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Captação de doadores de sangue e fatores que influenciam em 
sua baixa eficiência no Brasil. 
 
Geovana Silva Gomes
1
, Julia Evelin da Cunha Ferreira
1
, Priscilla Rueles Figueiredo
2
 
 
1
Discentes do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação - IBMR, Curso de Bacharelado em 
Biomedicina, Rio de Janeiro, Brasil, 
2
Docente do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação – IBMR, 
Rio de Janeiro, Brasil. 
 
RESUMO 
No Brasil, apenas 1,4% da população total é doador frequente de sangue, entretanto a Organização 
Mundial de Saúde (OMS) preconiza que de 2 a 5% da população total seja doador de sangue. A única 
forma de obter sangue é através da doação espontânea e voluntária de pessoas saudáveis, e isso é feito a 
partir da captação de doadores. A captação de doadores é um conjunto de estratégias que devem ser 
desenvolvidas através de programas de incentivo e conscientização para doação de sangue entre a 
população. O trabalho é uma revisão da literatura. Os resultados mostram que o tipo de doação mais 
frequente é a de reposição. As inaptidões podem representar um fator crucial para a escassez dos 
hemocentros. Muitos doadores apontam que as campanhas existentes são genéricas, não esclarecem os 
requisitos e não desmistificam os medos. Ademais, para a fidelização do doador é importante que ele seja 
bem recebido no hemocentro. De maneira geral, a baixa eficiência das campanhas é multifatorial, as 
estratégias devem ser repensadas para atrair novos doadores e fidelizá-los, além de ser necessário ter um 
apoio das instituições de ensino. 
 
Blood donor recruitment and factors that influence its low 
efficiency in Brazil. 
 
ABSTRACT 
In Brazil, only 1.4% of the total population are frequent blood donors, however the World Health 
Organization (WHO) recommends that 2 to 5% of the total population be blood donors. The only way to 
obtain blood is through spontaneous and voluntary donation from healthy people, and this is done by 
attracting donors. Recruiting donors is a set of strategies that must be developed through incentive and 
awareness programs for blood donation among the population. The work is a literature review. The results 
show that the most frequent type of donation is replacement. Disabilities can represent a crucial factor in 
the shortage of blood centers. Many donors point out that existing campaigns are generic, do not clarify 
requirements and do not demystify fears. Furthermore, for donor loyalty it is important that he is well 
received at the blood center. In general, the low efficiency of campaigns is multifactorial, strategies must 
be rethought to attract new donors and retain them, in addition to the need to have support from 
educational institutions. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A ciência e a tecnologia são campos que tiveram imenso crescimento nos 
últimos anos e permanecem se desenvolvendo mais a cada dia. Mesmo assim, apesar de 
todos os recursos disponíveis e das muitas pesquisas realizadas ao redor do mundo, 
ainda não foi criado nenhum produto que possa ser um substituto idêntico ao sangue 
humano, logo existe apenas uma fonte de origem: outro ser humano (RODRIGUES; 
REIBNITZ, 2011). À vista disso, a única forma de obtê-lo é através da doação 
espontânea e voluntária de pessoas saudáveis de 18 a 69 anos, jovens a partir de 16 anos 
necessitam apresentar autorização do responsável legal (Ministério da Saúde, 2016). 
A transfusão do sangue e de seus componentes é largamente utilizada para o 
tratamento de doenças sanguíneas, como doença falciforme, talassemia, hemofilia, 
assim como também é utilizada em vítimas de traumas, em procedimentos cirúrgicos, e 
até reposição de componentes em pacientes que realizam tratamento contra o câncer 
(SILVA, J. R. DA et al, 2021). 
A captação de doadores é um conjunto de estratégias que devem ser 
desenvolvidas através de programas de incentivo e conscientização para doação de 
sangue entre a população. A estratégia deve ser planejada de acordo com o local em que 
será divulgada e o público que terá acesso a ela, para que, dessa forma, tenha alta 
eficiência. Podem ser anúncios recorrentes em redes sociais, comerciais de TV, 
cartazes, palestras em escolas e universidades, etc. (PEREIRA, J. R. et al, 2016). 
No Brasil, os primeiros bancos de sangue foram criados na década de 40. 
Naquela época, a doação de sangue era remunerada. Este fato contribuiu para que o 
sangue fosse visto como produto de comercialização e negociação. Além disso, os 
índices de contaminação dos receptores por vírus que provocam doenças importantes 
foram elevados, visto que a doação era realizada por pessoas que, em sua maioria, 
buscavam uma fonte alternativa de renda, e camuflar informações indispensáveis sobre 
sua saúde e seus hábitos cotidianos certamente tornava-se comum (JUNQUEIRA; 
ROSENBLIT; HAMERSCHLAK, 2005). 
Após a efetivação da Lei N° 10.205, de 21 de março de 2001, que proíbe a 
remuneração da doação do sangue, todos que se dispõem a realizar o procedimento 
devem fazê-lo somente por altruísmo (BRASIL, 2001). Em razão disso, é de suma 
importância que as informações sobre o preparo, o procedimento e os fatores que podem 
ser impeditivos para doação estejam acessíveis a todos de forma clara e objetiva 
(LOPES; GUEDES; AGUIAR, 2012). 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que de 2 a 5% da população 
total do país seja doador frequente de sangue. No Brasil, este número atinge apenas a 
marca de 1,4%, o que evidencia a falta de efetividade das campanhas de captação e 
incentivo realizadas (GUIMARÃES, 2022). Assim sendo, é fundamental que os fatores 
que influenciam nesta baixa efetividade sejam estudados, por isso, este trabalho tem 
como objetivo realizar uma análise dos fatores que influenciam na baixa efetividade das 
campanhas e estratégias de captação realizadas no Brasil, visando também buscar quais 
melhorias podem ser implementadas. 
 
METODOLOGIA 
Trata-se de uma revisão da literatura realizada a partir de artigos científicos 
encontrados nas bases de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO), 
Google Acadêmico, PubMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da 
Saúde (Lilacs). A busca foi realizada durante os meses de março e abril de 2023 
utilizando como descritores: captação de doadores de sangue, hemoterapia no Brasil, 
doação de sangue, banco de sangue, estratégias de doação de sangue, doadores de 
sangue e serviços de hemoterapia. Além disso, sites do Governo Federal e resoluções 
federais e/ou estaduais foram empregadas nas pesquisas e na realização do trabalho. 
Encontrou-se nas bases de dados pesquisados 1.548 artigos, publicados nos 
idiomas português e inglês, e com limite temporal entre os anos 2000 e 2023. Após essa 
primeira seleção, 60 artigos foram selecionados a partir dos títulos. A partir da leitura 
dos resumos, 23 artigos foram excluídos por não atenderem ao tema. Restaram 37 
artigos que foram lidos em sua totalidade, entretanto, a posteriori mais artigos foram 
desprezados por não agregarem ao objetivo. 
Utilizou-se como critérios de inclusão artigos que realizaram pesquisa 
quantitativa e/ou qualitativa por meio de questionários com doadores e potenciais 
doadores. Ademais, inclui-se artigos que analisaram a frequência de doações de sangue 
em hemocentros no Brasil. Além desses, artigos que abordam outras etapas do ciclo do 
sangue, além da captação, como a segurança transfusional e a triagem clínica, e artigos 
que contextualizaram a história da hemoterapia foram igualmente incluídos. Excluiu-se 
artigos sobre o tema publicados antes do ano 2000, assim como publicações que tenham 
como tema as doenças transmissíveis pelo sangue. 
Realizou-se um hiato mais amplo de busca de artigos a fim de encontrar maiores 
informações sobre a história da hemoterapia no Brasil. No entanto, para artigos que 
possuem enfoque sobre a frequência de doação de sangue e aqueles que realizarampesquisas quantitativa e/ou qualitativa empregou-se um período menor com o intuito de 
realizar uma análise mais atual sobre a ineficiência das campanhas de captação de 
sangue. 
 
DESENVOLVIMENTO 
Em 1921, em Londres, em decorrência da necessidade de cuidados médicos 
resultantes da Primeira Guerra Mundial, Percy Oliver desenvolveu mecanismos de 
doação de sangue, que lhe renderam uma homenagem no Congresso da Sociedade 
Internacional de Transfusão de Sangue em 1935, (GIANGRANDE, 2000) e que mais 
tarde se tornaram a base dos bancos de sangue que são conhecidos atualmente. 
Enquanto isso, no Brasil, o primeiro banco de sangue foi criado somente em 1942 
(JUNQUEIRA; ROSENBLIT; HAMERSCHLAK, 2005), o que pode ser considerado 
um atraso evolutivo em relação a outras regiões. Além disso, diferente da Europa, o 
Brasil adotou a remuneração dos doadores como parte do processo (GUERRA, 2005), o 
que certamente influenciou na falta de um hábito altruísta de doar sangue 
voluntariamente, prática que é mais presente em países europeus e passada de geração 
em geração (MOURA et al.; 2006). 
Os doadores de sangue podem ser classificados em três categorias principais: 
doador de reposição, doador de repetição ou voluntário e o doador de primeira vez. Os 
doadores de reposição são pessoas mobilizadas para realizar a doação de sangue por 
indivíduos próximos, como familiares, amigos ou parentes, de pessoas que estão 
internadas em uma unidade hospitalar e precisam de transfusões (Ministério da Saúde, 
2016). Ainda que o tipo sanguíneo do doador não seja compatível com o da pessoa que 
necessita, o encorajamento deste tipo de doação visa restabelecer os hemocomponentes 
utilizados naquele serviço de hemoterapia. Doadores de repetição ou voluntários são as 
pessoas que já possuem o hábito de doar sangue regularmente, pelo menos duas vezes 
ao ano. E o doador de primeira vez é o indivíduo que nunca teve contato com o serviço 
de hemoterapia e irá realizar a doação pela primeira vez (Ministério da Saúde, 2016). É 
de suma importância que essas pessoas recebam um atendimento cuidadoso e acolhedor, 
pois a primeira experiência delas será determinante para garantir sua disposição em 
retornar para futuras doações (ARAÚJO; FELICIANO; MENDES, 2011). Os 
profissionais de saúde que conduzem todas as etapas do processo, desde o atendimento 
inicial até a coleta, devem ter a capacidade de compreender e acolher os medos e 
inseguranças dos doadores, a fim de esclarecê-los e assegurar que estes se sintam à 
vontade (CARLESSO et al., 2017). 
Um estudo realizado no Hemocentro do Rio Grande do Norte em 2012 mostra 
que, em 2010, 64,7% das doações foram realizadas por doadores de reposição e 35,3% 
por doadores de repetição ou voluntário. Já em 2011, 66,3% dos doadores foram 
classificados como doadores de reposição e 33,7% como doadores de repetição ou 
voluntários (LIBERATO, S. et al., 2012). Portanto, as doações de reposição aumentaram 
de um ano para o outro. (Gráfico 1). 
 
Gráfico 1 - Frequência de doadores em 2010 e 2011 
 
A imagem apresenta um gráfico de quatro colunas que compara a diferença percentual de 
doadores, como descrita no texto, entre os anos de 2010 e 2011. As duas primeiras colunas representam 
a porcentagem de doadores de reposição e as duas últimas colunas representam os doadores de 
repetição. Essa representação visual permite uma análise direta da variação percentual entre os dois anos 
para cada categoria de doadores. Gráfico elaborado a partir de dados de LIBERATO, 2012 
 
Ademais, uma pesquisa realizada no serviço de hemoterapia de um hospital em 
Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 2015 revelou que, em 2014, 42,4% das doações 
eram de doadores de reposição e, em 2015, a quantidade de doações realizadas por esse 
tipo de doador aumentou para 52,2%, enquanto as doações realizadas por doadores de 
repetição ou voluntários diminui em 6,3% de um ano para o outro (CARLESSO et al., 
2017) (Gráfico 2). 
 
 
Gráfico 2 - Frequência de doadores de reposição em 2014 e 2015 
 
A imagem ilustra, em um gráfico composto por duas colunas, a diferença na porcentagem de 
doadores de reposição entre os anos de 2014 e 2015 de um serviço de hemoterapia em Santa Maria, Rio 
Grande do Sul, como descrita no texto, evidenciando um aumento significativo na porcentagem de 
doadores de um ano para o outro. Gráfico elaborado a partir de dados de CARLESSO et al., 2017 
 
De igual modo, um estudo realizado no Hemocentro de uma unidade hospitalar 
do Sul de Minas Gerais mostrou que em 2011 houve 2.680 candidatos a doação de 
sangue, sendo que 82% (2.201) dos candidatos estavam aptos a realizar a doação. Com 
relação aos tipos de doadores aptos, 80% (1.750) foram classificados como doadores de 
reposição e 20% (451) como doadores de repetição ou espontâneos (MACEDO et al., 
2015) (Gráfico 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 3 - Frequência de doadores em Minas Gerais 
 
A imagem ilustra, em um gráfico composto por duas colunas, a informação apresentada no texto, 
sobre a porcentagem de cada tipo de doador neste Hemocentro do Sul de Minas Gerais. A representação 
visual destaca a predominância dos doadores de reposição em relação aos doadores de repetição. 
Gráfico elaborado a partir de dados de MACEDO et al., 2015 
 
Portanto, esses dados reforçam que o tipo de doador mais prevalente é o doador 
de reposição e, tendo em vista que um conhecido é responsável pela sensibilização, o 
altruísmo é instigado mais facilmente (PEREIRA et al., 2016). 
Apesar de a doação de reposição ser mais frequente, ela não apresenta a mesma 
segurança transfusional que a doação realizada por doadores frequentes. Isso ocorre 
porque quando um familiar ou amigo necessita da doação, o potencial doador se sente 
mais emocionalmente envolvido, o que pode resultar em falta de cuidado ao não se 
atentar aos requisitos ou ao omitir informações importantes para realizar a doação. Na 
ânsia de ajudar, o doador pode colocar em risco a segurança do processo 
(STEPHANOU; MOREIRA, 2019). 
Entretanto, independentemente do tipo de doação, nem todas as pessoas podem 
realizar a doação de sangue devido à possibilidade de apresentarem inaptidões. Essas 
inaptidões podem ser um fator determinante para a escassez de estoques de sangue nos 
hemocentros (COVO; CRUZ; MAURÍCIO, 2021). A inaptidão temporária é aquela que 
impede a doação por um período de tempo, como nos casos de gripe e resfriados. Já a 
inaptidão definitiva impede a doação pelo resto da vida, como nos casos de alcoolismo 
crônico, sífilis, doença de Chagas e infecção por HBV, HCV, HIV, HTLV I/II. Essas 
inaptidões podem ser identificadas durante a triagem clínica ou laboratorial, e em ambas 
o candidato à doação deve ser informado sobre sua condição (LIMA ARRUDA et al., 
2019). 
Um estudo descritivo realizado em um hemocentro público de Fortaleza, Ceará 
(VIEIRA, G. N. T. et al., 2015), identificou que a maioria dos candidatos à doação 
rejeitados na triagem clínica são doadores de primeira vez. Esse fato reforça a 
necessidade de campanhas de captação com informações mais claras sobre as causas de 
inaptidão, visando reduzir o número de casos. 
O fato de o candidato à doação descobrir uma inaptidão temporária durante a 
triagem clínica pode representar um transtorno, uma vez que ele investiu tempo e 
recursos para ir até um hemocentro com a intenção de realizar um ato altruísta, mas 
pode não conseguir fazê-lo, deixando o local frustrado. Mesmo que a inaptidão seja 
temporária, a experiência negativa reduz a probabilidade de retorno do candidato, assim 
como boas experiências tendem a incentivar o retorno (ALDAMIZ-ECHEVARRIA,; 
AGUIRRE-GARCIA, 2014). 
Por outro lado, as pessoas que apresentam inaptidão definitiva não podem doar 
sangue, mas podem se tornar multiplicadoras e ajudar na disseminação de informações 
sobre a importância da doação. Ao atuarem como multiplicadores, contribuem paraa 
captação de mais doações, o que é essencial para manter os estoques de sangue 
abastecidos (COVO; CRUZ; MAURÍCIO, 2021). Através de um estudo quantitativo 
conduzido em 2019, observou-se que parte das pessoas que realizaram sua primeira 
doação de sangue foram influenciadas por um amigo ou familiar. Essas descobertas 
reforçam ainda mais a relevância da presença de indivíduos desempenhando o papel de 
multiplicadores (PEREIRA et al., 2019). 
Para os entrevistados em uma pesquisa realizada em Minas Gerais, as 
campanhas não esclarecem adequadamente os requisitos para a doação e não 
desmistificam alguns dos medos (PEREIRA et al., 2016), por isso as campanhas de 
captação de doadores de sangue precisam ser menos genéricas e devem apresentar mais 
informações, especialmente em relação à inaptidão, além de destacar como o processo 
de doação é rápido. Ademais, é necessário que as campanhas de captação ocorram de 
forma contínua e não apenas quando os estoques de sangue estão baixos (CARLESSO 
et al., 2017). 
Os bancos de sangue precisam compreender quais são os perfis mais frequentes 
de doadores e, dessa forma, elaborar campanhas que atinjam diferentes públicos-alvo, a 
fim de que mais pessoas sejam motivadas a realizar a doação (RODRIGUES; 
REIBNITZ, 2011). Um estudo realizado no hemocentro de Natal mostrou que, em 
2011, apenas 16,4% das doações foram feitas por mulheres. Isso ocorre porque, muitas 
vezes, o público feminino é afastado da doação por acreditar que não pode doar devido 
à menstruação ou por outros tabus relacionados ao tema (LIBERATO et al., 2012). 
O mesmo estudo mostra que a predominância de doações ocorreu entre a faixa 
etária de 30 a 49 anos, uma vez que o público mais jovem ainda não adquiriu 
compreensão acerca da importância da doação de sangue. A escolaridade também pode 
influenciar na doação, como demonstrado em uma pesquisa realizada em Pelotas, no 
Rio Grande do Sul, que evidenciou uma relação direta entre o aumento de doação de 
sangue e o grau de escolaridade (ZAGO; SILVEIRA; DUMITH, 2010). Sendo assim, é 
necessário que os bancos de sangue pensem em estratégias que atraiam outros públicos 
a fim de captar mais doadores de sangue. 
Além de criar campanhas para diferentes grupos de pessoas, é essencial que o 
banco de sangue também esteja atento aos obstáculos que podem dificultar as doações e 
busque maneiras de solucionar essas questões. Os participantes de um estudo realizado 
em um Serviço de Hemoterapia de um hospital na região Sul do Brasil ressaltaram os 
principais aspectos que representam obstáculos para a doação de sangue. Entre eles, 
destaca-se novamente o medo de agulhas, o desconforto ao ver o sangue e até mesmo o 
receio de reações adversas (MESQUITA et al., 2021). A ausência de informações claras 
a respeito do procedimento abre espaço para o crescimento de dúvidas, medos e 
inseguranças, reforçando a falta de motivação para a doação de sangue e afastando 
ainda mais os potenciais doadores. Isso ressalta a importância das campanhas em 
destacar o quão seguro é o procedimento e que, além disso, não apresenta riscos de 
contaminação ao doador (PEREIRA et al., 2016). 
A preguiça também é uma das razões do distanciamento da população a doação 
de sangue (CARLESSO et al., 2017), uma vez que grande parte da população encontra-
se distante geograficamente do hemocentro e por questão de tempo e transporte a 
doação acaba não sendo uma prioridade (ARAÚJO; FELICIANO; MENDES, 2011). 
Esses pontos também foram ressaltados pelos participantes do estudo realizado na 
região Sul do Brasil. A falta de tempo e a pouca flexibilidade nos horários de 
atendimento, somadas à necessidade de deslocamento até os hemocentros e à ausência 
de locais de estacionamento, foram identificadas como questões que dificultam a 
doação. Por essa razão, é necessário que existam campanhas com unidades móveis para 
aproximar cada vez mais a população (MESQUITA et al., 2021). As campanhas 
também devem informar que o processo é rápido e os locais por onde as unidades 
móveis irão passar devem ser amplamente divulgados (BOUSQUET; ALELUIA; DA 
LUZ, 2018). 
Como exemplos de estratégias que adotaram medidas relacionadas às 
preocupações levantadas pelos entrevistados em pesquisas, pode ser citado o 
Hemonúcleo em São Gonçalo, que expandiu seu horário de funcionamento e registrou 
um aumento de mais de 70% no número de doações (PREFEITURA MUNICIPAL DE 
SÃO GONÇALO, 2023). Além disso, o Hemorio, no Rio de Janeiro, implementou 
diversas medidas de apoio aos doadores durante a campanha “Junho Vermelho”, como 
facilitar o acesso a diferentes meios de transporte e disponibilizar estacionamento 
próximo às instalações. Ao longo do mês de junho de 2023, o hemocentro recebeu mais 
de 8 mil doações (SAÚDE RJ, 2023). 
Portanto, os medos, os tabus, a falta de tempo e de informações por parte da 
população acerca do processo de doação de sangue constituem alguns dos principais 
motivos pelos quais muitas doações não se efetivam (SOUZA; FREITAS, 2019). 
Assim, para ampliar o alcance e sensibilizar mais indivíduos a se tornarem doadores de 
sangue, é crucial que várias considerações sejam feitas quando o banco de sangue 
elaborar uma campanha de captação de doadores. É fundamental que diferentes 
campanhas, direcionadas a públicos distintos, sejam implementadas simultaneamente 
para despertar maior engajamento da comunidade em relação a essa causa (CARLESSO 
et al., 2017). 
Também é fundamental que as instituições de ensino, tanto de nível básico 
quanto superior, se empenhem na elaboração de um planejamento educacional que 
aborde esse tópico de forma consistente. Isso se deve ao fato de que, para estabelecer 
uma cultura de doação de sangue entre os brasileiros, a informação deve estar 
prontamente acessível. Além disso, é de suma importância estimular a juventude, um 
grupo mais aberto a novas ideias e com menos preconceitos, de maneira apropriada para 
motivá-los a doar (MOURA et al., 2006). Um estudo conduzido em Portugal 
demonstrou que 62,6% dos estudantes universitários doadores de sangue realizaram sua 
primeira doação na própria instituição de ensino em que estavam matriculados, 
enfatizando a relevância do estímulo educacional (BOUSQUET; ALELUIA; DA LUZ, 
2018). No Brasil, existe o projeto “Doador do Futuro”, que tem como estratégia 
promover ações pedagógicas para alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio de 
escolas públicas e privadas. Essas ações pedagógicas têm como objetivo conscientizar 
os alunos sobre a importância da doação de sangue, de modo que eles possam incentivar 
os amigos e familiares a doarem e, quando atingirem a idade adequada, também se 
tornarem doadores. No entanto, sua divulgação limitada impede que alcance o potencial 
resultado que teria a capacidade de obter (LOPES; GUEDES; AGUIAR, 2012). 
Aqueles que são alcançados e sensibilizados pelas campanhas de captação 
superam todos os obstáculos previamente discutidos, os quais interferem na intenção 
desse potencial doador. Ao chegar ao hemocentro é essencial que esse indivíduo seja 
recebido de maneira acolhedora durante todo o processo. É importante o doador 
estabelecer confiança no serviço, de modo a sentir-se motivado a retornar (LUDWIG; 
RODRIGUES, 2005). Portanto, os profissionais de saúde dos hemocentros também 
desempenham um papel crucial em todas as etapas. A amabilidade, paciência e clareza 
dos profissionais devem estar presentes em todas as interações, a fim de construir a 
confiança e a fidelização desse doador (ARAÚJO; FELICIANO; MENDES, 2011). 
Após alcançar a efetuação da doação de sangue pela pessoa, o objetivo principal 
consiste em garantir a permanência desse comportamento, uma vez que o abastecimento 
ideal de sangue provém de doadores regulares, os quais passam por testes frequentes 
para doenças infecciosas, contribuindo para um nível mais elevado de segurança nas 
transfusões (DE ALMEIDACRUZ; COVO; MAURÍCIO, 2021). Se não houver um 
acolhimento positivo por parte da equipe de saúde do hemocentro, todo o processo de 
captação poderá ser comprometido, uma vez que uma experiência negativa para o 
doador pode impedir seu retorno. 
 
 
CONCLUSÃO 
Apesar da relevância inquestionável do tema, foi observado durante a pesquisa 
uma escassez de material disponível, o que ressalta a necessidade de uma maior atenção 
por parte das instituições de saúde em relação a esse assunto. Diante da análise dos 
dados, é evidente que as estratégias convencionais utilizadas para a captação de 
doadores não conseguem despertar a sensibilização necessária para motivar as pessoas a 
se tornarem doadoras. A razão disso é que as campanhas são muito genericas e 
unilaterais, não sendo elaboradas considerando nenhum público específico. Isso resulta 
em uma comunicação que não se dirige efetivamente a ninguém em particular. Além 
disso, ressalta-se a importância da realização de pesquisas de avaliação de opiniões 
permitindo que doadores e potenciais doadores expressem seus medos, inseguranças e 
dúvidas. Isso, por sua vez, viabiliza a implementação de medidas para atender a essas 
necessidades e envolver esse público. 
Em suma, a baixa eficiência das estratégias de captação no Brasil é multifatorial. 
Para atingir a porcentagem de doadores de sangue recomendada pela OMS, será 
necessário percorrer um caminho de reestruturação das estratégias, da mentalidade 
individual e da cultura brasileira em relação à doação, um desafio viável. As instituições 
de saúde precisam recriar abordagens de comunicação para serem verdadeiramente 
ouvidas e sensibilizar os potenciais doadores. As instituições de ensino também têm um 
papel significativo a desempenhar nesse contexto, e é essencial uma coordenação eficaz 
entre as políticas públicas de saúde e educação para tornar isso uma realidade. Trata-se 
de um esforço contínuo, mas, se concentrado nos aspectos adequados, trará resultados 
excelentes. 
 
REFERÊNCIAS 
ALDAMIZ-ECHEVARRIA, C.; AGUIRRE-GARCIA, M. S. Um modelo comportamental de doadores 
de sangue e estratégias de marketing para atração e fidelidade. Revista Latino-Americana de 
Enfermagem, v. 22, p. 467-475, 2014. 
ARAÚJO, F. M. R. DE; FELICIANO, K. V. DE O.; MENDES, M. F. DE M. Aceitabilidade de doadores 
de sangue no hemocentro público do Recife, Brasil. Ciencia & saude coletiva, v. 16, n. 12, p. 4823–4832, 
2011. 
BOUSQUET, H. D. M.; ALELUIA, I. R. S.; DA LUZ, L. A. Fatores decisivos e estratégias para captação 
de doadores em hemocentros: revisão da literatura. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 17, n. 
1, p. 80, 2018. 
BRASIL. Lei nº10.205, de 21 de março de 2001. Regulamenta o § 4
o
 do art. 199 da Constituição Federal, 
relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e 
derivados, estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada dessas atividades, e 
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