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Etapa Ensino Fundamental Anos Finais Guerra do Paraguai - Análise de fontes 8º ANO Aula 24 – 3º Bimestre História • Narrativas históricas; • Guerra do Paraguai; • Abolicionismo. • Compreender as diferentes narrativas históricas sobre a Guerra do Paraguai; • Analisar a obra A batalha do Avaí, de Pedro Américo, e identificar as questões políticas brasileiras representadas nela; • Analisar charges publicadas na época da Guerra do Paraguai e interpretar as intenções e críticas presentes nelas. Conteúdo Objetivos Para começar https://www.youtube.com/watch?v=g_z2tfi-ME4 Vamos assistir a um vídeo para fazer uma atividade: https://www.youtube.com/watch?v=g_z2tfi-ME4 Para começar O vídeo mostra que existem várias narrativas em relação à Guerra do Paraguai (1864-1870). Um dos exemplos disso é que o conflito é chamado de maneiras diferentes. Na Argentina e no Uruguai, chamam-na de “Guerra da Tríplice Aliança”, e os paraguaios a chamam de “A Grande Guerra”, por ter sido um conflito que impactou o Paraguai muito negativamente. Considerando o vídeo e o que aprendemos nas aulas anteriores sobre a Guerra do Paraguai, levante a mão se quiser responder: como as motivações e os interesses dos países da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) na Guerra do Paraguai se relacionavam com as disputas territoriais e comerciais na região da bacia do Prata? Para começar Correção Como as motivações e os interesses dos países da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) na Guerra do Paraguai se relacionavam com as disputas territoriais e comerciais na região da bacia do Prata? RESPOSTA ESPERADA: Os países da Tríplice Aliança, como o Brasil, a Argentina e o Uruguai, uniram-se na Guerra do Paraguai em razão de várias motivações e interesses. Um dos principais motivos foi a disputa territorial e comercial na região da bacia do Prata. Eles buscavam controlar as rotas fluviais e os recursos naturais dessa região estratégica. Além disso, havia rivalidades políticas e econômicas entre os países vizinhos. Foco no conteúdo Uma disputa entre narrativas Devemos lembrar que, ao longo da história, a humanidade passou por muitos conflitos, divisões, revoluções e guerras. E esses momentos foram pensados a partir de diferentes perspectivas, tendo sido criadas várias narrativas históricas sobre eles. As diferentes interpretações da história levam à construção de diferentes narrativas. O ato de narrar, contar e recontar fatos que já aconteceram constitui-se enquanto tentativa de responder às questões relacionadas a como e por que determinadas circunstâncias do passado aconteceram. Foco no conteúdo A guerra mais longa e destrutiva da história da América do Sul foi a Guerra do Paraguai. O conflito foi extensivamente discutido pela historiografia de vários países, sendo ele também chamado de “Guerra da Tríplice Aliança” e de “Grande Guerra”, e as diferentes narrativas historiográficas o analisam de maneira diferente. A bacia do Prata em 1864. As áreas sombreadas são os territórios disputados entre Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil Foco no conteúdo O sentimento nacional Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, o Brasil colonial, antes da chegada da corte portuguesa, não cultivava uma ideia de pátria brasileira, pois havia apenas capitanias sem unidade política e econômica. O sentimento de união nacional, que ajudou a construir nossa identidade, foi, segundo o historiador, gerado na Guerra do Paraguai, pois nenhum acontecimento político anterior tinha envolvido uma parte tão grande da população. Tropas brasileiras em Nueva Palmira, Uruguai, 1865, início do conflito Foco no conteúdo A partir do momento em que as batalhas começaram a ser vencidas, houve a divulgação de informações sobre as tropas e batalhas vitoriosas pelos jornais, o que enalteceu um entusiasmo em relação à pátria. Dom Pedro II passou a ser colocado como o líder da nação, acalmando as divergências dos partidos “liberal” e “conservador” pelo “bem comum” do país. Ao longo das últimas aulas, discutimos diferentes versões sobre a Guerra do Paraguai. Na aula de hoje, vamos investigar mais sobre esses processos por meio da análise de fontes que representaram a época! Foco no conteúdo A batalha do Avaí A batalha do Avaí ocorreu em 11 de dezembro de 1868 e foi uma das batalhas mais sangrentas da Guerra do Paraguai. A pintura de Pedro Américo é um documento histórico que expõe um testemunho sobre os impactos do conflito no Brasil imperial, evidenciando os ideais que eram pregados em seu apogeu e anunciando o começo de seu declínio. • APOGEU: o ponto mais alto ou o ápice de algo. Pode ser utilizado para descrever o momento em que algo atinge o seu ponto máximo de desenvolvimento, sucesso ou influência. Foco no conteúdo Em 1872, o Império brasileiro encomendou aos dois mais famosos pintores brasileiros da época, Victor Meirelles e Pedro Américo, a produção de dois quadros monumentais “de assunto da história pátria” para a 25ª Exposição Geral de Belas Artes, em 1877. Nessa pintura de 50 metros quadrados, Pedro Américo abordou questões centrais da política brasileira naquele momento histórico: a violência da Guerra do Paraguai, a presença de negros libertos no conflito e o lugar do exército na política brasileira. • MONUMENTAL: algo de grande tamanho, imponência ou importância; grandioso, imponente ou digno de admiração e destaque. Foco no conteúdo Análise da obra No canto esquerdo da tela, aparecem dois líderes do exército brasileiro, Duque de Caxias e Conde d’Eu, observando de cima de um monte, com seus binóculos, a batalha. À frente desses líderes, é perceptível a presença de soldados paraguaios em gesto de súplica. O exército brasileiro é representado como a parte “civilizada” e organizada e, do outro lado, os paraguaios são representados como “bárbaros” e excessivamente violentos. Detalhe da obra que apresenta o Conde d’Eu e o Duque de Caxias observando a batalha Foco no conteúdo • CIVILIZAÇÃO: termo utilizado para caracterizar uma sociedade complexa que se evidencia pelo desenvolvimento de instituições políticas, econômicas, sociais e culturais avançadas. • BARBÁRIE: termo utilizado enquanto antônimo de “civilização” para descrever a ausência dela, caracterizada por atos de selvageria, destruição e falta de desenvolvimento social. Detalhe da obra que enfatiza a violência dos soldados paraguaios em relação ao soldado brasileiro Foco no conteúdo Em meio às cenas conflituosas na obra em diversos pontos da tela, Pedro Américo se representou em um batalhão que continha soldados brancos e negros. Nesse momento político, a escravidão era colocada em questão. A obra foi muito criticada e considerada muito violenta e abolicionista, tendo sido contestado o fato de ela ter representado soldados negros em atitudes heroicas. Autorretrato de Pedro Américo (olhando em direção ao espectador) em meio a um batalhão com soldados brancos e negros Foco no conteúdo Pinturas históricas As chamadas “pinturas históricas” são obras de arte que pretendem registrar acontecimentos históricos de um país. Elas costumam representar eventos importantes, geralmente exagerando glórias ou massacres nacionais. As pinturas desse tipo são geralmente encomendadas e compostas por muitas figuras em uma mesma imagem e evidenciam algum tipo de ação. A obra Independência ou Morte é outra pintura histórica que foi encomendada a Pedro Américo e finalizada em 1888 Foco no conteúdo Elas geralmente possuem grandes dimensões e, por trás da feitura dessas representações, existe a intenção de fazer com que se tornem símbolos de um determinado momento histórico, passando a ser percebidas enquanto referências desses eventos do passado. As guerras são, por excelência, o grande tema das pinturas históricas. A obra A batalha do Avaí tem 50 metros quadrados e, por isso, é vista como uma pintura históricade escala monumental Foco no conteúdo Dom Pedro II preocupava-se muito com a forma como o Império brasileiro era visto. Isso está relacionado ao fato de ele ter financiado a produção dos artistas da Academia Imperial de Belas Artes. Durante o Segundo Reinado, os artistas ajudaram a construir a memória em relação aos eventos da história do país, criando uma narrativa cultural da história brasileira. No caso de A batalha do Avaí, a grande tela confiada a Pedro Américo deveria evidenciar a história de um Império que tentava redimir sua imagem para sobreviver às consequências políticas trazidas pela Guerra do Paraguai. Na prática Após ter analisado a obra A batalha do Avaí, de Pedro Américo, juntamente com seu professor, vire e converse com seu colega: A obra de Pedro Américo trata de questões importantes relacionadas à política brasileira no período da Guerra do Paraguai. Quais seriam essas pautas, por que eram importantes e como elas estão representadas na tela? Na prática RESPOSTA ESPERADA: A valorização do exército brasileiro é representada pelos altos oficiais, como o Duque de Caxias, na cena. Os soldados brasileiros são representados uniformizados, geralmente montados a cavalo e com trajes militares inspirados nos grandes exércitos europeus. A responsabilização do Paraguai enquanto causador do conflito é evidenciada na representação dos soldados paraguaios com feições agressivas, no chão, sem uniformes e, por vezes, desnudos, sendo sempre colocados em meio a atos covardes ou de extrema violência. A presença de um autorretrato do pintor, lutando ao lado dos negros que haviam sido escravizados, que foram representados em combate e em poses heroicas, também dialoga com o avanço dos ideais abolicionistas que ocorria naquele momento. Correção Aplicando Todo mundo escreve! Para ver se fixamos o conteúdo, vamos analisar agora duas charges produzidas na Guerra do Paraguai: Durante a Guerra do Paraguai, os jornais em Assunção chamavam os soldados brasileiros de “los macaquitos”. “Três macacos”: o Imperador, Tamandaré e Polidoro. Xilogravura de Alejandro Ravizza, caricatura do Jornal Paraguaio El Centinela de 1867 Aplicando Charge de Ângelo Agostini “De volta do Paraguai”, publicada no jornal Vida Fluminense em junho de 1870). Na representação, um negro combatente e condecorado, que já tinha sido escravizado, vê sua própria mãe no tronco ao voltar da guerra. No final da Guerra, as tropas brasileiras haviam diminuído, e o governo imperial exigiu que cada província enviasse 1% de sua população ao conflito. Como forma de fugir da convocação, muitos proprietários mandavam, em seu lugar, seus escravizados e os libertavam. Aplicando Após ter analisado as imagens e com base no que estudamos até o momento, escreva uma resposta para os questionamentos a seguir: a) Qual é a intenção do jornal em trazer uma representação do imperador Dom Pedro II e de dois aliados seus, o Marquês de Tamandaré (Joaquim Marques Lisboa) e o Visconde de Santa Teresa (Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão) dessa maneira? O que a imagem evidencia acerca da visão dos paraguaios em relação aos brasileiros? b) Qual é a crítica contida na imagem sobre a atuação de negros na Guerra do Paraguai? Como isso está relacionado às discussões sociais no Brasil naquele contexto? Todo mundo escreve! Aplicando Correção a) Qual é a intenção do jornal em trazer uma representação do imperador Dom Pedro II e de dois aliados seus, o Marquês de Tamandaré (Joaquim Marques Lisboa) e o Visconde de Santa Teresa (Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão) dessa maneira? O que a imagem evidencia acerca da visão dos paraguaios em relação aos brasileiros? RESPOSTA ESPERADA: A charge representa, pejorativamente, o imperador Pedro II e seus aliados como “los macaquitos”. Isso evidencia uma visão comum no período de que a população negra seria “inferior”. Nesse contexto, muitos negros, que haviam sido anteriormente escravizados, passaram a atuar a favor do Império brasileiro na linha de frente das batalhas da Guerra do Paraguai. A imagem é uma evidência de que os paraguaios viam os brasileiros como inferiores. Aplicando Correção b) Qual é a crítica contida na imagem sobre a atuação de negros na Guerra do Paraguai? Como isso está relacionado às discussões sociais no Brasil naquele contexto? RESPOSTA ESPERADA: A charge do cartunista Ângelo Agostini denuncia a tortura a que os escravizados ainda eram submetidos naquele contexto. Ela evidencia a contradição de o exército brasileiro ter se apoiado no esforço da população negra, mostrando um soldado, tão importante para a conquista da vitória no conflito, retornando da Guerra e se deparando com a mesma realidade escravocrata que existia antes de ele ter ido para o conflito. A crítica dialoga com o avanço das críticas abolicionistas que ocorreu naquele momento. O que aprendemos hoje? • Exploramos as diversas perspectivas e interpretações históricas da Guerra do Paraguai; • Identificamos questões da política brasileira representadas na obra A batalha do Avaí, relacionadas ao avanço dos ideais abolicionistas no final do Segundo Reinado; • Interpretamos as intenções e críticas presentes em duas charges produzidas na época da Guerra do Paraguai, sendo uma paraguaia e outra brasileira. Tarefa SP Localizador: 99388 1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br 2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”. 3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”. 4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca. 5. Clique em “Procurar”. Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/ http://tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br/ http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/ Referências CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. LEMOV, D. Aula Nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2018. SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Currículo Paulista: Etapas Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo, 2019. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação. Coordenadoria Pedagógica – COPED. São Paulo, 2023. SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Referências Lista de imagens e vídeos Slide 3 – https://www.youtube.com/watch?v=g_z2tfi-ME4 Slide 7 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai#/media/Ficheiro: Territorial_disputes_in_the_Platine_region_in_1864.svg Slide 8 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:GuerradoParaguai1866_70_c earenses.jpg Slides 10, 11, 13, 14, 15 e 17 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Americo-ava%C3%AD.jpg https://www.youtube.com/watch?v=g_z2tfi-ME4 https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai#/media/Ficheiro:Territorial_disputes_in_the_Platine_region_in_1864.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai#/media/Ficheiro:Territorial_disputes_in_the_Platine_region_in_1864.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:GuerradoParaguai1866_70_cearenses.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:GuerradoParaguai1866_70_cearenses.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Americo-ava%C3%AD.jpg Referências Lista de imagens e vídeos Slide 16 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_ou_Morte_(Pe dro_Am%C3%A9rico)#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_- _Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg Slide 21 – http://bibliotecanacional.gov.py/hemeroteca/el- centinela-1867/ Slide 22 – http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/vida_fluminens e/vida_fluminense_1870/128.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_ou_Morte_(Pedro_Am%C3%A9rico)#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_ou_Morte_(Pedro_Am%C3%A9rico)#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpghttps://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_ou_Morte_(Pedro_Am%C3%A9rico)#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg http://bibliotecanacional.gov.py/hemeroteca/el-centinela-1867/ http://bibliotecanacional.gov.py/hemeroteca/el-centinela-1867/ http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/vida_fluminense/vida_fluminense_1870/128.pdf http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/vida_fluminense/vida_fluminense_1870/128.pdf Material Digital Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31