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Direito Penal Parte Geral - Ponto 2 (28-02-2023)

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Questões resolvidas

Alteração do complemento da norma penal em branco, benéfica ao acusado, retroage? Há basicamente três correntes:

a) Retroage, pois a CF é clara (“a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”) (Paulo José da Costa Jr.);
b) Não retroage. A revogação do complemento não atinge a norma (Frederico Marques);
c) Depende. Se o complemento não possuir caráter excepcional ou temporário, haverá abolitio criminis. Ex.: no crime de tráfico, a retirada de uma determinada droga (ex.: lança-perfume) do rol de substâncias proibidas. Por outro lado, se o complemento possuir caráter excepcional ou temporário, aplica-se o art. 3o, isto é, o complemento terá ultratividade. Ex.: mudança de tabela em crime de transgressão de tabelamento de preços (Alberto Silva Franco).

Qual é a classificação dos crimes quanto ao momento consumativo, de acordo com a definição contida no art. 14, I, do CP?

Crime instantâneo se consuma num momento específico, determinado, enquanto o crime permanente se prolonga no tempo por vontade do agente. O crime instantâneo de efeitos permanentes se consuma num momento específico, mas seus efeitos se prolongam no tempo, independentemente da vontade do agente.
Crime instantâneo se prolonga no tempo por vontade do agente, enquanto o crime permanente se consuma num momento específico, determinado. O crime instantâneo de efeitos permanentes se consuma num momento específico, mas seus efeitos se prolongam no tempo, independentemente da vontade do agente.
Crime instantâneo se consuma num momento específico, determinado, enquanto o crime permanente se prolonga no tempo por vontade do agente. O crime instantâneo de efeitos permanentes se prolonga no tempo por vontade do agente.

Como são classificados os crimes quanto à forma pela qual a conduta é praticada?

Crime comissivo configura-se com uma ação do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma omissão do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo impróprio e comissivo impróprio.
Crime comissivo configura-se com uma omissão do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma ação do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo impróprio e comissivo impróprio.
Crime comissivo configura-se com uma ação do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma omissão do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo próprio e comissivo próprio.

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Questões resolvidas

Alteração do complemento da norma penal em branco, benéfica ao acusado, retroage? Há basicamente três correntes:

a) Retroage, pois a CF é clara (“a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”) (Paulo José da Costa Jr.);
b) Não retroage. A revogação do complemento não atinge a norma (Frederico Marques);
c) Depende. Se o complemento não possuir caráter excepcional ou temporário, haverá abolitio criminis. Ex.: no crime de tráfico, a retirada de uma determinada droga (ex.: lança-perfume) do rol de substâncias proibidas. Por outro lado, se o complemento possuir caráter excepcional ou temporário, aplica-se o art. 3o, isto é, o complemento terá ultratividade. Ex.: mudança de tabela em crime de transgressão de tabelamento de preços (Alberto Silva Franco).

Qual é a classificação dos crimes quanto ao momento consumativo, de acordo com a definição contida no art. 14, I, do CP?

Crime instantâneo se consuma num momento específico, determinado, enquanto o crime permanente se prolonga no tempo por vontade do agente. O crime instantâneo de efeitos permanentes se consuma num momento específico, mas seus efeitos se prolongam no tempo, independentemente da vontade do agente.
Crime instantâneo se prolonga no tempo por vontade do agente, enquanto o crime permanente se consuma num momento específico, determinado. O crime instantâneo de efeitos permanentes se consuma num momento específico, mas seus efeitos se prolongam no tempo, independentemente da vontade do agente.
Crime instantâneo se consuma num momento específico, determinado, enquanto o crime permanente se prolonga no tempo por vontade do agente. O crime instantâneo de efeitos permanentes se prolonga no tempo por vontade do agente.

Como são classificados os crimes quanto à forma pela qual a conduta é praticada?

Crime comissivo configura-se com uma ação do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma omissão do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo impróprio e comissivo impróprio.
Crime comissivo configura-se com uma omissão do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma ação do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo impróprio e comissivo impróprio.
Crime comissivo configura-se com uma ação do agente, enquanto o crime omissivo ocorre com uma omissão do agente. O crime omissivo subdivide-se em omissivo próprio e comissivo próprio.

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PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
Ponto 2 – Teoria Geral do Crime Parte I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
SUMÁRIO 
 
1.EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO ............................................................................... 3 
1.1.SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO....................................................................... 3 
1.2.TEMPO DO CRIME (tempus commissi delicti)........................................................... 10 
2.EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................ 11 
2.1.LUGAR DO CRIME ..................................................................................................... 11 
2.2.TERRITORIALIDADE ................................................................................................... 12 
2.3.EXTRATERRITORIALIDADE ........................................................................................ 13 
3.VALIDADE DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS ................................................... 16 
3.1.IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS ................................................................................... 16 
3.2.IMUNIDADES PARLAMENTARES ............................................................................... 17 
4.DISPOSIÇÕES FINAIS (Aplicação da Lei Penal) ............................................................. 20 
4.1.EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA .................................................................... 20 
4.2.CONTAGEM DE PRAZO ............................................................................................. 21 
4.3.FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA .................................................................. 21 
4.4.CONFLITO APARENTE DE NORMAS .......................................................................... 21 
5.TEORIA GERAL DO CRIME ............................................................................................ 24 
5.1.CONCEITO DE CRIME ................................................................................................ 24 
5.2.SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DO CRIME ..................................................................... 25 
5.3.OBJETOS JURÍDICO E MATERIAL DO CRIME ............................................................. 28 
5.4.DISTINÇÃO ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL .............................................. 29 
5.5.CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES............................................................ 32 
6.JURISPRUDÊNCIA ......................................................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
DOUTRINA 
1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
1.1. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
1.1.1. Retroatividade e ultratividade. 
CP, art. 2º, parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (irretroatividade da lei 
penal ou retroatividade da lei penal benéfica). 
Regra à Aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). 
Exceção à extratividade - Aplicação da lei a fatos ocorridos antes ou depois de 
sua vigência. É admissível desde que para favorecer o acusado. 
A extratividade se divide em: 
a) Retroatividade: aplicação da lei nova benéfica a fato anterior à sua 
vigência. Ex.: Sob a égide da lei “A”, sujeito pratica um furto. Sobrevém a lei “B”, que 
reduz a pena do furto. A lei “B” retroagirá para beneficiar o acusado. 
[...] A Lei 13.654/18 extirpou o emprego de arma branca 
como circunstância majorante do delito de roubo. Em 
havendo a superveniência de novatio legis in mellius, ou 
seja, sendo a nova lei mais benéfica, de rigor que retroaja 
para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da CF/88). 4. Recurso 
parcialmente provido a fim de reduzir a pena imposta ao 
recorrente ao patamar de 2 anos, 1 mês e 18 dias de 
reclusão, mais o pagamento de 5 dias-multa, mantidos os 
demais termos da condenação. (AgRg no AREsp 1249427/SP, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ªT., j. 19/06/2018, 
DJe 29/06/2018). 
Embora a causa de aumento alusiva à “arma branca” tenha sido restabelecida 
pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), agora constando do artigo 157, §2º, VII, do 
Código Penal, tal disposição só passou a ser aplicável aos roubos cometidos a partir da 
sua vigência (25.01.2020), restando assim favorecidos todos os réus que, 
anteriormente, tivessem se valido desse meio para a cometer o delito. 
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4 
b) Ultratividade: aplicação da lei já revogada após o seu período de vigência. 
Ex.: Sob a égide da lei “A”, agente pratica um furto. Sobrevém a lei “B”, que aumenta a 
pena do furto. No momento da sentença, o juiz aplicará a lei “A” (já revogada, mas 
vigente à época do fato) que terá, portanto, ultratividade. Logo: 
Novatio legis incriminadora 
NÃO retroage Novatio legis in pejus (lei nova prejudicial) 
Lex gravior (lei mais grave) 
Novatio legis in mellius (lei nova favorável) 
Retroage Lex mitior (lei mais suave) 
Abolitio criminis (revogação da conduta criminosa) 
Cuidado com crime permanente e crime continuado, sobre os quais haverá 
exposição a seguir. 
Exemplo (1): Sujeito pratica os furtos “1”, “2” e “3”, nas mesmas condições de 
tempo, lugar e modo de execução, configurando-se o crime continuado (art. 71 do CP). 
Imaginemos que os furtos “1” e “2” foram praticados sob a égide da lei “A”, que é mais 
benéfica. Sobrevém a lei “B”, prejudicial ao réu, e, sob a égide dela, ele pratica o furto 
3. Qual lei se aplica? 
Lei “A” Lei “A” Lei “B” (prejudicial ao réu) 
Furto 1 Furto 2 Furto 3 
A Lei “B” é aplicada aos 3 furtos praticados em continuidade delitiva. O 
mesmo vale nos casos de crime permanente, vejamos. 
Exemplo (2): Sujeito sequestra a vítima sob a égide da Lei “A”. Enquanto a 
vítima está em cativeiro, sobrevém Lei “B”, prejudicial ao acusado. Qual lei se aplica? 
Lei “A” Lei “B” (prejudicial ao réu) 
Sequestro (começa sob a égide da Lei “A” e se prolonga até o advento da Lei “B”) 
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Aplica-se a Lei “B”. Nesse sentido é a súmula 711 do STF: 
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime 
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
Como aprofundamento e crítica à redação da Súmula, a sua literalidade leva a 
crer que a superveniência de uma lei penal benéfica, antes de cessada a permanência 
ou continuidade delitiva, sucumbiria à lei mais grave então vigente, o que não é 
verdade (ex. lei nova que gera abolitio criminis para o sequestro – valeria para todos 
aqueles em andamento). A frase “A lei penal mais graveaplica-se” só é correta caso a 
lei mais grave seja posterior àquela mais benéfica (e caso a continuidade ou a 
permanência não tenham cessado, obviamente). 
Atenção: O STF analisou se a mudança na ação penal do crime de estelionato 
promovida pela lei 13.924/2019 retroagirá para alcançar processos que já estavam em 
curso (info 1023): 
• O STJ entende e a 1ª Turma do STF entende que não retroage para os 
processos que já tenha havido oferecimento de denúncia; 
• A 2ª STF| entende que a alteração promovida pela lei 13.924/2019, 
que introduziu o §5º ao art. 171 do CP, ao condicionar o exercício da 
pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, 
deverá ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações 
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito 
em julgado (HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
22/06/2021). 
 
1.1.2. Abolitio criminis (descriminalização) 
CP, art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. 
É a revogação de lei penal incriminadora, beneficiando o acusado. A abolitio 
criminis afasta a tipicidade da conduta. Nos termos do art. 107, III, do CP, extingue-se a 
punibilidade do agente “pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso”. Ex.: o crime de sedução foi revogado pela Lei 11.106/2005. 
Efeitos: apaga os efeitos penais da condenação (elimina o dever de 
cumprimento de pena, não gera reincidência etc.). Porém, os efeitos civis 
(extrapenais) permanecem (ex: a obrigação de reparar o dano continua intacta). 
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Instituto interessante surgiu, por exemplo, com o advento do Estatuto do 
Desarmamento. Isso porque, visando estimular o uso regular de armamentos, o art. 30 
e seguintes do Estatuto trouxeram o que a doutrina denomina de abolitio criminis 
temporária (descriminalização temporária ou vacatio legis indireta). 
A Lei 10.826/03 fixou prazo para que os possuidores e proprietários de armas 
de fogo as entregassem ou regularizassem os seus registros. Com isso, o sujeito que, 
durante o período fixado, fosse encontrado com arma de fogo não estaria cometendo 
os crimes do art. 12 ou 16 do Estatuto (Vide Súmula 513 do STJ). 
Observação: Princípio da continuidade normativo-típica: Por vezes, 
determinada figura delitiva é revogada, porém, o seu conteúdo é transferido 
para outro tipo penal (houve apenas uma alteração topográfica da conduta 
incriminadora). Ex.: o artigo 214 do CP, que punia o crime de atentado violento 
ao pudor, foi revogado. Todavia, seu conteúdo foi transferido para o art. 213 do 
CP (estupro). Não houve, portanto, abolitio criminis, que para ocorrer exige a 
revogação material e formal da lei. Confira-se, na jurisprudência: 
STJ: O princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma 
penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal 
revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, 
ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário (HC 
187.471, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., j. 04.11.11). 
1.1.3. Competência para aplicação da lei nova mais favorável 
Em princípio, cabe ao juiz do conhecimento. Se o processo estiver em grau de 
recurso, cabe ao Tribunal. Se estiver em fase de execução, cabe ao juiz da execução. 
Em síntese: a lei nova mais favorável será aplicada pelo órgão do Poder Judiciário em 
que a ação penal estiver em trâmite. 
Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao 
Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
1.1.4. Combinação de leis penais. 
Indaga-se se é possível a combinação de leis penais. 
Ex.: Imaginemos que um indivíduo praticou tráfico de drogas sob a égide da 
Lei 6.368/1976. Por ocasião da sentença, já havia sido editada a Lei 11.343/2006. 
Poderia o juiz combinar as duas leis, aplicando a pena cominada na Lei 6.368/1976 
(mais benéfica) com a causa de diminuição prevista no § 4º da Lei 11.343/2006? 
Lei 6.368/1976, Lei 11.343/2006, art. 33: Combinação de leis 
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art. 12: (possível?) 
Pena – 3 a 15 anos 
de reclusão. 
Pena – 5 a 15 anos de reclusão (mais 
gravosa que a lei anterior). 
Pena – 3 a 15 anos de 
reclusão. 
Não existia a figura 
privilegiada. 
Figura privilegiada (art. 33, § 4º). 
Possibilidade de redução da pena de 
1/6 a 2/3 
(benéfica em relação à lei anterior). 
Figura privilegiada (art. 
33, § 4º) – Possibilidade 
de redução da pena de 
1/6 a 2/3. 
 
 
Duas correntes: 
a) Majoritária - Não pode. O juiz, ao criar uma terceira norma (lex tertia), 
estaria legislando, usurpando a competência do Poder Legislativo (Teoria da 
Ponderação Unitária ou Global). 
STF: [...] TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CRIME 
COMETIDO NA VIGÊNCIA DA LEI 6.368/1976. APLICAÇÃO 
RETROATIVA DO § 4º DO ART. 33 DA LEI 11.343/2006. 
COMBINAÇÃO DE LEIS. INADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – É inadmissível a 
aplicação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da 
Lei 11.343/2006 à pena relativa à condenação por crime 
cometido na vigência da Lei 6.368/1976. Precedentes. II – 
Não é possível a conjugação de partes mais benéficas das 
referidas normas, para criar-se uma terceira lei, sob pena 
de violação aos princípios da legalidade e da separação de 
Poderes. III – O juiz, contudo, deverá, no caso concreto, 
avaliar qual das mencionadas leis é mais favorável ao réu e 
aplicá-la em sua integralidade. [...] (RE 600817/MS, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, Pleno, j. 07/11/2013) 
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas 
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o 
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis. 
b) Possível. O juiz, ao combinar as leis, extrai a posição mais benéfica ao réu, 
agindo de acordo com os princípios constitucionais da retroatividade da lei penal mais 
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benéfica e irretroatividade da lei penal mais gravosa (Teoria da Ponderação 
Diferenciada). Trata-se, na verdade, apenas de um processo de integração da lei penal 
(Basileu Garcia). 
1.1.5. Vacatio legis 
Lei benéfica em vacatio legis é aplicável? Duas correntes: 
• - Majoritária – Não. Deve-se aguardar entrar em vigor (Damásio, 
Frederico Marques, Nucci). 
• - Minoritária – Vacatio legis é um instituto benéfico, para as pessoas 
tomarem conhecimento da norma. Se o intuito é benéfico, assim como 
o da retroatividade da lei benéfica, deve-se aplicar (Alberto Silva 
Franco, Paulo José da Costa Jr.). 
1.1.6. Jurisprudência 
Alteração jurisprudencial benéfica retroage? 
O entendimento clássico é no sentido de que não retroage. 
Recentemente, tem-se modificado esse panorama. Edição de súmulas 
vinculantes e decisões em sede de controle abstrato de constitucionalidade benéficas 
ao acusado retroagem. 
Há tendência de se admitir a retroatividade mesmo em se tratando de 
decisões tomadas em sede de controle concreto proferidas pelo STF (abstrativização 
do controle difuso) ou edição/cancelamento de súmulas em geral, benéficas ao 
acusado. 
1.1.7. Leisintermitentes 
Lei excepcional ou temporária 
CP, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
São leis elaboradas para terem curta duração. São leis ULTRATIVAS E 
AUTORREVOGÁVEIS. 
Leis intermitentes é gênero, do qual são espécies as leis temporárias e as leis 
excepcionais: 
• a) Leis temporárias – Normas cujo prazo de vigência vem determinado 
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no próprio texto. São dotadas de autorrevogação. Ex.: até o dia “X”. 
• b) Leis excepcionais – Normas editadas para serem aplicadas durante 
uma situação ou período de excepcionalidade. Ex.: calamidade pública. 
O art. 3o, ao prever a ultratividade das leis excepcionais ou temporárias, é 
constitucional? Duas correntes: 
• a) O art. 3o é inconstitucional, pois o art. 5o, XL, da CF estabelece a 
retroatividade da lei penal benéfica, sem exceções (“a lei penal não 
retroagirá, salvo para beneficiar o réu”). Sempre foi minoritária, mas 
tem crescido (Nucci). 
• b) O art. 3o é constitucional. Não há violação ao princípio da 
retroatividade da lei penal benéfica. Nas leis excepcionais e 
temporárias, o tempo de vigência é elemento do tipo penal. Ex.: 
Falsificar produtos entre janeiro e dezembro de 2012. Há a introdução 
do elemento temporal na tipicidade. Há dois tipos penais: falsificar e 
falsificar entre janeiro e dezembro de 2012. (Luis Flavio Gomes). 
Observação: Em provas objetivas, marcar de acordo com o texto do art. 3º. 
1.1.8. Norma penal em branco 
Alteração do complemento da norma penal em branco, benéfica ao acusado, 
retroage? Há basicamente três correntes: 
• a) Retroage, pois a CF é clara (“a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu”) (Paulo José da Costa Jr.); 
• b) Não retroage. A revogação do complemento não atinge a norma 
(Frederico Marques); 
• c) Depende. Se o complemento não possuir caráter excepcional ou 
temporário, haverá abolitio criminis. Ex.: no crime de tráfico, a retirada 
de uma determinada droga (ex.: lança-perfume) do rol de substâncias 
proibidas. Por outro lado, se o complemento possuir caráter 
excepcional ou temporário, aplica-se o art. 3o, isto é, o complemento 
terá ultratividade. Ex.: mudança de tabela em crime de transgressão 
de tabelamento de preços (Alberto Silva Franco). Nesse sentido, 
confira dois julgados do STF: 
PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. 
LEI 6368/76, ARTIGO 36. NORMA PENAL EM BRANCO. 
PORTARIA DO DIMED, DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
CPF: 860.542.154-18
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10 
CONTENEDORA DA LISTA DE SUBSTÂNCIAS PROSCRITAS. 
LANCA-PERFUME: CLORETO DE ETILA. I. O paciente foi preso 
no dia 01.03.84, por ter vendido lança-perfume, 
configurando o fato o delito de tráfico de substância 
entorpecente, já que o cloreto de etila estava incluído na 
lista do DIMED, pela Portaria de 27.01.1983. Sua exclusão, 
entretanto, da lista, com a Portaria de 04.04.84, 
configurando-se a hipótese do "abolitio criminis". A 
Portaria 02/85, de 13.03.85, novamente inclui o cloreto de 
etila na lista. Impossibilidade, todavia, da retroatividade 
desta. II. Adoção de posição mais favorável ao réu. III. 
H.C. deferido, em parte, para o fim de anular a condenação 
por tráfico de substância entorpecente, examinando-se, 
entretanto, no Juízo de 1º grau, a viabilidade de renovação 
do procedimento pela eventual prática de contrabando. (HC 
68904/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 17/12/1991) 
Habeas corpus. - Em princípio, o artigo 3º do Código Penal se 
aplica a norma penal em branco, na hipótese de o ato 
normativo que a integra ser revogado ou substituído por 
outro mais benéfico ao infrator, não se dando, portanto, a 
retroatividade. - Essa aplicação só não se faz quando a 
norma, que complementa o preceito penal em branco, 
importa real modificação da figura abstrata nele prevista ou 
se assenta em motivo permanente, insusceptível de 
modificar-se por circunstâncias temporárias ou excepcionais, 
como sucede quando do elenco de doenças contagiosas se 
retira uma por se haver demonstrado que não tem ela tal 
característica. "Habeas corpus" indeferido. (HC 73168 / SP, 
Min. Moreira Alves, j. 21/11/1995) 
1.2. TEMPO DO CRIME (tempus commissi delicti) 
Trata-se do estudo da aplicação da lei penal no tempo. 
Em regra, os doutrinadores apresentam três teorias acerca do tema: 
• a) Teoria da Atividade: considera praticado o crime no momento da 
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o resultado. 
• b) Teoria do Resultado ou do Evento: considera praticado o crime no 
momento da produção do resultado. 
• c) Teoria Mista ou da Ubiquidade: considera praticado o crime no 
momento da conduta e da produção do resultado. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
11 
Para o CP, quando o crime se considera praticado? É importante saber, pois o 
momento do crime determina qual a lei penal a ser aplicada ao caso concreto. 
CP, Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado. 
CP adota a teoria da atividade. Ex.: Agente, antes de completar 21 anos, atira 
na vítima, que fica 2 semanas internada e morre após aquele completar 21 anos. Vale 
o momento da ação, de modo a incidir a atenuante da menoridade relativa (“Art. 65 - 
São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21, na data 
do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença”). 
Assim, o estudo das teorias acerca do tempo do crime tem relevância quando 
a conduta é praticada em um determinado momento, mas o resultado só ocorre em 
momento posterior. 
Observação: não confundir tempo do crime com competência criminal, cujas 
regras encontram previsão no CPP. 
2. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
2.1. LUGAR DO CRIME 
CP, art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado. 
Em regra, os doutrinadores apresentam três teorias acerca do tema: 
• a) Teoria da Atividade ou da Ação: considera praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a conduta (ação ou omissão). 
• b) Teoria do Resultado ou do Evento: considera praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a produção do resultado. 
• c) Teoria Mista, Unitária ou da Ubiquidade: considera praticado no 
lugar em que ocorreu a conduta, no todo ou em parte, bem como 
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. É a adotada pelo 
nosso Código Penal. 
A adoção da Teoria da Ubiquidade visa viabilizar a aplicação da lei penal 
brasileira sempre que os efeitos da prática delitiva sejam de alguma forma 
sentidos/sofridos pela sociedade nacional, quer quando a conduta (ação ou omissão) 
seja aqui praticada, quer quando o resultado de conduta iniciada fora do território 
nacional opere aqui seus efeitos. O dispositivo legal se refere, então, aos crimes à 
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12 
distância ou de espaço máximo (abrange território de dois ou mais países), tema de 
Direito Penal Internacional. 
Destaque-se que alei brasileira será aplicável com a prática, em território 
nacional, de qualquer ato executório, sendo assim também em relação à tentativa. 
Atenção! Não se confunde com crimes plurilocais (abrangem dois ou mais 
territórios do mesmo país – ex.: capital e interior do Estado). Nesse último caso, 
aplicam-se as regras de competência do art. 70 do Código de Processo Penal 
(estudaremos oportunamente no tópico “competência”). 
 
L ugar 
U biquidade 
 T empo 
A tividade 
2.2. TERRITORIALIDADE 
Territorialidade 
CP, Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
Territorialidade (aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território 
nacional) temperada (sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional). 
Assim, de acordo com o princípio da territorialidade temperada ou mitigada, 
é possível a existência de fatos criminosos que, mesmo ocorridos no território 
brasileiro, não ensejarão a aplicação da nossa lei penal. Trata-se do instituto da 
intraterritorialidade (Ex.: Diplomatas). 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional 
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
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13 
Território brasileiro por equiparação: 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
Em suma: 
• a) Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro, em território nacional ou estrangeiro 
são consideradas parte do território brasileiro; 
• b) Embarcações e aeronaves estrangeiras privadas, em território 
nacional é aplicável a lei brasileira; 
• c) Embarcações e aeronaves privadas, em alto-mar ou espaço aéreo 
correspondente seguirão a lei do país conforme a bandeira que 
ostentam. 
Assim, conforme Rogério Sanches (Manual de Direito Penal, 2020) território 
nacional é a soma do espaço físico (ou geográfico), com o espaço jurídico (espaço físico 
por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante). 
2.3. EXTRATERRITORIALIDADE 
Aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro. A 
Extraterritorialidade da lei penal brasileira pode ser: incondicionada, condicionada e 
hipercondicionada. 
CP, Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: Princípio/Extraterritorialidade 
a) contra a vida ou a liberdade 
do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé 
pública da União/ DF/ Estado/ 
Território/ Município/ 
Empresa púb./ Sociedade de 
econ. mista/ Autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder 
Público; 
Princípio da defesa, real ou da proteção 
(considera o bem jurídico protegido ser nacional). 
Extraterritorialidade incondicionada (o agente é 
punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro). 
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14 
c) contra a administração 
pública, por quem está a seu 
serviço; 
d) genocídio, quando o agente 
for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; 
Princípio da justiça universal, da justiça 
cosmopolita, da competência ou da jurisdição 
universal, da jurisdição ou da repressão mundial ou 
da universalidade do direito de punir (bem jurídico 
de interesse transnacional). 
Extraterritorialidade incondicionada (o agente é 
punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro). 
e) genocídio, quando o agente 
for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; 
Princípio do Domicílio: não importa a 
nacionalidade do sujeito - ele é julgado pela lei do 
país do seu domicílio. 
Extraterritorialidade incondicionada (o agente é 
punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro). 
 
II - os crimes:* 
a) que, por tratado ou 
convenção, o Brasil se obrigou 
a reprimir; 
Princípio da justiça universal, da justiça 
cosmopolita, da competência ou da jurisdição 
universal, da jurisdição ou da repressão mundial, 
ou da universalidade do direito de punir (bem 
jurídico de interesse transnacional). 
Extraterritorialidade condicionada.* 
b) praticados por brasileiro; 
Princípio da nacionalidade (ou personalidade) ativa 
(autor brasileiro). 
Extraterritorialidade condicionada.* 
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15 
c) praticados em aeronaves ou 
embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
Princípio da representação, bandeira, pavilhão, 
subsidiário ou da substituição (não havendo outro 
critério, prevalece o fato de ser a bandeira 
brasileira). 
Extraterritorialidade condicionada.* 
* Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
A lei brasileira aplica-se 
também ao crime cometido 
por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, 
reunidas as condições 
previstas no par. anterior: 
a) não foi pedida ou foi 
negada a extradição 
b) houve requisição do 
Ministro da Justiça 
Princípio da nacionalidade (ou personalidade) 
passiva (vítima brasileira) 
 
Extraterritorialidade (hiper)condicionada 
 
Observação: Não basta uma leitura superficial. É preciso memorizar as tabelas 
acima. Quando essa matéria é cobrada, exige-se que o candidato tenha decorado 
os princípios, os requisitos e se a extraterritorialidade é condicionada, 
incondicionada ou hipercondicionada. 
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2.3.1. Pena cumprida no estrangeiro 
CP, Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil 
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
3. VALIDADE DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
3.1. IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS 
Fonte: Convenções de Viena (1961, sobre relações diplomáticas; 1963, sobre 
relações consulares), aprovadas pelos Decretos 56.435/1965 e 61.078/1967. Trata-se 
de prerrogativa de direito público internacional. 
Quem possui? 
• - Chefe de governo ou de Estado estrangeiro e sua família e membros 
da comitiva; 
• - Embaixador e sua família; 
• - Funcionários do corpo diplomático e sua família; 
• - Funcionário de organizações internacionais, quando em serviço (ex.:ONU). 
Observação: A imunidade abrange os membros do pessoal administrativo e 
técnico da missão, assim como os membros de suas famílias que com eles vivam, 
desde que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham 
residência permanente (art. 37, 2, Convenção de Viena). 
Observação: Estão excluídos das imunidades os empregados particulares dos 
diplomatas (exemplo: faxineira, cozinheiro etc.). 
Características: 
• a) Inviolabilidade pessoal - Não podem ser presos ou detidos, nem 
obrigados a depor como testemunhas. 
• b) Isenção da jurisdição - O agente diplomático goza de imunidade de 
jurisdição penal do Estado acreditado. Por essa razão, o fenômeno é 
denominado intraterritorialidade (aplica-se a lei estrangeira a fato 
ocorrido no Brasil). Se o fato for impunível no país de origem, o agente 
não será responsabilizado. O diplomata não pode abrir mão de sua 
imunidade, mas o país que o envia sim (Estado acreditante). 
• c) Inviolabilidade de domicílio - A Convenção de Viena estabelece que 
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17 
as sedes diplomáticas e as residências dos membros da missão são 
invioláveis. Contudo, não são consideradas extensões do território 
estrangeiro. 
Já a imunidade do agente consular restringe-se aos atos de ofício (imunidade 
funcional relativa). Nos termos do art. 43, I, da Convenção de Viena sobre Relações 
Consulares (1963), “os funcionários consulares e os empregados consulares não estão 
sujeitos à Jurisdição das autoridades judiciárias e administrativas do Estado receptor 
pelos atos realizados no exercício das funções consulares”. Logo, se praticar crime -----
***comum, responde de acordo com a lei brasileira; se praticar crime funcional, 
relacionado com a sua função, ficará sujeito à lei do país de origem. 
3.2. IMUNIDADES PARLAMENTARES 
3.2.1. Imunidade parlamentar absoluta (substancial, material, real, 
inviolabilidade) – freedom from speech. 
CF, art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
Natureza jurídica das Inviolabilidades: 
Corrente majoritária, adotada, inclusive, pelo STF, esclarece que é causa de 
atipicidade. A imunidade material serve para assegurar a democracia. 
A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de 
todas as pessoas à liberdade de expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88. Assim, 
mesmo quando desbordem e se enquadrem em tipos penais, as palavras dos 
congressistas, desde que guardem alguma pertinência com suas funções 
parlamentares, estarão cobertas pela imunidade material do art. 53, caput, da CF. 
(STF. 1ª T., Inq 4088/DF e 4097/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 01/12/2015, Info 810). 
Observação: Diz a súmula nº 45 do STF que “A imunidade parlamentar não se 
estende ao corréu sem essa prerrogativa”. 
Segundo boa parte da doutrina, a súmula somente é cabível no caso de 
imunidade formal (ver abaixo) e não é aplicável na hipótese de imunidade 
material (inviolabilidade parlamentar), prevista no caput do art. 53 da CF. 
Deve, no entanto, existir nexo entre as opiniões, palavras ou votos e o 
exercício da função desempenhada pelo agente. Esse vínculo é presumido de forma 
absoluta se o parlamentar estiver nas dependências da casa legislativa. Já quanto aos 
fatos ocorridos fora da Casa, mas relacionados com a função parlamentar, a presunção 
quanto ao nexo funcional é relativa, sendo possível a produção de prova em contrário 
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18 
de eventual ofendido e a consequente responsabilização do parlamentar por suas 
opiniões, palavras e votos. 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.642.310/DF. REL. MIN. NANCY 
ANDRIGHI. CASO JAIR MESSIAS BOLSONARO x MARIA DO 
ROSARIO NUNES. “A imunidade parlamentar não é absoluta, 
pois, conforme jurisprudência do STF, “a inviolabilidade dos 
Deputados Federais e Senadores, por opiniões palavras e 
votos, prevista no art. 53 da CF, é inaplicável a crimes contra 
a honra cometidos em situação que não guarda liame com o 
exercício do mandato”. 6. Na hipótese dos autos, a ofensa 
perpetrada pelo recorrente, segundo a qual a recorrida não 
“mereceria” ser vítima de estupro, em razão de seus dotes 
físicos e intelectual, não guarda nenhuma relação com o 
mandato legislativo do recorrente. 7. Considerando que a 
ofensa foi veiculada em imprensa e na Internet, a localização 
do recorrente, no recinto da Câmara dos Deputados, é 
elemento meramente acidental, que não atrai a aplicação da 
imunidade. 8. Ocorrência de danos morais nas hipóteses em 
que há violação da cláusula geral”. 
Segundo a jurisprudência do STF a imunidade não abrange crimes eleitorais 
(injúria, calúnia, difamação em época de eleição). 
STF: A jurisprudência do STF é no sentido de que 
a imunidade parlamentar material incide de forma absoluta 
quanto às declarações proferidas no recinto do Parlamento 
e os atos praticados em local distinto escapam à proteção 
absoluta da imunidade somente quando não guardarem 
pertinência com o desempenho das funções do 
mandato parlamentar. 2. Esta Corte entende que, embora 
indesejáveis, as ofensas pessoais proferidas no âmbito da 
discussão política, respeitados os limites trazidos pela 
própria Constituição, não são passíveis de reprimenda 
judicial. Imunidade que se caracteriza como proteção 
adicional à liberdade de expressão, visando a assegurar a 
fluência do debate público e, em última análise, a própria 
democracia. [...] (RE 443953 ED, Rel. Min. Luis Roberto 
Barroso, 1ª T., j. 19/06/2017) 
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3.2.2. Imunidade parlamentar relativa (formal, processual, adjetiva) – 
freedom from arrest. 
a) Relativa em relação à prisão (art. 53, § 2º, CF) 
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos 
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto 
da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
Regra: parlamentares não poderão ser presos provisoriamente (prisão em 
flagrante, preventiva, temporária). 
Exceção: poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável. Neste caso o 
auto de prisão será remetido à casa respectiva que resolverá, no prazo de 24 horas, 
em juízo político, sobre a conveniência e oportunidade da prisão, podendo relaxá-la, 
por meio de voto aberto. 
Observação 1: A prisão decorrente de sentença definitiva não está abrangida por 
esta imunidade relativa. 
Observação 2: Ver caso prisão do ex-senador Delcídio do Amaral antes da 
condenação definitiva por embaraço à operação lava-jato. O Min. relator do caso 
destacou a excepcionalidade da prisão preventiva e, mais ainda, que em caso de 
prisão de parlamentar no exercício do mandato só é permitida em situação de 
flagrante por crime inafiançável, conforme o artigo 53, § 2º, da CRFB. Porém, o 
relator observou que no caso em questão caracteriza-se um estado de crime 
permanente, a partir de formação de associação criminosa com o objetivo de 
atrapalhar as investigações. Esse estado de permanência, para o relator, mantém 
presente o flagrante para fins de prisão cautelar. 
b) Relativa em relação ao processo 
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após 
a diplomação, o STF daráciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido 
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a 
decisão final, sustar o andamento da ação. 
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo 
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
Atenção! A imunidade não se estende e nem alcança os inquéritos instaurados 
contra os congressistas. 
c) Relativa em relação à condição de testemunha (art. 53, § 6º, da CF) 
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20 
Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as 
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
Observações finais: 
• 1 - Deputados estaduais gozam dos mesmos privilégios que os 
federais (imunidade substantiva e processual) (art. 27, § 1º, CF). 
• 2 - Vereadores somente têm imunidade substantiva, desde que suas 
opiniões, palavras e votos sejam proferidos no exercício do mandato 
(nexo material) e na circunscrição do Município (critério territorial) 
(art. 29, VIII, CF). 
• 3 – SV nº 45: “A competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido 
exclusivamente pela constituição estadual”. 
4. DISPOSIÇÕES FINAIS (Aplicação da Lei Penal) 
4.1. EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
Eficácia de sentença estrangeira 
CP, Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz 
na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos 
civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de 
cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de 
requisição do Ministro da Justiça. 
O artigo é autoexplicativo, cabendo apenas remeter o aluno ao CPP (arts. 787 
e ss.), onde se encontram as regras do processo de homologação, que tramitará 
perante o STJ (art. 105, I, “i”, CF/88), cabendo apenas alertar que, segundo doutrina 
(por todos, Rogério Sanches e Damásio de Jesus), a homologação para efeitos de 
reincidência, é dispensável. 
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21 
4.2. CONTAGEM DE PRAZO 
Contagem de prazo 
CP, Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, 
os meses e os anos pelo calendário comum. 
CPP, art. 798, § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, 
porém, o do vencimento. 
 
Atenção! A contagem de prazos processuais penais segue a regra do art. 798, 
caput, do CPP: “Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e 
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado”. 
4.3. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
CP, Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de 
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
4.4. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
4.4.1. Conceito 
O conflito aparente de normas ocorre para hipótese em que, ao mesmo fato, 
pareçam ser aplicáveis duas ou mais normas, embora somente uma delas 
efetivamente o seja. 
Exemplo: sujeito efetua disparo de arma de fogo contra o seu desafeto, 
matando-o. Poderia haver dúvida se responderia somente pelo crime de homicídio 
(art. 121 do CP) ou também pelo disparo de arma (art. 15 da Lei 10.826/2003). No 
caso, o disparo é meio para a prática do homicídio, ficando por este absorvido. 
Veja-se que o conflito é meramente aparente ou ilusório, pois existem 
critérios determinantes de qual das normas deve ser aplicada. São eles: 
• a) especialidade; 
• b) subsidiariedade; 
• c) absorção ou consunção. 
Alguns autores incluem ainda os seguintes critérios: 
• d) sucessividade; 
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22 
• e) alternatividade. 
4.4.2. Critério da especialidade 
A norma especial tem preferência sobre a norma geral (lex specialis derogat 
legi generali). É especial a norma que possui certa particularidade objetiva ou 
subjetiva. Contém todos os requisitos da geral, além de elementos especializantes. 
Exemplo: o homicídio culposo está disciplinado no art. 121, § 3º, do Código 
Penal. Porém, se a conduta tiver sido praticada na particular situação de estar o agente 
na direção de veículo automotor, passará a incidir o tipo previsto no art. 302 do CTB 
(Lei 9.503/1997), que é especial em relação à figura do CP. 
4.4.3. Critério da subsidiariedade 
Significa que a norma principal deve ser aplicada em detrimento da 
subsidiária (lex primaria derogat subsidiariae). Norma subsidiária é a que está prevista, 
inserida em outra. Tem-se um tipo acessório e outro principal. 
A subsidiariedade pode ser explícita/expressa (como o nome diz, 
expressamente prevista na norma) ou implícita/tácita (não se autoproclama 
subsidiária, mas é). Exemplos: 
Subsidiariedade expressa: 
Subtração de incapazes 
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem 
sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: 
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de 
outro crime. 
Subsidiariedade tácita: 
Art. 148 em relação ao art. 159, ambos do CP: 
Sequestro e cárcere privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua 
liberdade, mediante sequestro ou 
cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim 
de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou 
preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
23 
Art. 155 em relação ao art. 157, ambos do CP: 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro 
anos, e multa. 
Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou 
para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
4.4.4. Critério da absorção ou da consunção 
Significa que a norma que prevê o fato de forma menos abrangente deve ser 
preterida em relação a outra que contenha o mesmo fato, mas de maior amplitude (lex 
consumens derogat consumptae). 
Assim, significa que o crime-meio deve ser absorvido pelo crime-fim. Aqui, a 
relevância está na existência de um fato da vida real que engole outro. 
Enquanto na subsidiariedade, há um fato disputado por duas normas, na 
absorção há dois fatos, com um absorvendo o outro. Não há, necessariamente, uma 
relação de delito mais grave abarcando o menos grave, ou seja, não é relação de 
espécie e gênero, mas de parte a todo, de meio e fim (Rogério Sanches, Manual de DP, 
2020, pág. 193). Eis um exemplo de absorção pelo crime menos grave: 
Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaureno estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
O critério da absorção, na prática, depende da política criminal. Em alguns 
casos, entende-se que há absorção; em outros, que há concurso de crimes. 
Algumas hipóteses em que há consunção: 
• - Antefactum não punível – hipótese em que um crime é praticado 
como meio necessário para a realização de outro crime. Na aplicação 
do princípio da consunção, é imprescindível que o crime meio e o 
crime fim tenham ocorrido no mesmo contexto fático. Ex.: súmula 17 
acima. 
• - Post factum não punível – Aqui, o fato posterior é que fica absorvido. 
Após consumar o crime, há agressão contra o mesmo bem jurídico. 
Ex.: após furtar o celular da vítima, o agente o danifica. Responderá 
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24 
apenas pelo furto. 
4.4.5. Critério da sucessividade 
Diz respeito à sucessão de leis penais no tempo. Significa que lei posterior tem 
preferência à lei anterior que cuide do mesmo fato (lex posterior derogat legi priori). O 
correto seria o legislador revogar expressamente a lei anterior, mas, em muitas vezes, 
não o faz. Ex.: art. 32 da LCP derrogado pelo art. 309 do CTB. 
Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito 
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, 
derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no 
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. 
4.4.6. Critério da alternatividade 
Aplicável em se tratando de crime de ação múltipla ou tipo misto alternativo. 
Nesses casos, mesmo que o agente pratique mais de uma conduta, no mesmo 
contexto fático, responderá por um só crime. Ex.: agente adquire e conduz coisa 
produto de crime. Responderá por um crime de receptação, mesmo tendo praticado 
duas condutas (“CP, art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em 
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que 
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”). 
5. TEORIA GERAL DO CRIME 
5.1. CONCEITO DE CRIME 
O crime pode ser examinado sob 4 enfoques: 
• Material (substancial): Leva em consideração a própria essência da 
conduta, tida como perniciosa pela sociedade. Nessa visão, crime é o 
comportamento humano causador de lesão ou perigo de lesão a um 
bem jurídico tutelado. 
• Formal (sintético): Considera a contradição do fato à norma penal. O 
crime é a conduta (ação ou omissão) devidamente prevista em lei 
como tal, sob ameaça de sanção penal. 
• Analítico (dogmático): Leva em consideração a concepção da ciência 
do Direito. Sob tal enfoque analisa-se os elementos estruturais que 
compõem a infração penal. Majoritariamente, entende-se que o crime 
é fato típico, antijurídico e culpável. 
• Legal: Leva em consideração o conceito trazido pelo legislador, na 
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25 
forma do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: “Considera-se 
crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente 
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei 
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, 
alternativa ou cumulativamente.” Temos, então, um sistema 
dicotômico que estabelece uma diferença de grau ou quantitativa e 
não ontológica entre crime e contravenção penal. 
5.2. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DO CRIME 
5.2.1. Sujeito ativo 
Sujeito ativo é aquele que pratica a infração penal. 
Denomina-se crime comum aquele que não exige sujeito ativo especial ou 
qualificado (ex.: homicídio), e crime próprio aquele que exige sujeito ativo qualificado 
ou especial (ex.: a qualidade de mãe é essencial para a configuração do crime de 
infanticídio). 
Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime? Diz o art. 225, § 3º/CF: 
Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
Na esteira da CF, diz o art. 3º da Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais): 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das 
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. 
Nesse contexto, existem basicamente duas correntes sobre a possibilidade de 
responsabilização penal da pessoa jurídica. Vejamos: 
NÃO 
(societas delinquere non potest) 
SIM (majoritária) 
Pessoa jurídica é uma ficção jurídica, não Pessoa jurídica é um ente autônomo, 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
26 
tem vontade, não atua com dolo ou 
culpa. Admitir a responsabilidade penal 
da pessoa jurídica seria uma forma de 
responsabilidade penal objetiva. 
tem vontade própria. Ainda que assim 
não fosse, é possível admitir, 
excepcionalmente, a responsabilidade 
penal objetiva. 
O Direito Penal tem como característica 
essencial a possibilidade de aplicação de 
pena privativa de liberdade. Pessoa 
jurídica não pode sofrer privação de 
liberdade. Logo, a utilização do Direito 
Penal é desnecessária, podendo-se 
empregar outros instrumentos, como 
multas administrativas. 
Ainda que não possa sofrer privação de 
liberdade, a PJ pode sofrer outras 
espécies de sanções no âmbito penal, 
como multas, suspensão das atividades, 
interdição, etc. A condenação criminal é 
mais grave, repercutindo de forma mais 
intensa e negativa que a aplicação de 
multa civil. 
Punir a pessoa jurídica é uma violação ao 
princípio da responsabilidade pessoal. 
Afinal, quem vai sofrer as consequências 
não será a pessoa jurídica, mas os seus 
empregados (ex.: vão perder o 
emprego). 
A punição é dirigida contra a pessoa 
jurídica, não contra os empregados. 
Logo, não há ofensa ao princípio. Efeitos 
reflexos da pena sempre atingem 
terceiros. Ex.: ao se condenar o chefe de 
família, pode-se estar atingindo os seus 
dependentes. 
Não há amparo legal. O art. 225, § 3º, da 
CF, que trata dos crimes ambientais, 
permite a aplicação de sanções penais às 
pessoas físicas e apenas sanções 
administrativas às pessoas jurídicas. 
O art. 225, § 3º, da CF, permite a 
aplicação de sanções penais às PJs (“As 
condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados”). 
O STJ admitia a responsabilidade penal da pessoa jurídica, desde que 
houvesse simultaneamente a imputação à pessoa física que atua em seu nome ou em 
seu benefício. É a chamada teoria da dupla imputação. O fundamento é o art. 3º da Lei 
n. 9.605/98, segundo o qual “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas 
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a 
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu 
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. (EDcl no REsp 865.864/PR, 
Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, 5ª T., j. 20/10/2011).CPF: 860.542.154-18
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
27 
Atualmente, STF e STJ admitem a responsabilização penal da pessoa jurídica 
por crimes ambientais, sendo desnecessária a responsabilização simultânea da 
pessoa física que agia em seu nome. (STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa 
Weber, julgado em 6/8/2013 - Info 714; STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 - Info 566). 
Pessoa jurídica de Direito Público pode ser sujeito ativo de crime ambiental? 
Duas correntes, não havendo por hora uma que se sobressaia: 
• 1C - Não. As pessoas jurídicas de direito público, por sua própria 
natureza, só agem em prol do interesse coletivo e destinam-se, 
somente, a buscar fins lícitos, não podendo receber o mesmo 
tratamento das pessoas jurídicas de direito privado. Do contrário, não 
estará o administrador agindo “no interesse ou benefício da entidade”, 
conforme preceitua o art. 3º da Lei 9.605/98, devendo apenas a 
pessoa física ser responsabilizada criminalmente por delito ambiental. 
• 2C – Sim. A CF não traz qualquer distinção entre a natureza jurídica da 
pessoa jurídica, assim, tanto a pessoa jurídica de direito público 
quanto a de direito privado podem ser responsabilizadas 
criminalmente. 
 A única observação é que, dependendo do caso concreto, algumas das 
sanções previstas na Lei Ambiental poderão se revelar inaplicáveis, como a “proibição 
de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou 
doações” (art. 22, III, Lei 9.605/1998). 
5.2.2. Sujeito passivo 
Sujeito passivo é o titular do bem jurídico atingido pela infração. É a pessoa ou 
ente que sofre as consequências da infração penal. Divide-se em: 
• a) Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral ou genérico – É 
sempre o Estado (por isso “constante”), por seu interesse na 
manutenção da paz pública e na ordem social. 
• b) Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular ou 
acidental – É o titular do bem jurídico diretamente atingido pela 
infração. Pode coincidir com o sujeito passivo constante. Ex: crimes 
contra a Administração Pública. 
O sujeito passivo eventual pode ser comum ou próprio. 
Diz-se que o sujeito passivo é comum quando o tipo penal não exige qualquer 
qualidade especial da vítima, ou seja, aquele delito que pode ser praticado contra 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
28 
qualquer pessoa (ex.: homicídio). Por outro lado, o sujeito passivo é próprio quando o 
tipo penal demanda alguma qualidade da vítima (ex.: ser o filho no crime de 
infanticídio, a vulnerabilidade no estupro de vulnerável, etc.). 
Nessa linha, crimes bipróprios são aqueles que exigem uma qualidade 
especial do sujeito ativo e também do sujeito passivo. Um exemplo é o próprio crime 
de infanticídio (“art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após”). O sujeito ativo é qualificado (a mãe) e o sujeito passivo 
também é qualificado (o filho). 
Obs. 1: Crimes de dupla subjetividade passiva são aqueles que têm, 
obrigatoriamente, pluralidade de vítimas. 
Obs. 2: Morto não é sujeito passivo de crime, nem animais. 
Obs. 3: A mesma pessoa não pode figurar, ao mesmo tempo, como sujeito ativo 
e passivo do crime, caso contrário haveria violação ao princípio da alteridade. 
(Rogério Greco traz o crime do art. 137 do CP como única exceção). 
Obs. 4: Pessoa jurídica pode ser vítima de crime (ex: para o STF e STJ, a PJ poderá 
ser vítima nos crimes de difamação). 
5.3. OBJETOS JURÍDICO E MATERIAL DO CRIME 
a) Objeto Jurídico 
Objeto jurídico é o bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora. (ex: 
no homicídio, o objeto jurídico é a vida; no furto, protege-se o patrimônio). 
Não existe crime sem objeto jurídico, a missão do direito penal é a tutela dos 
bens jurídicos indispensáveis à convivência humana. 
Há crimes, inclusive, que protegem pluralidade de bens jurídicos. São os 
chamados crimes pluriofensivos (ex.: latrocínio protege a vida e o patrimônio). 
b) Objeto Material 
Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
(ex: o objeto material do homicídio é a vítima; do furto, a coisa alheia subtraída). O 
Objeto material pode coincidir com o sujeito passivo da infração penal (ex: no 
homicídio a vítima é o sujeito passivo e também o objeto material). 
A doutrina majoritária ensina que é possível a existência de crime sem objeto 
material, como nos crimes de mera conduta. Ex.: Omissão de socorro. 
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29 
5.4. DISTINÇÃO ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL 
Infração penal é um gênero, tendo como espécies o crime e a contravenção 
(que também recebe o nome de delito liliputiano ou “crime-anão”). 
Confira a distinção axiológica ou de valor – fatos mais graves são rotulados 
como crime e os menos graves como contravenção, por opção legislativa: 
Infração penal 
(gênero) 
Crime Contravenção penal 
Principal diploma Código Penal 
Lei das Contravenções Penais 
(DL nº 3.688/1941) 
Tipo de pena privativa 
de liberdade aplicável 
Reclusão, 
Detenção ou multa 
Prisão simples 
ou multa (art. 5º, LCP) 
Regime inicial cabível 
Reclusão Fechado, 
semiaberto ou aberto 
Detenção Semiaberto 
ou aberto 
Possível a regressão para 
o fechado (art. 33, caput, 
CP) 
Prisão simples Semiaberto 
ou aberto 
Inadmissível a regressão para 
o fechado (art. 6º, LCP) 
Local de cumprimento 
de pena privativa de 
liberdade 
Regime fechado 
penitenciária (art. 87, 
LEP) 
Semiaberto colônia 
agrícola, industrial ou 
similar (art. 91, LEP) 
Aberto casa do 
albergado (art. 93, LEP) 
Prisão simples deve ser 
cumprida sem rigor 
penitenciário, em 
estabelecimento especial ou 
seção especial de prisão 
comum, em regime 
semiaberto ou aberto (art. 5º, 
LCP) 
Divisão dos 
sentenciados 
LEP, art. 84, § 1º (com redação dada pela Lei 13.167/2015): 
Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os 
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30 
seguintes critérios: 
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou 
equiparados; 
II - acusados pela prática de crimes cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa; 
III - acusados pela prática de outros crimes ou 
contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. 
§ 3º Os presos condenados ficarão separados de acordo 
com os seguintes critérios: 
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou 
equiparados; 
II - reincidentes condenados pela prática de crimes 
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
III - primários condenados pela prática de crimes 
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou 
contravenções em situação diversa das previstas nos 
incisos I, II e III. 
Tipo de ação penal 
Pública (incondicionada 
ou condicionada) ou 
privada (art. 100, CP) 
A contravenção penal só 
admite a Ação Penal Pública 
incondicionada (art. 17, LCP) 
Tentativa 
Punível 
(art. 14, II, CP) 
Não é punível 
(art. 4º, LCP) 
Competência 
Justiça Federal ou 
Estadual 
Justiça Estadual – art. 109, IV 
da CF (exceto se o autor da 
contravençãofor detentor de 
foro por prerrogativa de 
função no âmbito da JF) 
Súmula 38 do STJ: “Compete à 
Justiça Estadual comum, na 
vigência da CF/1988, o 
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31 
processo por contravenção 
penal, ainda que praticada em 
detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de 
suas entidades”. 
Limite de 
cumprimento de pena 
30 anos (até 22/01/20) 
40 anos (pós pacote 
anticrime - art. 75, CP) 
5 anos 
(art. 10, LCP) 
Período de prova do 
sursis 
Regra: 2 a 4 anos 
(art. 77, caput, CP) 
Exceção: 4 a 6 anos 
(art. 77, § 2º, CP) 
1 a 3 anos 
(art. 11, LCP) 
Reincidência 
Ocorre quando o agente 
comete novo crime, 
depois de transitar em 
julgado a sentença que, 
no País ou no 
estrangeiro, o tenha 
condenado por crime 
anterior (art. 63, CP) 
Ocorre quando o agente 
pratica uma contravenção 
depois de passar em julgado a 
sentença que o tenha 
condenado, no Brasil ou no 
estrangeiro, por qualquer 
crime, ou, no Brasil, por 
contravenção (art. 7º, LCP) 
Extraterritorialidade Admite (art. 7º, CP) Não admite 
Prisão preventiva e 
temporária 
Admissível nos casos do 
art. 313, CPP e art. 1º, III, 
Lei 7.960/1989 
Não admite 
Confisco 
Instrumentos ou produto 
do crime podem ser 
confiscados 
(art. 91, II, a, CP) e 
Confisco Alargado 
Instrumentos de contravenção 
não podem ser confiscados 
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32 
(art. 91-A, CP - anticrime) 
 
Habeas corpus. Penal. Princípio da consunção. Alegação de 
que o crime de falso (art. 304 do CP) constitui meio de 
execução para a consumação da infração de exercício ilegal 
da profissão (art. 47 do DL nº 3.688/41). Não ocorrência. 
Impossibilidade de um tipo penal previsto no CP ser 
absolvido por uma infração tipificada na Lei de 
Contravenções Penais. Ordem denegada. 
“1. O princípio da consunção é aplicável quando um delito 
de alcance menos abrangente praticado pelo agente for 
meio necessário ou fase preparatória ou executória para a 
prática de um delito de alcance mais abrangente. 2. Com 
base nesse conceito, em regra geral, a consunção acaba por 
determinar que a conduta mais grave praticada pelo agente 
(crime-fim) absorve a conduta menos grave (crime-meio). 3. 
Na espécie, a aplicabilidade do princípio da consunção na 
forma pleiteada encontra óbice tanto no fato de o crime de 
uso de documento falso (art. 304 do CP) praticado pelo 
paciente não ter sido meio necessário nem fase para 
consecução da infração de exercício ilegal da profissão (art. 
47 do DL nº 3.688/41) quanto na impossibilidade de um 
crime tipificado no Código Penal ser absorvido por uma 
infração tipificada na Lei de Contravenções Penais. 4. 
Habeas corpus denegado”. (HC 121652, Rel. Min. Dias 
Toffoli, 1ª T., j. 22/04/2014) 
5.5. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 
5.5.1. Crime comum e próprio e crime de mão própria 
Comum - Pode ser praticado por qualquer pessoa (ex.: homicídio, furto). 
Próprio - Exige sujeito ativo qualificado ou especial. Essa qualidade pode ser 
de direito (ex.: ser funcionário público, no crime de corrupção passiva – art. 317) ou de 
fato (ex.: ser a mãe, no crime de infanticídio – art. 123). 
 De mão própria - É aquele que somente pode ser praticado pelo próprio 
agente, diretamente. Exigem atuação pessoal. A conduta da pessoa exigida pela lei, 
para a caracterização do crime, é infungível. Ex.: falso testemunho. Somente a própria 
testemunha pode ir ao juiz e praticar o crime. 
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33 
Os crimes de mão própria admitem participação, mas não coautoria 
(examinaremos melhor isso oportunamente). 
5.5.2. Crime instantâneo, permanente e instantâneo de efeitos permanentes 
É classificação quanto ao momento consumativo. De acordo com a definição 
contida no art. 14, I, do CP, o crime considera-se consumado quando nele se reúnem 
todos os elementos de sua definição legal. 
Crime instantâneo - Aquele que se consuma num momento específico, 
determinado, ou seja, não se prolonga no tempo. Ex.: homicídio, furto. 
Crime Permanente - Aquele cuja consumação se arrasta, prolongando-se no 
tempo, por vontade do agente. Caracteriza-se por ter momento consumativo 
duradouro. Ex.: sequestro ou cárcere privado. Enquanto a vítima está em cativeiro, o 
crime está se perpetuando. 
O crime permanente admite prisão em flagrante a todo tempo, enquanto 
durar a sua realização. A prescrição da pretensão punitiva somente começa a ser 
contada a partir da cessação da permanência (art. 111, III, do CP). Além disso, nos 
crimes permanentes há aplicação da súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-
se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência”. 
Crime instantâneo de efeitos permanentes - Aquele que se consuma num 
momento específico, ou seja, instantaneamente, porém os seus efeitos se prolongam 
no tempo, mas independentemente da vontade do agente. A subsistência dos efeitos 
do crime é inerente ao fato praticado. 
Ex.: bigamia. Ao se casar pela segunda vez, está consumado o crime. A 
manutenção do segundo casamento é o efeito do crime, que se prolonga no tempo. 
5.5.3. Crime comissivo e omissivo (omissivo impróprio e comissivo 
impróprio) 
Classificação quanto à forma pela qual a conduta é praticada. A conduta 
compreende a ação ou omissão consubstanciada no verbo nuclear. 
Crime Comissivo ou de ação - A conduta configura-se com uma ação do 
agente (ex.: roubo). A conduta positiva viola norma penal proibitiva. 
Crime Omissivo ou de omissão - A conduta ocorre com uma omissão do 
agente, um não fazer. Ex.: omissão de socorro (art. 135). Nos crimes omissivos a 
norma violada pelo agente tem natureza imperativa ou mandamental. 
O crime omissivo subdivide-se em: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
34 
Crime Omissivo impróprio ou impuro ou 
comissivo por omissão 
Omissivo próprio ou puro 
São crimes comissivos (descrevem uma ação) 
praticados por meio de uma inatividade. 
É o que se dá nos casos em que está presente 
o dever jurídico de agir (dever específico) 
para evitar o resultado (art. 13, § 2º, do CP). 
Logo, o sujeito ativo da omissão imprópria 
somente são as pessoas elencadas nos incisos I 
a III, do § 2º, art. 13 do CP. São crimes 
próprios, materiais e admitem a tentativa. 
A natureza jurídica do citado artigo é de 
norma de extensão e a adequação típica se dá 
por subordinação indireta. 
O tipo penal descreve uma 
omissão: para identificá-los, basta 
a leitura da norma. 
Há violação do dever genérico de 
agir, desta feita, o sujeito ativo da 
omissão pode ser qualquer pessoa 
(ex. art. 135 do CP). 
São crimes unissubsistentes: a 
conduta é composta de um único 
ato e, por isso, são crimes que não 
admitem a forma tentada. 
5.5.4. Crime de dano e de perigo 
Classificação quanto ao resultado jurídico ou normativo (lesão ou ameaça de 
lesão ao bem jurídico tutelado). 
Crime de dano ou de lesão - Crime de dano é aquele que se consuma com a 
efetiva ocorrência de um dano ao bem jurídico tutelado. É assim com a maior parcela 
das infrações penais. Ex.:homicídio, roubo, furto, estupro. 
Crime de perigo - Crime de perigo é aquele que se consuma com a simples 
exposição do bem jurídico tutelado a um perigo de lesão. São criados como anteparo, 
justamente para evitar o dano. Dividem-se em crimes de perigo abstrato e crimes de 
perigo concreto. 
• Crimes de perigo abstrato ou presumido - São aqueles em que o 
perigo é absolutamente presumido pelo legislador. Consumam-se com 
a prática da conduta, dispensando a comprovação do perigo real no 
caso concreto. Ex.: porte ilegal de arma de fogo. 
Atenção! Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou 
entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou 
que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, 
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na 
condução do veículo. 
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35 
Para a configuração do crime do art. 310 do CTB, não é exigida a 
demonstração de perigo concreto de dano. Isso porque, no referido artigo, não há 
previsão, quanto ao resultado, de qualquer dano no mundo concreto, bastando a mera 
entrega do veículo a pessoa que se sabe inabilitada, para a consumação do tipo penal. 
Trata-se, portanto, de crime de perigo abstrato (STJ. 6ª T., REsp 1.468.099-MG, Rel. 
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/3/2015, Info nº 559). 
• Crimes de perigo concreto - São aqueles em que o perigo ao bem 
jurídico deve ficar comprovado nos autos, pois a lei exige que a 
conduta do agente provoque perigo real. Ex.: expor a vida ou a saúde 
de outrem a perigo direto e iminente (art. 132). A acusação precisa 
provar, no caso concreto, que a conduta do agente gerou o perigo 
direto e iminente. 
5.5.5. Crime unissubjetivo e plurissubjetivo 
Classificação quanto à pluralidade de sujeitos como requisito típico. 
Crime unissubjetivo (monossubjetivo ou de concurso eventual) - É aquele que 
pode ser cometido por um só agente ou por várias pessoas, em concurso de agentes 
(art. 29, CP). Ex.: homicídio. A maioria dos crimes são unissubjetivos. 
Crimes plurissubjetivos (de concurso necessário ou coletivo) - É aquele que 
exige a presença de mais de um agente para se configurar: a conduta descrita no verbo 
nuclear sempre deve ser praticada por duas ou mais pessoas, sem necessidade do 
socorro da norma de extensão do art. 29 do CP. Exemplo: associação criminosa, rixa. 
Subdivide-se em: 
• Crimes de condutas paralelas - os agentes colaboram mutuamente 
para um resultado comum. Ex.: associação criminosa (art. 288). 
• Crimes de condutas convergentes ou bilaterais - as condutas partem 
de pontos opostos, encontrando-se, com a consequente produção do 
resultado. Ex.: bigamia (art. 235). 
• Crimes de condutas divergentes ou contrapostas - as condutas se 
desenvolvem umas contra as outras. Ex.: rixa (art. 137). 
Observação: Crimes acidentalmente ou eventualmente coletivos - São crimes 
em que a presença de mais de um agente provoca elevação da pena. Ex.: furto 
qualificado pelo concurso de agentes (art. 155, § 4º, IV). 
 
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Observação: Sob o enfoque processual, se uma infração é praticada por várias 
pessoas, seja em concurso eventual, seja em concurso necessário, dar-se-á o 
vínculo de continência por cumulação subjetiva que, em regra, motivará a 
reunião dos processos para julgamento conjunto (art. 77, I, do CPP). 
5.5.6. Crime simples e complexo 
Crimes simples - São aqueles constituídos simplesmente por uma conduta 
típica. Ex.: homicídio. 
Crimes complexos - Os crimes complexos se dividem em: 
Crimes complexos em sentido estrito - São aqueles constituídos pela junção 
de mais de uma conduta típica. Ex.: roubo = constituído pelo furto (subtração de coisa 
alheia móvel) + lesão corporal ou ameaça. 
Crimes complexos em sentido amplo – São aqueles constituídos pela junção 
de uma conduta típica e outras condutas que, em si consideradas, não são típicas. Ex.: 
estupro = constrangimento ilegal (conduta típica) + conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso (não são condutas típicas se isoladamente consideradas). 
Alguns ainda mencionam os crimes ultra complexos – Crime complexo ao 
qual é acrescido outro crime, que funciona como qualificadora ou causa de aumento 
de pena. Ex.: roubo com causa de aumento por conta do emprego de arma de fogo. 
Tem-se um crime complexo (roubo) acrescido de uma causa de aumento que, 
isoladamente, constitui um tipo autônomo (porte ilegal de arma). 
5.5.7. Crimes progressivos e progressão criminosa 
Crime progressivo (de passagem) – Ocorre quando o agente, para chegar a 
um crime mais grave, precisa passar por um crime menos grave. Ex.: para atingir a 
consumação do homicídio, precisa passar pela lesão corporal. Neste caso, desde o 
início a vontade era a de praticar o crime mais grave - no caso, matar. 
Progressão criminosa - Ocorre quando o agente, logo após praticar um crime 
menos grave, delibera e alterando seu dolo inicial, vem a praticar um crime mais grave. 
Há uma evolução criminosa na vontade do agente. Ex.: sujeito decide agredir a vítima 
e faz isso. Em seguida, fica ainda com mais raiva dela e decide matá-la, vindo a eliminar 
sua vida. 
Em ambos os casos há incidência do princípio da consunção. O agente 
responderá, somente, pelo crime mais grave, que absorverá a infração mais branda. 
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5.5.8. Crime habitual 
A habitualidade consiste, em matéria penal, na prática de um só crime 
mediante a reiteração da conduta delitiva. Ex: art. 282, CP (exercício irregular da 
medicina). Se uma pessoa se faz passar por médico e de modo habitual, começa a 
clinicar, incorre nas penas do art. 282, mas saliente-se que haverá um só crime, o qual 
abrange todas as falsas consultas médicas por ele realizadas. A prática de uma só 
consulta, de forma isolada, não configura o crime. 
Requisitos do crime habitual: 
• a) Repetição de atos; 
• b) Identidade entre tais atos; 
• c) Nexo de habitualidade entre eles. 
Crimes habituais admitem tentativa? 
• Primeira Corrente - Não. Ou se forma um conjunto de atos, 
consumando o crime, ou não se forma, e o fato será atípico. (Nucci, 
majoritária). 
• Segunda corrente - Sim. Se o agente der início aos atos executórios e 
for possível identificar a finalidade de habitualidade, pode-se 
configurar o crime tentado. Como registrado por Mirabete, “não há 
que se negar, porém, que se o sujeito, sem ser médico, instala um 
consultório e é detido quando de sua primeira consulta, há 
caracterização da tentativa de crime previsto no artigo 282”. 
Crimes habituais admitem prisão em flagrante a qualquer tempo? 
• 1ª Corrente - Sim. Nesse sentido, Mirabete: “não é incabível a prisão 
em flagrante em ilícitos habituais se for possível, no ato, comprovar-se 
a habitualidade. Não se negaria a situação de flagrância no caso da 
prisão de responsável por bordel onde se encontram inúmeros casais 
para fim libidinoso, de pessoa que exerce ilegalmente a medicina 
quando se encontra atendendo vários pacientes etc.”. 
• 2ª corrente - Não. O delito habitual, quando se consuma, não se 
transforma em permanente. São classificações distintas. Veja-se, por 
exemplo, que o crime permanente não exige repetição de atos, cada 
um tem requisitos próprios. (Nucci) 
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Crime habitual próprio ou crime necessariamente habitual - é o crime 
habitual propriamente dito. A habitualidade é requisito do fato típico, de maneira 
expressa ou implícita. É o crime estudado acima. 
Crime habitual impróprio ou acidentalmente habitual – neste caso, a 
existência do crime não depende da reiteração da conduta; se esta ocorrer, 
entretanto, haverá um só crime. Nesse sentido: 
“O crime de gestão fraudulenta pode ser visto como crime 
habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para 
configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure 
pluralidade de crimes. Portanto, a sequência de atos 
fraudulentos perpetrados já integra o próprio tipo penal, 
razão pela qual não há falar, na espécie, em crime 
continuado” (STJ, AgRg no AREsp 608646 / ES, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, 6ª T., j. 20/10/2015). 
Observação: crime habitual distingue-se de crime profissional, que é um crime 
habitual com exclusiva intenção de lucro. Ex: art. 230 do CP (Rufianismo). 
5.5.9. Crimes de atividade e de resultado 
Crimes de atividade - se consumam com a mera prática da conduta, mesmo 
sem resultado naturalístico. Dividem-se em formais e de mera conduta. 
Formais (ou crimes de resultado cortado) - São aqueles que se consumam 
com a mera prática da conduta, embora seja possível a ocorrência de resultado 
naturalístico como consequência direta da conduta. Exemplo: prevaricação (art. 319). 
Para sua consumação, basta que o agente deixe de praticar o ato de ofício para 
satisfazer interesse pessoal, sendo desnecessário resultado naturalístico. Porém, é 
possível que o crime provoque mudanças no mundo dos fatos (ex.: causando efetivo 
prejuízo ao Estado). 
O crime formal é espécie do gênero crime de intenção ou de tendência 
interna transcendente. Veja que no crime de resultado cortado ou separado, o 
resultado naturalístico (dispensável para a consumação do delito), não está na esfera 
de decisão do agente, ou seja, NÃO DEPENDE de sua vontade. Outro exemplo é a 
extorsão mediante sequestro, cuja vantagem ilícita visada depende de terceiros, com o 
pagamento do resgate. 
Crime Mutilado de dois atos: outra espécie de crime intenção, mas, nesse, o 
resultado visado, igualmente dispensável para a consumação do delito, DEPENDE de 
um novo comportamento seu, como ocorre coma falsificação de moeda, que já se 
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39 
configura pela falsificação em si, mas que é praticado visando colocar o numerário 
falso em circulação. 
De mera conduta - São os crimes que se consumam com a mera prática da 
conduta, não admitindo resultado naturalístico como consequência direta da ação. 
Ex.: violação de domicílio. 
Crimes de resultado (causais ou materiais) - Dependem da ocorrência de 
resultado naturalístico para se consumarem. Ex.: homicídio, estupro. 
5.5.10. Crime unissubsistente e plurissubsistente 
Classificação que diz respeito ao número de atos executórios que integram a 
conduta criminosa. 
Unissubsistente – Pode ser praticado via um só ato executório, apto a 
produzir a consumação. Ex.: injúria verbal. São crimes em que não cabe tentativa. 
Plurissubsistente – Exige a prática de diversos atos executórios. Ex.: roubo, 
estupro. É possível a tentativa, já que a conduta pode ser fracionada. 
5.5.11. Crime de forma livre e forma vinculada 
Crime de forma livre é aquele que não pressupõe uma maneira específica 
para sua prática. Ex.: furto. 
Crime de forma vinculada é aquele cuja configuração pressupõe que seja 
cometido de uma maneira específica. Ex.: art. 284 do CP - Exercer o curandeirismo: I - 
prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - 
usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos. 
5.5.12. Crime vago ou de vítimas difusas 
Não possui sujeito passivo determinado. O sujeito passivo é a coletividade. 
5.5.13. Crime remetido 
Remete a outro tipo penal - a sua compreensão depende da consulta a essa 
figura remetida. Exemplo: uso de documento falso (art. 304 do CP – “Fazer uso de 
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302”). 
5.5.14. Crime condicionado 
Aquele que depende do advento de determinada condição externa para o 
início da persecução penal. Exemplo: crimes falimentares (Lei 11.101/2005, art. 180 - 
“A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a 
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40 
recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de 
punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei”). 
5.5.15. Crime de atentado ou de empreendimento 
É aquele que equipara a punição da forma tentada à da forma consumada. 
Exemplo: Evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352 do CP - Evadir-se ou 
tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, 
usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da 
pena correspondente à violência). 
5.5.16. Crime militar próprio e impróprio 
Classificação tradicional acerca dos delitos previstos no Código Penal Militar. 
Dividem-se em: 
Crime militar próprio – Aqueles previstos apenas no Código Penal Militar. 
Exemplo: Deserção (Art. 187 – “Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que 
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias”). 
Crime militar impróprio – Aqueles previstos no Código Penal Militar e 
também em outros diplomas. Exemplo: estupro. Se praticado por militar nas condições 
do art. 9º do CPM, configura o crime do art. 232 do CPM. Do contrário, configura o 
crime do art. 213 do CP. 
Atenção: Após a Lei 13.491/17, caso atendidos os requisitos legais, também 
podem ser considerados crimes militares aqueles não tipificados diretamente no 
CPM (ex.: abuso de autoridade, lavagem de dinheiro). É o que alguns chamam de 
crime militar por extensão, ou crime militar extravagante. 
5.5.17. Crime comum e político 
Em razão do atentado contra vida do então candidato Jair Bolsonaro à 
Presidência da República, atenção para esta classificação. 
Políticos são os crimes praticados com propósitos políticos; por exclusão, 
crimes comuns são todos os demais. 
Para configuração do crime político, exige-se motivação ou finalidade política 
(critério subjetivo ou finalidade especial) e que a conduta esteja enquadrada na lei de 
Segurança Nacional (requisito objetivo). Diz a lei 7.170/83: 
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão: 
I - a integridade territorial e a soberania nacional; 
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Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito; 
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União; 
Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no 
Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação 
desta Lei: 
I - a motivação e os objetivos do agente; 
II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior. 
Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcereprivado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou 
atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos 
destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. 
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. 
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até 
o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo. 
5.5.18. Crime exaurido 
Refere-se a resultados ocorridos posteriormente à consumação. Ex.: A 
extorsão mediante sequestro está consumada com a restrição da liberdade da vítima, 
sendo o pagamento do resgate apenas mero exaurimento. 
5.5.19. Crime a prazo 
É aquele cuja configuração depende do advento de um prazo. Exemplo: 
Apropriação de coisa achada (art. 169, II, CP) – ”Quem acha coisa alheia perdida e 
dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo 
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias”. 
5.5.20. Crimes funcionais 
Praticados por funcionário público, conforme o art. 327 do CP. Podem ser: 
Crimes funcionais próprios – Ausente a qualidade de funcionário público, o 
fato é atípico (ex.: prevaricação). 
Crimes funcionais impróprios ou mistos – Ausente a qualidade de funcionário 
público, o fato continua sendo típico, porém constituindo outro delito (ex.: quando um 
funcionário público subtrai para si, da repartição que trabalha, determinado objeto, 
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comete peculato; se um trabalhador subtrai para si, de seu local de trabalho, algum 
bem, comete furto). 
5.5.21. Crime à distância, crime em trânsito, crime de trânsito e crime 
plurilocal 
Crime à distância (ou de espaço máximo) - É aquele que abrange o território 
de dois ou mais países. Aplica-se a teoria da ubiquidade ou mista (art. 6º - “Considera-
se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, 
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”). 
Mnemônico: Veja que o crime à Distância perpassa por Dois ou mais países. 
Crime plurilocal - São aqueles cujo iter criminis abrange dois ou mais 
territórios do mesmo país – ex.: capital e interior do Estado. Aplicam-se as regras de 
competência do art. 70 do CPP (firmada pelo local da consumação). 
Crime em trânsito (em circulação) - Dá-se quando o agente pratica o fato em 
mais de um país, mas em um ou mais deles não atinge nenhum bem jurídico de seus 
cidadãos. Também se denomina passagem inocente. O exemplo que costuma ser 
trazido pela doutrina é o da carta injuriosa que é apenas elaborada em um país ou 
passa por ele antes de chegar ao seu destino. 
Crime de trânsito (de circulação) – É aquele praticado na utilização de 
veículos automotores em vias terrestres, aplicando-se o CTB. 
5.5.22. Crime de tendência ou de atitude pessoal 
Cuidam-se de infrações penais cuja caracterização é condicionada à intenção 
do agente. A análise do comportamento objetivo, isoladamente, não revela 
correspondência entre o fato e a norma penal, exigindo-se investigação acerca da 
finalidade do agente. São crimes que trazem como elementar uma finalidade especial, 
a qual não precisa ser alcançada para a caracterização do delito. 
Ex. o ato do médico que toca a região genital de uma mulher pode 
caracterizar apenas um exame ginecológico ou o crime de violação sexual mediante 
fraude, a depender da sua vontade. 
5.5.23. Crime de opinião ou de palavra 
Abrange todas as infrações penais decorrentes do abuso de liberdade do 
pensamento. Não importa o meio pelo qual é praticado (por palavras, imprensa, ou 
qualquer outro veículo de comunicação). 
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5.5.24. Crimes transeuntes ou de fato transitório (delicta facti transeuntis) e 
crimes não transeuntes ou de fato permanente (delicta facti 
permanentis) 
Crime transeunte ou de fato transitório: é aquele que não deixa vestígios 
materiais. Ex: injúria verbal. Não é preciso perícia. 
Crime não transeunte ou de fato permanente: é aquele que deixa vestígios 
materiais. Ex: homicídio. Há necessidade de perícia (exame de corpo de delito), nos 
termos do art. 158 do CPP. 
5.5.25. Crime gratuito 
Aquele praticado sem motivo algum. Entende-se que a falta de motivo não 
configura motivo fútil. 
5.5.26. Crime multitudinário 
Aquele cometido por um grande número de pessoas, num contexto de 
tumulto (ex: briga generalizada entre duas torcidas de futebol). Quando o agente 
pratica o fato sob influência de multidão em tumulto, se não foi provocador, recebe 
uma atenuante na hipótese de condenação (art. 65, III, ”e”, CP). 
5.5.27. Crime de ímpeto e crime premeditado 
Crime de ímpeto é aquele cometido por impulso, sem prévia racionalização 
ou planejamento. 
Crime premeditado, ao contrário, é aquele precedido de prévia racionalização 
e planejamento. 
5.5.28. Crimes de acumulação 
São crimes cuja conduta, isoladamente praticada, aparenta ser inofensiva. 
Porém, quando praticadas reiteradamente, conforme análise conjunta, lesionam o 
bem jurídico. Ex.: morador joga uma diminuta quantidade de dejetos em córrego. 
Porém, todos os moradores da comunidade fazem o mesmo, poluindo o rio. Ex2: 
sujeito colhe pequena quantidade de palmito. Porém, toda a população de 
determinada região decide fazer o mesmo, comprometendo a vegetação. É um 
fundamento para se afastar, em tais casos, o princípio da insignificância. 
 
 
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44 
6. JURISPRUDÊNCIA 
 
RECURSO ESPECIAL. ROUBO MAJORADO. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ENTRE 
A DENÚNCIA E A SENTENÇA. OFENSA. NÃO OCORRÊNCIA. DESCRIÇÃO. ROUBO 
CONSUMADO. POSSE MANSA E PACÍFICA. DESNECESSIDADE. RECURSO PROVIDO. [...] 
5. Extrai-se dos autos, ainda, que o delito foi praticado com emprego de arma branca, 
situação não mais abrangida pela majorante do roubo, cujo dispositivo de regência 
foi recentemente modificado pela Lei n. 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º 
do art. 157 do Código Penal. 6. Diante da abolitio criminis promovida pela lei 
mencionada e tendo em vista o disposto no art. 5º, XL, da Constituição Federal, de 
rigor a aplicação da NOVATIO LEGIS IN MELLIUS, excluindo-se a causa de aumento do 
cálculo dosimétrico. 7. Recurso provido para reconhecer a forma consumada do delito 
de roubo, com a concessão de ordem de habeas corpus de ofício para readequação da 
pena. (Resp. 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., j. 17/05/2018, DJe 25/05/2018). 
[Importante lembrar que a majorante do roubo por emprego de arma branca 
foi restabelecida pelo legislador na Lei nº 13.964/19 – pacote anticrime. O raciocínio 
do julgado acima segue válido, e a nova sistemática do delito será tratada no material 
de Direito Penal Especial]. 
 
DIREITO PENAL. HIPÓTESE EM QUE O FALSO PODE SER ABSORVIDO PELO 
CRIME DE DESCAMINHO. RECURSO REPETITIVO. TEMA 933. Quando o falso se exaure 
no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-
fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. Conforme 
entendimento doutrinário, na aplicação do critério da consunção, verifica-se que “o 
conteúdo de injusto principal consome o conteúdo de injusto do tipo secundário porque 
o tipo consumido constitui meio regular (e não necessário) de realização do tipo 
consumidor”. Nesse contexto, o STJ jáse pronunciou no sentido de não ser obstáculo 
para a aplicação da consunção a proteção de bens jurídicos diversos ou a absorção de 
infração mais grave pela de menor gravidade (REsp 1.294.411-SP, 5ª T., DJe 3/2/2014). 
O STJ, inclusive, já adotou, em casos análogos, orientação de que o delito de uso de 
documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser absorvido quando não 
constituir conduta autônoma, mas mera etapa preparatória ou executória do 
descaminho, crime de menor gravidade, no qual o falso exaure a sua potencialidade 
lesiva (AgRg no REsp 1.274.707-PR, 5ª T., DJe 13/10/2015; e REsp 1.425.746-PA, 6ª T., 
DJe 20/6/2014). No mesmo sentido, mutatis mutandis, a Súmula n. 17 do STJ, segundo 
a qual “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por 
este absorvido”. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 3ª Seção, j. 10/8/2016 
(Info 587). 
 
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DIREITO PENAL. HIPÓTESE DE CONSUNÇÃO DO CRIME DO ART. 33 DA LEI DE 
DROGAS PELO CRIME DO ART. 273 DO CP. 
Ainda que alguns dos medicamentos e substâncias ilegais manipulados, 
prescritos, alterados ou comercializados contenham substâncias psicotrópicas 
capazes de causar dependência elencadas na Portaria n. 344/1998 da SVS/MS – o 
que, em princípio, caracterizaria o tráfico de drogas –, a conduta criminosa dirigida, 
desde o início da empreitada, numa sucessão de eventos e sob a fachada de uma 
farmácia, para a única finalidade de manter em depósito e vender ilegalmente 
produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais enseja 
condenação unicamente pelo crime descrito no art. 273 do CP – e não por este delito 
em concurso com o tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei de Drogas). Por um lado, 
os tipos penais previstos no art. 273 do CP – cujo bem jurídico tutelado é a saúde 
pública – visam a punir a conduta do agente que, entre outros, importa, vende, expõe 
a venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a 
consumo o produto “falsificado, corrompido, adulterado ou alterado”, “sem registro, 
quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente” ou “de procedência 
ignorada”. Por outro lado, o art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 apresenta-se como 
norma penal em branco, porque define o crime de tráfico a partir da prática de dezoito 
condutas relacionadas a drogas – importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer 
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer –, sem, no 
entanto, trazer a definição do elemento do tipo “drogas”. A partir daí, emerge a 
necessidade de se analisar o conteúdo do preceito contido no parágrafo único do art. 
1º da Lei n. 11.343/2006, segundo o qual “consideram-se como drogas as substâncias 
ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou 
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União”. Em 
acréscimo, estabelece o art. 66 da referida lei que, “para fins do disposto no parágrafo 
único do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada 
no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, 
precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio 
de 1998”. Diante disso, conclui-se que a definição do que sejam “drogas”, capazes de 
caracterizar os delitos previstos na Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), advém da 
Portaria n. 344/1998 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (daí a 
classificação doutrinária, em relação ao art. 33 da Lei n. 11.343/2006, de que se está 
diante de uma norma penal em branco heterogênea). Em verdade, o caso em análise 
retrata típica hipótese de conflito aparente de normas penais, a ser resolvido pelo 
critério da absorção (ou princípio da consunção). Nesse contexto, mister destacar que 
um dos requisitos do concurso aparente de normas penais e do princípio da consunção 
consiste, justamente, na pluralidade de normas aparentemente aplicáveis a uma 
mesma hipótese. Isso acarreta a necessidade de que o caso concreto preencha, 
aparente e completamente, a estrutura essencial de todas as normas incriminadoras. 
Na espécie, não obstante, à primeira vista, a valoração dos fatos postos em discussão 
aponte, em tese, para o possível cometimento, em concurso, dos crimes de tráfico de 
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drogas e de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais, certo é que o fato rendeu a prática de um único crime. 
Com efeito, há de se analisar o contexto fático em uma perspectiva axiológica da 
realidade, de modo a se admitir serem várias as interpretações possíveis dessa 
realidade em confronto com as condutas que venham a ensejar a intervenção penal. 
Em uma análise global (conjunta) dos fatos criminosos, um deles se mostra 
valorativamente insignificante – embora não insignificante, se isoladamente 
considerado – diante de outro (ou de outros), de modo a perder seu significado 
autônomo. Nesse contexto, não se mostra plausível sustentar a prática de dois crimes 
distintos e em concurso material quando, em um mesmo cenário fático, se observa 
que a intenção criminosa era dirigida para uma única finalidade, visto que, no caso em 
apreço, a conduta criminosa, desde o início da empreitada, era orientada para, numa 
sucessão de eventos e sob a fachada de uma farmácia, falsificar e vender produtos 
falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais. Essa unidade de valor jurídico 
da situação de fato justifica, no caso concreto, a aplicação de uma só norma penal. 
Perfeitamente factível, portanto, a consunção, aplicável quando a intenção criminosa 
una é alcançada pelo cometimento de mais de um crime, devendo o agente, no 
entanto, ser punido por apenas um delito, de forma a, também e principalmente, 
obviar a sobrecarga punitiva, incompatível com a proporcionalidade da sanção, 
princípio regente no processo de individualização da pena. Inequívoco, assim, que o 
fato aparentemente compreendido na norma incriminadora afastada (art. 33, caput, 
da Lei n. 11.343/2006) encontra-se, na inteireza da sua estrutura e do seu significado 
valorativo, na estrutura do crime regulado pela norma que, no caso, será prevalecente 
(art. 273 do CP). REsp 1.537.773-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ acórdão 
Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16/8/2016, DJe 19/9/2016 (Info 590). 
 
Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades formais previstas para 
os parlamentares federais no art. 53 da CF/88 São constitucionais dispositivos da 
Constituição do Estado que estendem aos Deputados Estaduais as imunidades formais 
previstas no art. 53 da Constituição Federal para Deputados Federais e Senadores. A 
leitura da Constituição da República revela, sob os ângulos literal e sistemático, que os 
Deputados Estaduais também têm direito às imunidades formal e material e à 
inviolabilidade que foram conferidas pelo constituinte aos congressistas (membros do 
Congresso Nacional). Isso porque tais imunidades foram expressamente estendidas 
aos Deputados pelo § 1º do art. 27 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 
MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco 
Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 939). 
 
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7. QUESTÕES 
1. (2018 Banca: VUNESP - Delegado de Polícia - PCSP) João comete um crime no 
estrangeiro e lá é condenado a 4 anos de prisão, integralmente cumpridos. Pelo 
mesmo crime, João é condenado no Brasil à pena de 8 anos de prisão. João 
a) cumprirá 8 anos de prisão no brasil, uma vez que para essa quantidade de pena não 
se reconhece o cumprimento no estrangeiro. 
b) não cumprirá pena alguma no brasil caso de trate de país com o qual o brasil tem 
acordo bilateral para reconhecer cumprimento de pena. 
c) não cumprirá pena alguma no brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi 
cometido. 
d) cumprirá 8 anos de prisão no brasil, uma vez que o brasil não reconhece pena 
cumprida no estrangeiro. 
e) ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no brasil. 
 
2. (2014 Banca: VUNESP - Delegado de Polícia - PCCE) Ficam sujeitos à lei brasileira, 
embora cometidos no estrangeiro, mas desde que presentes algumas condições 
(entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em que foi 
praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável), os crimes: 
A) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
B) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
C) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. 
D) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. 
E) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia 
ou fundação instituída pelo Poder Público. 
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3-(DELEGADO-RJ – 2022 – CEBRASPE)Em viagem ao Rio de Janeiro, Paolo, italiano, 
filho do embaixador da Itália no Brasil, registrado como dependente deste, com quem 
vive, foi à Lapa, onde se embriagou. Com a capacidade psicomotora comprometida, 
assumiu a direção de um veículo e, em seguida, devido à embriaguez, atropelou e 
matou uma pessoa. 
Nessa situação hipotética, 
a) Paolo não possui imunidade diplomática, devendo a lei do Estado 
acreditante ser aplicada com primazia sobre a lei brasileira. 
b) Paolo não poderá ser punido pela lei brasileira, pois, salvo em caso de 
renúncia, possui imunidade diplomática, embora possa ser punido pelas leis do 
Estado acreditante. 
c) Paolo será isento de pena, seja no Brasil, seja no Estado acreditante, 
pois possui imunidade diplomática, salvo se renunciá-la. 
d) embora Paolo possua imunidade diplomática, excetuada a hipótese de 
renúncia, ela se restringe aos atos de ofício, razão pela qual ele poderá ser 
punido pela lei brasileira. 
e) como Paolo não fazia parte de missão diplomática, ele não possui 
nenhum tipo de imunidade penal, razão pela qual poderá ser punido pela lei 
brasileira. 
4-(DELEGADO-RJ – 2022 – CEBRASPE) Passando-se por funcionária de certa instituição 
financeira, Helena usou um aplicativo de mensagens para fazer contato com a idosa 
Abigail, informando-lhe falsamente que o cartão bancário desta fora clonado e pediu 
que a idosa fornecesse seus dados qualificativos e senha do cartão para cancelamento. 
Abigail, confiando na suposta funcionária, repassou os dados. Em seguida, Helena disse 
para Abigail cortar seu cartão ao meio e entregar ambas as partes a outra funcionária, 
que iria até sua casa para buscá-las. A própria Helena, então, usando camiseta da 
instituição financeira e um crachá falso, foi até a casa de Abigail, em Niterói, e pegou 
as duas partes do cartão. Como o chip se encontrava preservado, Helena o utilizou 
para a confecção de um novo cartão, com o qual transferiu dinheiro da conta de 
Abigail, sediada em uma agência de São Gonçalo, para conta diversa, com agência em 
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Rio Bonito. Além disso, Helena fez compras em uma loja virtual, tendo recebido as 
mercadorias adquiridas em sua casa, em Maricá. 
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção que indica o local em que se 
consumaram os crimes patrimoniais decorrentes da transferência bancária e da 
aquisição de mercadorias, respectivamente. 
 
a) São Gonçalo e Niterói 
b) Rio Bonito e São Gonçalo 
c) São Gonçalo e Maricá 
d) Ambos em Niterói 
e) Rio Bonito e Maricá 
 
 
7.1 GABARITO 
1- letra E. 
2- letra D. 
3- letra B 
4- letra C

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