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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO- UNISA 
Geovanna Anjos Costa 
RA 4369238 
 
 
 
 
 
 
 
Sequestro e Arresto no processo penal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2024 
 
Sequestro no processo penal 
O sequestro é a medida jurídica de retenção de bens, visando impedir sua 
disposição, conforme definido nos artigos 125 e 132 do CPP. Esta medida pode 
incidir tanto sobre bens imóveis quanto sobre bens móveis, desde que 
provenientes de atividades criminosas, ou seja, constituam proventos de 
infrações. Bens imóveis, independentemente de serem produto de infração ou 
não, podem ser alvos de sequestro, uma vez que sua natureza imutável os exclui 
naturalmente do rol de itens sujeitos a apreensão. A lei prevê que o sequestro 
possa abranger bens adquiridos pelo réu ou acusado com os rendimentos do 
crime, exceto se demonstrada a boa-fé por meio de embargos. Estão sujeitos ao 
sequestro os bens passíveis de perda, ou seja, aqueles que representam o 
produto ou proveito do crime e que não foram localizados ou estão fora do 
território nacional. 
O sequestro pode ser requerido em qualquer fase do processo, inclusive 
antes da apresentação da denúncia ou queixa, mesmo na ausência de inquérito 
instaurado, sendo que somente o juiz pode decretá-lo, sendo vedada a aplicação 
dessa medida por autoridades não investidas de jurisdição. O juiz pode decretar 
o sequestro de ofício, devendo então baixar uma portaria e ordenar sua inclusão 
nos autos, ou o sequestro pode ser requerido pelo Ministério Público, pela parte 
ofendida ou por representação da autoridade policial, conforme estabelecido no 
artigo 127 do CPP. 
Para a decretação do sequestro, é necessário que haja indícios 
consistentes da origem ilícita dos bens, conforme estipulado no artigo 126 do 
CPP. Uma vez decretado o sequestro, o juiz emitirá um mandado, e no caso de 
bens imóveis, determinará o registro da medida no cartório de registro de imóveis 
para informar terceiros sobre a destinação do bem para o cumprimento de 
responsabilidade civil decorrente do ato ilícito. O sequestro tem como efeito 
impedir a livre disposição do bem, sem interferir na faculdade de uso da coisa e 
na obtenção de frutos civis. 
Conforme o artigo 593, II, do CPP, a decisão que decreta ou nega o 
sequestro é passível de apelação. A lei também prevê a possibilidade de 
oposição de embargos contra o sequestro, perante o juízo criminal, podendo ser 
 
ajuizados pelo acusado, pelo adquirente do bem a título oneroso e por terceiros, 
conforme os artigos 129 e 130 do CPP. 
Arresto no processo penal 
O arresto é uma medida cautelar que visa proteger o patrimônio lícito do 
indivíduo, evitando a dissipação de bens adquiridos com os proventos de uma 
infração. Existem duas formas de arresto: o arresto de imóveis, preparatório para 
a hipoteca legal conforme o artigo 136 do CPP), e o arresto de bens móveis, 
regulado pelo artigo 137 do mesmo código. A legislação prevê a adoção do 
arresto preparatório de bens imóveis do suspeito ou acusado para evitar 
alienações antes da inscrição da hipoteca legal ou desvios de rendimentos 
legítimos. Este pedido deve ser separado do processo principal, conforme o 
artigo 138 do CPP, e sua concessão requer a comprovação da ocorrência do 
crime e indícios de autoria. 
Aqueles com legitimidade para requerer a especialização da hipoteca 
legal podem solicitar o arresto preparatório durante a investigação ou processo. 
Uma vez decretado, o arresto tem validade por 15 dias, durante os quais a 
inscrição da hipoteca legal deve ser providenciada no artigo 136 do CPP. Se o 
acusado não possuir bens imóveis ou estes forem insuficientes, é possível o 
arresto de bens móveis durante a ação penal ou antes de seu início. Bens móveis 
que sejam produto ou provento da infração não são passíveis de arresto, mas 
sim de busca e apreensão ou sequestro conforme o artigo 137 do CPP. O 
procedimento do arresto ocorre em processo separado, incumbindo ao 
interessado provar a existência do crime e os indícios de autoria. 
Legitimados para solicitar o arresto de bens móveis incluem o ofendido, 
seu representante legal ou herdeiros, além do Ministério Público, sob certas 
condições, conforme o artigo 142 do CPP. Durante a ação penal, o juiz observa 
as disposições do processo civil relacionadas ao depósito e administração dos 
bens arrestados conforme o artigo 139 do CPP. Bens fungíveis podem ser 
vendidos, com os valores depositados de acordo o artigo 137, § 1º, do CPP, e as 
rendas dos bens móveis podem ser destinadas à manutenção do acusado e seus 
familiares (artigo 137, § 2º, do CPP). 
 
Em caso de absolvição definitiva ou extinção da punibilidade, o arresto é 
suspenso e os bens devolvidos ao acusado de acordo com o artigo 141 do CPP. 
Em caso de condenação, os autos são remetidos ao juízo cível para indenização 
à vítima artigo 143 do CPP. O Ministério Público pode requerer a especialização 
da hipoteca legal ou arresto de bens móveis por interesse público ou se o 
ofendido for carente, conforme o artigo 142 do CPP. É importante interpretar este 
dispositivo à luz das funções do Ministério Público, evitando iniciativas que 
ultrapassem a cobrança de penalidades e custas judiciais. Quanto à 
representação do ofendido carente, o entendimento do Supremo Tribunal 
Federal considera esta norma ainda constitucional, permitindo a atuação do 
Ministério Público enquanto não houver uma Defensoria Pública estabelecida na 
região.

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