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Todos os Módulos - Narrativas Midiáticas

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Todos os Módulos
Aula 1: O gênero textual narrativo: da 
epopeia às narrativas midiáticas
 
O Gênero textual narrativo: características gerais
Características gerais da narrativa
O que podemos concluir, então, sobre o que é uma narrativa?
De acordo com Patrick Charaudeau e Dominique Maingueneau (2004), devemos 
considerar uma narrativa o texto com uma sucessão de ações e eventos em um 
determinado espaço de tempo, devendo haver uma determinada intriga que 
desencadeie essas ações e eventos
"[...] para que haja narrativa, inicialmente é preciso a representação de uma 
sucessão de ações; em seguida, que uma transformação mais ou menos 
importante de certas propriedades iniciais dos actantes seja bem-sucedida ou 
fracassada, enfim é preciso que uma elaboração da intriga se estruture e dê 
sentido a essa sucessão de ações e de eventos no tempo. "
• (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2004)
 
A poética de Aristóteles
Aristóteles (filósofo grego, nasceu em 384 a.C. e faleceu em 322 a.C.), em sua obra A 
poética, apresenta uma estrutura que caracteriza uma narrativa:
• O prólogo (começo): Exposição não problemática;
• O nó (meio): Introdução da tensão;
• O desfecho (fim): Pode resolver ou não a tensão.
Para desenvolver sua teoria, Aristóteles analisou mais atentamente o teatro grego e 
o gênero dramático da tragédia.
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"A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; 
deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada 
uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma 
narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por 
efeito obter a purgação dessas emoções. "
• ARISTÓTELES, 1999
Além de apresentar essa estrutura para narrativas, Aristóteles desenvolveu os 
conceitos de mímesis, mito e catarse, estabelecendo relação entre esses conceitos e 
três gêneros narrativos: tragédia, epopeia e comédia.
• Mímesis: Imitação (representação espelhada da realidade). Para Aristóteles, a 
poética (narrativa) seria uma das artes de imitação da realidade.
• Mito (fábula): A imitação de uma ação.
• Catarse: Purgação das emoções.
Fonte: (ARISTÓTELES, 1999)
Segundo o filósofo, “o que distingue a tragédia da comédia: uma se propõe imitar 
os homens, representando-os piores; a outra os torna melhores do que são na 
realidade”. (ARISTÓTELES, 1999)
O Formalismo Russo: Vladimir Propp
Nas primeiras décadas (1910–1930) do século XX, nascia, na Rússia, uma escola de 
crítica literária: o Formalismo Russo.
Essa escola propunha distinguir análise literária de análise de outras artes, numa 
tentativa de definir Literatura ou o que poderia ser considerado literatura.
Uma análise do texto literário descontextualizado, que não leva em conta a 
perspectiva histórica e qualquer relação com o autor.
O texto literário deveria ser analisado por ele mesmo e em si mesmo, 
desconsiderando seus fatores externos, embora possa se reconhecer o contexto 
imediato em que ele estava inserido. Um nome que se destacou nessa escola 
foi Vladimir Propp.
Leia o texto o sobre as 31 funções narrativas encontradas por Propp, a partir de uma 
análise comparativa entre 600 contos populares.
31 funções narrativas
Propp analisou comparativamente 600 contos populares russos, a partir dos quais 
identificou 31 funções ou sintagmas narrativos – sequências narrativas em uma 
ordem invariável:
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• Afastamento: O herói é apresentado e há um distanciamento de um membro da 
família (ele sai de casa ou da cidade, morre);
• Interdição: O herói é proibido de fazer algo (ir a um lugar, por exemplo). Mas 
deixar de fazer esse algo pode ser danoso ao herói;
• Transgressão: Há a entrada dos vilões (o herói viola a proibição);
• Interrogação: O vilão pergunta sobre a vítima (às vezes, pergunta à própria 
vítima);
• Informação: O vilão recebe informações sobre a vítima, inclusive sobre como 
poderia ser atacada;
• Engano: O vilão tenta conquistar a vítima para conseguir seu intento (capturar a 
vítima);
• Cumplicidade: A vítima, enganada pelo vilão, ajuda-o;
• Dano/vilania: O vilão causa dano a membro da família da vítima ou alguém 
muito querido por ela (esse membro da família quer alguma coisa: uma joia, um 
objeto mágico, dinheiro);
• Mediação: O herói ouve pedido de ajuda e tenta desfazer o dano;
• Início da ação contrário: O herói decide revidar, concorda em lutar contra o 
vilão;
• Partida: O herói deixa seu lugar;
• Função do doador: Surge uma personagem que ajudará o herói. Para conseguir 
a ajuda, o herói deve passar por algumas provações;
• Reação do herói: O herói consegue provar seu valor e recebe a ajuda do doador;
• Recepção do objeto mágico: O herói ganha um objeto mágico;
• Deslocamento: O herói desloca-se para o local do conflito;
• Luta: Herói e vilão entram em conflito direto;
• Marca: Durante a luta, o herói é ferido (recebe uma marca: um corte, recebe anel 
ou lenço);
• Vitória: O vilão é derrotado;
• Reparação: O infortúnio é resolvido (feitiço quebrado, alguém que morreu é 
revivido);
• Volta: O herói retorna ao seu lugar;
• Perseguição: O herói é perseguido;
• Socorro: O herói é salvo da perseguição;
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• Chegada incógnita: O herói, irreconhecível agora, chega ao lar o a outro país;
• Pretensões falsas: Um falso herói se apresenta e faz reinvindicações infundadas;
• Tarefa difícil: Uma tarefa difícil é proposta ao herói para que prove ser ele 
mesmo;
• Tarefa cumprida: O herói cumpre a tarefa que lhe fora imposta;
• Reconhecimento: O herói é reconhecido (uma marca, um objeto);
• Desmascaramento: O falso herói ou vilão é exposto;
• Transfiguração: O herói passa a ter uma nova aparência;
• Punição: O vilão é punido;
• Casamento: O herói casa-se.
Você consegue se lembrar de alguma narrativa que tenha essas etapas, esses 
sintagmas? A lista de narrativas que segue essa proposta de estruturação é 
considerável, principalmente se ela for semelhante a dois tipos de conto: os de fadas 
e os fantásticos.
Joseph Campbell: a jornada do herói
Ainda no século XX, outras teorias sobre narrativa foram desenvolvidas e 
protagonizadas por:
• J. Greimas, Roland Barthes e Gérard Gennet (perspectiva estruturalista);
• Joseph Campbell (influência da psicologia de Jung).
Em 1949, Joseph Campbell publicou seu livro O herói de mil faces. Com base no 
pensamento de Carl Jung – para o qual o homem deveria ser analisado em sua 
integridade e vida em comunidade, nunca isolado do contexto sociocultural e 
universal –, o autor propôs um modelo de análise de narrativa que combinava os 
conceitos da psicanálise moderna com os arquétipos mitológicos de culturas 
espalhadas por todo o globo terrestre: a jornada do herói ou Monomito.
O modelo de análise de narrativa de Campbell apresenta uma sequência narrativa 
recorrente em textos do gênero narrativo, podendo ser aplicado a todo e qualquer 
texto, seja ficcional ou de narrativa do real.
Outras correntes também surgiram baseadas nas ideias de Umberto Eco e Paul 
Ricouer. Elas garantiram a inclusão de textos não ficcionais, como os escritos 
jornalísticos.
 
As etapas da jornada do herói:
1. Mundo comum
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2. O chamado da aventura;
3. A recusa do chamado;
4. O encontro com o mentor (ou ajuda sobrenatural);
5. A travessia do primeiro limiar;
6. O ventre da baleia (testes, aliados e inimigos);
7. A aproximação da caverna oculta;
8. A provação suprema;
9. A recompensa;
10. O caminho de volta;
11. A ressurreição;
12. O retorno com o elixir (todas as tramas são resolvidas).
 
Aula 2: Características textuais e linguísticasda narrativa
Estrutura e linguagem da narrativa
Você conhece Guimarães Rosa (1908 – 1967)?
O escritor foi membro da Academia Brasileira de Letras e notabilizou-se por suas 
narrativas.
Uma delas é o conto Desenredo.
A estrutura do conto de Guimarães Rosa apresenta-nos mais de um clímax, ou seja, 
mais de um momento de grande tensão no texto, seguindo o que Aristóteles propôs 
como organização característica das narrativas: prólogo, nó e desfecho.
Ao mesmo tempo, o conto segue as 12 etapas da jornada do herói, proposta por 
Campbell:
Agora, observe que nem todas as etapas propostas por Campbell estão presentes 
no conto Desenredo do mesmo modo que em outras narrativas (Cinderela, Branca de 
Neve, João e Maria...), mas nem por isso deixa de ser uma narrativa de sucesso.
Então, com base no conto de Guimarães Rosa, podemos apontar, de forma geral, 
quatro estágios progressivos da narrativa:
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• Exposição
Apresentação do herói em seu cotidiano, ainda sem tensão alguma.
• Complicação
Entrada de uma tensão; há um evento (ou mais de um) que inicia o processo de 
problematização da história, que seria o estágio mais longo.
• Clímax
Momento de mais tensão da narrativa, podendo haver mais de um.
• Desfecho / desenlace
As complicações se resolvem para a felicidade ou não de nosso herói.
 
Observemos agora as características linguísticas da narrativa. Sistematizemos suas 
observações e definamos as características linguísticas dela.
Características linguísticas da narrativa
I. Quanto à gramática: todos os tempos do passado são utilizados, com especial 
incidência no pretérito perfeito (deparou, matou, expulsou). O imperfeito costuma 
começar a narrativa (“era bom como cheiro de cerveja”) e sobretudo é o tempo das 
descrições (“suas lágrimas corriam”; “era o seu um amor meditado”).
Já o presente do indicativo pode surgir na narrativa para construir uma espécie de 
metáfora temporal.
II. Quanto à pessoa do discurso: as narrativas podem ser da primeira e terceira 
pessoa (“Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados”), com graus 
intermédios entre os dois tipos.
III. Quanto aos aspectos da textualidade: há três requisitos exigidos comumente 
para a narrativa: a concisão ou máxima da quantidade (ou seja, deve-se oferecer ao 
leitor as informações necessárias para que este compreenda o texto), a clareza 
(precisão na informação) e a verossimilhança (o texto precisa ter coerência interna e 
externa; deve-se evitar a contradição).
IV. Quanto ao uso de marcadores temporais: observa-se a utilização de advérbios, 
locuções adverbiais, expressões com valor de advérbio que sugerem a noção de 
tempo (respondendo à pergunta Quando? – “Foi Adão dormir, e Eva nascer”; “Era 
infinitamente maio”).
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V. Quanto ao registro linguístico (variedade linguística): dependerá do gênero 
textual, ou seja, da situação de comunicação. No conto de Rosa, há o predomínio da 
norma culta formal e o uso da variedade literária (uso de metáforas, simbolismos, 
neologismos).
Mas, em outros gêneros, como a crônica jornalística, por exemplo, pode haver o uso 
da norma culta coloquial. Portanto, de forma geral, haverá o uso da norma culta 
formal, mas não obrigatoriamente.
Elementos da narrativa
Retomemos o nosso conto Desenredo. Vimos que o autor iniciou apresentando-nos 
a Jó Joaquim e Irlívia (ou Rivília...):
Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja... 
Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim 
apareceu...
Temos aí o primeiro elemento da narrativa: personagem. 
• Personagem é um ser ficcional ou não, com características próprias, que 
representa as pessoas, mesmo que seja um objeto, como no conto Um 
apólogo (de Machado de Assis), cujas personagens são uma agulha e um novelo 
de linha personificados.
Dependendo do papel que tenham no texto, as personagens podem ser 
classificadas como:
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• Personagens principais
As personagens principais podem 
exercer o papel de protagonistas 
(personagens centrais da 
narrativa); ou de antagonistas 
(personagens que se opõem ao 
protagonista, agindo contra este e 
confrontando-o negativamente).
Geralmente teremos uma 
personagem mais central, que se 
mantém durante a narrativa e que 
passará por modificações ao 
longo do percurso das ações, 
garantindo unidade ao texto.
• Personagens secundárias
As personagens secundárias são 
aquelas que participam da 
narrativa, mas não são o centro 
das ações, embora possam, 
dependendo de sua função no 
enredo, exercer um papel quase 
tão importante quanto o do 
protagonista.
Quando personagens secundárias 
exercem papel importante durante 
a narrativa, são classificadas como 
coadjuvantes, como, por exemplo, 
Watson, na série Sherlock Holmes.
 
No conto Desenredo, temos uma personagem central, protagonista das ações, que 
passou por transformações de estado em decorrência dessas ações: Jó Joaquim. 
Observe o diagrama:
 → Respeitado → 
 → Conquista a Felicidade Devolvido ao barro → 
 → Retoma o casamento Recuperado → 
 → Criar nova realidade Deu-se a entrada dos 
demônios →
 ← Dedicou a endireitar-se
 
Nosso herói inicia sua condição na história como alguém respeitado, bom; passa à 
condição de quase morte; recupera-se; volta à condição de tristeza; empenha-se em 
“endireitar-se”; desfaz o enredo em que se inscreveu; retoma o casamento; e, por 
fim, garante sua felicidade.
Mas... você entendeu por que o nome de nossa personagem central é Jó Joaquim?
Você conhece alguma personagem que tenha se notabilizado por sua paciência? O 
herói foi a personagem bíblica Jó, cuja paciência era sua característica maior – ele 
passou por provações terríveis, mas manteve-se fiel a Deus e retomou tudo o que 
perdera, em dobro.
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Falemos agora de outros elementos da narrativa:
• Enredo 
É a narrativa propriamente, é o encadeamento das ações que levam as 
personagens a passar por transformações. Essas ações são narradas em 
determinada ordem cronológica, podendo ser linear ou seguir uma outra ordem 
qualquer, desde que haja uma integração das ações para constituir um todo 
significativo.
Esse elemento da narrativa se caracteriza pela presença de uma problematização 
da ação (complicação), ou seja, é preciso que ocorra um fato que ponha em 
causa o percurso normal da ação.
Durante o processo de problematização, pode haver repetições de equilíbrios e 
desequilíbrios, mas todos apontando para a resolução da problemática 
(desenlace).
No enredo, podemos encontrar tanto trechos descritivos quanto 
argumentativos. As sequências descritivas normalmente aparecem no início do 
texto, no prólogo, como estratégia para situar os sujeitos participantes do 
processo interacional.
Para garantir a coerência do enredo, devem-se usar adequadamente elementos 
coesivos que explicitem a unidade de sentido do texto: repetições lexicais, 
sinonímia lexical ou associativa, elipses, recursos de determinação. Esses 
elementos promovem a progressão temática, evitando que o texto se torne 
tautológico.
O conto Desenredo caracteriza-se por um enredo que se desenvolve em ordem 
cronológica (conforme um espaço de tempo que pode ser medido por um 
relógio, calendário, estação do ano - “Era infinitamente maio”) e linear (iniciando 
a narrativa pelo fato mais remoto até concluir com a ação maisrecente – “Jó 
Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e 
melhor de sua útil vida”).
Mas há narrativas que se iniciam pelo fim, quebrando a linearidade temporal. 
Por exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
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• Tempo
Quando afirmamos que o enredo se estabelece em determinada cronologia, 
estamos já discutindo sobre o elemento da narrativa tempo.
Tempo diz respeito, então, a quando as ações acontecem e como se relacionam 
espacialmente numa linha cronológica ou psicológica.
Vamos ler o conto Amor, de Clarice Lispector para exemplificarmos o tempo 
narrativo psicológico.
Percebeu como a autora quebra a linearidade temporal? Temos um tempo que 
não se pode medir por um relógio ou calendário; as sequências de ações se dão 
de acordo com o fluxo de consciência.
Sabia que o cinema também lança mão dessa estratégia narrativa? Assista ao 
filme As Horas e confira.
Nesse filme, três mulheres narram suas histórias, e o espectador acompanha as 
narrativas, que podem parecer confusas a princípio, pois as mudanças temporais 
ocorrem em concordância com as lembranças, projeções e confusões presentes 
nas mentes das personagens.
No entanto, essa quebra de paradigma da linearidade temporal termina por 
envolver a audiência de tal modo que esta passe por uma espécie de imersão 
nos pensamentos conturbados das personagens.
Adaptação dos textos da Virgínia Woolf só poderia dar nisso mesmo: enredo 
envolvente e denso; personagens bem construídos; utilização de fluxo de 
consciência de forma primorosa.
• Espaço
É o elemento da narrativa que diz respeito ao lugar, físico ou não, em que as 
ações se sucedem. Portanto, responde à pergunta: Onde?.
Se for um espaço físico, este pode ser uma cidade, uma casa, o espaço sideral... 
O importante é perceber que o espaço é um elemento que também determina 
como as ações devem acontecer.
No filme Gravidade, do diretor Alfonso Cuarón, toda a narrativa se desencadeia 
no espaço sideral, dentro de uma nave à deriva.
Porém, se for um espaço psicológico, não haverá um lugar especificamente; 
haverá apenas a mente das personagens. É um espaço característico do fluxo de 
consciência.
Esse espaço psicológico pode ser observado no filme Clube da Luta, do diretor 
David Fincher.
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• Narrador
É o elemento da narrativa responsável por contar a história. Ele pode fazer parte 
da história, sendo um personagem também, ou não. É importante não confundir 
narrador e autor, pois a voz que temos em um texto é necessariamente do 
narrador, embora o autor tenha criado esse narrador.
No livro O morro dos ventos uivantes, o narrador é uma personagem (uma 
antiga empregada da casa) que narra a história a um viajante; e em Memórias 
póstumas de Brás Cubas, narrador e personagem se confundem. O narrador 
pode ser: Narrador-personagem, Narrador-observador e Narrador-onisciente. 
◦ Narrador-personagem: é aquele que, além de contar a história, participa da 
narrativa. O texto, neste caso, é escrito normalmente em primeira pessoa, 
caso esse narrador seja o protagonista; caso seja um personagem 
secundário, o texto poderá vir em terceira pessoa ou ficar oscilando entre a 
primeira e a terceira pessoas.
◦ Narrador-observador: é aquele que narra a história em terceira pessoa, pois 
não participa do enredo. As ações são narradas sob o ponto de vista de 
quem apenas as observa.
◦ Narrador-onisciente: é aquele que sabe cada detalhe da narrativa, das 
personagens, dos ambientes. Esse narrador não apenas observa; ele interfere 
no enredo, revelando segredos e pensamentos das personagens, porque ele 
sabe de tudo em detalhes.
Narrativa literária x narrativa midiática
No dia 2 de maio de 2019, o jornal O Povo (Fortaleza-CE) publicou a seguinte 
notícia: Fãs e amigos se despedem de Beth Carvalho.
Pense sobre as características da narrativa: organização textual, linguagem e seus 
elementos constitutivos.
Você deve ter verificado que a notícia se caracteriza por:
1. Apresentar uma sequência de ações que constituem um todo significativo.
Centenas de fãs e amigos se despediram... O velório do corpo da sambista ocorreu 
no salão nobre... Bandeiras do clube e da Mangueira, escola de samba do coração 
de Beth, foram posicionadas ao redor do caixão.
2. Ter personagens.
Centenas de fãs e amigos; Beth Carvalho; o mangueirense Nelson Sargento; a 
cantora Teresa Cristina; Zeca Pagodinho.
3. Haver um espaço onde as ações aconteceram.
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No salão nobre da sede do clube Botafogo de Futebol e Regatas.
4. Haver uma definição temporal.
Ontem; à tarde.
5. Uso do registro culto da língua.
Um dos principais nomes do samba, Zeca Pagodinho lembrou o apoio que Beth deu 
a novos talentos da música.
6. Predominância do pretérito perfeito do indicativo.
O corpo de Beth Carvalho deixou a sede do Botafogo à tarde e foi levado em cortejo 
dos Bombeiros até o cemitério do Caju, onde foi cremado no fim desta tarde.
7. Ordem cronológica linear.
O texto inicia a narrativa pelo fato mais remoto (“fãs e amigos se despediram”) e 
termina com o fato mais recente (“foi levado em cortejo dos Bombeiros até o 
cemitério do Caju, onde foi cremado no fim desta tarde”).
8. Ser narrado em terceira pessoa, caracterizando um narrador-observador.
A cantora Teresa Cristina lembrou...; ... time do qual Beth era torcedora.
 
Mas observe: enquanto a narrativa literária se caracteriza pela utilização de 
metáforas, simbolismos, a midiática se caracteriza por evitar esses recursos 
estilísticos. Por isso, a notícia, embora seja uma narrativa, terá um caráter 
informativo.
Além disso, a narrativa midiática jornalística tem como premissa a ideia de que há 
verdade em seus enredos e que a história narrada é efêmera (a notícia caduca em 
24h, no máximo), por isso utiliza-se de referências temporais precisas (datas, 
horários).
Já a narrativa literária, por seu caráter de permanência, não se vale necessariamente 
dessas referências.
A narrativa publicitária em muito se assemelha à literária, pois precisa persuadir o 
interlocutor.
Lembra-se do comercial dos mamíferos da Parmalat?
Percebeu o cuidado nas escolhas lexicais e figuras de linguagem?
 Aliterações = “O elefante é fã de Parmalat / O porco-cor-de-rosa e o macaco”
 Rimas internas = elefante – Parmalat / trate – Parmalat
 Enumeração = a foquinha, o ursinho, o leão
 Onomatopeias = miau / au-au
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 Vocativo = “vamos lá”
 Diminutivos = vaquinha / cachorrinho / bichinhos
O cinema e a televisão talvez sejam as mídias que mais se aproximam da literatura, 
pois suas narrativas, muitas vezes, são adaptações de enredos e personagens 
desenvolvidos em contos e romances.
Uma das personagens que mais tem sido adaptada da literatura para o cinema e a 
televisão é Sherlock Holmes, o detetive criado pelo escritor Arthur Conan Doyle, em 
1887.
Sherlock Holmes tem sido referência para a criação de personagens do cinema e de 
algumas séries para televisão, como: Elementary; Monk; Dr. House. Sem contar sua 
participação em outras obras literárias, como no romance O Xangô de Baker Street, 
escrito por Jô Soares em 1995.
 
Tema 3: Classificação Dos Gêneros 
Narrativos
A teoria de Aristóteles: classificação dos gêneros 
narrativos
O trabalho desse filósofo foi além dessa caracterização da narrativa: ele apresentou 
uma proposta de classificação de narrativas, nomeando-as por gênero, 
considerando três aspectos:
• Meio
Diz respeito à linguagem, através do ritmo, do canto e dos versos.
• Objeto
Refere àquilo que é imitado do mundo.
• Modo
Refere-se a como o texto será apresentado.Os gêneros narrativos dramáticos
Os gêneros dramáticos abrangem os textos literários destinados à representação 
cênica. Esses textos tiveram sua origem nas festas em homenagem ao deus Dionísio 
1.
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• Dionísio: Deus do vinho e da alegria. O teatro grego tem origem nas festas 
dionisíacas, quando eram encenadas tragédias e sátiras. Durante as encenações, 
usavam-se máscaras para representar os personagens.
 
• A tragédia
◦ Tem origem nos contos 
dionisíacos e no conto do 
bode (sacrificado a Dionísio).
◦ É constituída por seis 
elementos: a fábula, o caráter, 
as falas, as ideias, o espetáculo 
e o canto.
◦ Fascina as plateias por causa 
das   e do 
reconhecimento.
peripécias 2
◦ A duração apropriada de uma 
tragédia é aquela que permite.
• A comédia
◦ Propõe-se a imitar os homens, 
representando-os piores. 
Atém-se à imitação de maus 
costumes, mas não de todos 
os vícios.
◦ Originou-se na Sicília.
◦ Era estruturada em quatro 
partes: prólogo, 
párodo (irrompimento festivo 
do coro, trajando máscaras e 
roupagens de vários 
tipos), episódios (cenas 
dialogadas entre dois atores, 
permeadas por intervenções 
do coro) e êxodo (desenlace).
◦ Seria oriunda dos solistas dos 
cantos fálicos.
◦ O objetivo era criticar a 
sociedade, fazendo uso do 
ridículo.
 
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0237/aula3.html?brand=estacio
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• Elementos da Tragédia 
Fábula : corresponde à sequência de ações que levam o protagonista ao 
infortúnio. Na história de Édipo, temos a seguinte sequência:
Édipo se propõe a descobrir quem assassinou o rei Laio;
O profeta acusa Édipo de matar o rei Laio;
Tirésias revela a Édipo a verdade sobre seus pais;
Jocasta narra a Édipo a morte de Laio;
Édipo dá-se conta que pode ser mesmo o assassino de Laio;
Édipo confirma que matara seu pai verdadeiro (Laio);
Jocasta se mata;
Édipo fura os olhos.
Caráter (ou costumes) : são as ações que qualificam as personagens. A 
personagem Édipo, por suas ações, se caracteriza como alguém bom, correto, 
que luta contra o destino.
As falas (elocução) : consiste na escolha dos termos, os quais têm o mesmo 
poder de expressão, tanto em prosa como em verso:
Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Todos 
sabem: tudo me era interdito: ser filho de quem sou, casar-me com quem me 
caseie e eu matei aquele a quem eu não poderia matar!
As ideias (pensamento) : “é tudo o que as palavras pronunciadas expõem o que 
quer que seja ou exprimem uma sentença.” (Aristóteles):
Ai de mim! Receio que tenha proferido uma tremenda maldição contra mim 
mesmo, sem o saber!
O espetáculo : corresponde à representação das personagens.
O canto (melopeia) : é o ornamento principal: é a música, uma sucessão de sons 
para gerar uma sensação agradável ao ouvido. Ou seja, a força expressiva 
musical, desde que bem ouvida por todos.
 
Os gêneros narrativos épicos
Os gêneros épicos são textos que trazem narrações de feitos grandiosos, centrados 
na figura de um herói, tendo como pano de fundo a história de povos e civilizações.
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A epopeia
• É um poema narrativo em terceira pessoa e dividido em cantos (ou livros).
• O narrador (poeta) mantém distanciamento em relação aos acontecimentos, 
caracterizando-se como um poeta-observador voltado para o mundo exterior, 
tornando a narrativa objetiva.
• Assim como na tragédia, seu objeto de imitação são os assuntos sérios.
• Não emprega um só metro simples ou forma negativa.
• Não é tão limitada quanto a tragédia em sua dimensão.
• Todos os caracteres que a epopeia apresenta encontram-se na tragédia também.
• Há a presença do maravilhoso: interferências dos deuses da mitologia greco-
romana.
• Dedica-se a narrar fenômenos históricos, lendários ou míticos considerados 
representativos de uma cultura – o livro Os Lusíadas é um exemplo desse 
gênero na literatura de língua portuguesa.
 
Os gêneros narrativos líricos
São gêneros centrados no caráter emocional, na subjetividade dos sentimentos da 
alma. Segundo Aristóteles, forma literária destinada ao canto, acompanhada do som 
de uma lira.
Pertencem a esses gêneros os poemas que extravasam as emoções íntimas pela 
expressão verbal rítmica e melodiosa. O valor de uma poesia lírica está não apenas 
em sua capacidade de expressar as emoções, mas também em despertá-las.
A poesia lírica constitui-se dos seguintes elementos:
O eu lírico, a voz que expressa suas 
emoções no poema, um eu poético, 
inventado, que não se confunde com 
o poeta(autor).
A subjetividade, que é a marca do 
lirismo. É a poesia da primeira pessoa 
e no tempo presente.
A proposta de Bakhtin
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Para Mikhail Bakhtin, a comunicação deve ser definida a partir da ideia de interação 
entre sujeitos, ou seja, um agir sobre o outro (o sujeito), num processo dialógico. 
Sendo assim, a linguagem seria também uma ação verbal (ou não verbal) com o fim 
de provocar no outro uma reação.
Essa perspectiva amplia a teoria da comunicação baseada no envio e recepção da 
mensagem, pois passa-se a considerar todo o contexto em que a comunicação 
acontece: quem participa do processo (os sujeitos), quando acontece a interação, 
onde, em que sociedade, com que objetivos.
Portanto, a comunicação pode ser definida como a interação entre sujeitos.
Esses sujeitos (agentes da comunicação) produzem enunciados (textos/ atos de 
fala), que passam por um processo de mediação (os sujeitos estabelecem uma 
relação entre os enunciados, a linguagem e a cultura), utilizando-se da linguagem 
(um sistema constituído de signos que provocam efeitos de sentido) para garantir 
essa interação.
Sob essa perspectiva, a situação de interação definirá como se dará esse processo 
comunicacional: determinando o que dizer e como dizer.
Teríamos, então, o seguinte diagrama:
 Mediação (Espaço em que a cultura se concretiza) 
Sujeitos Enunciados Sujeito
Participantes do processo Ato de fala Participantes do 
processo 
de comunicação de comunicação 
 Linguagem Efeitos de Sentido
Ação Verbal ou não Os sentidos se constroem ao longo da 
 interação entre sujeitos 
• Situação de Interação 
→ 
O papel dos sujeitos, o objetivo 
da interação; em qualquer 
sociedade; 
quando se dá interação 
• Processo de Comunicação 
Processo de ação sobre o outro: 
o que dizer e como dizer 
 
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Com base nessa concepção de comunicação, Bakhtin apresenta o conceito 
de gênero do discurso: um conjunto de enunciados, em uma dada situação de 
comunicação, com a função de garantir a interação e que possui características 
próprias constituídas historicamente, conforme as necessidades da sociedade.
Gênero do discurso
De acordo com o teórico, os gêneros discursivos (ou textuais) podem ser definidos 
como tipos de enunciados, relativamente estáveis e normativos, que estão 
vinculados a situações típicas da comunicação social.
Os gêneros se constituem historicamente a partirde novas situações de interação 
verbal da vida social que vão (relativamente) se estabilizando, no interior das 
diferentes esferas sociais...
Sendo assim, os gêneros também são formas de ação: na interação, eles funcionam 
como índices de referência para a construção dos enunciados, pois balizam o autor no 
processo discursivo, e como horizonte de expectativas para o interlocutor, no processo 
de compreensão e interpretação do enunciado (a construção da reação-resposta 
ativa). (BAKHTIN, 2011)
Ou seja, os gêneros são os textos propriamente ditos que produzimos a cada nova 
situação de comunicação. Esses textos possuem características de composição e 
função comunicativas que se estabelecem social e historicamente.
Pense assim: antes da tecnologia da escrita, o gênero carta não existia, pois o 
homem só produzia textos orais. Com o advento da internet, o gênero carta passa 
por uma adaptação e surge o e-mail pessoal.
Talvez, daqui a uma década, a carta nem exista mais, dados os avanços tecnológicos 
na área da comunicação e a necessidade que temos de interagir de forma rápida.
Portanto, os gêneros textuais (ou discursivos) são enunciados mutáveis e plásticos, 
ou seja, conforme as necessidades sociais, esses textos mudam e se moldam às 
diversas situações de comunicação.
Imagine o gênero aula: apesar de se caracterizar, de forma geral, por ter como 
objetivo a exposição de determinado tema acadêmico, podemos afirmar que esse 
gênero se adapta às mais diversas situações de comunicação que exigem a 
produção dele.
Ou seja, uma aula sobre língua portuguesa será diferente de uma cujo tema seja 
reprodução humana. Então, como apresentar uma classificação para os gêneros 
textuais? Quais critérios podemos usar para essa classificação?
Com base na teoria de Bakhtin, podemos apresentar os seguintes aspectos para a 
classificação dos gêneros textuais:
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1. Conteúdo temático - sobre o que trata o texto;
2. Plano composicional - a organização do texto, sua estrutura;
3. Estilo, a linguagem usada - os recursos linguísticos ou visuais.
Portanto, são exemplos de gêneros textuais (discursivos): a notícia, o romance, a 
telenovela, o anúncio publicitário, a reportagem, a receita de bolo, a bula de 
remédio, a conversa no WhatsApp, a postagem no Facebook, o hangout no 
YouTube, o storie no Instagram, o cartão de aniversário etc.
 
Os gêneros do cinema
Ação: caracteriza-se por privilegiar estrelas famosas; sofisticados efeitos especiais; 
cenários suntuosos, exóticos ou grandiosos (já assistiu a algum filme da personagem 
007?); cenas e sequências de intensa ação.
Os heróis e os vilões são claramente caracterizados e contrapostos (Homem-Aranha 
x Duende Verde); simplismo e o maniqueísmo tendem a prevalecer (lembra-se do 
filme Rambo – programado para matar?).
Comédia: tende a fazer ressaltar as fragilidades do ser humano; são diversos os 
recursos de que se vale: o exagero, o equívoco, o absurdo, o insólito, o escatológico, 
o anacrônico, o agravamento, o recrudescimento, a descontextualização, o 
imprevisto – assistiu a algum dos filmes Loucademia de polícia?
Drama: o seu objeto é o ser humano comum, normal, em situações cotidianas mais 
ou menos complexas, mas sempre com grandes implicações afetivas ou causadoras 
de inescapável polêmica social; propensão ao realismo, com fim de reflexão sobre a 
sociedade.
A caracterização das personagens adquire, no drama, contornos de especial 
complexidade – você assistiu ao filme Histórias Cruzadas?
Fantástico: é aquele em que a causalidade mais se afasta das premissas realistas e 
das leis comuns do cotidiano; a magia e a religião surgem constantemente como 
motivo e como contexto deste gênero.
Trata-se de um gênero que nos permite viajar ao passado, atravessar épocas e 
continentes, descobrir lugares puramente imaginários – lembra-se do filme História 
sem fim?
Ficção científica: toda ficção criada neste gênero deve tomar como inalienáveis as 
premissas do conhecimento científico vigente ou expectável acerca de um 
determinado fato ou fenômeno.
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Podemos considerar ficção científica todo relato que discorre sobre mundos e 
acontecimentos possíveis a partir de hipóteses logicamente verossímeis — você viu 
o filme Mad Max – estrada da fúria?
A narrativa centra-se muitas vezes em um questionamento das consequências dos 
avanços tecnológicos e científicos sobre o destino da humanidade — daí o cinema 
pós-apocalíptico, como em The day after.
Film noir: visualmente, um aspecto se torna imediatamente perceptível: a fotografia 
em preto e branco, altamente contrastada, com nítidas influências do 
expressionismo alemão.
Além disso, o lado sombrio das personagens torna-se, ironicamente, através do jogo 
de penumbras, o seu lado mais exposto e, paradoxalmente, transparente; como 
responsável principal da trama, encontramos a femme fatale, sensual e 
impecavelmente vestida — viu o clássico A dama de Shanghai?
Há uma geração nova desse gênero (neo noir), como o cinema dos irmãos Cohen 
(Onde os fracos não têm vez).
Musical: atribui à banda sonora uma extrema importância, que em nenhum outro 
gênero encontra paralelo — assistiu ao filme La La Land?
A música não se sobrepõe à trama a partir do seu exterior, mas surge a partir da 
própria vivência das personagens e determina os seus comportamentos — lembra-
se do musical Mama Mia?
Os momentos, os números ou as sequências cantadas e dançadas pelos 
protagonistas são, portanto, o elemento formal distintivo do musical — viu Chicago?
Os valores de produção usualmente se tornam mais manifestos, com coreografias 
de grande sofisticação e dimensão, cenários luxuriantes e grandiosos e uma paleta 
cromática de grande espetacularidade — assista ao filme Moulin rouge e observe 
essas características.
Terror: o seu apelo e o seu fascínio para o espectador provêm, ironicamente, da 
incomodidade e do desconforto que provoca neste.
Em termos iconográficos, este é, seguramente, um dos gêneros mais inventivos, 
ainda que um conjunto de clichês tenda a se estabelecer e permanecer ao longo de 
um ciclo de filmes determinado — como, por exemplo, o nevoeiro ou as lâminas — 
lembra-se de O Iluminado?
Caracteriza-se pela centralidade narrativa e dramática da vítima, com a qual o 
espectador é convidado a identificar-se, muitas vezes através da assunção do seu 
ponto de vista; a tendência de muitos filmes para a apresentação explícita e muitas 
vezes exagerada dos efeitos físicos e psíquicos da violência sobre as vítimas – 
assistiu ao filme O Exorcista? E ao Bebê de Rosemary?
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Thriller (suspense): cria-se no espectador uma intensa excitação e nervosismo; há 
uma instauração e perpetuação constante da dúvida sobre o desfecho dos 
acontecimentos e sobre o destino das personagens.
Apresenta-se uma sugestão verossímil, mas enganosa, de expectativas; as 
personagens atravessam a história numa situação de risco quase fatal e de perigo 
iminente.
A corrida contra o tempo e a deriva labiríntica desenham um gênero de jogo mental 
que é proposto ao protagonista — claro que temos que mencionar o nome Alfred 
Hitchcock, pai deste gênero, e, atualmente, Jordan Peele.
Western: é um retrato do oeste americano, da expansão da fronteira da civilização, 
da instauração da lei e da ordem, muitas vezes à custa das populações indígenas, 
tantas vezes deturpadamente retratadas.
Basta assistir ao filme A Conquista do Oeste. O herói (o caubói) impoluto, indomável 
e implacável conheceu no western a sua mais feliz encarnação nos tempos 
modernos.
Temos o cavaleiro solitário rumo ao pôr do sol, as roupas de vaqueiro ou a farda do 
exército, as botas pontiagudas e o lenço no pescoço, o chapéu branco ou preto,símbolos do bem e do mal, as pistolas e os cantis, a indumentária e maquiagem 
características das tribos indígenas, dos seus gritos de guerra e das suas armas, o 
arco e a flecha.
Estes são alguns dos gêneros que o cinema criou ao longo de sua história, 
considerando os seguintes critérios para classificá-los:
• Narrativa: tramas, premissas e estruturas parecidas; situações, obstáculos, 
conflitos e resoluções previsíveis;
• Caracterização das personagens: tipos semelhantes de personagens (próximos 
ao estereótipo), com qualidades, motivação, objetivos e aparência similares;
• Temas básicos: os filmes são sobre temas semelhantes, frequentemente em 
contextos históricos, culturais e sociais semelhantes;
• Ambiente: o lugar geográfico ou histórico onde a trama se passa é o mesmo;
• Iconografia: uso de ícones semelhantes — objetos, atores, atrizes, cenários; uso 
de certos tipos de linguagem e terminologia;
• Técnicas e estilo: iluminação, paleta de cores, movimentação de câmera e 
enquadramentos semelhantes.
 
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Tema 4: O Texto Jornalístico – Narrativo e 
Dissertativo
O texto jornalístico: narrativo e dissertativo
Texto jornalístico e representação simbólica da realidade
A narrativa jornalística tem como premissa a ideia de que esta trata da verdade em 
seus enredos, de o texto jornalístico representar a realidade de modo imparcial e 
objetivo, caracterizando o jornalista como um narrador sem subjetividade, quase 
como um ser à parte do mundo em que vivemos.
Será? Você acredita que o texto jornalístico é isento de qualquer parcialidade? 
Vamos refletir.
• R7
Em 18 de agosto de 2018, no site 
R7, foi publicada a 
notícia: Brasileiros expulsam 
venezuelanos após assalto em 
cidade de Roraima.
• Folha
Nessa mesma data, o site do 
jornal Folha de São Paulo publicou 
a notícia: Venezuelanos e 
brasileiros se confrontam nas ruas 
de cidade de Roraima.
Você deve ter verificado que as notícias tratam do mesmo fato: moradores de uma 
cidade em Roraima agridem imigrantes venezuelanos. Mas o modo de dizer é 
diferente. Vejamos:
Analisando título e subtítulo
No título, ao usar um verbo indicador de ação (expulsar) no tempo presente, a 
notícia sugere que o fato é recente e que há continuidade nesta ação, como se o ato 
de expulsar ainda estivesse acontecendo.
Compare as orações: Brasileiros expulsaram/ Brasileiros expulsam. Quando 
flexionamos o verbo no pretérito perfeito, sugerimos que a ação é finda e que foi 
pontual, sem continuidade; diferente do presente do indicativo, que sugere certa 
persistência da ação.
O título ainda destaca quando e onde aconteceu o fato: após assalto e em cidade de 
Roraima (sem especificar a cidade, apenas o estado).
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Observe a ausência de artigo definido ou indefinido para determinar os 
substantivos (brasileiros, venezuelanos, cidade e Roraima), pois estes elementos estão 
sendo apresentados ao leitor pela primeira vez.
No subtítulo, ao iniciar o texto com o sujeito (moradores de Pacaraima), enfatiza-se 
quem fez a ação (se revoltar), porém utilizando-se de um verbo (revoltar) mais o 
pronome se, sugerindo reflexividade desta ação (revoltar a si mesmos).
Porque o adjunto adverbial (na fronteira com a Venezuela) foi deslocado de seu local 
sintático tradicional (o fim do período), provoca-se o efeito de sentido de que o 
local onde aconteceu o fato é tão importante quanto o sujeito.
Mas veja que o verbo revoltar-se está flexionado no pretérito perfeito do indicativo, 
portanto trata-se de uma ação já concluída e pontual (se revoltaram).
Agora, é importante observarmos a oração adverbial “após um comerciante ter sido 
roubado e agredido supostamente por refugiados”.
Veja que os verbos roubar e agredir estão na voz passiva, indicando que o 
sujeito (um comerciante) é recebedor de duas ações; assim, este sujeito é colocado 
na posição de vítima (foi roubado e agredido).
Nesta oração, o escritor fez questão de explicitar o agente da passiva (por 
refugiados) para reforçar a ideia de ele ser responsável pela ação, embora o 
vocábulo supostamente tenha sido usado, amenizando a certeza dessa culpa e esse 
agente da passiva seja nomeado pelo substantivo refugiados.
Agora vejamos o primeiro parágrafo desta notícia do R7:
Ao concluirmos a leitura do título, do subtítulo e do primeiro parágrafo, já somos 
capazes de comentar sobre o fato, ou pelo menos dizer o que houve, quando 
ocorreu, onde aconteceu, quem são os envolvidos e como o fato se deu.
Neste primeiro parágrafo, a ênfase foi dada ao sujeito venezuelanos, pois o período 
começa com esse sujeito, atribuindo-lhe o papel de sofrer a ação verbal (ser 
agredido).
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Veja que, ao se referir aos venezuelanos, o autor utiliza o substantivo refugiados, 
não apenas porque precisava de um outro vocábulo para substituir o sujeito, mas 
porque havia a necessidade de oferecer ao leitor uma nova informação: que os 
venezuelanos eram refugiados, não eram apenas imigrantes.
Há, então, uma questão política a ser considerada, pois a palavra refugiado 
representa a ideia de migrante que sofre ou sofreu perseguição política.
Se prestarmos um pouco mais de atenção, veremos que se pode criar um campo 
semântico referente ao fato, constituído pelos verbos: foram agredidos, foram 
expulsas e atirar.
Analisando o sujeito
Veja que o site Folha de São Paulo optou por classificar a notícia como sendo da 
Venezuela, e não do Brasil. Isso se comprova pelo vocábulo acima do 
título (Venezuela).
O título enfatiza o sujeito, neste caso composto (Venezuelanos e brasileiros), 
sugerindo dois agentes para a ação verbal representada pelo verbo confrontar, que 
vem acompanhado do pronome se com o sentido de reciprocidade.
Sendo assim, o sujeito composto é colocado na posição de agente e recebedor da 
ação verbal, provocando o efeito de sentido de responsável e, ao mesmo tempo, 
vítima do fato.
Além disso, o verbo indicador de ação (confrontar) foi flexionado na voz ativa, 
reforçando o papel de agente que o sujeito exerce; e no presente do indicativo, 
ativando o aspecto permansivo que este verbo pode assumir, sugerindo então a 
ideia de uma ação que continua e de um fato recente.
Comentário
Permansivo: Diz-se de aspecto verbal cujo estado ou processo permanece em seus 
efeitos, como, por exemplo, nos verbos conservar, continuar, permanecer, em que a 
noção de permanência está implícita.
O título informa ao leitor onde o fato aconteceu: nas ruas de cidade de Roraima. 
Observe que o substantivo rua está no plural, sugerindo uma espacialidade ampla 
para o fato; o substantivo cidade vem acompanhado apenas da preposição de, sem 
um determinante (de cidade), assim como o substantivo Roraima.
Verificamos, então, que o título responde às questões: quem (Venezuelanos e 
brasileiros), o quê (se confrontam) e onde (nas ruas de cidade de Roraima).
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O subtítulo acrescenta uma informação ao título: Secretaria de Segurança Nacional 
enviará contingente extra de 60 homens à região, levando o leitor a se perguntar 
sobre o porquê dessa ação, gerando o efeito de sentido de suspeita de que o 
confronto entre venezuelanos e brasileiros é grave.
Para dar essa informação, o subtítulo traz uma oração constituída de um sujeito 
agente da ação verbal, pois o verbo está na voz ativa (enviará).
Desta vez, o tempo verbal escolhido foi o futuro do presente, provocando o sentido 
de ação que ainda não aconteceu, mas que é certa. O futuro do presente do modo 
indicativo se caracteriza por referir-se a uma ação virtual, não concretizada ainda, 
mas que sugere ao leitor a certeza de acontecer.
 
Comopudemos observar, embora a notícia tenha como objetivo narrar de modo 
imparcial um fato do cotidiano, verificamos que, conforme as escolhas vocabulares, 
sintáticas, morfológicas, essa imparcialidade se distancia da narrativa objetiva, 
abrindo espaço para uma parcialidade disfarçada justamente por essas escolhas.
Assim, é possível estabelecermos a relação entre a função comunicativa do texto 
jornalístico — informar sobre um fato —, e a realidade.
 
O texto jornalístico deve ser compreendido como uma representação possível da 
realidade, que segue determinações sociais, das empresas de comunicação e do 
próprio jornalista que produz o texto.
Ou seja, dependendo da posição discursiva que se queira assumir, o texto 
jornalístico definirá como a realidade será apresentada a nós.
Texto narrativo versus texto dissertativo: informação X 
opinião
Observemos duas notas publicadas no jornal O Povo, em 21/04/2019:
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Claudia Raia, uma das atrações do 12º 
Encontro de Mulheres Pague Menos, 
está impagável como a abelhuda e 
convencida Lidiane na novela Verão 
90, das quase 20 horas da Globo. 
Esbanja sua veia humorística como 
ninguém. O Encontro de Mulheres 
será de 16 a 19 de maio no Centro de 
Eventos.
O longa brasileiro Bacurau venceu o 
Prêmio do Júri no Festival de Cannes 
em empate com o francês Os 
Miseráveis, de Ladj Ly. O anúncio 
aconteceu neste sábado (25), na 
França.
Escrito e dirigido por Kleber 
Mendonça Filho e Juliano Dorneles, o 
longa-metragem de aventura e ficção 
científica tem no elenco os cearenses 
Silvero Pereira, Rodger Rogério e Uirá 
dos Reis, carioca radicado no Ceará.
1. Qual desses textos podemos afirmar que teve como objetivo informar sem tecer 
comentário?
R= o texto 2. Veja que o texto 1 (nota sobre Cláudia Raia) tece um comentário sobre 
a atuação da atriz – está impagável –, fazendo uma avaliação da performance de 
Cláudia Raia em novela da Globo.
No título da nota esse comentário já é feito, ao nomear a atriz de Musa do Verão. E 
continua a dar opinião sobre a atriz: “esbanja sua veia humorística como ninguém”.
A nota parece ter como objetivo central opinar sobre a competência de Cláudia Raia, 
no lugar de informar sobre o evento da Pague Menos.
O texto 2 (nota publicada sobre o filme Bacurau) atém-se à informação, evitando o 
uso de vocábulos ou expressões que sugiram julgamento, opinião, comentário.
Por ser um jornal publicado no Ceará, é óbvio que o jornalista informa, já no título, 
que o elenco conta com atores cearenses, para atrair o leitor local: Com cearenses 
no elenco, ‘Bacurau’ é premiado em Cannes.
O último parágrafo apenas acrescenta uma informação que comprova o que foi dito 
no título sobre o elenco, fazendo uso do verbo flexionado no presente do indicativo 
(tem), sugerindo a ideia de algo permanente:
Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, o longa-metragem 
de aventura e ficção científica tem no elenco os cearenses Silvero Pereira, Rodger 
Rogério e Uirá dos Reis, carioca radicado no Ceará.
Sendo assim, podemos afirmar que o texto 1 é uma narrativa, pois exprime uma 
opinião, enquanto o texto 2 é dissertativo, pois relata um fato apenas.
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Deu para distinguir o texto narrativo do texto dissertativo, informação de opinião? 
Mas por que conversamos sobre esses assuntos? Porque os textos jornalísticos se 
caracterizam pela narração e dissertação.
Vamos ver esses gêneros?
 
Gêneros textuais jornalísticos: a notícia, a nota, a 
reportagem, o editorial, a coluna, o ombudsman e a 
crônica
Ao analisarmos as notícias, em nosso primeiro tópico, e as notas, no segundo, 
verificamos que esses textos se caracterizam pelo uso da narração, embora em uma 
das notas tenhamos verificado a opção do jornalista pela dissertação, 
descaracterizando o gênero.
Vejamos as seguintes características:
A dissertação tem como função comunicativa informar, relatar um fato de maneira 
breve, sem expor opinião, como vimos no exemplo 2 (nota sobre o filme Bacurau, 
fazendo uso da norma culta formal.
Para isso, flexionam-se os verbos no pretérito perfeito e em terceira pessoa, para 
garantir a ideia de objetividade e o distanciamento entre o jornalista e o fato 
relatado, garantindo credibilidade à informação.
A notícia é um gênero cujo objetivo é também relatar um fato do cotidiano, de 
modo objetivo, em terceira pessoa, evitando o uso de vocábulos ou expressões que 
transpareçam o ponto de vista do jornalista.
É um texto informativo, que se qualifica pelo ineditismo do fato, por ser verdadeiro 
(representar a realidade), objetivo e de interesse do público.
Para se caracterizar como verdadeira, a notícia lança mão de informações que 
garantem a reconstrução do universo de discurso em jogo: nomes de pessoas, ruas, 
cidades, referências temporais precisas, falas de outros (depoimentos transcritos de 
pessoas ou instituições).
Outras características da notícia: uso da norma culta 
formal e ordem cronológica
Linguagem
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A linguagem deve ser culta e formal, podendo aproximar-se do registro coloquial 
da língua, dependendo do assunto e da sua audiência. Sobre seu conteúdo, a notícia 
deve responder às seguintes perguntas:
• O que aconteceu?
• Quem são os envolvidos no fato?
• Quando aconteceu o fato?
• Onde o fato aconteceu?
• Como aconteceu?
• Por que aconteceu?
Ordem cronológica
O texto pode ser narrado em ordem cronológica linear — iniciando pela ação mais 
remota e terminando com a ação mais recente; ou não linear — iniciando pelo fato 
mais recente e terminando com o mais remoto.
Isso implica em três possíveis estruturações da notícia:
• Pirâmide invertida - Começa-se pelo fato mais recente, de modo mais geral, e 
termina-se pelo fato mais distante, de modo mais específico, mais detalhado) — 
no caso da pirâmide invertida, os fatos principais são expostos no primeiro 
parágrafo, oferecendo um resumo;
• Pirâmide normal - O texto apresenta detalhes da introdução, fatos de crescente 
importância (criando suspense), fatos culminantes e o desenlace;
• Sistema misto - Neste caso, os fatos culminantes são apresentados na entrada 
e, depois, a narração segue em ordem cronológica linear.
 
Reportagem x Notícia
O gênero Reportagem não se confunde com a notícia, pois trata de fenômenos 
sociais e políticos, acontecimentos produzidos no espaço público e que são de 
interesse geral, ou seja, a reportagem extrapola a notícia, a narração de um fato 
especificamente.
Além disso, este gênero é assinado pelo jornalista, enquanto a notícia não; podendo 
ser um texto mais subjetivo, a partir de um ponto de vista pessoal.
Normalmente, a reportagem é veiculada em revistas, pois os fatos presentes no 
texto compõem uma narrativa mais abrangente, mais analítica em alguns casos.
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Para desenvolver a reportagem, o jornalista precisa investigar mais, fazer um 
levantamento de dados ainda maior que a notícia exige, pois a estrutura da 
reportagem é mais complexa, podendo conter separatas com entrevistas, gráficos, 
tabelas, enquetes etc.
 
Gêneros marcados pela opinião
Editorial
Dentre os textos marcados pela opinião, está o editorial, que se caracteriza pela 
subjetividade. Sua função comunicativa é opinar sobre os assuntos, apresentando 
aos interlocutores a posição de determinado veículo de comunicação.
Coluna
Ao lado do editorial está um outro gênero opinativo: a coluna, que tem por objetivo 
discorrer sobre uma interpretação da realidade para orientar o leitor.
Estrutura do texto dissertativo da coluna
A estrutura é de um texto dissertativo, com o objetivo de convencer e persuadiro 
leitor, cuja redação pode ser em primeira pessoa; assinado pelo autor, que define o 
tom do texto e o ponto de vista a ser defendido.
Cabe, então, ao jornalista “manifestar uma crítica à empresa jornalística, com o 
objetivo de ser um autorregulador dessa mídia”.
Estrutura do gênero ombudsman
Esse gênero se caracteriza pela seguinte estrutura organizacional:
1. Introdução do tema, juntamente com a opinião da audiência;
2. Apresentação da crítica ao jornal (criticar e defender o jornal, inserir exemplos, 
apresentar ideias e sínteses, reafirmar posicionamentos);
3. Concluir a crítica (apresentar sugestões à mídia);
4. Apresentar credenciais (indicar a próxima coluna, informar a credencial do autor, 
disponibilizar informações para o contato com o jornalista (também nomeado 
ombudsman).
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Gênero flutuante entre informação e opinião: crônica 
jornalística
Agora, há um gênero que parece flutuar entre a informação e a opinião: a crônica 
jornalística.
Talvez seja este o gênero jornalístico mais flexível, menos institucionalizado, ou 
seja, o texto que mais deixa o jornalista livre de amarras estruturais, de conteúdo 
e de estilo.
Vejamos algumas características da crônica jornalística:
Aspectos da crônica jornalística
Esse tipo de gênero em muito se assemelha ao texto literário, já que se caracteriza 
pelo uso de figuras de linguagem, jogo de palavras, personagens fictícios, uso da 
primeira pessoa — caracterizando uma subjetividade atrelada à crítica — e o tom de 
conversa com o interlocutor — dirigindo-se a ele diretamente ao fazer uso de 
pronomes de segunda pessoa do discurso (você).
Podemos pensar a crônica como um gênero híbrido, que se constrói a partir de 
características da narrativa não ficcional, do gênero opinativo e do literário.
É um texto com volume de informação em uma narrativa curta, pessoal e livre — 
tanto com relação ao processo de produção quanto ao conteúdo e à edição.
Por ser um texto com características literárias, a linguagem flutua num contínuo 
entre o formal e o coloquial, aproximando-se bastante do registro da fala, como 
estratégia de aproximação com o interlocutor.
(...) também se apropria da realidade do cotidiano, como o jornalismo factual, mas 
procura ir além e mostrar o que está por trás das aparências, o que o senso 
comum não vê (ou não quer ver).
Aula 5: A linguagem radiofônica
Os gêneros radiofônicos
O rádio, diferente das mídias impressas, que se utilizam da linguagem verbal escrita, 
vale-se do registro oral da língua e, obviamente, de todos os recursos característicos 
da oralidade:
• Frequência (grave, médio ou agudo)
• Volume (intensidade, potência sonora – vibração do ar, pressão sonora)
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• Duração, timbre (a “cor” do som – é a síntese dos dois primeiros), frequência
Além desses elementos que constituem a fala, essa mídia faz uso de muitos outros 
recursos sonoros, como a música e amostras de sons que complementam o texto 
verbal.
Observou como, a cada texto, o locutor foi modificando o modo de falar?
1. No primeiro texto, ele imposta a voz e fala em um ritmo mais lento, com mais 
pausas, a voz é mais grave e macia, quase sem contrastes (imagine João Gilberto 
cantando), sugerindo um certo drama e comoção, mais estabilidade.
2. No segundo texto, percebe-se um ritmo mais intenso, menos pausas e silêncios, 
a voz parece fazer mais curvas (tem um pico de volume e cai), sugerindo uma 
alegria, um entusiasmo na entonação, percebem-se mais contrastes entre as 
intensidades.
3. No terceiro texto, uma lista de ofertas, o ritmo se intensifica, reduzem-se mais 
ainda as pausas e silêncios, a voz tende a ficar menos grave e parece fazer 
apenas uma curva ascendente e não cai, há uma tendência a permanecer no alto 
até o final.
4. No último texto, o volume aumenta, o ritmo acelera, tudo se intensifica, para 
que se estabeleça uma relação entre a linguagem verbal, o que ela representa e 
a linguagem sonora, sugerindo euforia intensa, muito mais dramaticidade e 
contraste.
 
A locução do repórter Esso é bem 
mais pausada, mais branda, o ritmo é 
mais estável, quase sem mudanças. É 
como se a voz não fizesse curvas, 
como se fosse horizontal, quase 
monótona, caracteristicamente grave, 
sugerindo seriedade.
A linguagem radiofônica exige, 
portanto, domínio da oratória, a arte 
de falar, de proferir textos orais de 
forma clara, garantindo os efeitos de 
sentido desejados apenas com o uso 
da linguagem sonora: voz mais música 
e efeitos sonoros. 
 
Essa linguagem se faz presente nos gêneros que caracterizam o rádio, garantindo a 
interação com o público e provocando os mais diversos efeitos de sentido, incluindo 
aí o humor.
Desde seu surgimento, o rádio tem produzido figuras extraordinárias. Graças a essas 
figuras, essa mídia criou gêneros específicos que influenciaram muitos dos 
programas de TV e, hoje, de plataformas da internet.
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Podemos, então, pensar em uma classificação dos gêneros radiofônicos baseada na 
função comunicativa que essa linguagem assume nas diversas situações de 
comunicação que configuram esse veículo:
• Publicitário ou comercial 
Este gênero caracteriza-se pela função comunicativa de tentar persuadir e 
convencer a audiência, fazendo uso de uma linguagem que se aproxima dos 
interlocutores. Surgiu no Brasil na década de 1931, quando Getúlio Vargas 
liberou concessões a particulares.
Ouça dois exemplos desse gênero:
◦ Jingle de Getúlio Vargas em 1931;
◦ Jingle de Ciro Gomes em 2018.
Deu para observar a diferença? Em 1931, temos uma marchinha de carnaval, 
lançada por Lamartine Babo; em 2018, temos um axé. Percebeu que as músicas 
se adaptaram ao momento político, social e estético de seu tempo?
Vamos ouvir mais um? Lembra-se deste?
Esse jingle do Pão de Açúcar fez muito sucesso mesmo. Se compararmos com os 
jingles eleitorais, percebemos que a temática também definirá o gênero musical 
em que se apoia o jingle.
• Jornalístico ou informativo 
Talvez este tenha sido o primeiro gênero de nosso rádio, pois a primeira 
transmissão radiofônica no Brasil foi um pronunciamento do então Presidente 
Epitácio Pessoa, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil.
O gênero jornalístico se caracteriza por ter como objetivo informar o ouvinte 
sobre assuntos do cotidiano que se tornaram notícia ou ainda opinar sobre os 
fatos.
O primeiro programa jornalístico foi criado por Roquette-Pinto, O Jornal da 
Manhã. Esse programa informava e comentava sobre os fatos.
Pensou que tinha sido A Voz do Brasil? Pois é, este programa só foi transmitido 
pela primeira vez em 1941, dez anos depois de O Jornal da Manhã.
Mas este gênero se notabilizou mesmo com o programa Repórter Esso, pois foi o 
primeiro a não apenas ler as notícias impressas nos jornais do dia e comentá-las. 
O programa mesmo desenvolvia as notícias em texto dirigido.
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• Entretenimento 
Este gênero praticamente inicia-se com o primeiro momento das transmissões 
de rádio, pois, inicialmente, este veículo resumia-se a transmitir música 
(orquestras) e informação. No Brasil, este gênero se estabelece com uma 
programação voltada para a música. Já ouviu falar nas Cantoras do Rádio?
É neste gênero que Carmem Miranda, Aracy de Almeida, Aurora Miranda, Dalva 
de Oliveira, Dolores Duran e Elizeth Cardoso, por exemplo, passam a ser 
conhecidas no Brasil e fora do país.
Além da música, o teatro também se adapta e cria-se a radionovela. Ouça um 
trecho de O Direito de Nascer.
Esse programa fez muito sucesso na década de 1950. Grandes autores de nossa 
dramaturgia começaram suas carreiras como autoresnesse momento: Dias 
Gomes, Mário Lago, Janete Clair e Ivani Ribeiro, só para mencionarmos alguns.
• Educativo-cultural 
Este gênero tem por finalidade promover a educação da sociedade, não apenas 
com programas de alfabetização, como também com instruções os sobre 
assuntos mais diversos: desde biografias até documentários, relacionando-os a 
práticas sociais.
É um gênero ainda não muito explorado no Brasil, pois ainda nos atemos a 
programas que visam apenas divulgar o que determinam os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, com o fim pedagógico de alfabetizar a população, 
funcionando quase como um programa de educação a distância.
Os formatos radiofônicos
Os formatos dizem respeito aos modelos que os gêneros do rádio podem assumir, 
conforme o conteúdo, função comunicativa, audiência, linguagem e estilo.
A classificação que apresentamos no item anterior é apenas uma proposta de criar 
uma categorização mais geral dos diversos programas que a mídia rádio nos 
possibilita.
Sendo assim, a classificação a seguir tem como referência os gêneros mencionados 
anteriormente: informativo, educativo, entretenimento e comercial/ publicitário. 
Apresentaremos, portanto, alguns possíveis formatos para cada um desses gêneros.
Formatos para cada gênero
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• Os formatos do gênero publicitário ou comercial
a. Spot: é uma peça publicitária que se caracteriza por utilizar um texto narrado 
(a voz) por um ou mais locutores, que pode ou não ter música acompanhando.
Ouça o spot criado por alunos da Estácio.
b. Jingle: é também uma peça publicitária, mas que se caracteriza pela música, 
pois é esta que prevalece como recurso sonoro para divulgar, convencer e 
persuadir o público.
Ouça um jingle demonstrativo que foi criado para a Estácio.
Observou que é diferente do spot? Enquanto o spot é uma peça falada, o jingle 
é cantado.
c. Testemunhal: é um formato de texto narrado (lido) pelo apresentador de um 
programa ou uma figura pública que tenha credibilidade e possa garantir a 
qualidade do produto apresentado pela peça publicitária. Esse texto pode ter ou 
não fundo musical, mas geralmente há uma trilha sonora exclusiva que se 
mantém durante o testemunho.
Ouça a peça publicitária do remédio Advil.
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• Os formatos do gênero jornalístico ou informativo
a. Debate: é uma discussão entre diversas personalidades sobre determinado 
assunto ou fato, mediado por um dos participantes que se posiciona no centro e 
coordena o debate. Geralmente o debate ocorre em torno de uma mesa, daí seu 
outro nome: mesa-redonda, podendo incluir a participação do ouvinte.
b. Programas esportivos: esses programas também podem se inserir no formato 
mesa-redonda, mas incluem também as transmissões de eventos esportivos, 
principalmente de futebol (no Brasil, então, só há transmissão de futebol 
praticamente).
c. Entrevista: caracteriza-se pela utilização de uma grade de perguntas prévias, 
em que outras podem ser inseridas. Essas perguntas são elaboradas pelo 
repórter de acordo com o entrevistado e o assunto a ser tratado por este.
O repórter deve tentar manter-se objetivo e imparcial — lembrando que a 
imparcialidade é uma busca —, garantindo o máximo de informação do 
entrevistado.
A entrevista pode acontecer entre um repórter e um ou mais convidados ou 
entre mais de um repórter e um convidado, podendo, inclusive, abrir espaço 
para perguntas feitas pelos ouvintes.
d. Boletim: é um formato que se caracteriza pela objetividade e brevidade, pois 
trata de um relato resumido das notícias mais importantes do dia.
e. Crônica: é o formato mais livre, menos institucionalizado, pois o jornalista se 
apresenta, já que a subjetividade predomina. A crônica pode ser jornalística, 
esportiva, política, sobre comportamento etc.
Ouça uma crônica da Rádio Bandeirantes, em 21 de novembro de 2018.
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• Os formatos do gênero entretenimento
a. Programa musical: é um tipo de programa dedicado à divulgação de música, 
podendo o locutor falar mais ou menos durante a programação. Este tipo de 
formato pode permitir ou não a participação do ouvinte.
b. Programa humorístico: é um programa que se caracteriza pela produção de 
mensagens de fácil compreensão, adequadas ao meio que conserva a 
característica de ser uma espécie de companheiro de lazer, de diversão.
Os motes para este tipo de programa têm como referência o ridículo, a 
representação dos vícios, dos maus costumes, como forma de fazer uma crítica a 
determinados discursos sociais ou a determinadas situações relacionadas à 
política, por exemplo.
Você já ouviu falar no programa do Mução?
c. Programa de auditório: caracteriza-se pela presença de uma plateia que 
interage durante o programa, aplaudindo ou não, participando de provas e 
brincadeiras. Assim, dialogar com o público é a principal característica deste 
formato.
Ouça a abertura de um antigo programa de auditório.
d. Programa de dramatização: neste tipo de programa, o objetivo é representar 
uma ficção, seja uma radionovela, uma poesia, um conto ou um esquete (quadro 
cômico curto).
A radionovela foi um formato de dramatização que tinha como referência a 
novela literária. Era uma narrativa sonora dramatizada nas rádios.
Neste gênero, a figura do sonoplasta era fundamental para garantir os efeitos 
de sentido, sugerir as mais diversas emoções, ajudando o ouvinte a criar 
imagens sobre as personagens, ambientes, ações. Uma das radionovelas que 
mais fez sucesso foi Jerônimo, o Herói do Sertão, além de O direito de nascer.
Ouça um trecho de Jerônimo, o Herói do Sertão.
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• Os formatos do gênero educativo-cultural
a. Documentário: é um formato que exige uma apuração mais detalhada das 
informações, com um roteiro que trate exclusivamente de fatos; sem ficção, 
portanto. Este formato tem como objetivo abordar determinado tema de modo 
mais aprofundado, com o argumento baseado em documentos e entrevistas 
recentes.
b. Biografias: programa dedicado a narrar a história sobre determinada pessoa, 
geralmente uma figura pública importante para a história política ou social, ou 
mesmo uma celebridade.
c. Temáticos (ou especial): programa cujo objetivo é tratar sobre determinado 
tema, lançando mão tanto de fatos quanto de ficções (desde que essas ficções 
tenham o fim de elucidação do tema ou ilustrá-lo).
O rádio na era digital
O rádio não só permaneceu, como se adaptou muito bem às novas possibilidades 
que a internet proporcionou. Entrou nas redes sociais, nas plataformas de vídeo 
(como o YouTube), criou seus sites e blogs, enfim, sobreviveu aos que 
desacreditaram seu charme e competência.
A web ofereceu a essa mídia mais mobilidade, alcance, interação, velocidade e 
instantaneidade. Hoje, temos narrações de jogos sendo transmitidas pelas emissoras 
no YouTube e mesmo programas musicais de rádio com imagem, como nos 
exemplos que seguem:
As vozes do rádio, com a internet, passaram a ter rostos. E o alcance se tornou muito 
maior, pois o mundo agora é o limite para o rádio, pois qualquer emissora pode ser 
sintonizada na web em qualquer lugar e a qualquer hora.
E, se você acha que os streamings de música conseguiram abalar as rádios, 
enganou-se, porque as emissoras de rádio também aderiram a eles e criaram suas 
playlists. Tente encontrar sua rádio preferida no Spotify, por exemplo.
Para completar o serviço, a mídia rádio agora é que está mesmo conosco, já que os 
dispositivos móveis (celulares, tablets) permitem que ouçamos nossas rádios onde 
quer que estejamos, assim como o radinho de pilha que nossos pais levavam para 
os estádios em dia de clássico.
Podemospensar, portanto, em dois tipos de rádios na internet: as rádios na web 
(off-line e online) e as web rádios. As rádios tradicionais, que estão na web, podem 
oferecer sua programação ao vivo ou em podcasts (gravações prévias).
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A web rádio é um novo formato de rádio, pois existe apenas no ambiente virtual, 
utilizando-se de streamings e dos recursos que a web pode oferecer (vídeos, 
gráficos, fotografias, textos etc.). É o rádio vivendo a era da convergência das mídias.
De acordo com Jenkins (2010, p. 29), convergência seria o:
"(...) fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação 
entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos 
públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de 
experiências de entretenimento que desejam."
Ou seja, os limites que separavam as mídias estão sendo dissipados. O que se 
observa é uma adaptação das mídias tradicionais ao novo, há uma interconexão 
entre os meios de comunicação de massa e as redes de comunicação baseadas na 
tecnologia da internet.
O papel do espectador também se ajusta a esta nova realidade, pois ele também 
passa a produzir conteúdo para as mídias e a interferir na grade de programas.
É um público mais exigente porque tem acesso à informação, é mais preocupado 
com a qualidade, capacitando-se a assumir o papel de controlador do conteúdo 
midiático que consome, trazendo para si mais possibilidades de escolha.
Esse espectador vê-se como um cidadão que exerce seus direitos e que se engaja 
em movimentos cívicos, participando como um ser político.
Segundo Mazetti (2009):
"A emergência do consumidor empoderado e a cultura participativa é uma 
história sobre comunidade e colaboração em uma escala nunca antes vista."
Temos agora um público protagonista do processo comunicacional, que tem o 
poder de escolher o que consumir, onde e como, e ainda produzir seu próprio 
conteúdo e replicá-los.
Vivemos em um contexto de construção de uma cultura participativa, ou seja, as 
pessoas têm sido incitadas pelas organizações a uma atitude mais participativa, 
assumindo o controle das mídias; de uma inteligência coletiva.
Ou seja, o interlocutor/ ouvinte é valorizado, e isso faz com que ele se reconheça e 
se veja como alguém que detém conhecimento.
Além disso, ao compartilhar esse conhecimento, amplia suas possibilidades e 
reconhece no outro essa potencialidade, desenvolvendo uma prática de construção 
compartilhada do conhecimento; e de uma cultura da convergência.
Essa cultura da convergência quer dizer que as novas mídias se encontram e se 
imbricam com as mídias tradicionais, estabelecendo relação entre:
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"O poder de quem produz a mídia com o poder das pessoas de interagirem de 
maneiras imprevisíveis."(SANTOS; CALAÇA, 2013)
 
Aula 6: A linguagem da TV no século XXI
Narrativas ficcionais televisivas
Você conhece a história de Sherazade? Essa personagem salvou sua própria vida 
porque escolheu a estratégia perfeita para tornar-se indispensável dia após dia na 
vida de seu esposo, o rei Xariar: narrar histórias ao longo de 1001 noites, sempre 
interrompendo as histórias ao amanhecer, para continuar na próxima noite.
Os objetos do mundo são representados de forma excepcional e, ao mesmo tempo, 
cotidiano.
"As narrativas ficcionais da TV se valem de “personagens saídos de um pretenso 
‘real’ e configurados pelo olhar de quem vive a existência que a TV veicula em 
situações sempre performáticas”."- Barbosa (2007)
A construção do mundo ficcional
Para a criação de narrativas (como histórias que são contadas para provocar na 
audiência uma resposta emocional através de efeitos dramáticos), a televisão 
constrói um mundo ficcional com base em uma premissa.
Ou seja, o autor utiliza-se de uma ideia central que o faz aprofundar-se em um 
mundo narrativo.
Essa ideia pode ser:
• um tema: violência doméstica; abuso infantil; reforma agrária;
• uma vontade: ajudar mães que tiveram seus filhos desaparecidos a receber a 
atenção da justiça;
• uma pergunta: como se deu o processo de migração dos italianos para o Brasil?.
A premissa será, assim, a motivação do autor para desenvolver a narrativa de 
modo inédito, criando uma trama inovadora.
Com base na premissa, o autor constrói a trama da narrativa, ou seja, uma sequência 
de eventos que se caracteriza pela relação de causa e consequência, pois cada 
evento levará a outro, até a resolução do conflito.
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Como o público se identifica com o que assiste
A identificação da audiência com o que assiste dá-se em decorrência de a televisão 
oferecer aquilo que o telespectador deseja, comparando o que assiste ao seu 
cotidiano, às suas experiências.
Quando esse processo de identificação acontece, o público retorna e a televisão 
garante uma audiência fiel.
Ou seja, quanto mais o telespectador se identificar com as imagens projetadas na 
tela do seu televisor, quanto mais   houver nas narrativas da TV, 
mais audiência essa mídia terá.
verossimilhança 2
• Verossimilhança: Representação espelhada do cotidiano das pessoas + 
coerência com o mundo representado pela narrativa.
Novela × Minissérie ×Reality Show 
Novela
Você já ouviu falar em: Sua vida me pertence (1951), Noivado das trevas (1952), Um 
beijo na sombra (1952), O drama de uma consciência (1953), Éramos 
seis (1958), Clarissa (1961), O tronco do Ipê (1963)?
Esses eram os nomes das primeiras novelas da televisão brasileira, cuja 
periodicidade era de duas a três vezes por semana e cuja premissa era a oposição 
bem / mal.
Vejamos alguns pontos sobre a trajetória da novela brasileira:
• Gênero menor e desprestigiado
Nesse primeiro momento, a novela era vista como um gênero menor, pois a 
tradição do teatro era muito forte, e os temas, “adocicados” demais para serem 
considerados pela elite, que percebia a novela como um gênero para o povo.
Além disso, os atores, originários do rádio, eram tidos como desprovidos de 
capital cultural suficiente para participar da dramaturgia tradicional, eram o 
povo. Então, a novela inicia sua trajetória sendo desqualificada e desprestigiada, 
embora tivesse seu espaço na programação da TV brasileira.
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0237/aula6.html?brand=estacio
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0237/aula6.html?brand=estacio
• Primeira exibição diária
Em 1963, a TV Excelsior arriscou mudar a periodicidade das novelas e lançou a 
novela 2-5499 ocupado, a primeira a ser exibida diariamente, de segunda a 
sexta. No ano seguinte, a novela no formato diário consolidava-se de vez graças 
a títulos como O Direito de Nascer (TV Tupi, 1964-1965).
• Aumento de audiência
Paulatinamente, a telenovela foi reafirmando seu espaço, à medida que sua 
audiência se tornava maior que a do telejornal e dos filmes, chegando, em 1965, 
a ocupar o horário nobre da TV, antes destinado a filmes e ao telejornalismo.
Durante esse período, as tramas eram ambientadas em lugares distantes e o 
tempo era o passado, com personagens que não faziam parte de nosso 
contexto, como condes, príncipes, mocinhas ingênuas, com heróis que jamais 
usariam o registro coloquial da língua e que eram extremamente puros em seus 
sentimentos.
Claro que houve tentativas de reformulação desse modelo com raízes nas 
novelas de rádio.
• Quebra no paradigma do heroísmo
Assim, em 1968, a TV Tupi exibiu a novela Beto Rockefeller. Foi a primeira vez 
que uma novela tinha como protagonista uma espécie de anti-herói, pois a 
dualidade bem/ mal estava no próprio personagem, que falava de modo 
coloquial e

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