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Pág 1 1 INT. CASA - NOITE Dona Ana acaba uma bituca de cigarro, a amassando no cinzeiro, apreensiva com algo, abriu o maço novamente e percebe ele vazio. Imediatamente vai até onde deixa as chaves penduradas ao lado da porta, se encaminha até a porta e sai de casa. 2 EXT. RUA - NOITE Durante o caminho, anda na rua até se deparar com uma multidão. Curiosa se aproxima das pessoas, vendo um corpo cercado de sangue no chão, reconhece o corpo sendo seu filho e entra em desespero e começa a gritar o nome de Paulo. 3 EXT. RUA - NOITE Ambulância chega para socorrer Paulo e leva até a Ambulância em cima da maca. Dona Ana implora aos médicos para acompanhar seu filho. 4 INT. AMBULÂNCIA - NOITE Dona Ana entra na ambulância, e em câmera lenta se debruça em seu filho pedindo misericórdia. 5 INT. DELEGACIA - NOITE Numa sala de interrogatório fria e escura, o delegado está de frente para Dona Ana a interrogando. Delegado Ei, Ana? Ana, por favor… Sei que é difícil mas preciso que a senhora coopere. Seu filho era um criminoso, preciso saber mais sobre ele. Dona Ana O Paulo costumava jogar bola com seus amigos, era normal, brincava com todos da rua. Até que um dia ele atrasou muito do horario combinado, achei estranho e fui atrás dele na quadra do bairro. 6 INT. CASA DA DONA ANA - NOITE (fade in câmera fazendo alusão a lembrança sendo contada) Ana chega em casa furiosa segurando paulo pelo braço, bate a porta com força e começa a gritar como quem já não aguentasse mais situações do gênero Dona Ana Já te falei que não quero mais ver você com esses meninos! A próxima vez que eu pegar você vai perder um dedo, tá me entendendo? Paulo “nois” tava lá primeiro mãe, eles “chego” depois, tanto que…. Dona Ana interrompe Paulo durante a fala Dona Ana Já arrumou a casa? Paulo Já mãe. Dona Ana Já lavou a louça ? Paulo Já mãe. Dona Ana Já orou ? Paulo Já mãe. Dona Ana Hm sei (...) Vou pra cama, amanhã a gente conversa…. 7 INT. DELEGACIA - NOITE Na sala de interrogatório, o delegado ainda está interrogando Dona Ana. Delegado A senhora se recorda se ele tinha algum parente com quem estava sempre, amigo muito próximo, algum contato mais frequente que os outros ? Dona Ana Lembro de algumas conversas no telefone. Ele sempre falava com um tal de Guina. Foi um rapaz que apareceu dando essas roupas de marca pra ele lá em casa. Quando eu percebi, meu filho tava mais com ele do que comigo. Delegado Sidney Lourenço de Araújo, criminoso conhecido como Guina, foi preso no começo do mês passado. O que lembra sobre ele? Delegado aproxima a cadeira da mesa Dona Ana: Meu filho admirava esse rapaz como se fosse pai dele. Acho que considerava mais que o próprio irmao. Teve um dia que eles chegaram tarde em casa, completamente alterados… 8 EXT. ENTRADA COHAB (CASA) - NOITE Noite clara de calor, madrugada mas ainda assim alguns vizinhos ficam na área de lazer do prédio, luz forte amarelada de postes, poucas crianças brincando, correndo. Alguns adultos em rodas bebendo, conversando; Paulo e Guina chegam trupicando. A polo de Guina tem os dois botões abertos, o boné de lado desencaixado da cabeça. Paulo está com resquícios de pó branco nas entradas da narina e perto da boca. Dona ana abre a porta de sua casa aos prantos Dona Ana: Que porra é essa filho???? Você é igualzinho seu pai, não acredito que ta fazendo isso comigo.. Paulo segue andando/mancando de cabeça baixa em silêncio até sua porta, entra e vai direto pra cama, no caminho é acertado com alguns tapas de dona ana, enquanto ela grita Dona Ana: Seu desgraçado!! Eu não vou aceitar isso de novo!!! Tiros em direção da casa. Assustados, Guina, Paulo e Dona Ana se agacham tentando entender. Um homem se aproxima de moletom, capuz e boné, seu rosto não aparece, fica na sombra do nariz pra cima devido a iluminação do ambiente Homem: Cadê a porra do meu pó Guina? Ta me enrolando vagabundo? Qual que é a fita? Guina: Eu vou devolver a parada Klebin, papo de homem, eu vou devolver! Klebin: Vai devolver é? Ce ta cheiradão maloqueiro! Mal para em pé… Se coça ai, eu quero minha droga! 9. INT. DELEGACIA - NOITE Delegado: Esse Klebin… A senhora tem alguma informação sobre ele? Teve algum outro contato? Dona Ana: Era um traficante conhecido lá na minha área. Os moradores da favela amavam ele. Sempre levava brinquedo pra criançada, roupa de grife pros marmanjo… Agora, como ele conseguia tudo isso? Ninguém sabe. Andava sempre sozinho… Os boatos eram que ele tinha um coração gigante, só não podiam atrapalhar seus negócios, senão o bicho pegava! Delegado: Como assim era? Dona Ana: Fiquei sabendo que ele foi assassinado. 10.