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1 15.05.2024 PSICOLOGIA DA SAÚDE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE AVALIAÇÃO INTERVENÇÃO A avaliação, como etapa inicial, possibilitará compreensão de aspectos como: • Comportamentos associados à saúde e a doença, • Evidência de psicopatologias, • Estratégias de enfrentamento, no sentido de planejar a intervenção mais adequada para aquele contexto específico, • Preditivos e barreiras à adesão de tratamento. Pode e deve ser realizado em diferentes momentos do tratamento. (Baptista e Borges, 2017). A AP (AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA) EM SAÚDE (Borges e Baptista, 2018) A avaliação psicológica é de extrema importância, pois, de maneira sistemática, é possível avaliar diferentes aspectos (afetivos, cognitivos e comportamentais) do paciente, família, sistema de saúde e do contexto sociocultural (Belar e Deardorff, 2009; Capitão e Baptista, 2015; Friedman e Silver, 2007). “Um procedimento sistemático utilizado para obter amostras de comportamento pertinentes ao funcionamento psicoafetivo de um indivíduo (Urbina, 2007).” DEMANDA OBJETIVO SOLICITANTE AMBIENTE AVL 2 De acordo com Moss (1977), as seguintes perguntas podem delinear seu entendimento, independentemente das doenças, apresentada pelo paciente: • Como o paciente lida com a dor e os sintomas apresentados? • Como enfrenta o ambiente hospitalar? (*) • Como é a sua relação com a equipe de saúde? • Apresenta nível razoável de equilíbrio emocional? • Mantém uma autoimagem satisfatória? • Como está sua percepção de suporte familiar e social? • Está ciente e preparado para enfrentar um futuro incerto? • Tem consciência e conhecimento dos procedimentos médicos recebidos? É estritamente importante observar não somente o paciente, mas também todo seu entorno, como a manifestação da doença e a relação paciente-família-médico-saúde. (Baptista, Borges, 2017). MÉTODOS DE AVALIAÇÃO • Entrevista • Observação • Questionários • Diários • Testes Psicológicos 3 Belar e Deardoff (2009), destacam que, em geral, dois tipos de medidas psicométricas podem ser utilizados nesse contexto: as do espectro amplo e restrito. As medidas psicométricas de espectro amplo citados pelos autores são medidas de avaliação da personalidade e/ou têm grandes quantidades de informações referentes à saúde geral/mental. Obviamente, medidas de personalidade com grandes quantidades de itens e até mesmo métodos expressivos (por exemplo: Rorschach) nem sempre são adequados a diversos contextos de saúde em virtude das condições de aplicação, pouco tempo para o profissional integrar os dados, pouco tempo que o paciente tem para receber a avaliação e intervenção, objetivo específico da intervenção de um psicólogo da saúde, contexto, entre outras restrições. UM GRANDE PROBLEMA: A ADESÃO (Brannon, Updegraff, Feist,2023) “A falha em seguir o conselho médico é um problema generalizado (...) encontrar “maneiras eficazes de ajudar as pessoas a seguir os tratamentos médicos podem ter efeitos muito maiores na saúde que qualquer tratamento em si” (Haynes et al., 2008, p.20) O comportamento aderente é menos atraente ou difícil de implementar. 4 ADESÃO O limite dentro do qual o comportamento de uma pessoa coincide com o conselho médico ou da saúde. É a capacidade e a vontade de uma pessoa seguir as práticas de saúde recomendadas. Não existe uma personalidade não aderente, pois a não adesão é situacional (mesmo que complexa). A não adesão não é um traço de personalidade global, mas é específico de uma determinada situação. Qual a frequência da não adesão? Isso dependerá de como a adesão é definida, da natureza da doença, das características demográficas da população e dos métodos usados para avalia-la. Possíveis barreiras: • problemas financeiros ou práticos para marcar e manter consultas • para preencher, receber e reabastecer receitas • dificuldades com prescrição (custo, acesso, gosto, rotina) • ineficácia da prescrição • esquecimento • desaparecimento dos sintomas • piora do quadro • viés otimista • mentalidade ALGUNS DADOS O que importa predizer a adesão não é a gravidade objetiva da doença do paciente, mas sim a percepção da sua gravidade. (DiMatteo, Haskard & Williams, 2007). Ou seja, as pessoas aderem mais quando acreditam que existe uma ameaça, mesmo que sua crença não corresponda aos fatos médicos. • O risco de não adesão é três vezes maior em pacientes deprimidos que naqueles não deprimidos. Estudos mais recentes mostram que a depressão está relacionada à menor adesão entre pessoas que lidam como doenças crônicas, como diabetes e HIV (Gozalez et al., 2008; Katon et al.,2010; Sin & DiMatteo, 2014). + DADOS • Pacientes que expressam otimismo e estados de espírito positivos têm melhor saúde física e são mais propensos a aderir aos seus regimes médicos. (Chida & Stepton, 2008; Pressman & Cohen, 2005; Rasmussen, Scheier & Greenhouse, 2000, Gonzalez et al., 2004). • Relação conscienciosidade (BIG FIVE) – Adesão a estilo de vida saudável (Bogg & Roberts, 2013: Takahashi et al., 2013; McCrae & Costa, 2003). Pessoas com alta consciência tendem a ser responsáveis, organizadas e autodisciplinadas. Não é de surpreender que a consciência prediz a adesão a um estilo de vida saudável em geral (Takahashi et al., 2013). 5 + DADOS • O nível de apoio social que se recebe de amigos e familiares é um forte preditor de adesão. Em geral, aqueles que estão isolados dos outros tendem a não aderir. O prático inclui lembretes, conselhos úteis e assistência física na adesão. O emocional inclui nutrição, empatia e encorajamento. Pessoas com maior renda e escolaridade tendem a ser mais aderentes. Duas metanálises mostram que é a renda, e não a educação, que se relaciona mais fortemente com a adesão (DiMatteo, 2024; Falagaz, Zarkadoulia, Pliatsika & Panos, 2008). EXEMPLOS DE MENTALIDADE • “É muito problema.” • “A medicação funciona apenas depois de uma semana, então parei de tomá-la.” • “Eu não vou ficar doente. Meu Deus vai me salvar.” • “Eu nuca serei capaz de manter esse plano de dieta.” • Tenho vergonha de ir à academia.” • “Não tenho tempo na minha agenda para me exercitar.” • “A medicação me deixa doente.” • “Eu não gosto do meu médico.” • “Eu não entendi as instruções da minha médica e fiquei com vergonha de pedir para ele repeti-las”. 6 22.05.2024 TEORIAS DO CONTINUUN DO COMPORTAMENTO EM SAÚDE Identificam variáveis que devem prever a probabilidade de indivíduos a aderir a um comportamento saudável. o MODELO DE CRENÇA o TEORIA DA AUTOSUFICIÊNCIA o TEORIA COMPORTAMENTAL o TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO MODELO DE CRENÇAS Aborda motivação, atitudes e intenções, mas não o comportamento real ou a mudança de comportamento (Schwazer, 2008) PERCEPÇÃO DA SUSCETIBILIDADE À DOENÇA OU DEFICIÊNCIA (*) PERCEPÇÃO DAS BARREIRAS, PERCEPÇÃO DA GRAVIDADE INLUINDO CUSTOS FINANCEIROS DA DOENÇA OU DEFICIÊNCIA (*) PERCEPÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE COMPORTAMENTOS QUE MELHORAM A SAÚDE (*) Melhores preditores de comportamento Comportamento em saúde 7 TEORIA DA AUTOEFICÁCIA A autoeficácia é um conceito que se refere à confiança das pessoas de que podem realizar os comportamentos necessários para produzir os resultados desejados em uma situação específica. Pessoa Meio Ambiente Comportamento TEORIA COMPORTAMENTAL Se concentra no reforço e nos hábitos que devem ser mudados. Quando as tentativas de uma pessoa de mudar o comportamento são recompensadas, é mais provável que essas mudanças persistam. As recompensas podem ser extrínsecas(dinheiro e elogios) ou intrínsecas (sentir-se mais saudável). Do mesmo modo também reconhece a importância de dicas e contratos para melhorar a adesão, ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS o Notificar sobre as próximas consultas o Fornecer dicas o Recompensar comportamentos o Contrato de contingência o Cultivar e reforçar automonitoramento o Adequar regimes o Entrevista motivacional TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO Pressupõe que as pessoas agem de maneira a ajuda-las a alcançar objetivos importantes. Se concentra nas atitudes das pessoas em relação a um comportamento, suas crenças sobre normas subjetivas e sua percepção do controle comportamental como preditores de intenções. Um ponto forte da teoria do comportamento planejado é que esta identifica as crenças que moldam o comportamento. (*) Faz um trabalho melhor que o modelo de crenças em saúde e a teoria da autoeficácia em reconhecer as pressões sociais e ambientais que influenciam o comportamento em decorrência de normas subjetivas. 8 ENTÃO COMO E ONDE INTERVIR? ③ ② ① Figura 4.4 – Abordagem do processo de ação em saúde Fonte: Adaptado com permissão de Ralf Schwarzer EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1. Escolha 1 comportamento/atitude desafiador ao qual você tem problemas para aderir. 2. Liste de 3 a 5 intenções de implementação que possam ajudar em sua adesão. Seja específico (a) – dia, horário, como, etc... Após uma semana, considere os efeitos dessas intenções de implementação. Elas ajudaram? Sim ou não, por quê? “ Muitos dilemas sociais chegam fantasiados de sofrimento psíquico. As pessoas sofrem por mazelas que são produzidas socialmente.” Autoeficiência Expectativa de resultados Intenção Planejamento Ação Percepção de risco Exercícios simples de intenções de implementação são eficazes para ajudar as pessoas a aderir a uma ampla variedade de comportamentos de saúde. É o “onde, como e quando”. Isso torna as pessoas menos propensas a esquecer suas intenções. Autoeficácia = Autocompaixão 9 ATUAÇÃO DO PSI NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE ROTEIRO: o Contexto atual o Desafios do trabalho o AB e Psicologia Social Crítica o O que a práxis em saúde nos demanda o (alguns) Indicadores de trabalho o (algumas) Estratégias de superação e enfrentamento Psicólogos (as) Território o Epidemiologia o Determinantes Sociais o Equipamentos Existentes o Público Atendido o Necessidades Individuais AUMENTO DE PSIS NA AB Grande expansão da ESF (Reforma Sanitária). Integralidade e cuidado Reforma Psiquiátrica Os princípios de extinção dos manicômios e substituição destes por serviços de base comunitária fez sobretudo os CAPS se espalharem pelo território nacional. “A inserção das (os) psicólogas (os) nas políticas públicas de saúde convocou a (o) profissional da Psicologia a deixar o consultório e ampliar o seu setting para conhecer o território em seus riscos e potenciais. Essa clínica que se propõe a estar nas praças, ruas e casas não abre mão de condições objetivas de trabalho, o “conforto das quatro paredes”. “A postura individualista para tratar dos usuários vai na contramão do que seria a atuação comprometida com a comunidade, além de também se contrapor ao conceito de saúde que norteia o SUS – que inclui os aspectos sociais nos cuidados”. Cabe a AB a função de prevenir os agravos de saúde mental. O profissional da Psicologia torna-se um ator estratégico na operacionalização de uma politica antimanicomial dentro da atenção básica. 10 “É preciso reinventar as práticas psicológicas, (...) autorizando-nos a inventar, no cotidiano, estratégias que não obedeçam às fórmulas prescritas “ (Nascimento, Manzini e Bocco, 2006, p.19) É preciso (...) se libertar das amarras que prendem a atuação do psicólogo a uma única ação e dar liberdade para que ela se transforme em atividades necessárias PARA AQUELE MOMENTO. DESAFIOS PARA O TRABALHO o Lógica curativo-individual / Clínica hegemônica o Expectativas de gestores, equipes e usuários o O alto número de encaminhamentos / acionamentos equivocados o Estrutura física o Vazios curriculares o A interdisciplinaridade (fragmentação do cuidado) o Gestão pautada na lógica produtivista o Os impasses éticos relacionados ao registro em prontuários multiprofissionais e ao compartilhamento de informações em discussões de caso ATENÇÃO BÁSICA E PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA SOBRE A PSI SOCIAL CRÍTICA Um posicionamento ético-político e não área de atuação cujo objetivo é transformação de vidas em meio aos impactos da colonização eurocêntrica nos modos de vida latino-americanos. Parte-se do princípio de que a Psicologia é chamada a tomar uma posição sobre os adventos da vida cotidiana, não sendo, assim, neutra. Afinal, nenhuma ação humana é isenta de ideologia. o Interdisciplinaridade = interação entre profissionais o Multidisciplinaridade = vários profissionais 11 PRÓXIMA AULA - TRABALHO BIMESTRAL REALIZADO EM SALA Análise dos personagens abaixo: 29.05.2024 ESTUDO DE CASO Monica Geller 30 anos, chef e proprietária de restaurante, atualmente namorando. Histórico Monica é sua paciente de psicoterapia. Em sessão, decidiu discutir sua percepção de assistência médica por parte do psiquiatra que cuida de seu caso, classifica como “fria”, e sua desconfiança com a medicação prescrita. Seus sintomas de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) estão atualmente controlados, porém, considera evasão do tratamento, um assunto que ela decidiu compartilhar. Monica tem um histórico de obesidade na infância e adolescência, o que afetou profundamente sua autoestima e relações sociais. Ela frequentemente se compara com o irmão, Ross, que recebeu mais apoio e reconhecimento dos pais. A falta de apoio parental e as constantes comparações com Ross contribuíram para a necessidade de controle e perfeição em sua vida. Estado Psicossocial atual Monica é uma mulher bem-sucedida do ponto de vista de carreira e vida financeira. Aprendeu a manejar conflitos e atritos advindos de seus sintomas e mania de controle. Apesar desses momentos, sua queixa se foca na desconfiança com o tratamento atual, pondo em xeque seu prognóstico. Saúde Mental e Emocional Monica apresenta sintomas consistentes com o TOC, caracterizados por uma obsessão com limpeza e organização. Graças ao tratamento, seus sintomas estão atualmente controlados, mas a desconfiança em relação à medicação e a percepção de uma assistência fria por parte do psiquiatra estão causando angústia e dúvidas sobre a continuidade com o tratamento. 12 Sintomas: Obsessões: Preocupações intrusivas e persistentes sobre limpeza e ordem, medo de contaminação, necessidade de simetria e perfeição. Compulsões: Comportamentos repetitivos e ritualísticos de limpeza, arrumação e verificação constante para aliviar a ansiedade das obsessões. Ansiedade: Elevada ansiedade e estresse quando as coisas não estão em ordem ou quando não consegue realizar seus rituais de limpeza. Atividade Processual | 2º Bimestre 2024 Período: 5º Turno: ( ) Matutino ( X ) Noturno Data: 29.0.2024 Integrantes do Grupo: Káthia Renata Góes Pires Bortolin Leia o caso recebido e elabore um plano de intervenção junto ao paciente considerando sua realidade situacional, contexto de vida, quadro psicopatológico envolvido (se presente), mentalidade e postura atual. Considere as possíveis barreiras e risco à adesão ao tratamento conforme o contexto apresentado e trace estratégias cabíveis apoiando-se nas teorias continuum do comportamento em saúde, princípios e práticas de promoção e prevençãoe métodos avaliativos em Psicologia. Caso: Monica Geller - Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Plano de Intervenção 1. Exploração das Crenças e Percepções: Iniciar o tratamento explorando as crenças e percepções de Monica em relação à assistência médica e medicação. Validar suas preocupações e ouvir suas dúvidas de forma empática e acolhedora. 2. Educação e Informação: Fornecer informações detalhadas sobre o TOC, seus sintomas, formas de tratamento e a importância da adesão ao tratamento medicamentoso e psicoterapêutico. Explicar os benefícios da medicação e como ela auxilia no controle dos sintomas. 3. Construção de Aliança Terapêutica: Estabelecer uma relação de confiança com Monica, demonstrando empatia, respeito e apoio incondicional. Criar um ambiente terapêutico seguro onde ela se sinta à vontade para expressar suas preocupações e dúvidas. 4. Psicoeducação sobre Estratégias de Enfrentamento: Ensinar técnicas de enfrentamento para lidar com a ansiedade e compulsões, como a técnica de exposição e prevenção de resposta (ERP) e mindfulness. Incentivar a prática de exercícios de relaxamento e mindfulness para reduzir a ansiedade. 5. Exploração dos Conflitos e Traumas do Passado: Explorar a influência do histórico de obesidade, falta de apoio dos pais e comparações com o irmão na vida de Monica. Trabalhar a autoestima, autoaceitação e ressignificação dessas experiências para promover o autocuidado e a autocompaixão. 13 6. Monitoramento e Acompanhamento: Realizar um acompanhamento mais próximo de Monica, monitorando sua adesão ao tratamento, evolução dos sintomas e eventuais recaídas. Ajustar o plano de intervenção conforme necessário para garantir a eficácia do tratamento e a melhora do quadro clínico. 7. Estabelecimento de Metas Realistas e Sustentáveis: Juntamente com Monica, estabelecer metas realistas e sustentáveis para o tratamento do TOC, levando em consideração suas necessidades, desafios e objetivos de vida. Encorajar a celebração de pequenas conquistas e progressos ao longo do tratamento. 8. Reforço da Importância do Autoconhecimento e Autocuidado: Incentivar Monica a investir em atividades que promovam o autoconhecimento, autocuidado e bem-estar emocional, como a prática de exercícios físicos, hobbies, atividades de lazer e terapia ocupacional. Por fim, o plano de intervenção busca ajudar Monica a superar suas barreiras emocionais e comportamentais, promovendo sua saúde mental e emocional. A abordagem teórica será centrada na psicoeducação, na construção de uma aliança terapêutica sólida e na promoção do empoderamento de Monica para que ela possa tomar controle de sua vida e do tratamento do TOC. 05.06.2024 PSICOLOGIA SOCIAL A Psicologia Social, apesar de suas raízes na Europa, é um fenômeno norte-americano decorrente da migração, na década de 1930. De grandes pesquisadores, cientistas e psicólogos europeus para os Estados Unidos da América (Farr, 2002). Fundado: Augusto Comte (1830-1834) Questão Fundamental 14 No Brasil, desde a década de 1970, a Psicologia contribuiu para as transformações dos processos sociais e as relações entre teorias e práticas; os processos de investigação, a produção de conhecimentos e as éticas. O conhecimento psicológico utilizado como instrumento no desenvolvimento de trabalhos associados à esfera da educação, da saúde, trabalho, lazer e meio ambiente nas comunidades, contribuiu para o surgimento do trabalho da Psicologia Comunitária, e da transformação social (Lane, 2003) no cotidiano da maioria da população. Temas estudados: mudanças de atitudes |comunicações | conflitos | de valores | relações raciais | relações grupais | liderança | opinião pública | preconceitos 2ª GUERRA MUNDIAL Pós-guerra: pesquisas e experimentos focados em relações sociais para uma vida melhor na sociedade, seus ajustamentos e adequação de comportamentos individuais ao contexto social. A Psicologia foi afetada pelas mudanças do mundo e, no impulso das mudanças, tanto na Europa como nos países pobres, houve o encontro dos movimentos sociais e o comprometimento com o conhecimento politizado e sua atuação passou por diferentes momentos, de assistencialismo e prevenção da saúde mental à militância e conscientização da população. É neste cenário que a Psicologia Social procura explicar o comportamento do indivíduo e esboçar sua personalidade perante atitudes e motivos diante da sociedade, e com esta atitude cria o isolamento do indivíduo no social. A Psicologia Social estuda, pesquisa e supervisiona essa relação entre o indivíduo e a sociedade, desde como seus membros se organizam para garantir sua sobrevivência até seus costumes, valores e instituições necessários para continuidade da sociedade. “O INDIVÍDUO É UMA REALIDADE SOCIAL, HISTÓRICA E CULTURAL” O trabalho do psicólogo social envolve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos étnico-raciais, religiosos, de gênero, geracionais, de orientação sexual, de classes sociais e de outros segmentos socioculturais, para a realização de projetos da área social ou de políticas públicas. PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Antes de sua oficialização como disciplina em 1965, o estudo das comunidades era realizado pela Sociologia e pela Antropologia. A Psicologia Comunitária participa do estudo, análise e intervém nas questões psicossociais da comunidade, utilizando-se de técnicas da Psicologia Social e outras ciências do comportamento para a investigação e preenchimento das necessidades da Saúde Mental da população definida pela comunidade. 15 COMUNIDADE É o espaço de atitudes conflituosas que necessitam ser construídos e reconstruídos constantemente (Burke, 2002). É o agrupamento de pessoas que vivem em determinada área geográfica ou território (rural ou urbano) cujos membros têm alguma atividade, interesse, objetivo ou função em comum, com ou sem consciência de pertencimento, e de forma plural, com múltiplas concepções ideológicas, culturais, religiosas, étnicas e econômicas (Pereira, 2001). PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA É o espaço de atitudes conflituosas que necessitam ser construídos e reconstruídos constantemente (Burke, 2002). A desenvolvida Psicologia Social Comunitária é a continuação do trabalho exercido nas lutas dos movimentos sociais populares da década de 1930, que trouxeram à tona discussões políticas e econômicas, como a exigência de interferência do Estado no reconhecimento e ampliação dos Direitos Sociais e Políticos à cidadania (Albuquerque, 2008). PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Estuda também os processos e as qualidades do psiquismo decorrentes da vida em comunidade. Seu aproveitamento propõe o desenvolvimento da consciência nos moradores, o reflexo psíquico da vida comunitária, a representação das relações da comunidade no psiquismo e o aprofundamento da consciência. O trabalho do psicólogo com a comunidade proporciona interrelação com a coletividade. A atuação desse profissional tornou-se menos acadêmica e intelectual, e mais voltada à compreensão e vivência da população, permitindo acesso aos profissionais da Psicologia, como é de direito a todo cidadão. Os movimentos sociais ampliaram as perspectivas psicológicas sob os aspectos familiares, ambientais e culturais, firmados nos sociopolíticos e reforçando as práticas das teorias, na ampliação das concepções de saúde mental. Exemplo: Mudanças geradas pela Segunda Guerra Mundial, como a criação da ONU, a criação do SUS e SUAS, o nascimento do Programa de Saúde da Família (PSF). 16 1940 1950 1960 1970 Presidente: Getúlio Vargas Características: Governo autoritário do Estado Novo (1937 - 1945) Centralização do poder e representação política.Modernização industrial e infraestrutura. Criação das leis trabalhistas e previdenciárias. Presidente: Eurico Gaspar Dutra (até 1951) e Getúlio Vargas (a partir de 1951) Características: Governo democrático (1946 - 1951) Abertura econômica ao capital estrangeiro. Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) Características de Vargas (segunda presidência): Criação da Petrobrás em 1953. Políticas de nacionalismo econômico e industrialização. Crise política que levou ao seu suicídio em 1954. Presidente: Juscelino Kubitschek Características: Desenvolvimento acelerado e modernização (Plano de Metas) Construção de Brasília, a nova capital (inaugurada em 1960) Fomento à industrialização e infraestrutura. Estabilidade política e crescimento econômico. Presidente: Emílio Garrastazu Médice Características: Governo militar durante a Ditadura (1964 - 1985) Período conhecido como “Anos de Chumbo” devido à forte repressão política e censura. Milagre Econômico Brasileiro com elevado crescimento econômico. Investimento em infraestrutura, como à Rodovia Transamazônica. 1940 – 1950: Nesta época o Brasil estava em reestruturação e com a expectativa do ingresso no setor agroindustrial, inclusive de mão de obra especializada no setor fabril. Esta demanda exigia o desenvolvimento de projetos, nas áreas educacionais e assistenciais, com o objetivo da preparação dos setores populares para estas tarefas. Esses trabalhos comunitários beneficiavam os interesses das elites econômicas do país e os projetos eram de prestação de serviços básicos à população. EM 1960: O Brasil e alguns países da América Latina entraram em confronto com o Estado e os capitalistas, este período foi marcado por greves, atingindo os trabalhadores urbanos e rurais. ANOS 60/70: Ditadura, fim dos direitos civis. No mundo eclodiram diversas manifestações populares. Os polos industriais e os centros de riqueza cresceram, enquanto a pobreza e a miséria tornavam-se intensas. No Brasil, inserção e envolvimento da Psicologia com setores menos privilegiados de forma voluntária e sem remuneração via projetos comunitários. 17 “Diante das irracionalidades globais em que vivemos, o retorno à comunidade, ao tipo de vida em que há participação de todos, seria uma maneira de resgatar o ser humano e a vida social (Guareschi, 1998).” SAÚDE COMUNITÁRIA Diferencia-se dos outros modelos por ter surgido a partir das comunidades, mais especificamente das populações excluídas e marginalizadas e tem emergido no âmbito profissional e acadêmico principalmente mediante trabalho dos psicólogos nas comunidades em situação de pobreza. O PSICÓLOGO COMUNITÁRIO não deve se colocar como promotor de transformação social, sua intervenção busca potencializar ações concretas na realidade comunitária a ser transformada. Para tanto, faz-se necessário potencializar recursos comunitários, integrando suas práticas aos movimentos sociais, à organização, luta e reivindicação comunitária, as associações comunitárias, aos sindicatos, aos demais movimentos e grupos de organização e luta política, ou seja, o psicólogo deve atuar menos em instâncias de controle, desenvolvendo práticas com grupos populares (Martin-Barô, 2011). METODOLOGIAS PALIATIVAS CAMINHADA COMUNITÁRIA VISITA DOMICILIAR CÍRCULO DE CULTURA Pressupõem e se apoiam na qualidade das relações, no compromisso com o outro e com a comunidade, construção de saberes de forma coletiva. Volta-se para o conhecimento e compreensão das dinâmicas que envolvem o fazer comunitário. É um espaço em que o profissional da saúde ou das políticas públicas passa a ser conhecido pelos moradores da comunidade, passar a conhecer os espaços significativos ou não que fazem parte da história daquele lugar. Prática investigativa ou de atendimento. Objetivos: fortalecer vínculos, obter informações, fazer um atendimento, conhecer a interação da família com o bairro, recolher dados para pesquisa. Criado por Paulo Freire em meados de 1964, a técnica busca compartilhar e ampliar os conhecimentos sobre determinada situação, incentivar a ação coletiva, estimular o desenvolvimento de uma consciência crítica e da participação popular. É um instrumento de expressão e aprendizagem, onde se criam espaços reflexivos e participativos em que os participantes são convidados a compartilhar sua compreensão sobre uma palavra ou tema gerador.