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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Curso de Graduação em Psicologia ESTÁGIO PRÁTICAS INVESTIGATIVAS I Professora: Kellyane Madureira Lorrana Aparecida Braga Relatório Final BETIM 2023 A entrevista proporcionada pelo convidado Pedro de Paula demonstrou-se, intrinsecamente, ligada à devida prática profissional do psicólogo. Tal questão pode ser averiguada pois, ao se apropriar de situações pessoais, fatos históricos e reflexões sobre seu próprio cotidiano, Pedro trouxe à tona debates pertinentes e abordados pelo próprio Conselho Federal de Psicologia. Inicialmente, Pedro começa a entrevista debatendo temáticas relacionadas à sua formação no âmbito acadêmico, e como atividades extracurriculares ampliaram e transformaram a ideia que ele tinha acerca da psicologia, demonstrando a importância de uma formação que abarque mais do que apenas o conhecimento técnico e científico, mas que também demonstre compromissos éticos com o coletivo. Afinal, para uma atuação humanizada, é necessário que se tenha uma visão ampliada, capaz de compreender a realidade psicossocial na qual os indivíduos estão inseridos, como observado no trecho: “Assim, interage em um contato próximo com o profissional da Psicologia e por meio dele tem o dever de preservar a dignidade humana. É, então, nesse diálogo que emergem as preocupações com a formação do psicólogo e tais preocupações integram o arcabouço político e o compromisso ético de sua função regulatória: se impõe, portanto, a obrigação de estar atento às condições de formação do profissional da Psicologia em respeito às demandas sociais e às necessidades que a população tem dos serviços desse profissional.” (CANIATO et al., 2012, p. 6). Tratando-se da Psicologia Social e dos espaços de atuação da profissão, esta questão se torna ainda mais latente. Como exposto por Pedro, o psicólogo social se encontra em lugares de maior vulnerabilidade, estando presente em ONGS, postos, no CRAS, dentre outros. De acordo com a Resolução N°23, de 13 de outubro de 2022, o psicólogo social “analisa a realidade do território em que atuará e identifica potencialidades locais, situações geradoras de desigualdade, vulnerabilidades sociais e influências sócio-histórico-culturais”, bem como “desenvolve projetos de proteção social mediante ações para superar as desigualdades, vulnerabilidade, preconceitos, abusos”. Logo, diante desse contexto, nota-se que a prática deve ser orientada para o sujeito de maneira individualizada, porém sem excluir e deslegitimar a estrutura social na qual este está inserido, pois a sociedade é responsável por reproduzir diversos tipos de violência, e determinados grupos sociais estão, inegavelmente, mais propensos a serem subjugados por esse sistema, principalmente tratando-se de lógicas de opressão como nos casos de racismo, machismo, homofobia, capacitismo, entre outros. Além disso, as desigualdades econômicas também acarretam em uma maior vulnerabilidade, diminuindo consideravelmente a qualidade de vida e bem estar de determinadas comunidades. Ademais, a luta antimanicomial, citada por Pedro, viabilizou a inclusão de pessoas que, por desviarem do padrão estabelecido como normal, foram retiradas e impedidas de exercerem seus direitos básicos como cidadãs. Como o próprio entrevistado citou, o cenário que perdurava demarcava “lugares sociais para corpos especificos”. Atualmente, de maneira contrária a isso, e relacionando novamente a Resolução N°23, de 13 de outubro de 2022, no que diz respeito ao psicólogo: “trabalho embasado no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Assim, retomando os itens anteriores, nota-se que é de suma importância que a Psicologia Social esteja correlacionada à uma prática acolhedora, focada em diminuir as desigualdades e preconceitos enraizados no território brasileiro, e orientada a preservar e dignificar a vida dos sujeitos expostos à margem. REFERÊNCIAS Paula, P. D. Psicologia Social: depoimento. [1 de dezembro, 2023]. Minas Gerais: Conferência Microsoft Teams. Entrevista concedida a Kellyane Madureira. Caniato, A. et al. A Formação de Psicólogas e Psicólogos: respondendo às demandas da sociedade brasileira. In: OFICINA FORMAÇÃO DOS PSICÓLOGOS, 2012, Brasília. Anais [...] Brasília: CFP, 2013. p. 4-6. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n.º 23/22, 2022.