Prévia do material em texto
<p>Resumo de Direito Penal</p><p>CONCEITO:</p><p>Todo o conjunto de normas jurídicas que têm por finalidade estabelecer as infrações de cunho</p><p>penal e suas respectivas sanções e reprimendas. O Direito Penal é um ramo do Direito</p><p>Público (que diz respeito a função ou dever do Estado). Há que se acrescentar que o Direito</p><p>Penal é formado por uma descrição, em série, de condutas definidas em lei, com as</p><p>respectivas intervenções do Estado (na aplicação de sanções e eventuais benefícios), quando</p><p>da ocorrência do fato delituoso, concreto ou tentado.</p><p>DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL</p><p>O Código Penal é divido em artigos, que vão do 1º aos 361. Em sua Parte Geral (artigos 1º a</p><p>120), cuida de assuntos pertinentes a aplicabilidade, características, explicações e permissões</p><p>contidas na lei penal. Sua segunda parte, ou Parte Especial (artigos 121 a 361) trata dos crimes</p><p>em si, descrevendo condutas e penas a serem aplicadas.</p><p>Sujeito Ativo – Indivíduo ou agente que pratica um fato (isto é, uma ação ou omissão) tipificado</p><p>como delituoso pela legislação vigente.</p><p>Sujeito Passivo – Capacidade que o indivíduo ou agente tem de sofrer as sanções penais</p><p>incidentes sobre sua conduta delituosa.</p><p>Direito Penal Subjetivo – Poder de “Império” (ou dever) do Estado de punir os indivíduos por ele</p><p>tutelados, dentro dos basilares do Direito Penal Objetivo.</p><p>Direito Penal Objetivo – Todas as normas existentes e de pronta aplicabilidade sobre o fato</p><p>concreto ou tentado.</p><p>Direito Penal Comum – Aplicação do direito pelos órgãos jurisdicionais do Estado, ou seja,</p><p>aplicação do Direito Penal dentro da atuação da Justiça comum existente nos Estados da</p><p>Federação.</p><p>Direito Penal Especial - Previsão legal de competência para atuação das justiças especializadas</p><p>na aplicação da lei penal. Exemplo: Direito Penal Eleitoral e Direito Penal Militar.</p><p>Direito Penal Substantivo - É a materialidade da norma, ou seja, é a norma em sua</p><p>apresentação formal (exemplo: livro que contém o Código Penal).</p><p>Direito Penal Adjetivo – É a instrumentalidade do Direito Penal, isto é, o direito processual e</p><p>suas nuances.</p><p>FONTES DO DIREITO PENAL</p><p>Conceito:</p><p>As fontes são o marcos de origem e manifestação do Direito Penal.</p><p>São o órgão ou a forma de sua exteriorização.</p><p>Por exemplo: compete privativamente a União, legislar sobre: direito civil, comercial, penal,</p><p>processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.</p><p>Outro exemplo: a simples existência de lei, costumes, jurisprudências, princípios e/ou</p><p>doutrinas.</p><p>Divisão das Fontes de Direito Penal</p><p>Fontes materiais – Ente estatal responsável pela produção e pela exteriorização do Direito.</p><p>Fontes Formais – Forma e modo de exteriorização do Direito</p><p>Fontes Formais Imediatas – As leis penais existentes. Conforme o princípio da legalidade,</p><p>não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5º,</p><p>inciso XXXIX da Constituição Federal de 88, e art. 1º do Código Penal Brasileiro).</p><p>Fontes Formais Mediatas – Na omissão da lei, podem ser aplicados os princípios gerais de</p><p>Direito, os costumes a jurisprudência e a doutrina, os quais são fontes formais mediatas. Esses</p><p>princípios estão autorizados por lei (Art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro).</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL</p><p>Importante lembrarem que os princípios são os fundamentos de uma norma jurídica, ou seja,</p><p>são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas em nenhuma Lei.</p><p>Eles inspiram os legisladores ou outros agentes responsáveis pela criação da norma, a</p><p>tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.</p><p>Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade – Sem legislação específica não há crime. É</p><p>uma forma de limitação do poder punitivo do Estado (Art. 5º, inciso XXXIX da CF/88 e Art. 1º do</p><p>Código Penal Brasileiro).</p><p>Princípio da Intervenção – Limita o poder de atuação do ente estatal. O direito punitivo só</p><p>será aplicado em observância ao princípio da reserva legal, com o fim social de impedir o</p><p>legislador de se exceder na construção do Direito Penal aplicável.</p><p>Princípio da Irretroatividade da Lei Penal – A lei penal só pode retroagir para beneficiar.</p><p>Com isso, fica afastada a possibilidade de uma lei nova (mais rígida) prejudicar fatos pretéritos.</p><p>A retroação só pode acontecer se a lei nova for mais benigna ao agente do delito (Art. 5º, XL</p><p>da CF/88).</p><p>Princípio da Insignificância – Aferida a irrelevância de uma conduta delituosa, ou sua</p><p>insignificância (por exemplo, a apropriação de bagatelas), deve ser excluída sua tipicidade</p><p>penal.</p><p>Princípio da Ofensividade – Aplicado na elaboração das leis, cuida de prevenir um ataque ou</p><p>perigo concreto sobre um bem tutelado pelo Estado. Esse princípio protege o interesse social</p><p>tutelado pelo Estado de um perigo de lesão (ou ofensa).</p><p>Princípio da proporcionalidade – Cabe ao Estado dar a seus cidadãos um mínimo de</p><p>proporcionalidade entre a garantia de seus direitos. Segundo esse princípio, o sistema penal se</p><p>firma na sua capacidade de fazer frente aos delitos existentes em um meio social que absorva</p><p>sua eficácia.</p><p>Princípio da Alteridade – Não ofendido nenhum bem jurídico por ato meramente subjetivo,</p><p>não existe crime. Como exemplo, a autoagressão contida no suicídio.</p><p>Princípio do “in dubio pro reo” - Na dúvida, o réu deve ser absolvido, pois no direito penal a</p><p>culpa tem que ser comprovada, não cabendo suposição de prática de ato delituoso.</p><p>Princípio da Dignidade Humana</p><p>O Estado e o Direito não são fins e sim meios para a realização da dignidade humana.</p><p>Princípio da Legalidade e Anterioridade</p><p>A lei deve ser anterior ao fato ocorrido, o qual é passível de sanção penal por parte do Estado.</p><p>Conforme inciso XXXIX, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 (CF): “Não há crime sem</p><p>lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.</p><p>Princípio da Irretroatividade</p><p>Proíbe que normas posteriores ao fato em questão causem prejuízos ao acusado. Decorre do</p><p>princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não atinge fatos do passado, a não ser quando</p><p>for em benefício do agente.</p><p>Artigo 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de</p><p>considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença</p><p>condenatória”.</p><p>Princípio da Extra Atividade da Lei Penal</p><p>Em alguns casos, a lei penal, mesmo após sua revogação, continua regulando atos cometidos</p><p>durante a sua vigência ou retroage para alcançar acontecimentos anteriores à sua entrada em</p><p>vigor. Isso se dá quando for em benefício do agente.</p><p>Princípio da Alteridade</p><p>O Direito Penal não incriminará aquele que praticar atitude que não ofenda o bem jurídico.</p><p>Por esse princípio, não é possível punir a autolesão, por exemplo, não podendo o agente</p><p>cometer crime contra si mesmo.</p><p>Princípio da Confiança</p><p>Parte do pressuposto de que todos os indivíduos ajam de acordo com as regras e normas</p><p>existentes.</p><p>Princípio da Insignificância</p><p>O Direito Penal não deve se ocupar com fatos irrisórios ou bagatelas. Não deve ser acionado</p><p>por conta de fatos sem relevância jurídica, os chamados fatos atípicos.</p><p>Ou seja, só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao bem jurídico.</p><p>Princípio da Reserva Legal</p><p>Só a lei pode determinar quais condutas serão tipificadas como crimes.</p><p>Princípio da Intervenção Mínima</p><p>O direito penal só deve intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder dar resposta</p><p>efetiva à sociedade, atuando como última instância.</p><p>Princípio da Fragmentariedade</p><p>O Direito Penal somente é chamado a tutelar as lesões de maior gravidade para os bens</p><p>jurídicos.</p><p>Princípio da Ofensividade ou Lesividade</p><p>Para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico.</p><p>Princípio da Individualização da Pena</p><p>A imposição da sanção penal para cada agente deve ser analisada e graduada</p><p>individualmente, ainda que todos respondam pela mesma infração.</p><p>Princípio da Responsabilidade Pessoal</p><p>Nenhuma pena passará da pessoa</p><p>do condenado. Nesse sentido, o pai não pode ser preso em</p><p>razão de infração cometida pelo filho.</p><p>Princípio da Humanidade</p><p>É inconstitucional qualquer pena ou consequência que atente contra a dignidade humana. Por</p><p>isso proíbe-se penas cruéis e infamantes, utilização de tortura e maus-tratos.</p><p>Princípio tempus regit actum</p><p>Aplicável em matéria de eficácia de lei penal no tempo, ou seja, a lei a ser aplicada é a lei</p><p>vigente ao tempo do fato.</p><p>Princípio da Especialidade</p><p>A norma especial afasta a aplicação da norma geral.</p><p>Princípio da Subsidiariedade</p><p>A norma mais ampla (primária) absorve a menos ampla (secundária).</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm</p><p>A norma será considerada principal quando descreve um grau maior de lesão ao bem jurídico.</p><p>Resta, assim, a aplicação da subsidiária somente quando a principal não incidir.</p><p>Princípio da Consunção</p><p>O fato mais grave absorve outros menos graves. Isso quando estes funcionam como meio</p><p>necessário ou fase normal de preparação ou execução, ou mero exaurimento de outro crime.</p><p>Princípio ne bis in idem</p><p>Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. A pena cumprida no estrangeiro</p><p>atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas. Ou nela é computada,</p><p>quando idênticas.</p><p>APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Artigos 1º a 12 do CPB)</p><p>Vigência e Revogação da Lei Penal (Lei Penal no Tempo – Artigo 2º) – A lei penal começa</p><p>a vigorar na data expressa em seu bojo. Em caso de omissão, ela começa a vigorar quarenta e</p><p>cinco dias após sua publicação, no País, e em três meses no exterior (Vacância da Lei). A</p><p>revogação da Lei Penal se opera com a edição de nova lei, e sua revogação pode se efetivar</p><p>total (ab-rogação) ou parcialmente (derrogação). A lei penal pode ser temporária (com prazo</p><p>fixado de vigência), ou excepcional (criada para ser aplicada em evento emergencial ou furtivo).</p><p>Tempo e Lugar do Crime (Artigo 6º)– Segundo a Teoria da Atividade, o crime sempre é</p><p>cometido no momento da ação ou omissão, com a respectiva aplicação da lei vigente. A lei</p><p>penal brasileira utiliza dessa teoria, em conjunto com a teoria do resultado (segundo a qual o</p><p>crime é considerado cometido quando da produção do resultado) e com a teoria da ubiquidade</p><p>(segundo a qual se considera o crime cometido, tanto no momento da ação ou omissão, quanto</p><p>na produção do resultado).</p><p>Lei Penal no Espaço - Segundo o princípio da territorialidade, a lei penal pátria deve ser</p><p>aplicada dentro do território nacional, respeitando-se os tratados e convenções estrangeiras,</p><p>quando existentes. São considerados como parte do território nacional as aeronaves e</p><p>embarcações públicas, além das aeronaves e embarcações privadas. A Lei Penal Brasileira</p><p>será sempre aplicada em embarcações e aeronaves estrangeiras que estiverem de passagem</p><p>pelo território nacional. Já o princípio da extraterritorialidade prevê a aplicação da Lei Penal</p><p>Brasileira a fatos criminosos praticados no estrangeiro, desde que cometidos contra o</p><p>representante do governo brasileiro, ou contra as instituições que compõem a União, os</p><p>Estados e os Municípios. Aplica-se também a Lei Penal Brasileira nos atos praticados por, ou</p><p>contra, brasileiros no exterior, sem prejuízo das previsões contidas no artigo 7º do CPB.</p><p>Território Nacional – Todo espaço em que o Estado exerce sua soberania, ou seja, 12 milhas</p><p>a contar da faixa costeiro incluído o espaço aéreo correspondente.</p><p>Extradição – São atos de entrega e custódia de agentes delituosos por países que cooperam</p><p>entre si na prevenção internacional do crime. As extradições podem ser ativas (feitas pelo país</p><p>requerente) e passivas (feitas pelo país cedente).</p><p>Deportação e Expulsão – retirada obrigatória dos nacionais do estrangeiro, ou de estrangeiros</p><p>do território nacional, por imposição administrativa vinculada à lei penal vigente.</p><p>Sentença Prolatada no Exterior (cumprimento da pena) - Uma vez sentenciado no exterior,</p><p>o nacional tem direito à atenuação da pena imposta em território nacional pela a pratica de</p><p>mesmo crime. Em caso de aplicação de pena mais severa que a brasileira, o nacional fica</p><p>isento de cumprimento de pena no nosso território.</p><p>FATO TÍPICO</p><p>Conceito de Crime – Crime é uma ação típica, antijurídica, culpável e punível.</p><p>Os crimes podem ser praticados por ação (crimes comissivos) ou por omissão (crimes</p><p>omissivos).</p><p>1. Fato Típico – São os elementos do crime:</p><p> Ação (dolosa ou culposa)</p><p> Resultado,</p><p> Causalidade</p><p> Tipicidade.</p><p>Tipo - Descrição contida na lei de um determinado fato delituoso, para efetiva aferição da</p><p>ocorrência de crime.</p><p>Conduta – Ato consciente ou comportamental praticado pelo ser humano, estando assim</p><p>excluídos os animais e os fatos naturais.</p><p>Crimes Omissivos e Comissivos (Formas de conduta) – Dividem-se em crimes omissivos</p><p>próprios ou puros, e comissivos por omissão.</p><p> Os crimes omissivos próprios podem ser imputados a qualquer pessoa. São crimes</p><p>ligados à conduta omitida, independentemente do resultado, tendo como objeto apenas</p><p>a omissão.</p><p> Já nos crimes comissivos por omissão, a simples prática da omissão causa um resultado</p><p>delituoso, que é punível se o agente tinha como obrigação vigiar ou proteger alguém.</p><p>É a materialização de um crime por meio de uma omissão.</p><p>Esses crimes podem ser praticados por dolo e culpa:</p><p>a) Dolo: Intenção declarada e manifestada na vontade consciente do agente para</p><p>praticar uma ação, cujo fato é tido como crime pela legislação aplicável. O dolo</p><p>se concretiza também na certeza e na consciência do resultado.</p><p>Espécies de Dolo:</p><p>O dolo se divide em dolo indireto ou indeterminado e dolo direto.</p><p> Dolo Indireto ou indeterminado - Nesse caso, está presente a vontade parcial do</p><p>agente, o qual assume o risco do resultado, sem direcionar sua vontade para um objeto</p><p>específico.</p><p>O dolo Indireto pode ser dividido em alternativo ou eventual.</p><p> Dolo Alternativo – A ação praticada pode fornecer mais de um resultado (lesionar ou</p><p>matar),ou seja, o agente prevê e quer um ou outro dos resultados possíveis da sua</p><p>conduta</p><p> Dolo Eventual - O resultado existe dentro das leis de probabilidade, e, mesmo que o</p><p>agente não queira, por sua vontade, a efetividade do resultado, assume o risco eventual</p><p>de sua ação, ou seja, a intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém,</p><p>outro também previsto e consequente possível da sua conduta.</p><p> DOLO DIRETO (ou determinado): o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta</p><p>na busca de realizá-lo.</p><p>Preterdolo – Existência de dolo e culpa; encontrando-se o dolo na prática delituosa</p><p>antecedente, e a culpa, na prática consequente. Exemplo: latrocínio (roubo seguido de morte).</p><p>b) Culpa – Pune-se a culpa apenas quando existe previsão legal para tal fim. A</p><p>culpa se baseia na falta de vontade de trazer um resultado delituoso sobre a</p><p>ação praticada. A ação é praticada sem intenção, podendo a culpa se manifestar</p><p>por meio da imperícia (falta de habilitação técnica para a prática de determinado</p><p>ato), da imprudência (precipitação e falta de cuidados necessários no exercício</p><p>de um ato) e da negligência (negativa de cometimento de um ato calcado na</p><p>displicência).</p><p>Tipos de Culpa – Existem três tipos de culpa:</p><p> A Culpa consciente (o agente prevê o resultado, mas assume o risco por acreditar que</p><p>dano algum será causado), isto é, o agente prevê o resultado, mas espera que ele não</p><p>ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade.</p><p> A Culpa inconsciente (por falta de atenção o agente não prevê o risco), ou seja, o agente</p><p>não prevê o resultado, que era objetiva e subjetivamente previsível.</p><p> A Culpa imprópria (erro de pessoa, em que o agente pretende o resultado, mas pratica-o</p><p>de forma errônea, sobre pessoa diferente de sua vontade primária).</p><p>OBS: Culpa imprópria se destaca no caso das descriminantes putativas.</p><p>Neste caso o agente por interpretar erroneamente a realidade (erro de tipo), comete um crime</p><p>achando estar acobertado pelas causas excludentes</p><p>de ilicitude ou antijuridiciade (legitima</p><p>defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito, estrito cumprimento de dever</p><p>legal).</p><p>O erro de tipo pode ser essencial ou acidental:</p><p> Erro de tipo essencial: Recai sobre as elementares do tipo.</p><p>Ex: Matar alguém, ai a pessoa mata alguém achando que era um animal.</p><p> Escusável: É um erro que se pode perdoar, logo exclui dolo e culpa.</p><p> Inescusável: É o erro que não se pode desculpar, dessa forma, responde a título de</p><p>culpa se previsto em lei.</p><p>Aqui se encontra a culpa imprópria. Veja que o agente quis o resultado, apesar de não</p><p>saber que estava praticando um crime, ele praticou a conduta dirigida a uma finalidade, mas</p><p>não queria, e nem sabia que estava praticando um ilícito.</p><p> Erro de tipo acidental: Recai sobre os elementos secundários. Ex: Quero matar A, mas</p><p>mato B. Continua sendo crime.</p><p>2. Resultado – Juntamente com a conduta, é o segundo elemento do fato típico. Para que o</p><p>Ente Estatal possa agir dentro de seu dever de punir, é necessário que, para a</p><p>caracterização de um crime, haja um dano efetivo ou a existência de iminente perigo. O</p><p>resultado, como elemento do fato típico, manifesta-se nos delitos da seguinte forma:</p><p> crime material ou de resultado (nos crimes contra o patrimônio, o dano patrimonial é o</p><p>resultado; sem ele só se puniria a tentativa. Assim o crime material é aquele em que a</p><p>conduta está diretamente ligada ao resultado.);</p><p> crime formal (a simples ação do agente independente do resultado. Ex. ameaça, injúria</p><p>e difamação);</p><p> crimes de mera conduta (o tipo não descreve o resultado, existindo apenas a ação ou a</p><p>omissão para ocorrência do crime (Ex.: o previsto no art. 280 do CPB - fornecer</p><p>medicamento sem receita médica).</p><p>Nexo de causalidade – A causa é a linha de ação percorrida pelo agente para a ocorrência do</p><p>resultado. O nexo causal tem a função de descrever as situações apresentadas quando da</p><p>conduta. O nexo de causalidade divide-se em dependente (depende da conduta para produção</p><p>da causa) e independente (causa independente que se relaciona com a causa principal).</p><p>Do crime - Consumação e Tentativa (Artigos 13 a 25 do CPB)</p><p>Etapas do crime ou “iter criminis” – O fato criminoso se divide em fases ou etapas, que são</p><p>divididas em: cogitação, atos preparatórios, fase de execução e fase de consumação. A</p><p>cogitação e os atos preparatórios não são puníveis.</p><p>Consumação – Ocorre quando todas as etapas do crime se manifestam por meio de um</p><p>resultado. Nos crimes materiais, a consumação se manifesta pela ocorrência do resultado; nos</p><p>crimes formais, manifesta-se pela mera conduta.</p><p>Tentativa – Ocorre todas as vezes que circunstâncias alheias à vontade do agente impedem a</p><p>execução de um crime. Não existe tentativa nas contravenções, nos crimes culposos e nos</p><p>preterdolosos. Existem duas espécies de tentativa: Tentativa Perfeita ou Crime Falho (quando</p><p>todos os atos necessários à consumação do crime são praticados, mas este não acontece); e</p><p>a Tentativa Imperfeita (quando acontece uma interrupção dos atos necessários à consumação).</p><p>Fato Típico – Outras Modalidades</p><p>Arrependimento Eficaz – No arrependimento eficaz ocorre a chamada tentativa perfeita, em</p><p>que o autor da ação se arrepende e impede que o resultado se produza, respondendo</p><p>criminalmente apenas pelos atos já praticados.</p><p>Arrependimento Posterior – Antes da apresentação e do recebimento da denúncia ou queixa</p><p>pelo juiz, o autor do fato repara o dano ou restitui a coisa. Essa modalidade ocorre nos crimes</p><p>sem violência ou grave ameaça.</p><p>Crime Impossível - O crime deixa de se consumar quando o autor da ação utiliza-se de meio</p><p>ineficiente e impróprio à sua consumação (Ex.: tentar matar um cadáver; ministrar água pura,</p><p>imaginado tratar-se de veneno; praticar atos referentes ao aborto em mulher que não esteja</p><p>grávida)</p><p>Desistência Voluntária – Ato de desistência de se prosseguir na execução de um crime.</p><p>Ocorre quando autor de uma determinada ação, voluntariamente, interrompe a sua execução, o</p><p>que afasta a possibilidade de punição.</p><p>Erro Acidental – Divide-se em: erro sobre o objeto (Por exemplo, furta-se uma lata de tinta,</p><p>pensando ser de solvente); e erro sobre pessoa (exemplo: pratica-se o homicídio sobre uma</p><p>determinada pessoa, acreditando ser esta a vítima visada).</p><p>Erro na Execução ("aberratio ictus")- O autor do fato age com intenção de provocar dano</p><p>delituoso, que, por inabilidade ou acidente, se consuma em terceira pessoa, estranha à sua</p><p>intenção. Nesse caso, o autor do fato é punido com o mesmo rigor que o seria se tivesse</p><p>concretizado sua intenção contra a vítima visada.</p><p>Erro de Tipo – Circunstância que afasta a ocorrência de dolo e a imposição de culpa. O erro</p><p>de tipo incide sobre a expressão contida na tipificação penal. Ex.: Crime de Desacato – o autor</p><p>da ação desconhece que a vítima de seu ato desrespeitoso é autoridade pública, o que afasta</p><p>o dolo e inclui a culpa.</p><p>Erro Sobre Nexo Causal – Na execução do crime, o autor do fato pretende uma determinada</p><p>consumação e esta ocorre de forma diferenciada da pretendida. Ex.: lançar alguém na frente</p><p>de um carro em movimento - o carro se desvia e a pessoa lançada vem a óbito por</p><p>traumatismo craniano, provocado pelo choque de sua cabeça com o asfalto.</p><p>Resultado Diverso do Pretendido ("aberratio delicti") – Devido ao erro, o autor da ação</p><p>provoca um resultado diferente do pretendido. Ex.: Na pretensão de furtar uma casa, o autor do</p><p>delito arromba uma porta com excesso de força, provocando a morte de um desavisado que</p><p>passava pela porta do lado de dentro da casa.</p><p>ANTIJURIDICIDADE</p><p>Não existindo o tipo penal, não há que se falar em antijuridicidade ou ilicitude. Entende-se por</p><p>antijuridicidade ou ilicitude todo o comportamento atentatório à ordem jurídica ou aos bens</p><p>jurídicos tutelados.</p><p>Causas de Exclusão da Antijuridicidade</p><p>Conforme o artigo 23 do CPB existe tipos de justificativas que excluem a ocorrência de prática</p><p>antijurídica ou ilícita: o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do</p><p>dever legal e o exercício regular de um direito são causas de inexistência da ocorrência de</p><p>crime.</p><p>Estado de Necessidade - Segundo o artigo 24 do CPB, "considera-se em estado de</p><p>necessidade quem pratica o fato para se salvar de perigo atual, que não provocou por sua</p><p>vontade, nem podia de outro modo evitar direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas</p><p>circunstâncias, não era razoável exigir-se". Acrescente-se que aquele que tenha o dever legal</p><p>de enfrentar o perigo não pode alegar em seu favor estado de necessidade.</p><p>Legítima Defesa – Conforme o artigo 25 do CPB, "entende-se em legítima defesa quem,</p><p>usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a</p><p>direito seu ou de outrem".</p><p>Estrito Cumprimento do Dever Legal – Inexiste crime se o autor do fato o pratica em estrito</p><p>cumprimento de seu dever legal. Ex.: O poder de polícia e a fé pública.</p><p>Exercício Regular de Direito – Praticar ou deixar de praticar algo, devido ao exercício regular</p><p>de direito. Ex.: sigilo profissional dos médicos e advogados.</p><p>Coação Irresistível e Obediência Hierárquica – Punem-se apenas o autor da coação</p><p>irresistível (o constrangimento sobre grave ameaça) ou o autor da ordem ditada (ordem oriunda</p><p>de subordinação de cunho administrativo). Se o delito cometido tem suas bases em coação de</p><p>que o agente não poderia eximir-se, ou, quando em cumprimento de ordem ditada por superior</p><p>hierárquico, não consegue perceber a sua ilegalidade, fica o agente afastado de qualquer</p><p>punição. Estão afastadas da obediência hierárquica as ordens emanadas por vínculo</p><p>empregatício ou religioso.</p><p>CULPABILIDADE</p><p>A culpabilidade encontra óbices teóricos que impedem sua pacificação conceitual. Sua</p><p>definição mais abalizada se encontra na reprovação do autor do fato, por desrespeito ao direito,</p><p>que, como fonte disciplinadora, lhe exigia conduta contrária à praticada.</p><p>Imputabilidade - Capacidade do agente</p><p>de entender e de ser responsabilizado penalmente.</p><p>No caso de inexistência desta capacidade, o agente delituoso é considerado inimputável.</p><p>Causas Dirimentes – São condições para aplicação da imputabilidade: a menoridade, as</p><p>doenças mentais e a embriaguez. No caso da menoridade, aplica-se atualmente a legislação</p><p>especial contida no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90. Já a embriaguez se</p><p>divide em voluntária e culposa, preservando-se o caso fortuito ou força maior, que, na prática</p><p>da ação ou omissão, deixou o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.</p><p>As doenças mentais são aquelas que impedem o agente de entender o caráter ilícito da ação</p><p>ou omissão.</p><p>CONCURSO DE PESSOAS (artigos 29 a 31 do CPB)</p><p>Aquele que, de qualquer modo, concorre para o crime incide na pena a este cominada, na</p><p>medida de sua culpabilidade. O concurso de pessoas ocorre quando duas ou mais pessoas</p><p>concorrem para a prática de um mesmo crime. Cada participante responde de acordo com sua</p><p>participação no crime, o que motiva a aplicação de penas diferenciadas.</p><p>Da Autoria – Autor é o sujeito que pratica a ação ou omissão delituosa. A autoria é mediata,</p><p>quando executada por terceiro não culpável (menor, por exemplo), em favor do autor que não</p><p>executa o crime pessoalmente.</p><p>Da Coautoria e da Participação - O coautor tem participação direta no sentido de colaborar</p><p>para a consumação do crime (nesse caso a colaboração é consciente). A participação se</p><p>caracteriza pela concorrência exercida em favor do autor pelo coautor ou pelos coautores. O</p><p>CPB pune de forma igualitária o autor, o coautor e o partícipe de qualquer delito, com a</p><p>ressalva de aferição de culpabilidade.</p><p>DAS PENAS</p><p>No Direito Penal Brasileiro, a pena tem um caráter punitivo e preventivo. Sua condição punitiva</p><p>tem equilíbrio no dever de possibilitar a franca reabilitação do agente condenado.</p><p>Espécies de Penas (artigos 32 a 58 do CPB) – O artigo 32 do CPB estabelece que as penas</p><p>aplicáveis se concretizem em: privativas de liberdade, restritivas de direito e penas de multa.</p><p>Penas Privativas de Liberdade – São medidas de cunho punitivo, aplicadas pela prática de</p><p>ilícitos criminais. As Penas privativas de liberdade dividem-se em:</p><p> Reclusão (com regimes de cumprimento de penas fechado, semiaberto e aberto)</p><p> Detenção (somente para os regimes semiabertos e abertos).</p><p>O cumprimento de pena de reclusão se efetiva nas penitenciárias, as quais têm por objetivo a</p><p>tutela de presos condenados no regime fechado. O regime semiaberto pode ser cumprido nas</p><p>penitenciárias comuns, agrícolas ou similares. Já o regime aberto deverá ser cumprido em</p><p>albergues e delegacias (têm caráter temporário). Há ainda as penas privativas de liberdade</p><p>em hospitais de Custódia (o condenado que, durante o cumprimento da pena, manifestar</p><p>doença mental deve ser recolhido em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico ou</p><p>estabelecimento adequado).</p><p>Regime Fechado – O condenado fica sujeito ao trabalho no período diurno, conforme suas</p><p>habilidades aferidas em exame criminológico, ficando em isolamento durante o período</p><p>noturno.</p><p>Regime Semiaberto – O condenado fica sujeito ao trabalho em comum durante o período</p><p>diurno, podendo ainda trabalhar externamente e estudar durante o período de cumprimento da</p><p>pena.</p><p>Regime Aberto – O condenado tem direito ao trabalho e ao estudo fora do estabelecimento de</p><p>cumprimento de pena. Durante o período noturno, ele deve permanecer recolhido, podendo ser</p><p>transferido para regime mais severo de cumprimento de pena, no caso de prática de crime</p><p>doloso ou atentado direto contra a execução da pena e multa acumulada.</p><p>Regime Especial - Reserva legal que beneficia as mulheres no cumprimento de pena, as quais</p><p>cumprem pena em estabelecimento penitenciário especial.</p><p>Direitos do Preso (Artigo 38) – São mantidos todos os direitos do preso não atingidos pela</p><p>perda da liberdade, dentre os quais podemos citar: direito à vida, à manutenção da integridade</p><p>física e moral, ao trabalho remunerado, direito de petição aos órgãos públicos, direito à</p><p>propriedade, à intimidade, à vida privada, a assistência jurídica, médica e odontológica, a</p><p>educação e cultura, direito de receber visitas, e outros previstos no art. 3º da Lei de Execuções</p><p>Penais.</p><p>Trabalho do Preso (Artigo 39) – O trabalho do preso será sempre remunerado, com as</p><p>garantias pertinentes à Previdência Social.</p><p>Detração – É obrigação de computação, nas penas privativas de liberdade e nas medidas de</p><p>segurança, de todo o tempo de prisão provisória ou administrativa cumprida no Brasil ou no</p><p>exterior.</p><p>Das Penas Restritivas de Direito (Artigos 43 a 52) – Dentre as penas restritivas de direito</p><p>encontram-se:</p><p> Prestação pecuniária,</p><p> Perda de bens e valores,</p><p> Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas,</p><p> Interdição temporária de direitos</p><p> Limitação de fim de semana.</p><p>Todas essas penas são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando a pena</p><p>máxima aplicada não for superior a quatro anos, ou igual ou inferior a um ano.</p><p>A função social das penas restritivas de direito é a da substituição das penas privativas de</p><p>liberdade nos casos de crimes com pequeno poder ofensivo.</p><p>Prestação Pecuniária – É o pagamento em dinheiro à vítima, a sua dependente, ou a entidade</p><p>pública ou privada, de valor não inferior a um salário mínimo vigente, e limitado a trezentos e</p><p>sessenta salários, valor este que poderá ser abatido de eventual condenação à reparação na</p><p>área cível.</p><p>Perda de Bens e Valores - É a perda de bens e valores dos condenados em favor do Fundo</p><p>Penitenciário Nacional, fixado no montante do prejuízo causado ou no valor do provento obtido</p><p>na prática delituosa.</p><p>Prestação de Serviços à Comunidade ou a Entidades Públicas - Aplicável em toda</p><p>condenação superior a seis meses de privação da liberdade. É a atribuição de tarefas a serem</p><p>executadas de forma gratuita à comunidade ou a entidades públicas, de acordo com as</p><p>aptidões do condenado, no tempo máximo de uma hora por dia, sem prejuízo da jornada</p><p>laboral do condenado.</p><p>Interdição Temporária de Direitos (Artigo 47) – Proibição do exercício de cargo, função ou</p><p>atividade pública, bem como do exercício de mandato eletivo, além da possibilidade da</p><p>suspensão da autorização para dirigir e da proibição de frequência a determinados lugares.</p><p>Limitações de Finais de Semana (Artigo 48) – Obrigação de permanecer, aos sábados e</p><p>domingos, por cinco horas diárias em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado,</p><p>onde poderão ser oferecidos ao condenado cursos, palestras ou atividades educativas.</p><p>Da Pena de Multa (Artigos 49 a 52)</p><p>Multa (Artigo 49) – Consiste no pagamento de dias-multa ao Fundo Penitenciário, sempre que</p><p>fixada na sentença condenatória. Seu valor é fixado em, no mimo, dez dias-multa e, no</p><p>máximo, em trezentos e sessenta dias-multa, valor este que não pode ser inferior a um</p><p>trigésimo do salário mínimo, nem superior a cinco vezes o salário vigente à época dos fatos. A</p><p>suspensão da multa ocorre no caso de o condenado vir a sofrer doença mental.</p><p>Da Cominação das Penas (Artigos 53 a 58) – A Cominação em Direito Penal está ligada à</p><p>quantidade mínima e máxima (ou limite) de cada pena, as quais podem vir expressas no texto</p><p>de lei, ou aplicadas quando da ocorrência da sentença condenatória.</p><p>Por exemplo: no caso de fixação de pena inferior a um ano, deve-se aplicar a pena restritiva de</p><p>direitos em substituição à privativa de liberdade, independentemente de previsão em texto de</p><p>lei.</p><p>Da Aplicação da Pena (Artigos 59 a 76 do CPB)</p><p>Fixação da Pena (artigo 59) - No sistema brasileiro, o juiz deve adotar as circunstâncias</p><p>judiciais:</p><p> As agravantes e as atenuantes;</p><p> Bem como as causas de aumento e diminuição da pena;</p><p>Além disso, a pena deve zelar pela reprovação e prevenção do crime.</p><p>Na fixação da multa, deve ser respeitada a situação econômica do réu.</p><p>Das Agravantes (Artigo 61) – Sempre agravam a pena:</p><p> Reincidência,</p><p> O motivo fútil ou torpe e a ocultação;</p><p> A impunidade ou vantagem de outro crime;</p><p> A traição,</p><p> A emboscada e a simulação;</p><p> O emprego de veneno, fogo, explosivo, ou tortura;</p><p> Os crimes praticados contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;</p><p> O abuso de poder;</p><p> O crime praticado contra: criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida.</p><p>Reincidência (Artigo 63) – considera-se como reincidência, o cometimento de novo crime,</p><p>depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, tenha condenado o</p><p>autor por crime anterior.</p><p>Das Atenuantes (Artigo 65) – Sempre atenuam a pena:</p><p> A menoridade do agente na época do fato delituoso,</p><p> Bem como a idade superior a setenta anos na data da sentença;</p><p> O desconhecimento da lei;</p><p> O crime cometido por relevante valor social ou moral;</p><p> A tentativa de evitar ou minorar as consequências do ato delituoso;</p><p> A confissão espontânea;</p><p> A coação irresistível;</p><p> O cumprimento de ordem;</p><p> A violenta emoção.</p><p>Do concurso de Crimes (Artigos 67 a 76 do CPB)</p><p>Concurso entre Agravantes e Atenuantes (Artigo 67) – Após a aferição dos motivos</p><p>determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência, a pena a ser fixada</p><p>deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes.</p><p>Concurso Material (Artigo 69) – Ocorre quando o autor do delito, por mais de uma ação ou</p><p>omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, as penas são somadas</p><p>diretamente nos autos do processo, ou quando da execução da sentença nas varas de</p><p>execução criminal. O concurso material pode ser homogêneo (pratica de crimes idênticos) ou</p><p>heterogêneo (pratica de crimes não idênticos).</p><p>Concurso Formal (Artigo 70) - Ocorre quando o autor do delito, mediante uma só ação ou</p><p>omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aplica-se, nesse caso, a mais grave</p><p>das penas cabíveis, ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de</p><p>um sexto até metade. A pena aplica-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é</p><p>dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos.</p><p>Crime Continuado (Artigo 71) - Quando o autor do delito, "mediante mais de uma ação ou</p><p>omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,</p><p>maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como</p><p>continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais</p><p>grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços".</p><p>Da Suspensão Condicional da Pena (Artigos 77 a 82) - Suspende-se por dois a quatro anos</p><p>a pena privativa de liberdade não superior a dois anos, na falta de reincidência em crime</p><p>doloso, quando a conduta social e a personalidade do agente permitam a concessão do</p><p>benefício, e quando não for possível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva</p><p>de direitos. Se o condenado possuir idade superior a setenta anos e for condenado a pena não</p><p>superior a quatro anos, poderá ser suspensa a pena por quatro a seis anos.</p><p>Do Livramento Condicional (Artigos 83 a 90) – Antecipação provisória da execução da pena,</p><p>na qual o condenado é posto em liberdade, mediante o cumprimento de obrigações</p><p>determinadas pelo juiz da Vara de Execuções. É aplicado após cumprimento de parte da pena,</p><p>mediante a observância de alguns requisitos. Se o Condenado não é reincidente em crime</p><p>doloso, é necessário ter cumprido mais de um terço da pena. Se reincidente, é necessário ter</p><p>cumprido mais da metade. São considerados ainda fatores como o bom comportamento</p><p>durante o cumprimento da pena, e a reparação do dano causado, salvo efetiva impossibilidade</p><p>de fazê-lo. No caso de crime hediondo, é necessário o cumprimento de pelo menos dois terços</p><p>da pena.</p><p>Dos Efeitos da Condenação (Artigo 91) – A condenação gera efeitos sobre a necessidade de</p><p>se indenizar o dano causado pelo crime, além da perda dos instrumentos e do produto do</p><p>crime em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. A</p><p>condenação também tem como efeitos a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.</p><p>Da Reabilitação (Artigo 93) – Ato que assegura ao condenado o sigilo sobre seu processo e</p><p>efetiva condenação. A reabilitação pode ser requerida, decorridos dois anos do dia em que foi</p><p>extinta a pena e sua execução, mediante algumas condições, dentre elas o bom</p><p>comportamento, o domicílio no País durante o prazo de dois anos e a comprovação de</p><p>ressarcimento do dano causado pela prática criminosa.</p><p>DA AÇÃO PENAL (Artigos 100 a 106 do CPB)</p><p>Ação Penal Pública e de Iniciativa Privada (Art. 100) – O ato de punibilidade do Estado</p><p>inicia-se mediante provocação do Ministério Público, do Ministro da Justiça ou do ofendido. A</p><p>ação penal pública pode ser:</p><p> Condicionada (isto é, depende da manifestação de vontade),</p><p> Incondicionada (independe da manifestação de vontade).</p><p>A ação penal de iniciativa privada efetiva-se mediante queixa-crime proposta pelo próprio</p><p>ofendido ou por meio de seu procurador ou representante legal.</p><p>(Pode ser propriamente dita ou exclusiva, isto é, de iniciativa da vítima ou de seu representante</p><p>legal), personalíssima (só pode ser proposta pela vítima), e subsidiária da pública(caso em que</p><p>a vítima exerce seu direito de oferecer queixa-subsidiária, quando da inércia do Ministério</p><p>Público).</p><p>Ação Penal no Crime Complexo (Artigo 101) - "Quando a lei considera como elemento ou</p><p>circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em</p><p>relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do</p><p>Ministério Público."</p><p>Irretratabilidade da Representação (Artigo 102) - A representação será irretratável depois de</p><p>oferecida a denúncia.</p><p>Decadência do Direito de Queixa ou de Representação (Artigo 103) - Salvo disposição</p><p>expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o</p><p>exerce dentro do prazo de seis meses, contados do dia em que veio, a saber, da autoria do</p><p>crime.</p><p>Renúncia Expressa ou Tácita do Direito de Queixa (Artigo 104) – Implica renúncia tácita ao</p><p>direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica,</p><p>todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.</p><p>O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.</p><p>Perdão do Ofendido (Artigo 105) - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se</p><p>procede mediante queixa, impede o prosseguimento da ação.</p><p>EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (Artigos 107 a 120 do CPB)</p><p>Extinção da Punibilidade (Artigo 107) – É direito de o Estado punir, ou seja, exercer a</p><p>punibilidade. A legislação, no entanto, estabelece as situações que impedem o Estado de</p><p>exercer o poder de punir.</p><p>Elas estão relacionadas nos incisos do art. 107, são:</p><p> Morte do agente (Artigo 107, inciso I). A certidão de óbito expedida por cartório</p><p>competente, quando apresentada ao juiz, extingue a punibilidade em favor do falecido</p><p>(nesse caso, não vale o atestado de óbito, mas somente a certidão de óbito).</p><p> Anistia, graça ou indulto (Artigo 107, inciso II)</p><p> Anistia – origina-se em lei que exclui a existência do crime sem extinguir a</p><p>tipicidade, podendo ser própria (concedida antes da condenação); imprópria</p><p>(concedida após a condenação); plena e irrestrita (sem limitação dos efeitos de</p><p>sua extensão); parcial (com limitação dos efeitos de sua extensão); condicionada</p><p>(impõe condições); e incondicionada (sem a imposição de condições).</p><p> A graça – é concedida pelo Presidente da República ao indivíduo, não atingindo</p><p>a coletividade. A Graça extingue a punibilidade, mantendo os efeitos da falta de</p><p>primariedade.</p><p> O indulto – é concedido pelo Presidente da República ao coletivo, mantendo os</p><p>efeitos do crime e extinguindo a punibilidade.</p><p>Retroatividade de Lei – (Artigo 107, inciso III) – A criação de lei nova, que</p><p>deixa de</p><p>considerar como crime conduta anteriormente considerada delituosa, extingue a punibilidade</p><p>pela aplicação do princípio do “abolitio criminis”, contido no artigo 2º do CPB (que trata da lei</p><p>penal no tempo).</p><p>Prescrição, decadência e perempção (Artigos 107, inciso IV)</p><p> Prescrição – Perda do direito de punir do Estado pela sua demora na condução da</p><p>Ação Penal. O Artigo 109 do CPB relaciona os prazos de prescrição das ações penais,</p><p>levando em consideração a cominação máxima da pena a ser aplicada. A prescrição</p><p>pode acontecer também após a expedição de sentença condenatória.</p><p> - Decadência - Perda do prazo para o oferecimento de queixa ou denúncia (seis meses</p><p>a partir do conhecimento da autoria), o que causa a perda do direito de ação por parte</p><p>do ofendido, extinguindo a punibilidade do autor da infração por inamovibilidade das</p><p>partes interessadas (ofendido ou Ministério Público). A decadência não atinge o direito</p><p>de requisição do Ministro da Justiça.</p><p> - Perempção – Exclusiva da ação penal privada, a perempção acontece sempre que,</p><p>iniciada a ação penal, o querelante (ou autor da queixa-crime), deixar de promover o</p><p>andamento do processo durante trinta dias seguidos.</p><p>Prescrição da pretensão punitiva – Ocorre antes do trânsito em julgado da ação penal.</p><p> A prescrição propriamente dita: Tem seu início na consumação do crime, e término</p><p>no oferecimento da queixa ou denúncia, podendo estender-se até a sentença.</p><p> A prescrição superveniente: Ocorre dentro do prazo de recurso da sentença.</p><p> Já a prescrição retroativa: Ocorre dentro do prazo para defesa, mesmo que a sentença</p><p>já tenha transitado em julgado para a acusação.</p><p> A prescrição executória ocorre após trânsito em julgado da sentença com a devida</p><p>extinção da pena e manutenção dos efeitos secundários.</p><p> A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos, quando a multa for a única</p><p>cominada ou aplicada. São reduzidos à metade os prazos de prescrição quando o</p><p>criminoso era, ao tempo do crime, menor, ou, na data da sentença, maior</p><p>de setenta anos. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre</p><p>enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento</p><p>da existência do crime, e enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.</p><p>O curso da prescrição interrompe-se:</p><p> Pelo recebimento da denúncia ou da queixa;</p><p> Pela pronúncia;</p><p> Pela decisão confirmatória da pronúncia;</p><p> Pela sentença condenatória recorrível;</p><p> Pelo início ou continuação do cumprimento da pena;</p><p> Pela reincidência.</p><p>Interrompida a prescrição, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.</p><p>Renúncia do direito de queixa ou perdão (Artigo 107, inciso V) - Renúncia – Ato pelo qual</p><p>o ofendido abdica do direito de oferecer queixa. Independe da aceitação do autor do delito, e</p><p>deve se exercido antes do início da ação penal. Aplica-se à ação penal privada, podendo ser a</p><p>renúncia expressa ou tácita. Perdão – Antes do trânsito em julgado da ação penal privada, o</p><p>ofendido pode exercer o perdão sobre o autor do fato delituoso. Efetiva-se por meio de</p><p>declaração expressa, necessitando do aceite do autor do fato delituoso.</p><p>Retratação do agente (Artigo 107, inciso VI) – Nos crimes de calúnia, difamação, falso</p><p>testemunho e falsa perícia, a punibilidade pode ser extinta mediante o exercício da retratação</p><p>expressa (apenas nos casos em que a lei permite).</p><p>Perdão judicial – (Artigo 107, inciso IX) – Configurado o crime (de lesão corporal culposa –</p><p>sem intenção), pode o juiz conceder o perdão judicial. O perdão pode ser concedido de ofício</p><p>pelo juiz, ou em razão de requerimento feito pelas partes.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES CONFORME A DOUTRINA PENAL</p><p>Crime Comissivo – Prática de crime por meio de uma ação.</p><p>Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa.</p><p>Crime Exaurido – Consumado o crime, este ainda se aperfeiçoa (art. 159).</p><p>Crime Falho – Todos os atos para consecução de um resultado são praticados, mas o crime</p><p>não se consuma.</p><p>Crime de Ação Múltipla – O texto de lei traz a conjunção “ou”, descrevendo uma ou mais</p><p>condutas, consumando o crime com qualquer uma das condutas relacionadas (art. 122).</p><p>Crime de Dano – Todos os crimes que lesionam um bem jurídico tutelado (arts. 121 e 155).</p><p>Crime de Mão Própria – Não admite co-autor, e é praticado por pessoa determinada (art 342).</p><p>Crime de Mera Conduta – Existe previsão legal de apenas uma conduta para sua ocorrência</p><p>(art. 150).</p><p>Crime de Perigo Abstrato - A conduta do autor leva à presunção do perigo a que foi exposto o</p><p>bem jurídico tutelado (art. 137).</p><p>Crime de Perigo Comum – expõe a perigo um número indeterminado de pessoas (arts. 250 a</p><p>259).</p><p>Crime de Perigo Concreto – Não existe presunção, pois é necessária a comprovação de que</p><p>o perigo ocorreu (art. 132).</p><p>Crime de Perigo Individual – Crime que põe em perigo um grupo limitado ou um só indivíduo</p><p>(arts. 130 a 137).</p><p>Crime Formal – Crime que se consuma com a simples prática da ação, mesmo estando</p><p>descrito em lei o seu resultado (art. 159).</p><p>Crime Habitual – Crime de conduta habitual ou reiterada (art. 228)</p><p>Crime instantâneo – Não possui continuidade, e ocorre no instante de sua prática.</p><p>Crime Instantâneo e Permanente – Não possui continuidade, mas não existe a possibilidade</p><p>de reversão de seus efeitos (art. 121).</p><p>Crime Material – A lei descreve a ação e seu resultado, exigindo-o, para sua ocorrência (art.</p><p>171).</p><p>Crime Plurilocal – Sua execução começa em determinado local e se consuma em outro.</p><p>Crime Próprio – O sujeito ativo deve possuir características definidas em lei, podendo ser</p><p>praticado por determinada categoria de pessoas.</p><p>Crime Simples – Atentado contra um bem jurídico único.</p><p>Crime Omissivo – Prática de crime mediante uma omissão.</p><p>Crime Privilegiado – A legislação prevê determinado benefício na aplicação da pena, quando</p><p>o crime é praticado de forma menos danosa (art. 121, parágrafo 1º).</p><p>Crime Progressivo – Na consumação de um crime grave, o sujeito pratica um menos grave.</p><p>Crime Qualificado – Acréscimos aplicados à pena, nos atos tipificados com qualificadoras</p><p>(art. 121, parágrafo 4º).</p><p>Crime Omissivo Próprio – Concretiza-se na omissão, independentemente do resultado</p><p>(art.135).</p><p>Crime Omissivo Impróprio – Omissão cujo resultado deveria ter sido evitado pelo autor do</p><p>delito.</p><p>Crime Permanente – Praticado o crime, este gera um prolongamento de seus efeitos (art.</p><p>148).</p><p>Crime Vago – É quando o crime é cometido contra sujeito passivo sem personalidade jurídica</p><p>(sociedade e família).</p><p>2ª Resumo</p><p>O que é Direito Penal</p><p>Para começar nosso resumo de Direito Penal, vamos à pergunta fundamental: o que é Direito</p><p>Penal?</p><p>O Direito Penal, ou Direito Criminal, é um ramo do Direito Público que é composto por um</p><p>conjunto de normas jurídicas que qualificam e tipificam atitudes em crimes. Ele permite que o</p><p>Estado, diante da legalidade jurídica, aplique sanções penais a quem cometer crimes que</p><p>perturbem a ordem. É um dispositivo que permite que o Estado possa garantir maior harmonia</p><p>social.</p><p>Cleber Masson (2014) – Direito Penal é “o conjunto de princípios e leis destinados a combater</p><p>o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal (pena ou medida de</p><p>segurança)”.</p><p>Guilherme Nucci (2008) – Trata-se de um “conjunto de normas jurídicas voltado à fixação dos</p><p>limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e sanções correspondentes,</p><p>bem como regras atinentes a sua aplicação”.</p><p>O conceito de Direito Penal pode ser subdividido em objetivo e subjetivo:</p><p>Objetivo: reflete o direito punir, o ius puniendi, sendo atualmente o Estado seu exclusivo titular.</p><p>Subjetivo: é o conjunto de leis vigentes no País.</p><p>Nesse sentido, o professor Antônio de Queiroz Filho (1966) nos ensina que o Direito Penal</p><p>subjetivo é quase sempre resumido ao direito de punir de que o Estado é titular. Mesmo nos</p><p>casos em que a punição fica na dependência da iniciativa do ofendido, o Estado tem o</p><p>monopólio do direito</p><p>de punir.</p><p>Transfere-se à vítima apenas o direito de acusação, a faculdade de iniciar o processo, a fim de</p><p>que o Estado efetive a punição do ato criminoso.</p><p>Em contrapartida, ele diz que o Direito Penal objetivo é o próprio ordenamento jurídico-penal, é</p><p>o conjunto de normas relativas ao crime e à respectiva sanção.</p><p>O direito de punir, que é direito subjetivo do Estado, tem no Direito Penal objetivo, ao mesmo</p><p>tempo, sua expressão e seu limite natural. Antônio Queiroz diz:</p><p>É comum considerar-se o direito penal sob o duplo aspecto de direito penal substantivo e</p><p>direito penal adjetivo. A distinção tem em vista, de um lado, o direito penal propriamente dito,</p><p>isto é, as leis que configuram as modalidades típicas de conduta criminal e estabelecem as</p><p>respectivas sanções.</p><p>E, de outro lado, o processo, as regras que regem a atividade jurisdicional e, através dela,</p><p>tornam efetiva a aplicação do direito penal substantivo.</p><p>Antônio de Queiroz Filho</p><p>Em nosso resumo de Direito Penal serão explorados os desdobramentos do direito substantivo.</p><p>Dada a sua natureza, que envolve o problema substancial da liberdade humana, o</p><p>ordenamento jurídico penal se distingue dos demais pelos princípios da legalidade estrita e</p><p>da tipicidade (Miguel Reale 2002).</p><p>Além disso, prevalecem no Direito Penal contemporâneo as seguintes exigências ético-sociais:</p><p> Plena garantia de defesa;</p><p> Respeito à pessoa do delinquente;</p><p> Caráter estritamente pessoal da pena;</p><p> Adequação da pena à individualidade do criminoso;</p><p> Caráter contraditório da instrução criminal.</p><p>Aplicação da Lei Penal</p><p>Agora vejamos algumas determinações que devem ser observadas para o entendimento do</p><p>Direito Penal como um todo. Essa é uma parte muito importante do nosso resumo de Direito</p><p>Penal, pois trata de temas bastante cobrados em diversos editais Brasil afora.</p><p>Lei Penal no Tempo. Para Luiz Antônio de Souza (2014), ao período compreendido entre a</p><p>publicação de uma Lei e sua vigência dá-se o nome de vacatio legis. Na falta de estipulação</p><p>expressa, a regra é a vacatio legis de 45 (quarenta e cinco) dias.</p><p>Dessa forma, tem-se que a lei penal passa a vigorar na data indicada em seu conteúdo. Em</p><p>caso de omissão, 45 dias após sua publicação no território nacional e em 03 meses no</p><p>estrangeiro. A Lei penal também pode ser temporária, com prazo de vigência descrito em seu</p><p>conteúdo. Quando leis penais que tratam do mesmo assunto, mas de modo diverso, sucedem-</p><p>se no tempo, havendo necessidade de decidir qual é a aplicável então, temos um Conflito</p><p>Intertemporal.</p><p>A questão será resolvida pela junção de dois princípios:</p><p> Da irretroatividade da lei mais severa;</p><p> Da retroatividade da lei mais benéfica.</p><p>Sobre os crimes permanentes e continuados temos a Súmula 711 do STF, que dispõe:</p><p>“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua</p><p>vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.</p><p>STF: Não sabe o que é crime permanente ou crime continuado?</p><p>Veja o que diz Luiz Antônio de Souza (2014):</p><p>Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se alonga, protrai-se, perdura no</p><p>tempo.</p><p>Crime continuado é quando o agente pratica 2 ou mais crimes da mesma espécie em</p><p>condições semelhantes, sendo os crimes subsequentes tidos como uma continuação do</p><p>primeiro.</p><p>Tempo do Crime e Lugar do Crime</p><p>Existem várias teorias acerca do momento (tempo) do crime, mas o Código Penal Brasileiro</p><p>adotou a teoria da atividade, que dispõe: “Considera-se praticado o crime no momento da ação</p><p>ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”.</p><p>Aos crimes cometidos em território nacional será aplicada a legislação pátria. Além disso,</p><p>Código Penal prevê a territorialidade por extensão, ou seja, crimes cometidos no estrangeiro</p><p>em alguns locais são considerados extensão do território nacional (CPB – § 1º do artigo 5º).</p><p>Veja quais são esses locais:</p><p> Embarcações e Aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo</p><p>brasileiro onde quer que se encontrem.</p><p> Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,</p><p>que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.</p><p>Além disso, é possível que alguém cometa um crime fora do território nacional e, ainda</p><p>assim, responda pela lei brasileira. Como?</p><p>A esse fato damos o nome de extraterritorialidade, com previsão no artigo 7º do CP.</p><p>Entre as hipóteses estão os seguintes crimes:</p><p>-Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;</p><p>-Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de</p><p>Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída</p><p>pelo Poder Público;</p><p>- De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp</p><p>Teoria do Crime</p><p>Infração Penal e Sujeito Ativo e Passivo do Crime</p><p>Infração penal é gênero do qual são espécies:</p><p> Crime ou delito.</p><p> Contravenção.</p><p>Para diferenciar crime de contravenção é necessário ler o artigo 1º da Lei de Introdução ao</p><p>Código Penal, que diz o seguinte:</p><p>CRIME – a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer</p><p>isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.</p><p>CONTRAVENÇÃO – a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão</p><p>simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.</p><p>Sujeito ativo é o agente que pratica o comportamento descrito no tipo penal (autor) ou</p><p>concorre de qualquer forma para a prática infrativa (partícipe).</p><p>Portanto, o autor (executor direto) e partícipe (executor indireto) são os sujeitos ativos de um</p><p>crime.</p><p>Se há mais de um autor, diz-se que o crime foi praticado em coautoria. Se houver mais de um</p><p>partícipe, diz-se que o crime foi praticado em coparticipação.</p><p>Os sujeitos passivos podem ser dois:</p><p> O Estado, por ser o responsável pelo ordenamento penal e titular do ius puniendi.</p><p> O titular do bem jurídico penalmente protegido (a vítima).</p><p>Classificação doutrinária dos Crimes</p><p>Os crimes podem ser classificados das formas mais variadas possíveis.</p><p>Seguem abaixo algumas formas de classificação:</p><p>Comuns: descritos no CP.</p><p>Especiais: descritos nas legislações especiais.</p><p>Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa.</p><p>Próprios: exigem qualidade especial do sujeito ativo (sujeito ativo qualificado).</p><p>De mão própria: só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa, não havendo coautor.</p><p>De dano: para a consumação, é necessária a efetiva lesão do bem jurídico.</p><p>De perigo: a consumação se dá com a simples possibilidade do dano.</p><p>Materiais: é imprescindível a ocorrência do resultado desejado pelo agente.</p><p>Formais: consumam-se independentemente da ocorrência do resultado desejado pelo agente.</p><p>De mera conduta: são aqueles em que não há resultado naturalístico.</p><p>Comissivos: praticados mediante ação.</p><p>Omissivos: praticados mediante omissão.</p><p>Instantâneos: consumam-se em um único momento.</p><p>Permanentes: são aqueles em que o momento consumativo prolonga-se, protrai-se no tempo.</p><p>Simples: apresentam tipo penal único.</p><p>Complexos: compõem-se de dois ou mais tipos penais.</p><p>Culposos: o sujeito dá causa ao resultado (de forma involuntária) por imprudência, negligência</p><p>ou imperícia.</p><p>Dolosos: quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado.</p><p>Simples: é o descrito na forma típica fundamental.</p><p>Privilegiados: quanto o legislador agrega ao tipo fundamental circunstâncias que diminuem a</p><p>pena.</p><p>Qualificados: quando o legislador agrega circunstâncias à figura típica que aumentam a pena.</p><p>Qualificados pelo resultado: são aqueles ao qual o legislador acrescenta um resultado que</p><p>aumenta a sanção abstratamente imposta no preceito secundário.</p><p>Fato Típico</p><p>O Crime é um fato típico que atenta contra a lei moral. É um ato antijurídico passível de</p><p>sanções penais previstas em lei.</p><p>São elementos do fato típico:</p><p> Conduta;</p><p> Resultado;</p><p> Nexo causal ou relação de causalidade;</p><p> Tipicidade.</p><p>Vamos entender cada um desses elementos (preste muita atenção, pois isso cai em muitos</p><p>concursos):</p><p>CONDUTA: ação que é praticada por ser humano, é um ato voluntário e consciente. É a</p><p>maneira do ser humano agir em sociedade, com determinada finalidade. Depende da</p><p>voluntariedade, consciência, dolo ou culpa e ação ou omissão.</p><p>RESULTADO: delitos penais geram consequências jurídicas. Portanto, para que haja crime é</p><p>necessário que o resultado da conduta esteja previsto em lei.</p><p>NEXO DE CAUSALIDADE: é o elo entre a conduta e o resultado pretendido pelo agente</p><p>praticante da ação. Estabelecer nexo de causalidade nada mais é do que identificar qual é a</p><p>conduta que deve responder por um resultado.</p><p>TIPICIDADE: é o fato praticado que está previsto no CP. Se enquadra plenamente na</p><p>descrição penal. Trata-se de estabelecer a ligação fato-tipo (contido na norma penal</p><p>incriminadora), ou seja, é ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.</p><p>Trajetória do Crime</p><p>A fase, as etapas do crime, trata-se do caminho do crime.</p><p>São elas:</p><p> Fase interna (cogitação)</p><p> Fase externa (preparação, execução e consumação).</p><p>Entenda a diferença:</p><p>Cogitação: o agente penso sobre as possibilidades da ação pretendida que culminará no</p><p>resultado desejado.</p><p>Preparação: nesta a fase, o agente reúne meios necessários para a prática da ação cogitada.</p><p>Execução: momento em que o agente põe em prática as ações que foram pensadas e</p><p>preparadas.</p><p>Consumação: momento em que o agente atinge seus objetivos, obtendo êxito na sua conduta.</p><p>O ato atinge todas as fases previstas e se torna um ato punível penalmente.</p><p>Sobre esses conceitos, o doutrinador Luiz Antônio de Souza diz o seguinte:</p><p>Para o sistema penal brasileiro, só há crime a partir da fase de execução.</p><p>Diz-se o crime tentando quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias</p><p>alheias à vontade do agente.</p><p>Isso permite inferir que a fase de cogitação e os atos meramente preparatórios não são</p><p>puníveis criminalmente.</p><p>Luiz Antônio de Souza</p><p>Dá-se como o exaurimento do crime quando atingida a consumação delitiva, o agente atinge</p><p>todas as consequências por ele previstas.</p><p>Crime Consumado e Crime Tentado</p><p>Você provavelmente já ouviu falar em crime consumado e crime tentado, mas você sabe a</p><p>diferença entre eles?</p><p>CRIME CONSUMADO: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Ou</p><p>seja, quando a conduta do agente encontra integral correspondência com o tipo penal previsto</p><p>em lei.</p><p>CRIME TENTADO: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à</p><p>vontade do agente.</p><p>Excludentes de Ilicitude</p><p>Ilicitude (ou antijuridicidade) é a contradição do fato com o ordenamento jurídico, constituindo a</p><p>lesão de um interesse penalmente protegido.</p><p>As causas legais de exclusão da ilicitude estão no artigo 23 do Código Penal. Quando o agente</p><p>pratica o fato baseado em cada uma dessas circunstâncias, não há crime.</p><p>Entenda cada uma delas:</p><p>Estado de Necessidade: considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para</p><p>salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,</p><p>direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.</p><p>Legítima Defesa: entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios</p><p>necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.</p><p>Cumprimento do Dever Legal: é toda obrigação direta ou indiretamente derivada de lei em</p><p>sentido amplo. E se alguém age cumprindo estritamente esse dever legal, não poderá</p><p>responder por crime.</p><p>Exercício Regular de Direito: se o ordenamento jurídico atribui determinado direito a alguém e</p><p>esse o exerce regularmente, não haverá crime, estando excluída a ilicitude da conduta.</p><p>Entre todos esses casos, a parte de legítima defesa é a mais cobrada.</p><p>CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>CRIMES EXEMPLOS PENAS</p><p>Peculato Apropriação Carcereiro que recebe os</p><p>objetos do preso e os toma</p><p>para si.</p><p>Peculato Desvio Funcionário que empresta</p><p>dinheiro público de que tem</p><p>a guarda para ajudar amigos.</p><p>RECLUSÃO</p><p>2 a 12 ANOS</p><p>E</p><p>MULTA</p><p>Peculato Furto Funcionário público abre o</p><p>cofre da repartição em que</p><p>trabalha e leva os valores que</p><p>nele estavam guardados.</p><p>Inserção de dados falsos em</p><p>sistema de informações</p><p>A eliminação da informação</p><p>de que algum segurado</p><p>faleceu, fazendo com que a</p><p>aposentadoria continue</p><p>sendo paga normalmente.</p><p>Excesso de exação: se o</p><p>funcionário desvia, em</p><p>proveito próprio ou de</p><p>outrem, o que recebeu</p><p>indevidamente para recolher</p><p>aos cofres públicos.</p><p>O funcionário público após</p><p>receber o tributo, o desvia,</p><p>em proveito próprio ou</p><p>alheio.</p><p>Peculato Culposo. Obs.: a</p><p>reparação do dano, se</p><p>precede à sentença</p><p>irrecorrível, extingue a</p><p>punibilidade; se lhe é</p><p>posterior, reduz de metade a</p><p>pena imposta.</p><p>Funcionário público esquece</p><p>a porta aberta e alguém se</p><p>aproveita da situação e furta</p><p>objeto da repartição.</p><p>DETENÇÃO</p><p>3 MESES A 1 ANO</p><p>Peculato mediante erro de</p><p>outrem.</p><p>Alguém entrega objeto ao</p><p>funcionário B quando deveria</p><p>tê-lo entregue ao funcionário</p><p>A, e o funcionário B,</p><p>percebendo o equívoco, fica</p><p>com o objeto.</p><p>RECLUSÃO</p><p>1 a 4 ANOS</p><p>E</p><p>MULTA</p><p>Coação no curso do</p><p>processo.</p><p>Agente que ameaça de</p><p>morte testemunha para que</p><p>ela minta em depoimento.</p><p>Modificação ou alteração não</p><p>autorizada de sistema de</p><p>informações.</p><p>Edite Prafe, servidora da</p><p>previdência social, resolveu</p><p>modificar o sistema de</p><p>fiscalização a fim de adequá-</p><p>lo às suas necessidades. Edite</p><p>não possuía autorização para</p><p>realizar a modificação, mas</p><p>mesmo assim continuou o</p><p>seu intento.</p><p>DETENÇÃO</p><p>3 MESES a 2 ANOS</p><p>E</p><p>MULTA</p><p>Usurpação de função pública. Uma pessoa produz bens e</p><p>explora matéria-prima</p><p>pertencente à União, sem a</p><p>devida autorização.</p><p>Fraude Processual Alterar características do</p><p>objeto que será periciado;</p><p>simular maior dificuldade</p><p>auditiva ou qualquer outra</p><p>redução da capacidade</p><p>laborativa em ação</p><p>acidentária;</p><p>Extravio, sonegação ou</p><p>inutilização de livro ou</p><p>documento.</p><p>Reclusão</p><p>1 a 4 anos</p><p>Contrabando ou</p><p>descaminho.</p><p>Praticar navegação de</p><p>cabotagem, fora dos casos</p><p>permitidos em lei: tem a</p><p>finalidade de realizar o</p><p>comércio entre portos de um</p><p>mesmo país.</p><p>Praticar fato assimilado, em</p><p>lei especial, a contrabando</p><p>ou descaminho.</p><p>Vende, expõe à venda,</p><p>mantém em depósito ou, de</p><p>qualquer forma, utiliza em</p><p>proveito próprio ou alheio,</p><p>no exercício de atividade</p><p>comercial ou industrial,</p><p>mercadoria de procedência</p><p>estrangeira que introduziu</p><p>clandestinamente no País ou</p><p>importou fraudulentamente</p><p>ou que sabe ser produto de</p><p>introdução clandestina no</p><p>território nacional ou de</p><p>importação fraudulenta por</p><p>parte de outrem.</p><p>Adquire, recebe ou oculta,</p><p>em proveito próprio ou</p><p>alheio, no exercício de</p><p>atividade comercial ou</p><p>industrial, mercadoria de</p><p>procedência estrangeira,</p><p>desacompanhada de</p><p>documentação legal, ou</p><p>acompanhada de</p><p>documentos que sabe serem</p><p>falsos.</p><p>Contrabando é a clandestina</p><p>importação ou exportação de</p><p>mercadorias cuja entrada no</p><p>país, ou saída dele, é</p><p>absoluta ou relativamente</p><p>proibida.</p><p>Descaminho é a fraude</p><p>tendente a frustrar, total ou</p><p>parcialmente, o pagamento</p><p>de direitos de importação ou</p><p>exportação ou do imposto de</p><p>consumo (a ser cobrado na</p><p>própria aduana) sobre</p><p>mercadorias.</p><p>Saída de mercadorias da</p><p>Zona franca de Manaus sem</p><p>o pagamento de tributos,</p><p>quando o valor excede a cota</p><p>que cada pessoa pode trazer.</p><p>Reingresso de estrangeiro</p><p>expulso.</p><p>Emprego irregular de verbas</p><p>ou rendas públicas.</p><p>Funcionário que deveria</p><p>empregar o dinheiro público</p><p>na obra A, dolosamente, o</p><p>emprega na obra B.</p><p>DETENÇÃO</p><p>1 a 3 MESES</p><p>OU</p><p>MULTA</p><p>Advocacia administrativa.</p><p>Concussão. Reclusão</p><p>2 a 8 anos</p><p>E</p><p>multa</p><p>Denunciação caluniosa. Comunicar falsamente que</p><p>pessoa determinada ou</p><p>facilmente</p><p>identificada é</p><p>autora de determinada</p><p>infração.</p><p>Excesso de exação: se o</p><p>funcionário exige tributo ou</p><p>contribuição social que sabe</p><p>ou deveria saber indevido, ou</p><p>quando devido, emprega na</p><p>cobrança meio vexatório ou</p><p>gravoso, que a lei não</p><p>autoriza (o funcionário</p><p>público exige o tributo e o</p><p>encaminha aos cofres</p><p>públicos).</p><p>Reclusão</p><p>3 a 8 anos</p><p>E</p><p>multa</p><p>Facilitação de contrabando</p><p>ou descaminho.</p><p>Corrupção passiva. Policial que recebe dinheiro</p><p>para fazer ronda em certo</p><p>quarteirão. Gerente de banco</p><p>público que recebe dinheiro</p><p>para liberar um empréstimo</p><p>ainda que lícito.</p><p>Reclusão</p><p>1 a 8 anos</p><p>e</p><p>multa</p><p>Corrupção ativa.</p><p>Corrupção passiva</p><p>privilegiada</p><p>Agente que pede para o</p><p>funcionário dar um jeitinho e</p><p>este não pratica o ato que</p><p>deveria.</p><p>Detenção</p><p>3 meses a 1 ano</p><p>OU</p><p>Multa</p><p>Prevaricação Permitir que amigos</p><p>pesquem em local público</p><p>proibido. Demorar para</p><p>expedir documento solicitado</p><p>por um inimigo.</p><p>Detenção</p><p>3 meses a 1 ano</p><p>E</p><p>Multa</p><p>Advocacia administrativa:</p><p>Patrocinar (advogar, pleitear,</p><p>facilitar) direta ou</p><p>indiretamente, interesse</p><p>privado (se for próprio, não</p><p>há o crime) perante a</p><p>administração pública,</p><p>valendo-se da qualidade de</p><p>funcionário: Se o interesse é</p><p>ilegítimo.</p><p>Abandono de função:</p><p>abandonar cargo público</p><p>(criado por lei, com</p><p>denominação própria, em</p><p>número certo e pago pelos</p><p>cofres públicos), fora dos</p><p>casos permitidos em lei (+ de</p><p>30 dias consecutivos): se do</p><p>fato resulta prejuízo público.</p><p>Abandonar o cargo por</p><p>tempo juridicamente</p><p>relevante, de forma a colocar</p><p>em risco a regularidade dos</p><p>serviços prestados.</p><p>Violação do sigilo de</p><p>proposta de concorrência.</p><p>Prejudicado pela lei de</p><p>licitações.</p><p>Condescendência criminosa Detenção</p><p>15 dias a 1 mês</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>Abandono de função Abandonar o cargo por</p><p>tempo juridicamente</p><p>relevante, sem permissão.</p><p>Exercício funcional</p><p>ilegalmente antecipado ou</p><p>prolongado</p><p>Funcionário que continua</p><p>exercendo o cargo mesmo</p><p>depois de oficialmente</p><p>exonerada.</p><p>Exercício arbitrário das</p><p>próprias razões</p><p>Sujeito que resolve não</p><p>procurar o judiciário e fazer</p><p>justiça com as próprias mãos</p><p>para obter aquilo que acha</p><p>devido. Subtrair objetos do</p><p>devedor de alimentos</p><p>inadimplentes, em vez de</p><p>promover a competente</p><p>execução.</p><p>Abandono de função:</p><p>abandonar cargo público,</p><p>fora dos casos permitidos em</p><p>lei: se o fato ocorre em lugar</p><p>compreendido na faixa de</p><p>fronteira.</p><p>Detenção</p><p>1 a 3 anos</p><p>E</p><p>Multa</p><p>Violência arbitrária Praticar violência física ou</p><p>moral.</p><p>Detenção</p><p>6 meses a 3 anos</p><p>Além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>Violação de sigilo funcional</p><p>Detenção</p><p>6 meses a 2 anos</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>Violação de sigilo funcional:</p><p>permite ou facilita, mediante</p><p>atribuição, fornecimento e</p><p>empréstimo de senha ou</p><p>qualquer outra forma, o</p><p>acesso de pessoas não</p><p>autorizadas a sistemas de</p><p>informações ou banco de</p><p>dados da Administração</p><p>pública.</p><p>Se utiliza, indevidamente, do</p><p>acesso restrito.</p><p>Desacato</p><p>Palavras, gestos, ameaças,</p><p>vias de fato, agressão ou</p><p>qualquer outro meio que</p><p>evidencie a intenção de</p><p>desprestigiar o funcionário</p><p>público. Xingar o policial que</p><p>o está multando. Rasgar</p><p>mandado de intimação</p><p>entregue pelo oficial de</p><p>Justiça e atirá-lo ao chão.</p><p>Passar a mão no rosto do</p><p>policial.</p><p>Impedimento, perturbação</p><p>ou fraude de concorrência</p><p>Agente que procurar afastar</p><p>concorrente ou licitante por</p><p>meio de violência, grave</p><p>ameaça, fraude ou</p><p>oferecimento de vantagem.</p><p>Ou quem deixa de concorrer</p><p>ou licitar, em razão de</p><p>vantagem oferecida.</p><p>Violação de sigilo funcional:</p><p>se da ação ou omissão</p><p>resulta dano à Administração</p><p>Reclusão</p><p>2 a 6 anos</p><p>E</p><p>pública ou a outrem. Multa</p><p>Usurpação de função pública</p><p>se do fato o agente aufere</p><p>vantagem</p><p>O sujeito assume uma função</p><p>pública, vindo a executar atos</p><p>inerentes ao ofício,</p><p>recebendo remuneração,</p><p>sem que tenha sido aprovado</p><p>em concurso ou nomeado</p><p>para tal função.</p><p>Reclusão</p><p>2 a 5 anos</p><p>E</p><p>Multa</p><p>Tráfico de influência Auto-escola que cobra dos</p><p>alunos “caixinhas” para</p><p>aprovação em exame de</p><p>motorista e alega que elas</p><p>serão dadas aos</p><p>examinadores.</p><p>Sonegação de contribuição</p><p>previdenciária</p><p>Resistência Violência ou ameaça</p><p>empregada contra</p><p>funcionário ou terceiro que o</p><p>auxilia na execução de ato</p><p>legal.</p><p>Detenção</p><p>2 meses a 2 anos</p><p>Resistência: se o ato, em</p><p>razão da resistência, não se</p><p>executa.</p><p>Reclusão</p><p>1 a 3 anos</p><p>Desobediência Gerente de banco que recebe</p><p>determinação judicial</p><p>requisitando informações</p><p>bancárias e não atende.</p><p>Detenção</p><p>15 dias a 6 meses</p><p>E</p><p>Multa</p><p>Inutilização de edital ou sinal Detenção</p><p>1 mês a 1 ano</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>Subtração ou inutilização de</p><p>livro ou documento</p><p>Reclusão</p><p>2 a 5 anos</p><p>se o fato não constitui crime</p><p>mais grave.</p><p>Comunicação falsa de crime</p><p>ou de contravenção</p><p>Comunicar o “furto” de um</p><p>carro para receber o valor do</p><p>seguro e depois vender o</p><p>carro. Comunicar falsamente</p><p>a ocorrência de crime ou</p><p>contravenção, não</p><p>apontando qualquer pessoa</p><p>como responsável por eles</p><p>ou então apontando pessoa</p><p>que não existe.</p><p>Detenção</p><p>1 a 6 meses</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>Auto-acusação falsa Preso já condenado por</p><p>vários crimes assume a</p><p>autoria de crime que não</p><p>cometeu para livrar outra</p><p>Detenção</p><p>3 meses a 2 anos</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>pessoa da cadeia.</p><p>Falso testemunho ou falsa</p><p>perícia</p><p>A testemunha alega ter</p><p>presenciado um crime que</p><p>realmente ocorreu, mas na</p><p>verdade, não presenciou a</p><p>prática do delito.</p><p>Reclusão</p><p>3 meses a 2 anos</p><p>Ou</p><p>Multa</p><p>Corrupção ativa de</p><p>testemunha, perito,</p><p>contador, tradutor ou</p><p>intérprete</p><p>Reclusão</p><p>3 a 4 anos</p><p>E</p><p>Multa</p><p>Exercício arbitrário das</p><p>próprias razões: Tirar,</p><p>suprimir, destruir ou</p><p>danificar coisa própria, que</p><p>se acha em poder de terceiro</p><p>por determinação judicial</p><p>(penhora, depósito) ou</p><p>convenção (penhor, aluguel,</p><p>comodato)</p><p>Detenção</p><p>6meses a 2 anos</p><p>E</p><p>multa</p>