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ACESSE AQUI ESTE MATERIAL DIGITAL! ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT DANIELA CARLA SIDINEI SILVÉRIO DA SILVA ECONOMIA E MERCADO Coordenador(a) de Conteúdo Carla Eunice Gomes Correa Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Silva Revisão Textual Carolina Guimaraes Branco Elias Jose Lascoski Fotos Shutterstock, Freepik e Envato Impresso por: Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). 208 p. ISBN papel 978-65-6083-488-0 ISBN digital 978-65-6083-487-3 1. Economia 2. Mercado 3. EaD. I. Título. CDD - 330 EXPEDIENTE FICHA CATALOGRÁFICA Núcleo de Educação a Distância. BOECHAT, Andréia Moreira da Fonseca; CARLA, Daniela Carla; SILVA, Sidinei Silvério. Economia e mercado / Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Daniela Carla, Sidinei Silvério da Silva. - Florianópolis, SC: Arqué, 2023. N964 RECURSOS DE IMERSÃO Utilizado para temas, assuntos ou con- ceitos avançados, levando ao aprofun- damento do que está sendo trabalhado naquele momento do texto. APROFUNDANDO Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de filmes que se conectam com o tema do conteúdo. INDICAÇÃO DE FILME Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de livros que agregarão muito na sua vida profissional. INDICAÇÃO DE LIVRO Utilizado para desmistificar pontos que possam gerar confusão sobre o tema. Após o texto trazer a explicação, essa interlocução pode trazer pontos adicionais que contribuam para que o estudante não fique com dúvidas sobre o tema. ZOOM NO CONHECIMENTO Este item corresponde a uma proposta de reflexão que pode ser apresentada por meio de uma frase, um trecho breve ou uma pergunta. PENSANDO JUNTOS Utilizado para aprofundar o conhecimento em conteúdos relevantes utilizando uma lingua- gem audiovisual. EM FOCO Utilizado para agregar um con- teúdo externo. EU INDICO Professores especialistas e con- vidados, ampliando as discus- sões sobre os temas por meio de fantásticos podcasts. PLAY NO CONHECIMENTO PRODUTOS AUDIOVISUAIS Os elementos abaixo possuem recursos audiovisuais. Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 3 143U N I D A D E 3 INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL 144 ECONOMIA E GLOBALIZAÇÃO 164 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE 182 7U N I D A D E 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA 8 CLASSIFICAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS 30 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 50 75U N I D A D E 2 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA: EQUILÍBRIO DE MERCADO 76 TEORIA DA MACROECONOMIA 98 POLÍTICAS ECONÔMICAS 120 5 SUMÁRIO UNIDADE 1UNIDADE 1 MINHAS METAS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA Estudar o significado de economia. Citar conceitos econômicos fundamentais. Definir conceitos como recursos, oferta, demanda e outros. Descrever o significado de economia. Explicar os conceitos econômicos fundamentais. Compreender os fundamentos econômicos. Refletir sobre os papéis da Economia. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1 8 INICIE SUA JORNADA Estudante, este é um tema muito importante para o entendimento da disciplina, pois nele você conhecerá os fundamentos econômicos que darão suporte às to- madas de decisão que fazem parte do dia a dia de todos os profissionais. Para isso, iremos estudar o significado de economia, em outras palavras, o que, de fato, as ciências econômicas estudam. Tenho certeza de que muitos irão se surpreender, pois muitas pessoas acreditam que economia ensina a economizar ou mesmo a investir na bolsa de valores, o que não é real. A economia envolve muito mais do que simples variáveis, ela é a grande responsável por alocar, ou seja, distribuir, os recursos, que são limitados, entre as pessoas. Ainda no primeiro tópico veremos os princípios básicos que a regem. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur- sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO DESENVOLVA SEU POTENCIAL SIGNIFICADO DE ECONOMIA Começaremos nossa disciplina entendendo o significado de economia. Você certa- mente já se deparou com algumas situações econômicas em seu dia a dia e ficou curio- so para entender um pouco mais dos motivos pelos quais determinados fenômenos ocorrem e as possíveis soluções para cada um dos problemas. Problemas como: • variações na demanda; • redução na oferta; • desemprego; • inflação; • alterações na taxa de câmbio; • carga tributária; • aumento da taxa de juros. 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Esses são alguns problemas que a economia estuda. Agora que você já relem- brou algumas questões econômicas, deve estar se perguntando: mas o que de fato é economia? Em termos etimológicos, a palavra economia vem do grego: oikós (casa) + nomos (norma, lei) = “administração da casa”. É isso mesmo, a economia funciona da mesma maneira que a nossa casa: tra- balhamos para receber um salário, dividimos nossa renda para pagar as contas, procuramos viver na maior harmonia possível, caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, pegamos empréstimos, se sobrar dinheiro, fazemos investimentos etc. Da mesma forma que ocorre em uma em- presa e em um país. O que difere é que na economia estudamos os diferentes tipos de sistemas econômicos que administram seus recursos, com a finalidade de produzir bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades da população (PASSOS; NOGAMI, 2012). Então, podemos definir economia como sendo uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades ilimitadas ou desejos humanos. ZOOM NO CONHECIMENTO oikós (casa) + nomos (norma, lei) = “administração da casa” A partir da definição de economia, não podemos deixar de fazer duas observa- ções: você percebeu que as palavras “recursos escassos” e “necessidades ilimita- das” estão em negrito? Isso porque são dois conceitos que precisam ficar muito claros para o entendimento da economia. As palavras recursos escassos estão em negrito, pois a escassez, que pode ser definida como a situação em que os recursos são limitados, é a escassez variável culpada por todos os problemas econômicos. Então, podemos afirmar que a economia tem como objeto de estudo a escas- sez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia, ou se as necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que todas as necessidades seriam satisfeitas. Assim, só existe a economia porque precisamos distribuir os recursos produtivos escassos ou limitados, de forma que satisfaça todas ou a maior parte possível das necessidades humanas. 1 1 É importante observar que a escassez está relacionada a diversas variáveis, como tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima, mão de obra, seja especializada ou não, dentre outras; por esse motivo, está presente em todas as economias, seja em países ricos, como os Estados Unidos — que é a maior economia do mundo —, seja em países em desenvolvimento, como os países do continente africano. Por exemplo, talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção de bens agrícolas, mas no Japão tem; por outro lado,no Brasil falta tecnologia e no Japão não. Compreendeu o funcionamento da escassez? Espero que sim, pois esta é a base de todo o estudo da economia. PENSANDO JUNTOS As necessidades ilimitadas estão destacadas, pois, diferente da escassez, os de- sejos humanos são ilimitados, ou seja, nunca terminam. Por exemplo, temos R$ 50,00 para ir ao shopping comprar uma blusa. Chegando lá, compramos uma blusa, mas logo desejamos uma calça ou uma bolsa e assim sucessivamente. Sem falar nas necessidades básicas, como alimentação e moradia. Lembre-se que a economia estuda o todo/agregada, assim, mesmo que uma pessoa não tenha, individualmente, desejos ilimitados ou que todas suas necessidades sejam satis- feitas, na economia como um todo não é assim que funciona. Resumindo, temos um sério problema quando: 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Recursos Escassos X Necessidades Humanas Ilimitadas Escassez de bens Problema! Mais uma vez, caso os recursos forem escassos, mas as necessidades humanas fossem limitadas, não teríamos problema, ou se os recursos fossem ilimitados e as necessidades humanas também, não haveria problema. O grande problema é quando os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas. “A economia é a ciência da escassez ou das escolhas". (Judas Tadeu Grassi Mendes) Com base no que discutimos até agora, é possível perceber que a Ciência Econô- mica procura responder, mesmo que de forma parcial, questões como: ■ Como os preços são determinados? ■ Como reduzir a inflação? ■ Como melhorar a distribuição de renda de um país? ■ Como fazer com que aumente o número de empregos? ■ Quais são as funções do governo? ■ Por que uma crise internacional afeta a economia nacional? Figura 1 - Fluxograma / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxograma por meio de setas. O fluxograma começa com Recursos escas- sos X Necessidades humanas ilimitadas, gerando escassez de bens e, em consequência, problema. Fim da descrição. 1 1 PRINCÍPIOS DE ECONOMIA Você já conhece o significado de economia e seu objeto de estudo, que é a escas- sez. Agora, discutiremos as dez ideias centrais que regem a economia. Mankiw (2012) dividiu os dez princípios da economia em três grupos: como as pessoas tomam decisões, como as pessoas interagem e como a economia funciona. Grupo 1: como as pessoas tomam decisões O comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que dela fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de deci- são individual. Princípio 1: as pessoas enfrentam trade-offs. Para começarmos a discutir o primeiro princípio, é importante que você saiba o que a expressão trade-off significa para a economia. Tra-deoff é uma situação de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando outros; por exemplo: uma forma de fazer com que um país cresça é aquecendo a demanda, porém, ao aumentar a demanda, os preços sobem e geram inflação. Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentasse, acabou por fazer com que a taxa de inflação também aumentasse. Nesse caso, existe um trade-off entre crescimento e inflação. 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 A situação apresentada anteriormente reflete a tomada de decisão, ou seja, “nada é de graça”, como diz o provérbio. Na economia, nada é de graça também, pois sempre que queremos alguma coisa, precisamos abrir mão de outra coisa que gostamos. Assim, precisamos tomar decisões, fazer escolhas e renunciar a algo em decorrência de outro objetivo. Neste momento, por exemplo, você dedicou, digamos, duas horas do seu dia para estudar a disciplina Economia e Sociedade, para isso, você teve que abrir mão de out- ra atividade, como ver televisão, porém você tem outra escolha, você pode dividir as duas horas entre estudar e ver televisão, neste caso, você estará abrindo mão de uma hora de estudo para assistir uma hora do seu programa favorito. Essa foi sua escolha. PENSANDO JUNTOS Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos trade-offs e precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar decisões a toda hora. Princípio 2: o custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la. Como enfrentamos diversos trade-offs, ao tomar decisão é necessário compa- rar os custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível, porém nem sempre o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser avaliado. A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que é definido por Mankiw (2012) como aquilo de que você abre mão para obter outro item. Nesse exemplo, você abriu mão de parte do seu salário, de hoje, para pagar a mensalidade e de parte do seu dia, para estudar, em função de cursar uma graduação para ter, futuramente, aumento salarial, novas oportunidades de em- prego e aumento de seu conhecimento. APROFUNDANDO Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as situações de escolha. Nós sempre precisamos levar em consideração, ao tomar uma decisão, do que estamos abrindo mão, ou seja, custos e benefícios daquela ação, bem como a empresa e o governo que também precisam analisar o custo de oportunidade sempre. 1 1 Princípio 3: as pessoas racionais pensam na margem. Para a economia, as pessoas são racionais, ou seja, são capazes de fazer o máximo para alcançar seus objetivos, sempre de forma direta e sistemática, a partir das oportunidades que surgem, porém uma pessoa racional sabe que imprevistos surgem e, como são racionais, são capazes de fazer pequenos ajus- tes em seu plano de ação, o que é chamado de mudança marginal. Então, uma pessoa racional compara, ao tomar decisão, o custo marginal com o benefício marginal daquela ação. Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os princípios até aqui explicados, mas com um exemplo ficará mais fácil. Imagine uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo custa à empresa 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos por 200 lugares, o que dá 500 reais; ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de R$ 500,00, porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com dez lugares vagos e os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem. PENSANDO JUNTOS A empresa venderá a este valor, pois o custo marginal desses dez passageiros é muito pequeno, quase insignificante e esses passageiros irão consumir alimentos a bordo, o que mostra o custo marginal. Princípio 4: as pessoas reagem a incentivos. Dado que pessoas racionais tomam decisões comparando o custo com o benefício daquela ação, o incentivo exerce papel fundamental para essa escolha, pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa racional aja; por exemplo quando o preço da alface aumenta, as pessoas irão reduzir o consumo dessa verdura e substituí-la por outra, como a chicória. A mesma situação acontece quando o governo implementa uma política pú- blica. A nova política pública, por exemplo, o aumento da taxa de juros, irá alterar o comportamento das pessoas e isso deve ser levado em consideração. Terminamos aqui nossa discussão sobre o primeiro grupo de princípios bá- sicos da economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas decisões. Esses princípios são importantes em nossa disciplina, já que estamos falando em tomada de decisão. 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Grupo 2: como as pessoas interagem Vimos de que forma as pessoas tomam decisões, porém sabemos que, muitas vezes, uma decisão nossa afeta a vida de outras pessoas, ou seja, nós interagimos com os demais. Neste grupo, discutiremos três princípios que dão suporte a como as pessoas interagem. Princípio 5: o comércio pode ser bom para todos. A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são con- correntes é equivocada, pois, apesar de as empresas concorrerem por clientes, o comércio entre os paísesé bom para todos. Isso acontece em razão de o país A se especializar em um determinado bem, exportar este bem e importar ou- tro bem que necessita, mas que não é especialista. Então, os países dependem uns dos outros. VOCÊ SABE RESPONDER? Qual foi um trade-off importante que você enfrentou recentemente na sua vida profissional? Sua escolha foi racional? Você levou em consideração os custos e benefícios da sua ação? Princípio 6: os mercados são, geralmente, uma boa maneira de organizar a atividade econômica. Hoje, sabemos que a forma mais eficiente de organizar a atividade econômica é por meio do próprio mercado, ou seja, da chamada economia de mercado. Esta 1 1 é definida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca recursos por meio das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando estas interagem nos mercados de bens e serviços. Nesse caso, a economia é controlada via pre- ços. O comprador verifica o preço ao determinar a demanda por bens e serviços e os vendedores analisam o preço ao decidir a oferta. O preço for- mado pela relação entre demanda e oferta reflete o preço de mercado por bens, serviços e o custo da manufatura, no entanto é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos, tomar medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas como impostos, subsídios, dentre outras. Princípio 7: às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercados. Como discutido no Princípio 6, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços, porém o governo tem papel importante, mesmo em eco- nomias de mercado. O papel do governo é fazer com que as regras sejam cumpridas, garantindo o chamado direito de propriedade, essa garantia se dá mediante as instituições. Direito de propriedade é definido por Mankiw (2012) como a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre recursos escassos. O direito de propriedade é um incentivo para empresas e famílias produzirem. Além de garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia de mercado, para garantir a eficiência e promover a igualdade, já que o mercado sozinho nem sempre consegue fazer. Com relação à eficiência, os mercados nem sempre conseguem alocar os recursos de forma eficiente, gerando as chamadas falhas de mercado. As falhas de mercado acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado. Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta o bem-estar de outros. Já o poder de mercado é a capacidade de um ou um grupo de agentes eco- nômicos influenciar os preços de mercado de forma significativa. Com relação à igualdade, é dever do governo promover políticas públicas que procuram dar as mesmas condições a todos os agentes econômicos. Nesse caso, a economia é controlada via preços 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Grupo 3: como a economia funciona. Os dois grupos de princípios da economia, que discutimos juntos, formam o terceiro grupo, “como a economia funciona”, pois o modo como os agentes tomam decisões e interagem formam a economia. Princípio 8: o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços. Sabemos que existe grande diferença no padrão de vida dos países e essas mu- danças no padrão de vida, ao longo do tempo, também variam. Esse fato é ex- plicado pela produtividade, ou melhor, pela diferença entre a produtividade dos países. Por produtividade entende-se a quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra (MANKIW, 2012). APROFUNDANDO Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida também é maior. Países com produtividade baixa tendem a ter um padrão de vida menor. Neste caso, cabe ao governo implementar políticas públicas que procuram au- mentar a produtividade do país. Princípio 9: os preços sobem quando o governo emite moeda demais. Inflação é definida como o aumento contínuo e generalizado de preços. Dessa forma, quando o governo emite moeda, teremos mais moeda em cir- culação, dando a impressão, para a população, de aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços, fazendo com que os preços subam. Além disso, quando o governo emite moeda o valor dela diminui, gerando aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem como outro qualquer. Princípio 10: a sociedade enfrenta um trade-off de curto prazo entre inflação e desemprego. O aumento da quantidade de moeda em circulação estimula o nível geral de consumo e, assim, há aumento na demanda por bens e serviços. O aumento da demanda pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos seus bens e serviços, gerando inflação. Inflação é definida como o aumento contínuo e generalizado de preços 1 8 CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Neste subtema, iremos discutir alguns conceitos econômicos básicos e funda- mentais para o entender da disciplina e da economia como um todo. Você irá perceber que são conceitos fáceis de compreensão e que fazem parte do nosso dia a dia, porém não esqueça que todos os conceitos que iremos discutir estão relacionados com os princípios básicos da economia. Vamos lá? As questões econômicas fundamentais Após entender o conceito e o objeto de estudo da economia, podemos afirmar que qualquer economia, independentemente de ser rica ou pobre, capitalista ou socialista, industrializada ou em processo de industrialização, procura responder às seguintes perguntas: ■ O que produzir? ■ Quanto produzir? ■ Para quem produzir? ■ Como produzir? Vamos entender cada uma dessas perguntas? “O QUE PRODUZIR?” Significa definir quais bens e serviços a economia irá fabricar. Esta não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não podemos produzir tudo que desejamos ou que precisamos, em outras palavras, aumentar a produção de um determinado bem significa reduzir a quantidade produzida de outros bens. Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem de ser definida a quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo do produto. “PARA QUEM PRODUZIR?” É a renda desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de merca- dorias que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram, que quem irá influenciar a decisão da empresa/país são os consumidores. 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Curva de possibilidade de produção e custo de oportunidade Como discutimos, a economia está ligada ao problema da escolha, já que os recur- sos produtivos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas, em outras palavras, é imposta aos agentes econômicos uma escolha para a produção/consu- mo de diversos tipos de bens e serviços. Para entender melhor como a escolha é feita, vamos supor a seguinte situação hipotética para uma determinada economia: “COMO PRODUZIR?” A empresa/país define o melhor processo produtivo, ou seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida, da forma mais eficiente possível. Dado que os recursos produ- tivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e serviços. A) UMA ECONOMIA SÓ PRODUZ DOIS BENS Bem X e bem Y, que você pode, por exemplo, chamar de roupas e alimentos. B) A QUANTIDADE E A QUALIDADE A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são fixas, ou seja, independente de produzir o bem X ou o bem Y, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos serão as mesmas. C) PLENO EMPREGO Existe pleno emprego, ou seja, essa economia produz o máximo que ela pode, dada a quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível. D) TECNOLÓGICO A tecnologia é constante, já que o uso da tecnologia é uma forma de aumentar a pro- dução, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis. 1 1 Após apresentar os pressupostos da economia hipotética, podemos verificar a quantidade de cada bem que poderá ser produzido dado os recursosprodutivos que temos disponíveis. Isso pode ser visto no Quadro 1: BEM QUANTIDADE X (roupas) 180 160 150 130 100 60 Y (alimentos) 10 20 30 40 50 60 Ponto 1 2 3 4 5 6 Caso a economia queira produzir tanto o bem X quanto o bem Y, ela deverá “abrir mão” de determinada quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para produzir 20 unidades de Y, a empresa deverá deixar de produzir 20 unidades de X, ou, para 30 unidades de Y, deverá deixar de produzir 20 unidades de X. Para ficar mais fácil, vamos visualizar essa situação por meio da Figura 2. Figura 2 - Curva das possibilidades de produção ou curva de transformação da situação hipotética apresentada / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: o gráfico mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá produzir dados os fatores de produção limitados. Isso é conhecido como curva das possibilidades de produção ou curva de transformação. Fim da descrição. Quadro 1 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de fatores de produção disponível / Fonte: a autora. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Então, qualquer ponto sobre a curva mostra que a quantidade de bens X e Y que a economia poderá produzir nessa situação está em pleno emprego. Agora, qualquer ponto baixo da curva, como o Ponto 7, que pode ser visto na Figura 3, a economia poderá produzir, porém, caso produza no Ponto 7, a econo- mia é ineficiente e não está em pleno emprego, pois haverá recursos produtivos para produzir mais, em outras palavras, haverá capacidade ociosa. Ainda, analisando a Figura 3, podemos verificar que tem o Ponto 8. Dada a tec- nologia constante, produzir no Ponto 8 é impossível, pois não temos recursos produtivos suficientes, porém existe uma forma de a economia chegar ao Ponto 8, que é por meio da tecnologia. Figura 3 - Pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem traz um gráfico X e Y, no qual X é roupas (milhares) e Y, alimentos (toneladas). O gráfico realça os pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção. Fim da descrição. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção, pois, como já discutimos, podemos produzir mais, dados os mesmos fatores de pro- dução disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva da empresa. APROFUNDANDO 1 1 Essa situação pode ser vista na Figura 4. Figura 4 - Deslocamento da curva das possibilidades de produção dada uma mudança tecnológica / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico X e Y, no qual X é roupas (milhares) e Y, alimentos (tone- ladas). Neste gráfico, a curva das possibilidades de produção está deslocada, devido uma mudança tecnológica. Fim da descrição. No mundo real, pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar mais em direção a um bem do que a outro, isso acontece em razão de os bens não possuírem exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de todos os fatores de produção. Então, o recurso produtivo que seja mais afetado pela tecnologia tende a deslocar mais a curva de transformação. Tudo o que discutimos sobre curva das possibilidades de produção também nos mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de oportunidade, no qual a empresa teve de “abrir mão” de certa quantidade produzida do bem Y em função da produção do bem X. Então, o custo de oportunidade pode ser definido como o sacrifício de se transferir os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou serviço que se deve renunciar para obter outro. É importante observar que só existe custo de oportunidade se a economia esti- ver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos forem plenamente utilizados, como os Pontos de 1 a 6 da Figura 1. 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 EU INDICO O termo custo de oportunidade é muito utilizado na economia, mas por não ser facilmente quantificável, é, muitas vezes, difícil para profissionais de outras áreas compreender. Por este motivo, sugiro o texto Custo de Oportunidade: Oculto na Contabilidade, Nebuloso na Mente dos Contadores. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO NOVOS DESAFIOS Agora, você já sabe exatamente o que é economia e o que essa ciência tão fabulosa estuda. Vimos que a economia vai muito além da ciência que estuda o dinheiro ou como as pessoas fazem investimento. As ciências econômicas têm como foco as escolhas dos agentes econômicos, sempre com o objetivo de gerar bem-estar social, essa escolha é feita porque os recursos produtivos são escassos e as neces- sidades humanas são ilimitadas. Por este motivo, a economia é uma ciência social, e não uma ciência exata, já que, apesar de utilizar alguns instrumentos matemáticos e estatísticos, ela estuda a melhor forma de satisfazer as necessidades da sociedade. Discutimos, também, alguns conceitos econômicos fundamentais que o ajudarão a compreender o fun- cionamento da economia no mundo real, além disso, falamos dos dez princípios econômicos e um pouco sobre os teóricos e seus modelos. 1 1 1. Economia é uma palavra originária da língua grega, sendo a junção de duas outras palavras (oikós, que significa casa e nomos, que pode ser traduzida como norma/lei), então, literal- mente, economia é a “administração da casa”. Com relação ao conceito de economia, assinale a alternativa correta: a) É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos. b) É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos. c) É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos. d) É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos. e) É uma ciência social que trata do estudo da matemática para alocar os recursos ilimita- dos, na produção de bens e serviços, para a geração máxima de lucro. 2. Estudamos alguns conceitos básicos de economia, incluindo seu significado. Com relação ao que foi discutido, podemos afirmar que todos os problemas estudados em economia são originários de uma variável ou situação, que é: a) Desigualdade da distribuição de renda. b) Pouca produção nacional. c) Da escassez de recursos produtivos. d) Da corrupção dos agentes econômicos. e) Da abundância dos recursos produtivos. 1 5 3. Dado que os recursos são escassos, ou seja, são limitados, e as necessidades humanas são ilimitadas, todas as economias, independente do seu grau de desenvolvimento econômico, procuram responder a quatro perguntas básicas. Com relação a essas perguntas, relacione a primeira com a segunda coluna: I - O que produzir? II - Quanto produzir? III - Como produzir? IV - Para quem produzir? a. Público-alvo. b. Variedade de bens e serviços. c. Quantidade. d. Processo produtivo. Marque a alternativa que relaciona corretamente as colunas. a) Ia; IIb; IIIc; IVd. b) Ib; IIa; IIId; IVc. c) Ic; IId; IIIb; IVa. d) Ib; IIc; IIId; IVa. e) Id; IIc; IIIa; IVb. 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 REFERÊNCIAS MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012. VASCONCELOS, A. S.; GARCIA, M. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. D. Introdução à economia. 10. ed. São Paulo: Frase Editora, 2010. 1 8 1. Opção A. 2. Opção C. 3. Opção D. GABARITO 1 9 MINHAS METAS CLASSIFICAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS Estudar bens e consumo. Conhecer um pouco de economia política. Aprofundar conceitos referentes à economia política. Aprender conceitos e temas do sistema capitalistas. Compreender conceitos como empresa, consumidor e outros. Aprofundar conceitos econômicos fundamentais. Conceituar brevemente a microeconomia. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 2 3 1 INICIE SUA JORNADA Faremos uma discussão inicial e básica sobre a economia política. Esta seção é importante para a compreensão dos fundamentos teóricos e ideológicos das ciências econômicas. Ao final deste tema de aprendizagem, você será capaz de compreender con- ceitos econômicos fundamentais que influenciam a sociedade como um todo, seja governo, empresas, consumidores e os outros países. Além disso, você vai conhecer como funcionam as classificações de bens e servi- ços, suas características e os agentes econômicos que influenciam o sistema capitalista. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur- sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO CLASSIFICAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS Bens e serviços podem ser definidos como tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Lembrando que as necessidades humanas são ilimi- tadas e que cada pessoa tem a sua necessidade. Os bens podem ser classificados de duas formas prin- cipais: com relação a sua raridade e com relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser: com relação a sua raridade e com relação a quem os oferta 3 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Os bens econômicos podem ser classificados, quanto a sua natureza, em: a) Materiais – são bens tangíveis e que podem ser estocados. Por exemplo, computador, sapato, roupa etc. Podem ser: • Consumo – bens duráveis e de consumo imediato. Exemplo: roupa. • Intermediário – necessários para fabricação de bens de consumo. Exemplo: matéria-prima. • Capital – permitem produzir bens. Exemplo: máquinas. b) Imateriais ou serviços – são intangíveis, não podem ser estocados e, assim que são consumidos, acabam, como uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria. LIVRES São aqueles bens em que a quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço humano, por esse motivo não têm preço, e a economia não se preocupa com eles, por exemplo, mar, rio, lagoa, oxigênio, dentre outros. ECONÔMICOS São bens e serviços limitados (escassos), têm valor de mercado e precisam de esforço humano para produzi-los, por exemplo, carro, computador, caneta, dentre outros. Os bens e serviços econômicos são os bens estudados pela economia. 3 1 O ticket do metrô é um bem material, pois conseguimos estocar, porém a via- gem feita é um serviço, assim que descemos do metrô, o bem acabou. Os bens e serviços também podem ser classificados de outra forma em relação a quem os oferta. Nesse caso, podem ser: VOCÊ SABE RESPONDER? A partir do que foi discutido sobre bens econômicos materiais e imateriais, farei uma pergunta para você: uma passagem de metrô é um bem material ou um serviço? Públicos São bens ou serviços ofertados pelo governo e têm como características serem não exclusivos e não disputáveis, ou seja, independentemente de quem paga por eles, no caso, por meio de impostos, todos poderão consumir, e o consumo de uma pessoa não exclui o consumo de outra. Por exemplo, a segurança pública e o corpo de bombeiros. Privados São bens ou serviços ofertados pelas empresas e têm como características serem disputáveis e exclusivos, ou seja, só quem pagar pelo bem poderá levá-lo para casa e o consumo de uma pessoa exclui o consumo da outra, como uma roupa ou um alimento. 3 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Veja no Quadro 1 a classificação dos bens quanto a quem os oferta. Conforme podemos ver no Quadro 1, se um determinado bem é não rival e não excludente, ele é um bem público. Caso contrário, é um bem privado. Para ilustrar essa situação, vamos pensar em dois bens, iluminação pública e carro. Primei- ro, sabemos que o mesmo carro não pode ser consumido, no caso, comprado, por duas pessoas diferentes. Neste caso, o seu consumo é rival. Em segundo lugar, o consumo do carro é excludente, pois, se a pessoa não pagar pelo carro, a empresa não venderá. Já no caso da iluminação pública, não é possível uma pessoa ter e a outra, na mesma rua, não ter, e nem o consumo por parte de um indivíduo excluir o consumo do outro. Agentes econômicos no sistema capitalista CARACTERÍSTICA BEM PÚBLICO BEM PRIVADO É rival Não Sim É excludente Não Sim Quadro 1 - Comparação entre bem público e bem privado / Fonte: a autora. 3 1 Para fabricar bens e serviços, comprar produtos, pagar tributos, regular a econo- mia, dentre outros, ou seja, para fazer com que a economia gire, são necessários os agentes econômicos, que podem ser definidos como sendo pessoa de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribui para o funcionamento do sistema econômico. Esses agentes podem ser classificados em: A) EMPRESAS Também são conhecidas como unidades produtivas, são responsáveis pela produção e comercialização dos bens e serviços. As empresas combinam os fatores de pro- dução da forma mais eficiente possível para fabricar bens e serviços, de modo a obter o máximo de lucro. B) FAMÍLIA Conhecida como consumidores, incluem, segundo Passos e Nogami (2012), todos os indivíduos e unidades familiares da economia; têm como função adquirir bens e serviços, além disso, são proprietários do fator de produção trabalho, em outras palavras, trabalhamos para receber salários para poder comprar bens e serviços. C) GOVERNO São as organizações que estão, direta ou indiretamente, sob o domínio do Estado e que atuam no sistema econômico. Temos o Governo Federal, Estadual e Municipal, além das leis e regulações. O governo pode intervir na economia de duas formas, segundo Passos e Nogami (2012), atuando como empresários e produzindo bens e serviços por meio das empresas estatais ou contratando serviços, comprando mate- riais, equipamentos etc. O governo pode intervir, também, por meio de regulações, tendo como objetivo controlar o mercado, para este se tornar eficiente. D) SETOR EXTERNO São os demais países que, ao fazer comércio com o Brasil, acabam influenciando a economia, sendo, também, influenciados. Assim, o setor externo é composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país/economia que se está analisando e que tenham sua estrutura física fora das fronteiras geográficas deste. 3 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Assim, visando desenvolver e/ou fazer crescer as atividades econômicas, cabe a toda economia o estabelecimento de suas normas. Normas estas que devem ser respeitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de funcionamento para atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos. Essa é apenas uma das normas que compõem as inúmeras existentes nas economias. Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familia- res, bem como com os setores públicos e externos, formam o que chamamos de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo. Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietários dos fatores de produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produ- tivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção. Destaca-se que os lucros e prejuízos que porventura ocorram são resultados das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar diretamente consumidores e produtores, ao passo que os consumidores — dado seu nívelde renda — buscam maximizar suas satisfações, e os produtores — dados os seus fatores de produção ou recursos produtivos — buscam maximizar seus lucros. Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as de- cisões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo, contudo vale ressaltar que, neste tipo de sistema econômico, em todos os tipos de atividades e segmentos, a concorrência é extremamente acirrada. Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 2, as principais características do sistema econômico capitalista são: Aqui, trataremos apenas do capitalismo, haja vista que o sistema econômico em questão é o sistema no qual a maioria das economias estão inseridas. O referi- do sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de oferta (produtores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e a produção, ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões (MENDES, 2004). APROFUNDANDO 3 1 Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em ques- tão, esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais eficaz a título de organização da atividade econômica. Segundo Mendes (2004, p. 18-19), estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo entre o capital e o trabalho; b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não solução da justiça social” como as mais relevantes falhas do sistema. Em contrapartida, apontam a alocação dos fatores de produção de modo eficiente como a mais relevante qualidade do sistema em questão, ao passo que promove ganhos de produção e bem-estar social. A eficiência na alocação dos recursos produtivos é consequência da constante busca pelo aperfeiçoamento, em função da acirrada competição existente e da incitação ao lucro. Fatores de produção ou recursos produtivos Podemos definir fatores de produção ou recursos produtivos como elementos limita- dos que são utilizados no processo de fabricação de bens e serviços, que irão satisfazer as necessidades humanas. Os fatores de produção têm como características serem PROPRIEDADE PRIVADA Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e não duráveis) e do dinheiro. SISTEMA DE PREÇOS Responsável pelo controle do funcionamento da economia: seleção de bens e quantidades a serem produzidos; com- binação e distribuição dos fatores de produção; seleção de técnicas e métodos de produção/organização e distribuição dos bens entre membros da sociedade. LUCRO Incentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo Total de produção. COMPETIÇÃO De grande importância. Entre as empresas e os proprietários dos recursos, apesar da constante/crescente presença de oligopólios e monopólios nos mercados. GOVERNO Papel limitado, apesar da elevada participação do governo nas atividades econômicas atualmente. Quadro 2 - Principais características do sistema capitalista / Fonte: Mendes (2004, p. 17-18). 3 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 escassos, como você já deve ter percebido, versáteis, ou seja, podem ser utilizados para diferentes fins, dito de outro modo, os fatores de produção fabricam diversos bens, e podem ser combinados em proporções para produzir bens e serviços. Após definir fatores de produção, é importante classificá-los. Os recursos produtivos são: A) RECURSOS NATURAIS OU TERRA É a origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais, matérias-primas etc. B) RECURSOS HUMANOS É a contribuição do ser humano na produção. Podem ser físicos ou intelectuais. Como trabalho físico, temos o trabalho de um agricultor no campo. Uma consulta médica é considerada um trabalho intelectual. C) CAPITAL São bens utilizados no processo produtivo, como máquinas, construções, infraestrutura, dentre outros. Atualmente, além dos três fatores de produção clássicos que citamos anterior- mente, ainda temos a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fato- res de produção, pois é fundamental a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção. Para melhor compreensão dos fatores de produção tradicionais, vamos analisar o Quadro 3. MÃO DE OBRA OU TRABALHO Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou mental) utilizada na produção de bens e serviços, como: os serviços técnicos do advogado, do médico, do eco- nomista, do engenheiro, ou a mão de obra do eletricista, do encanador. Há economistas que consideram o capital humano um quarto tipo de fator de produção. Por capital humano, considera-se o conhecimento e as habilidades que as pessoas obtêm por meio da educação e da expe- riência em atividades produtivas. 3 8 Quadro 3 - Fatores de produção / Fonte: Mendes (2004, p. 5). Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os solos, os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos especializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as má- quinas, os equipamentos, as instalações, dentre outros, dadas suas principais características (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis), quando alocados, promovem ao longo do processo produtivo uma expressiva produção (outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços. Setores econômicos Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004). TERRA OU RECURSOS NATURAIS Consistem em todos os bens econômicos utilizados na produção e que são obtidos diretamente da natureza, como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as águas (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do subsolo), a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de energia), dentre outros. Esses recursos são um presente da natu- reza. Para se referir a todos os tipos de recursos naturais, alguns economistas utilizam o termo “terra”. CAPITAL O fator de produção capital corresponde aos conjuntos dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que à sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de estoque de capital da economia. Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá produzir). Observe que o conceito de capital como fator de produção é um pouco diferente da palavra capital usada na linguagem comum, quando é utilizada para designar uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que determinada pessoa possui para iniciar um determina- do negócio. 3 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. Em outras palavras, temos atividades de produção ou setores da economia que são intensivos em terra ou recursos naturais, outros em mão de obra ou tra balho e, ainda, outros que são intensivos em capital. ZOOM NO CONHECIMENTO O autor nos explica, ainda, que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produ- ção ou setores da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos entender cada uma delas? A) ATIVIDADES PRIMÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR PRIMÁRIO Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção florestal: silvicultura e reflorestamento). B) ATIVIDADES SECUNDÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR SECUNDÁRIO Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transfor- mação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, fiação e tecelagem, vestuário,calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção (obras públicas e construções privadas). C) ATIVIDADES TERCIÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR TERCIÁRIO Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiodifusão e TV); intermediação financeira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação); hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso) e governo (federal, estaduais e municipais). 1 1 Funcionamento do sistema capitalista As bases de um sistema econômico capitalista podem ser mais bem discutidas por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Ob- serve que as instituições familiares e produtivas, nesse modelo, interagem em apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de produção (MENDES, 2004). Nessa direção, as unidades familiares oferecem, no mercado de fatores de pro- dução, recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem no mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades familiares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao pas- so que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é chamada de fluxo real da economia. APROFUNDANDO Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamen- to dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular de renda. O Quadro 4 descreve sucintamente as interações que compõem esse fluxo. ATIVIDADE MERCADO DE BENS E SERVIÇOS MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Fluxo Real Produtos das empresas para satisfazer as necessidades dos consumidores. Os principais fatores de produção são: Terra ou Recurso Natural, Mão de obra ou Trabalho e Capital. Fluxo Monetário As famílias transferem parte de suas rendas às empresas, ao adquirirem seus produtos. As empresas remuneram as famílias pelo uso dos fatores, por meio de: Salários (trabalho). Dividendos (Capital). Juros (Capital). Lucros (Capital). Aluguel (Tou RN). 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 ATIVIDADE MERCADO DE BENS E SERVIÇOS MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Oferta Exercida pelas instituições produtivas. Exercida pelas instituições familiares. Demanda Exercida pelas instituições familiares. Exercida pelas instituições produtivas. Interação Por meio dos preços dos produtos. Por meio dos preços dos fatores. Quadro 4 - Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção Fonte: Mendes (2004, p. 22). Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos fatores de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da de- manda atuam em conjunto. Assim, no mercado de bens e serviços essa intera- ção forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção, que forma os preços dos recursos produtivos. Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses mercados, são limitadas pela escassez; em outras palavras, as famílias, embora tenham desejos ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empresas, devido a recursos produtivos finitos, incorrem em restrições de produção (MENDES, 2004). Divisão da Ciência Econômica Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência eco- nômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroecono- mia. A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre compradores e vendedores em determinados mercados, como no mercado de produtos alimentícios. 1 1 Assim, o estudo da microeconomia está voltado, dentre outros, para: a) institui- ções individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b) comporta- mento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estruturas e meca- nismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições dos mercados; f) remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI, 2008). A macroeconomia, por sua vez, [...] é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9). APROFUNDANDO Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, dentre outros, para: a) a economia em seu conjunto; b) o desempenho total da economia, dado as causas e os mecanismos de correção das flutuações; c) os agregados macroeco nômicos, tais como PIB e RN; d) as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego; e) as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio; f) as trocas internacionais; e g) o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008). 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 NOVOS DESAFIOS Acredito que você deve ter se surpreendido com a complexidade da economia, e tenho certeza de que você ficará cada vez mais surpreso e encantado com o estudo das ciências econômicas, uma vez que a economia está no nosso dia a dia, já que vivemos economia desde o nosso nascimento até a nossa morte. Qualquer decisão do governo afeta nossas vidas, qualquer decisão de um membro da nossa família afeta a família como um todo, principalmente se essas decisões forem econômicas. Assim, esperamos ter conseguido despertar em você a curiosidade pela Ciência Econômica. O Livro da Economia Escrito, por professores e estudiosos, de maneira simples e acessível, este é um livro completo e atualizado sobre econo- mia. Nele, há breves biografias de economistas, citações dos grandes pensadores, linha do tempo com os principais acon- tecimentos, dentre outros. INDICAÇÃO DE LIVRO Acesse e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO 1 1 1. Bens e serviços são tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana e podem ser classificados em econômicos materiais ou serviços. Com relação aos bens econômicos materiais, analise as afirmativas a seguir: I - São bens tangíveis e estocáveis. II - Podem ser de consumo final, consumo intermediário e de capital. III - O lançamento de uma campanha política é um exemplo de bem de consumo. IV - Os insumos, de uma forma geral, são exemplos de bens intermediários. Marque a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2. A economia é dividida em duas grandes áreas: microeconomia e macroeconomia e cada um desses ramos é responsável pelo estudo de determinadas variáveis. Com relação à divisão da ciência econômica, marque a alternativa correta: a) Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam o país como um todo. b) Amicroeconomia é responsável por questões como a alta do dólar e a macroeconomia pela relação entre oferta e demanda. c) A microeconomia estuda os grupos, isoladamente, e a macroeconomia estuda a eco- nomia como um todo. d) Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam os grupos isolados. e) A microeconomia estuda questões que não trazem grandes problemas para o país e a macroeconomia estuda os grandes problemas econômicos. 1 5 3. Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor deseja adquirir. Com relação à demanda, analise as afirmativas a seguir: I - Está relacionada à utilidade total. II - Não é uma compra efetiva. III - Depende da renda. IV - Varia com o tempo. Está correto o que se afirma em: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 REFERÊNCIAS MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012. ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2008. VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. D. Introdução à economia. 10. ed. São Paulo: Frase Editora, 2010. 1 8 1. Opção D. 2. Opção C. 3. Opção E. GABARITO 1 9 MINHAS METAS INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Apresentar os fundamentos da teoria do consumidor. Refletir sobre a teoria do consumidor. Entender a teoria da demanda. Compreender a teoria da oferta. Analisar questões importantes para a teoria da oferta. Explicar a teoria da produção. Descrever as estruturas de mercado. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 3 5 1 INICIE SUA JORNADA Olá, estudante! Neste tema de aprendizagem você vai conhecer como os agentes econômicos “família” e “empresa” tomam suas decisões de compra e venda de bens e serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo principal, o tema de aprendizado está dividido em cinco subtemas. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur- sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem APROFUNDANDO DESENVOLVA SEU POTENCIAL FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR Os consumidores possuem algumas características na relação entre a renda dis- ponível e a escolha por bens e serviços. 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Você, por exemplo, como escolhe um determinado bem ou serviço? As características que a maioria dos consumidores tem são, segundo Mendes (2009): • excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços; • os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja, possuem cestas de bens, que veremos mais para frente; • como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, por este motivo; • consumidores, raramente, estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados; • os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dado sua renda e os preços dos bens. A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conheci- dos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem, de acordo com suas preferências. Quando mencionamos uma cesta de bens e serviços, queremos dizer um conjunto de quantidades de determinados bens e serviços. Para ficar mais didá- tico, essas cestas serão compostas por quantidades, somente, de dois bens e ou serviços. Esta situação pode ser representada a seguir: C = (Q1, Q2). Em que: C – cesta de bens e serviços. Q1 - quantidade do bem ou Serviço 1. Q2 – quantidade do bem ou Serviço 2. VOCÊ SABE RESPONDER? Você saberia dizer quais são estas características? 5 1 PRESSUPOSTO 1 Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades a menores. PRESSUPOSTO 2 A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada. PRESSUPOSTO 3 A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor irá preferir a cesta A. Esta situação pode ser vista no esquema a seguir. A > B B > C então, A > C Observe e imagine: Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas). Cesta B = (1 caneta, 2 lápis). Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas). Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ele escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compa- rarmos as cestas A e C, José preferirá a A. Como esta escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita a partir de três pressupostos: 5 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Utilidade Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um deter- minado consumidor por meio de uma função, a chamada função utilidade, que é definida por Mendes (2009), como o benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço pode gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser representada como sendo: U = f (Q1, Q2) U – utilidade. f – uma representação matemática que significa “em função de que”. Q 1 – quantidade do Bem 1. Q 2 – quantidade do Bem 2. Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satis- fação completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, o chamado ponto de saturação, após este ponto, ela vai decrescendo. Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Men- des (2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar, porém fazendo algumas alte- rações. Imagine José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede. Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que o consumo desse copo é muito alto. Já no segundo copo, José está disposto a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais; e assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no qual José não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumidor. Se continuarmos analisando cada possível copo consumido, chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa. Observe essa situação na Tabela 1. 5 1 A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os copos de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada copo reduz à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo copo, apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo, ou seja, o grau de satisfação do José por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar esta situação, vamos visualizar a Figura 1. QUANTIDADE DE COPOS DE ÁGUA UTILIDADE TOTAL UTILIDADE MARGINAL 0 0 - 1 70 70 2 120 50 3 165 45 4 190 25 5 210 20 6 225 15 7 235 10 8 240 5 9 242 2 10 243 1 Tabela 1 - Utilidades total e marginal do consumo de copos de água por José Fonte: adaptada de Mendes (2009). 5 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 A Figura 1 confirmou o que estávamos afirmando até agora acerca da função utilidade:a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um determinado bem ou serviço e a utilidade marginal decresce à medida que aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço. Na prática, esta situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme, porém, conforme vamos comendo, nossa fome vai acabando e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto que não querermos mais pizza e pedir ao garçom para não oferecer mais pizza (utilidade marginal negativa). Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é fácil quantificar, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números, mas sim de grau de satisfação. Curva de indiferença Outra curva importante, que deve ser analisada antes de estudarmos a teoria da de- manda de fato, é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor con- sidera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir. Figura 1 - Representação das curvas de utilidades total e marginal / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico representando duas curvas em um plano cartesiano U, sendo Y, e Q, sendo X. As curvas são nomeadas como Utilidade Total e Utilidade Marginal. Fim da descrição. 5 1 Vamos supor que José consome refrigerantes e pipoca que, dado sua renda e o preço destes bens, existem quatro cestas disponíveis. CESTA QUANTIDADE DE REFRIGERANTES QUANTIDADE DE PIPOCAS C1 (1,4) 1 4 C2 (2,3) 2 3 C3 (3,2) 3 2 C4 (4,1) 4 1 Tabela 2 - Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas / Fonte: a autora. A Tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas, que José pode adquirir dado a sua renda e o preço dos bens. Observe a representação da Tabela 2 em gráfico, na Figura 2, para melhor visualização: 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais é melhor do que menos”. TEORIA DA DEMANDA A teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, procura ex- plicar o comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços. Figura 2 - Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocas / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva de indiferença dividida em C1, C2, C3 e C4. O gráfico que está sob um plano cartesiano, no qual o eixo y é denominado Refrigerantes, e o eixo y, denominado pipocas. A curva de indiferença é negativamente inclinada. Fim da descrição. tratar das necessidades dos consumidores 5 8 Passos e Nogami (2012) definem demanda como a quantidade de um determi- nado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar, por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva. Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la grafica- mente? A curva de demanda é representada conforme Figura 3. VOCÊ SABE RESPONDER? O que é demanda? Figura 3 - Representação da curva de demanda / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva de demanda. Embora receba este nome, o que há, de fato, é uma linha reta. O gráfico que está sob um plano cartesiano P e Q. Fim da descrição. Conforme visto na Figura 3, a curva de demanda (D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q), e é negativamente inclinada. Você sabe me responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada? A curva de demanda é negativamente inclinada, porque conforme o preço aumenta, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço aumentar os consumidores irão substituir o consumo do bem pelo seu substituto. Este efeito é chamado de efeito substituição. José, nosso consumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser lançados. Neste exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso, José está disposto a ir mais de uma vez ao mês ao cinema, conforme Tabela 3. 5 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 PREÇO DO INGRESSO QUANTIDADES DE IDA AO TEATRO 15 1 12 2 10 3 7 4 5 5 Tabela 3 - Demanda por ingressos para cinema de José / Fonte: a autora. Analisando a Tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que, confor- me o preço do ingresso para o cinema reduz a quantidade demandada, ou seja, a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada. Figura 4 - Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinema / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva referente à situação problema do personagem José. Neste gráfico, entre os eixos P e Q, sendo, respectivamente X e Y, está a curva, que, embora tenha este nome, apresenta uma reta, neste caso. Fim da descrição. Claro que representamos a curva de demanda de apenas um consumidor, mas também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independentemente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos. 1 1 Fatores que afetam a curva de demanda Após entender o conceito de demanda e que de fato, significa para a ciência econômica, vou apresentar alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem a demanda aumentar ou diminuir um fator que determina a demanda. Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre a curva que deslocam, nós chamamos isso de alteração na quantidade deman- dada e não alteração na demanda. Já os fatores que afetam e, portanto, deslocam a curva de demanda para a direita ou para a esquerda são diversos, e iremos apresentar a você alguns deles: a) Renda A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em: NORMAL Quando há um aumento de renda, a quantidade demandada do bem ou serviço aumenta. INFERIOR Quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daquele bem. Por exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ele passará a con- sumir mais carne de primeira. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 CONSUMO SACIADO Independentemente da renda, a quantidade demandada será a mesma, ou seja, mes- mo que José passe a receber um salário maior ou o preço do bem reduzir, e não irá demandar mais ou menos quantidades, por exemplo, de sal. b) Preço dos bens complementares Bens complementares são os bens que são consumidos juntos, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café), a quantidade demanda de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda. c) Preço dos bens substitutos Bens substitutos são aqueles bens que tem, praticamente, as mesmas caracte- rísticas e por este motivo podem ser substituídos uns pelos outros. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de forma, dentre outros. Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste caso, a curva de demanda de manteiga se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita. d) Propaganda/Marketing A propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, éum instrumento muito utilizado para aumentar a quantidade demandada de deter- minados bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita. e) Expectativa sobre o futuro Outro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumi- dor tem em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui a noventa dias, a demanda dele, hoje, aumentará, caso contrário, se ele está em aviso prévio, a demanda dele, hoje, reduzirá. 1 1 f) Fatores climáticos O clima é outro fator que afeta a curva de de- manda. No inverno, a demanda por biquínis reduz, enquanto a demanda por calças aumenta. g) Hábitos/costumes A demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase nula, enquanto, no Brasil, é alta. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda, desloca a curva de demanda para a esquerda. O clima é outro fator que afeta a curva de demanda Figura 5 – Deslocamento da curva de demanda para a direita / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele, está representado o deslocamento da curva de demanda para direita. Fim da descrição. Figura 6 – Deslocamento da curva de demanda para a esquerda / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele está representado o deslocamento da curva de demanda para esquerda. Fim da descrição. A Figura 5 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou seja, quando algum dos fatores estudados anteriormente aumenta a demanda, por exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc. 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 A Figura 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja, quando algum dos fatores, que estudados anteriormente, reduz a demanda, por exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar etc. Não podemos deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda não se desloca, alterando, apenas, os pontos sobre a curva. Elasticidades Outro conceito muito importante para estudar na teoria do consumidor é a elasticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável. Por exemplo, sabemos que a redução do preço de um bem aumenta sua de- manda, mas não sabemos exatamente quanto, é este impacto que a elasticidade mostra. Existem três tipos de elasticidades: a) Elasticidade preço A elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade da demanda de um determinado bem ou serviço. 1 1 TEORIA DA OFERTA Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de mercado, incentivos, estes, relacionados à quantidade demandada, custos, incen- tivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc. ELÁSTICOS Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que um. Isso significa que con- forme o preço aumenta, a quantidade demandada reduz. Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como lazer e vestuário. INELÁSTICOS Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que um. Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como combustível e alimentos. ELASTICIDADE UNITÁRIA Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a um. Isto significa que um aumento no preço reduz a quantidade demandada na mesma proporção, ou seja, um aumento de 1% no preço, acarreta uma redução de 1% na quantidade demandada. Um exemplo é o sal. 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Vimos na teoria da demanda, que a demanda altera com o tempo. A oferta tem o mesmo funcionamento, com o tempo poderá ser alterada. Como a curva de oferta é representada? A curva de oferta é representada conforme Figura 7. Figura 7 - Representação da curva de oferta / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele, há está representada a curva de oferta. Fim da descrição. Figura 8 - Gráfico representativo da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congelados / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele, há está representada a curva de oferta. Fim da descrição. VOCÊ SABE RESPONDER? O que é oferta? 1 1 A Figura 8 confirma o que a Tabela 3 mostrou, conforme o preço do sanduíche congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também dimi- nuiu, chegando ao ponto que a R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender nenhum sanduíche. Fatores que afetam a curva de oferta Assim como na demanda, o preço do bem ou do serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu. Já os fatores que afetam e deslocam a curva de demanda, segundo Mendes (2009), são: ■ preço dos insumos; ■ tecnologia; ■ preço dos produtos competitivos; ■ políticas do governo; ■ influências especiais. Como vimos, alguns fatores afetam e deslocam a curva de oferta para a direita ou para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa aumentar a produção deslocando a curva de oferta para a direita. Essa situação pode ser vista na Figura 9. Figura 9 - Deslocamento da curva de oferta para a direita / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele, está representada a curva de oferta para a direita. Fim da descrição. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quan- tidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca. Figura 10 - Deslocamento da curva de oferta para a esquerda / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele, está representada a curva de oferta para a direita. Fim da descrição. Microeconomia: Princípios Básicos Este livro discute, de forma quantitativa, os fundamentos mi- croeconômicos. É uma excelente maneira de aprofundar os conhecimentos com relação ao assunto. INDICAÇÃO DE LIVRO Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO Agora qualquer fator que aumente o custo ou que reduza o lucro é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme Figura 10. 1 8 NOVOS DESAFIOS Neste tema de aprendizagem, você aprendeu um pouco dos fundamentos da teoria do consumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os motivos que fazem com que os consumidores, ou melhor, as famílias, de- mandem/procurem por determinados bens e serviços ao invés de outros. Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumentarem sua produção e, portanto, a oferta. Após entender demanda e oferta, você viu que o objetivo do produtor e do consumidor são totalmente diferentes, diria, opostos. Enquanto o consumidor deseja adquirir bens e serviços em grande quantidade a preços baixos, e por- que não dizer, com excelente qualidade, as empresas desejam maximizar seu lucro e, por isso, desejam vender seus produtos a um preço mais alto possível com custo bem baixo. 1 9 1. As pessoas possuem preferências por alguns bens em relação a outro, sendo capazes de ordenar quais bens ou serviços geram mais satisfação pessoal. Para isto, os consumidores possuem algumas características. Leia as afirmativas a seguir, quanto às características dos consumidores: I - Gastamtoda sua renda em bens e serviços. II - Adquirem diversos bens ou serviços. III - Raramente adquirem tudo que desejam. IV - Procuram maximizar a satisfação total. Está correto o que se afirma em: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2. Oferta é definida por Passos e Nogami (2012) como a quantidade de um bem ou serviço que uma determinada empresa deseja vender por unidade de tempo. E sabemos que alguns fatores afetam a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, e um destes fatores é a tecnologia. Com relação à tecnologia, leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa que mostra o impacto da tecnologia na curva de oferta: a) A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, reduzindo os custos e aumentando a oferta. b) A tecnologia é uma ótima forma de reduzir a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, aumentando os custos e reduzindo a oferta. c) A tecnologia só irá afetar a curva de oferta se o governo elaborar política cambial de redução da taxa de câmbio. d) A tecnologia desloca a curva de oferta para a esquerda, aumentando a produção e os custos. e) A tecnologia não afeta a curva de oferta. 1 1 3. Vimos que alguns fatores, como renda, preço dos bens substitutos e complementares, marketing, dentre outros, afetam a curva de demanda. Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta quanto ao impacto que o aumento de renda causa da curva de demanda: a) O aumento de renda desloca a curva de demanda para a direita. b) O aumento de renda desloca a curva de demanda para a esquerda. c) O aumento da renda não afeta a demanda. d) O aumento da renda reduz a demanda. e) O aumento da renda afeta a curva de demanda, mas não de forma significativa. 1 1 REFERÊNCIAS BAGNOLI, V.; MADI, M. F. RDC, Brasília, DF, v. 4, n. 2, p. 121-139, nov. 2016. Disponível em: http:// revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/283. Acesso em: 4 out. 2023. MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2009. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 1 1 1. Opção E. 2. Opção A. 3. Opção A. GABARITO 1 3 UNIDADE 2 MINHAS METAS INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA: EQUILÍBRIO DE MERCADO Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica. Diferenciar crescimento econômico. Diferenciar desenvolvimento econômico e suas respectivas fontes. Estudar o mercado de trabalho. Compreender as variáveis pertencentes ao mercado de trabalho. Entender as principais políticas macroeconômicas. Compreender estas políticas como sendo monetária, fiscal e cambial. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 4 1 1 INICIE SUA JORNADA Neste tema de aprendizagem, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei da oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que a firma aumente ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. Para finalizar, veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente, É nesta rela- ção que o preço e quantidade que conhecemos são formados. Neste tema, falaremos sucintamente sobre os principais custos econômicos, alguns, certamente, você já ouviu falar e/ou estudou em outras disciplinas. Para finalizar a unidade e o estudo da microeconomia, descreveremos as quatro es- truturas de mercados, monopólio, concorrência perfeita, concorrência monopo- lística e oligopólio, e como o preço se comporta em cada uma delas. Bons estudos! Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, ouça o nosso podcast. Recur- sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO DESENVOLVA SEU POTENCIAL EQUILÍBRIO DE MERCADO Sabemos que, no mundo real, a oferta e a demanda atuam conjuntamente, e o preço e a quantidade que são vendidos no mercado se dão quan- do as duas curvas (oferta e demanda) se interceptam. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Agora vamos conhecer o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mercados que são formados por um grande número de compradores e vendedores. Fiz a observação que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, nos quais o equilíbrio se dá em outro ponto. O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto na Figura 1. Figura 1 - Equilíbrio em um mercado competitivo / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de uma curva de demanda para um produto. O eixo P repre- senta o preço do produto, e o eixo Q representa a quantidade do produto. O ponto onde as curvas de oferta (O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E) e este ponto mostra o preço e quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente. Fim da descrição. Analisando a Figura 1, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E) e este ponto mostra o preço e quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente. Qualquer preço acima de P’ significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado e o preço, automaticamente, reduzirá. 1 8 De outra forma, qualquer ponto abaixo de P’, significa que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que empresas dispostas a vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a chegar ao ponto E, que é o ponto de equilíbrio. Todos os fatores estudados nos temas anteriores, que afetam as curvas de demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, ex- pectativa sobre o futuro, dentre outros, e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta, como tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental etc., afetam o ponto de equilíbrio. O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, por meio de: FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS Acontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado. Este instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. FIXAÇÃO PREÇOS MÁXIMOS Acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’. SUBSÍDIOS Neste caso, o governo, com o objetivo de desenvolver determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, assim, a empresa terá incentivo para aumen- tar a quantidade ofertada e/ou reduzir preço. Com subsídio, o preço fica abaixo de P’. CONGELAMENTO E TABELAMENTO DE PREÇOS Utilizado na década de 1980 e no início da década de 1990, para combater a inflação. O governo congela preços e/ou salários, de forma a definir o P’. 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 TEORIA DA PRODUÇÃO Após compreendermos a teoria da demanda e a teoria da oferta, conheceremos os conceitos que fazem parte da chamada Teoria da Produção. Os custos de produção Sabemos que o principal objetivo das empresas é o lucro. O lucro é a diferença entre receita total e custo total. Então, para uma empresa ter lucro, é importante gerenciar os custos de produção de forma a tentar reduzi-los o máximo possível. A partir do exposto, é importante que você, estudante, entenda os custos básicos da produção. Temos os custos explícitos, que são os gastos monetários, como despesa com salário, aluguel, compra de matéria-primaetc., e os custos implícitos, que são os custos de oportunidade. Os custos são: CUSTOS FIXOS (CF) São as despesas que a empresa terá que pagar, independente da produção. Exem- plos: certos impostos, aluguel, seguro, salários etc. CUSTOS VARIÁVEIS (CV) São as despesas que a empresa tem ao produzir. Quanto mais ela produzir, maiores serão os custos variáveis. Exemplo: matéria-prima, energia elétrica etc. CUSTO TOTAL (CT) É a soma dos custos fixos com os custos variáveis. CUSTO FIXO MÉDIO (CFme) – É o custo fixo dividido pela quantidade produzida (Q). CFme = CF / Q É importante observar que o custo fixo médio reduz quando a produção aumenta. 8 1 ESTRUTURAS DE MERCADO A interação entre oferta e demanda acontece no mercado e forma o preço. Esta interação muda para cada estrutura do mercado. Então Mendes (2009, p. 103) define estrutura de mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada”. CUSTO VARIÁVEL MÉDIO (CVme) – É o custo variável dividido pela quantidade produzida. CVme = CV / Q Diferente do custo fixo médio, o custo variável médio aumenta conforme a quantidade produzida aumenta. CUSTO MÉDIO (Cme) – É o custo total dividido pela quantidade produzida. Cme = CT / Q Como você viu na definição de Mendes (2009), a estrutura de mercado engloba três características. Vamos entender cada uma delas? 8 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 a) Grau de concentração É o tamanho do mercado, em outras palavras, nú- mero de vendedores e compradores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de em- presas e consumidores, dizemos que o mercado é con- centração ou competitivo. Uma forma de medir é pelos índices de mercado. Quando as quatro maiores empresas que fazem parte desse mercado detêm, pelo menos, 75% da quantidade comercializada, dizemos que é um mercado altamente concentrado. Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empresas conseguem definir o preço que será vendido seu produto e esse preço, em geral, é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem ser em relação à quantidade e à qualidade do produto. b) Grau de diferenciação do produto O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que está sendo negociados no mercado é diferente. Pela visão da economia, quan- to mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele será, em outras palavras, mesmo que o preço de um bem ou serviço heterogêneo aumentar a quantidade demandada não muda, pois não há substitutos próximos. A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita in- gredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais — como entrega delivery e embalagens especiais — como formas da empresa diferenciar seu produto e, portanto, aumentar seu preço. Uma forma de medir é pelos índices de mercado c) Barreiras à entrada Barreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser: Você saberia dar um exemplo de um produto homogêneo e um diferenciado? Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são produtos ho- mogêneos, pois a soja do produtor A é igual a soja do produtor B. Como produtos diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrial- izados, como comida congelada, roupas, sapatos etc. PENSANDO JUNTOS 8 1 ECONOMIA DE ESCALA Acontece quando a empresa aumenta a quantidade produzida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo. Existem diversas formas de conseguir gerar economia de escala, como especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de fatores de produção em grandes quantidades, dentre outros. DESVANTAGENS DE CUSTO Quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda. Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à competitividade, em: ■ competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística; ■ pouco competitivos – oligopólio; ■ sem competição – monopólio. O Quadro 1 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser classi- ficados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas carac- terísticas que discutimos anteriormente. NÚMERO DE EMPRESAS TIPO DE PRODUTO ESTRUTURA DE MERCADO Muitas Homogêneo Concorrência perfeita Muitas Diferenciados Concorrência monopolística Poucas Homogêneo ou diferenciado Oligopólio Uma Diferenciado Monopólio Quadro 1 - Classificação dos mercados / Fonte: adaptado de Mendes (2009). 8 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Conforme podemos visualizar no Quadro 1, quando existe um grande número de empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mer- cado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que vendem produtos diferenciados, o mercado é de concorrência monopolística. Concorrência perfeita ou pura Para iniciar nossos estudos acerca das estruturas de mercado, discutire- mos, inicialmente, a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a concorrência pura. Está é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real, pois, como você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou uma empresa que apresente todas as características para que possa ser incluída na concorrência perfeita. Depois dessa declaração, você deve estar se perguntando, então, qual o motivo de apresentar, a você, a concorrência perfeita? É importante estudarmos essa es- trutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito real, a estrutura ideal, em termos de concorrência. PENSANDO JUNTOS Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características: GRANDE NÚMERO DE COMPRADORES E VENDEDORES O número de vendedores e compradores, neste mercado, é tão grande que as de- cisões individuais não influenciam o preço. Então, dizemos que, na concorrência per- feita, o preço é determinado, no mercado, pela oferta e demanda que é praticamente o mesmo para todos os vendedores. PRODUTOS HOMOGÊNEOS Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é praticamente constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu preço, os consumidores irão comprar no outro produtor. 8 1 Monopólio O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não temos concorrência. As características do monopólio são: AUSÊNCIA DE RESTRIÇÕES ARTIFICIAIS (LIVRE MERCADO) Dizemos que, na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no merca- do, por exemplo por congelamentos e tabelamentos de preços; em outras palavras, o mercado deve funcionar livremente. AUSÊNCIA DE BARREIRAS À ENTRADA Como já discutimos, barreiras à entrada são o grau de dificuldade que uma nova em- presa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura não há barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem maiores custos ou dificuldades. PERFEITO CONHECIMENTO Como os produtos são homogêneos uma empresa conhece todas as informações dos seus concorrentes, como preços, processos produtivos etc. UMA ÚNICA EMPRESA Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa. PRODUTOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Neste caso, o consumi- dor não consegue substituí-lo por outro. NÃO HÁ CONCORRÊNCIA Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista.CONSIDERÁVEL CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela con- segue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa razão que o governo se preocupa com as práticas dos monopolistas. 8 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas: a) Controle de preço – o governo pode exigir que o monopolista produza até que custo marginal seja igual preço. Esta é uma prática difícil, pois o governo precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa. b) Política de taxação – o governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu lucro. É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. Uma es- tratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é pela política de discrimi- nação de preços. APROFUNDANDO Esta é uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo produto para consumidores diferentes e a preços diferentes. Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços: • tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural; • ligação telefônica de dia e a noite; • passagens aéreas em baixa e alta temporada; • “meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos; • dentre outros. Então você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa mono- polística que pratica a discriminação de preços, esta é uma prática comum em outras estruturas de mercado também. ■ Altas barreiras à entrada A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito 8 1 grande e, muitas vezes, não é economicamente viável termos uma concorrente, como é o caso que aconte- ce nos monopólios naturais. Então, os monopólios surgem por diversas razões, dentre elas, regulamen- tações do governo e pelos processo de produção. A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa. Além de não se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo, sempre, acompanha e regula as empresas pertencentes ao monopólio. APROFUNDANDO Claro que o monopólio é essencial em alguns setores, pois não é economicamente viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento básico. Neste caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto. CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas es- truturas, estudadas anteriormente, e tem como características: Grande número de empresas Temos no mercado um grande número de pequenas empresas, pequenas se com- pararmos com o tamanho do mercado. Produtos diferenciados Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir por um ingre- diente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc. 8 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Pequeno controle de preço por parte da empresa Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enor- me, então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão dos produtos serem diferenciados, mas este controle é pequeno. Concorrência acontece via marcas, serviços especiais e propaganda A concorrência é, principalmente, extra preços, ou seja, via diferenciação do pro- duto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante ob- servar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística. Baixas barreiras à entrada O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mercado é baixo, ou seja, existe uma barreira para entrada, mas ela é bem baixa. A maioria das empresas, no mundo real, pertencem a essa estrutura de mercado. Podemos citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, dentre outros. 8 8 OLIGOPÓLIO Outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, que é um mercado pouco competitivo, é o oligopólio, que tem como características: PEQUENO NÚMERO DE EMPRESAS São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, apenas sabe- mos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado. AS EMPRESAS SÃO INTERDEPENDENTES Como são poucas empresas, elas são interdependentes, ou seja, a decisão de uma afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então, se uma empresa variar seu preço, as demais vão reagir de duas formas: ■ Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem o preço e a empresa perderá mercado. ■ Redução de preços faz com que as formas concorrentes também redu- zam os preços e a parcela de mercado de todas as empresas fica pratica- mente constante. Neste caso, somente o consumidor é beneficiado. Pelas possíveis reações citadas, que os preços de todas as empresas oligopolis- tas são praticamente os mesmos e não são alterados, de forma significativa, ao longo do tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação que são as empresas aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas concorrentes também fazem. 8 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o preço de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos supor um mercado composto por três empresas, A, B e C, e que a empresa A resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas no mer- cado, imediatamente as empresas B e C irão abaixar também seu preço, e a parcela de mercado continuará a mesma para todas as três. Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, as empresas B e C não aumentarão e a empresa A perderá mercado. Por estes motivos que o preço no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas. MÉDIAS BARREIRAS À ENTRADA O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega a ser tão alto como no caso do monopólio. OS PRODUTOS PODEM OU NÃO SER DIFERENCIADOS No oligopólio os produtos podem ser homogêneos, como no caso o combustível ou diferenciados, por exemplo, os automóveis. A CONCORRÊNCIA É VIA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO Como temos poucas empresas e elas são interdependentes, a concorrência não será via preços, pois, como discutimos, se uma empresa alterar seus preços, as demais vão reagir. Pense também que a concorrência é extrapreços, ou seja, via diferenciação do produto. Podemos citar como exemplos de empresas oligopolistas os setores de telecomunicações, planos de saúde, aéreo e distribuição de combustível. O Quadro 2 mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado. 9 1 Como você pode visualizar no Quadro 2, temos quatro estruturas de mercado (concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio) e cada estrutura possui características que as diferenciam. POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de preços e quantidades, acordos que são indesejáveis aos consumidores e devem ser evi- tados. São indesejáveis, pois levam a uma produção baixa e a preços altos, ou seja, nesta situação, as empresas se comportam como no monopólio. Por isso, o governo deve coibir acordos entre empresas; no Brasil, temos uma lei específica para isto, que é a lei antitruste. Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro: a) Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando o preço e oureduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma prejudica o consumidor final. CARACTERÍS- TICAS CONCORRÊN- CIA PERFEITA CONCORRÊN- CIA MONOPO- LÍSTICA OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO Nº de empresas Muitas Muitas Pouca Uma Tipo de produto Homogêneo Diferenciado Homogêneo ou diferenciado Altamente diferenciado Controle de preços Nenhum Pequeno Considerável Muito Condição de entrada Sem barreiras Baixa barreira Médias barreiras Altas barreiras Exemplos Produtos agrícolas Restauran- tes, lojas de varejo Automóveis, aviação Água, ener- gia elétrica Quadro 2 - Características das quatro estruturas de mercado / Fonte: adaptado de Mendes (2009). 9 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 b) Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produ- tora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a um preço fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa só está sugerindo um preço e não obrigando aos estabelecimento vender o bem com aquele preço pré-definido. c) Preços predatórios – é uma situação que uma grande empresa define seus preços abaixo do custo de produção, para eliminar a concorrente, que em geral é uma empresa menor, do mercado e depois aumentar seus preços. d) Vendas casadas – situação na qual dois produtos só são vendidos juntos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente. Lembran- do que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura + internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o consumidor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que a um preço maior. EU INDICO Cartel é um tema bem atual e polêmico na literatura econômica e legislativa. Para aprofundar seus conhecimentos nesta prática, e como as autoridades antitruste se comportam frente a uma formação de cartel, leia o artigo “Prática de cartel no Bra- sil: um estudo acerca das decisões do CADE e o perfil das condenações por cartel”. Roger & Eu Um documentário muito interessante que mostra o impacto do desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma comunidade. Este é um documentário sobre o fechamento de 11 fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos EUA, na década de 1980, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a vida econômica da cidade. INDICAÇÃO DE FILME Acesse e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO 9 1 NOVOS DESAFIOS Sabemos que na “vida real” a vontade do consumidor, bem como a da empresa não é satisfeita, mas existe um acordo não formal entre consumidores e empresas para formar o preço e a quantidade os bens e serviços que serão de fato negocia- das. Esta situação chama-se equilíbrio de mercado, que é alterado a toda hora por diversos fatores que foram abordados nesta unidade. Além da famosa lei oferta e demanda, discutimos alguns custos de produção, e finalizamos a unidade compreendendo as quatro estruturas de mercado. Assim, você entende melhor porque o preço da alface é bem inferior ao preço de uma blusa e da gasolina, por exemplo. 9 3 1. O governo, por meio da lei antitruste, tenta coibir algumas práticas que possam preju- dicar a concorrência, como cartel, vendas casadas, fixação de preço de revenda e pre- ços predatórios. Com relação a estas práticas proibidas por lei, analise as afirmativas a seguir: I - Cartel é prejudicial ao consumidor pois as empresas agirão como em um monopólio. II - “Combos” de internet, TV por assinatura e telefone são exemplos de venda casada. III - Um exemplo de preços predatórios são as promoções de final de estoque. IV - Preços sugeridos são uma prática de fixação de preços de revenda. Está correto o que se afirma em: a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2. Qual das alternativas a seguir é uma característica de um mercado oligopolizado? a) Livre entrada e saída de empresas. b) Preços baixos e produtos de qualidade. c) Domínio do mercado por poucas empresas. d) Grande concorrência entre empresas. e) Preços e quantidades determinadas pelo governo. 3. Qual das alternativas a seguir NÃO é uma característica da concorrência monopolística? a) Existência de um grande número de empresas. b) Os produtos são diferenciados. c) As empresas têm algum poder de mercado. d) Há liberdade de entrada e saída do mercado. e) Os preços são determinados pela interação da oferta e da demanda. 9 1 MINHAS ANOTAÇÕES 9 5 REFERÊNCIAS BAGNOLI, V.; MADI, M. F. RDC, Brasília, DF, v. 4, n. 2, p. 121-139, nov. 2016. Disponível em: http:// revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/283. Acesso em: 4 out. 2023. MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2009. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 9 1 1. Opção A. 2. Opção C. 3. Opção A. GABARITO 9 1 MINHAS METAS TEORIA DA MACROECONOMIA Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica. Diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico e suas respectivas fontes. Estudar o mercado de trabalho e as variáveis pertencentes a ele. Entender as principais políticas macroeconômicas: monetária, fiscal e cambial. Estudar os Fundamentos da Teoria Macroeconômica. Compreender o crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico. Refletir sobre o mercado de trabalho e as políticas econômicas: monetária, fiscal e cambial. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 5 9 8 INICIE SUA JORNADA Olá, estudante! Agora, iremos discutir a outra área de estudo da economia, que é a macroeconomia. Antes de iniciarmos, você precisa saber que os conceitos microeconômicos são fundamentais para a compreensão da macroeconomia, pois a moeda, por exemplo, funciona com a mesma ideia de outro bem qualquer. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso podcast e saber mais! Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de da- dos (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO DESENVOLVA SEU POTENCIAL FUNDAMENTOS DA TEORIA MACROECONÔMICA Nesta seção, iniciaremos o estudo da segunda grande área de estudo da economia, a macroeconomia. Você, certamente, já ouviu/leu em jornais, revistas, telejornais, internet, dentre outros, as seguintes manchetes: • A taxa de inflação ultrapassou a meta e governo aumenta a taxa SELIC. • Trabalhamos 150 dias para pagar impostos. • O dólar fechou em alta. • Balança comercial brasileira foi superavitária no mês de outubro. Ao final deste tema de aprendizado, você compreenderá cada uma das manchetes citadas, dentre outros temas relacionados e os motivos que o governo aumenta, por exemplo, a taxa de juros, ou injeta dólar no mercado ou corta gastos. 9 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 O estudo da macroeconomia é algo relativamente novo. Se pensarmos em economistas clássicos como Adam Smith e David Ricardo, que fizeram seus estudos mais ou menos entre os anos 1700 e 1800, a macroeconomia é muito jovem. A macroeconomia tem como seu principal expoente o economista Jhon Maynard Keynes que, por muitos, é chamado de pai da macroeconomia moderna. Keynes escreveu sua principal obra em 1936, num contexto em que a economia norte-americana estava devastada após a Grande Depressão, ou a chamada crise de 1929. Nesse período, a economia dos Estados Unidos estava sofrendo, passan- do por uma grande crise, na qual o nível de desemprego era muito alto. APROFUNDANDO Na visão de Keynes, se o governo participasse mais dessa economia, a crise não teria sido tão profunda. VOCÊ SABE RESPONDER? Mas o que significa o governo participar mais da economia? Muitobem, o governo participar mais da economia significa ele não cuidar somente de suas funções básicas e, sim, atuar como um agente econômico. Para entender- mos essa questão, precisamos verificar quais são as funções básicas do governo. De acordo com Giambiagi e Além (2011) o governo tem as funções: Estabi- lizadora, Distributiva e Alocativa. Vamos compreender cada uma delas? FUNÇÃO ESTABILIZADORA O governo ter a função estabilizadora significa que ele precisa manter a economia estabilizada. Você pode verificar, por exemplo, que o governo tem estado bastante preocupado com os níveis de preços na economia, ou seja, o governo tem se preocu- pado com o nível da inflação. 1 1 1 Então, diante das funções do governo, é importante definirmos os bens públicos, que são bens de uso coletivo cuja principal característica é a impossibilidade de excluir determinados indivíduos de seu consumo, uma vez delimitado o volume à disposição do público. Exemplo disto é: meteorologia, defesa nacional e serviços de despoluição. De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), o governo, ao utilizar a política macroeconômica, deve ter como objetivos: • Alto nível de emprego. • Estabilidade de preços. • Distribuição de renda socialmente justa. • Crescimento econômico. Isto é, o governo deve buscar esses quatro objetivos listados. É importante res- saltarmos que, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), os objetivos de alto nível de emprego e de estabilidade de preços são de curto prazo ou conjun- turais, são objetivos que o governo tenta atingir mais rapidamente, pensando na conjuntura atual. Já os objetivos de distribuir renda e de crescimento econômico são objetivos de longo prazo, ou chamados de objetivos estruturais, que fazem parte da estru- tura econômica, e, para serem alcançados, é necessário um tempo maior. Vamos discutir um pouquinho cada um desses objetivos da política macroeconômica. FUNÇÃO DISTRIBUTIVA Essa função do Estado é exatamente o que o nome dela diz, ou seja, distribuir melhor os recursos, tentar retirar de quem tem muito para oferecer a quem não tem nada ou pouco tem. FUNÇÃO ALOCATIVA Significa que o Estado deve atuar em áreas da economia na qual o setor privado não tem muito interesse em atuar, ou seja, o governo irá alocar recursos em áreas que, se ele não atuar, não ofertarão os serviços necessários, já que o setor privado não fará essa oferta de serviços. 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 ALTO NÍVEL DE EMPREGO De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), e conforme já discutido inicialmente, foi a partir da década de 1930 que o governo passou a pensar mais profundamente na macroeconomia; até esse período, a questão do emprego não gerava preocupação por parte dos governos. Mais especificamente, foi somente a partir da crise de 1929 que essa questão passou a ser pensada e/ou discutida. ESTABILIDADE DE PREÇOS A estabilidade de preços, em outras palavras, é a inflação. Essa questão já foi bem mais problemática para o Brasil do que é atualmente. Embora haja uma grande pre- ocupação com a estabilidade de preços, hoje em dia, se conversarmos com alguém que viveu na década de 1980 e início da década de 1990 (até 1994), com certeza, essa pessoa nos dirá que, hoje, a inflação não chega a ser um problema se comparada com o período citado quando os preços eram remarcados diariamente, e, às vezes, mais do que uma vez no dia. DISTRIBUIÇÃO DE RENDA SOCIALMENTE JUSTA A literatura traz argumentos de que a distribuição de renda no Brasil piorou muito quando o governo adotou como regra a chamada “teoria do bolo”. Conforme essa regra, primeiro deveríamos esperar aumentar a riqueza no país, e, depois, redistribuí-la. CRESCIMENTO ECONÔMICO Crescimento econômico, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), é o mesmo que aumento da renda nacional per capita. Para que isso ocorra, o aumento da produção de bens e serviços deve, necessariamente, ser superior ao crescimento populacional, pois somente assim haverá aumento da renda per capita. Os objetivos da macroeconomia não são independentes uns dos outros, po- dendo, inclusive, acontecer ao mesmo tempo, ou seja, uma meta pode ajudar a alcançar outras. Para você compreender melhor, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, já que é possível amenizar os conflitos sociais quando a renda cresce e é repartida entre as classes. Porém, é possível, também, que os objetivos da macroeconomia sejam conflitantes. Por exemplo, a meta pode ser fazer com que o país cresça, mas ao crescer, a demanda é aquecida e de acordo com a lei de oferta e demanda: quando a procura é maior do quando a procura é maior do que a oferta, os preços sobem 1 1 1 que a oferta, os preços sobem. Se o aumento de preços for generalizado, a inflação surge. Com isso, a estabilidade da economia fica de lado. Outro exemplo é apresentado por Vasconcellos (2011), uma política de esta- bilização da inflação pode levar ao aumento de desemprego, pois tais políticas retraem a demanda de bens e serviços, fazendo com que tenha queda da atividade econômica, e, portanto, do emprego. Essa relação inversa entre duas variáveis, como emprego e crescimento econômico apresentados no exemplo, chama-se trade-off, e é um conceito muito presente da economia. Agora, como a macroeconomia está estruturada? Quadro 1 - Estrutura da análise macroeconômica / Fonte: Vasconcellos (2011, p. 198). MERCADOS VARIÁVEIS DETERMINADAS Parte Real da Economia Mercados de Bens e Serviços Produto Nacional Parte Real da Economia Mercado de Trabalho Nível Geral de Preços Parte Monetária da Economia Mercado Financeiro (mo- netário e títulos) Taxa de Juros Estoque de Moeda Mercado de Dívidas Taxa de Câmbio Estoque de Reservas Cambiais A macroeconomia analisa a economia como se ela fosse constituída por duas partes, uma real e outra monetária, e quatro mercados: de bens e serviços, de trabalho, financeiro e cambial. Então, ao analisar o comportamento do mercado de bens e serviços, somam-se todos os bens e serviços produzidos pela economia em um determinado período de tempo, o resultado será o produto nacional e o preço praticado nesse mercado é o nível geral de preços. APROFUNDANDO 1 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Da mesma forma é o mercado de trabalho, só que ele é composto por trabalho, e é determinado o nível de emprego e taxa salarial. Já no mercado monetário, a análise será verificada pela troca por moeda, e serão determinadas as taxas de juros e a quantidade de moeda necessária. E, por último, temos o mercado cambial, já que um país como o Brasil realiza transações comerciais e financeiras com outros países. Porém, para que essas transações sejam possíveis, é preciso transformar, ou melhor, converter o preço dos bens negociados em relação ao preço do outro país. Para isso, é utilizada a taxa de câmbio. CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO O conceito de desenvolvimento econômico é mais amplo, e está relacionado ao aumento da capacidade produtiva do país, mas com melhorias no padrão de vida da população e com alterações fundamentais na sua estrutura. Portanto, para os teóricos que associam crescimento com desenvolvimento, um país é considerado como subdesenvolvido quando o PIB cresce menos do que o dos desenvolvidos, mesmo com disponibilidade de capital, terra e mão de obra. Nessa linha, o crescimento econômico distribui diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, levando, automaticamente, a melhorias dos padrões de vida e, por consequência, ao desenvolvimento econômico. 1 1 1 Assim, o crescimento econômico não necessariamente vai beneficiar todo o conjunto da população. Por exemplo, mesmo que um país cresça, o desemprego pode não estar diminuindo em um ritmo necessário, em razão, por exemplo, do processo de robotização e informatização da cadeia de produção. Além disso, podemos citar outros fatores que explicam que um país pode crescer sem se desenvolver:• a saída de capitais internos para outros países, que reduz a capacidade de importar e realizar investimentos; • a apropriação desigual da renda, levando à concentração de renda e da riqueza; • baixos salários, que limitam o crescimento de diversos setores, principalmente no mercado doméstico. A segunda corrente entende o crescimento econômico como uma simples va- riação quantitativa do produto (PIB), ou seja, o aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços. Para essa corrente, o desenvolvimento econômico envolve mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições, das estruturas produtivas e do meio ambiente. O desenvolvimento econômico constitui um dos objetivos do governo, que é a contínua melhoria de sua qualidade de vida. Porém, isso só é possível no momen- to em que as necessidades e os desejos passam a ser atendidos adequadamente. 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Como o desenvolvimento econômico engloba melhorias na qualidade de vida da população, uma das variáveis que melhoram a vida das pessoas é a preservação ambiental. E você saberia dizer o motivo? Com o tempo, o crescimento da eco- nomia tende a esgotar os recursos produtivos, que, como você sabe, são escassos, ou seja, limitados. A situação irá ocorrer se o uso dos recursos for indiscriminado, e não pelo país crescer. Com base no exposto, podemos resumir que um país pode ser rico, como os pro- dutores de petróleo que ganham muito dinheiro exportando o produto, mas pode não conseguir, por diversas razões, distribuir essa riqueza entre seus habitantes, que seguem, em sua maioria, vivendo em condições precárias. Ou seja, qualitati- vamente, é pobre ou não desenvolvido. ZOOM NO CONHECIMENTO A atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de terras onde se encontravam florestas. Pode, também, poluir os mananciais de água, infestar o ar atmosférico, interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que afeta a saúde da po- pulação. Dito de outra forma, o desenvolvimento sustentável é o que preserva o meio ambiente, sobretudo os recursos naturais não renováveis. 1 1 1 Alguns autores, como Celso Furtado, afirmam que o subdesenvolvimento é um desequilíbrio na absorção dos avanços tecnológicos produzidos pelo capitalismo industrial a favor das inovações que incidem diretamente sobre o estilo de vida. A raiz do subdesenvolvimento reside na desarticulação entre esses dois pro- cessos causada pela modernização. O desenvolvimento econômico de uma nação ocorre, em processo evolutivo, em cinco etapas, que são: • sociedade tradicional; • pré-requisito para o arranco; • arranco ou decolagem; • crescimento autossustentável; • idade do consumo de massa. Por outro lado, existem inúmeros fatores que são apontados como responsáveis pelo subdesenvolvimento dos países. Indicadores de desenvolvimento e de crescimento econômico Para medir o crescimento econômico, utilizamos os indicadores PIB e PIB per capita. Por exemplo, se um país estiver aumentando sua renda per capita, pode- mos dizer que está ocorrendo crescimento, desde que esse aumento seja menor do que o crescimento populacional. Para que ocorra o desenvolvimento, precisamos que outras questões sejam atendidas. Nesse sentido, há na teoria econômica diversos modelos que estudam e medem o ta- manho do desenvolvimento econômico de determinado país. Dentre esses modelos, Sou- za (2011) cita os neoclássicos de Meade, de Solow e a teoria do crescimento endógeno. VOCÊ SABE RESPONDER? Vivemos falando em desenvolvimento econômico, mas como definir que uma economia é subdesenvolvida? Quais fatores nós levamos em consideração? 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 O IDH varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor, ou seja, quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. Esse índice vem sendo divulgado a partir da década de 1990. A ONU o divulga para cerca de 170 países que são ranqueados a partir desse índice conforme critérios a seguir: PIB PER CAPITA Esse é um indicador bastante utilizado que busca mostrar/medir o crescimento de um país. No seu cálculo, divide-se o PIB pela população. Assim podemos, facilmente, perceber que ele é um dado numérico e que não nos dá uma dimensão de qualidade de vida, de como a renda está distribuída. Enfim, ele mostra apenas uma média. IDH – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO Uma variável utilizada para se tentar captar o desenvolvimento econômico é o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Esse índice é relativamente novo e tenta captar quão desenvolvida é uma nação, um povo. O IDH é composto por três subíndices: a) Um índice que mede a renda. Aqui se utiliza o PIB per capita. b) Um índice que mede a saúde das pessoas. Utiliza-se a expectativa de vida ao nascer. c) Um índice que mostre a educação. Nesse caso, utiliza-se a taxa de alfabetização de adultos e a taxa de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior. IDH GRAU DE DESENVOLVIMENTO Acima de 0,8 Alto Entre 0,5 e 0,8 Médio Abaixo de 0,5 Baixo Quadro 2 - Grau de desenvolvimento conforme critério do IDH / Fonte: adaptado de Gremaud et al. (2008). De acordo com dados da PNUD, para o ano de 2012, o Brasil ficou na 85ª colocação no ranking do IDH. Nesse ranking, constam 186 países. O Valor do IDH brasileiro é 0,730, ou seja, nosso IDH é considerado médio. O país melhor colocado é a Noruega, com um IDH de 0,955, acompanha- da pela Austrália, com 0,938. O último colocado é Níger, com um índice de 0,304. nosso IDH é considerado médio 1 1 8 Índice de Gini O índice de Gini é um índice que mede a desigualdade ou concentração da renda. Ele varia entre 0 e 1, sendo que 0 representa a completa igualdade (todos teriam a mesma renda) e 1 a completa desigualdade. Assim, ao pensarmos no índice de Gini, desejamos que ele seja o menor possível. O MERCADO DE TRABALHO O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia, normalmente, divide o estudo da economia. Nesse mercado é determinada a quantidade utilizada de trabalho, que representamos com a letra “N” e o salário nominal do trabalhador, representado por “W”. Então, como afirma Souza (2011), uma definição mais completa do desem- prego exige o conhecimento sobre os critérios pelos quais uma pessoa que é considerada economicamente ativa não está trabalhando. Assim, inicialmente, vamos discutir algumas características nas quais as pessoas podem se enquadrar, e que são levadas em consideração pelas pesquisas que pro- curaram examinar o mercado de trabalho. Nesse sentido, Bacha e Lima (2006) definem alguns conceitos fundamentais para entender o funcionamento do mercado de trabalho, que são: 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 ■ População residente É o total de pessoas vivendo em certo país em determinado momento do tem- po, independentemente de sua idade e se está ou não trabalhando, procurando trabalho ou apenas ocioso. A população residente se divide em população eco- nomicamente ativa (PEA), população não economicamente ativa e pessoas incapacitadas ao trabalho. ■ População economicamente ativa (PEA) São as pessoas acima de certa idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de idade) que são aptas e desejam trabalhar, independentemente de estarem ou não trabalhando. Segundo Souza (2011), essa categoria se divide em: POPULAÇÃO OCUPADA São aquelas pessoas que trabalham para um empregador, normalmente obrigadas a cumprirem a jornada de trabalho, e recebem em troca uma remuneração. Exem- plo: militares, funcionários públicos, estagiários, empregados domésticos, jovens aprendizes, vendedores, professores, dentre outros. TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA São as pessoas que exploram seu próprio empreendimento, sozinhos ou com sócios, mas não têm empregados. Exemplo: um pintor que trabalha por conta própria. EMPREGADORES São as pessoas que exploram seu próprio empreendimento, sozinhos ou com sócios, mas que possuem, pelo menos, um empregado. Exemplo: empresários.TRABALHADORES NÃO REMUNERADOS São as pessoas que trabalham sem remuneração no empreendimento da família. Exemplo: um menino que ajuda seus pais na padaria, mas não recebe por isso. POPULAÇÃO NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA São as pessoas aptas a trabalhar, mas que não estão trabalhando e nem procurando emprego. 1 1 1 Nesse sentido, Sandroni (2003) acrescenta que o desemprego é uma situação de ociosidade involuntária em que uma pessoa se encontra. Passos e Nogami (2012) observam que desempregada é aquela pessoa que está procurando emprego. PESSOAS INCAPACITADAS AO TRABALHO São aquelas abaixo de certa idade (por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou mentalmente para trabalhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na população não economicamente ativa. PESSOAS DESEMPREGADAS OU POPULAÇÃO DESOCUPADA São as pessoas procurando emprego há 30 dias, e que não estão trabalhando na semana. Nesse sentido, temos a chamada taxa de desemprego, que é definida como a percentagem da força de trabalho que está desocupada e procurando emprego. Para conhecer um pouco mais sobre a evolução do mercado de trabalho e o impac- to do aumento do desemprego no desenvolvimento econômico, leia o artigo Estag- nação da economia, abertura e crise do emprego urbano disponível no link: https:// periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643188/10732. INDICAÇÃO DE LIVRO 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Causas do desemprego Apesar de parecer lógico que em crises econômicas o desemprego aumenta, já que as empresas irão vender menos e, por esse motivo, irão cortar custos, e, uma das formas é demitindo funcionários, a crise não é o único motivo para o de- semprego. Nesse sentido, Souza (2011) afirma que os economistas, basicamente, separam o desemprego em três tipos, de acordo com as causas, que são: friccional, estru- tural e conjuntural, que também é chamado de cíclico. Os dois primeiros estão relacionados à chamada taxa natural de desemprego. Os economistas da corrente clássica afirmam que a lei natural da oferta e demanda equilibram o mercado, ou seja, a oferta cria sua própria demanda. Em outras palavras, tudo que é produzido será consumido ao preço do mercado. Assim, existe uma mão invisível que corrige todas as distorções que podem ser geradas, sem que o Estado intervenha. Logo, para os economistas clássicos, o pleno emprego sempre ocorre, inclusive no mercado de trabalho. Por esse motivo, não existe desemprego involuntário, apenas o voluntário, que é aquele em que a pessoa, por algum motivo, não deseja trabalhar. 1 1 1 Vamos conhecer as causas do desemprego? Desemprego estrutural O desemprego estrutural pode ser decorrente de mudanças estruturais na eco- nomia, como mudança tecnológica, padrão de demanda dos consumidores, que no longo prazo alteram o mercado de mercado, eliminando alguns postos de trabalho e criando outros. Desemprego Friccional É caracterizado por pessoas que estão desempregadas momentaneamente, decorrentes, por exemplo, de mudança voluntária de emprego ou demissão ou primeiro emprego. Resumindo, o desemprego friccional é um “desemprego de adaptação, típico de economia em transformação” (SOUZA, 2011, p. 77), mas esse tipo de desem- prego pode se tornar em desemprego estrutural no médio prazo. Desemprego conjuntural ou cíclico Também chamado de desemprego involuntário, acontece em fases de recessão da economia. Nessas fases, o governo reduz o gasto, o que afeta diretamente a demanda, diminuindo a produção e gerando desemprego. Além desses tipos, alguns autores ainda incluem mais uma categoria do de- semprego, que é o desemprego sazonal que acontece em determinadas épocas, por exemplo, baixa temporada ou entre safras. Esse tipo é muito comum na agri- cultura e no turismo. Taxa de desemprego Mas como é calculada a taxa de desemprego? A taxa de desemprego é, segundo Passos e Nogami (2012), o percentual de pessoas desocupadas/desempregadas na semana de referência da pesquisa com procura no período de referência de 30 dias em relação à população economicamente ativa (PEA) na semana de re- ferência. Ficou complicado, certo? Vamos visualizar pela fórmula: 1 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Taxa de desemprego = (população desocupada)/(População economicamente ativa) x 100. O valor encontrado mostra a relação, percentual, de pessoas que estão procurando trabalho nos últimos 30 dias e que não exerceram atividade remunerada nos últimos 7 dias. Por exemplo, se a taxa de desemprego for de 7%, isso significa que 7% da população economicamente ativa não está trabalhando, mas está procurando emprego. VOCÊ SABE RESPONDER? Mas como sabemos esse percentual? No Brasil, temos três principais pesquisas que verificam o mercado de trabalho, como a Pesquisa Mensal de Empregos (PME), Pesquisa de Emprego e De- semprego (PED) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), sendo a última mais utilizada no meio acadêmico dos pesquisadores sobre mer- cado de trabalho. Cada pesquisa tem uma metodologia própria. Movimentos no mercado de trabalho Os movimentos do mercado de trabalho relacionados à oferta e demanda por trabalhadores dependem de três fatores, que são: SALÁRIO MÍNIMO Na maioria dos países, incluindo o Brasil, existem legislações que proíbem que os empregadores paguem menos do que um salário mínimo a qualquer categoria profis- sional ou gênero ou, ainda, a idades diferentes. O salário mínimo é definido pelo gover- no de tempos em tempos. SINDICATOS Segundo Souza (2011), os sindicatos são entidades que defendem os direitos dos tra- balhadores. Dentre esses direitos, estão a irredutibilidade dos salários e a manutenção dos salários reais, ou seja, do poder aquisitivo da população. 1 1 1 Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas, tais como determinado pelos empregadores ou por acordos bilaterais entre o empre- gador e o empregado nas chamadas negociações. Assim, muitos trabalhadores empregados têm algum poder de barganha, e esse nível do poder de barganha de um trabalhador depende claramente da natureza do seu trabalho, além disso, as condições de trabalho também afetam o poder de barganha dos trabalhadores. Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globaliza- ção. Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico requer mão de obra qualificada, marginalizando, assim, parcela significativa de trabalhadores. SALÁRIO-EFICIÊNCIA Um empresário pode estar certo que existe mais oferta do que demanda por trabalhadores em um determinado setor, mas ele pode não desejar, por questão estratégica, por exemplo, reduzir o salário. Nesse caso, o empresário estaria evitando rotatividade e assegurando a qualidade do trabalho. Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO NOVOS DESAFIOS Neste tema de aprendizado, discutimos uma das grandes áreas de estudo que é a macroeconomia. Vimos que a macroeconomia analisa os agregados ma- croeconômicos, ou seja, a economia como um todo, e não unidades produ- toras individuais. 1 1 5 1. O governo deve ter alguns objetivos ao adotar políticas macroeconômicas. A respeito desses objetivos é correto afirmar que: I - Todos os objetivos a serem alcançados são de longo prazo. II - Alto nível de emprego, historicamente, é um objetivo dos governos. III - Todos os objetivos a serem alcançados são de curto prazo. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente a afirmativa I está correta. d) Todas as afirmativas estão corretas. e) Nenhuma afirmativa está correta. 2. O governo tem algumas funções chamadas, por alguns autores, de funções básicas, a saber: estabilizadora, distributiva e alocativa. Sobre a função estabilizadora é correto afirmar que: a) Preocupa-secom a melhor distribuição dos recursos. b) Está focada em áreas que não são atraentes ao capital privado. c) Preocupa-se com os preços da economia. d) Podemos adotar como exemplo dessa função o investimento em saneamento básico. e) Preocupa-se com a distribuição de renda justa. 3. Os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômicos são próximos. Porém, é im- portante conhecermos bem suas diferenças. A respeito dessas diferenças é correto afirmarmos que: a) No crescimento, devemos prestar mais atenção ao nível de escolaridade. b) A distribuição de rendas é mais considerada quando discutimos crescimento do que quando discutimos desenvolvimento. c) Estudar desenvolvimento econômico implica pensar em qualidade de vida. d) O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é uma excelente medida para o desenvolvimento econômico. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 1 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 1 REFERÊNCIAS BACHA, C. J. C.; LIMA, R. A. S. Macroeconomia: teorias e aplicações à economia brasileira. Cam- pinas: Átomo, 2006. BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2011. GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2011. GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SANDRONI, P. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 2003. SOUZA, J. M. de. Economia brasileira. São Paulo: Pearson, 2011. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. 1 1 8 1. Opção E. 2. Opção C. 3. Opção C. GABARITO 1 1 9 MINHAS METAS POLÍTICAS ECONÔMICAS Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica. Diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico e suas respectivas fontes. Estudar o mercado de trabalho e as variáveis pertencentes a ele. Entender as principais políticas macroeconômicas: monetária, fiscal e cambial. Compreender o crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Explicar o mercado de trabalho. Aprofundar-se em políticas econômicas. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 6 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Estudante, seja bem-vindo a este tema de aprendizagem. Este é mais um tema importante para você conhecer e se aprofundar um pouco mais nas Políticas Econômicas que são as Monetárias, Fiscais e Cambiais. Aqui, vamos conhecer cada uma delas, suas características e como elas influenciam e afetam a economia. Além disso, você também irá compreender o que são impostos e de que forma eles se dividem. Nesse sentido, continue seus estudos para saber o porquê desses assuntos serem tão relevantes para o seu conhecimento. Vamos lá?! Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso podcast e saber mais clicando aqui! Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO POLÍTICAS ECONÔMICAS: MONETÁRIA, FISCAL E CAMBIAL Podemos definir, de forma bem genérica, que uma política econômica é a atua- ção do governo para atingir um determinado objetivo. Temos três principais políticas econômicas, que são a monetária, fiscal e cambial. Vamos entender cada uma delas? 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Política monetária A política monetária refere-se à quantidade de moeda disponível na economia, ao crédito disponível na economia e às taxas de juros, ou, ainda, conforme Gremaud et al. (2008), por política monetária, en- tende-se a atuação do Banco Central para definir as condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de moeda, nível de taxa de juros, dentre outros. Por meio da definição apresentada, percebemos que essa política influencia nossa vida diariamente e, muitas vezes, não nos damos conta disso. Você já havia pensado nisso? Vamos verificar, agora, quais são as funções da moeda. De acordo com Souza (2011), as funções da moeda podem ser divididas em: meio de troca, reserva de valor, medida de valor e padrão para pagamento diferido no tempo. Vejamos cada uma dessas funções. A função chamada meio de troca está relacionada à possibilidade que temos de trocar moeda por produtos e serviços que demandamos, ou seja, a moeda nos ajuda muito por nos facilitar as trocas e, embora não pensemos muito nisso, nem sempre foi assim, já tivemos muitas mercadorias que foram utilizadas como moeda. refere-se à quantidade de moeda disponível na economia 1 1 1 A moeda serve como reserva de valor por ter a máxima liquidez e por ter um poder de compra. Assim, essa função está, intimamente, relacionada à função de meio de troca. A medida de valor é porque, por meio da moeda, classificamos quanto vale determinada mercadoria. E a função de padrão para pagamento diferido no tempo é uma função que nos permite negociar algo (produto, serviço) em uma data e o seu pagamento ser feito no futuro, ou seja, por conta da existên- cia da moeda é que podemos combinar um preço hoje, para alguma negociação, e esse pagamento ser feito daqui a 30 dias, ou 60, e assim por diante. E por que nós demandamos moeda? Sei que você está assustado com essa pergunta e deve ter respondido: é óbvio que sabemos. Mas sabemos na prática. Vejamos, na teoria, quais são os motivos que nos levam a demandar moeda: ESPECULAÇÃO Você quer manter seus recursos em moeda para poder utilizá-los em algo que seja vantajoso para você, mas aqui estamos falando de aplicações financeiras rápidas. TRANSAÇÃO O motivo transação é que mantemos moeda para as transações necessárias em determinado período. Por exemplo, ao receber o salário, você guarda certa quantia em dinheiro para poder pagar suas contas mensais como água, telefone etc. PRECAUÇÃO Nesse caso, as pessoas guardam dinheiro para um imprevisto. Quem não tem um avô ou uma avó que diz: “nunca se sabe o que vai ser amanhã, é melhor prevenir”? Por esse motivo, essas pessoas acabam guardando dinheiro em espécie. Aqui, após verificarmos quais são as funções da moeda, já podemos fazer uma importante reflexão. Conforme Souza (2011), a demanda por moeda vai depender diretamente de qual é a renda do agente econômico e inversamente da taxa de juros. Explico, quanto maior a renda, maior a demanda por moeda, e quanto maior a taxa de juros, menor a demanda, pois se a taxa de juros estiver muito alta, será mais interessante deixar o dinheiro aplicado. Sabendo quais são as funções da moeda e porque os agentes econômicos a demandam, vamos ver, então, quais são os instrumentos que o governo tem e utiliza para provocar o aumento ou redução de demanda por moeda. 1 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Instrumentos da política monetária Pensemos, agora, na open market. As operações de open market, ou mercado aberto, são aquelas em que o governo compra ou vende títulos públicos, ou seja, digamos que o governo pretende irrigar a economia com mais dinheiro, utili- zando essa ferramenta de mercado aberto. Ele vai entrar no mercado comprando títulos públicos. Depósitos compulsórios: representam parte dos recursos que os bancos “ar- recadam” no mercado sob a forma de depósitos. Essa parte é a que fica retida junto ao Banco Central. Na prática, os bancos ficam impedidos de usarem esses recursos para novos empréstimos. VOCÊ SABE RESPONDER? Então, por que os depósitos compulsórios são um dos instrumentos da política monetária? Se a intenção do governo é fazer uma política restritiva, ele irá elevar o depósito compulsório, dessa forma, sobrarão menos recursos para os bancos emprestarem (ou reemprestarem). 1 1 1 Taxa de redesconto: também chamada de em- préstimos de liquidez por alguns autores, a taxa de redesconto é a taxa que os bancos comerciais pagam ao Banco Central quando precisam de dinheiro em-prestado. Por exemplo, digamos que um banco co- mercial precisa de recursos. Ele pode conseguir esses recursos em outros bancos, mas, em última instância, se ele não conseguir empréstimos com seus pares, ele recorrerá ao Banco Central. VOCÊ SABE RESPONDER? Podemos entender por juros o preço do uso do dinheiro. Por que pagamos juros de um empréstimo? Taxa de redesconto: também chamado de empréstimos de liquidez A taxa de juros cobrada pelo Banco Central dos bancos comerciais é a chamada taxa de redesconto. Se o governo deseja que haja uma elevação da quantidade de dinheiro em circulação, ele irá diminuir o valor dessa taxa. Em contrapartida, se quiser que tenha uma redução na quantidade de dinheiro na economia, ele eleva essa taxa. APROFUNDANDO Até aqui, falamos da política monetária focando na moeda, suas funções e os instrumentos da política monetária. Porém, há outra variável que está intima- mente ligada à política monetária, e essa está sempre presente nos noticiários, como evidenciado na introdução: a famosa taxa de juros. Quando não temos os recursos no momento, e, mesmo assim, o utilizamos, ar- camos com os juros. Então, a taxa de juros é o pagamento por essa utilização do dinheiro. A definição da taxa de juros está atrelada à política monetária. De acordo com Gremaud et al. (2008), taxa de juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante determinado período de tempo, ou, alternativamente, aqui- lo que se paga pela obtenção de recursos de terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de tempo. 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Verificando a definição de taxa de juros, já é possível inferir que essa é uma variável das mais importantes em qualquer economia, visto que, a partir dela, muitas decisões são tomadas. Por exemplo, se um empresário deseja fazer um investimento, uma das variáveis que ele levará em consideração é a taxa de juros. Se uma pessoa física pretende comprar um produto e vai pagá-lo à prestação, quanto ele pagará de juros vai afetar diretamente sua decisão de compra. Então, sabendo o que é e como é importante a taxa de juros, verifiquemos como ela é formada. No Brasil, a chamada taxa básica de juros é a Selic – Serviço Especial de Liquidação e Custódia. Ela é básica porque a partir dela é que as demais taxas são estabelecidas. Muitas vezes, você vê o valor da Selic e diz: mas no cheque especial estou pagando muito mais do que isso! Ou no cartão de crédito ou no financiamento, dentre outros. Volto a dizer, a Selic serve de base para as demais taxas de juros, é como se fosse um indicador de tendência ou um sinalizador que o governo usa para mostrar aos demais agentes econômicos o que ele quer no futuro próximo ou no curto prazo. A definição da Selic é feita pelo Copom – Comitê de Política Monetária do Bacen – Banco Central, por meio de suas reuniões mensais que, provavelmente, você já deve ter ouvido ou lido alguma notícia a respeito. Sempre que a definição da Selic acontece (uma vez por mês, em uma quarta-feira) essa informação é bastante divulgada, justamente como vimos anteriormente. A intenção do governo é informar o que ele deseja dos agentes econômicos pela sua decisão de elevar, manter ou reduzir a Selic. Como a política monetária afeta a economia? Agora que já estudamos um pouco sobre moeda, e as variáveis que envolvem a política monetária, vamos discutir como o governo faz política monetária e quais os resultados que pretende com ela. Em geral, dizemos, tecnicamente, que a política monetária pode ser con- tracionista ou expansionista. E o que quer dizer isso? Uma política monetária contracionista é feita se o governo deseja frear a economia. Melhor dizendo, se, na visão do governo, a economia está muito aquecida, as pessoas/empresas estão utilizando muito a moeda para as mais diversas funções, e ele deseja que isso seja reduzido, ele praticou política monetária contracionista. 1 1 1 Já a política monetária expansionista funciona no sentido inverso - se o gover- no acha que a economia está desaquecida e pretende estimular essa economia, ele poderá reduzir a taxa de juros, o que levará os agentes econômicos a reaquecerem a economia. Aí, você pode me dizer: mas quando o governo vai querer desaquecer a economia? Quando, por exemplo, a inflação estiver muito elevada. E como se faz essa políti- ca? A ferramenta mais utilizada, no Brasil, é a taxa de juros, mas todos os instru- mentos de política monetária citados anteriormente são e podem ser utilizados. PENSANDO JUNTOS Veja, com base na Figura 1, o que se espera a partir de uma mudança na taxa de juros: que ela afete as taxas de mercado que estão ligadas às expectativas dos agentes e que, juntamente com os preços dos ativos, irão influenciar a demanda que é o que determinará a inflação. Por outro lado, a taxa de juros também está ligada à taxa de câmbio que determina o preço das importações que influencia a inflação. Esse é o modelo utilizado pela Inglaterra. Na Figura 2, podemos verificar um esquema parecido com o da Figura 1, mas este foi construído para ilustrar o que ocorre no Brasil. Figura 1 - O Mecanismo de Transmissão da Política Monetária / Fonte: Harrison et al. (2005 apud PIRES, 2008). Descrição da Imagem: a figura traz um fluxograma que vai desde a taxa de juros até a inflação. Fim da descrição. 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Política fiscal A política fiscal trata, basicamente, do orçamento, gastos e arrecadação do go- verno. Então, quando o governo gasta ou investe algum recurso, ele está fazendo política fiscal. Quando o governo eleva ou reduz algum imposto, ele também está fazendo política fiscal. Normalmente, ouvimos ou lemos a manchete: “Bra- sil fecha período com superávit primário” ou “Brasil fecha período com déficit primário”. E o que isso quer dizer? Figura 2 - O Mecanismo de Transmissão da Política Monetária - Brasil / Fonte: adaptada de Gontijo (2007). Descrição da Imagem: a figura ilustra o desencadear da política monetária partindo de um dos mecanismos tradicionais, nesse caso, especificamente, para o Brasil. Podemos verificar que todos eles afetam, em última instância, o nível geral de preços, mas também influenciam o produto da economia (o PIB) e, em especial a taxa de juros influencia a taxa de câmbio. Fim da descrição. Déficit ou superávit primário, de acordo com Gremaud et al. (2008, p. 194) “é a diferença entre as receitas não financeiras e os gastos não financeiros. Se o governo gastou mais do que arrecadou, ele tem déficit, e se ele gastou menos do que arrecadou, ele tem superávit”. APROFUNDANDO 1 1 8 Já quando o governo tem déficit em suas contas, ou seja, ele gastou mais do que arrecadou, podemos dizer que ele está fazendo uma política fiscal expansionis- ta, isso porque, se o governo gasta mais do que arrecada, ele está estimulando a economia pela injeção de recursos. Aqui cabe uma observação bastante impor- tante: e a qualidade desses gastos? Muitas vezes, apenas gastar para injetar dinhei- ro na economia não é uma boa estratégia, é preciso saber em que se está gastando. A função da política fiscal é a de ajudar o governo a atingir seus objetivos para uma nação e, para isso, o governo utiliza as variáveis gastos e arrecadação. A maior parte das arrecadações do governo brasileiro se dá pelos impostos. De acordo com Gremaud et al. (2008), o Brasil sempre utilizou a estrutura tributária para estimular setores da economia. Como a política é bastante utilizada pelo governo brasileiro e sua arrecadação vem principalmente dos impostos, vamos discutir um pouco sobre esses im- postos. De acordo com Gremaud et al. (2008), a forma como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos impostos tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica, a distribuição de renda, a compe- titividade da economia, dentre outros fatores. Nesse sentido, podemos analisar vários aspectos. 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 IMPOSTOS DIRETOSOs principais impostos diretos no Brasil são o Imposto de renda – IR pessoa física e jurídica, o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, o IPTU – Im- posto Predial e Territorial Urbano, o ITR – Imposto Territorial Rural, dentre outros. Esses impostos são todos diretos, o que significa que eles incidem sobre a renda do cidadão ou da empresa, ou sobre a propriedade de algo. IMPOSTOS INDIRETOS Os principais impostos indiretos no Brasil são o ICMS – Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, o II – Imposto de Importação, dentre outros. A característica que esses impostos têm em comum é que todos incidem sobre o con- sumo e, por isso, são classificados como diretos. IMPOSTOS NEUTROS Dizemos que o sistema de cobranças de impostos é neutro quando a sua participação na renda das pessoas é a mesma, independentemente do nível de renda. IMPOSTOS REGRESSIVOS Chamamos de sistema regressivo quando a participação dos impostos na renda das pessoas diminui conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha menos, paga mais. IMPOSTOS PROGRESSIVOS Damos o nome de sistema progressivo quando a participação dos impostos na renda das pessoas aumenta conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha mais, paga mais. E, por último, podemos analisar os impostos em relação à eficiência econômica e ao fomento da economia. Nesse sentido, devemos analisar se o governo está interferindo no mercado no sentido de sobretaxar determinados bens e serviços, desincentivando sua produção, ou o contrário. Em suma, os impostos fazem com que um produto ou serviço se torne mais caro ou mais barato, independentemente da eficiência de quem o oferta, e o governo deve estar atento a esse efeito dos impostos. 1 3 1 Instrumentos da política fiscal Conforme vimos na definição do que é política fiscal, ela trata dos gastos e arre- cadação do governo. Assim, para “fazer” política fiscal, o governo utiliza seu gasto e/ou sua arrecadação objetivando, sempre, alcançar algo com sua ação. VOCÊ SABE RESPONDER? Vimos lá no início deste capítulo que as políticas macroeconômicas têm quatro objetivos, e esses objetivos podem ser buscados utilizando a política fiscal. E como executar essa política? O governo pode decidir, e decide, como, quando e para que utilizará seus recur- sos. Essa é uma maneira de fazer política fiscal. O governo decide, também, sobre as alíquotas de impostos, e isso é política fiscal. Vamos ver um exemplo prático: Exemplo: no ano de 2008, houve uma crise internacional mais localizada, a princípio nos Estados Unidos, batizada de crise das hipotecas. Com ela houve, de modo geral, uma redução no consumo mundial, e o Brasil acabou passando a vender menos para o resto do mundo, já que este estava em crise. Um dos mecanismos utilizados pelo então Presidente Lula foi o de reduzir o IPI dos automóveis, objetivando reduzir seu preço e elevar sua demanda. Consequência: com a redução no preço dos carros, ocorreu uma elevação da demanda e um aque- cimento da economia brasileira, mais especificamente do setor automobilístico. A indústria automobilística não reduziu sua produção e nem precisou demitir pessoal. 1 3 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Esse mesmo mecanismo foi utilizado com os produtos de linha branca, como ge- ladeiras e fogões. A esse tipo de política fiscal damos o nome de expansionista, na qual o objetivo do governo é expandir, fazer crescer a economia. Se o objetivo fosse contrair a economia, o governo poderia, por exemplo, ter elevado o IPI desses produtos. Assim, as pessoas demandam menos, e a economia se retrai. Como a política fiscal afeta a economia? É dentro da política fiscal que o governo decide onde fará seus investimentos. Dessa forma, ela influencia diretamente os cidadãos. Além disso, é por meio dessa política que verificamos se o governo está endividado ou não, de onde estão vindo e pra onde estão indo seus recursos. Como já falamos anteriormente, a política fiscal pode ser utilizada para in- centivar ou desincentivar a indústria (produção) de algum produto. Vejamos a respeito de quanto de impostos está embutido em determinados produtos: PRODUTO % Batatinha (in natura) 11,22 Frango congelado 16,80 Ovos de galinha 20,59 Fubá 25,28 Água Mineral 44,55 Cerveja (garrafa ou lata) 55,60 Sapato 36,17 Gasolina 53,03 Fralda descartável 34,21 Livros 15,52 Tabela 1 - Percentual de tributos embutidos no preço final de produtos / Fonte: adaptada de Impostôme- tro (c2023). 1 3 1 Política cambial A política cambial é aquela que busca manter, atingir uma taxa de câmbio que seja considerada boa para a economia. Junto à política cambial, alguns autores trabalham a chamada política comercial, que se refere a mecanismos de incentivo ou desincentivo às exportações e as importações. Ao estudarmos teoria econômica, devemos ter em mente que esta tem uma gama imensa de variáveis, mas quando falamos em economia, é muito difícil que ninguém se manifeste e comente sobre o Dólar. Acredito que, para falarmos de política cambial, instigar você na questão da moeda Norte Americana seja uma boa estratégia, afinal de contas, quem nunca sonhou com uma viagem internacional, ou com um produto importado, e, de repente, se lembrou: mas tenho que pagar em dólares? Esse, simplificadamente, é o “mundo” da política cambial. Como vimos anteriormente, o governo tem alguns objetivos nas suas políticas macroeconômicas, e dentro da política cambial, o que é que o governo pode ou poderia fazer? Vamos começar por entender um pouquinho sobre o câmbio. Câmbio é uma palavra de origem espanhola que significa troca. Então, quando pensamos no dólar, na verdade, estamos pensando quanto vai custar esse dólar, ou seja, de quantos reais eu preciso para comprar ou trocar por um dólar. PENSANDO JUNTOS 1 3 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Nas palavras de Gremaud et al. (2008) a taxa de câmbio é o valor que uma moe- da nacional possui em termos de outra moeda nacional. Dessa forma, podemos comparar o Real ao Dólar, ao Euro, e assim por diante. Bem como podemos comparar Euro ao Dólar, Euro ao Franco. Um país pode adotar regimes cambiais diferentes. No caso do Brasil, você sabe qual é o regime cambial adotado atualmente? Vejamos quais são os regimes que a literatura traz e, depois, você nos responde em qual desses o Brasil se encaixa. Regime de câmbio fixo Nesse regime cambial, mantém-se a taxa de câmbio em um mesmo valor, ou seja, não há oscilação no preço da moeda em relação a outras moedas. As leis da oferta de demanda irão determinar preços, mas, no caso do câmbio fixo, isso não ocorrerá, quer dizer, não será o mercado que determinará o preço da moeda e, sim, o Governo. Para manter o câmbio fixo, é preciso que o país tenha uma boa quantidade de Reservas Internacionais, ou seja, moeda internacional, pois o Banco Central do país é quem administrará o câmbio e, para isso, precisará trabalhar com essas Reservas. Você deve estar se perguntando: como? Entenda o esquema montado na Figura 3. Figura 3 - Modificação do preço da moeda nos regimes de câmbio fixo e flutuante / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxograma sobre a modificação do preço das moedas nos regimes de câmbio fixo e câmbio flutuante. 1 3 1 Quando temos taxa de câmbio fixo e o mercado demanda muita moeda estran- geira, o Banco Central entra no mercado cambial ofertando moeda internacional para que o preço dela não suba (não haja alteração na taxa cambial). Regime de câmbio flutuante Nesse regime cambial, é permitido que o preço da moeda oscile de acordo com as condições de oferta e demanda do mercado. Nesse caso, o Banco Central também compra e vende moeda estrangeira, no entanto, faz isso apenas pela necessidade que tem de utilizar essa moeda, ele não entra no mercado para influenciar ou determinar o seu preço. No caso de câmbio flutuante, opreço da moeda será determinado pelas leis da oferta e demanda. Se houver maior demanda pela moeda, seu preço se elevará, e se a demanda cair, seu preço também cairá. VOCÊ SABE RESPONDER? E por que o câmbio é uma variável importante? Qualquer transação que seja realizada com o exterior é influenciada pela taxa de câmbio. Pensando dessa maneira, podemos entender que governos possam se utilizar desse artifício ou dessa política, buscando atingir algum objetivo para sua economia. Vamos tratar do nosso caso específico, do mercado brasileiro. Quem de- manda dólar? Quem oferta dólar? Em outras palavras, quem compra e quem vende dólares? Os demandantes de dólares: ■ turistas que viajam para o exterior; ■ pessoas ou empresas que importam produtos (compram produtos do exterior); ■ pessoas ou empresas que contraíram dívidas no exterior e preci- sam saldá-las; ■ filiais de empresas cujas sedes são no exterior (ao remeterem lucros e dividendos). 1 3 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Os ofertantes de dólares: ■ pessoas ou empresas que exportam seus produtos; ■ turistas estrangeiros que vêm ao Brasil; ■ investidores estrangeiros que investem no Brasil; ■ quem faz empréstimos no exterior. Levando em conta quem são os ofertantes e demandantes de dólares, po- demos afirmar que o preço dessa mercadoria, ou seja, a taxa de câmbio é uma variável muito importante para a economia. Com certeza, a taxa de câmbio in- fluenciará as relações comerciais de residentes com os não residentes. CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE Características Banco Central fixa a taxa de câmbio. O Banco Central é obri- gado a disponibilizar as reservas cambiais. O mercado (oferta e demanda de divisas) determina a taxa de câmbio. O Banco Central não é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais. Vantagens Maior controle da infla- ção (custos das importa- ções estáveis). Política monetária mais indepen- dente do câmbio. Reservas cambiais mais protegidas de ataques especulativos. Desvantagens Reservas cambiais vulneráveis a ataques especulativos. A política monetária (taxa de juros) fica dependen- te do volume de reservas cambiais. A taxa de câmbio fica muito depen- dente da volatilidade do mercado financeiro nacional e internacional. Maior dificuldade de controle das pressões inflacionárias, devido às desvalorizações cambiais. Quadro 1 - Vantagens e desvantagens dos regimes cambiais / Fonte: adaptado de Vasconcellos (2011). No quadro, Vasconcellos (2011) resumiu bem as vantagens e desvantagens de cada regime cambial. Cabe à autoridade econômica (e política) escolher o que melhor se adequa à realidade do seu país. No caso do Brasil, você já consegue responder a pergunta que fizemos no início desse tópico, ou seja, qual é o regime cambial adotado aqui? Adotamos o regime de câmbio flutuante! 1 3 1 NOVOS DESAFIOS Discutimos as três principais políticas macroeconômicas, que são a monetária - que está relacionada à taxa de juros e à quantidade de moeda em circulação, e, consequentemente, o crédito - a política fiscal - que são os gastos e arrecadação do governo - e, por fim, a cambial - que trabalha com a variável taxa de câmbio - e a forma de impacto dessa variável da economia. Agora, você conseguirá compreender um pouco melhor as manchetes eco- nômicas e as ações do governo em termos econômicos. Espero que eu tenha conseguido despertar em você a paixão pela macroeconomia e pela economia como um todo. Título: Princípios de Macroeconomia Comentário do autor: o estudo de economia é um dos mais fascinantes e complexos de todas as ciências. Constitui-se, portanto, em estimulante desafio para o domínio dos seus princípios fundamentais, conjugados com a necessidade do entendimento das inúmeras dificuldades com que a econo- mia global vem se defrontando. Para melhor compreender o mundo e poder participar ativamente dele, é preciso ter à mão um manual completo e atualizado. Esta obra, além dos ferramentais consagrados, dispõe também das mais recentes descobertas da economia e dos instrumentos de política econômica para utilizá-la. INDICAÇÃO DE LIVRO Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO 1 3 1 1. Crescimento econômico é um dos objetivos que o governo procura alcançar, sendo, portan- to, tema de estudo da macroeconomia. Assim, crescimento econômico pode ser definido como o aumento da capacidade produtiva da economia, ou seja, é a riqueza de um país. Para que uma nação gere riqueza, são utilizados recursos disponíveis, que são limitados. Com base no exposto, assinale V para verdadeiro e F para falso quanto às fontes/aos ins- trumentos de crescimento econômico: ( ) Aumento da capacidade produtiva. ( ) Mão de obra qualificada. ( ) Geração de emprego. ( ) Melhorias na qualidade de vida da população. Assinale a alternativa correta: a) V, V, V, F. b) F, F, V, V. c) F, V, V, F. d) F, V, F, V. e) V, F, F, V. 2. Uma desvalorização cambial significa que é necessário mais da moeda nacional, no caso, Real, para comprar moeda estrangeira. Vamos supor que, inicialmente, a taxa de câmbio era de R$ 3,00. Comparando essa taxa com os valores seguir, marque a alternativa que significa que houve uma desvalorização cambial: I - R$ 3,01. II - R$ 3,00. III - R$ 2,99. IV - R$ 3,02. a) I, II e III estão corretas. b) II e III estão corretas. c) I, II e IV estão corretas. d) I e IV estão corretas. e) Todas estão corretas. 1 3 8 3. Podemos dizer que tudo que o governo gasta e arrecada pode ser utilizado como política fiscal. Assim, quando o governo reduz algum imposto, é correto dizermos que: a) Está fazendo política fiscal contracionista. b) Está desincentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide. c) Está incentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide. d) Está aumentando, diretamente, sua arrecadação. e) Está reduzindo a taxa de juros no longo prazo. 1 3 9 REFERÊNCIAS GONTIJO, C. Os mecanismos de transmissão da política monetária: uma abordagem teórica. Texto para Discussão nº 321 Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2007. GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008. IMPOSTÔMETRO. Página inicial. c2023. Disponível em: https://impostometro.com.br/. Acesso em: 16 jun. 2017. PIRES, M. C. C. A dívida pública e a eficácia da política monetária no Brasil. 2008. Monografia agraciada com menção honrosa no XIII Prêmio Tesouro Nacional – 2008. Política Fiscal e Dívida Pública. Brasília: ESAF, 2008. SOUZA, J. M. de. Economia brasileira. São Paulo: Pearson, 2011. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. 1 1 1 1. Opção A. 2. Opção D. 3. Opção C. GABARITO 1 1 1 UNIDADE 3 MINHAS METAS INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Discutir o setor externo. Compreender os fundamentos do comércio internacional. Entender os regimes cambiais e o comércio internacional. Conhecer a estrutura do balanço de pagamento. Estudar o processo de globalização. Analisar questões do ponto de vista da economia brasileira. Entender importação e exportação. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 7 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Olá, estudante, tudo bem com você? Seja muito bem-vindo ao tema de aprendi- zagem do livro Economia e Sociedade. Aqui, iremos discutir o setor externo, que é tão importante para a economia brasileira, já que, do ponto de vista econômico, vivemos em um mundo que está cada dia mais interligado, seja por meio de fluxos comerciais ou fluxos financeiros. Por esse motivo, a chamada economia inter- nacional - que é um ramo de estudo dentro da teoria econômica - se destacou. Assim, o tema de aprendizagem está dividido em quatro tópicos: iniciare- mos nossas discussões falando da teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, que procura explicar os benefíciosdo comércio internacional para os países, e, portanto, em quais produtos as nações devem se especializar e exportar. No segundo tópico, retornaremos aos regimes cambiais que discutimos no tema passado, mas com foco no comércio internacional, ou seja, como a taxa de câmbio influencia as exportações e importações. No próximo tópico, o tema será Balanço de Pagamentos, no qual todas as transações entre países são registradas. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso podcast e saber mais clicando aqui! Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo dig- ital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Vamos iniciar nossas discussões com uma pergunta: o que leva um país a comer- cializar com outras nações? Para responder a esse questionamento, diversas ex- plicações podem ser levantadas, como a disparidade nas condições de produção ou, ainda, na obtenção que certos países têm em obter as chamadas economias de escala ao produzir e vender ao mercado internacional. Economia de escala acontece quando é possível aumentar a quantidade produzida sem aumentar, na mesma proporção, o custo. Os economistas da escola clássica explicam os motivos por que os países comer- cializam entre si por meio da teoria básica do comércio internacional, o chamado Princípio ou Teoria das Vantagens Comparativas, que foi formulada por David Ricardo em 1817. Para a teoria das vantagens comparativas, como afirma Vasconcellos (2011), cada país deve se especializar na produção do bem em que é relativamente mais efi- ciente ou cujo custo seja menor, e exportar este bem. Por outro lado, esse mesmo país deve importar as mercadorias cuja produção implica um custo maior ou que ele seja menos eficiente. Assim, a especialização dos países na produção de bens distintos é a base do processo de troca entre as nações. ZOOM NO CONHECIMENTO Para ficar mais fácil a compreensão, vamos imaginar que existam somente dois países, Inglaterra e Portugal; dois produtos, vinho e tecido; e um fator de produ- ção, que é a mão de obra. Com base no trabalho, a produção de cada país pode ser vista na Tabela 1. PAÍS/PRODUTO TECIDO VINHO Inglaterra 100 120 Portugal 90 80 Tabela 1 - Teoria das Vantagens Comparativas / Fonte: Vasconcellos (2011, p. 367). 1 1 1 Analisando a Tabela 1, podemos ver que Portugal é mais eficiente na produção tanto de tecido quanto de vinho, comparando com a Inglaterra. Isso acontece porque o custo que os portugueses têm em produzir os bens é mais baixo do que o dos ingleses. Porém, em termos relativos, o custo de produção de tecidos em Portugal é 90, enquanto na Inglaterra é 120. Já o tecido, o custo é de 90 em Portugal e 100 na Inglaterra. Com base na teoria, Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra, na produção de tecidos. Assim, os dois países irão se beneficiar ao se especializarem na produção do bem que tenha vantagem com- parativa, exportando esse bem e importando o outro bem. Agora, vamos entender os benefícios da especialização e do comércio comparan- do duas situações distintas: uma sem o comércio internacional e outra com o comércio internacional. Vamos lá? PENSANDO JUNTOS Voltando à situação apresentada anteriormente, na Inglaterra, são necessárias 100 horas de trabalho para a produção de uma unidade de tecido e 120 horas para a produção de vinho. Assim, uma unidade de vinho custa 1,2 unidades de tecido, pois 120/100 é igual a 1,2. E em Portugal? A unidade de vinho custará 0,89 (80/90). Com o comércio internacional, a Inglaterra importa uma unidade de vinho a um preço inferior a 1,2 unidade de tecido e Portugal importa mais do que 0,89 de tecido vendendo uma unidade de vinho. Assim, se a relação de troca entre vinho e tecido for de um para um, ambos os países se beneficiarão. Por exemplo, a Inglaterra gastará 120 horas de trabalho para obter uma unidade de vinho, negociando com Portugal poderá importar o vinho com apenas 100 horas de trabalho. Em outras palavras, a Inglaterra produ- zirá uma unidade de tecido com 100 horas de trabalho e trocará por uma unidade de vinho, que caso ela produzisse, seriam gastas 120 horas. E a mesma situação é com Portugal, que irá trocar uma unidade de vinho que gasta 80 horas para produzir por uma unidade de tecido inglês, que caso Portugal fosse produzir, seriam gastas 90 horas. 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Com base no exposto, podemos concluir que a Inglaterra deve se especializar na produção de tecidos e exportar o produto, e importar vinho. Já para Portugal, o benefício será exportando vinho e importando tecido. Assim, todos os dois países obterão ganhos via comércio internacional. Para conhecer a aplicabilidade da Teoria das Vantagens Comparativas, leia o artigo Evolução das vantagens comparativas do Brasil no comércio mundial de soja, que tem como objetivo analisar a evolução das vantagens comparativas do Brasil nos seg- mentos de soja em grão, farelo e óleo, no período de 1990 a 2002. Para saber mais, o artigo se encontra disponível clicando aqui! . INDICAÇÃO DE LIVRO De acordo com Vasconcellos (2011), a teoria das vantagens comparativas explica os movimentos de mercadorias no comércio internacional, baseada no lado da oferta ou dos custos de produção existentes nos países. Assim, os países expor- tarão e se especializarão na produção dos bens que os custos forem menores em relação aos existentes nos países exportadores. Porém, de acordo com o mesmo autor, a Teoria das Vantagens Compara- tivas tem algumas limitações, principalmente que ela é estática, ou seja, não leva em consideração a evolução da oferta e da demanda, e nem as relações de preços entre os produtos negociados. Por exemplo, se a renda crescer, a demanda por tecidos aumentará mais do que, proporcionalmente, a demanda de vinhos, já que tecido é um bem mais elástico e, com isso, existirá uma deterioração da relação de trocas entre Portugal e Inglaterra, e os ingleses terão mais benefícios. Diferentemente ocorre com produtos primários, que possuem a elasticidade renda da demanda menor do que 1. Então, mesmo com o aumento da renda mundial, a demanda não aumentará proporcionalmente. Caso tenha ficado com alguma dúvida quanto ao conceito de elasticidade, por favor, releia o referido tema do nosso livro didático. Falamos sobre a Teoria Clássica do Comércio Internacional, mas temos uma teoria mais moderna, que tem como base o modelo de Heckscher-Ohlin, o qual, 1 1 8 como afirma Vasconcellos (2011), postula que as vantagens comparativas e a di- reção do comércio estarão dadas pela escassez ou abundância relativa de fatores de produção. Por exemplo, um país como o nosso pode ter mão de obra abundante, o que faz com que o preço do trabalho, no caso o salário, seja menor, assegurando que o Brasil tenha vantagens comparativas e, por isso, deve se especializar na produção de bens que necessitam muito de trabalho. Por outro lado, os bens que precisam muito de capital, o país deverá importar, pois terá um custo relativamente menor. REGIMES CAMBIAIS E O COMÉRCIO INTERNACIONAL Ao falarmos sobre a política cambial neste tema de aprendizagem, trabalhamos com o conceito de taxa de câmbio e dos regimes cambiais. Porém, nesta seção, retornaremos as nossas discussões sobre esses conceitos, mas agora pensando no impacto no comércio internacional. Para isso, vamos nos lembrar do que é taxa de câmbio, que pode ser definida como o preço da moeda estrangeira, que também podemos chamar de divisas, em relação à moeda nacional. Por exemplo, se a taxa de câmbio dólar/real for de R$ 3,00 significa que precisamos de três reais para comprar um dólar. 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Com base no que já foi exposto, podemos concluir que, quanto maior for a oferta de divisas em relaçãoà demanda, menor será a taxa de câmbio, já que tere- mos mais dólar no mercado interno, o que faz com que o preço do dólar reduza. Com isso, o Real sofre uma valorização cambial. Por outro lado, se aumentar a demanda por dólares dada a oferta, a taxa de câmbio será maior, já que o dólar estará mais caro. Assim, o Real sofre uma desvalorização cambial. Além desses dois regimes cambiais, que são os mais utilizados, ainda temos os casos intermediários entre o flexível e o fixo. Dentre esses regimes interme- diários, podemos citar a flutuação suja, na qual o país adota o regime flutuante, mas com o Banco Central intervindo o todo inteiro para manter a taxa de câmbio em níveis adequados, sem muitas oscilações. Agora que ficou bem clara a taxa de câmbio, vamos compreender o efeito das variações na taxa de câmbio sobre algumas situações. Taxa de câmbio sobre exportações e importações Com a desvalorização cambial, os compradores estrangeiros conseguem comprar mais produtos importados do Brasil e, com isso, há um aumento na exportação do nosso país. Por outro lado, fica mais caro para os brasileiros importarem, pois o dólar estará mais caro e, portanto, os produtos importados também. Assim, a desvalorização cambial estimula as exportações e desestimula as importações. Situação oposta ocorre quando temos uma valorização cambial: os nossos produtos ficarão muito caros no mercado internacional, e os produtos estrangeiros, baratos. Assim, uma valorização cambial estimulará as importações e desestimulará as exportações. Taxa de câmbio sobre a taxa de inflação Um dos instrumentos de controle da inflação é a taxa de câmbio, o que pode ser feito por meio da valorização cambial, que, nesse caso, é chamada de âncora cambial. Ocorre a seguinte situação: a taxa de câmbio é valorizada, o que torna a moeda nacional mais forte. Isso irá estimular a importação, fazendo com que a concorrência aumente no mercado nacional, e como você sabe, concorrência maior, preços menores e, portanto, a inflação reduz. 1 5 1 Então, o nível da taxa de câmbio deve ser relativamente alto para estimular as exportações e relativamente baixo para não encarecer demasiadas as importações e pressionar a inflação, como afirma Vasconcellos (2011). Variação nominal e variação real do câmbio Existe uma grande diferença entre variáveis nominais e reais. Por exemplo, o salário que vem no seu holerite ou contracheque é o salário nominal, já que poder de compra é o salário real. Agora que você já compreendeu a diferença, vamos analisar a taxa de câmbio nominal e real. Para isso, vamos a um exemplo: uma desvalorização cambial de 10% é nominal, se a inflação for 10%, não houve desvalorização nominal. Certamente você deve estar pensando que achamos a solução para os aumentos de preços, mas não, pois com a moeda valorizada, teremos outros problemas, como a re- dução das exportações, aumento na dependência externa e tantos outros problemas. PENSANDO JUNTOS VOCÊ SABE RESPONDER? Então, por que essa diferença é tão importante? O conceito de desvalorização ou valorização cambial real é utilizado para averi- guar a competitividade dos produtos nacionais frente aos importados. Por exem- plo, se a desvalorização nominal for maior do que a inflação, a competitividade dos produtos nacionais aumentou. Pode acontecer uma situação que a variação cambial e a variação dos preços sejam nulas, mas a inflação dos outros países foi positiva. Essa situação acarreta uma desvalorização real da moeda nacional, aumentando a competitividade dos nossos produtos. Segundo Vasconcellos (2011), existem duas formas de definir a taxa de câmbio real: 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Ao desvalorizar a moeda, o estoque da dívida externa em reais aumenta, mas não afeta o saldo em dólares. No médio prazo, estimular as exportações e deses- timular as importações pode aumentar a oferta de dólares, o que faz com que a moeda nacional valorize e a dívida externa em dólares reduza. Por outro lado, uma valorização cambial reduz o valor da dívida externa em reais no curto prazo, mas aumenta futuramente, já que temos uma estimulação das importações, o que levará à desvalorização cambial e ao aumento da dívida em reais. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO Balanço de pagamento é definido por Vasconcellos (2011) como o registro con- tábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. Essas transações são de bens e serviços, de capitais e financeiras. Então, podemos afirmar que o balanço de pagamento registra o comércio internacional, que são as exportações e importações, os serviços internacionais, (como pagamento de juros, royalties, remessa de lucro, turismo, fretes etc.), o movimento de capitais internacionais (como investimento direto estrangeiro, empréstimos e financiamentos), dentre outros. ABORDAGEM DE DEMANDA A taxa de câmbio real é a razão entre o nível geral de preços externos e o nível geral de preços internos: R = eP ∙ / P No qual: R – taxa de câmbio real e- taxa de câmbio nominal P* - preço externo P – preço interno ABORDAGEM DE OFERTA A taxa de câmbio real é a razão entre o preço dos bens comercializáveis e o preço dos bens não comercializáveis. R = PT / PNT No qual: R – taxa de câmbio real PT – preço dos bens comercializáveis PNT – preço dos bens não comercializáveis Taxa de câmbio sobre a dívida externa do país 1 5 1 Com a afirmação anterior, você pode perceber que sempre que estamos nos re- ferindo a balanço de pagamentos, estamos falando em transações entre países, portanto, as transações feitas no mercado interno não são contabilizadas no balanço de pagamento, somente aquela do Brasil com qualquer outro país, seja por pessoas físicas ou jurídicas. E a ideia do balanço de pagamento é muito parecida com a do balanço patrimonial das empresas, pois as normas gerais das transações no balanço de pagamentos são oriundas da contabilidade, mais exatamente o método das partidas dobradas. Nesse sentido, Vasconcellos (2011) observa que, no caso das transações externas, não existe uma conta caixa, mas utiliza-se uma conta compensatória chamada variação de reservas. POSITIVO Se o sinal da conta variação de reservas for positivo, significa que o saldo é credor, o que acarreta uma redução nos haveres monetários, que são as reservas internacionais, ou, ainda, pode aumentar as obrigações do país com o resto do mundo. NEGATIVO Caso contrário, se o sinal for negativo, há um aumento das reservas internacionais. 1 5 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Agora que você conheceu o conceito de Balanço de Pagamento, vamos com- preender como ele é estruturado. Para isso, vamos analisar. Eu irei apresentar cada conta, mostrar para você o valor e composição da referida conta na economia brasileira para o ano 2000 e um gráfico que mostra a evolução da conta. Vamos lá? a) Balança comercial A conta balança comercial é composta pelo comércio internacional de bens, tanto as exportações quanto as importações de produtos. Por exemplo, se o Brasil exporta grãos para a China, o valor será contabilizado nessa conta em exporta- ções. Caso o Brasil importe tecnologia do Japão, o valor também é contabilizado na balança comercial, mas em importações. É importante observar que as transa- ções feitas são do tipo FOB, que significa free on board, ou seja, isentas de fretes e seguros, tanto as importações quanto as exportações. b) Serviços e Rendas Você percebeu que, diferentemente da conta balança comercial, aqui, so- mente os serviços são contabilizados? E quais são esses serviços? Fretes, seguros, lucros, juros, royalties, assistência técnica, viagens internacionais, dentre outros. Figura 1 - Gráfico referente a evolução do saldo comercial / Fonte: adaptada de MDIC (c2023). Descrição da Imagem: gráfico mostrando a evolução do saldo comercial de 2006 a 2014, com queda na maioria dos anos e pico de subida em 2011. 1 5 1 Porém, é importante observar que os serviços que representam remunera- ção afatores de produção, como juros, lucros, royalties e assistência técnica são chamados de serviços ou renda de fatores, e é a renda líquida de fatores externos (diferença entre o Produto Interno Bruto e o Produto Nacional Bruto). BALANÇO DE SERVIÇOS VALOR -7 162 Transportes -2.896 Viagens internacionais -2.084 Seguros -4 Serviços financeiros -294 Computação e informação -1.111 Royalties e licenças -1.289 Aluguel de equipamentos 1.311 Serviços Governamentais -549 Comunicações 4 Construção 227 Serviços relativos ao comércio 194 Serviços empresariais, profissionais e técnicos 2.251 Serviços pessoais, culturais e recreação -300 Serviços diversos 0 Tabela 2 - Balanço de serviços no Brasil em 2000 (milhões de dólares) / Fonte: Feijó et al. (2013, p. 170). 1 5 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Podemos ver que o saldo foi negativo. E a evolução do balanço de serviços? c) Transferências Unilaterais Correntes Na conta transferências unilaterais correntes, também chamada de conta de donativos, como o próprio nome já diz, são registradas as doações que são feitas ou recebidas de outros países. Essas doações podem ser feitas em dinheiro ou em mercadoria Figura 2 - Evolução do saldo do Balanço de Serviços e Rendas / Fonte: adaptada de MDIC (c2023). Descrição da Imagem: gráfico mostrando o saldo do balanço de serviços e rendas de 2006 a 2014, com queda maioria dos anos e leve subida em 2009 e 2012. VALOR Total Transferências recebidas Transferências enviadas 1.521 1.828 -307 Tabela 3 - Conta transferências unilaterais líquidas de renda para o Brasil, em 2000 (por milhões de dólares) / Fonte: Feijó et al. (2013, p. 172). Conforme podemos ver na figura, o saldo em conta transferências unilaterais foi positivo, ou seja, recebemos mais doações do que enviamos em 2000. 1 5 1 d) Transações correntes A soma das contas balança comercial, balança de serviços e rendas e trans- ferências unilaterais resultam do saldo em conta corrente, também chamado de saldo em transações correntes. Se o saldo for positivo, significa que temos um superávit em transações correntes, o que mostra que o Brasil envia mais bens e serviços a outros países do que recebe. Por outro lado, se o saldo for negativo, teremos um déficit em conta corrente, o que significa que o Brasil recebeu mais do que enviou bens e serviços, e isso mostra que o país aumentou sua dívida externa em termos financeiros. E como você já sabe, o ideal é sempre que tenhamos um saldo positivo, assim como é em nossa casa. e) Conta Capital e Financeira A conta capital e financeira era chamada de conta movimento de capitais ou balanço de capitais, mas mudou de nome recentemente. Assim, essa conta é composta pelas transações que irão produzir variações no ativo e no passivo externo do país e que irão, portanto, alterar a posição do Brasil em termos de credor ou devedor, frente aos demais países. Assim, são registrados os investimentos diretos de empresas multinacionais, de empréstimos e investimentos para projetos de desenvolvimento do país e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional. Por exemplo, as transações financeiras puras, como as ações empréstimos em moeda, quota-partes, dentre outras, são contabilizadas nessa conta. Figura 3 - Gráfico da evolução do saldo em conta transferências unilaterais Fonte: adaptada de MDIC (c2023). Descrição da Imagem: gráfico demonstrando a evolução do saldo em conta transferências unilaterais de 2006 a 2014, com queda na maioria dos anos e subida em 2008 e 2013. 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 f) Erros e Omissões Erros e omissões são utilizados para contabilizar a diferença entre o saldo do Balanço de Pagamentos e a Variação de Reservas, ou seja, pode ter aconteci- do durante o processo de contabilização que alguma transação não tenha sido contabilizada e, portanto, haverá uma diferença entre o saldo do Balanço de Pagamentos e o quanto as reservas variaram. Para solucionar essa diferença, o valor é colocado na conta erros e omissões. Essa não é uma prática errada, ou corrupta, tanto que é aceito no mercado internacional um erro de até 5% da soma das exportações e importações (VAS- CONCELLOS, 2011). g) Saldo do Balanço de Pagamentos Da soma dos saldos das contas anteriores; saldo em conta corrente, saldo na conta capital e financeira e erros e omissões, obtém-se o saldo do Balanço de Pagamentos, que pode ser superavitário quando o sinal é positivo ou deficitário quando o sinal é negativo. h) Variação de Reservas O superávit ou déficit no balanço de Pagamentos corresponde a um valor igual, mas com sinal contrário na conta variação de reservas, já que estamos trabalhando com o método de partidas dobradas. Por exemplo, se o saldo do Balanço de Pagamentos for igual a US$ - 10,00, a conta variação de reservas será US$ + 10,00. Por outro lado, se o saldo do Balanço de Pagamentos for de US$ + 15,00 a conta variação de reservas será US$ - 15,00. É importante observar que as reservas também podem ser chamadas de haveres monetários, que são definidos por Feijó et al. (2013) como os ativos de reserva internacional, que estão disponíveis diretamente sob o controle do governo para financiamento e regula- ção de desequilíbrios. Os haveres monetários são compostos por: ouro monetário, direitos especiais de saque; posições de reservas no FMI; reservas em moeda estrangeira; outros ativos. Agora que você compreendeu cada uma das contas que fazem parte do ba- lanço de pagamentos, vou citar alguns exemplos de transações internacionais e como elas são contabilizadas. Vamos lá? reservas também podem ser chamadas de haveres monetários 1 5 8 EXEMPLO 1 Exportação de bens no valor de $ 100, com recebimento integral em moeda es- trangeira: crédito de $ 100 em exportações e débito de $ 100 em haveres monetários. EXEMPLO 2 Importação de $ 230, sendo $ 130 pagos em dinheiro e $ 100 financiados pelo pro- dutor da mercadoria: crédito de $ 130 em haveres monetários, crédito de $ 100 em outros investimentos e débito de $ 230 em importação. EXEMPLO 3 Doação de medicamentos para o exterior no valor de $50: crédito de $50 em expor- tação e débito de $ 50 em transferências unilaterais correntes. EXEMPLO 4 Empréstimo de uma empresa brasileira para sua filial no exterior no valor de $ 110: crédito de $ 110 em haveres e débito de $ 110 em investimentos diretos. EXEMPLO 5 Perda de $ 50, por parte de investidores brasileiros, em operações de derivativos no exterior: crédito de $ 50 em haveres e débito de $ 50 em conta de derivativos. Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO NOVOS DESAFIOS Neste tema de aprendizado, fizemos uma introdução à economia internacional, que é uma área de estudo da economia. Como estamos discutindo a economia internacional, não podíamos deixar de entender o famoso Balanço de Pagamento, que segue uma lógica muito pró- xima do balanço patrimonial das empresas, mas, nesse caso, as transações que são contabilizadas são as do Brasil com os demais países. 1 5 9 1. Vamos supor que o governo elabore uma política cambial de valorização da moeda nacional em relação à moeda internacional. Nesse caso, o que governo visa? Marque a alternativa correta: a) Aumentar as exportações e reduzir as importações. b) Reduzir as exportações e aumentar as importações. c) Manter exportações e importações inalteradas. d) Facilitar a entrada de capitais oficiais compensatórios no país. e) Facilidade à entrada de capital estrangeiro de risco no país. 2. Analise a tabela que mostra os saldos fictícios das contas que compõem do Balanço de Pagamentos de uma certa economia no ano de 2015: VALOR SINAL Transferências unilaterais 3.000 + Exportação 73.000 Importação 48.000 Despesa com rendas 22.000 - Receitas com serviços 10.500 Conta capital 500 + Investimento direto 10.000 + Despesas com serviços 15.000 - Receita comrendas 3.500 Derivativos 10.000 - Erros e omissões 1.000 - Investimento em carteira 5.500 + Obs.: a coluna Sinal indica se houve entrada (+) ou saída (-) líquida de divisas. 1 1 1 Agora, discrimine: I - Saldo da Balança Comercial. II - Saldo da Balança de Serviços e Rendas. III - Saldo em Transações Correntes. IV - Saldo da Conta Capital e Financeira. V - Resultado do Balanço de Pagamentos. 3. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o antigo Banco Interamericano de Desenvolvimento para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), foram criados no mesmo ano durante uma conferência. Com relação à criação das duas instituições citadas, marque a alternativa correta: a) Conferência de Yalta (Crimeia), em 1945. b) Conferência de Nova Iorque (EUA), em 1944. c) Conferência de Bretton Woods (EUA), em 1944. d) Conferência de Potsdam (Berlim), em 1945. e) Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972. 1 1 1 REFERÊNCIAS AMANN, J. C. et al. Brasil e Mercosul: aspectos econômicos e a relevância do bloco para o país. Revista Estudos do CEPE, Santa Cruz do Sul, n. 39, p.107-138, jan/jun. 2014. FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais. Rio de Janeiro: Elsevir, 2013. MDIC - Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio e Serviços. Estatísticas de Co- mércio Exterior. c2023. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas- -de-comercio-exterior/balanca-comercial-brasileira-semanal. Acesso em: 22 jun. 2017. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. 1 1 1 1. Opção B. 2. I. 25.000 II. – 23.000 III. 5.000 IV. 6.500 V. 12.500 3. Opção C. GABARITO 1 1 3 MINHAS METAS ECONOMIA E GLOBALIZAÇÃO Refletir sobre a economia internacional. Conhecer os benefícios da economia internacional. Justificar interesses econômicos. Compreender conceitos e processos da Globalização. Estudar o processo de Globalização. Discutir conceitos ligados à Globalização. Discorrer sobre a Organização da Nações Unidas. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 8 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Certamente você está pensando: mas, afinal, economia internacional faz parte da microeconomia ou da macroeconomia? Na realidade, a economia internacional é dividida em dois blocos, um que estuda os aspectos microeconômicos, como a teoria do comércio internacional - que procura analisar e justificar os benefícios que o comércio internacional gera para os países - e o outro grupo dos aspectos macroeconômicos - que são relativos à taxa de câmbio - que falamos um pouco no tema anterior, e ao Balanço de Pagamento. Para finalizar, o quarto tópico discutirá um tema de suma importância para todos os agentes econômicos, que é a globalização. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso podcast e saber mais clicando aqui! Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo dig- ital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO Com o mundo globalizado, o comércio internacional está ganhando cada vez mais importância, pois é uma forma de transformar economias pequenas e em desenvolvi- mento em potências econômicas. E, no caso do Brasil, o comércio exterior contribui, e muito, para que nossa economia cresça por meio da maior competitividade, ou seja, o comércio permitiu que as indústrias produzissem mais do que a capacidade do mercado interno, como o setor primário da economia brasileira (como você sabe, somos um dos maiores exportadores de produtos primários - grãos). 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 Apesar de toda a importância, as exportações brasileiras, em termos de valores monetários, ainda são pequenas se compararmos a países do mesmo porte do nosso. Esse fato demonstra a necessidade de estudarmos os problemas relaciona- dos com a economia internacional e com o comércio exterior, ou seja, é preciso compreender as relações entre os países. VOCÊ SABE RESPONDER? Mas o que é globalização? A globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes. Um dos exem- plos mais interessantes do processo de globalização é o abastecimento de uma empresa por meio de fornecedores que se encontram em várias partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm maiores vantagens comparativas. Vasconcellos (2011) entende por globalização produtiva a produção e distribui- ção de valores dentro de redes em escala mundial, com o acirramento da concor- rência entre grandes grupos de multinacionais. Por seu turno, entende-se por glo- balização financeira a negociação entre os diversos mercados de capitais do mundo. A crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises cambiais levantam outra questão, que é como a crise de um país afeta outros países, o chamado efeito contágio, em que os efeitos das crises cambiais em um país se espalham para outros países. Essa possibilidade decorre da chamada “glo- balização financeira”. APROFUNDANDO Agora que você compreendeu o conceito de globalização e sabe o quanto o mun- do hoje é “um só”, precisamos conhecer alguns organismos internacionais que regem as relações entre países. Essas organizações são conhecidas como orga- nismos internacionais. 1 1 1 Assim, para iniciarmos nossas discussões acerca dos organismos que regem a economia e o comércio internacional, é fundamental compreender o papel de uma das principais instituições internacionais do mundo, que é a Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivos principais assegurar a paz mundial e o desenvolvimento dos países membros. Além da ONU, outros organismos regem as relações internacionais e estão diretamente ligados à ONU, que são a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que como o próprio nome diz, é uma Instituição voltada para as leis mun- diais do trabalho; o famoso e polêmico Fundo Monetário Internacional (FMI), que, dentre outras funções, estabelece a cooperação econômica, e, seguindo a mesma linha do FMI, temos o Banco Internacional para Reconstrução e De- senvolvimento (Bird), também chamado de Banco Mundial. Iremos compreen- der a Organização Mundial do Comércio (OMC), que procura supervisionar e liberar o comércio internacional. Vamos discutir cada um deles? Organização das Nações Unidas (ONU) A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional for- mada por nações/países voluntários que trabalham em prol da paz e do desenvol- vimento mundial, sendo criada na Conferência de San Francisco após o término da segunda guerra mundial, mais exatamente em 24 de outubro de 1945, para que a paz mundial fosse mantida. Porém, a ONU não surgiu de um dia para o outro, foram anos de planejamento. Para você ter uma ideia, o nome Nações Unidas foi criado pelo presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, sendo utilizado pela primeira vez três anos antes da criação da ONU, em 1942, durante a Declaração das Nações Unidas, na qual foram reunidos 26 países que assumiram o compromisso de que a luta contra os países que formavam o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), na Segunda Guerra Mundial, continuaria. 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 Em junho de 1945, foi criada a chamada Carta das Nações Unidas, elaborada por 50 países durante a Conferência sobre Organização Internacional, que ocor- reu entre 25 de abril de 1945 e 26 de junho do mesmo ano. Apesar disso, somente em outubro de 1945, oficialmente, a ONU foi criada, com a ratificação da carta pelos Estados Unidos, China, França, Reino Unido e a antiga União Soviética. Nessa época, a ONU era composta, inicialmente, por 51 Estados-membros (países) e tinha como objetivo principal garantir a paz mundial. Atualmente, são 193 nações que fazem parteda organização, e os objetivos são diversos, tais como criar e implementar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento econômico, a se- gurança nacional, definição de leis internacionais, assegurar os direitos humanos e o progresso social dos países. APROFUNDANDO Segundo o site da ONU (c2023, on-line), para atingir os objetivos, as Nações Unidas são regidas por propósitos e princípios básicos aceitos por todos os paí- ses-membros da Organização, que são: ■ manter a paz e a segurança internacionais; ■ desenvolver relações amistosas entre as nações; ■ realizar cooperação internacional para resolver os problemas mundiais; ■ ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para consecução dos objetivos comuns. Com relação aos princípios que regem as Nações Unidas podemos citar a igual- dade soberana, cumprimento dos compromissos, Resolução pacífica das con- trovérsias internacionais, não pode recorrer a ameaça contra outros Estados, assistência à ONU, dentre outros. É importante observar que para desempenhar os propósitos e princípios da forma mais imparcial possível, todos os membros da ONU se reúnem em Assembleia Geral, uma espécie de parlamento/senado mundial, e cada país, independentemente do tamanho ou da riqueza que possui, tem direito a um voto apenas. As decisões tomadas em Assembleia, apesar de não serem obrigatórias, exercem pressão da comunidade internacional. A sede atual da ONU fica na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, po- rém, o terreno e prédio em que está instalada não são considerados norte-ameri- 1 1 8 canos, e, sim, um território internacional. A sede da ONU na Europa fica na Suíça, em Genebra, além de existir escritório em Viena, e Comissões Regionais no Líbano, Tailândia, Chile e Etiópia. A independência da Organização é tanta que eles possuem uma própria bandeira, correios e selos postais. Além disso, desde sua criação, em 1945, são seis as línguas oficiais (árabe, chinês, espanhol, russo, francês e inglês), sendo que as mais utilizadas são o francês e o inglês. Organização Internacional do Trabalho (OIT) A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especiali- zada que está diretamente ligada ao Conselho Econômico e Social da Organi- zação das Nações Unidas. O principal objetivo da OIT é promover o acesso às pessoas, tanto homens quanto mulheres, ao trabalho produtivo e decente em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade, independentemente da sua nacionalidade. O que chama muito a atenção quando falamos na Organização Internacional do Trabalho é o conceito de trabalho decente, que merece ser discutido. O con- ceito foi formalizado em 1999, e resume a missão histórica da OIT em promover oportunidades, para homens e mulheres, de ter um trabalho de qualidade, em 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 condições dignas, sendo esse trabalho, o decente, uma condição essencial para superar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, garantir a governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. O trabalho decente é interligado com os objetivos da OIT, que são a (1) liberdade sindical e reconheci- mento efetivo do direito de negociação coletiva; (2) eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (3) abolição efetiva do trabalho infantil; (4) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, a promoção do emprego pro- dutivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social (OIT, c2023, on-line). Fundo Monetário Internacional (FMI) O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional criada em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos, que tinha como objetivo controlar as finanças internacionais via cooperação, para evitar problemas econômicos, como a Grande Depressão de 1929. O trabalho decente é interligado com os objetivos da OIT Atualmente, o FMI possui 188 países-membros, incluindo o Brasil, que depositam parte das reservas internacionais criando um fundo. Esses recursos são utilizados para empréstimos a países que estão com algum desequilíbrio no balanço de pa- gamentos. O empréstimo pode ser feito mediante cumprimento de alguns requisi- tos/normas que são estabelecidos durante a negociação que o país faz com o FMI. APROFUNDANDO 1 1 1 O FMI, além de emprestar dinheiro aos países que precisam, acompanha a po- lítica econômica de todos os membros e faz algumas recomendações, sempre de acordo com as pesquisas, levantamentos estatísticos e previsões mundiais, regionais e nacionais, que são elaboradas pelo secretário e sua equipe. Assim, os objetivos declarados do FMI podem ser resumidos da seguinte forma: promover a cooperação econômica internacional, o comércio interna- cional, o emprego e a estabilidade cambial, inclusive mediante a disponibilização de recursos financeiros para os países-membros para ajudar no equilíbrio de suas balanças de pagamentos (ITAMARATY c2023, on-line). A existência e, principalmente, as ações do Fundo Monetário Internacional são polêmicas, já que a instituição exige que os países que precisam de ajuda finan- ceira tomem medidas de cunho extremamente liberal. Diante desse contexto, para você, qual é a importância, ou não, do FMI para os países, principalmente o Brasil? PENSANDO JUNTOS É importante observar, também, que os países que mais contribuem financeira- mente podem contrair maiores empréstimos, e seus votos têm maior peso nas decisões internas na instituição. Essa é uma diferença do FMI com as demais instituições internacionais, ou seja, o FMI segue o chamado modelo corporativo de tomada de decisão, no qual o voto de cada país é de acordo com a quota. Para você ter uma ideia, em 2017, os Estados Unidos possuíam 25% dos votos, já que tinham a maior quota. A distribuição de quotas é feita de tempos em tempos, o que constitui uma oportunidade para que cada país aumente sua participação nas decisões da organização. VAMOS RECORDAR? Você certamente está pensando como é a estrutura organizacional do FMI, correto? 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 O FMI é composto pela Assembleia de Governadores, que é a responsável pela tomada de decisão e por eleger o Conselho de Diretores, que é composto por 24 dire- tores que representam um país ou um grupo de países. Nesse último caso, são os chamados constituency. As políticas da instituição são definidas em reuniões do Conselho de As- suntos Financeiros e Monetários que acontecem duas vezes ao ano, em geral, nos meses de abril e outubro. Banco Mundial O Banco Mundial surgiu em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods, com o nome Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). Na época da sua criação, o objetivo era atender às necessidades de financiamento de reconstrução dos países que foram devastados durante a Segunda Guerra Mundial, de forma a desenvolver tais países. Em 1956, a estrutura organizacional se tornou complexa, e outras instituições surgiram para suprir as demandas que não eram atendidas pelo Bird, formando o que chamamos, atualmente, de grupo Banco Mundial. O grupo é formado, den- tre outras instituições, pela Corporação Financeira Internacional (CEI) para expandir o investimento privado nos países em desenvolvimento; e a Associa- ção Internacional de Desenvolvimento (AID), que concede empréstimos aos países menos desenvolvidos que não conseguem atender às condições do Bird. O FMI é composto pela Assembleia de Governadores Para aumentar os investimentos estrangeiros, foram criados o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi), e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI). Assim, o Banco Mundial se tornou uma im- portante referência internacional para o processo de desenvolvimento e pode ser definido como uma agência especializada do sistema das Nações Unidas, sendo a maior fonte mundial de assistência voltada para o desenvolvimento. É composto por 188países-membros. ZOOM NO CONHECIMENTO 1 1 1 Em termos de estrutura organizacional, o Banco Mundial é parecido com o FMI, no qual existe uma Assembleia de Governadores com poder de voto, e esse voto é de acordo com o capital do Banco; e um Conselho composto por 25 diretores eleitos pelos 188 países. As reuniões acontecem duas vezes ao ano (abril e outubro) e faz parte da reunião o Conselho de Diretores, composto por 25 membros. Organização Mundial do Comércio (OMC) Das organizações que discutimos nesta seção, a Organização Mundial do Comér- cio (OMC) é a mais nova, tendo sido criada em 1995, e desde seu surgimento, atua como a principal instância do sistema de comércio internacional. A OMC tem como objetivo estabelecer um marco institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos membros que a compõem, estabelecer um mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais, tendo como base os acordos comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a nego- ciação de novos acordos comerciais entre os Membros (ITAMARATY, c2023, on-line). APROFUNDANDO Em 2017, a OMC era composta por 160 membros, e o nosso país é um dos funda- dores. A sede é em Genebra, na Suíça, e são três as línguas oficiais na organização, que são o espanhol, o francês e o inglês. Apesar de ser uma organização nova, a origem da OMC é de 1947, com o Acordo Geral sobre as Tarifas e Comércio (GATT), do qual herdou o conjunto de princípios que são os fundamentos da regulação do comércio. Dentre eles, podemos citar de acordo com o Itamaraty (c2023, on-line): NAÇÃO MAIS FAVORECIDA Os membros devem estender aos parceiros comerciais todos os benefícios concedi- dos a outro membro. TRATAMENTO NACIONAL Um produto importado deve receber o mesmo tratamento que o produto similar no território do membro importador. 1 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 CONSOLIDAÇÃO DOS COMPROMISSOS Um membro deve conferir aos demais o mesmo tratamento aos estabelecidos na lista de compromisso. TRANSPARÊNCIA Os membros devem dar publicidade às leis, regulamentos e decisões de aplicação do comércio internacional. Os órgãos que compõem a OMC são a Conferência Ministerial, instância máxima da organização composta pelos Ministros das Relações Exteriores ou de Comércio Exterior dos Membros; o Conselho Geral, órgão composto pelos representantes permanentes dos Membros em Genebra, que ora se reúne como Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) e ora como Órgão de Revisão de Política Comercial; o Conselho para o Comércio de Bens; o Conselho para o Comércio de Serviços; o Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio; os diversos Comitês e, dentre eles, os Comitês de Acesso a Mercados Agrícola e de Subsídios, dentre outros; e o Secretariado, que tem por função apoiar as atividades da organização e é composto por cerca de 700 funcionários, dirigidos pelo Diretor-Geral da OMC (ITAMARATY, c2023, on-line). Grupo dos Sete (G1) e Grupo dos Vinte (G11) Existem dois grupos econômicos internacionais, informais, que englobam países com certas características em comum, que são o grupo dos sete (G7) e o grupo dos vinte (G20). O primeiro reúne as sete nações mais industrializadas e desen- volvidas do planeta, que são os Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. Já o Grupo dos Vinte (G20) é composto por países industrializados, como os que fazem parte do G7, a União Europeia e os países emergentes, como o Brasil. Este grupo é informal, mas juntos procuram discutir a estabilidade econômica global, as políticas nacionais e internacionais relacionadas às instituições econômicas. 1 1 1 Certamente, você deve estar se perguntando qual é a origem do G7 e G20, corre- to? Para compreendermos a origem, precisamos nos reportar à França de 1975, quando as seis maiores economias da época se reuniram com o objetivo de esta- belecer a cooperação entre si. Esse grupo ficou conhecido como G6, e, em 1976, com a entrada do Canadá, tornou-se o chamado G7, ou Grupo dos Sete. Diversas mudanças ocorreram no final do século XX, tais como a unificação da Alemanha e o fim da União Soviética. Essas mudanças alteraram a realidade inter- nacional. Com isso, a Rússia se tornou uma economia capitalista, fazendo com que o país fosse reconhecido e, no final da década de 1990, o G7 se transforma em G8. 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 Porém, com a nova realidade, e com o crescimento de termos econômicos e de importância das economias emergentes, surgiu a necessidade de uma maior coope- ração dos países industrializados com as economias emergentes a partir da década de 1990; essa importância foi maior ainda durante a crise de 2008. Assim, em no- vembro de 2008, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, convidou os líderes das vinte economias mais importantes em termos mundiais para uma reunião em Washington. Essa reunião tinha como objetivo inicial dar uma resposta consistente para a crise financeira de 2008 que teve início nos Estados Unidos. Nesse contexto, surge o chamado Grupo dos Vinte (G20), e os países que nele se enquadram passaram a se reunir duas vezes ao ano, sendo um encontro entre os Ministros da Fazenda e os presidentes do Banco Central de cada país, e o outro entre os chefes de Estados. Em 2017, o G20 conta com a participação de chefes de estado, ministros de finanças e presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Co- reia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Europeia também faz parte do grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho da União Euro- peia e pelo Banco Central Europeu (BANCO CENTRAL, c2023, on-line). Diferente das organizações internacionais formais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, o G20 não tem capital humano permanente, a presidência do grupo é alterada todos os anos, assim como os secretários. Durante o ano de exercício, o país que está na presidência do grupo estabelece um cronograma de trabalho com os assuntos que já foram discutidos, podendo adicionar novas pautas. Em 2017, o G20 conta com a participação de chefes de estado VOCÊ SABE RESPONDER? Você sabe em qual ano o Brasil presidiu o G20? Em 2008, desenvolveu os trabalhos voltados a temas como competição no setor financeiro, biocombustíveis e espaço fiscal. 1 1 1 BRICS Você certamente já ouviu falar nos Brics, mas você sabe dizer o motivo deles serem tão importantes, principalmente para nosso país? Brics é um termo criado em 2001 que se refere a quatro países emergentes, que são o Brasil, Rússia, Índia e China e, a partir de abril de 2011, África do Sul. Assim, você pode perceber que o termo Brics é a junção da primeira letra do nome em inglês de cada um dos países que dele fazem parte. Os países que fazem parte dos Brics possuem características em comum. Dentre elas, podemos citar: estabilidade econômica recente; mão de obra abundante e se qualificando; produção e exportação em crescimento; reservas de recursos mine- rais; investimento em infraestrutura; melhoria nos indicadores sociais; redução len- ta das desigualdades sociais; investimentos estrangeiros; população com acesso ao sistema de comunicação. APROFUNDANDO Apesar das características, os Brics não formam um bloco econômico, e sim uma aliança que tem como objetivo geral ganhar força no cenário político e econô- mico mundial e, assim, defender os interesses em comum. Assim, de acordo com o Itamaraty (c2023, on-line), os Brics vêm expandin- do as suas atividades em duas linhas principais, que são: (1) a coordenação em reuniões e organismos internacionais; (2) a construção de uma agenda de coo- peração multissetorial entre seus membros. 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 NOVOS DESAFIOS Finalizamos este tema de aprendizagem com o tema globalização,que é o pro- cesso mundial que interliga os países do mundo inteiro, seja pelo comércio, por meio de exportação e importação de bens, seja pelas transações de capitais ou financeiras. Também entendemos alguns organismos internacionais que procuram es- tabelecer normas de conduta dos países, que são, por exemplo, as Organizações das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Organização Internacional do Trabalho e o Banco Mundial. E claro, como o mundo está globalizado, os países tendem a se juntar para poderem fazer frente a tantas mudanças, daí que surgem os grupos e blocos econômicos. Um forte abraço, e até o próximo tema! Título: Economia Internacional e Comércio Exterior Comentário do autor: Este livro constitui um manual de ori- entação e consulta para os que pretendem um envolvimen- to maior com o comércio exterior. Mostra os alicerces básicos da economia internacional (importação, exportação, receitas e despesas de serviços e operações financeiras) e aborda diver- sos aspectos da Economia Nacional. INDICAÇÃO DE LIVRO Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO 1 1 8 1. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o antigo Banco Interamericano de Desenvolvimento para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), foram criados no mesmo ano e durante uma conferência. Com relação à criação das duas instituições citadas, marque a alternativa correta: a) Conferência de Yalta (Crimeia), em 1945. b) Conferência de Nova Iorque (EUA), em 1944. c) Conferência de Bretton Woods (EUA), em 1944. d) Conferência de Potsdam (Berlim), em 1945. e) Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972. 2. Quando estudamos a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um termo está muito pre- sente, que é o “trabalho decente”, ou seja, é esse tipo de trabalho que a OIT procura promover. Marque a alternativa que apresenta uma explicação para o termo trabalho decente utilizado pela organização: a) É uma condição essencial para superar a pobreza. b) É uma condição básica para aumentar o comércio internacional. c) É uma condição para aumentar a produtividade do trabalho. d) É uma condição para gerar crescimento econômico. e) É uma condição fundamental para aumentar a competitividade. 3. Os Brics formam um grupo internacional relativamente novo, e são formados pelas cinco economias emergentes. Com relação aos Brics, marque a alternativa correta: a) Formam o maior bloco econômico da atualidade. b) O Brics é um acordo internacional dos países emergentes. c) O “S” dos Brics significa que são vários países. d) Os Brics fazem parte da União Europeia. e) O Brasil foi o último a entrar para os Brics. 1 1 9 REFERÊNCIAS AMANN, J. C. et al. Brasil e Mercosul: aspectos econômicos e a relevância do bloco para o país. Revista Estudos do CEPE, Santa Cruz do Sul, n. 39, p.107-138, jan./jun. 2014. BANCO CENTRAL. Página Inicial. c2023. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?g20. Acesso em: 19 jun. 2017. FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais. Rio de Janeiro: Elsevir, 2013. ITAMARATY. Política externa. c2023. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/poli- tica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/119-fundo-monetario-internacio- nal. Acesso em: 19 jun. 2017. OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. c2023. Disponível em: https://www. ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/lang--pt/index.htm. Acesso em: 19 jun. 2017. ONU - Organização das Nações Unidas. Sobre a ONU. c2023. Disponível em: https://www. un.org/en/about-us. Acesso em: 19 jun. 2017. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. 1 8 1 1. C 2. A. 3. B. GABARITO 1 8 1 MINHAS METAS ECONOMIA E MEIO AMBIENTE Estudar conceitos econômicos. Apreender conceitos ambientais. Compreender a relação entre economia e o meio ambiente. Discutir a teoria do desenvolvimento sustentável. Debater cenários e questões que relacionem economia e meio ambiente. Entender a contribuição dos recursos naturais para o crescimento econômico. Estudar a eficiência econômica e os mercados. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 9 1 8 1 INICIE SUA JORNADA Neste tema de aprendizagem, iremos discutir um assunto bem atual, o meio am- biente, mas, claro, iremos tratar da relação entre a economia e os recursos naturais. Em outras palavras, o enfoque neste tema será nas questões ambientais de- correntes do uso indiscriminado dos recursos. Os recursos produtivos ou fatores de produção são escassos, ou seja, limitados, só que as necessidades humanas não têm limite, as pessoas desejam muitas coisas. O problema é que, se não cuidarmos do meio ambiente hoje, no futuro não teremos mais como produzir os recursos que hoje são escassos, consequentemente, estes vão acabar de vez. Assim, é fun- damental pensarmos em desenvolvimento sustentável. Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, ouça nosso podcast! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO DESENVOLVA SEU POTENCIAL ECONOMIA E MEIO AMBIENTE 1 8 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Estamos vivendo um momento no qual é preciso que a sociedade entenda e aceite que a natureza deve ser protegida, e os recursos oriundos da terra preser- vados, para assim poder continuar se desenvolvendo economicamente, porém a adequação das pessoas na nova forma de se relacionar com a natureza não é uma tarefa rápida e fácil. Infelizmente, ainda estamos aprendendo sobre o meio ambiente e o comportamento do mercado e, principalmente, na relação entre os dois elementos. A contribuição das ciências econômicas para o processo de aprendizagem é prover ferramentas analíticas que ajudam a explicar as interações entre econo- mia/mercado e meio ambiente. Além disso, cabe à economia explicar as impli- cações dessa relação e as oportunidades de soluções reais. “A realidade suprema do nosso tempo é a vulnerabilidade do nosso planeta” (KENNEDY, 1963 apud CALLAN; THOMAS, 2016, p. 3). Um dos maiores en- cantamentos da teoria econômica é que ela consegue explicar, de forma lógica, o que vemos no mundo real. Por exemplo, a microeconomia explica o compor- tamento dos consumidores e empresas, e as decisões que definem o mercado e essa mesma lógica de análise são utilizadas para compreender os problemas ambientais, os motivos que tais problemas acontecem e o que pode ser feito para amenizar ou solucionar os impactos. Um grande problema ambiental é a poluição que surge das decisões dos consumidores e das empresas sobre consumo e produção. Em outras palavras, ao produzir e ao consumir, os agentes econômicos uti- lizam os recursos naturais oferecidos pelo planeta, e essas atividades geram os chamados subprodutos que, muitas vezes, contaminam o meio ambiente. Um grande problema ambiental é a poluição 1 8 1 Com essa explicação, você pode inferir que as decisões fundamentais que orientam a atividade econômica estão diretamente conectadas aos proble- mas ambientais (CALLAN; THOMAS, 2016). Para ilustrar melhor a relação, Callan e Thomas (2016) apresentam um modelo elementar de atividade econômica, que é o modelo do fluxo circular, o qual podemos visualizar na Figura 1. As famílias ofertam recursos (mão de obra) no mercado de fatores e recebem receita, que são os salários. Com os salários compram bens e serviços no mercado de produtos e, em troca, recebem as mercadorias compradas. O modelo não mostra, explicitamente, a relação entre a atividade econômica que vimos e o meio ambiente. Para compreender essa relação, precisamos analisar o chamado fluxo do balanço de materiais na Figura 2, que insere o modelo do fluxo circular em um esquema amplo, e interliga a tomada de decisão econômica com o meio ambiente. Figura 1 - Modelo de fluxo circular / Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 15). Descrição da Imagem: a figura é um fluxo circularsimples, composto por dois agentes econômicos — que são as famílias e as empresas — e dois mercados — o mercado de produtos e o mercado de fatores. Fim da descrição. 1 8 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Essa é a ideia da chamada economia dos recursos naturais, que discutiremos mais para frente. Figura 2 - Modelo do Balanço de Materiais / Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 17). Descrição da Imagem: na figura, existe um único elemento a mais do que no fluxo circular, que é a natureza na parte de cima da figura, com esse elemento a mais, novas conexões são feitas por meio do fluxo de materiais ou de recursos naturais que irão se deslocar da natureza para a economia (parte de baixo da figura). Este fluxo demonstra como a ativi- dade econômica explora o estoque de recursos naturais, tais como solo, água, minerais, dentre outros. Fim da descrição. A segunda conexão é oposta, a relação é da economia para o meio ambiente, ou seja, o que a natureza recebe da atividade produtiva. Este retorno é feito via sub- produtos ou resíduos, por exemplo, gases liberados na atmosfera. APROFUNDANDO O que inicialmente não há problema, pois a natureza absorve esses gases pela capa- cidade de assimilação ambiental, porém, no longo prazo, a natureza perde essa capacidade. Esta é uma preocupação da economia ambiental, que discutiremos mais para frente. 1 8 1 Sim, é possível por meio de três instrumentos: recuperação, reciclagem e reutilização. Certamente você já ouviu cada um deles, mas vamos relembrá-los. VOCÊ SABE RESPONDER? Agora, é possível atrasar o lançamento dos resíduos ao meio ambiente? recuperação, reciclagem e reutilização Recuperação, como o próprio nome diz, é a ação de recuperar um produto para que possa ser novamente utilizado com a mesma função de antes. Já a reciclagem está rela- cionada a transformar um resíduo em produto novo; como exemplo temos papel, vi- dros e plásticos, que passam por novos processos e se transformam em outros produtos. Por último, a reutilização é quando o produto passa a ter outro uso, mas sem se transformar em outro produto, como papel usado para impressão pode se transformar em rascunho do lado que não foi utilizado. Você e sua família tem o hábito de separar o lixo? Por quê? Em outras palavras, uma matéria prima utilizada na atividade econômica será con- vertida em outro tipo de matéria e energia como emissão de monóxido de car- bono e, assim, nada é perdido, apenas transformado. PENSANDO JUNTOS 1 8 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Segundo Callan e Thomas (2016), é preciso reconhecer que todo e qualquer recurso transformado pela atividade econômica termina em resíduo e tem po- tencial para degradar o meio ambiente. Esse processo pode até ser retardado via recuperação dos materiais, mas não será interrompido. Além disso, a natureza nem sempre conseguirá converter recursos em outras formas de matéria e ener- gia. Com essas conclusões, chegamos às causas dos problemas ambientais. Os danos ambientais Quando discutimos a inter-relação entre economia e o meio ambiente, não po- demos deixar de falar nos danos causados por essa combinação, que são danos ambientais. Assim, a economia ambiental procura identificar e resolver os pro- blemas dos danos ambientais, ou, como podemos resumir, da poluição, que é o principal dano ambiental associado ao fluxo de resíduos. VOCÊ SABE RESPONDER? O que é poluição?! 1 8 8 Poluição pode ser definida de diversas formas, mas Callan e Thomas (2016) afirmam que, genericamente, poluição é a presença de matéria ou energia cuja natureza, localização ou quantidade causam efeitos considerados indesejados ao meio ambiente. Assim, os danos ambientais podem ser causados por poluentes naturais, que são aqueles originários na própria natureza, como é o caso de partículas de erup- ções vulcânicas, névoa salina e pólen; e por poluentes antropogênicos, que são resultantes da ação do homem, além de todos os resíduos associados ao consumo e à produção (resíduos químicos gerados a partir de certos processos industriais). Qual dos dois tipos de poluentes, naturais ou antropogênicos, são os mais preocu- pantes para a economia ambiental? PENSANDO JUNTOS Após a identificação do dano ambiental, é preciso determinar as fontes respon- sáveis pelo dano, já que podem ser lançadas de diversas formas, por exemplo, dos automóveis, aterros sanitários, área agrícola, dentre outros. Como as fontes são inúmeras, precisamos classificá-las por categorias amplas. Essa classificação dependerá do ambiente, ou seja, água, ar ou solo, e, assim, podemos agrupar as fontes de poluição em dois tipos: de acordo com sua mobili- dade, que é subdividida em estacionária e móvel, ou pela sua identificabilidade, que será pontual ou não pontual. 1 8 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Podemos discutir sobre a extensão dos danos ambientais, pois, apesar da degra- dação ambiental estar presente no mundo inteiro, existem alguns tipos de poluição que têm efeitos limitados a um único local, enquanto outros afetam uma área maior. Assim, Callan e Thomas (2016) classificam a extensão dos danos ambientais em: ■ Local – refere-se à degradação ambiental que não se expande a grandes distâncias da fonte poluidora, impactando apenas uma pequena área, porém, apesar da extensão ser pequena, o dano pode ser enorme, por exemplo, o chamado smog urbano, que é a mistura da umidade do ar com poluição atmosférica, que visivelmente é uma nuvem amarela espessa e está presente em cidades como Pequim, Los Angeles, Cidade do México e na cidade de São Paulo. Para você ter uma ideia do tamanho do problema, vamos analisar a Figura 3. Figuras 3 - Poluentes que contribuem com a poluição urbana do ar nas grandes metrópoles Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 21). Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico de barras que compara os níveis de três poluentes atmosféricos em onze grandes cidades do mundo (Nova York-Newark, Los Angeles, Londres, Madri, Cidade do México, Tóquio, Berlim, Paris, Pequim, Toronto e São Paulo). Os poluentes são dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2) e material particulado (MP). O gráfico mostra que as cidades com os níveis mais altos de NO2 são Pequim, Nova York-Newark e Los Angeles. As cidades com os níveis mais altos de SO2 são Pequim, Cidade do México e Londres. As cidades com os níveis mais altos de MP são Pequim, Cidade do México e São Paulo. O gráfico também mostra que os níveis de NO2 e SO2 são geralmente mais altos nas cidades da Ásia e da América do Norte. Os níveis de MP são geralmente mais altos nas cidades da Ásia e da América Latina. Fim da descrição. 1 9 1 ■ Outro exemplo de poluição local é a poluição com resíduos sólidos, que é a poluição oriunda de práticas inadequadas de manejo dos resí- duos como chumbo e mercúrio, que podem poluir o solo e os mananciais de água. ■ Regional – são as poluições que estão distantes da fonte geradora, como a deposição ácida ou chuva ácida, que surgem dos componentes ácidos que se misturam com outras partículas e caem no solo como neblinas, neve ou chuva. ■ Global – são as poluições que afetam uma enorme extensão e é bem difícil de controlar, pois os riscos estão distribuídos e é necessária uma cooperação internacional que encontre soluções. Dois exemplos desse tipo de dano ambiental são o aquecimento global ou efeito estufa e a redução da camada de ozônio. O primeiro ocorre quando a irradiação solar, ao retornar ao ar, carrega os gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono. Para melhor compreensão dessa afirmativa, analise a Figura 4. Figura 4 - Esquema do funcionamento do efeito estufa / Fonte: Mozeto (2001, p. 46). Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama do efeito estufa. O diagrama é dividido em duas partes: a parte superior mostra a radiação solar chegando à Terra em duas formas: luz visível e radiação infravermelha. A luz visível é refletida pela atmosfera e atinge a superfície da Terra, onde é absorvida e convertidaem calor. A radiação infravermelha é absorvida pela atmosfera e pelos gases de efeito estufa, e a parte inferior mostra a retenção do calor pela atmosfera. Fim da descrição. o aquecimento global ou efeito estufa e a redução da camada de ozônio 1 9 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 A camada de ozônio protege o planeta Terra dos raios ultravioletas, quando ela é reduzida há en- fraquecimento do sistema imunológico humano, aumenta o risco de câncer de pele e atinge todo o ecossistema, sendo causada pelos produtos quími- cos que contém clorofluorcarbonetos, que são utilizados em ar-condicionado, embalagens, isolantes etc. Os principais impactos do efeito estufa são as mudanças climáticas drásticas, quando áreas frias se tornam quentes e áreas úmidas se tornam secas; aumen- to significativo na incidência de grandes tempestades, furacões e tornados; re- dução de espécies de fauna e flora; elevação global de temperatura e do nível dos oceanos em decorrência do derretimento das calotas de gelo. ZOOM NO CONHECIMENTO A camada de ozônio protege o planeta Terra dos raios ultravioletas O meio ambiente impacta em todos os mercados econômicos, incluindo do mercado de trabalho. Assim, leia o artigo “Desenvolvimento sustentável e meio ambiente: análise dos impactos no mercado de trabalho no Brasil (1995-2001)”, o qual tem dois objetivos. O primeiro é apresentar os limites e impactos da promoção do desenvolvimento sus- tentável sobre o meio ambiente e o sobre o mercado de trabalho, e o segundo será discutir a dinâmica do emprego vinculada às questões ambientais no Brasil. INDICAÇÃO DE LIVRO Com base em todas as nossas discussões até agora, podemos afirmar que, como esses problemas ambientais estão presentes em todos os países do mundo, alguns objetivos ambientais precisam ser muito bem definidos e debatidos. Assim, segundo Callan e Thomas (2016), atualmente existem três objetivos ambientais globais, que são: qualidade ambiental, que está relacionada à re- dução da contaminação antropogênica a um nível aceitável; desenvolvimento sustentável, que é a gestão dos recursos planetários de forma que qualidade e abundância sejam asseguradas para as futuras gerações; e biodiversidade, que se refere à variedade de espécies distintas, sua variabilidade genética e a diversidade dos ecossistemas que habitam. 1 9 1 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Existem duas linhas principais que procuram definir e estudar o desenvolvimento econômico. A primeira linha dos economistas clássicos afirma que crescimento e desenvolvimento econômico são conceitos similares, e uma nação, ao crescer economicamente, irá, automaticamente, se desenvolver. A segunda linha de pen- samento não concorda e defende que um país pode crescer economicamente, mas sem se desenvolver, como o “mundo real” mostra, porém, para esses pensadores, o crescimento é uma condição essencial, mas não suficiente para haver desen- volvimento econômico. Mas por quê? Como afirmam Callan e Thomas (2016), embora crescimento econômico seja um resultado favorável, no longo prazo há implicações, como sugere o modelo do balanço de materiais. Assim, encontrar o equilíbrio entre crescimento econômico e preservação dos recursos naturais não é uma tarefa fácil, mas é o objetivo do desenvolvimento sustentável. PENSANDO JUNTOS Segundo Romeiro (2010), desenvolvimento sustentável é um conceito relativa- mente novo que surgiu no início da década de 1970 com o nome de ecodesenvol- vimento. No trade-off entre crescimento econômico e meio ambiente, ele pode surgir de discussões sobre o reconhecimento do progresso técnico como uma condição para eliminar a pobreza e as diferenças sociais. VOCÊ SABE RESPONDER? O que é desenvolvimento sustentável? Desenvolvimento sustentável é aquele que atinge as necessidades atuais sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Pela definição usual, você conseguiu perceber que a ideia do desenvolvimento sustentável considera o de- ver com relação às gerações futuras, sempre respeitando os limites da natureza. 1 9 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Podemos definir desenvolvimento sustentável de outra maneira, que é a satis- fação das presentes necessidades e aspirações do homem sem que se reduza a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas necessidades. Outra defi- nição de desenvolvimento sustentável pode ser aquela que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas necessidades. Como você viu, as definições de desenvolvimento sustentável são muito pare- cidas, sempre levam em consideração as necessidades das futuras gerações, porém surgem algumas dúvidas que não tem respostas corretas, tais como: quais seriam as carências da geração atual? Com certeza diferencia-se por nação, religiosidade, classe social, região de moradia etc. PENSANDO JUNTOS Com base em nossas discussões até aqui, podemos afirmar que existem dois eixos fundamentais para o desenvolvimento sustentável, que são: a conquista de um modelo de bem-estar econômico-social coerente e adequado, equitativamente distribuído; e usufruir do capital natural de forma a garantir a integridade eco- lógica, o que constitui seu uso racional intertemporal. No âmbito econômico os processos de produção e consumo envolvem a questão do desenvolvimento econômico. Na questão social, a preocupação é com o bem-estar humano e a qualidade de vida; por último, temos a área am- biental, em que a preocupação central é deteriorar o mínimo possível a natureza e seus recursos. 1 9 1 O debate econômico do meio ambiente surge em duas correntes, que são a eco- nomia ambiental e a economia ecológica ou do meio ambiente. A primeira re- fere-se ao chamado mainstream neoclássico, que acredita que os recursos naturais não representam, a longo prazo, um limite para a economia, ou seja, inicialmente os recursos naturais não são considerados nas representações analíticas da realidade econômica e a função de produção é composta apenas por capital e trabalho. O foco da economia ambiental é a externalidade negativa da produção sobre o capital natural. Para analisar a externalidade, é preciso considerar o valor mone- tário da externalidade, que está relacionado à produção sacrificada, disposição a pagar e à política macroeconômica para atingir o ótimo de poluição e social. APROFUNDANDO Já a visão ecológica leva em consideração os recursos naturais e afirma que, assim como o capital, são elementos essenciais e complementares para a produção. Além disso, o progresso técnico é fundamental para melhorar a eficiência na utilização dos recursos naturais, renováveis e não renováveis. A utilização dos recursos naturais renováveis não deve ser superior a taxa de reposição desses recursos no meio ambiente. Assim, os recursos não renováveis deverão ser utilizados a uma taxa inferior a sua reposição por recursos renováveis no meio ambiente, de forma que a geração e o despejo de resíduos não excedam a capacidade de suporte do capital natural. NO PRIMEIRO MOMENTO A esquerda existe apenas na economia, que funciona sem os recursos naturais, já que os bens são livres e poderiam ser interpretados como um presente da natureza. NO MOMENTO DOIS Os recursos naturais começam a aparecer nas representações gráficas da função produção, com preocupação com bens públicos e questões sociais, porém o sistema econômico é visto como algo grandioso e, mesmo que faltem recursos naturais, não haveria impacto no sistema, já que ele é maior do que a natureza, portanto é o que defende a economia ambiental. 1 9 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 NO TERCEIRO MOMENTO A visão ecológica, na qual podem ver que a economia depende dos recursos naturais, tanto que as setas estão em direção dos recursos naturais para a economia, e não ao contrário, como no momento anterior. Assim, há limite para o crescimento econômico, que são os recursos naturais e, por esse motivo, é preciso que a sociedademude a postura frente aos recursos naturais de forma a evitar os impactos ambientais. Sustentabilidade Ao discutirmos desenvolvimento sustentável é fundamental discutir o tema sus- tentabilidade. Nesse sentido, Cavalcanti (2001) afirma que existem dois paradigmas principais de sustentabilidade, que são o desenvolvimento na visão econômica, que classifica a natureza como um bem de capital e, portanto, a sustentabilidade é algo ambiental; e o outro paradigma que procura romper com a dominação do discurso econômico e defende a sustentabilidade como algo ético. Apesar das correntes econômicas auxiliarem os modelos matemáticos que gerem os recursos naturais, a prática da sustentabilidade não é fácil, e ainda é um grande desafio para a sociedade mundial. 1 9 1 Sustentável é algo que pode ser mantido, ou seja, é a capacidade que o ecossistema tem para enfrentar os desequilíbrios externos sem comprometer suas funções. De outra forma, sustentável é aquilo que tende a ser preservado. No estudo da eco- logia, o ecossistema possui algum grau de sustentabilidade, que é a disposição do ecossistema de confrontar distúrbios externos sem danificar seu funcionamento. VOCÊ SABE RESPONDER? O que é sustentabilidade? Em termos econômicos, a sustentabilidade surge do debate sobre sustentar o crescimento no longo prazo, considerando que na função de produção capital e recursos naturais. Assim, existem os chamados princípios da sustentabilidade, que são a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química. Interligados, estes três princípios da sustentabilidade auxiliam no conhecimento da natureza e sus- tentam uma grande heterogeneidade de vida na terra por bilhões de anos. APROFUNDANDO Assim, a questão da sustentabilidade aparece no de- bate econômico, em como promover o crescimento econômico quando a produção depende do capital e o capital natural. Nesse sentido, os economistas neoclássicos defendem que, para existir integrida- de e equidade entre as futuras gerações, o consumo por pessoa necessitaria ser constante ou crescente a longo prazo e o acúmulo de capital deve ser constante. Diferente da corrente da economia ecológica que afirma que existe uma “con- trovérsia do capital”, que são a sustentabilidade fraca e a sustentabilidade forte. Assim, o capital possui três finalidades que são: prover recursos ao sistema produtivo, absorver os detritos causados pelo consumo e produção, fornecer as condições necessárias que possibilitam a vida no planeta, tais como o clima e o oxigênio. Então, conversar sobre os recursos naturais é muito importante, pois eles são fundamentais para a manutenção da vida. a questão da sustentabilidade aparece no debate econômico 1 9 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 CONTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO Até agora nossas discussões giraram em torno da compreensão da relação en- tre a economia e o meio ambiente e, também, da teoria do desenvolvimento sustentável, ou seja, falamos muito nos recursos naturais como entrave ou não, dependendo da corrente de desenvolvimento sustentável a ser seguida para o crescimento econômico. Agora iremos entender a contribuição dos recursos naturais para esse crescimen- to econômico que é um dos principais objetivos da economia de uma nação e também porque estudar a relação entre os recursos naturais e a economia é de suma importância, pois estamos discutindo a sustentabilidade. Para isso, é preci- so compreender os recursos naturais, o que são e como podem ser classificados. 1 9 8 Até que a agricultura foi inventada e o ecossistema original foi sendo modi- ficado, mas não ao ponto de prejudicar a natureza ou acabar com os recursos naturais. Só que no século XVIII, mais exatamente a partir de 1760, novos pro- cessos de manufaturas surgiram, dando início à chamada Revolução Industrial e ao processo dos grandes danos ambientais. Recursos Naturais Os recursos naturais são, na maior parte, bens livres, e podem ser definidos como tudo aquilo que é necessário para as pessoas e estão disponíveis na natureza. Os recursos naturais podem ser classificados em dois tipos, segundo a capacidade de recomposição de um recurso ao longo do tempo, que são: a) Recursos naturais renováveis – são compatíveis com o horizonte de vida do homem, ou seja, os recursos renováveis se atualizam com o tempo e, teoricamente, não acabam. Teoricamente porque, se forem utilizados de forma indiscriminada, podem se tornar não renováveis e, por isso, precisam ser preservados e utilizados com muito cuidado. Solo, ar, água, fauna e flora são exemplos de recursos renováveis. b) Recursos naturais não renováveis – necessitam de muito tempo (eras geológicas) para se formarem, ou seja, somente nossos tataranetos irão ter acesso novamente a este tipo de recurso. Em outras palavras, os recursos não renováveis, que também são chamados de exauríveis, podem ser esgotados ou limitados muito facilmente, pois o processo de renovação é muito lento. Petróleo, gás natural e carvão mineral são exemplos de recursos não renováveis. Em um passado bem distante, a natureza exercia papel principal e essencial para o homem, pois era ela que fornecia os alimentos, assim, as pessoas somente extraiam os alimentos fornecidos, não haviam modificação do ecossistema. Quando o fogo passou a ser controlado pelo homem, o ecossistema passou a ser manejado, mas não alterado. APROFUNDANDO 1 9 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 EFICIÊNCIA ECONÔMICA E MERCADOS De acordo com o modelo do balanço de materiais, os problemas ambientais estão ligados à forma como o mercado funciona, ou seja, as decisões dos consumido- res e empresas afetam a quantidade e qualidade dos recursos naturais. Assim, é preciso compreender como as atividades de mercado geram resíduos poluentes que afetam o mercado e como podemos solucionar tais problemas ambientais. Como nosso foco neste tema de aprendizagem é a eficiência econômica, precisamos compreender a eficiência. Um dos critérios da análise econômica, que trata da alocação apropriada de recursos entre usos alternativos, chama-se eficiência alocativa, e outro critério que está preocupado com a economia dos recursos usados na produção chama-se eficiência técnica. Vamos conhecer cada um deles? a) Eficiência alocativa – o modelo de balanço de materiais ilustra que a forma como o mercado utiliza os recursos é crítico tanto da produção e do con- sumo quanto para o meio ambiente, porém, para avaliar a alocação de recursos, é preciso utilizar, segundo Callan e Thomas (2016), um procedimento que envolve dois elementos, a avaliação de custos e benefícios e o uso de análise marginal. Para compreender estes dois, vamos analisá-los juntos na sequência. Os preços, ao longo da curva de demanda, são medidos de benefício margi- nal, ou seja, cada preço de demanda mostra o valor que os consumidores dão a uma unidade a mais de um produto qualquer, que é termo “marginal”. De acordo com Callan e Thomas (2016), no equilíbrio competitivo, o valor que a sociedade atribui ao bem é igual ao valor dos recursos sacrificados na produção desse mesmo bem. Isto é, benefício marginal é igual ao custo marginal e essa igualdade assegura que a eficiência alocativa seja atingida. Para compreender na prática como os recursos naturais podem impulsionar o crescimento econômico de uma nação, leia o artigo “Crescimento econômico impulsionado por recursos naturais: uma nota sobre a experiência de Botsuana”. O artigo apresenta como Botsuana conseguiu disparar o crescimento econômico graças aos recursos naturais disponíveis. APROFUNDANDO 1 1 1 Sabendo que lucro é a receita total menos custo total, e que a receita total é a multiplicação do preço com a quantidade, e o custo total é todo o custo fixo e va- riável da produção, as empresas procuram encontrar a quantidade que gere o maior lucro possível e, para isso, as empresas tomam suas decisões considerando os benefícios e os custos da produção de cada unidadea mais de produto. lucro é a receita total menos custo total Economia Ambiental: aplicações, política e teoria O livro possui grande enfoque em políticas e questões ambi- entais do mundo contemporâneo. Com ele, o leitor terá acesso às diversas teorias econômico-ambientais em uma abordagem prática e estimulante. INDICAÇÃO DE LIVRO NOVOS DESAFIOS Neste tema de aprendizagem, discutimos um tema bem atual e de grande preo- cupação das sociedades e dos governos de todos ou, pelo menos, da maioria dos países, que é a preservação do meio ambiente. Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EM FOCO 1 1 1 1. O termo meio ambiente inclui dimensões econômicas, culturais e de segurança, além do ambiente físico e ecológico, porém, à medida que a sociedade se transformou e novos padrões de consumo surgiram, um novo desafio surgiu, que foi? Marque a alternativa correta: a) Como se desenvolver economicamente e preservar o meio ambiente. b) Como crescer e gerar renda sem prejudicar a geração atual. c) Como crescer e se desenvolver economicamente e ser competitivo. d) Como ser competitivo no mercado internacional, dado os insumos nacionais. e) Como produzir menos utilizando a mesma tecnologia e aumentar a renda. 2. Podemos definir meio ambiente como um conjunto de unidades ecológicas, que estão incluídos os animais, vegetais, micro-organismos, solo, rocha, ar, dentre outros, que inte- ragem no sistema natural. Assim, meio ambiente e sistema econômico, principalmente o capitalista, entram em constante conflito, já que os recursos naturais são escassos e não se pode produzir tudo que a população deseja. Com base no exposto, podemos afirmar que duas variáveis são alteradas constantemente na economia e, com isso, influenciam a relação com o meio ambiente. As variáveis a que o enunciado se refere são? a) Produção e consumo. b) Oferta e demanda. c) Recursos produtivos e insumos. d) Trabalho e processo produtivo. e) Concorrência e direito de propriedade. 3. De acordo com Romeiro (2010), o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu na década de 1970 com o nome de ecossistema. Ainda, pode ser definido como aquele que atinge as necessidades do presente, não comprometendo as necessidades das gerações futuras. Para que se tenha desenvolvimento sustentável, é preciso considerar três dimensões, as quais são? a) Social, cultural e ambiental. b) Econômico, político e religioso. c) Nacional, monetário e educacional. d) Educação, saúde e segurança. e) Social, ambiental e econômico. 1 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 3 REFERÊNCIAS CALLAN, S. J.; THOMAS, J. M. Economia ambiental: aplicações, políticas e teoria. São Paulo: Cengage Learning, 2016. CAVALCANTI, C. Sustentabilidade da economia: paradigmas alternativos de realização econô- mica. In: CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e a natureza: estudos para uma sociedade susten- tável. São Paulo: Cortez, 2001. p. 153-176. LAZARO, L. L. B.; GREMAUD, A. P. Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo na América Latina. O&S, Salvador, v. 24, n. 80, p. 53-72, jan./mar. 2016. MILLER, G. T.; SPOOLMAN, E. S. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo: Cengage Lear- ning, 2012. MOZETO, A. A. Química atmosférica: a química sobre nossas cabeças. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, p. 41-49, maio 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq. org.br/online/cadernos/01/atmosfera.pdf. Acesso em: 5 out. 2023. ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade. In: MAY, P. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 3-32. 1 1 1 1. Opção A. 2. Opção A. 3. Opção E. GABARITO 1 1 5 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 8