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48 Assim, interpretando a difusão do taylorismo no Brasil, conclui Vargas (1985, p. 173): “[...] julgamos que esse movimento teve um de seus pólos orientado para a mudança da ‘mentalidade do povo brasileiro’, para que assumisse uma nova temporalidade de acordo com os requisitos da produção moderna”. O taylorismo no Brasil tornara-se instrumento de impulsão à aspiração de industrializar o país. Dois movimentos que se entrelaçaram no caso brasileiro. De acordo com Silva (1965), a partir dessa época é possível identificar numerosas evidências do sistema no país, inclusive uma ampla utilização do mesmo em órgãos do governo. Nota-se também uma intensificação das práticas tayloristas na década de 60 em função da concorrência estabelecida pelas multinacionais que se instalaram no país (VARGAS, 1985). De qualquer maneira, Vargas (1985, p. 182) tem o entendimento de que a incorporação total da doutrina é solidificada somente na década de 70, pois, a partir desse momento, “[...] sem o alarde e a propaganda das décadas anteriores [,] a prática substituiu o discurso”. Contudo, de acordo com Fleury e Vargas (1983), até 1978 (data de realização de sua pesquisa teórico-empírica) não havia material que relatasse a forma de organização de trabalho adotada pelo Brasil17. Na obra que os autores publicaram, constam sete estudos de casos cuja conclusão remete à existência de postulados tayloristas. Não obstante, Fleury (1987, p. 59) denominou de rotinização o esquema preponderante de organização do trabalho encontrado no Brasil, afirmando “que não coincidia com nenhum dos modelos mais divulgados [...] embora guardasse alguns princípios da Administração Científica”. 17 Havia somente obras que expusessem a perspectiva sociológica ou política dos processos de trabalhos.