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Autor: Prof. Ricardo Sussumu Takatori Colaboradores: Profa. Cristiane Nagai Prof. Paulo Rogério de Lemos Análise das Demonstrações Financeiras Professor conteudista: Ricardo Sussumu Takatori Mestre em Controladoria e Contabilidade pela Fecap – SP. Economista pela PUC-SP – Técnico de Contabilidade pelo Instituto Monitor –SP. Atuou profissionalmente em empresas privadas, do setor de fabricação de canetas, telecomunicação e informática, construção civil (como especialista na elaboração de projetos econômicos e financeiros) e na área de controladoria (orçamento e custos), ocupando cargo gerencial. Atuou em empresas do governo do estado, de pesquisa e controle ambiental, e em gerenciamento de obras e junto à prefeitura, ocupando cargos de gerente e assessor. Atua como perito judicial na justiça civil e do trabalho e como assistente técnico junto aos escritórios de advocacias. É especialista nos cálculos judiciais, principalmente da área civil. Ministra aula de contabilidade, economia e administração financeira, com grau de especialização em disciplinas especificas, tais como contabilidade pública, perícia contábil, contabilidade aplicada a construção civil, saúde, esporte, seguros e hotelaria e turismo, métodos quantitativos e matemática financeira e outras disciplinas nos cursos de graduação e pós-graduação, em instituições como Fecap, Mackenzie, Uninove, UNIP, Unifai, Unifei e outras instituições de renome. É autor de livros para cursos EAD de disciplinas relacionadas à contabilidade. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) T136a Takatori, Ricardo Sussumu Análise das Demonstrações Financeiras / Ricardo Sussumu Takatori. - São Paulo: Editora Sol, 2020. 116 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Demonstrações contábeis 2. Contabilidade 3. Balanço patrimonial. I.Título. CDU 658.15 U507.04 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Virgínia Bilatto Amanda Casale Sumário Análise das Demonstrações Financeiras APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................11 2 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................................................... 15 3 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS...................................................................................... 43 3.1 Processo de análise das demonstrações contábeis ................................................................ 45 3.2 Objetivo da análise das demonstrações contábeis ................................................................. 56 4 TÉCNICAS DE ANÁLISES ................................................................................................................................ 59 4.1 Quocientes ou Índices de balanço ................................................................................................. 60 Unidade II 5 ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL ........................................................................................ 78 6 ÍNDICES DE ATIVIDADES ............................................................................................................................... 85 Unidade III 7 ANÁLISE AVANÇADA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................................. 94 8 RELATÓRIO DE ANÁLISE ................................................................................................................................ 99 7 APRESENTAÇÃO Esta é uma das disciplinas de maior importância no mundo empresarial, pois fornece informações e dados para as decisões empresariais. O mais leigo dos profissionais da área tem conhecimento das informações decorrentes desta disciplina, como: índices de balanços, seu significado e aplicação. As relações entre os índices interno e externo definem as estratégias e o direcionamento da empresa. Entender e elaborar a análise das demonstrações requer um conhecimento básico dos demonstrativos contábeis e suas relações. A elaboração e análise dos índices ou quocientes é outro tópico que complementa os estudos. Objetivos gerais Desenvolver com os alunos conhecimentos necessários para as seguintes competências: • evidenciar a utilidade da análise da situação econômico-financeira das empresas como instrumento de tomada de decisões; • focalizar a análise das demonstrações contábeis considerando as diversas hipóteses, para que o analista financeiro forme juízo sobre o controle de gestão, os financiamentos, a valorização da empresa e o saneamento financeiro; • desenvolver e analisar, com o aluno, instrumental teórico e prático em análise dos demonstrativos contábeis, visando gerar informações para a tomada de decisões empresariais e comparação com os mesmos segmentos dos vários agentes econômicos; • capacitar os estudantes a elaborar e interpretar as demonstrações contábeis com rigor técnico e imprimir um sentido gerencial à análise, extraindo informações úteis e relevantes para o processo decisório das organizações. INTRODUÇÃO O balanço patrimonial e a demonstração de resultado constituem as principais “matérias-primas” para que o analista identifique e vislumbre problemas e potencialidades empresariais. Cumpre ressaltar, no entanto, que a análise não deve – e nem pode – restringir-se à mera observação das variações numéricas de série histórica. É preciso identificar, tanto quanto possível, as causas dos números presentes, que são consequências de alguns fatos. Por detrás dos números de uma empresa existem pessoas, talentos e capacidades que devem ser conhecidas. 8 Existe um sistema que produz bens e serviços e interage com o ambiente externo. Nesse particular tem-se destaque o bom senso, a argúcia e a sensibilidade do analista. A expressão análise de balanços é tecnicamente perfeita, e também a mais utilizada, embora a expressão mais adequada seja análise das demonstrações contábeis, uma vez que todas as demonstrações contábeis são objeto de análise, não somente o balanço patrimonial. De acordo com Matarazzo: A análise de balanços objetiva extrair informações das demonstrações para a tomadas de decisões. As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanços transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir (MATARAZZO, 2003, p. 15). Quem são os usuários das informações contábeis? USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS Administração Coleta de dados Registro de dados Relatórios InvestidoresBancos Governo Outros Figura 1: Usuários da análise de balanços De acordo com Lopes, ao citar o professor Eliseu Martins: “A contabilidade é fantástica para medir o lucro que aconteceu”, diz o professor Eliseu Martins, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA). “Mas é extremamente pobre para medir o lucro futuro. O que os contadores de outrora não sabiam nem podiam imaginar é que a discrepância entre o valor acionário da empresa e o valor de seus ativos se tornaria muito maior nas empresas da Nova Economia. 9 [...] A discrepância maior nas empresas da Nova Economia ocorre por um motivo simples: os ativos mais importantes delas não são fábricas ou máquinas, declaradas como patrimônio no balanço. São marcas, clientes ou tecnologias que desenvolvem. Eles são ativos conhecidos como intangíveis. Eis o grande problema da contabilidade: como registrar no balanço o que o mercado mais valoriza? (MARTINS apud LOPES, 2000). O texto anterior demonstra a dificuldade em classificar contas e identificar pontos fundamentais para se chegar ao resultado da empresa. Conhecer as demonstrações contábeis, suas relações, as necessidades dos usuários, os objetivos específicos, os elementos que levam a efetuar a análise é o objetivo do presente capítulo. Figura 2 11 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Unidade I 1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Iudícibus, Marion e Lopes (2000) argumentam inicialmente que, desde o momento em acordamos e nos levantamos, até o fim do dia, tomamos decisões. Porém, as decisões mais importantes ou relevantes requerem um cuidado maior, uma profunda análise dotada de critérios racionais e métodos específicos. No âmbito interno da empresa, a situação citada anteriormente não pode ser diferente. Os profissionais responsáveis pela administração frequentemente se deparam com situações em que lhes são impostas tomadas de decisões. Nesse sentido, são necessários, nesse caso, os dados e informações para a fundamentação de tais decisões. Dessa forma, o norte para que essas decisões sejam tomadas são, justamente, a padronização e o armazenamento adequados dos dados e das informações que irão fornecer ao gestor a coerência e o fundamento para suas escolhas. A contabilidade se configura, nesse contexto, como o instrumento proeminente à administração e gestão de empresas, na coleta de todos os seus dados econômicos e sua subsequente mensuração monetária que, por sua vez, será registrada e sumarizada em relatórios que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões. O objetivo da avaliação das demonstrações contábeis envolve a indicação de informações numéricas, preferencialmente de dois ou mais períodos regulares, de modo a auxiliar ou instrumentalizar gestores, acionistas, clientes, fornecedores, instituições financeiras, governo, investidores e outras pessoas interessadas em conhecer a situação da empresa ou em tomar decisão. O processo decisório, mencionado aqui, não se restringe somente aos limites da empresa, mas também a outros segmentos da economia, como os principais destacados por Iudícibus, Marion e Lopes (2000): • os investidores identificam, por meio dos relatórios contábeis, a situação econômico-financeira da empresa e decidem sobre as melhores alternativas de investimento; • os fornecedores de bens e serviços a crédito, que utilizam os relatórios contábeis para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora; • os bancos (instituições financeiras) que usam os relatórios para aprovar empréstimos, financiamentos, limite de crédito etc.; 12 Unidade I • o governo, que não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadar impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo); • os sindicatos, que utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários; • outros interessados, como funcionários, órgãos de classes, pessoas e diversas instituições, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o CRC (Conselho Regional de Contabilidade), concorrentes etc. Nesse contexto, a função do contador é, basicamente, produzir informações úteis aos usuários da contabilidade para a tomada de decisões. Entretanto, Iudícibus, Marion e Lopes (2000) ressaltam ainda que, em nosso país, em alguns segmentos da nossa economia e principalmente nas pequenas empresas, a função do contador foi distorcida (infelizmente), satisfazendo somente as exigências do fisco. Diversas razões ou objetivos específicos também levam os usuários das demonstrações contábeis a se debruçarem sobre eles para avaliar a situação da empresa. Veja a seguir uma série de razões: • liberação de crédito; • investimento de capital; • fusão de empresas; • incorporação de empresas; • rentabilidade ou retorno; • saneamento financeiro; • perspectiva da empresa; • fiscalização ou controle; • relatórios administrativos. A finalidade da análise está na tomada de decisão daquele usuário que a interpreta; logo, o analista financeiro precisa elaborar o relatório de análise sabendo a priori quem é esse usuário e, acima de tudo, ser isento na interpretação dos dados extraídos dos indicadores. 13 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS De acordo com Matarazzo (2003), historicamente, a análise de balanço (termo comum utilizado pelos analistas financeiros) foi desenvolvida pelos bancos devido à determinação, em 1915, do Federal Reserve Board (Banco Central dos Estados Unidos) de que só poderiam ser redescontados os títulos das empresas a partir da apresentação de seu balanço ao banco, por tratar de uma concessão de crédito. Os bancos, por sua vez, precisavam saber (ou pelos menos terem uma projeção) sobre a potencialidade das empresas em quitar esses possíveis débitos, e, para tanto, foram criados os indicadores financeiros, as técnicas para análises que, com o passar do tempo, foram adaptadas para os outros usuários das informações contábeis. Segundo Matarazzo (2003), as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanço transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir. E o autor continua com distinção entre dados e informações: • dados: são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor; • informações: representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito surpresa. Podemos entender, assim, que a coleta de dados é importante para a análise, porém, por si só não leva o usuário das informações às decisões. Após os cálculos, é necessário que sejam descobertas as causas que influenciaram a formação de tais números; caso contrário, não será possível chegar a qualquer tomada de decisão. Mais uma vez, é importante ressaltar que a isenção do analista financeiro é imprescindível para uma análise, pois serão os resultados e as causas dos indicadores que darão ao usuário das informações a segurança para uma tomada e decisão, e não a opinião pessoal do analista. Podemos, mais uma vez, afirmar que o trabalho do analista de balanço se inicia com o término do processo contábil, ou seja, a partir das demonstrações contábeis. Para fins de ilustração, seguem dois esquemas: 1. processo contábil; 2. análise de balanço. 14 Unidade I Processo contábil Fatos Compras vendas Pagamentos recebimentos Escrituração Diário Razão Livros fiscais Apuração do resultado Lucro ou prejuízo Demonstrações contábeis Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Demonstração do fluxo de caixa Demonstração do valor adicionado Notas explicativas Figura 3: Processo contábil Análise de balanço Exame e padronização Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Análise vertical / horizontal Cálculo AnálisesApuração dos indicadores Liquidez, endividamento atividade e rentabilidade Índices padrão Cálculos e comparação Relatório de análise Elaboração do relatório de forma clara para determinado usuário Figura 4: Análise de balanço 15 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Saiba mais Vale a pena conferir o trabalho Análise das demonstrações financeiras, do prof. Adriano Gomes, disponível em: <http://www. biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/9D85FA7647F6844A03256D520 059C2EC/$File/104_1_arquivo_demofinanc.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2012. Lembrete O usuário é o elemento que determina a formatação e a forma da análise das demonstrações contábeis, de acordo seus objetivos. 2 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Esta disciplina tem como objetivo principal, a partir da apuração dos diversos indicadores, transmitir aos usuários desde as informações contábeis à saúde financeira de determinada empresa. Diversos são os usuários das informações contábeis; dentre eles, destacamos: os proprietários da empresa, seus fornecedores, os clientes, as instituições financeiras, os investidores, os empregados, o Poder Público, enfim, a sociedade como um todo, por ter a empresa como principal fonte de geração de empregos e tributos. E assim, cada um desses usuários terá uma finalidade específica em conhecer o desempenho da empresa em determinado momento. Por exemplo: os proprietários precisam saber se o capital investido por eles nesse empreendimento chamado empresa está gerando o retorno esperado; já os fornecedores preocupam-se em receber pelos bens vendidos; por sua vez, a preocupação do Poder Público está na arrecadação de tributos. Tomando-se como pressuposto, podemos afirmar que a análise financeira torna-se imprescindível à tomada de decisões, independentemente de seu usuário, pois ocorre a partir da elaboração das demonstrações contábeis, ou seja, após o registro de todos os fatos financeiros ocorridos na empresa em determinado período. Observação As demonstrações contábeis compreendem temporalmente um período denominado de exercício social, normalmente de janeiro a dezembro. 16 Unidade I Em outras palavras, o trabalho do analista financeiro inicia-se ao término do trabalho do contador. É importante ressaltar que o relatório de análise, peça final do trabalho do analista financeiro, somente será útil a partir dos conhecimentos que esse tenha não só nos registros das operações contábeis, mas também na dimensão que essas provocam na situação patrimonial da entidade; caso contrário, apenas estará apurando resultados matemáticos. Entre as demonstrações contábeis exigidas pela atual Lei Contábil – Lei nº 11.638/07 – o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração da mutação do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa, a demonstração do valor adicionado e as notas explicativas elencaram as duas primeiras leis, ou seja, o balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício, além de se completarem, são a base para elaboração das demais. As demonstrações contábeis são um conjunto de relatórios ou demonstrativos que fornece aos usuários informações contábeis de uma entidade econômica. Conforme a Lei 6.404 de 1976 – atualizada, a escrituração contábil obedecerá: Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. § 2o A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras. I – (revogado); II – (revogado). § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. 17 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. § 5o As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3odeste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. § 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas (BRASIL, Art. 177, Lei 6.404, 1976). Portanto, as demonstrações contábeis são legalmente exigidas, como registro das operações contábeis das entidades econômicas, art. 176 da Lei 6404/76: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”. § 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral. 18 Unidade I § 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. § 5o As notas explicativas devem: I – apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II – divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV – indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o); d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações em longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações do capital social; g) as opçõesde compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1oi) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. 19 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS § 6o A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. § 7o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu critério, disciplinar de forma diversa o registro de que trata o § 3odeste artigo (BRASIL, Art. 176, Lei 6.404, 1976). Figura 5 A legislação vigente, Lei nº 6.404/76 devidamente complementada com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, e com os pareceres do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, portarias dos órgãos fiscalizadores, Comissão de Valores Mobiliários CVM, Banco Central – BACEN, Conselho Federal de Contabilidade – CFC e outras entidades que definiram essa estrutura, definem os seguintes relatórios ou demonstrativos para as empresas sociedades anônimas: • relatório da administração; • Balanço Patrimonial – BP; • Demonstração do Resultado do Exercício – DRE; • Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido – DMPL; • Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC; • Demonstração do Valor Agregado – DVA; • notas explicativas; • parecer da auditoria independente; • parecer do conselho fiscal. 20 Unidade I Observação Esses demonstrativos são elaborados somente por sociedades anônimas e empresas de grande porte. Para todos os relatórios e demonstrativos são obrigatórios a publicação no Diário Oficial ou em dois jornais de grande circulação do país e o devido registro na Comissão de Valores Mobiliários – CVM, anualmente. Saiba mais Veja o texto de Júlio César Zanluca sobre análise das demonstrações contábeis em:<http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstracoes contabeis.htm>. Acesso em: 30 jan. 2012. Parecer de Orientação CVM nº 18, de 18 de janeiro de 1990. EMENTA: procedimentos a serem observados pelas companhias abertas e auditores independentes na elaboração e publicação das demonstrações financeiras do relatório da administração e do parecer de auditoria, relativos aos exercícios sociais encerrados a partir de dezembro de 1989. Introdução O presente parecer tem por objetivo orientar todas as companhias abertas e respectivos auditores independentes sobre a elaboração e publicação das demonstrações financeiras, notas explicativas, relatório da administração e parecer de auditoria. O trabalho de acompanhamento das demonstrações financeiras de exercícios anteriores tem revelado uma melhoria na qualidade e na quantidade das informações fornecidas atestando a eficácia das orientações anteriores: ofícios circulares CVM/PTE 578/85 e 309/86 e Pareceres de Orientação nº 15/87 e 17/89. Com o objetivo de melhorar ainda mais a qualidade das informações levadas ao mercado e continuar reduzindo as republicações, emite-se a presente orientação. As demonstrações contábeis devem ser elaboradas de forma padronizadas, conforme a legislação vigente, obedecendo à estrutura modelada, para as sociedades anônimas e empresa de grande porte. Extraído de: <www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/Atos/pare/pare018.doc>. Acesso em: 30 jan. 2012. 21 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Lembrete A padronização dos demonstrativos contábeis é requerida para que haja uma comparabilidade entre empresas do mesmo segmento e de um período para outro. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, devem ser observadas as Normas Brasileira de Contabilidade – NBC T 3 – conceito, conteúdo, estrutura e nomenclatura das demonstrações contábeis: NBC T 3 3.1 – Das disposições gerais 3.2 – Do balanço patrimonial 3.3 – Da demonstração do resultado 3.4 – Da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados 3.5 – Da demonstração das mutações do patrimônio líquido 3.7 – Da demonstração do valor adicionado 3.8 – Da demonstração do fluxo de caixa Demonstrações contábeis Relatório da administração DFC Balanço patrimonial DRE Saldo de caixa Ativo Passivo Lucro ou prejuízo Bens Obrigações DVA e DMPL Geração da riqueza Patrimônio Patrimônio líquidodireitos líquido Notas explicativas Parecer da auditoria independente Figura 6: As demonstrações contábeis 22 Unidade I As empresas limitadas – Ltda., principalmente as EPP – Empresas de Pequeno Porte – e ME – Microempresas, devem elaborar somente as seguintes demonstrações contábeis – balanço patrimonial, demonstração de resultados dos exercícios e demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. As demonstrações contábeis devem obedecer aos pronunciamentos contábeis estipulados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Os CPC 00 e CPC 26 abordam acerca do assunto. Observação O CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) veio esclarecer dúvidas existentes entre os contadores e profissionais da contabilidade para se ter um único entendimento. Saiba mais Saiba mais sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis em: <http://www.cpc.org.br/ pdf/pronunciamento_conceitual. pdf?ie=UTF-8&oe=UTF-8&q=LightWind ow&iframe=true&width=100%&height=100%>. Acesso em: 30 jan. 2012. Conheça a CPC 26 – Apresentação das demonstrações contábeis – em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=44>. Acesso em: 30 jan. 2012. Veja também um exemplo de demonstrações contábeis em: <http:// www.coamo.com.br/contabeis/2010/>. Acesso em: 30 jan. 2012. Figura 7 23 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Saiba mais Conheça o Portal Balanço Patrimonial, disponível em: <http://www. balancopatrimonial.org/>. Acesso em: 30 jan. 2012. Relatório da administração De acordo com a Lei 6404/76 – Art. 22, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários deve estabelecer regulamento para a emissão do relatório da administração. Estão vigentes, para elaboração do relatório de administração, os seguintes pareceres da CVM: • Parecer de Orientação 15/87; • Parecer de Orientação 17/89; • Parecer de Orientação 18/90. O relatório da administração deve evidenciar os negócios sociais e principais fatos administrativos ocorridos no exercício, os investimentos em outras empresas, a política de distribuição de dividendos e de reinvestimento de lucros e outras informações relevantes. Representa um necessário e importante complemento às demonstrações contábeis, ao permitir o fornecimento de dados e informações adicionais que sejam úteis aos usuários em seu julgamento e processo de tomada de decisões. Lembrete As informações constantes do relatório de administração fornecem a diretriz que a empresa segue e o rumo que deverá ter no futuro. Saiba mais Acerca do assunto relatório da administração, visite: <http://www.cosif. com.br/mostra.asp?arquivo=po-reladministracao>. Acesso em: 30 jan. 2012. Veja também alguns exemplos de relatório da administração em: <http://mrm.comunique-se.com.br/arq/134/arq_134_22205.pdf>. Acesso em 30 jan. 2012. 24 Unidade I Balanço patrimonial O balanço patrimonial é o principal demonstrativo das demonstrações contábeis, representa a posição do patrimônio líquido da entidade econômica, na data da publicação. Todos os bens, direitos e obrigações estão devidamente representados no balanço patrimonial. O balanço patrimonial é subdividido em três grandes grupos: 1. ativo (bens e direitos); 2. passivo (obrigações para com terceiros em geral); 3. patrimônio líquido (obrigações para com os proprietários). No ativo, encontramos as contas agrupadas nos seguintes subgrupos e são classificadas de acordo com o grau de liquidez. No passivo, encontramos as contas agrupadas em subgrupos, de acordo o grau de exigibilidade. Conforme a Lei 6.404/76 e alterações: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modoa facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e II – ativo não circulante, composto por ativo realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; II – passivo não circulante; e III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. 25 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS § 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. Ativo Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I – no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II – no ativo realizável em longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III – em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Passivo exigível Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei. 26 Unidade I Resultados de exercícios futuros Patrimônio líquido Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) (revogada); d) (revogada). § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado § 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3o do art. 177 desta Lei. § 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição (BRASIL. Art. 178, 179, 180, 182; Lei 6.404, 1976). 27 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Lembrete O balanço patrimonial divide-se em grupos de contas, de características semelhantes, facilitando, dessa forma, a sua leitura, interpretação e análise. Figura 8 Ativo Passivo Circulante Compreende contas que estão constantemente em giro, sua conversão em dinheiro, ocorrerá no máximo, até o próximo exercício social Não Circulante Realizável em Longo Prazo Bens e Direitos que se transformarão em dinheiro a partir do exercício social seguinte – Longo Prazo Permanente Bens e Direitos que não se destinam a venda e tem vida útil longa, caso dos bens utilizados na geração produtiva Circulante Compreende obrigações que serão liquidadas no máximo, até o próximo exercício social Não Circulante Realizável em Longo Prazo Obrigações que serão liquidadas a partir dos próximos exercícios sociais – Longo prazo Patrimônio Líquido São os recursos dos proprietários, acionistas, compõe do Capital e Reservas L i q u i d a d e E x i g i b i l i d a d e Figura 9: Balanço patrimonial – composição grupo de contas 28 Unidade I Quadro 1: Balanço patrimonial – exemplo Companhia das belezas Balanço patrimonial 31.12.20X8 em mil R$ Ativo Passivo Circulante Disponível Aplicações Financeiras Contas a Receber -Provisão Devedores Duvidosos Estoques Outras Contas Receber Total Circulante Não Circulante Realizável em Longo Prazo Depósitos Judiciais Empréstimos Compulsórios Total Não Circulante Permanente Investimento Imobilizado Diferido Total Permanente Circulante Fornecedores Empréstimos a Pagar Contas a Pagar Impostos a Recolher Provisões dos Encargos Dividendos a Pagar Salários a Pagar Total Circulante Não Circulante Exigível em Longo Prazo Financiamento e Empréstimos Total Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Realizado Reservas de Capital Reservas de Lucros Prejuízos Acumulados Total Patrimônio Líquido Total ativo Total passivo Saiba mais Veja os demonstrativos contábeis de algumas empresas: Petrobras Disponível em: <http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/ITR-3.as p?codcvm=009512&arquivo=00951103.WTL&topic=8&language=ptb>. Acesso em 30 jan. 2012. Bancos Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/htms/inffina/be201012/dezembro2010. pdf>. Acesso em 30 jan. 2012. 29 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E em: <http://br.advfn.com/p.php?pid=financials&symbol=BOV:SANB4>. Acesso em 30 jan. 2012. Utilização dos balanços patrimoniais para análise Disponível em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=2010 0604024829AAu8MON>. Acesso em 30 jan. 2012. E em: <http://www.espbr.com/busca/BALAN%C3%87O%20PATRIMONIAL%20 clubes?o=d>. Acesso em 30 jan. 2012. Notas explicativas das demonstrações contábeis As notas explicativas são obrigatórias de acordo com a legislação vigente, pois complementam as demonstrações contábeis por meio de esclarecimentos da situação patrimonial e dos resultados do exercício. As notas explicativas são complementos às demonstrações contábeis, em conjunto com outros quadros analíticos. Esse complemento deve abordar os assuntos relevantes merecedores de um esclarecimento aos usuários das informações contábeis. A publicação de notas explicativas está determinada no § 4º do Art. 176 da Lei 6.404/76. Concomitantemente, a CVM apresenta recomendação acerca dos assuntos relevantes que devem ser abordados para melhor entendimento das demonstrações contábeis: Art. 176. § 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. § 5o As notas explicativas devem: I – apresentar informações sobrea base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II – divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e 30 Unidade I IV – indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o); d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações em longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações do capital social; g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia (BRASIL, Art. 176, Lei 6.404, 1976). Parecer de orientação CVM nº 18, de 18 de janeiro de 1990. 3 Notas explicativas Nas orientações anteriores foram mencionadas as diversas situações que deveriam ser objeto de notas explicativas, e que,no que couberem, devem continuar a ser observadas. Alguns itens, entretanto, devem merecer tratamento mais cuidadoso no presente exercício, quais sejam: a) Transações entre partes relacionadas (Deliberação CVM nº 26/86). — a nota explicativa sobre transações entre partes relacionadas deve caracterizar as transações ocorridas, as condições em que se deram essas transações (especialmente 31 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS preços, prazos, encargos, qualidade etc., e se a transação foi efetuada em condições semelhantes às que seriam aplicadas entre partes não relacionadas) e os efeitos presentes e futuros na situação financeira e/ou nos resultados da companhia; b) Destinação do resultado do exercício: — deve ser apresentada nota explicativa sobre a proposta dos órgãos da administração para destinação do resultado do exercício. Nesse particular, quatro pontos se destacam: I – retenção de lucros – devem ser explicitadas as justificativas e as linhas principais do respectivo orçamento de capital. Lucros não destinados, mesmo que mantidos em Lucros Acumulados, caracterizam-se como Retenção de Lucros (Artigo 196 da LEI Nº 6.404/76). II – reservas de lucros a realizar – Esta reserva foi introduzida na lei societária a fim de que o dividendo obrigatório possa ser fixado como porcentagem do lucro do exercício sem risco de criar problemas financeiros para a companhia, conforme seção II do capítulo XVI da Exposição de Motivos nº 196, de 24.06.76, do Sr. Ministro da Fazenda, encaminhando o Projeto de Lei das S.A. Portanto, se não houver tal risco, a reserva não deve ser constituída. Deve ser demonstrado o cálculo da reserva constituída, cabendo lembrar que a Reserva de Lucros a Realizar que poderá ser constituída é o excedente dos lucros a realizar sobre as reservas (Legal, Estatutária, para Contingências e de Retenção de Lucros) constituídas. As reservas constituídas em exercícios anteriores e já realizadas devem ser revertidas e incluídas na base de cálculo ao dividendo mínimo obrigatório. As reversões deverão ser feitas na proporção da realização do saldo de correção monetária, dos dividendos ou lucros recebidos de coligadas e controladas, dos lucros sobre vendas em longo prazo realizadas no período. Deverá ser considerada, para efeito do dividendo obrigatório sobre os valores realizados no período, a parcela que deveria ser paga a título de dividendo à época da formação da reserva, caso ela não fosse constituída, acrescida da respectiva correção monetária. III – dividendo – deve ser apresentada a demonstração do cálculo do dividendo proposto, sendo recomendado o seu pagamento com correção monetária, conforme Instrução CVM Nº 72, de 30.11.87. IV – destinação integral – é entendimento da CVM que a legislação societária determina a destinação integral do resultado do exercício (Art. 192 da LEI Nº 6.404/76). Vide Instrução CVM Nº 59, de 22.12.86. 32 Unidade I Ativos diferidos – Informar sua composição e critérios de amortização. As empresas do mercado de incentivos fiscais e que estão em fase pré-operacional devem prestar as informações sobre esta conta no maior grau de detalhamento possível e com informações gerais sobre o andamento do projeto, da fase em que se encontra e o que falta para entrar em operação. Tais empresas devem envidar todos os esforços para enquadrarem sua contabilidade às normas. Extraído de: <www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/Atos/pare/pare018.doc>. Acesso em: 30 jan. 2012. Lembrete As notas explicativas esclarecem muitas dúvidas dos usuários que não têm acesso à contabilidade da empresa. Saiba mais Saiba mais sobre notas explicativas em: <http://www. portaldecontabilidade.com.br/guia/notasexplicativas.htm>. Acesso em: 30 jan. 2012. Conheça também alguns exemplos de notas explicativas em: <http:// www.cvale.com.br/demonstracoes/2010/notas_explicativas.html>. Acesso em: 30 jan. 2012. Demonstração de Resultado do Exercício – DRE A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela sociedade durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período. Na determinação do resultado do exercício serão computados: receitas – as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda –, custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. 33 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Receita bruta (-) Deduções Vendas (Tributos/Devoluções) = Receita Líquida (-) Custo Mercadorias ou Custo Produtos Vendidos = Lucro Bruto Despesas Operacionais (-) Despesas de Comerciais e de Vendas (-) Despesas Administrativas (+/-) Receitas / Despesas financeiras = Resultado antes de Imposto de Renda (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (-) Participações nos Lucros = Resultado Líquido do exercício D e d u t i v o Figura 10: Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Consoante à legislação vigente, temos que a Demonstração do Resultado do Exercício: Art. 187 – A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. 34 Unidade I § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhosno período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2o (Revogado) (BRASIL, Art. 176, Lei 6.404, 1976). Saiba mais Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – conceito disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado. htm>. Acesso em: 30 jan. 2012. Exemplos de Demonstração de Resultado do Exercício disponíveis em: <http://www.casadamoeda.gov.br/portal/images/DemonstracoesFinanceiras/ DRE/DRE_2010.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2012. Observação A Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) demonstra o resultado da empresa no exercício social. Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido – DMPL Demonstra a movimentação ocorrida, durante o exercício social, nas diversas contas componentes do patrimônio líquido. Indica o fluxo de uma conta para outra e a origem e o valor de cada acréscimo ou diminuição no patrimônio líquido durante o exercício. A demonstração indica claramente a formação de todas as reservas e o cálculo dos dividendos obrigatórios. Lei 6.404/76: Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I – o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; 35 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS II – as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (BRASIL, Art. 186, Lei 6.404, 1976). Quadro 2: Modelo da demonstração da mutação do patrimônio líquido Movimentação Reserva capital Reservas de lucros Lucros acumul Total Capital realizado Agio Outras reservas Le ga l Es ta tu tá ria Or ça m en tá ria Co nt in ge nc ia l Lu cr os a re al iz ar Saldo 31/12/X0 (+/-) Ajustes exercícios anteriores Aumento de capital Reversões de reservas Lucro líquido do exercício Proposta adm destino lucro Reserva legal Reserva estatutária Reserva orçamentária Reserva contingencial Reserva lucros a realizar Dividendos Saldo 31/12/X1 36 Unidade I Saiba mais Saiba mais sobre o conceito de demonstração da mutação do patrimônio líquido em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/ demonstmutapl.htm>. Acesso em: 30 jan. 2012. Veja exemplos de demonstração da mutação do patrimônio líquido em: <http://www.bbsegurosaude.com.br/main.asp?Team={DD0AC75E-2619 -4792-9643-842408441328}>. Acesso em: 30 jan. 2012. Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC O objetivo da DFC é prover informações relevantes sobre o fluxo financeiro de uma empresa, ocorridos durante um determinado período, que avaliam: • a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa; • a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos; • a liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa; • a taxa de conversão de lucro em caixa; • a performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos; • o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa; • os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimentos e de financiamentos. Esse demonstrativo tem obrigatoriedade a partir de 1º de janeiro de 2008, por força daLei 11.638/2007 que inclui esse relatório na Lei 6.404/76, e dessa forma torna-se mais um importante relatório para a tomada de decisões gerenciais. Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV – demonstração dos fluxos de caixa e V- demonstração do valor adicionado. docaputdo art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações; b) dos financiamentos; e c) dos investimentos (BRASIL, Art. 188, Lei 11.638, 2007). 37 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Quadro 3: Modelos de demonstrações de fluxo de caixa (método direto), sugestão CRC‑SP Método direto Fluxo de caixa das atividades operacionais Recebimentos de clientes xx Dividendos recebidos xx Juros recebidos xx Recebimentos por reembolso de seguros xx Recebimentos de lucros de subsidiárias xx Pagamentos a fornecedores (xx) Pagamentos de salários e encargos (xx) Imposto de renda pago (xx) Juros pagos (xx) Outros recebimentos ou pagamentos líquidos xx Caixa líquido das atividades operacionais xx Alienação de imobilizado xx Alienação de investimentos xx Aquisição de imobilizado (xx) Aquisição de investimentos (xx) Caixa líquido das atividades de investimentos xx Fluxo de caixa das atividades de financiamentos Juros recebidos de empréstimos xx Empréstimos tomados xx Aumento do capital social xx Pagamento de leasing (principal) (xx) Pagamentos de lucros e dividendos (xx) Juros pagos por empréstimos (xx) Pagamentos de empréstimos/debêntures (xx) Caixa líquido das atividades de financiamentos xx Aumento ou redução de caixa líquido xx Saldo de caixa – inicial xx Saldo de caixa – final xx 38 Unidade I Quadro 4: Modelos de demonstrações de fluxo de caixa (método indireto), sugestão CRC‑SP Método Indireto Fluxo de caixa das atividades operacionais Resultado líquido xx (±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa xx (+) Depreciação e amortização xx (+) Provisão para devedores duvidosos xx (±) Resultado na venda do imobilizado xx (±) Aumento ou diminuição de contas a receber xx (±) Aumento ou diminuição de estoques xx (±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas xx (±) Aumento ou diminuição de passivos xx (±) Aumento ou diminuição de outros ajustes xx (=) Caixa líquido das atividades operacionais xx Fluxo de caixa das atividades de investimentos Fluxo de caixa das atividades de investimentos (+) Alienação de imobilizado xx (+) Alienação de investimentos xx (-) Aquisição de imobilizado xx (-) Aquisição de investimentos xx (=) Caixa líquido das atividades de investimentos xx Integralização de capital xx Fluxo de caixa das atividades de financiamentos (+) Integralização de capital xx (+) Juros recebidos de empréstimos xx (+) Empréstimos tomados xx (+) Aumento do capital social xx (-) Pagamento de leasing (principal) xx (-) Pagamentos de lucros e dividendos xx (-) Juros pagos por empréstimos xx (-) Pagamentos de empréstimos/debêntures xx (=) Caixa líquido das atividades de financiamentos xx (=) Aumento ou redução de caixa líquido xx Saiba mais Entenda o conceito de demonstração de fluxo de caixa em: <http:// web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/P%C3%A1ginas/2%20 Edi%C3%A7%C3%A3o/Aplicadas/PDF/13-Ed2_CS-Demonst.pdf>. Acesso: 31 jan. 2012. 39 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Veja também um ótimo exemplo de demonstração do fluxo de caixa em: <http://www.serpro.gov.br/instituicao/processos_de_contas_anuais/2008/ secoes/06%20-%20Demonstracao%20do%20Fluxo%20de%20Caixa%20 2008.pdf>. Acesso: 31 jan. 2012. Lembrete A demonstração do fluxo de caixa demonstra a movimentação dos recursos financeiros. Demonstração do Valor Agregado – DVA Tem como objetivo informaro valor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribuição. A Demonstração do Valor Agregado (DVA) evidencia para quem a empresa está canalizando a renda obtida, ou ainda qual valor a empresa adiciona por meio de sua atividade. A Demonstração do Valor Agregado (DVA) é elaborada a partir dos dados contidos na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Nessa demonstração, é destacado o valor agregado pela empresa e a sua distribuição, indicando a contribuição da empresa para a formação do lucro e para outros itens, tais como impostos, taxas e contribuições, pessoal e encargos, juros e aluguéis, juros sem capital próprio e dividendos. O balanço social evidencia o perfil social das empresas em relações de trabalho dentro da empresa. Quadro 5: Itens que compõem a DVA Empregados: Meio ambiente Investimentos para a comunidade: quantidade; sexo; escolaridade; encargos sociais; gastos com alimentação; educação; saúde do trabalhador. Tributos pagos cultura; esportes; habitação; saúde pública; saneamento; assistência social. De acordo com a legislação societária, recentemente atualizada, temos: Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV – demonstração dos fluxos de caixa e V- demonstração do valor adicionado. do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: 40 Unidade I [...] II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída (BRASIL, Art. 188, Lei 11.638, 2007). Saiba mais Conheça o pronunciamento técnico CPC 09 em: <http://www.cpc.org. br/pdf/CPC_09.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2012. Veja também exemplos de Demonstração do Valor Agregado (DVA) em: <http://www.vale.com/pt-br/investidores/resultados-e-informacoes- financeiras/demonstracoes-contabeis-anuais-controladas-e-coligadas/ paginas/default.aspx>. Acesso em: 31 jan. 2012. Lembrete A Demonstração do Valor Agregado (DVA) demonstra a movimentação dos recursos utilizados pela empresa na produção dos bens e serviços. Parecer da auditoria independente As empresas de capital aberto, instituições financeiras e alguns outros casos específicos são obrigados a publicar as demonstrações financeiras com o parecer da auditoria externa. O auditor emite sua opinião, informando se as demonstrações financeiras representam adequadamente a situação patrimonial e a posição financeira na data do exame. Também informa se as demonstrações financeiras foram levantadas de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se há uniformidade em relação ao exercício anterior. Os principais motivos que levam uma empresa a contratar o auditor externo ou independente são: • obrigação legal – as companhias abertas são obrigadas por lei; • imposição de bancos para ceder empréstimo; • imposição estatutária; 41 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • imposição dos acionistas minoritários; • para efeito de fusão, incorporação, cisão ou consolidação. Observe que o parecer deve ser emitido por um profissional que seja o mais independente possível da empresa auditada. Saiba mais Conheça o conceito dos pareceres dos auditores em: <http://www. portaldeauditoria.com.br/legislacao/normas/parecerdosauditores.htm>. Acesso em: 31 jan. 2012. Veja também um exemplo de parecer da auditoria independente em: <http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/caixa/caixa_demfinanc/PARECER_ AUDIT_INDEPEN_3TRIMESTRE_2007.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2012. Lembrete As demonstrações contábeis são certificadas por meio da auditoria independente, cujo parecer demonstra o grau de idoneidade da empresa. Parecer do Conselho Fiscal Compete ao Conselho Fiscal: I. fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários; II. opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembleia geral; III. opinar sobre as propostas dos órgãos da administração a serem submetidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão; IV. denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se esses não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembleia geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem e sugerirem providências úteis à companhia; 42 Unidade I V. convocar a assembleia geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembleias as matérias que considerarem necessárias; VI. analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia. A legislação das sociedades anônimas regulamenta o item relativo ao Conselho Fiscal por meio dos artigos 161 ao 165. A constituição do e a responsabilidade do Conselho Fiscal é definida no artigo 161: Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas. § 1º O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia-geral. § 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento não for permanente, será instalado pela assembleia-geral a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de seu funcionamento terminará na primeira assembleia-geral ordinária após a sua instalação. § 3º O pedido de funcionamento do conselho fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio de convocação, poderá ser formulado em qualquer assembleia-geral, que elegerá os seus membros. § 4º Na constituição do conselho fiscal serão observadas as seguintes normas: a) os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a voto; b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número igual ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um. 43 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS § 5º Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembleia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos. § 6o Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembleia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos. § 7o A função de membro do conselho fiscal é indelegável (BRASIL, Art. 161, Lei 11.638, 2007). Saiba mais Saiba mais sobre contabilidade avançada em: <http://www.cosif.com. br/mostra.asp?arquivo=contabilavancada>. Acesso em: 31 jan. 2012. Veja um exemplo de parecer do Conselho Fiscal em: <http://www.cvale. com.br/demonstracoes/2010/conselho_fiscal.html>. Acesso em: 31 jan. 2012. Lembrete O parecer do Conselho Fiscal não é obrigatório, mas, na concepção dos empresários e usuários das demonstrações contábeis, tem-se como governança corporativa. 3 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O objetivo da análise das demonstrações contábeis envolve a indicação de informações numéricas,preferencialmente de dois ou mais períodos regulares, de modo a auxiliar ou instrumentalizar gestores, acionistas, clientes, fornecedores, instituições financeiras, governo, investidores e outras pessoas interessadas em conhecer a situação da empresa ou em tomar decisão. A análise das demonstrações contábeis é uma forma de verificar a evolução ou o crescimento da empresa de um período para outro e quais os indicadores que demonstram tal crescimento ou decréscimos. Nessas análises, causas são identificadas e medidas corretivas podem ser tomadas, ou formas de medidas preventivas para evitar desvios futuros. Diversas razões ou objetivos específicos também levam muitos usuários das demonstrações contábeis a se debruçarem sobre elas para analisar a situação da empresa. Veja a seguir algumas razões: 44 Unidade I • liberação de crédito; • investimento de capital; • fusão de empresas; • incorporação de empresas; • rentabilidade ou retorno; • saneamento financeiro; • perspectiva da empresa; • fiscalização ou controle; • relatórios administrativos. Observação A análise das demonstrações contábeis resulta em conhecer a saúde econômico-financeira da empresa. Figura 11 45 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Caracterização da análise econômico-financeira Exame de dados Indicadores da análise econômico-financeira Conhecimento da situação Julgamento da realidade Verificar a capacidade de solvência Situação financeira Finalidade da análise econômico-financeira Conhecer a estrutura patrimonial Estado patrimonial Descobrir a potencialidade de gerar resultado Situação econômica Figura 12: Fluxo dos objetivos da avaliação das demonstrações contábeis Saiba mais Saiba mais sobre análise de balanços em: <http://www.cosif.com. br/mostra.asp?arquivo=analisebalanco-verdadeira>. Acesso em: 31 jan. 2012. Também leia mais sobre análise das demonstrações financeiras em: <http:// www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/analisedemonstracoesfinanceiras. htm>. Acesso em: 31 jan. 2012. 3.1 Processo de análise das demonstrações contábeis A mercearia São José Ao conversarmos com o dono da mercearia próximo de casa, Sr. José, percebemos a preocupação que ele tem com a situação do comércio. Todas as vezes que alguém compra algum produto, ele escreve em um caderno o produto e o valor do recebimento. Ao lado da caixa registradora há uma prancheta pendurada com diversas notas fiscais e outros documentos de bancos. 46 Unidade I Ao adentrar, uma criança pede massa de tomate e, ao pagá-lo, entrega ao Sr. José uma caderneta, onde ele escreve algo. Ao sair, a criança fala: “amanhã, minha mãe recebe, ela virá acertar as contas com o senhor”. Fonte: do autor. A cena anteriormente descrita, é mais comum do que muitos imaginam: é o dia a dia do pequeno comércio dos bairros. As atividades descritas do Sr. José (escrever no caderno, a prancheta com os documentos fiscais, a criança trazendo a caderneta e avisando do pagamento) são típicas atividades que servem de controle e fornecem informações e dados para a análise da situação do negócio do Sr. José. Existe diferença entre o comércio do Sr. José e uma empresa de maior porte, em termos de fluxo de informações e dados e, consequentemente, nos controles e registros contábeis, para análise e avaliação do desempenho da empresa? Essa pergunta é fundamental para as decisões que são tomadas com base nos dados e informações contábeis, muitas delas constantes das demonstrações contábeis. Para melhor entendimento do exemplo do comércio São José, devemos entender o comércio, traduzindo as tarefas do Sr. José em “contabilês”: • escrita no caderno = escrituração da movimentação contábil das vendas; • escrita no caderno = escrituração contábil do caixa – recebimento; • escrita no caderno = escrituração da baixa no estoque das mercadorias; • prancheta = contas a pagar – passivo circulante; • prancheta = estoques – notas fiscais de entradas de mercadorias; • caderneta = contas a receber – ativo circulante; • caderneta = fluxo de caixa – contas a receber; • mercadorias expostas = estoque – ativo circulante; • local do comércio = intangível – ponto comercial; • balcão e equipamentos existentes = ativo permanente imobilizado; • Sr. José = recurso humano; • energia elétrica, água, IPTU = despesas fixas – mensais. 47 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS No final do dia, o Sr. José deve elaborar um relatório simples para verificar o resultado da atividade operacional: Recebimento – pagamentos = resultado (lucro ou prejuízo). Para ele, isso é o resultado, para a contabilidade isso é o saldo do fluxo de caixa, ou seja, a forma de se chegar ao resultado depende do regime contábil utilizado. Para o Sr. José, utilizar o regime de caixa é chegar ao resultado, para os contabilistas, o correto é utilizar o regime de competência. No quadro demonstrado, o Sr. José e milhares de outros comerciantes e pequenos empresários devem ter em mente essa composição e controle e a análise das suas atividades, sem medo de errar. Utilizam-se de técnicas rudimentares aos olhos das ciências contábeis. Eles não têm o entendimento técnico contábil para que possam gerenciar seu negócio de forma mais eficiente tecnicamente, porém, o fazem para a manutenção do seu negócio. Figura 13 Alguns obtêm sucesso por meio do grau de empreendedorismo e visão mercadológica, com o apoio de parcos conhecimentos econômico-financeiros. No presente exemplo, fica evidente o grau de conhecimento do gerenciamento do capital de giro – a administração do ativo circulante e do passivo circulante ou, tecnicamente, o Capital Circulante Líquido – CCL, sem profundidade. Se tivermos que elaborar um balanço patrimonial e a demonstração de resultados com os dados anteriormente descritos, teríamos algo dessa forma: 48 Unidade I Quadro 6: Balanço patrimonial para EPP/ME Ativo Passivo Circulante Caixa – cx registradora Contas a receber – cadernetas Estoques – mercadorias a mostra Não circulante Permanente Imobilizado Equipamentos Instalações Imóveis (caso próprio) Intangível (pto. comercial) Circulante Fornecedores – prancheta Tributos – prancheta Energia elétrica – prancheta Água – prancheta Iptu – prancheta Outras contas – prancheta Patrimônio líquido Capital social Resultado do exercício Total ativo Total passivo Quadro 7: Demonstração de resultado Receita (recebimentos + cadernetas) Custos das Mercadorias Vendidas (CMV = EI + Compras – Ef) Lucro bruto Despesas operacionais Tributos – prancheta (inclusive Simples +lucro presumido) Energia elétrica – prancheta Água – prancheta IPTU – prancheta Pro labore – retirada pessoal Outras contas – prancheta Resultado Final No quadro 5, o “recebimentos” considera os recebimentos, e o “contas a receber” considera as cadernetas. O custo das mercadorias vendidas é obtido por meio da equação: CMV = estoque inicial + compras do período – estoque final. Os tributos considerados como despesa operacional, referem-se aos tributos existentes nos casos do Super Simples e do Lucro Presumido, recolhidos no decorrer do exercício social. As retiradas para pagamento e uso pessoal foram classificadas como pró-labore. 49 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Essas demonstrações não são elaboradas pelos empresários e comerciantes, porém, de acordo com as informações e dados demonstrados anteriormente, pode-se elaborar o modelo citado. As análises das informações são feitas de acordo com o grau de conhecimento e objetivo de cada comerciante. O mais importante nessa história é que os comerciantes como o Sr. José fazem uma análise contábil das suas atividades e das demonstrações contábeis de forma simplista, porém, eficiente de acordo com as necessidades de cada um. Quanto maior o porte da empresa e o grau de complexidade de suas atividades operacionais, é mais sofisticado e complexo é o processo de análise. Observação O planejamento da análise das demonstrações contábeisé importante para atingir o objetivo do usuário. Conforme Marion (2005), a análise das demonstrações contábeis pode ser dividida em três níveis: • Nível introdutório Apenas alguns indicadores básicos são abordados: – situação financeira – grupo dos índices de liquidez; – situação econômica – grupo dos índices de rentabilidade; – situação de endividamento – grupo dos índices de endividamento ou estrutura de capital. • Nível intermediário Nesse nível, o aprofundamento da análise exige um maior grau de conhecimento do analista, maiores ferramentas e melhores técnicas, pois a quantidades de demonstrações contábeis e os objetivos a serem alcançados são maiores e mais profundos e envolvem profundos conhecimentos da demonstração do fluxo de caixa – método indireto, conjugado com todos os índices do nível introdutórios. Para que possamos melhor aplicar as técnicas de análise, é necessário conhecermos a estrutura desses dois demonstrativos contábeis. • Nível avançado É a geração de relatórios do porte EVA, MVA. Balanced Scorecards oriundos das demonstrações da mutação do patrimônio líquido, conjugados com a demonstração do valor agregado e outras 50 Unidade I informações contábeis, que fornecerão relatórios estratégicos para planejamentos de longo prazo somente para a alta direção. Observação A combinação da técnica e dos demonstrativos contábeis leva o analista a fixar o objetivo a ser alcançado. Somente estarão preparados para elaborar análises no terceiro nível, os profissionais com grau de conhecimento e experiência muito profunda, pois esse grau exige conhecimentos contábeis além da graduação. Nessa estrutura, abordaremos o nível avançado. Os usuários das demonstrações contábeis e alguns dos objetivos das análises são: • Sócios e gestores: – aumentar ou reduzir investimentos; – aumentar o aporte de capital ou emprestar recursos; – expandir ou reduzir as operações; – comprar/vender à vista ou a prazo. • Instituições financeiras: – conceder ou não empréstimos; – estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias). • Fornecedores em geral: – conceder ou não crédito, em que valor e a que prazo. • Investidores: – adquirir ou não o controle acionário; – investir ou não em ações na bolsa de valores. • Comissão de Valores Mobiliários (CVM): – observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e transparência. 51 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • Poder judiciário e concorrência: – situação creditícia e econômica da empresa. • Governo: – buscar indícios de sonegação de impostos; – acompanhar a atividade econômico-social. • Sindicato dos empregados: – avaliar o vulto dos equipamentos e instalações do capital de giro próprio e da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há garantia acessória negociações salariais. Saiba mais Saiba mais sobre análises de balanços em: <http://www.cosif.com.br/ busca.asp?cx=partner-pub-3557342833734953%3A5mmnyl-ze78&cof =FORID%3A10&ie=ISO-8859-1&q=usuarios+de+analises+de+balan%E7os &sa=Pesquisar>. Acesso em: 31 jan. 2012. Conforme Padoveze e Benedicto (2004), o processo de análise de balanço: [...] tem por objetivo extrair informações das demonstrações contábeis para ser utilizada no processo de tomada de decisões na empresa. [...] O processo de análise começa com a separação dos dados, combinando-os adequadamente a fim de viabilizar sua interpretação, de acordo com o objetivo previamente estabelecido [...]. Para o gerenciamento empresarial, é necessária a informação contábil no processo de planejamento, controle e tomada de decisão dentro da empresa. Por essa razão, a comparabilidade em vários aspectos é importante: • comparação com períodos passados; • comparação com padrão setorial; 52 Unidade I • comparação com períodos orçados; • comparação com padrões internacionais; • comparações com empresas concorrentes (PADOVESE e BENEDICTO, 2004, p. 75). Qual é a melhor técnica para analisar a situação econômico-financeira de uma empresa? Não há uma resposta para essa pergunta, uma vez que diversos são os ramos de atividades e os mercados em que as empresas atuam, inclusive há n formas de lideranças empresariais, e todas essas formas influenciam a tomada de decisão quer seja o resultado obtido na análise financeira. No entanto, alguns indicadores são imprescindíveis para conhecer a situação econômico-financeira de qualquer empresa. Por serem aqueles que mostram a evolução (ou não) das contas patrimoniais e de resultado num determinado período serão medidos pela análise vertical e horizontal em conjunto com os seguintes indicadores financeiros e econômicos: • Indicadores financeiros: – índices de liquidez: medem a capacidade de pagamento da empresa; – índice de endividamento: estabelece o montante de dívidas assumidas pela empresa e se tem condições de assumir mais dívidas; – índice de atividade: mostra em número de dias os prazos para recebimento das vendas a prazo, os pagamentos das compras a prazo para o estoque, bem como o número de dias necessários para a renovação dos estoques. • Indicadores econômicos: – índices de rentabilidade: contém os diversos índices de rentabilidade, como taxa de retorno sobre o investimento e sobre o patrimônio líquido, entre outros; em geral, mede a potencialidade da empresa de gerar receitas de vendas. Portanto, toda a análise deve ser elaborada com base na definição dos objetivos e dos dados coletados, que não diferencia o porte das empresas. 53 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Figura 14 A diferença se encontra no analista e suas necessidades. Portanto, cabe ao usuário das informações contábeis fixar seu objetivo de análises. Quem são os usuários das análises contábeis? Primeiro, os proprietários, sócios e, em seguida, temos: bancos, fornecedores, funcionários, governo, sindicatos, clientes e outros. Todos têm objetivos e focos diferentes, logo, a forma e procedimentos das análises são efetuados de acordo com suas necessidades. Marion (2005) sugere que a análise das demonstrações contábeis seja analisada em três níveis: • nível introdutório; • nível intermediário; • nível avançado. Nível introdutório No nível introdutório, apenas alguns indicadores básicos são abordados, a partir de três pontos fundamentais: • liquidez – situação financeira; • rentabilidade – situação econômica; • endividamento – estrutura de capital. 54 Unidade I Liquidez EndividamentoRentabilidade Figura 15: Tripé da análise Nível intermediário A análise pode ser aprofundada com a complementação dos demais demonstrativos contábeis, tais como: DMPL, DFC, DVA e DRE. Basicamente, complementando as informações e análises efetuadas no nível introdutório. Análise DFC Necessidade de capital de giro Rotatividade Liquidez Alavancagem financeiraLucratividade Nível introdutório Produtividade e outros Rentabilidade Endividamento Modelo Du Pont Outros índices endividamentoNível intermediário Figura 16: Níveis introdutório e intermediário Nível avançado Uma série de outros indicadores e instrumentos de análise poderia enriquecer ainda mais as conclusões referentes à situação econômico-financeira de uma empresa (MARION, 2009, p. 3). Sem querer esgotar os recursos de análise, poderíamos indicar mais algumas ferramentas para melhor analisar o tripé referido, agora num nível mais profundo, mais avançado: 55 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • indicadores combinados (avaliar a empresa ponderando conjuntamente o tripé, dando-se uma nota final); • análise da demonstração do valor agregado (avalia a capacidade de gerar renda e como essa renda gerada é distribuída); • liquidez dinâmica (liquidez econômica, patrimonial etc.); • projeções das demonstrações contábeis e sua análise; • análise com ajustamento das demonstrações contábeis no nível geral de preços;• análise por meio de dividendos por ações e outros indicadores para as empresas de capital aberto com ações cotadas no mercado; • análise das variações de fluxos econômicos versus financeiro; • outros modelos de análise EVA, MVA, Balanced Scorecard etc. Fatos ou eventos econômico – financeiro Processo Demonstrações financeiras – dados Análise de Informações Tomada de decisão contábil balanço Figura 17: Sequência do processo contábil O analista de balanço se preocupa com o produto decorrente da análise das demonstrações contábeis, que indicam se a empresa pode receber ou conceder crédito sem tem rentabilidade, se há eficiência ou ineficiência, se há condições operacionais ou não. Muitas perguntas podem ser respondidas e ou esclarecidas a partir da análise das demonstrações contábeis. O produto da análise das demonstrações contábeis resume-se em um relatório em linguagem corrente, para que o usuário tenha um entendimento adequado. Etapas 01 02 03 04 Escolha de indicadores Comparação com padrões Diagnósticos ou conclusões Decisões Análise Figura 18: Processo de tomada de decisão A análise de balanços baseia-se no raciocínio científico. Segundo Matarazzo (2009): 1. extraem-se índices das demonstrações financeiras; 2. comparam-se os índices com os padrões; 56 Unidade I 3. ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões; 4. tomam-se as decisões (MATARAZZO, 2009, p. 19). Saiba mais Entenda as principais dificuldades dos analistas de balanço em: <http:// www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=analisebalanco-dificuldade>. Acesso em: 31 jan. 2012. 3.2 Objetivo da análise das demonstrações contábeis É objetivo deste livro é somente enfocar o nível introdutório, conceituando e aplicando o tripé básico: índice de liquidez, índice de rentabilidade e índice de endividamento e complementado pelas análises vertical e horizontal. Marion (2009, p. 8) sugere roteiro para avaliar a qualidade e a credibilidade das demonstrações contábeis: a) O ideal seria: 1. demonstrações contábeis publicadas em jornais que atendam aos requisitos legais (Lei das Sociedades Anônimas); 2. assinadas por contador com relatório da diretoria e notas explicativas completas; 3. parecer da auditoria de Pessoa Jurídica que não tenha empresa-cliente que represente mais de 2% do seu faturamento e que não esteja auditando a empresa analisada por mais de quatro anos. b) Situações encontradas que requerem alguns cuidados do analista: 4. demonstrações contábeis em que há relatório da diretoria sucinto demais e/ou notas explicativas incompletas; 5. demonstrações contábeis com parecer de auditoria que não preencham todos os requisitos do item 3. 6. demonstrações contábeis publicadas que não atendam a todos os requisitos legais. 57 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS c) Situações que requerem, do analista, profundos cuidados: 7. demonstrações contábeis não publicadas em jornais; 8. demonstrações contábeis sem parecer da auditoria ou parecer com ressalva; 9. demonstrações contábeis que não atendem a boa parte dos requisitos legais e outras situações não previstas nos itens a e b. d) Situações em que não se deveria fazer análise com base nas demonstrações contábeis: 10. quando a empresa trabalha à base do lucro presumido, sem fazer contabilidade (nesses casos, as demonstrações contábeis podem ser montadas especialmente para a análise); 11. quando há contradições nas demonstrações contábeis ou “exageros” facilmente detectáveis; 12. quando é facilmente identificado que a empresa não valoriza a contabilidade e/ou as demonstrações contábeis não refletem a realidade (MARION, 2009, p. 8). Portanto, ao analisar as demonstrações contábeis, cabe ao analista verificar a qualidade das informações e dados a serem utilizados, principalmente visando ao objetivo da análise. Figura 19 Lembrete As correta leitura das informações contábeis, depende do grau de conhecimento do analista. Quanto mais experiente o analista maior o a profundidade da análise. 58 Unidade I Conforme Padoveze e Gideon (2010, p. 90), a figura a seguir demonstra os objetivos da análise das demonstrações contábeis: Caracterização da análise econômico-financeira Exame de dados Indicadores da análise econômico-financeira Conhecimento da situação julgamento da realidade Verificar a capacidade de solvência Situação financeira Finalidade da análise econômico-financeira Conhecer a estrutura patrimonial Estado patrimonial Descobrir a potencialidade de gerar resultados Situação econômica Figura 20: Objetivos da análise das demonstrações contábeis No nível introdutório, Marion (2005) sugere o tripé liquidez, rentabilidade e endividamento e as análises horizontal e vertical. O tripé liquidez, rentabilidade e endividamento, compreende a aplicação do conceito de índices ou quocientes. Tripé de decisões da empresa Endividamento Liquidez Re nt ab ili da de Figura 21: Tripé de decisões da empresa 59 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Saiba mais Leia o texto Análise de balanços: breve histórico, conceito, objetivos e usuários. Disponível em: <http://www.slideshare.net/admcontabil/anlise- das-demonstraes-contbeis-4974439>. Acesso em: 1 fev. 2012. 4 TÉCNICAS DE ANÁLISES Exame e padronização das demonstrações contábeis • Análise das demonstrações contábeis conforme a legislação das sociedades anônimas: – balanço patrimonial; – demonstração de resultado do exercício. Determinadas contas podem ser apresentadas com nomenclaturas diferentes pelas empresas, como disponível ou caixas e bancos. Outros exemplos são clientes ou duplicatas a receber ou contas a receber, em que todas as contas têm os mesmos objetivos, ou os casos de tributos a recolher, IPI, ICMS a recolher, INSS a recolher e encargos previdenciários a recolher. Somente analistas experientes e/ ou de acordo com as notas explicativas poderão elucidar tais dúvidas. Na conta clientes, muitas empresas já subtraem a provisão de devedores duvidosos, enquanto outras preferem apresentá-la junto ao ativo circulante como conta devedora. Exame e padronização das demonstrações contábeis Matarazzo (2003) recomenda: Antes de iniciar a análise, devem-se examinar detalhadamente as demonstrações financeiras. Esse trabalho é chamado padronização e consiste numa crítica às contas das demonstrações financeiras, bem como na transcrição delas para um modelo previamente definido. A padronização é feita pelos seguintes motivos: Simplificação: cada empresa tem seu plano de contas e na apresentação do balanço não há uma padronização. A utilização de um modelo simplificado auxilia muito a análise. 60 Unidade I Comparabilidade: havendo divergências na composição das contas, a comparação se torna muito difícil. Enquadrando-se os valores em um modelo, a comparabilidade se torna viável. Adequação aos objetivos da análise: a reclassificação de algumas contas de ocorrer na demonstração contábil de acordo com o objetivo da análise. Precisão nas classificações de contas: há empresas que “maquiam” as contas, a fim de “embelezar” o balanço patrimonial. Diante desse fato, ao utilizar a padronização evita-se a “maquiagem”. Descoberta de erros: na utilização de modelos padronizados, torna-se fácil verificar a existência de erros intencionais ou não intimidade do analista com as demonstrações contábeis. A padronização facilita a análise das demonstrações contábeis, criando, para o analista, facilidades na compreensão e análise (MATARAZZO, 2003, p. 135). 4.1 Quocientes ou Índices de balanço Quociente é uma razão entre duas grandezas: Análise por índices Um índice é uma relação entre duas grandezas. • Ativo circulante - $ 396.420 • Passivo circulante - $ 198.210 Figura 22: Análise por índices Quociente = Conta A Conta X Ou seja, estamos comparando a conta A em relação à conta X. 61 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Figura 23 São índices extraídos das demonstrações contábeis por meio de confrontosentre contas ou grupos de contas. Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômico-financeira de uma empresa. A técnica de análise, por índice, é a mais empregada, pois fornece a situação econômico-financeira da empresa. Índices ou quocientes, como alguns autores preferem denominar, indicam relações entre contas ou grupos de contas com outras contas ou grupo de contas. Sendo assim, trata-se do resultado da operação de divisão entre contas ou grupos de contas, resultado esse que pode ser informado na forma de índice ou em forma de percentual. A interpretação dos quocientes pode ser feita em três etapas: 1. interpretação isolada; 2. interpretação conjunta; 3. comparação com quocientes padrão. Após a obtenção de um índice, não podemos afirmar de imediato se ele é ruim, regular ou bom. O índice obtido não é análise em si. Essa se dará a partir da obtenção de um conjunto de índices suficientes para se fazer juízo da demonstração analisada. É necessário, portanto, ao tratarmos com um índice: • compará-lo com índices do setor de atividade da empresa (padrão); • verificar se ele foi apurado de forma consistente; • examinar uma série histórica (vários exercícios). 62 Unidade I Em análise das demonstrações contábeis, os índices podem ser divididos em dois grandes grupos: • Índices financeiros, compreendendo os seguintes grupos: – índices de liquidez; – índices de endividamento. • Índices econômicos, compreendendo o seguinte grupo: – índice de rentabilidade. Lembrete As técnicas de análise por índice ou quociente podem ser definidas como a de maior compreensão pelos usuários. Demonstração do cálculo dos índices – exemplo No cálculo dos índices ou quocientes, serão utilizados os dados das demonstrações contábeis do Grupo Votorantim1. Os dados compilados referem-se ao balanço patrimonial e à demonstração de resultados dos exercícios – dados consolidados, relativos ao exercício de 2010. As demonstrações contábeis da Votorantim S.A. Participações foram elaboradas de acordo com a legislação vigente, seguindo orientações das normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), estando, portanto, de acordo com recomendações e as práticas contábeis normalmente aceitas. Efetuamos a simplificação das demonstrações contábeis para fins didáticos. A Votorantim S.A. Participações é a holding do grupo de empresas que formam o grupo Votorantim: Tabela 1: Exemplo de balanço patrimonial consolidado Votorantim S.A. Participações Balanço patrimonial consolidado Exercício findo em 31 de dezembro de 2010 em milhões Ativo 2010 2009 Circulante Disponíveis 3.252 7.208 Aplicação financeira 15.096 13.855 Contas a receber 23.310 12.567 Estoques 3.717 3.242 1 Dados disponíveis em: <http://www.votorantim.com.br/pt-br/ri/resultadosinformacoesfinanceiras/demonstracoes Financeiras/Paginas/demonstracoesFinanceiras.aspx>. Acesso em: 1 jan. 2012. 63 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Outras contas 3.220 2.746 Total circulante 48.595 39.618 Não circulante Realizável em longo prazo Aplicações financeiras 9.920 9.620 Recebíveis 18.460 13.788 Partes relacionadas 4 252 Tributos a recuperar 5.889 5.284 Outros valores 1.744 645 Total realizável longo prazo 36.017 29.589 Permanente Investimentos 3.973 1.847 Imobilizado 25.997 22.541 Ativo biológico 1.451 1.446 Intangível 9.615 7.050 Total permanente 41.036 32.884 Total ativo 125.648 102.091 Passivo 2010 2009 Circulante Empréstimos e financiamentos 36.958 27.851 Fornecedores 2.705 2.588 Salários e encargos a pagar 606 613 Imposto de Renda e CSLL 667 288 Títulos a recolher 402 684 Dividendos a pagar 564 619 Adiantamento de clientes 124 232 Provisões 5 512 Outras contas a pagar 2.134 243 Total circulante 44.165 33.630 Não circulante Exigível em longo prazo Empréstimos e financiamentos 34.625 30.329 Tributos diferidos 4.172 2.384 Provisões 5.860 4.357 Outras contas a pagar longo prazo 606 1.333 Total não circulante 45.263 38.403 Patrimônio líquido Capital social 20.000 12.380 Reserva de lucros 17.709 18.620 Ajustes avaliação patrimonial - 1.489 - 942 Total patrimônio líquido 36.220 30.058 Total passivo 125.648 102.091 64 Unidade I Tabela 2: Exemplo de demonstração do resultado do exercício Demonstração do resultado do exercício 2010 2009 Receitas de produtos e serviços 29.497 29.231 (-) CMV/CPSV 21.561 22.309 Lucro bruto 7.936 6.922 Despesas operacionais Vendas 1.251 1.240 Administrativas 3.087 3.285 Outras receitas/despesas - 3.601 - 4.191 Total despesas operacionais 737 334 Lucro operacional 7.199 6.588 Resultado da equivalência patrimonial - 660 1.965 Lucro antes Imp. Renda/Cont. Social 6.539 8.553 Imposto Renda / Cont. Social lucro 1.669 2.394 Lucro líquido 4.870 6.159 Índices de liquidez Os índices de liquidez têm como objetivo demonstrar a capacidade da empresa de saldar suas obrigações com terceiros em geral, ou seja, pagar seus passivos (dívidas). Os quocientes de liquidez são obtidos pelo confronto dos elementos do ativo circulante e do ativo realizável em longo prazo com as contas do passivo circulante e passivo exigível em longo prazo, e servem para saldar os compromissos de curto e longo prazo. Segundo Padoveze e Gideon (2011): A ideia central de criar indicadores de liquidez está na necessidade de avaliar a capacidade de pagamento da empresa. A palavra liquidez em finanças significa a disponibilidade em moeda corrente para fazer pagamentos. Decorre de líquido e liquidação. Liquidar significa extinguir obrigação. Um ativo líquido é um ativo sem possibilidade de redução. Portanto, os índices de liquidez querem medir se os bens e direitos da empresa (ativo) são suficientes para liquidação das dívidas. Os ativos podem ser classificados quanto à sua condição maior ou menor de se tornarem líquidos. Isso quer dizer que existem ativos mais líquidos que outros. O ativo mais líquido existente nas empresas é o numerário em caixa, seguido dos depósitos dos bancos. A seguir, vêm as aplicações financeiras de curto prazo, pois rapidamente podem se transformar em dinheiro. Depois, seguem os valores a receber e os estoques, como os principais ativos 65 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS realizáveis. Na linguagem contábil e financeira, denomina-se realização o processo de um ativo se transformar em dinheiro. Dessa maneira, existe a possibilidade de avaliar a liquidez de diversas maneiras. Os indicadores de liquidez procuram evidenciar a condição da empresa de saldar suas dívidas. São indicadores extraídos apenas do balanço patrimonial, razão por que são considerados indicadores estáticos. Quer dizer que, no momento seguinte, poderão ser alterados por evento que modifique os elementos patrimoniais que são utilizados para medir a liquidez (PADOVEZE e GIDEON, 2011, p. 147). Figura 24 Quocientes de liquidez: • quociente de liquidez imediata; • quociente de liquidez corrente; • quociente de liquidez seco; • quociente de liquidez geral. Saiba mais No portal de contabilidade, saiba mais sobre os índices de liquidez, disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/ indices-de-liquidez.htm>. Acesso em: 1 fev. 2012. As informações necessárias para cálculos dos índices de liquidez são as contas do ativo e passivo. Os dados a seguir foram retirados do balanço patrimonial ajustado do grupo Votorantim e serão utilizados nos exemplos do cálculo dos índices de liquidez: 66 Unidade I Tabela 3: índices de liquidez Ativo 2010 2009 Total ativo circulante 48.595 39.618 Total ativo não circulante 77.053 62.473 Passivo 2010 2009 Total passivo circulante 44.165 33.630 Total passivo não circulante 45.263 38.403 Os maiores interessados nos índices de liquidez, além dos proprietários,são os credores da empresa. Eles precisam saber se a sua empresa pode adquirir novos créditos e qual é o risco dos créditos já concedidos. Esse interesse pelos quocientes de liquidez é decorrente. Esse grupo de índices resulta na informação da capacidade de pagamento das obrigações de curto e longo prazo. Analisando-se os índices, tem-se a informação da capacidade de recursos financeiros de curto e longo prazo que a empresa possui, e sua capacidade em liquidar as obrigações de curto e longo prazo. Cada índice de liquidez demonstra essas informações. A fórmula matemática dos índices de liquidez é simples, de modo geral, o índice é o resultado da divisão da conta devedora: ativo – numerador, pela conta credora (passivo – denominador). Quociente de liquidez imediata Indica quanto a empresa possui de disponibilidade imediata para cada unidade monetária de passivo circulante. Interpretação: depende, porque, apesar de ser um índice financeiro, a liquidez imediata não se enquadra na regra “quanto maior, melhor”, por ser um índice sem muita expressão, já que compara dinheiro com valores que vencerão em datas variadas, embora em curto prazo. Índices de liquidez imediata altos em época de inflação significa, certamente, que a empresa estará perdendo dinheiro. Índice de liquidez imediata Disponibilidade Passivo circulante De acordo com a fórmula apresentada, no numerador temos a conta das disponibilidades (caixas e bancos conta corrente), total de liquidez existente. No denominador temos o passivo circulante, as obrigações de curto prazo. 67 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Uma vez que o índice indica a capacidade de pagar as contas com recursos financeiros existentes, denota-se que, na análise, quanto maior o quociente, melhor para a empresa. No exemplo, temos: = 2010 3.252 44.165 = 0,07 Índice de liquidez imediata Disponibilidade Passivo circulante 2009 7.208 33.630 = 0,21 No caso do exemplo, a análise é, em 2010: para cada R$1,00, temos R$0,07 de recursos financeiros de imediato. Enquanto que, no ano de 2009, tem-se: R$0,21 de recursos disponíveis para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo. Quociente de liquidez corrente Indica quanto a empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetária de passivo circulante. Quanto maior a capacidade de pagamento, melhor para a empresa, ou seja, quanto mais alto for o índice, melhor. Marion (2009, p. 72) observa: [...] é importante realçar, nesse momento, alguns aspectos relativos à liquidez corrente: • o primeiro é que o índice não revela a qualidade dos itens no ativo circulante (os estoques estão subavaliados, são obsoletos, os títulos a receber são totalmente recebíveis?); • o segundo é que o índice não revela a sincronização entre o recebimento e pagamentos, ou seja, por meio dele não identificamos se os recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas vincendas. Assim, em uma liquidez corrente igual a 2,5 (aparentemente muito boa), pode a empresa estar em crise de liquidez, pois grande parte dos vencimentos das obrigações em curto prazo concentra-se no próximo mês, enquanto a concentração dos recebimentos ocorrerá dentro de 90 dias; • o terceiro, como um aspecto que contribui para o redimensionamento da liquidez corrente, no sentido de elevá-lo, é o estoque estar avaliado a custos históricos, sendo que seu valor de mercado está (valor de realização – de venda), normalmente, acima do evidenciado no ativo circulante. Portanto, a liquidez corrente, sob esse enfoque, 68 Unidade I será sempre mais pessimista do que a realidade, já que os estoques serão realizados a valores de mercado e não de custo (MARION, 2005, p. 72). Índice de liquidez corrente Ativo circulante Passivo circulante Esse quociente demonstra a capacidade de recursos financeiros líquidos de curto prazo para cobrir as obrigações de curto prazo. = 2010 48.595 44.165 = 1,10 Índice de liquidez corrente Ativo circulante Passivo circulante 2009 39.618 33.630 = 1,18 Na análise, para cada R$1,00 de obrigações de curto prazo, a empresa tem recursos de curto prazo de R$1,10 para os anos de 2010 e de 2009, sua capacidade de pagar as obrigações de curto prazo era de R$1,18 para cada R$ de dívida. Quociente de liquidez seco Indica quanto a empresa possui de ativo circulante líquido para cada unidade monetária de passivo circulante. Semelhante ao índice de liquidez corrente, esse índice não considera os estoques, em face da dificuldade do nível de liquidez da conta. Os estoques são um item manipulável no balanço, devido à possibilidade de obsolescência ou por ser composto de produtos perecíveis. Nem sempre um índice de liquidez seca demonstra uma situação negativa, pois há casos em que o nível de estoques é elevadíssimo, como o caso do comércio varejista, em que há necessidade de estoques elevados devido ao giro das vendas. Índice de liquidez seca Ativo circulante – estoque Passivo circulante Considerando-se os dados do exemplo, temos: = 2010 44.878 44.165 = 1,02 Índice de liquidez seca Ativo circulante – estoque Passivo circulante 2009 36.376 33.630 = 1,08 69 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Para cada R$1,00 temos recursos financeiros de R$1,02 no decorrer de 2010, e R$1,08 para R$ 1,00 de obrigações de curto prazo. Quociente de liquidez geral Indica quanto a empresa possui de ativo circulante mais o ativo não circulante para cada unidade monetária de dívida geral (passivo circulante mais o passivo não circulante). Interpretação: quanto maior o índice, melhor, pois indica a capacidade da empresa em liquidar as obrigações total. Todos os recursos, de curto e longo prazo, são comparados para liquidar as obrigações totais – curto e longo prazo. Índice de liquidez geral Ativo circulante + não circulante Passivo circulante + passivo não circulante Exemplo calculado: = 2010 125.648 89.428 = 1,41 Índice de liquidez geral Ativo circulante + não circulante Passivo circulante + passivo não circulante 2009 102.091 72.033 = 1,42 Considerando os valores de liquidez que em empresa tinha em 2009 e 2010, para cada R$1,00 de obrigações totais – dívidas de curto e longo prazo, a empresa tinha aproximadamente R$1,42 de recursos para liquidação. Resumo dos quocientes ou índices de liquidez, calculado com os dados do exemplo: Tabela 4: Índices ou quocientes de liquidez Índices ou quocientes de liquidez 2010 2009 Índice de liquidez imediata 0,07 1,18 Índice de liquidez corrente 1,10 1,18 Índice de liquidez seca 1,02 1,08 Índice de liquidez geral 1,41 1,42 Analisando-se a tabela-resumo dos índices de liquidez, verifica-se que, do ano de 2009 para o ano de 2010, houve uma ligeira diminuição da capacidade de saldos das obrigações por parte da Votorantim S.A. Participações. 70 Unidade I Observação Na concessão de créditos, as instituições financeiras se baseiam nos índices de liquidez. Índices de endividamento ou estrutura de capital Os quocientes ou índices de endividamento demonstram a relação de capitais próprios e de terceiros que compõem o capital da empresa. Esse tipo de análise é importante para verificar se a empresa recorreu a capitais de terceiros para complementar as aplicações no ativo e se foi necessário fazer mais dívidas para pagar outras obrigações que estão por vencer. Índices de endividamento ou índices de estrutura de capital mostram a composição e a aplicação dos recursos da empresa. Verificamos que o ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (passivo circulante mais passivo exigível em longo prazo) e por capitais próprios (patrimônio líquido), sendo essas, portanto, as origens dos recursos. Os quocientes de estrutura de capitais, também conhecidos por quocientes de endividamentos, são obtidos mediante a confrontação das contas que representam as contas do capital de terceiros com o patrimônio líquido e com o ativo permanente, e servem para aquilatar o grau de endividamento da entidade. Osprincipais índices ou quocientes de endividamentos são: • Quocientes de estruturas de capital: – quociente de composição das exigibilidades; – quociente de capital de terceiros/capital próprios; – quociente de imobilização do patrimônio líquido. Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos, visite: <http://www.eps.ufsc.br/ disserta99/lucca/cap2.html>. Acesso em: 1 fev. 2012. 71 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Quociente de composição das exigibilidades Composição do endividamento: esse índice mostra o grau de dependência que os ativos da empresa têm aos capitais de terceiros, separando as exigibilidade de curto prazo – circulante em comparação com os de longo prazo – não circulante. Indica quanto as dívidas de curto prazo representam para cada unidade monetária do total da dívida com terceiros. Esse quociente demonstra a composição do endividamento de curto prazo em relação ao total, logo, a diferença corresponde ao longo prazo. Quanto menor, mais favorável, ou seja, o endividamento de longo prazo facilita o pagamento da empresa. Interpretação: quanto menor, melhor. É importante que as dívidas de longo prazo sejam maiores, pois há tempo para a empresa planejar suas finanças e programar o pagamento das obrigações. Caso as obrigações de curto prazo – passivo circulante – sejam maiores que a de dívidas de longo prazo – passivo não circulante –, a empresa terá que captar mais recursos – empréstimos e financiamentos – para saldar suas obrigações, portanto criando mais dívidas. = 2010 44.165 89.428 = 0,49 Composição das exigibilidades Passivo circulante Pass. circ. + pass. não circ. 2009 33.630 72.033 = 0,47 No balanço patrimonial em análise, verifica-se haver praticamente um equilíbrio entre as dívidas de curto e longo prazo. Quociente de capital de terceiros/capital próprios Esse quociente evidencia qual é a proporção da participação dos capitais de terceiros em relação aos recursos totais e indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada unidade monetária de capital próprio. Esse índice mostra o grau de dependência que os ativos da empresa têm aos capitais de terceiros. Demonstra a proporção entre o capital de terceiros e o capital próprio: quanto mais próxima de 1, demonstra mais dependência exagerada de recursos de terceiros. = 2010 89.428 36.220 = 2,47 Participação de capital de terceiros Pass. circ. + pass. não circ. Patrimônio líquido 2009 72.033 30.058 = 2,40 72 Unidade I Interpretação: quanto menor, melhor. No exemplo, temos que, para cada $1,00 de capital próprio – patrimônio líquido –, são utilizados respectivamente $2,40 (2009) e $2,47 (2010). Há uma grande dependência de recursos de terceiros para a operacionalização da empresa. Quociente de imobilização do patrimônio líquido Imobilização do capital próprio: esse índice mostra quanto do capital próprio está investido no ativo permanente e evidencia quanto a empresa investiu no ativo permanente para cada real de patrimônio líquido. = 2010 25.997 36.220 = 0,72 Imobilização da patrimônio líquido Ativo imobilizado Patrimônio líquido 2009 22.541 30.058 = 0,75 Esse índice demonstra o investimento em ativo imobilizado que a empresa está fazendo, explicitando sua capacidade de geração de capacidade produtiva, decorrente do investimento nesse ativo. Verifica-se que aproximadamente 70% do patrimônio líquido são aplicados em investimentos com ativo imobilizado. Lembrete Os índices de endividamento ou de capital demonstram a composição do patrimônio próprio e de terceiros existente na empresa. Índices de rentabilidades Os índices de rentabilidade ou lucratividade demonstram qual foi a rentabilidade dos capitais investidos na empresa. São considerados índices econômicos, os que indicam margens de lucro (rentabilidade), de retorno do capital investido e a velocidade das operações realizadas. Evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na empresa. São calculados com base em valores extraídos da demonstração do resultado do exercício e do balanço patrimonial. São exemplos de índices de rentabilidades: • retorno sobre o investimento; 73 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • retorno sobre o patrimônio líquido; • margem líquida; • giro do ativo. Retorno sobre o investimento Esse quociente evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real de investimento totais. = 2010 4.870 125.648 = 0,04 Retorno sobre o investimento Lucro líquido Ativo total 2009 6.159 102.091 = 0,06 Esse índice mostra quanto a empresa obteve de lucro para cada 100 reais de investimento, sem considerar as despesas e impostos. Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária do ativo. Interpretação: quanto maior, melhor. Para cada R$1,00 de ativo, temos um lucro de R$0,06 e R$0,04 para os anos 2009 e 2010 respectivamente. Quanto mais próximo de R$1,00 o retorno (lucro), mais interessante seria aos acionistas. Retorno sobre o patrimônio líquido O quociente revela qual foi a taxa de rentabilidade obtida pelo capital próprio investido na empresa, isto é, quanto a empresa ganhou de lucro líquido para cada real de capital próprio investido. = 2010 4.870 36.220 = 0,13 Retorno s/ patrimônio líquido Lucro líquido Patrimônio líquido 2009 6.159 30.058 = 0,20 Semelhante ao índice do retorno sobre o ativo, quanto maior o índice do retorno sobre o patrimônio líquido, melhor. Para cada R$1,00 de ativo, temos um lucro de R$0,20 e R$0,13 para os anos 2009 e 2010 respectivamente. Quanto mais próximo de R$1,00 o retorno (lucro), mais interessante seria aos acionistas, pois seu retorno seria quase o valor do investimento. Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária do patrimônio líquido. Margem líquida O quociente revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real vendido. 74 Unidade I Indica o percentual de lucro líquido em cada unidade monetária vendida. = 2010 4.870 29.497 = 0,17 Margem líquida Lucro líquido Vendas líquidas 2009 6.159 29.231 = 0,21 Giro do ativo Esse quociente evidencia a proporção existente entre o volume das vendas e os investimentos totais efetuados na empresa, isto é, quanto a empresa vendeu para cada real de investimento total. = 2010 29.497 125.648 = 0,23 Giro do ativo Vendas líquidas Ativo total 2009 29.231 102.091 = 0,29 Esse índice mostra quanto a empresa vendeu para cada R$1,00 do investimento total. Lembrete Os índices de rentabilidade demonstram a capacidade da empresa em gerar resultados positivos ou negativos. Resumo O objetivo da análise das demonstrações contábeis, predominantemente, é fornecer informações e dados para a tomada de decisões por parte dos usuários das informações contábeis. Cabe ao analista contábil, de acordo com sua experiência e com o objetivo do usuário, elaborar relatório simples ou complexo. As variáveis necessárias para elaborar a análise e emitir o relatório são os constantes das demonstrações contábeis exigidos pela legislação societária e pelos órgãos contábeis. Os principais demonstrativos são o balanço patrimonial, as notas explicativas e a demonstração de resultado do exercício, fundamentais para a análise de balanço. A demonstração da mutação do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa e a demonstração do valor agregado são relatórios que 75 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS apresentam os detalhes da ocorrência contábil no decorrer do exercício social. São úteis na medida em que as informações não encontradas no balanço patrimonial e na demonstração do resultado são explicadas minuciosamente nesses demonstrativos. Entre as técnicas de análises, a mais comum é a determinação de índices ou quocientes, cuja técnica se resume em encontrar o resultadoda divisão de contas dos demonstrativos contábeis. A quantidade e a qualidade dos índices são fixadas pelo analista no cumprimento do objetivo fixado pelo usuário. O grupo básico de índices é formado pelo tripé liquidez, endividamento e rentabilidade: cada grupo fornece vários índices e, nesta unidade, demonstramos os índices usuais. Contudo, podem ser calculados outros índices de acordo com a necessidade. A correta interpretação dos quocientes depende da experiência do analista, pois não há um padrão de interpretação ou utilização. Os conceitos determinam o grau de utilidade, porém, relacionados aos objetivos, não definem sua interpretação. O grupo de índices de liquidez demonstra a capacidade da empresa em liquidar suas dívidas, enquanto que o grupo de índices de endividamento demonstra a composição do patrimônio (próprio ou de terceiros). Por fim, o grupo de índices de rentabilidade está relacionado com a capacidade da geração de resultados positivos. Portanto, esse tripé de índices (liquidez, endividamento e rentabilidade) é o ponto de partida para a análise de balanços baseada no conceito de índice ou quocientes. Exercícios Questão 1. (CFC 2012) Assinale a opção que apresenta apenas itens registráveis no Ativo Não Circulante: A) Aplicações financeiras classificadas como equivalentes de caixa, imóveis destinados ao uso, imóveis para aluguel. B) Estoques, duplicatas a receber, imóveis destinados ao uso. C) Investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial, imóveis destinados ao uso, imóveis para aluguel. 76 Unidade I D) Investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, estoques, marcas registradas. E) Terrenos para utilização futura, participações acionárias em outras empresas, impostos a recuperar. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: as aplicações financeiras classificadas como equivalentes de caixa são inseridas no Ativo Circulante. B) Alternativa incorreta. Justificativa: as duplicatas a receber representam valores originados de vendas de mercadorias a prazo e, assim, são um direito contabilizado como Ativo Circulante. C) Alternativa correta. Justificativa: os exemplos apresentados na alternativa obedecem aos lançamentos em Ativo Não Circulante por estarem inclusos como elementos patrimoniais de longo prazo. D) Alternativa incorreta. Justificativa: os estoques são bens comprados ou fabricados pela empresa com o objetivo de venda ou utilização própria no decorrer normal de suas atividades e não são lançados no Ativo Circulante. E) Alternativa incorreta. Justificativa: os impostos a recuperar são outros direitos inseridos no Ativo Circulante, onde há lançamentos de transações que não representam o objeto principal da empresa, mas são normais e inerentes às suas atividades, a exemplo de títulos a receber e adiantamento a funcionários. Questão 2. Assinale a alternativa referente ao que indica o índice de liquidez seca: A) Indica a porcentagem das receitas disponíveis para cobrir as despesas operacionais e obter lucro. Quanto menor, melhor. B) Indica a lucratividade das operações atuais sem levar em consideração as despesas de juros e imposto de renda. C) Indica a capacidade da empresa em pagar o passivo circulante usando os ativos que podem convertidos em fundos de curto prazo. 77 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS D) Indica a capacidade da empresa em pagar o passivo circulante sem depender da venda de seus estoques. E) Indica o retorno que os acionistas estão obtendo pelo investimento que efetuaram na empresa. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: esta é a margem de lucro bruto. B) Alternativa incorreta. Justificativa: este é o índice de lucratividade margem de lucro operacional. C) Alternativa incorreta. Justificativa: este é o índice de liquidez corrente. D) Alternativa correta. Justificativa: esta é a descrição correta do índice de liquidez seca a ser obtido a partir da seguinte formulação: (Ativo Circulante – estoques) / Passivo Circulante. E) Alternativa incorreta. Justificativa: este é o indicador do retorno do patrimônio líquido.