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Código de Ética da OAB Prof. Paulo Ricardo Nogueira Machado Descrição Análise do Código de Ética da OAB, infrações, sanções disciplinares e processo disciplinar perante a OAB. Propósito Conhecer as regras éticas e suas correspondentes punições é indispensável para quem quer advogar, atuando sempre dentro dos limites éticos da advocacia. Não menos importante é saber que existe um rito a ser respeitado nos processos disciplinares e nos seus recursos. Preparação Para nosso estudo, é imprescindível ter em mãos a Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), o Regulamento Geral do EAOAB e o Código de Ética e Disciplina. Objetivos 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 1/38 Módulo 1 Principais pontos do Código de Ética da OAB Analisar os principais pontos do Código de Ética da OAB. Módulo 2 Infrações e sanções disciplinares Identificar as infrações e sanções disciplinares, além do regramento do processo disciplinar. Introdução Em primeiro plano, estudaremos as normas contidas no Código de Ética da OAB, a fim de propiciar uma segurança no regular exercício da profissão, uma vez que, conhecendo as regras éticas, o advogado evita descumpri-las, bem como eventuais punições pela OAB. Analisaremos as infrações e suas respectivas sanções e, por conseguinte, auxiliaremos o profissional da advocacia a atuar dentro dos ditames do Código de Ética da OAB, sem descumprir as regras da advocacia. Por fim, veremos algumas linhas sobre o processo disciplinar da OAB, do qual poderá restar uma punição ao advogado, assim como – e concomitantemente – o respeito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 2/38 1 - Principais pontos do Código de Ética da OAB Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os principais pontos do Código de Ética da OAB. Características do Código de Ética da OAB Primeiras observações O Código de Ética da OAB é basicamente dividido em duas partes: 1ª Trata das regras deontológicas. 2ª Trata do processo disciplinar na OAB. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 3/38 O Estatuto da Advocacia e da OAB também trata da Ética da Advocacia, especialmente nos artigos 31 a 33. O advogado deve ser merecedor de respeito e contribuir para o prestígio da classe e da advocacia, mantendo independência em qualquer circunstância, sem receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem o de incorrer em impopularidade. Re�exão Sabendo-se que o Código de Ética e Disciplina (CED) não é uma lei, estaria o advogado obrigado a obedecer às regras lá inseridas? A resposta está no artigo 33 da Lei nº 8906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), que determina que o advogado precisa cumprir rigorosamente os deveres consignados no CED. Quando a Lei nº 8906/94 determina que os advogados cumpram os mandamentos do CED, assim deve ser feito, sob pena de lhes serem aplicadas as sanções disciplinares. Responsabilidade funcional do advogado O advogado, no exercício da sua profissão, está sujeito a ser responsabilizado por ações ou omissões que possam vir a causar prejuízo a clientes ou a terceiros. Assim, a responsabilidade funcional (ou profissional) se divide em três tipos de esferas independentes umas das outras, como analisaremos a seguir: Responsabilidade civil Responsabilidade penal Responsabilidade disciplinar O advogado pode, por exemplo, com uma conduta inadequada, cometer uma infração disciplinar, mas não causar prejuízo ao seu cliente, nem 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 4/38 praticar um crime. A seguir, faremos uma breve abordagem de cada uma dessas responsabilidades. Responsabilidade do advogado Neste vídeo, o professor faz um apanhado sobre as responsabilidade civil, pena e disciplinar do advogado. Responsabilidade civil do advogado Características São vários os dispositivos no ordenamento jurídico pátrio que tratam da responsabilidade civil aplicada ao advogado. Podemos começar citando o art. 186 do Código Civil, que traz a regra geral da responsabilidade civil e também alcança o advogado: “Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” O Estatuto da Advocacia e da OAB, no art. 32, expôs uma regra semelhante, porém, direcionada ao profissional da advocacia: “O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa.” 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 5/38 Veja que, pela simples leitura dos artigos acima transcritos, a responsabilidade civil do advogado é subjetiva, ou seja, exige a verificação da culpa. Para alguns autores, os prejuízos eventualmente causados pelo advogado aos clientes não escapam da órbita do Código de Defesa do Consumidor (CDC) (Lei nº 8.078/90), que, ao conceituar fornecedor, enquadrou toda pessoa física prestadora de serviço em seu mecanismo de proteção ao cliente: “Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.” Com base nisso, analise a seguir: O CDC adotou como regra a responsabilidade objetiva. O art. 14, caput, diz que “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” Entretanto, o próprio CDC se excepciona no art. 14, §4º: “A responsabilização pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”. Aqui confirma-se que a responsabilidade civil do advogado, pelos danos causados aos clientes, decorrentes de seus serviços advocatícios, exigem a verificação da culpa. Lide temerária 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 6/38 A lide temerária ocorre quando o advogado, em conluio com o cliente, altera a verdade dos fatos com o objetivo de prejudicar outrem. Ao discorrer sobre o assunto, Paulo Lôbo (2009, p. 189) diz que a “lide temerária, no entanto, não se presume, nem pode a condenação decorrente ser decretada pelo juiz na mesma ação. Tampouco basta a prova da temeridade, que pode ser resultado da inexperiência ou da simples culpa do advogado. Para responsabilizar o advogado é imprescindível a prova do dolo.” O Estatuto da Advocacia e da OAB não deixou passar despercebido o tema e dispôs no parágrafo único do art. 32 que “em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.” Existe, ainda, um mandamento no Código de Ética que proíbe o advogado de “expor os fatos em juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé” (art. 6º, Novo CED). Exemplo Um exemplo de lide temerária é o advogado que, mesmo sabendo que um cliente (credor) já recebeu o valor da dívida, mas que o devedor não tem recibo de quitação, propõe uma ação de cobrança em face deste. Responsabilidade penal do advogado Violação de segredo pro�ssional (art. 154, CP) A escolha do advogado pelo cliente e a relação profissional entre os dois são calcadas na fidúcia. Para tanto,o cliente deve se sentir à vontade e bem confiante para que possa revelar todas as nuances do fato, a fim de que o advogado possa exercer de maneira plena o seu mister. Desse modo, as informações que o advogado obtiver no exercício da sua profissão têm de ser resguardadas e utilizadas apenas nos limites da defesa ou da acusação, sobretudo quando se trata de processo sob segredo de justiça. Entretanto, há fatos revelados ao advogado que não 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 7/38 precisam ser utilizados no processo, ficando por conta de complemento ao fato principal ou como desabafo por parte do cliente. Nesse caso, deve o advogado guardar segredo. O segredo guardado não é do advogado, é do cliente. O Código Penal tipificou como crime de violação de segredo profissional “o comportamento do agente que, sem justa causa, revela a alguém segredo que teve ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, revelação essa capaz de produzir dano a outrem” (GRECCO, 2006, p. 663). Quando a confiança é violada sem que haja um justo motivo, há de ser responsabilizado aquele que descumpriu o dever de fidelidade. Para que seja configurado o crime em questão, devem estar presentes os seguintes requisitos: 1. ser um segredo; 2. o segredo ter sido obtido pelo agente em razão de sua atividade (função, ministério, ofício ou profissão); 3. revelação a outrem; 4. sem justa causa; 5. potencialidade de causar dano a alguém. A respeito do justo motivo (que especialmente nos interessa para a prática, a fim de que se possa revelar o segredo sem, contudo, configurar o crime), trata-se de verdadeiro estado de necessidade, em virtude do conflito de dois interesses, devendo um ser suprimido pela “maior importância” do outro naquele momento. Sobre isso, o art. 37 do Código de Ética e Disciplina traz algumas informações importantes. Vejamos: Art. 35 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 8/38 O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão. Parágrafo único. O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado tenha tido conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem dos Advogados do Brasil. O sigilo profissional é de ordem pública, independendo de solicitação de reserva que lhe seja feita pelo cliente. § 1º Presumem-se confidenciais as comunicações de qualquer natureza entre advogado e cliente. § 2º O advogado, quando no exercício das funções de mediador, conciliador e árbitro, se submete às regras de sigilo profissional. O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria. O advogado não é obrigado a depor, em processo ou procedimento judicial, administrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito deva guardar sigilo profissional. Sonegação de autos O advogado tem o direito de obter vista dos autos por um prazo que pode variar em função de determinação legal ou judicial. Ultrapassado o Art. 36 Art. 37 Art. 38 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 9/38 prazo, o advogado deverá devolvê-los ao respectivo cartório ou secretaria. Não havendo a devolução dentro do prazo, o juiz determinará que o oficial de justiça o intime, a fim de que sejam entregues. Ainda assim não os devolvendo, as seguintes consequências poderão advir: busca e apreensão dos autos; perda de vista daqueles autos fora do cartório; responsabilização criminal (art. 356, CP); sanção disciplinar de suspensão (art. 34, XXII, c/c art. 37, I, todos do EAOAB); responsabilidade civil em caso de prejuízo (art. 32, EAOAB). Patrocínio in�el O crime de patrocínio infiel está tipificado no art. 355, caput, do Código Penal, e ocorre quando o advogado, ou o procurador judicial, trai o dever profissional, causando prejuízo a quem lhe confiou o patrocínio de uma causa. Como visto, trata-se de crime cujo sujeito ativo é o advogado. Para Bitencourt (2009), a expressão “ou procurador judicial” pode ser interpretada como advogado público, [...] compreendendo-se como tais os advogados membros da Advocacia- Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, das Defensorias Públicas, Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias e demais entidades da administração indireta e fundacional. É perfeitamente 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 10/38 admissível a participação de terceiros, incluindo-se os estagiários. (BITENCOURT, 2009, p. 1207) Tergiversação e patrocínio simultâneo (art. 355, parágrafo único, CP) O Código Penal pune, no parágrafo único do art. 355, a conduta do advogado que patrocina os interesses de partes opostas na mesma causa. Analise as duas condutas incriminadas a seguir: Tergiversação Consiste em o advogado, ou o procurador judicial, mudar de lado; ou seja, após a sua renúncia ou a revogação pelo cliente, passar a atuar para a parte contrária. Patrocínio in�el Consiste em quando o profissional defende os interesses de partes antagônicas, ao mesmo tempo, na mesma causa. Para Bitencourt (2009), o termo “partes contrárias” deve ser entendido como pessoas com interesses divergentes na mesma relação jurídico- processual, mesmo não estando como partes naquele processo, como é caso do denunciado e do lesado, que são partes contrárias em uma ação penal, mesmo que este não esteja habilitado como assistente do Ministério Público. Exercício de atividade com infração de decisão administrativa (art. 205, CP) Configura-se o crime em questão quando alguém exerce atividade de que está impedido por decisão administrativa. Explica Bitencourt (2009) que esse delito pode ser entendido como um tipo sui generis de crime próprio, eis que, embora não seja exigido pelo tipo penal uma condição 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 11/38 especial do agente, o ilícito apenas pode ser praticado por quem está impedido de exercer o seu trabalho, ofício ou profissão. Para o advogado, é a hipótese de haver decisão da OAB suspendendo-o ou excluindo-o de seus quadros. É claro que, na pendência de recurso com efeito suspensivo ou sem trânsito em julgado, não há de se falar neste ilícito penal. Trata-se de crime habitual, não se punindo a conduta isolada (BITENCOURT, 2009). Responsabilidade disciplinar Infrações e sanções O Código de Ética e Disciplina é um ato normativo, editado pelo Conselho Federal da OAB, podendo, portanto, ser alterado por esse mesmo órgão (art. 54, V, do EAOAB). Dessa forma, no ano de 2015 foi aprovado o Novo CED, que entrou em vigor no dia 1º de setembro de 2016, já tendo sofrido alterações. Embora o Código de Ética e Disciplina não seja uma norma em sentido formal (é uma norma em sentido material), o seu respeito pelos advogados é imposto pelo art. 33 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), e sua violação é punida com uma censura aplicada pela OAB (art. 36, I, do EAOAB). “Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de Ética e Disciplina”. A ausência, no Código de Ética e Disciplina, de definição ou orientação a respeito de questão de ética profissional da advocacia, relevante para o exercício da profissão, enseja consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal. O Presidente do Conselho Seccional, da Subseção ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável em caso de transgressão às normas do CED, sem prejuízo da instauração do devido procedimento,a fim de serem apuradas as infrações. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 12/38 O Novo Código de Ética e Disciplina contém três títulos, que regulam os deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, também, a questão da publicidade, da recusa do patrocínio, do dever de assistência jurídica, do dever geral de urbanidade e dos respectivos procedimentos disciplinares, do advogado público, da advocacia pro bono, entre outros. Analise a seguir como os títulos estão divididos: Título I Trata da “Ética do Advogado” (arts. 1º ao 54). Título II Trata do “Processo Disciplinar” (arts. 55 ao 72). Título III Trata “Das disposições gerais e transitórias” (arts. 73 ao 80). Bem como a Constituição da República Federativa do Brasil, o Novo Código de Ética e Disciplina é iniciado com um preâmbulo, confira! “O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, os quais se traduzem nos seguintes mandamentos: lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que o ordenamento jurídico seja interpretado com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses; comportar-se, Princípios norteadores da ética do advogado 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 13/38 nesse mister, com independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve a finalidade social do seu trabalho; aprimorar- se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a dignidade e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe. Inspirado nesses postulados, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, da Lei n. 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os advogados brasileiros à sua fiel observância” (RESOLUÇÃO OAB Nº 02/2015). A leitura e o cumprimento dos mandamentos inseridos no CED/OAB é dever de toda a classe da advocacia. Logo no primeiro artigo, o Código de Ética exige do advogado conduta compatível com os seus preceitos, bem como com os do Estatuto da Advocacia e da OAB, do Regulamento Geral, dos provimentos e dos demais princípios da moral individual, social e profissional. Deveres do advogado no Código de Ética e Disciplina De forma explícita, o parágrafo único do art. 2º do Código de Ética e Disciplina diz que são deveres do advogado: Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 14/38 consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. A seguir, ainda no parágrafo único, observe como tais deveres são enumerados no Código de Ética e Disciplina: I. Preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; II. Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III. Velar por sua reputação pessoal e profissional; IV. Empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; V. Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI. Estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII. Desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica; VIII. Abster-se de: a. utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b. vincular seu nome ou nome social a empreendimentos sabidamente escusos; c. emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; d. entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste; e. ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares; IX. Pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos; X. Adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração da Justiça; XI. Cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil ou na representação da classe; XII. Zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia; 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 15/38 XIII. ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos necessitados. O Código de Ética e Disciplina dispõe que o advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas, e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos. Por força do art. 4º, o advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Re�exão Infelizmente, na prática, seja no setor público ou no privado, deparamo- nos com diversos advogados receosos em cumprir esse dever por atitudes prepotentes de alguns empregadores, sob a constante ameaça do desemprego. No art. 4º, parágrafo único, do Novo CED, determina-se que é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente. Foi mantida a imposição que havia no CED anterior, ao dispor que o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização, e que é vedado o oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, em angariar ou captar clientela. O Capítulo III do Título I do Código de Ética e Disciplina anuncia os deveres dos advogados em suas relações com os clientes (arts. 9º ao 26) em uma linguagem clara e autoexplicativa. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 16/38 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FGV – XXIII Exame de Ordem - adaptada) Dr. Silvestre, advogado, é procurado por um cliente para patrociná-lo em duas demandas em curso, nas quais o aludido cliente figura como autor. Ao verificar o 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 17/38 andamento processual dos feitos, Silvestre observaque o primeiro processo tramita perante a juíza Dra. Isabel, sua tia. Já o segundo processo tramita perante o juiz Dr. Zacarias, que, coincidentemente, é o locador do imóvel em que o Dr. Silvestre reside. Considerando o disposto no Código de Ética e Disciplina da OAB, assinale a afirmativa correta. Parabéns! A alternativa A está correta. A O Dr. Silvestre cometerá infração ética se atuar em qualquer um dos processos, tendo em vista o grau de parentesco com a primeira magistrada e a existência de relação negocial com o segundo juiz. B O Dr. Silvestre cometerá infração ética apenas se atuar no processo que tramita perante a juíza Dra. Isabel, tendo em vista o grau de parentesco com a magistrada. Quanto ao segundo processo, não há vedação ética ao patrocínio na demanda. C O Dr. Silvestre cometerá infração ética apenas se atuar no processo que tramita perante o juiz Dr. Zacarias, tendo em vista a existência de relação negocial com o magistrado. Quanto ao primeiro processo, não há vedação ética ao patrocínio na demanda. D O Dr. Zacarias não cometerá infração ética se atuar em ambos os feitos, pois as hipóteses de suspeição e impedimento dos juízes versam sobre seu relacionamento com as partes, e não com os advogados. E O CED/OAB não prevê tais situações. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 18/38 Nos termos do art. 2º, parágrafo único, e do Novo CED, o advogado deve abster-se de ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares. Questão 2 De forma explícita, o parágrafo único do art. 2º do Código de Ética e Disciplina diz quais são os deveres dos advogados. Portanto, marque a alternativa que corresponda a um dever do advogado: Parabéns! A alternativa E está correta. Segundo o art. 2º, inciso VIII, alínea “d” do Código de Ética e Disciplina, é dever do advogado abster-se de entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído sem o assentimento deste. A Atuar com destemor, dependência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé. B Utilizar influência indevida, em seu benefício ou do cliente. C Contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. D Estimular a instauração de litígios. E Não negociar diretamente com a parte contrária que tenha advogado constituído, sem o consentimento deste. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 19/38 2 - Infrações e sanções disciplinares Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as infrações e sanções disciplinares, além do regramento do processo disciplinar. Sanções disciplinares Tipos de sanções disciplinares A responsabilidade disciplinar é aquela apurada e aplicada pela OAB. O advogado, ou o estagiário, que infringir as normas contidas no Estatuto da Advocacia, no Regulamento Geral e no Código de Ética e Disciplina será processado e punido pela OAB. Passaremos, então, ao estudo das sanções e infrações disciplinares (arts. 34 ao 41 do EAOAB). O art. 35 do Estatuto lista as sanções disciplinares que podem ser aplicadas pela OAB: Censura 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 20/38 A censura é uma das sanções mais leves aplicadas pela OAB, de maneira que ela pune a prática das infrações mais leves cometidas pelos advogados, que são aquelas arroladas no art. 36 do Estatuto. Com essa punição, o advogado pode continuar exercendo sua profissão, porém, tal reprimenda deve ser registrada nos assentamentos do inscrito, deixando-o de ser primário, e com isso uma eventual prática de outra infração será considerada como reincidência, ensejando, por sua vez, a aplicação de uma sanção mais grave (suspensão de 30 dias a 12 meses - art. 37, II, EAOAB). O art. 36, parágrafo único, do Estatuto da Advocacia, prevê que a censura poderá ser convertida em uma simples advertência, constituindo em ofício reservado encaminhado ao advogado, sem registro nos assentamentos, desde que apresente circunstância atenuante. Essas atenuantes estão no art. 40 do Estatuto (falta cometida na defesa de prerrogativa profissional, ausência de punição disciplinar anterior - primariedade -, exercício assíduo e proficiente de mandado ou cargo em qualquer órgão da OAB e prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública). Entendemos que a advertência não é essencialmente uma punição. Primeiro, porque ela não consta do art. 35 do Estatuto da Advocacia; segundo, porque não é considerada para fins de reincidência. Trata-se, Suspensão Exclusão Multa 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 21/38 portanto, de um benefício aplicado ao advogado que comete uma infração de natureza leve e possui alguma circunstância atenuante. Assim, caso um advogado viole um segredo profissional (art. 34, VII, EAOAB), mas já tenha exercido um cargo na OAB com assiduidade e proficiência, deverá ser tão somente advertido pela OAB, sem aplicação de censura. Se porventura uma nova infração leve for novamente cometida pelo profissional, agora sim sofrerá censura, devendo tal sanção ser lançada nos seus assentamentos. A suspensão é uma sanção mais grave do que a censura, eis que impossibilita o advogado de exercer sua atividade profissional, em todo o país, por um prazo que pode variar, em regra, de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses. O prazo da suspensão pode ainda se estender por prazo indeterminado nas hipóteses do art. 37, §§ 2º e 3º: Nesses casos específicos, a suspensão perdura até que o advogado satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária, ou Recusar-se injustificadamente a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele. Deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo. Incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 22/38 até que preste novas provas de habilitação. No caso de suspensão por prazo indeterminado (inépcia profissional), há de ser feita uma observação. A inépcia profissional ocorre quando o advogado comete erros reiterados no exercício da advocacia. Não basta um erro isolado. Há de ser comprovada a repetição de falhas para que haja punição pela OAB. Saiba mais A expressão “prestar novas provas de habilitação”, segundo Macedo (2009), afirma que o conteúdo deve ser entendido como nova aprovação no Exame da Ordem. Tal entendimento parece ser o mesmo do Conselho Federal da OAB na decisão mencionada pelo autor: “[...] inépcia profissional evidente e comprovada deve gerar a necessidade da suspensão do exercício profissional até que o representado faça novo exame de ordem” (Processo nº 1.875/98/SCA- SP, Relator Clovis Cunha da Gama Malcher Filho (PA), DJ 26.05.99). No que pese os respeitáveis entendimentos, há a defesa de um posicionamento diferente, no sentido de que “prestar novas provas de habilitação” não é prestar novo Exame da Ordem. Primeiro porque, se o legislador quisesse que o advogado punido por inépcia profissional se submetesse a novo Exame, assim teria dito expressamente. E, segundo, porque o Estatuto somente faz referência à aprovação no Exame da Ordem para quem desejar se inscrever no quadro de advogados da OAB (art. 8º, IV). A exclusão é a sanção mais grave aplicada pela OAB. O advogado que for excluído terá sua inscrição cancelada (art. 11, II, EAOAB) e, consequentemente, não poderá advogar até ser reabilitado. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão é necessária a manifestação favorável de 2/3(dois terços) dos membros do Conselho Seccional competente. Por fim, a multa é uma sanção acessória, ou seja, ela não será aplicada isoladamente, sendo aplicada em conjunto com uma censura ou com uma suspensão sempre que houver circunstâncias agravantes, como a reincidência. O valor da multa pode variar de 1 (uma) a 10 (dez) anuidades. As sanções disciplinares (censura, suspensão, exclusão e multa) devem constar dos assentamentos 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 23/38 do inscrito após o trânsito em julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura, justamente porque nesta não há problema em alguém o contratar. Na suspensão e na exclusão, a OAB deve ter todo o cuidado para que ninguém contrate o profissional. Os atos praticados por advogado suspenso ou excluído são nulos (art. 4º e parágrafo único do EAOAB). Sanções disciplinares Neste vídeo, o professor realiza um panorama sobre as diferentes espécies de sanções disciplinares que podem vir a ser aplicadas. Das infrações e suas respectivas sanções O art. 34 do Estatuto da Advocacia e da OAB tem 29 incisos, trazendo uma série de infrações disciplinares. Para melhor entendimento, essas infrações podem ser divididas em três grupos (advirta-se que a lei não faz essa classificação), como observaremos a seguir: Leves São punidas com censura. Graves 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 24/38 São punidas com suspensão. Gravíssimas São punidas com exclusão. Conforme observamos anteriormente, as infrações leves podem ser convertidas em mera advertência, se presentes circunstâncias atenuantes. Infrações punidas com censura O art. 36 do Estatuto determina que a censura será aplicada nos casos de: Veremos a seguir as infrações dos incisos I a XVI e XXIX do art. 34: I. exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não-inscritos, proibidos ou impedidos; Infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34. Violação ao Código de Ética e Disciplina. Violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 25/38 II. manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei; III. valer-se de agenciador de causas mediante participação nos honorários a receber; IV. angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros; V. assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito ou em que não tenha colaborado; VI. advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior; VII. violar, sem justa causa, sigilo profissional; VIII. estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado da parte contrária; IX. prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio; X. acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione; XI. abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos 10 (dez) dias da comunicação da renúncia; XII. recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública; XIII. fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes; XIV. deturpar o teor de dispositivo de lei ou de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa; XV. fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato definido como crime; XVI. deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou autoridade da OAB, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado; 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 26/38 XXIX. praticar o estagiário ato excedente de sua habilitação. Infrações punidas com suspensão A suspensão é aplicada nos casos do art. 37 do Estatuto da Advocacia, a saber: infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34; e reincidência. Vejamos as infrações de natureza grave (art. 34, XVII ao XXV): XVII. prestar concurso a clientes ou a terceiros para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la; XVIII. solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta; XIX. receber valores da parte contrária, ou de terceiros, relacionados com o objeto do mandato sem expressa autorização do constituinte; XX. locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa; XXI. recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele; XXII. reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança; XXIII. deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo; XXIV. incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional; XXV. manter conduta incompatível com a advocacia. Para o parágrafo único do art. 34 do Estatuto, inclui-se na conduta incompatível a prática reiterada de jogo de azar não autorizado por lei, a incontinência pública e escandalosa, e a embriaguez ou toxicomania habituais. Reincidência 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 27/38 O advogado punido com censura ou suspensão deixa de ser primário. Desse modo, caso venha a cometer nova infração disciplinar será considerado reincidente. Exemplo Um advogado anteriormente punido com uma censura que vem a ser condenado por ter abandonado uma causa sem justo motivo (art. 34, XI – infração de natureza leve) será considerado reincidente e será suspenso pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses. Infrações punidas com exclusão A exclusão será infligida nas hipóteses mencionadas no art. 38 do Estatuto da Advocacia, na aplicação por 3 (três) vezes de suspensão: o advogado que for suspenso pela terceira vez, seja qual for a infração cometida, após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, será excluído dos quadros da OAB. A exclusão exige o quórum de 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho competente. Veja a seguir as infrações gravíssimas definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34: XXVI. fazer falsa prova de qualquer dos requisitos necessários para a inscrição na OAB; XXVII. tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; XXVIII. praticar crime infamante. Atenuantes (art. 40, caput do EAOAB). São consideradas atenuantes, para a aplicação das sanções disciplinares, as seguintes circunstâncias: falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; ausência de punição disciplinar anterior (primariedade); exercício assíduo e proficiente de mandado ou cargo em qualquer órgão da OAB; prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. Dosimetria da sanção disciplinar O art. 39, parágrafo único, do EAOAB, trata sobre os antecedentes profissionais do advogado ou do estagiário, as atenuantes, o grau de culpa por eles revelada, as circunstâncias e as consequências da infração serão consideradas para o fim de decidir sobre a conveniência 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 28/38 da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar, bem como sobre o tempode suspensão e o valor da multa aplicáveis. Assim, se um advogado comete uma infração de natureza leve, como, por exemplo, violar um segredo profissional (art. 34, VII, EAOAB), e é primário, terá a censura convertida em uma simples advertência. Entretanto, o advogado já punido com uma censura, e que agora viola um segredo profissional, deverá ser suspenso, podendo, ainda, ser aplicada uma multa no valor de uma a dez anuidades. Reabilitação (art. 41 do EAOAB) e prescrição Conceito e características da reabilitação O ordenamento jurídico pátrio não admite efeitos perpétuos de nenhuma punição. A par disso, o Estatuto da Advocacia permite ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após o seu cumprimento, a reabilitação, diante de provas efetivas de bom comportamento. Porém, quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação na OAB dependerá também da correspondente reabilitação criminal (art. 94 do Código Penal). Prescrição Observe a seguir como a prescrição é dividida: Prescrição da pretensão punitiva (art. 43, caput, do EAOAB) 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 29/38 A aplicação da punibilidade às infrações disciplinares prescreve 5 (cinco) anos contados da data da constatação oficial do fato. Dar-se-á a prescrição intercorrente quando, durante o decorrer do processo, ele ficar paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado ex officio ou por requerimento da parte interessada. Os eventuais responsáveis pela paralisação deverão ser punidos pela OAB. Interrompe-se a prescrição, devendo ter sua contagem reiniciada, em duas situações: pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado; pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB. O processo disciplinar da OAB Conforme reza o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Desse modo, no processo disciplinar da OAB – do qual poderá restar uma punição ao advogado –, também deve ser dada a oportunidade de defesa. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal. Prescrição intercorrente (art. 43, §1º, do EAOAB) Interrupção da prescrição (art. 43, §2º, do EAOAB) 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 30/38 Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio Conselho. A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente comunicada ao Conselho Seccional no qual o representado tenha inscrição principal para constar dos respectivos assentamentos. Nos termos do art. 70, §3º, do EAOAB, o Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho no qual o acusado tenha inscrição principal, pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às autoridades competentes. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada. O Código de Ética e Disciplina, a partir do art. 55, traz os critérios de admissibilidade da representação e os procedimentos disciplinares. Atenção! É importante saber que o processo disciplinar tramita em sigilo até seu término, só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente. Uma representação contra um advogado pode ser encaminhada ao Presidente do Conselho Seccional, de uma Subseção ou até mesmo do Tribunal de Ética e Disciplina (TED). Assim, recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a quem compete a instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina. Ao advogado que sofrer a representação (representado) deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procurador, oferecendo defesa prévia após ser notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina (TED), por ocasião do julgamento. Caso, depois de apresentada a defesa prévia, o relator se manifeste pelo indeferimento liminar da representação, este deve ser decidido pelo 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 31/38 Presidente do Conselho Seccional, para determinar seu arquivamento, como analisaremos a seguir: O prazo para defesa prévia (15 dias) pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do relator. Isso acontece porque muitas vezes o advogado precisa de um tempo maior para ter acesso a documentos necessários para juntar em sua defesa. Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo. O julgamento em primeira instância pelo TED, após, cabe recurso no prazo de 15 dias para o Conselho Seccional. Do Conselho Seccional, cabe recurso (também em 15 dias) para o Conselho Federal, se a decisão do Conselho Seccional não for unânime ou, se unânime, contrariar o Estatuto, o Código de Ética e Disciplina, Provimentos, decisão de outro Conselho Seccional ou do próprio Conselho Federal. O processo disciplinar na OAB, depois de transitado em julgado, é possível pedir sua revisão, por erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa prova. O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e judiciais pertinentes, objetivando a que o profissional suspenso ou excluído devolva os documentos de identificação. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 32/38 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 33/38 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FGV – XVI Exame de Ordem - adaptada) Ao final de audiência de instrução e julgamento realizada em determinada vara criminal, o juiz solicita que o advogado não deixe o recinto, e que ele atue em outras duas audiências ali realizadas em seguida. O advogado recusa-se a participar das outras duas audiências mencionadas, até mesmo por haver Defensor Público disponível. Com base no caso exposto, assinale a afirmativa correta. A O advogado não cometeu infração ética porque apenas resta configurada infração disciplinar na recusa do advogado a prestar assistência jurídica quando há impossibilidade da Defensoria Pública. B O advogado cometeu infração ética porque ele já estava na sala de audiências. C O advogado não cometeu infração ética porque é vedado a ele participar de duas audiências seguidas. D O advogado cometeu infração ética porque ele tem o dever de contribuir para a boa administração da justiça. E O Estatuto da OAB não prevê o tema. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 34/38 Parabéns! A alternativa A está correta. Consoante o art. 34, XII, do EAOAB, constitui infração disciplinar o advogado que se recusar a prestar,sem justo motivo, assistência jurídica, mas somente quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública. Questão 2 (FGV - XXV Exame de Ordem - adaptada) Carlos praticou infração disciplinar, oficialmente constatada em 09 de fevereiro de 2010. Em 11 de abril de 2013, foi instaurado processo disciplinar para apuração da infração, e Carlos foi notificado em 15 de novembro do mesmo ano. Em 20 de fevereiro de 2015, o processo ficou pendente de julgamento, que só veio a ocorrer em 1° de março de 2018. De acordo com o Estatuto da OAB, a pretensão à punibilidade da infração disciplinar praticada por Carlos A está prescrita, tendo em vista o decurso de mais de três anos entre a constatação oficial da falta e a instauração do processo disciplinar. B está prescrita, tendo em vista o decurso de mais de seis meses entre a instauração do processo disciplinar e a notificação de Carlos. C está prescrita, tendo em vista o decurso de mais de três anos de paralisação para aguardar julgamento. D não está prescrita, tendo em vista que não decorreram cinco anos entre cada uma das etapas de constatação, instauração, notificação e julgamento. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 35/38 Parabéns! A alternativa C está correta. Em regra, a prescrição das infrações prescreve em 5 (cinco) anos. Porém, caso o processo fique parado aguardando despacho ou julgamento, ocorrerá a prescrição intercorrente em 3 (três) anos (art. 43, caput e § 1º do EAOAB). Considerações �nais O estudo do Código de Ética e Disciplina da OAB, bem como o conhecimento das infrações disciplinares, é extremamente importante para que o advogado não venha a violar seus deveres. Muitos processos na OAB contra advogados ocorrem porque um número enorme de profissionais não conhece a fundo o próprio Código de Ética e as infrações trazidas no Estatuto da Advocacia e da OAB. Não menos importante é o profissional saber as regras do processo disciplinar, seja para se autodefender ou para defender um colega junto ao Tribunal de Ética e Disciplina (com os recursos previstos para as instâncias administrativas superiores). Podcast Para encerrar, ouça sobre a distinção entre as responsabilidades do advogado, assim como quais são as possíveis sanções disciplinares. E O Estatuto da OAB não prevê o tema. 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 36/38 Explore + Recomendamos a leitura de todo o Código de Ética e Disciplina da OAB (Resolução 02/2015 do Conselho Federal da OAB), pois esse instituto trata exatamente das regras éticas e do processo disciplinar na OAB. Referências BITENCOURT, C. R. Código Penal Comentado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. GRECCO, R. Curso de Direito Penal, volume III. Niterói, RJ: Impetus, 2006. LÔBO, P. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MACEDO. G. T. Deontologia Jurídica. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. MACHADO, P. 10 em Ética! 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. Material para download 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 37/38 Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema 07/05/24, 14:59 Código de Ética da OAB https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03196/index.html?brand=estacio# 38/38 javascript:CriaPDF()