matérias relacionadas com a regulação dos mercados financeiro e cambial, de competência do Conselho Monetário Nacional do Ministério da Economia e do Banco Central do Brasil, respectivamente.
Art. 7º O Comitê-Executivo de Gestão é o órgão da Camex ao qual compete, dentre outros atos necessários à consecução dos objetivos da política de comércio exterior:
I - orientar a política aduaneira, observada a competência específica do Ministério da Economia;
II - formular diretrizes da política tarifária na importação e na exportação;
III - estabelecer as alíquotas do imposto sobre a exportação, observadas as condições estabelecidas no Decreto-Lei no 1.578/1977;
IV - estabelecer as alíquotas do imposto de importação, observados as condições e os limites estabelecidos na Lei no 3.244/1957, no Decreto-Lei no 63/1966, e no Decreto-Lei no 2.162/1984;
V - alterar, na forma estabelecida nos atos decisórios do Mercado Comum do Sul - Mercosul, a Nomenclatura Comum do Mercosul, de que trata o Decreto no2.376/1997;
VI - fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou definitivos, e salvaguardas;
VII - decidir sobre a suspensão da exigibilidade dos direitos provisórios;
VIII - homologar o compromisso previsto no art. 40 da Lei no 9.019/1995; 
IX - estabelecer diretrizes e medidas destinadas à simplificação e à racionalização de procedimentos do comércio exterior;
X - estabelecer as diretrizes para investigações de defesa comercial;
XI - alterar regras de origem de natureza preferencial, inclusive para fins de internalização de modificações promovidas no âmbito das comissões administradoras de acordos comerciais dos quais o País faça parte;
XII - formular diretrizes para a funcionalidade do Sistema Tributário no âmbito das atividades de exportação e importação, de atracão de investimentos estrangeiros e de promoção de investimentos brasileiros no exterior, sem prejuízo do disposto no art. 35 do Decreto-Lei no 37/1966, e no art. 16 da Lei no 9.779/1999; 
XIII - remeter à apreciação do Conselho de Estratégia Comercial decisões consideradas de caráter estratégico;
XIV - orientar a atuação do Ombudsman de Investimentos Diretos;
XV - estabelecer as diretrizes para a política de financiamento das exportações de bens e de serviços e para a cobertura dos riscos de operações a prazo, inclusive aquelas relativas ao Seguro de Crédito à Exportação; e
XVI - acompanhar as atividades dos demais colegiados da Camex.
Para evitar o conflito positivo de competência, a Camex "será consultada sobre as matérias relevantes relacionadas ao comércio exterior". O decreto anterior (4.732/2003) acrescentava que a criação ou alteração de norma relativa a comércio exterior ficava sujeita à "prévia aprovação da Camex", algo que não aparece na norma atual.
Para evitar o conflito negativo, a Câmara impõe diretrizes e parâmetros a serem seguidos pelos ministérios. Em síntese, podem ser encontradas entre suas atribuições as seguintes palavras-chave: "coordenar", "orientar" e "diretrizes/parâmetros"
Considerando que a Camex é o órgão máximo em matéria de comércio exterior brasileiro, o Presidente da República lhe delegou as competências de fixar as alíquotas do imposto de importação e de exportação, alíquotas antidumping, medidas compensatórias e cláusulas de salvaguarda e de alterar a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
Embora tenha a competência de alterar as alíquotas do imposto de importação (definidas na Tarifa Externa Comum — TEC) e a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), não há liberdade total para a Camex assim agir, pois, afinal, a NCM e a TEC são tabelas criadas por consenso e mantidas pelos países-membros do Mercosul, conforme será analisado no tópico 9.3. Portanto, não podem ser alteradas unilateralmente.
A NCM é uma lista com todas as mercadorias existentes no mundo e seus respectivos códigos numéricos. E a TEC é formada pela NCM acrescida das alíquotas de imposto de importação relativas a cada código. Se a NCM e a TEC são utilizadas em consenso pelos países do Mercosul, como pode a Camex alterá-las?
Na verdade, a Camex apenas incorpora ao ordenamento jurídico interno as alterações decididas no âmbito do bloco. Como tais alterações não são autoaplicáveis ao Brasil e como o Poder Executivo brasileiro pode alterar as alíquotas do imposto de importação sem obedecer ao Princípio da Legalidade (cf. S 10 do art. 153 da Constituição Federal), tais alterações são inseridas em Resoluções Camex, dispensando-se a aprovação do Poder Legislativo (atualmente, a TEC e a NCM estão definidas na Resolução Camex no 125/2016).
Apesar de, em princípio, a Camex agir apenas para internalizar decisões tomadas pelos órgãos do Mercosul, há um pequeno grau de liberdade para que altere alíquotas de imposto de importação. É o caso das listas de exceções à TEC e dos ex-tarifários, estes analisados no tópico 7.2.7. Cada país do bloco cria suas respectivas listas, relacionando-se determinado número de códigos NCM. Se o Brasil, por exemplo, incluir o sapato na sua lista de exceções à TEC, a entrada deste produto no país será tributada com uma alíquota de imposto de importação diferente da alíquota geral da TEC, podendo ser maior ou menor que esta.[footnoteRef:13] [13: Para aprofundamento no estudo do Mercosul, sugiro a leitura de LUZ, Rodrigo. Relações Econômicas Internacionais e Comércio Internacional. 4. ed. São Paulo: Método, 2015.] 
2.7. Considerações Finais Acerca dos Controles Governamentais
Da análise dos órgãos que atuam no comércio exterior brasileiro, pode-se constatar que o controle governamental possui atualmente dois enfoques principais: o administrativo e o aduaneiro. Nos Capítulos 4 e 6, esses dois controles serão analisados.[footnoteRef:14] De uma forma muito sucinta, pode-se dizer que: [14: No Capítulo 4, trataremos também do controle comercial realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).] 
1) o controle administrativo é realizado pelos órgãos anuentes (Secex, Min. da Saúde, da Defesa, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entre outros), consistindo nas autorizações para importação ou exportação de produtos específicos; e
2) o controle aduaneiro é realizado pela Receita Federal, consistindo na verificação da mercadoria procedente do exterior ou a ele destinada. Implica analisar se o produto importado/exportado foi o efetivamente autorizado, se a declaração aduaneira foi corretamentepreenchida e se foram recolhidos os tributos devidos.
No passado, o Banco Central (Bacen), além de fixar as normas cambiais, exigia o cumprimento destas para todas as importações e exportações brasileiras. Por exemplo, havia prazos para que as declarações de importação fossem vinculadas a contratos de câmbio, com valor e nome do exportador estrangeiro coincidentes nos dois documentos. A exigência era análoga para as exportações.
Contudo, como veremos no Capítulo 5, a Lei no 11.371/2006 passou a permitir a manutenção no exterior de recursos de exportação e a respectiva utilização em importações brasileiras, tornando dispensável a contratação de câmbio tanto nas exportações como nas importações. Consequentemente, o Banco Central deixou de impor como obrigação a vinculação de contratos de câmbio às declarações aduaneiras, deixando de haver o controle cambial para cada operação. Atualmente, a fiscalização do Banco Central sobre os eventuais contratos de câmbio ocorre apenas de forma seletiva e dentro do contexto de todas as transações bancárias. Por essa desnecessidade de contratação de câmbio, atualmente se costuma mencionar que foi extinto o chamado controle cambial no comércio exterior.
2.8. Questões de Provas
1. (AFTN/1996) Ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) compete, em matéria de comércio exterior:
a) atuar como agente pagador e recebedor fora do País, como representante do Governo Federal, emitir licenças de importação e exportação e representar o país em feiras e eventos internacionais; 
b) traçaras diretrizes da política de comércio exterior, estabelecer normas para sua implementação e supervisionar sua execução;
c) realizar estudos e pesquisa sobre mercados externos, atuar na promoção comercial e organizar a participação brasileira em feiras internacionais;
d) definir normas para exportação e importação de produtos, negociar e celebrar contratos comerciais internacionais e atuar, em nome do Estado, nos foros internacionais;
e) estabelecer contratos e contrair, em nome do Estado, compromissos comerciais e coordenar o sistema de informações comerciais.
2. (AFTN/1998) A execução e o acompanhamento da política cambial são atribuições da(o):
a) Câmara de Comércio Exterior;
b) Conselho Monetário Nacional;
c) Banco do Brasil;
d) Banco Central do Brasil;
e) Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
3. (AFTN/1998) A atuação da Secretaria da Receita Federal, no que se refere ao comércio exterior, envolve:
a) o controle administrativo das operações comerciais e a supervisão das atividades de arrecadação e fiscalização aduaneira;
b) atividades de tributação, arrecadação e fiscalização aduaneira;
c) o controle tributário, financeiro e administrativo das operações comerciais;
d) a administração de tributos internos e aduaneiros, arrecadação de receitas cambiais e fiscalização das práticas administrativas;
e) a supervisão administrativa das operações comerciais e formulação de normas tributárias.
4. (AFTN/1998 - adaptada) A definição de diretrizes relativas às políticas de comércio exterior, de financiamento e de seguro de crédito às exportações e à promoção de bens e serviços brasileiros no exterior é atribuição da(o):
a) Subsecretaria de Assuntos Econômicos, de Integração e de Comércio Exterior do Ministério das Relações Exteriores;
b) Câmara de Comércio Exterior, do Ministério da Economia;
c) Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia;
d) Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia;
e) Departamento de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia.
5. (AFRF /2000) Ao conjunto dinâmico do intercâmbio físico de bens e de serviços, bem como dos fluxos financeiros correspondentes, entre os diversos países, regiões e grupos econômicos do mundo, resultante da divisão internacional do trabalho, da dotação diferenciada dos fatores de produção e da diversidade das habilidades adquiridas por cada participante, poder-se-ia denominar:
a) Balança de Serviços;
b) Comércio Fronteiriço;
c) Comércio Exterior;
d) Comércio Intrazonal;
e) Comércio Internacional.
6. (AFRF/2000 - adaptada) O órgão executivo regulador das operações de câmbio do Comércio Exterior é:
a) o Conselho Monetário Nacional — CMN;
b) o Banco Central do Brasil — Bacen;
c) a Câmara de Comércio Exterior — Camex;
d) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES;
e) a Secretaria da Receita Federal — SRF.
7. (AFRF/2000) Compete à Secretaria da Receita Federal — SRF:
a) estabelecer diretrizes para a política de desregulamentação do Comércio Exterior;
b) financiar diretamente a produção nacional de bens a exportar;
c) formular propostas de políticas e de programas de promoção do Comércio Exterior;
d) acompanhara execução da política tributária e fiscal e estudar seus efeitos na economia do país;
e) elaborar pesquisa de mercado externo, coletar, processar, acompanhar e difundir informações sobre oportunidades comerciais e de investimentos para o Brasil.
8. (AFRF/2000) A Secretaria de Comércio Exterior - Secex- tem entre suas principais atribuições e objetivos:
a) administrar os tributos internos e aduaneiros da União;
b) coordenar a aplicação da defesa contra práticas desleais de Comércio Exterior, bem como de medidas de salvaguardas comerciais;
c) certificar os documentos sanitários das exportações brasileiras;
d) propor e estabelecer normas sobre as operações de câmbio no Comércio Exterior;
e) financiar as operações de exportação.
9. (AFRF/2002-1 — adaptada) A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda. (Constituição Federal 1988, art. 237). Com base no enunciado acima, assinale a opção correta.
a) compete ao Ministério da Fazenda (Economia) a fiscalização e o controle somente quando as operações de comércio exterior sejam definidas como essenciais aos interesses fazendários nacionais. b) compete ao Ministério da Fazenda (Economia) a fiscalização e o controle das operações de comércio exterior, atividades administrativas consideradas essenciais aos interesses fazendários nacionais.
b) compete ao Ministério da Fazenda (Economia) a fiscalização e o controle das operações de comércio exterior relativas a bens ingressados no país, tendo em vista serem as importações essenciais aos interesses fazendários nacionais.
c) compete ao Ministério da Fazenda (Economia) a fiscalização e o controle das operações de comércio exterior relativas a bens saídos do país, tendo em vista serem as exportações essenciais aos interesses fazendários nacionais.
d) compete ao Ministério da Fazenda (Economia) a fiscalização e o controle das operações de comércio exterior relativamente às obrigações do país frente aos seus compromissos internacionais.
10. (AFRF/2002-1 ) As instituições aduaneiras têm por funções primordiais:
a) o recolhimento de impostos associados a operações comerciais bem como de outras atividades de natureza não económica;
b) a vigilância das áreas de fronteira e o controle de pessoas e passaportes nas mesmas;
c) o recolhimento de tributos que incidem sobre as importações e a circulação de mercadorias;
d) o controle e a fiscalização dos veículos transportadores nas áreas de fronteiras;
e) o controle do fluxo de mercadorias que ingressam ou saem do país em caráter definitivo ou temporário em decorrência das operações de comércio internacional e a aplicação de tarifa aduaneira sobre tais operações.
11. (AFRF/2002-1) Assinale a opção que melhor define "Comércio Internacional".
a) a expressão "Comércio Internacional" designa, unicamente, a troca de mercadorias entre diferentes países, não abrangendo serviços nem aspectos ligados à sua execução, como o transporte e o pagamento.
b) a expressão "Comércio Internacional" refere-se às trocas de mercadorias entre diferentes países exclusivamente por compra e venda internacional e abrange tudo o que for ligado à sua execução, incluindo transporte e pagamento.
c) a expressão 'Comércio Internacional" designa a troca de mercadorias eserviços entre os países signatários do GATT.
d) a expressão "Comércio Internacional" designa a troca de mercadorias entre o Brasil e os países do Mercosul.
e) a expressão "Comércio Internacional" designa a troca de mercadorias e serviços de todos os tipos entre diferentes países em tudo o que for ligado à sua execução, incluindo transporte e pagamento.
12. (AFRF/2002-2) Exercer, prévia ou posteriormente, a fiscalização de preços, pesos, medidas, qualidade e tipos declarados nas operações de importação e de exportação, acompanhar a execução dos acordos internacionais relacionados com o comércio exterior, conceder a aplicação do mecanismo do "drawback", investigar a ocorrência de "dumping" e subsídios com vistas a estabelecer as medidas de defesa comercial, são algumas das atribuições:
a) a) da Secretaria da Receita Federal, tendo em vista sua competência constitucional para a fiscalização e controle do comércio exterior, além da pesquisa e fiscalização do valor aduaneiro das mercadorias e de reprimir as práticas de sub e superfaturamento na importação e na exportação; 
b) do Ministério das Relações Exteriores, tendo em vista que dumping, subsídios, salvaguardas, valoração aduaneira, Sistema Harmonizado, acordos internacionais de comércio são decorrentes de atos internacionais sob sua competência constitucional;
c) da Secretaria de Comércio Exterior, tendo em vista competir a ela, entre outras atribuições, exercer a política de comércio exterior e autorizar as importações e exportações de mercadorias através do mecanismo do licenciamento;
d) do Banco Central do Brasil em conjunto com a Secretaria de Comércio Exterior, tendo em vista o controle cambial e administrativo das operações de importação e exportação;
e) da Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil, tendo em vista a necessidade de coibir as fraudes cambiais nas operações de comércio exterior, fretes internacionais e conciliação entre os contratos de câmbio, faturas comerciais e conhecimentos de carga.
13. (AFRF/2002-2) Sobre a natureza e o papel das alfândegas no comércio internacional, é correto afirmar que:
a) são autarquias que zelam pela observância das leis e regulamentos comerciais, particularmente no que concerne ao recolhimento de tributos federais aplicáveis à entrada, à saída e à movimentação de bens no território aduaneiro;
b) estão vinculadas aos governos e são responsáveis pela arrecadação dos direitos e taxas que incidem sobre as exportações e importações, bem como pela administração de leis e regulamentos relativos à importação, ao trânsito e à exportação de mercadorias;
c) são instituições governamentais responsáveis pelo recolhimento de tributos que incidem sobre a circulação de bens no território aduaneiro;
d) são repartições vinculadas aos órgãos governamentais que zelam pela segurança de instalações portuárias e das áreas de passo fronteiriço;
e) são órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização da entrada, saída e movimentação de cargas e de pessoas estrangeiras no território aduaneiro e pela arrecadação de tributos e taxas federais e estaduais.
14. (ACE/2002 - adaptada) Sobre a Câmara de Comércio Exterior (Camex), é correto afirmar-se que:
a) é órgão da Presidência da República incumbido de promover e divulgar oportunidades comerciais no estrangeiro e de representar o País em negociações comerciais internacionais;
b) é órgão que normatiza, orienta e controla as atividades comerciais do Brasil com outros países;
c) é órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores e responsável pela fixação de diretrizes e implementação de controles cambiais;
d) é a agência governamental criada precipuamente para estimulara maior competitividade dos produtos brasileiros e apoiar o aumento das exportações;
e) possui, entre suas atribuições, a definição de diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio exterior e à coordenação das ações dos órgãos governamentais nesse âmbito.
15. (ACE/2002 — adaptada) A formulação de propostas de políticas e programas de comércio exterior, o estabelecimento de normas necessárias à sua implementação, a participação nas negociações em acordos ou convênios internacionais relacionados com o comércio exterior e a implementação dos mecanismos de defesa comercial são competências da:
a) Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia;
b) Câmara de Comércio Exterior (Camex);
c) Subsecretaria de Assuntos Econômicos, de Integração e Comércio Exterior do Ministério das Relações Exteriores;
d) Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia;
e) Agência de Promoção de Exportações (APEX).
16. (ACE/2002 - adaptada) O Decreto no 10.044/2019, dispõe sobre a Camex— Câmara de Comércio Exterior e dá outras providências. Entre as competências da Camex figura:
a) garantir a autonomia dos órgãos responsáveis pela definição das políticas públicas atinentes ao comércio exterior, a fim de que possam tirar melhor proveito de suas competências específicas; 
b) formular a política tarifária na importação e exportação, com vistas a garantir a geração de superávits primários pelo Governo brasileiro;
c) fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou definitivos, e salvaguardas;
d) promover as mercadorias e os serviços brasileiros no exterior por meio da administração de escritórios de informação comercial sobre a economia brasileira;
e) fixar as diretrizes para a política de financiamento das exportações de bens e serviços, bem como para a cobertura dos riscos de operações a prazo, em substituição ao Conselho Monetário Nacional e ao Ministério da Economia.
	
17. (AFRF/2003) A avaliação do impacto das medidas cambiais, monetárias e fiscais sobre o comércio exterior e a fixação das diretrizes para a política de financiamento e de seguro de crédito às exportações competem à(ao):
a) Secretaria de Comércio Exterior (Secex);
b) Banco Central do Brasil (Bacen);
c) Conselho Monetário Nacional (CMN);
d) Secretaria de Assuntos Internacionais;
e) Câmara de Comércio Exterior (Camex).
18. (AFRF/2003 - adaptada) Assinale a opção incorreta.
a) compete à Camex, Câmara de Comércio Exterior, alterar a Nomenclatura Comum do Mercosul de que trata o Decreto n o 2.376/1997, na forma estabelecida nos atos decisórios do Mercosul.
b) a Camex se encontra vinculada ao Ministério da Economia.
c) a Camex deve observar, no exercício de suas atribuições, as competências do Ministério da Economia, fixadas no art. 237 da Constituição, do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional.
d) a fixação das alíquotas dos impostos incidentes sobre o comércio exterior compete à Camex. 
e) a investigação com vistas à aplicação dos direitos antidumping, compensatórios e salvaguardas é de competência da SDCOM (Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público) da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
19. (TRF/2005 - adaptada) No Brasil, a formulação das diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação é de competência do(a):
a) Ministério das Relações Exteriores;
b) Secretaria da Receita Federal;
c) Secretaria de Comércio Exterior (Secex);
d) Câmara de Comércio Exterior (Camex);
e) Casa Civil da Presidência da República.
20. (AFRFB/2009 - adaptada) No contexto do comércio exterior brasileiro, são atribuições da Receita Federal do Brasil:
a) exercer a fiscalização aduaneira das mercadorias, produtos e bens que ingressam no território aduaneiro do país e esclarecer dúvidas sobre a classificação aduaneira de mercadorias.
b) gerir e executar os serviços de administração, fiscalização e controle aduaneiro e reprimir os diferentes tipos de ilícitos comerciais.
c) subsidiar a formulação da política de comércio exterior em matérias tributária e aduaneira e atuar, em nome do Ministério da Economia, nas instâncias do Mercosul em questões relativas à aplicação da Tarifa Externa Comum.
d) Negociar e implementar acordos internacionais em matéria aduaneira; supervisionara aplicação da receita aduaneira em programas de incentivo ao comércio exterior.e) cobrar direitos aduaneiros que incidem nas operações de comércio exterior e orientar os operadores do comércio exterior quanto ao emprego dos Termos Internacionais de Comércio.
21. (ACE/2012) São competências da Secretaria de Comércio Exterior (Secex):
a) definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio exterior do Brasil, coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências na área de comércio exterior e fixar direitos antidumping e compensatórios e salvaguardas.
b) negociar e participar da implementação de acordos, tratados e convênios internacionais pertinentes à matéria tributária e aduaneira, administrar, controlar, normatizar e avaliar o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e apoiar o exportador brasileiro submetido a investigações de defesa comercial.
c) formular propostas de políticas e programas de comércio exterior e estabelecer normas necessárias à sua implementação; propor diretrizes que articulem o emprego do instrumento aduaneiro com os objetivos gerais de política de comércio exterior; implementar os mecanismos de defesa comercial.
d) formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação, estabelecer diretrizes e procedimentos para investigações relativas a práticas desleais de comércio exterior e coordenar as ações de promoção e de informação comercial.
e) fixar as alíquotas do imposto de importação, fixar direitos antidumping e compensatórios e acompanhar a execução das políticas tributária e aduaneira.
22. (AFRFB/2012) A propósito das instituições relacionadas a comércio exterior no Brasil, assinale a opção correta.
a) a Câmara de Comércio Exterior (Camex) não tem interação com o setor privado, pois é um órgão composto por ministros de estado e por representantes do Congresso Nacional.
b) a investigação e determinação final dos direitos antidumping e compensatórios é de competência da Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM), da Secex.
c) a Camex tem por objetivo a formulação, a adoção, a implementação e a coordenação de políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e também de serviços.
d) O Conselho de Estratégia Comercial, da Camex, é presidido pelo Ministro das Relações Exteriores.
e) O Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (COFIG), órgão do Ministério da Fazenda, tem por atribuições enquadrar e acompanhar as operações do Programa de Financiamento às Exportações (Proex).
Capítulo 3 - Siscomex
O Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior) é o principal sistema informatizado utilizado no registro das operações do comércio exterior brasileiro. Nele são declarados os bens importados e os destinados à exportação.
O Sisbacen — Sistema Banco Central — e o Sistema Câmbio são outros sistemas mantidos pelo governo, especificamente voltados para o registro e acompanhamento de todos os contratos de câmbio celebrados no Brasil, não se restringindo aos contratos vinculados a operações de comércio exterior.
Na edição anterior deste livro, tratávamos também do Siscoserv (Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzem Variações no Patrimônio), onde se declaravam as transações internacionais de serviços e de intangíveis, como a cessão de direitos de propriedade intelectual. Contudo, em outubro de 2020, a Portaria Conjunta Secint/RFB no 22.091 revogou todos os dispositivos que havia sobre o sistema, incluindo a norma instituidora, a obrigatoriedade de preenchimento e seus manuais. O sistema foi descontinuado.
3.1. Siscomex
O Siscomex foi instituído pelo Decreto no 660, de 25 de setembro de 1992. O objetivo pretendido foi o de concentrar, em uma única base de dados, todas as informações relativas às importações e exportações brasileiras. Àquela época, cada órgão governamental interveniente no comércio exterior possuía seu próprio sistema de controle, informatizado ou não, obrigando os importadores e exportadores a prestarem as mesmas informações repetidas vezes, gerando ineficiência e aumento na probabilidade de surgimento de erros e informações desconexas.
O objetivo de integração dos órgãos pode ser encontrado no decreto citado: "o Siscomex é o instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único, computadorizado, de informações".
Atualmente, o Siscomex possui nove módulos principais:
a) para registro e acompanhamento das operações de exportação: desde 2018, usa-se somente o Portal Único de Comércio Exterior, criado em 2014;
b) para registro e acompanhamento das operações de importação: Siscomex Importação Web (2015), que está em processo gradual de substituição pelo citado Portal Único;
c) para controle da movimentação física da carga: Mantra (1994) e Siscomex Carga (2008);
d) para requerimento, concessão e acompanhamento dos regimes aduaneiros: Siscomex Trânsito (2002), Internação-ZFM (2003), Drawback Integrado Suspensão (2010) e Drawback Integrado Isenção (2014);
e) para registro das remessas trazidas do exterior por meio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ou das empresas de courier: Siscomex Remessa (2017).
Todos os módulos são acessados pela internet, sem necessidade de instalação de softwares específicos nos computadores dos usuários. Vejamos cada um.
Em 2018, o Siscomex Exportação, de 1993, deu lugar ao módulo de Exportações do Portal Único de Comércio Exterior. O módulo controla os fluxos do controle administrativo (pedido de anuência, análise e deferimento) e do controle aduaneiro (resumidamente, registro da declaração de exportação, conferência, desembaraço, informação do embarque e sua averbação[footnoteRef:15]). A conclusão de cada etapa do processo de exportação é registrada no sistema, impulsionando o processo para a etapa seguinte, visando ao desfecho positivo da operação. [15: IN RFB 1.702/2019: "Art. 89. A averbação do embarque ou da transposição de fronteira confirma e valida a data de embarque ou de transposição da fronteira e a data de emissão do conhecimento de carga registradas no módulo CCT, pelo transportador ou exportador, consideradas para fins comerciais, fiscais e cambiais."] 
O novo processo de 2018 trouxe mudanças importantes, cabendo destacar duas. Em primeiro lugar, os controles administrativo e aduaneiro deixaram de ser sequenciais, permitindo-se execução em paralelo. Anteriormente, o despacho aduaneiro de exportação somente poderia ser iniciado após a conclusão do processo de anuências. Como segunda novidade, a Declaração Única de Exportação (DU-E) é preenchida a partir da chave da Nota Fiscal Eletrônica (NFe) da exportação, ou seja, o exportador ganha tempo no preenchimento de um conjunto grande de campos da DU-E. Informada a chave da NF, o Portal Único entra em comunicação com o Portal da NFe, recupera os dados e preenche automaticamente os campos comuns, como destinatário, descrições, referências, valores, pesos, volumes e unidades de medida.
Depois que o Siscomex Exportação começou a funcionar, em 1993, sentiu-se a necessidade de se controlar também a localização física da carga. Surgiu o segundo módulo do sistema, o Mantra — Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento. Foi instituído pela Instrução Normativa SRF no 102/1994 como "parte integrante do Siscomex" e informa se a carga já chegou ao Brasil e, nesse caso, se está armazenada em aeroporto alfandegado ou viajando em trânsito pelo território aduaneiro.[footnoteRef:16] 0 sistema é alimentado com informações da Receita Federal, dos transportadores e dos depositários das cargas, sendo utilizado apenas nas importações aéreas e terrestres. A movimentação das cargas marítimas não é controlada pelo Mantra, mas pelo Siscomex Carga, analisado adiante. [16: No sistema MANTRA, as cargas são referenciadas pelo número do conhecimento de transporte, que obedece a uma regra internacional de formação que impede a duplicidade. Por esse número, a Receita Federal,o transportador, o depositário, enfim, qualquer pessoa que tenha acesso ao MANTRA, consulta ou informa a localização física da carga.] 
Diante do sucesso obtido com o Siscomex Exportação, foi criado o Siscomex Importação. Entrou em funcionamento em janeiro de 1997. Em 2015, foi substituído pelo Siscomex Importação Web, cujo funcionamento (muito similar ao do sistema antigo) se baseia no fluxo de informações entre o pedido de uma LI (licença de importação) e o desembaraço da DI (declaração de importação). As ações do importador e dos agentes públicos são registradas no sistema, tais como a concessão do licenciamento, o pedido de retificação de dados ou a inserção de exigências para cumprimento pelo importador.
Em outubro de 2018, foi iniciada a substituição do Siscomex Importação Web pelo novo processo de importações no âmbito do Portal Único de Comércio Exterior. Ao final, a LI terá sido substituída pela LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos); a DI, pela Duimp (Declaração Única de Importação). Partindo-se do projeto piloto iniciado em 2018, a lista de operações permitidas no novo processo tem sido gradualmente incrementada.
Por meio da IN SRF no 242/2002, foi criado o Siscomex Internação-ZFM. É utilizado para registro de declarações de internação de bens saídos da Zona Franca de Manaus com destino ao restante do território brasileiro.
Pela IN SRF no 248/2002 foi criado o Siscomex Trânsito. Controla o trânsito aduaneiro de cargas que estão sendo importadas ou transferidas internamente (o regime de trânsito será analisado no tópico 8.1.3.1). Como o regime de trânsito impõe regras em relação, por exemplo, ao tempo de viagem, à rota a ser usada e aos tributos suspensos, esse sistema acompanha o desenrolar do regime desde a concessão até sua conclusão. O Siscomex Trânsito não controla as cargas que saem em trânsito aduaneiro com destino ao exterior, pois o sistema da exportação, ao acompanhar a carga até a averbação do embarque, já realiza tal controle.
Em dezembro de 2007, a Receita Federal publicou a IN RFB no 800, instituindo o Siscomex Carga, sistema semelhante ao MANTRA. Enquanto este é utilizado nas importações aéreas e terrestres, aquele foi criado para utilização nos portos alfandegados. Contudo, a mais importante diferença é o fato de o Siscomex Carga ser uma ferramenta mais eficaz no controle aduaneiro, pois exige do transportador marítimo a prestação de informações mais precisas acerca das cargas trazidas para o Brasil. E tais informações devem ser inseridas no sistema com antecedência mínima em relação à chegada da carga (em regra, 48 horas). Com isso, a Receita Federal tem condições de se antecipar e, antes mesmo de o navio atracar, selecionar para verificação as cargas "suspeitas".
Em 2010, entrou em funcionamento o módulo Drawback Integrado Suspensão, projetado pela Secex. É por meio dele que o importador de insumos solicita o regime de drawback, caracterizado pela suspensão no pagamento de tributos e pelo compromisso de se exportar o produto resultante da industrialização (o regime será analisado no tópico 8.1.3.3). A solicitação é deferida pela Secex com a emissão do Ato Concessório. A partir daí, cada exportação feita com a utilização dos insumos importados deve ser vinculada ao Ato Concessório, baixando-o total ou parcialmente. Portanto, o módulo Drawback Integrado Suspensão é utilizado não só na concessão do regime de drawback, mas também para a posterior comprovação de seu cumprimento.
Em dezembro de 2014, entraram em funcionamento o Drawback Integrado Isenção e o Portal Único de Comércio Exterior. O primeiro passou a controlar os procedimentos de solicitação, análise, concessão e controle do regime de drawback isenção. Anteriormente, tais procedimentos se davam por meio de formulários.
A implantação do Portal Único foi imposta pelo Decreto no 8.229/2014 para centralizar o envio de documentos e dados relacionados com importações, exportações e trânsito aduaneiro às autoridades competentes. Como a entrega de documentos exigidos pelas autoridades não era realizada pela internet, mas em papel ou em meio magnético, ocorria muitas vezes a prestação repetida de informações a vários órgãos ou até a vários servidores do mesmo órgão. A otimização na entrega de documentos, inclusive pela dispensa do deslocamento de pessoas, promoveu redução no tempo médio de despacho aduaneiro. Como já mencionado, o Portal Único foi incrementado em 2018 e passou a controlar os novos processos de exportação (já funcionando plenamente) e de importação (em processo gradual de implantação).
Em dezembro de 2013, a Organização Mundial do Comércio (OMC) aprovou o Acordo de Facilitação Comercial, no âmbito do Pacote de Bali. Tal acordo impôs aos 164 países-membros a criação dos mecanismos de "single window" ("janela única"), a exemplo do sistema implantado no Brasil. Porém, cabe registrar que o Portal Único brasileiro não surgiu por força do acordo internacional, haja vista que começou a ser projetado em 2012.
Pelo Siscomex Remessa a ECT e as empresas de courier declaram as remessas trazidas do exterior para destinatários no Brasil. Foi criado por meio da IN RFB no 1.737/2017.
Os módulos do Siscomex podem ser acessados por variadas pessoas: importadores, exportadores, despachantes aduaneiros, transportadores, depositários, bancos[footnoteRef:17] e, claro, os servidores públicos que têm função ativa no controle do comércio exterior. Tais servidores podem estar lotados nos órgãos anuentes, listados no capítulo anterior, ou nos órgãos gestores do Siscomex. [17: Portaria Secex no 23/2011: "Art. 30 Os bancos autorizados a operar em câmbio e as sociedades corretoras que atuam na intermediação de operações cambiais poderão solicitar ao Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) o credenciamento para efetuarem RE e RC [Registro de Crédito] por conta e ordem de exportadores, desde que sejam por eles expressamente autorizados."] 
3.1.1. Gestão do Sistema
O Decreto no 660/1992 definiu que o Siscomex seria administrado por uma Comissão Gestora, que teria a tarefa de coordenar, por exemplo, o projeto de novos módulos do sistema e a adaptação dos antigos às alterações normativas. Na composição original, a comissão continha três pessoas: um representante da Receita Federal (RFB), um do Departamento de Comércio Exterior, da Secretaria de Comércio Exterior (Decex/Secex), e um do Banco Central (BC).
Com a publicação da Lei no 11.371/2006, que permite que os pagamentos por importações e os recebimentos de exportações sejam realizados sem a celebração de contratos de câmbio, o BC foi desincumbido de fazer o controle cambial individualizado das declarações aduaneiras registradas no Siscomex. Consequentemente, algum tempo depois o BC deixou de fazer parte da gestão do sistema.
A inclusão dos representantes da Receita Federal e da Secex na Comissão Gestora não foi ao acaso. Afinal, o comércio exterior brasileiro é controlado em duas vertentes principais: a aduaneira e a administrativa. O papel da RFB, antes mesmo da existência do Siscomex, era o de fazer o controle aduaneiro, ou seja, o controle dos bens na entrada no país e também na sua saída. Nada mais natural do que inserir a RFB na Comissão Gestora do sistema.
O problema era decidir qual órgão iria coordenar o funcionamento do Siscomex sob o enfoque do controle administrativo. Afinal, vários atuavam (e atuam) como anuentes no comércio exterior brasileiro. Da lista dos órgãos anuentes, apresentada no capítulo anterior, é fácil entender por que a Secex foi escolhida, conforme tópico 2.2. Afinal, sua função última de fomento ao desenvolvimento do comércio exterior a qualifica como uma instituição preocupada em não criar embaraços ou dificuldades ao comércio — apesar de isso ocorrer quando indefere solicitações de licenciamento, Não que os demais anuentes sejam refratários ao comércio exterior ou ao desenvolvimento do país, mas a atuação deles é restrita à proteção e ao desenvolvimento de setores econômicos específicos (ANCINE — setor de cinema; ANP

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