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Esta perspectiva, no entanto, dá a entender que a coerência se reduz à unidade de sentido que se abstrai somente das articulações entre as partes do texto. Hoje, a noção de coerência engloba não apenas a unidade semântica, mas também todas as inferências que precisam ser feitas para que os sentidos sejam construídos. INFERÊNCIAS As inferências envolvem processos cognitivos que relacionam diversos sistemas de conhecimento, como o linguístico, o enciclopédico e o interacional; entram em ação no momento em que articulamos as informações que se encontram na superfície textual (o contexto) com outras que se acham armazenadas em nossa memória, acumuladas ao longo de nossas diversas experiências. É a partir dessas deduções que preenchemos várias lacunas deixadas pelo contexto e fazemos antecipações, levantamos hipóteses sobre os sentidos do texto. Essas inferências dependem, por sua vez, de um conjunto de fatores, como o grau de formalidade, o gênero textual, os conhecimentos dos interlocutores, a situação comunicativa específica em que se dá o texto etc. Na verdade, a coerência não está no texto em si; não nos é possível apontá-la, destacá- la ou sublinhá-la. Ela constrói-se a partir do texto, numa dada situação comunicativa, na qual o leitor, com base em seus conhecimentos sociocognitivos e interacionais e na materialidade linguística, confere sentido ao que lê. A piada abaixo, por exemplo, como grande parte dos textos humorísticos, não expressa todas as explicações para que você entenda a relação que está tentando promover entre os conteúdos. A estratégia do gênero piada é justamente quebrar expectativas, muitas vezes deixando fendas abertas para que o leitor complete com seus conhecimentos de mundo, como se pode ver no exemplo abaixo. EXEMPLO 2: LER! Fonte [3] Imagem ilustrativa 15