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Uma	Verdade	Esquecida
Estar	 vivo	 no	 nosso	 mundo,	 imperfeito	 e	 cheio	 de	 pecado,	 significa
todos	 os	 dias	 nos	 depararmos	 com	 situações	 em	 que	 vamos	 ser	 ofendidos	 e
maltratados;	e	quase	nunca	experimentar	a	sensação	de	um	tratamento	justo	tal
como	 merecemos.	 São	 muitas	 as	 vezes	 as	 quais	 nós	 somos	 agredidos	 pelas
ofensas	alheias.	E	você,	já	foi	ofendido	ou	maltratado	por	outras	pessoas?	Se	a
resposta	 for	 ‘não’,	 então	 podem	 declarar	 o	 óbito,	 porque	 você	 não	 está	 mais
entre	nós!
Aqui	estão	alguns	exemplos	destes	maus-tratos,	apesar	de	eu	ter	certeza
que	você	consegue	se	lembrar	de	muitos	outros	para	aumentar	a	lista:
	 	 	 	 	 	 	 	 	 As	 duras	 críticas	 dos	 pais	 aos	 filhos,	 que	 são	 tratados
com	desmerecimento.
									A	rebeldia,	os	insultos	e	desobediência	dos	filhos	para	com	os
pais,	em	lugar	de	responder	com	amor	e	afeto	à	sua	dedicação.
									As	críticas	dos	professores	que	nunca	estão	satisfeitos	com	o
seu	desempenho.
									A	perseguição	injusta	do	patrão	aos	seus	empregados,	que	faz
de	tudo	para	você	pedir	conta.
									Os	insultos	que	você	recebe	porque	obedece	às	leis	de	trânsito
e	respeita	os	pedestres,	mas	os	outros	motoristas	acham	que	você
está	só	atrapalhando,	então	buzinam	e	gritam	palavrões.
									A	competição	cruel	para	quem	tem	o	próprio	negócio,	e	trata
os	clientes	com	responsabilidade,	mas	sofre	com	os	competidores
que	 agem	 com	 má	 fé	 e	 ainda	 por	 cima	 tentam	 difamar	 o	 seu
trabalho.
	 	 	 	 	 	 	 	 	 E	 o	 que	 dizer	 de	 você,	 esposa	 fiel,	 ajudou	 o	 marido	 a
fazer	faculdade	e	sustentou	a	casa	até	ele	conseguir	arrumar	um
claudia islas silva dos santos
claudia islas silva dos santos
bom	 emprego.	 Agora,	 depois	 de	 três	 filhos,	 ele	 decide	 que	 vai
sair	de	casa	para	ficar	com	outra	pessoa.
	 	 	 	 	 	 	 	 	E	pior	ainda,	você	que	trabalha	servindo	na	igreja,	há	muito
tempo	em	uma	função,	mas	gostaria	muito	de	 trocar	para	outra,
que	é	a	sua	vocação	e	paixão.	Mas	quando	a	vaga	surge,	o	pastor
decide	que	a	melhor	pessoa	para	ocupá-la	é	um	parente	dele.
Esses	 são	 apenas	 alguns	 exemplos.	 Com	 certeza,	 existem	 outros
milhares.	E	ninguém	está	salvo.	Os	ricos	e	os	poderosos	estão	tão	suscetíveis	às
ofensas	quanto	os	pobres	e	os	fracos.	As	ofensas,	por	sua	vez,	são	de	todo	tipo.
Algumas	 podem	 ser	 inofensivas	 e	 até	 mesmo	 ridículas.	 Outras,	 porém,	 são
terríveis	 e	 acabam	 com	 a	 reputação	 das	 pessoas	 -	 podendo	 ameaçar	 a	 própria
vida.	 Diante	 disso,	 permita-me	 agora	 oferecer	 uma	 verdade	 que	 procede	 do
coração	 de	Deus,	 a	 qual	muita	 gente	 não	 conhece,	 ou	 prefere	 ignorar:	 se	 nós
aprendermos	 a	 deixar	 as	 ofensas	 que	 sofremos	 nas	 mãos	 de	Deus,	 estaremos
plantando	e	colhendo	bênçãos	gloriosas!	É	disso	que	este	livro	trata.
Se	você	já	sente	a	frustração	porque	não	sabe	como	reagir	à	ofensa	de
outra	pessoa,	vai	encontrar	nestas	páginas	uma	revelação	poderosa:	Deus	sabe	do
seu	sofrimento,	vê	 tudo	que	você	está	passando	e	 já	 fez	os	planos	para	que	no
fim	 tudo	 isso	 seja	 uma	enorme	bênção	na	 sua	vida.	Mas,	 para	que	o	bem	que
está	separado	por	Deus	aconteça,	você	precisa	saber	como	reagir	às	ofensas	de
acordo	 com	 o	 desejo	 de	 Deus;	 aceitar	 e	 obedecer	 a	 tudo	 o	 que	 o	 Senhor
determinar.	 Os	 resultados	 serão:	 maturidade,	 força	 e	 a	 oportunidade	 de	 ter
participação	estratégica	na	expansão	do	reino	de	Deus.
Talvez	 as	 minhas	 palavras	 possam	 estar	 gerando	 dúvidas	 e
questionamentos	 agora,	 mas,	 quando	 eu	 acabar	 de	 compartilhar	 esta	 verdade
incrível	que	vem	da	Palavra	de	Deus,	você	vai	compreender	o	porquê.	Acredite,
quando	a	ofensa	surge	no	nosso	caminho,	é	chegada	a	hora	de	gritar	e	pular	de
alegria.	É	a	hora	de	fazer	uma	festa	na	nossa	alma!	Neste	livro,	você	irá	aprender
mais	 sobre	uma	das	principais	 lutas	de	Deus	aqui	na	Terra,	quando	ele	mostra
toda	 a	 sua	 lealdade	 aos	 seus	 filhos	 e	 conquista	 grandes	 vitórias	 sobre	 as
armadilhas	imundas	do	inimigo.
É	comum	ver	que	a	forma	normal	de	as	pessoas	reagirem	às	ofensas	é
ficar	com	raiva	e	querer	"dar	o	 troco”.	Afinal,	nós	vivemos	em	um	mundo	no
qual	 as	 verdades	 de	 Deus	 são	 permanentemente	 distorcidas	 até	 ficarem
irreconhecíveis.	Mas,	 independentemente	do	que	 acontece	no	mundo,	uma	das
leis	espirituais	mais	importantes	do	Senhor	é	a	justiça.	Por	isso	é	que	todos	nós
trazemos	na	constituição	do	nosso	ser	um	sentimento	forte	do	que	é	certo	e	do
que	é	errado.	Portanto,	quando	alguém	nos	prejudica,	o	nosso	 sentimento	é	de
que	a	justiça	seja	feita.	Em	geral,	achamos	que	ela	deve	ser	feita	com	as	nossas
próprias	mãos.	Mas	isso	está	errado.
Se	me	 permite,	 gostaria	 de	 ilustrar	 esta	 questão	 com	uma	história	 da
minha	 família.	 Faz	 alguns	 anos,	 o	 meu	 filho	 mais	 velho,	 Addison,	 estava
passando	por	momentos	difíceis	na	escola,	sofrendo	muitas	 injustiças.	A	forma
como	tudo	aconteceu,	bem	como	o	modo	como	ele	reagiu,	mostram	os	princípios
que	podem	mudar	a	sua	vida;	e	que	eu	trago	neste	livro.	Talvez	não	exista	nada
pior	do	que	ver	o	seu	filho	ser	ofendido	e	maltratado.	Eu	tenho	quatro	filhos	e,	a
minha	primeira	reação	é	ir	atrás	de	quem	fez	mal	para	eles	e	ajustar	as	contas.	É
sempre	 reagir	 com	 o	 pecado	 de	 “bater	 primeiro	 e	 perguntar	 depois”.
Naturalmente,	foi	assim	que	me	senti	no	caso	de	Addison,	desde	a	primeira	vez
que	ele	chegou	em	casa	chorando	e	contou	o	que	estava	acontecendo	na	escola.
A	 minha	 esposa,	 Lisa,	 e	 eu	 ouvíamos	 todos	 os	 dias	 a	 mesma
reclamação.	Addison,	então	com	nove	anos,	vinha	da	escola	e	contava	a	história
de	como	o	professor	punha	a	culpa	de	tudo	nas	costas	dele.	Para	nós,	aquilo	não
fazia	 sentido,	 porque	 Addison	 sempre	 foi	 um	 bom	 aluno	 e	 a	 escola	 oferecia
uma	educação	cristã	de	ótima	qualidade.	Então	nos	perguntávamos:	“o	que	será
que	está	acontecendo	para	nosso	filho	só	reclamar?”
Lisa	 e	 eu	 conversamos	 muito	 sobre	 esse	 assunto.	 Mas	 não
conseguíamos	 achar	 a	 resposta.	 O	 nosso	 filho,	 apesar	 de	 ser	 um	 menino
impaciente	 como	 qualquer	 outro,	 quase	 nunca	 dava	 trabalho.	Mas,	 por	 algum
motivo,	o	professor	passou	a	colocar	nele	a	culpa	por	tudo	o	que	acontecia	em
sala.	A	 turma	 toda	podia	estar	 fazendo	bagunça,	mas	na	hora	de	dar	o	castigo,
sobrava	sempre	para	ele.
Quando	alguém	nos	prejudica,	o	nosso	sentimento	é	de	que	a	 justiça
seja	feita.	Em	geral,	achamos	que	deve	ser	com	as	nossas	próprias	mãos.	Mas
isto	está	errado.
Até	então,	o	que	a	Lisa	e	eu	pudemos	imaginar	foi	que	era	da	natureza
deles	não	se	entender.	Às	vezes	isso	acontece.	Então	nós	oramos	pedindo	que	a
situação	melhorasse.	Mas	não	melhorou.	Foi,	contudo,	do	desejo	de	Deus	ouvir
nossas	 orações.	 Mas	 demorou	 um	 pouco	 porque	 Addison	 precisava
antes	 aprender	 a	 forma	 pela	 qual	 o	 Senhor	 quer	 que	 seus	 filhos	 reajam	 às
ofensas.
O	momento	da	mudança	para	o	menino	começou	no	dia	em	que	dois
colegas	de	classe	estavam	conversando	sem	parar.	O	professor	estava	de	costas
para	 a	 turma,	mas	 quando	 se	 virou	 para	 pedir	 silêncio,	 os	meninos	 calaram	 a
boca.	 Imediatamente,	 o	 professor	 começou	 a	 gritar	 com	 Addison.	 Assim
como	 todo	 mundo,	 ele	 odeia	 injustiça,	 principalmente	 quando	 é	 a	 vítima.
Naquele	 dia,	 ele	 voltou	 para	 casa	muito	mal.	 E	 não	 parava	 de	 chorar.	 Foi	 um
momento	muito	pesado	para	um	menino	que	estava	apenas	no	terceiro	ano.	Lisa,
como	 a	 boa	mãe	 que	 é,	 o	 abraçou,	 tentando	 consolar.	 Eu	me	 senti	mal	 e	 não
parava	de	pensar	no	que	podia	fazer;	como	podia	ajudar	o	meu	filho.	Enquanto
Lisa	o	consolava,	 senti	no	meu	espírito	uma	 inquietação	 -	era	o	Espírito	Santo
que	estava	me	movendo.
Finalmente,	 eu	me	 lembrei	 de	 uma	 lição	 que	 tinha	 aprendido	muitos
anos	antes.	Foi	como	uma	luz	se	acendendo	na	minha	cabeça.	Eu	sabia	o	que	iria
dizer	para	ele.
–	Addison,	meu	filho,	posso	te	fazer	uma	pergunta?	-	Ele	ainda	estava
chorando,	abraçado	à	mãe.	-	Como	você	reagiu	quando	o	professor	gritou	com
você	hoje?
Ele	se	sentou	eretoe	eu	vi	os	olhinhos	dele	pegarem	fogo.
–	Eu	disse	que	não	tinha	sido	eu.	Que	foram	os	outros	dois!
–	Respondeu	com	raiva.
–	 Mas	 você	 sempre	 fala	 assim	 quando	 ele	 chama	 a	 sua	 atenção?	 -
Perguntei.
–	Sempre.	Principalmente	quando	ele	está	errado,	que	é	quase	toda	vez!
–	Meu	filho,	mas	o	que	você	está	fazendo	não	está	certo.	-Eu	disse.
Então	 peguei	 a	 Bíblia	 e	 li	 algumas	 passagens	 para	 ele.	 Eram	 as
passagens	 quando	 Jesus	 era	 maltratado	 pelas	 outras	 pessoas.	 Contei	 também
alguns	exemplos	meus,	de	quando	era	ofendido	no	meu	ofício	de	pastor.
–	Addison,	 você	 tem	 uma	 escolha	 –	 disse	 eu	 finalmente.	 –	Ou	 você
continua	 se	 defendendo	 e	 resistindo	 à	 autoridade,	 ou	 então	 pode	 fazer	 como
Deus	deseja,	que	é,	em	minha	opinião,	pedir	desculpas	ao	seu	professor	porque
você	desafia	a	autoridade	e	as	decisões	dele	o	tempo	todo.	Você	decide.
–	Mas	pai,	e	se	o	professor	estiver	sempre	errado?
–	Mas	do	seu	jeito	está	funcionando?
–	Não.
–	 Então	 pronto!	Você	 decide.	 Pode	 ser	 como	 diz	 a	 Bíblia	 e	 seguir	 o
exemplo	de	Jesus,	ou	continuar	fazendo	do	seu	jeito.
–	Tá	 bom,	 eu	 vou	 tentar	 fazer	 do	 jeito	 que	Deus	 deseja.	 -Respondeu
finalmente	o	menino.
–	Tudo	bem.	Vamos	orar.
Então	 oramos.	 No	 dia	 seguinte,	 ele	 marcou	 de	 conversar	 com	 o
professor	na	hora	do	recreio.	Ao	encontrá-lo,	disse	assim:
–	Professor,	Deus	corrigiu	o	meu	caminho.	Eu	tenho	sempre	desafiado
a	sua	autoridade.	Mas	isso	está	errado.	Será	que	o	senhor	podia	me	perdoar?	Eu
juro	que	não	vou	mais	fazer	coisa	errada.
Como	dá	para	imaginar,	o	professor	ficou	extremamente	surpreso.	Ao
final	 da	 semana,	 adivinha	 quem	 recebeu	 o	 prêmio	 de	 Aluno	 da	 Semana?
Addison.	E,	além	disso,	no	fim	do	ano,	o	professor	entregou	o	prêmio	de	Honra
ao	Mérito	para	o	melhor	aluno.	Nem	preciso	falar	quem	recebeu:	Addison.
Com	 essa	 pequena	 história	 da	 minha	 família,	 então,	 eu	 gostaria	 de
perguntar:	 se	 reagir	 às	 ofensas	 na	 forma	 como	Deus	 ordena	 funciona	 para	 um
menino	do	terceiro	ano,	por	que	não	funcionaria	para	mim	ou	para	você?	Assim,
o	 que	 eu	 pretendo	 mostrar	 neste	 livro,	 com	 a	 ajuda	 do	 Espírito	 Santo,	 é	 a
forma	como	você	pode	reagir	às	ofensas	de	modo	que	o	resultado	seja	 receber
grandes	bênçãos.
No	 meu	 ministério,	 eu	 prego	 pelo	 menos	 uma	 vez	 por	 semana	 em
igrejas	 e	 congressos	 por	 todo	 o	 mundo.	 Em	 todos	 os	 lugares,	 as	 pessoas	 me
contam	 o	 que	 se	 passa	 em	 seus	 corações	 e,	 a	 grande	 maioria	 dos	 cristãos	 é
oprimida	por	testes	e	problemas	muito	difíceis	em	suas	vidas.	No	último	ano,	por
exemplo,	eu	perguntei	em	todas	as	pregações:	“Para	quantos	de	vocês	este	ano
está	 sendo	o	mais	difícil	 das	 suas	 vidas?”	Em	geral,	 sete,	 oito,	 ou	 até	mesmo
nove	em	cada	dez	pessoas	levantavam	a	mão!	Na	minha	experiência,	isso	nunca
tinha	 acontecido	 antes.	 É	 por	 isso	 que	 eu	 acredito	 que	 Deus	 está	 planejando
alguma	coisa	espetacular.
Certa	vez,	o	abençoado	Dr.	Yongi	Cho	disse	que	eu	tinha	de	morrer	mil
vezes	para	que	Deus	começasse	a	operar	na	minha	vida.	Com	aquilo	na	cabeça,
eu	perguntei	em	oração	ao	Senhor:
–	Por	que	eu	devo	morrer	mil	vezes?
O	Senhor	respondeu:
–	Porque	é	preciso	ter	força	para	lidar	com	todas	as	responsabilidades
que	vou	colocar	na	sua	vida.
Quase	 sempre,	 os	 problemas	 difíceis	 e	 o	 sofrimento	 que	 passamos
todos	os	dias	vêm	das	ofensas	e	dos	maus-tratos	por	parte	de	outras	pessoas.	É
por	 isso	 que	 eu	 acredito	 que	 Deus	 tenha	 me	 dado	 esta	 mensagem	 para
compartilhar	com	você	neste	livro.
Houve	uma	vez	 em	que	 eu	 estava	 pregando	 sobre	 esta	mensagem	na
igreja.	Um	senhor	que	estava	na	igreja	-	um	professor	da	escola	dominical	-	foi
impactado	 de	 forma	 tão	 poderosa	 que	 chegou	 a	 casa	 e	 ouviu	 a	 gravação	 da
mensagem	onze	vezes	seguidas.	Depois	ele	me	contou	que	 transformou	aquele
conteúdo	 em	 um	 curso	 chamado	“Primeiros	Passos	 do	Cristianismo”,	 porque
ele	 passou	 a	 acreditar	 que	 todo	 cristão	 deve,	 fundamentalmente,	 saber	 como
reagir	às	ofensas	de	acordo	com	a	vontade	de	Deus.
Aqui	estão	alguns	exemplos	da	promessa	de	Deus	na	nossa	vida	para
quando	reagirmos	da	forma	certa	às	ofensas:
–	Deus	nos	defende	e	faz	justiça.
–	Deus	dobra	as	nossas	bênçãos.
–	Nós	nos	tornamos	mais	fortes	no	espírito.
Que	 tal	 descobrir	 como	 estas	 maravilhas	 podem	 acontecer	 na	 nossa
vida?	Vamos	ver	como	elas	serão	boas	para	você,	para	o	crescimento	do	reino	de
Deus	e,	mais	importante,	para	a	glória	do	Senhor!
Justiça	Seja	Feita	(Pelas	Mãos	de	Deus)
Levou	muito	mais	tempo	do	que	o	terceiro	ano	da	escola	do	meu	filho,
para	 eu	 aprender	 que	 é	 melhor	 deixar	 o	 Senhor	 fazer	 justiça	 quando	 somos
ofendidos	ou	maltratados.	No	início	da	minha	carreira	como	ministro,	eu	era	o
pastor	que	 tomava	conta	da	 juventude	cristã	 em	uma	 igreja	grande,	 com	cerca
de	 oito	 mil	 membros.	 O	 meu	 supervisor	 era	 o	 pastor	 que	 cuidava	 da
administração	e	que,	por	sua	vez,	estava	sob	supervisão	do	Pastor	Dirigente.
Eu	 adorava	 o	 meu	 trabalho.	 Deus	 tinha	 colocado	 no	 meu	 coração	 o
fogo	 para	 incendiar	 os	 jovens	 com	 a	 verdade	 da	 Palavra.	 Por	 isso,	 as	minhas
pregações	não	eram	brincadeira.	Eu	falava	sobre	a	obediência	a	Deus,	sobre	as
formas	 de	 levar	 uma	 vida	 abençoada,	 sobre	 a	 vida	 de	 sacrifícios	 do	 cristão,
sobre	 a	 oração	 diante	 do	 trono.	 Toda	 terça-feira	 à	 noite,	 eu	 pregava	 com	uma
energia	poderosa	para	os	duzentos	e	cinquenta	jovens,	e	eles	absorviam	tudo.	No
grupo,	estava	o	filho	do	meu	chefe,	então	com	quinze	anos.	Deus	estava	tocando
o	coração	daquele	rapaz,	e	ele	ardia	no	fogo	de	Cristo.	Passados	alguns	meses,
este	 rapaz	 procurou	 a	 minha	 esposa,	 Lisa,	 com	 lágrimas	 nos	 olhos.	 Entre
soluços,	ele	desabafou:
–	Dona	Lisa,	como	é	que	eu	vou	viver	a	vida	em	Cristo	do	jeito	que	o
pastor	 John	 está	 pregando,	 se	 na	minha	 casa	 o	meu	 pai	 e	 a	minha	mãe	 estão
fazendo	coisas	erradas?
E	 em	 seguida	 explicou	 os	 detalhes	 das	 coisas	 erradas.	 Lisa	 ficou
estarrecida,	afinal	era	o	meu	chefe	que	o	rapaz	estava	descrevendo.
–	Mas	nada	do	que	os	 seus	 pais	 estão	 fazendo	pode	 interferir	 na	 sua
vida	com	Cristo.	-	Lisa	explicou.
–	A	sua	vida	fica	entre	você	e	Jesus.	O	que	o	pastor	John	está	pregando
é	 para	 você	 viver	 diante	 de	 Deus.	 Agora,	 a	 vida	 dos	 seus	 pais	 não	 é	 da	 sua
responsabilidade.	Deixe	que	o	Senhor	lide	com	eles;	ore	por	eles,	e	conserve	o
respeito.
Lisa	não	disse	mais	nada	além	disso,	mas	foi	um	bom	conselho.	Eu	não
tenho	 certeza	 se	 foi	 esse	 encontro	 entre	 o	 filho	 do	 meu	 chefe	 e	 Lisa	 que
desencadeou	 os	 problemas	 que	 passei	 a	 ter,	mas	 foi	 nessa	 época	 que	 a	minha
vida	naquela	igreja	começou	a	ficar	difícil.	Frequentemente,	as	pessoas	vinham
me	contar	que	o	Pastor	Administrador	estava	falando	mal	de	mim	para	o	Pastor
Dirigente.	 Ao	 mesmo	 tempo,	 ele	 espalhava	 que	 o	 Pastor	 Dirigente	 estava
dizendo	coisas	ruins	sobre	mim.	Com	isso,	um	abismo	começou	a	se	abrir	entre
o	 Pastor	 Dirigente	 e	 eu	 –	 estava	 claro	 que	 o	 interesse	 do	 meu	 chefe	 era	 me
eliminar.
Depois	 de	 alguns	 meses,	 após	 o	 culto	 com	 a	 juventude,	 quatro	 dos
meninos	vieram	me	procurar	-	dois	estavam	até	chorando.
–	Pastor	John	-	disse	um	deles	entre	as	 lágrimas	-	não	acredito	que	o
senhor	vai	ser	mandado	embora!
–	Como?	-	Perguntei.	-	Quem	te	disse	isso?
Fui	 perguntando	 até	 eles	 me	 confessarem	 que	 a	 notícia	 tinha	 sido
ouvida	pelo	filho	do	meu	chefe.	Naquele	instante,	fui	até	o	rapaz	perguntar.
–	Onde	 você	 ouviu	 que	 eu	 vou	 ser	mandado	 embora?	 -	 Perguntei	 ao
jovem.
–	Foi	o	meu	pai	que	falou.
Aquela	 foi	 a	 gota	 d	 agua!	 Marquei	 uma	 reunião	 com	 o	 meu	 chefe.
Assim	que	nos	encontramos,	fui	logo	perguntando:
–	 Tem	 uma	 coisa	muito	 importante	 que	 eu	 queria	 saber.	 Alguns	 dos
jovens	 me	 disseram	 que	 eu	 vou	 ser	 demitido,	 e	 eu	 descobri	 que	 ouviram	 a
história	do	seu	filho.	Ele,	por	sua	vez,	disse	que	foi	vocêquem	falou.	O	que	está
acontecendo?
O	homem	se	contorceu	na	cadeira.
–	Olha,	 John,	 eu	 lamento	muito.	Na	 verdade,	 eu	 só	 estava	 repetindo
para	a	minha	esposa	o	que	ouvi	do	Pastor	Dirigente,	e	deve	ter	sido	nessa	hora
que	meu	 filho	 também	escutou.	Eu	peço	desculpas.	Pode	deixar	 que	vou	 falar
com	o	menino	para	não	abrir	mais	a	boca	sobre	esse	assunto.
E	foi	só	essa	a	explicação	que	ele	deu.
–	Obrigado,	então.	-	Eu	disse	ainda	indignado,	e	saí.
Fiquei	 realmente	 confuso	 com	 aquela	 história.	 Eu	 não	 sabia	 mesmo
qual	seria	o	meu	futuro.	E	aquela	incerteza	ficou	pesando	nas	minhas	costas	por
mais	 dois	 meses.	 Até	 que	 um	 dia,	 outras	 pessoas	 que	 trabalhavam	 na	 igreja
vieram	 me	 contar	 que	 realmente	 havia	 sido	 tomada	 a	 decisão	 de	 me	 mandar
embora.
No	domingo	seguinte,	no	culto	da	manhã,	o	Pastor	Dirigente	disse	aos
milhares	 de	 fiéis	 que	 estavam	 na	 igreja	 que	 “iriam	 acontecer	 mudanças
drásticas	 no	 ministério,	 a	 começar	 pelos	 ensinamentos	 aos	 jovens”.	 Disse
também	 que	 era	 para	 os	 pais	 dos	 meninos	 irem	 à	 reunião	 de	 terça-feira.	 Eu
estava	 sentado	 bem	 atrás	 dele,	 e	 logo	 conclui,	 eu	 sei	 qual	 vai	 ser	 a	mudança
drástica;	vão	me	mandar	embora	amanhã	de	manhã’.
Aquele	 fim	 de	 semana	 foi	 terrível.	 À	 época	 eu	 e	 minha	 esposa
tínhamos	um	filho,	e	ela	estava	grávida	do	segundo.	Ela	ficou	preocupada:
–	Como	é	que	nós	vamos	fazer,	John?	A	gente	não	tem	que	começar	a
fazer	outros	planos?
Mas	eu	estava	convicto:
–	Minha	 querida,	 foi	 Deus	 que	 nos	 enviou	 para	 cá.	 Eu	 não	 fiz	 nada
errado,	e	por	isso	vou	deixar	tudo	nas	mãos	de	Deus.
Na	manhã	seguinte,	o	Pastor	Dirigente	me	chamou	à	sua	sala.	Aquela
seria	a	minha	primeira	reunião	com	ele	em	quatro	meses!	O	meu	chefe	e	outro
pastor	 da	 chefia	 também	 estariam	presentes.	Mas,	 quando	 lá	 cheguei,	 nenhum
dos	outros	dois	estava.
–	Sabe,	John,	Deus	mandou	você	para	esta	igreja,	e	você	daqui	não	vai
sair	 até	 que	 cumpra	 tudo	 para	 o	 que	 Deus	 enviou	 você.	 -	 Disse-me	 o	 Pastor
Dirigente.
E	completou:
–	Por	que	será	que	o	administrador	quer	tanto	mandar	você	embora?
–	Eu	não	sei.	-	Respondi.	-	Não	faço	a	mínima	ideia.
–	Então,	o	que	você	precisa	 fazer	é	descobrir	o	que	está	acontecendo
entre	vocês	dois	e	resolver	este	problema.	Você	dá	conta?	Eu	não	estou	gostando
nada	dessa	briga.
–	Claro,	senhor,	pode	deixar	que	vou	tentar.	Mas	eu	queria	reforçar	que
não	sei	o	que	está	acontecendo.
Nós	ainda	conversamos	por	alguns	minutos.	Ao	sair,	o	Pastor	Dirigente
me	disse	que	eu	poderia	procurá-lo	sempre	que	eu	precisasse.	Um	mês	se	passou
e	eu	encontrei	alguns	documentos	que	revelavam	irregularidades	no	trabalho	do
Pastor	 Administrador.	 Fiquei	 sabendo	 também	 que	 ele	 queria	 mandar	 embora
o	Ministro	de	Música,	e	ainda	outro	pastor.
Então	 pensei:	 Ótimo.	 Vou	 mostrar	 estes	 documentos	 para	 o	 Pastor
Dirigente.	Agora	ele	vai	saber	quem	é	o	administrador	de	verdade.	Além	disso,
ainda	 vou	 fazer	 um	 favor	 para	 a	 igreja,	 e	 proteger	 o	 ministério.	 A	 minha
conclusão	foi	que	o	meu	chefe	estava	manipulando	o	Pastor	Dirigente,	que	não
conseguia	enxergar	o	que	realmente	estava	acontecendo.	Mas	eu	podia	consertar
tudo	rapidamente.	Um	sentimento	de	nobreza	tomou	conta	de	mim,	pois	eu	iria
desmascarar	o	homem	que	estava	perseguindo	a	mim	e	a	outros	na	igreja.
Assim,	eu	me	programei	para	me	encontrar	com	o	Pastor	Dirigente	e,
pela	manhã,	antes	de	procurar	por	ele,	fui	orar.	Foi	pelo	menos	uma	hora	de	luta
até	 eu	 conseguir	 focar	 a	 oração	 naquele	 encontro	 com	 o	 Pastor	Dirigente.	 Eu
perguntava	ao	Senhor:
–	 Como	 devo	 contar	 essas	 coisas	 para	 ele?	 Será	 que	 eu	 devo	 só
entregar	os	documentos,	ou	explicar	a	história	toda?
Mas	não	obtive	resposta.	A	luta	na	oração	continuou.	E	nada	acontecia.
Por	fim,	eu	parei,	olhei	para	cima	e	clamei:
–	Ó,	Pai,	o	Senhor	não	quer	que	eu	mostre	isso	para	ele,	quer?
Foi	quando	uma	sensação	maravilhosa	tomou	conta	de	mim!	A	paz	de
Deus	 se	 espalhou	 dentro	 de	mim	 como	uma	 onda	 gigante.	 Ficou	mais	 do	 que
óbvio	o	que	o	Senhor	queria	que	eu	fizesse.	Imediatamente	eu	peguei	o	papel	e
piquei	em	pedacinhos.	Ou	eu	sou	o	cara	mais	louco	do	mundo,	ou	estou	sendo	o
servo	mais	obediente	do	Senhor	Deus,	pensei	comigo.	Afinal,	depois	de	tudo	que
eu	passei,	rasgar	aquelas	provas	era	coisa	de	maluco!
Passou	 outro	 mês.	 E	 nada	 aconteceu.	 Eu	 seguia	 trabalhando,	 mas	 o
clima	ainda	estava	muito	pesado.	Até	que	um	dia,	eu	estava	orando	do	lado	de
fora	da	igreja,	no	estaciona	mento.	Eu	sempre	gostei	de	orar	do	lado	de	fora.	Em
geral	 eu	 gosto	 de	 chegar	 de	 manhã	 à	 igreja	 pelo	 menos	 uma	 hora	 antes	 de
trabalhar,	para	poder	passar	um	tempo	a	sós	com	o	Senhor.
Passados	alguns	minutos,	o	meu	chefe,	o	Pastor	Administrador,	chegou
para	trabalhar.	Ali	mesmo,	o	Senhor	falou	comigo:	Vá	até	ele	e	peça	desculpas;
peça	o	perdão	dele.	Para	sei	sincero,	eu	fiquei	confuso	e	indignado.	Respondi	ao
Senhor:
–	 Como	 assim?	 Eu	 que	 devo	 pedir	 desculpas?	Mas	 eu	 não	 fiz	 nada
errado.	Ó,	Senhor,	ele	é	quem	está	tentando	me	eliminar.	Eu	até	já	joguei	fora	os
documentos!	Como	assim,	eu	tenho	de	pedir	perdão?
Fiquei	paralisado.	Cogitei	 se	 tinha	ouvido	o	Senhor	de	modo	correto.
Então	 mudei	 rapidamente	 o	 assunto	 da	 oração	 -	 iria	 orar	 pelas	 missões.	 Na
mesma	hora,	a	minha	oração	ficou	mais	seca	que	o	deserto.	Era	como	se	Deus
tivesse	 ido	 embora.	 Eu	 sabia	 que	 Ele	 ainda	 estava	 lá,	 pois	 Ele	 prometeu	 que
nunca	 iria	nos	abandonar.	Mas	eu	não	deixava	que	Sua	presença	fosse	sentida.
Como	 estava	 sendo	 cabeça-dura,	 continuei	 orando	 pelas	 missões.	 Foram	 uns
bons	vinte	minutos	de	luta,	até	eu	finalmente	perguntar:
–	Tudo	bem,	Senhor	Deus.	Como	devo	proceder?
O	Espírito	de	Deus	voltou	para	mim	e	falou:
–	Quero	que	peça	desculpas.
Sabia	que	não	tinha	saída.
–	Eu	não	vou	conseguir	enganá-lo	nunca,	não	é,	Senhor	meu	Deus?	É
essa	a	minha	tarefa.
Voltei	 para	 o	 caminho	 certo	 e	 orei	 pedindo	 o	 conhecimento	 para
conversar	 com	 o	 meu	 chefe,	 porque	 ainda	 pensava	 que	 não	 devia	 pedir
desculpas.	O	Senhor	me	mostrou	mais	claramente	a	situação	e	o	que	eu	deveria
dizer.	Fui	até	a	sala	do	meu	chefe.	Sentei-me	à	mesa	dele	e	disse:
–	Eu	 estava	 orando	 lá	 fora	 quando	 você	 chegou.	O	Espírito	 de	Deus
falou	comigo	e	me	disse	que	eu	tinha	de	vir	até	aqui	para	pedir	desculpas,	porque
eu	 tenho	 julgado	 você	muito	mal.	 ()	 Senhor	me	mostrou	 como	 tudo	 isso	 está
errado.	Será	que	você	poderia	me	perdoar?
O	rosto	dele	mostrava	surpresa.	Ele	então	respondeu:
–	Claro	que	sim.	Eu	te	perdoo.
Conversamos	 ainda	 por	 alguns	 minutos,	 e	 pronto.	 Honestamente,	 eu
ainda	 estava	 confuso.	Mas	 pelo	menos	 tinha	 o	 sentimento	 de	 que	 obedecia	 ao
Senhor.
Passaram-se	 mais	 seis	 meses,	 durante	 os	 quais	 os	 ataques	 do	 Pastor
Administrador	diminuíram.	Houve	um	fim	de	semana	que	eu	tinha	de	viajar.	Foi
então	 que	 tudo	 desmoronou	 na	 vida	 dele.	 Tudo	 o	 que	 ele	 estava	 fazendo	 de
errado	 foi	 descoberto	 -coisas	 muito	 piores	 do	 que	 eu	 sabia.	 Ele	 estava	 até
cometendo	crimes,	e	poderia	até	ser	preso.
Contudo,	o	Pastor	Dirigente	foi	misericordioso	com	ele	e	não	acionou
as	autoridades.	Todas	as	provas	foram	arquivadas	no	escritório	do	advogado	da
igreja,	e	ele	 foi	mandado	embora	 imediatamente.	Foi	ele	mesmo	quem	caiu	na
cova	 que	 estava	 cavando	 para	mim.	 E	 não	 foi	 só	 isso,	 a	 justiça	 foi	 feita	 para
mim	 na	 frente	 de	 todos	 os	 pastores	 e	membros	 da	 igreja,	 que	 assim	 puderam
conhecer	o	homem	que	estava	contra	mim.
O	tempo	se	passou	e	 fui	 trabalhar	em	outro	ministério,	mas	continuei
recebendo	muitos	convites	para	voltar	e	pregar	naquela	igreja.	A	conclusão	desta
história	é	que,	apesar	de	ter	conhecimento	sobre	o	que	as	Escrituras	dizem	sobre
a	 forma	 de	 responder	 às	 ofensas,	 foi	 só	 após	 essa	 experiência	 que	 entendi
verdadeiramente	 o	 significado.	 Eu	 entendi!	 Desde	 então	 a	 minha	 vida	 nunca
mais	 foi	 a	 mesma,e	 tenho	 um	 desejo	 enorme	 de	 compartilhar	 esta	 verdade
abençoada	com	vocês,	meus	queridos	leitores!
Nunca	faça	justiça	com	as	próprias	mãos
Na	carta	aos	romanos,	encontramos	o	exemplo	mais	pungente	de	como
reagir	 às	 ofensas.	 Paulo	 conhecia	 tudo	 desse	 assunto,	 pois	 ele	 viveu	 ambas	 as
situações.	 Antes	 do	momento	 espetacular	 de	 sua	 conversão,	 no	 encontro	 com
Jesus	na	estrada	de	Damasco,	Saulo	era	perseguidor	ferrenho	dos	seguidores	do
Senhor.	Ele	foi	a	personificação	das	ofensas	e	dos	maus-tratos	contra	os	cristãos!
Saulo	tinha	tanto	ódio	pelos	cristãos,	que	a	Bíblia	diz:
“Saulo,	porém,	assolava	a	igreja,	entrando	pelas	casas;	e,	arrastando
homens	e	mulheres,	encerrava-os	no	cárcere”	(Atos	8.3)
Saulo	 estava	 incentivando	 os	 assassinos	 que	 apedrejaram	 Estevão,
tornado	mártir.	E	mesmo	na	viagem	em	que	Deus	envolveu	Saulo	na	luz	que	o
jogou	 ao	 chão,	 a	 Bíblia	 diz	 que	 ele	 respirava	 ameaças	 e	 morte	 contra	 os
discípulos	do	Senhor	(Atos	9.1).
Não	demorou	muito	para	Saulo	encontrar	Jesus	e	sentir	na	própria	pele
o	significado	de	ser	ofendido.	Quando	fez	a	sua	primeira	grande	pregação	e	deu
o	 testemunho	 poderoso	 de	 que	 Jesus	 era	 o	Messias,	 os	 judeus	 elaboraram	 um
plano	para	assassiná-lo.	A	única	forma	que	ele	tinha	para	sair	de	Damasco	vivo
era	escondido.
Paulo	 registrou	os	 tipos	de	ofensas	e	maus-tratos	que	 recebeu	por	ser
um	apóstolo	da	Palavra:
Cinco	vezes	 recebi	dos	 judeus	uma	quarentena	de	açoites	menos	um;
fui	 três	 vezes	 fustigado	 com	 varas;	 uma	 vez,	 apedrejado;	 cm	 naufrágio,	 três
vezes;	 uma	 noite	 e	 um	 dia	 passei	 na	 voragem	 do	 mar;	 em	 jornadas,	 muitas
vezes;	em	perigos	de	rios,	em	perigos	de	salteadores,	em	perigos	entre	patrícios,
em	 perigos	 entre	 gentios,	 em	 perigos	 na	 cidade,	 em	 perigos	 no	 deserto,	 em
perigos	 no	 mar,	 em	 perigos	 entre	 falsos	 irmãos;	 em	 trabalhos	 e	 fadigas,	 cm
vigílias,	muitas	 vezes;	 em	 frio	 e	 nudez.	 Além	 das	 cousas	 exteriores,	 há	 o	 que
pesa	sobre	mim	diariamente,	a	preocupação	com	todas	as	igrejas.	(2	Coríntios
11.24-28)
Puxa	vida!	Paulo	poderia	ter	escrito	o	manual	das	ofensas	e	dos	maus-
tratos!	 Até	 que,	 de	 certa	 forma,	 ele	 acabou	 escrevendo.	 Aqui	 está	 o	 que	 um
cristão	exemplar,	inspirado	pelo	Espírito	Santo,	registrou	sobre	este	assunto:
Não	 torneis	 a	 ninguém	 mal	 por	 mal;	 esforçai-vos	 por	 fazer	 o	 hem
perante	 todos	os	homens;	 se	possível,	 quanto	depender	de	vós,	 tende	 paz	 com
todos	os	homens;	não	vos	vingueis	a	vós	mesmos,	amados.	Mas	daí	lugar	à	ira
de	 Deus;	 porque	 está	 escrito:	 A	 mim	 me	 pertence	 a	 vingança;	 Eu	 é	 que
retribuirei,	diz	o	Senhor.	(Romanos	12.17-19,	grifo	nosso)
Deu	para	entender?	Depois	de	 todas	as	ofensas	que	sofreu	no	serviço
ao	Senhor	Jesus	Cristo	e	à	igreja,	Paulo	declarou:	Não	torneis
11	 	 	 	 ninguém	 mal	 por	 mal.	 Se	 nós	 estivéssemos	 juntos	 no	 culto
lendo	este	versículo,	eu	pediria	a	todos	que	gritassem	“Amém!"	bem	alto.
Como	esta	mensagem	é	crucial	para	o	entendimento	do	que	a	Palavra
de	Deus	está	dizendo,	eu	peço	agora	muita	atenção.	Uma	vez	que,	para	entender
corretamente	a	forma	de	lidar	com	as	ofensas,	é	fundamental	entender	esta	ideia
Paulo	 nos	 ensina	 que	 a	 nossa	 reação	 diante	 de	 outra	 pessoa	 que	 nos
machuca	não	deve	ser	 tentar	fazer	 justiça	com	as	próprias	mãos	ou	nos	vingar.
Na	 verdade,	 sempre	 quando	 depender	 de	 nós,	 devemos	 buscar	 a	 paz	 no
relacionamento	com	as	outras	pessoas.	Lembrem-se	do	velho	ditado,	“A	ofensa
fica	 com	 quem	 ofende".	 A	 ideia	 aqui	 é	 não	 carregarmos	 a	 ofensa	 nas	 nossas
costas,	e	para	isso	não	nos	cabe	reclamar	nem	brigar	até	que	todo	o	mal	que	nos
foi	feito	seja	vingado.
Todo	mundo	conhece	aquela	pessoa	que	não	deixa	nada	barato.	Basta
alguma	 coisa	 não	 ser	 do	 jeito	 que	 ela	 quer	 que	 ela	 reclama.	 E	 a	 raiva	 a	 que
acompanha	é	tão	ácida	que	é	capaz	arrancar	pintura	de	carro.	Porém,	esta	não	é	a
reação	 que	 devemos	 ter	 quando	 obedecemos	 à	 ordem:	 Não	 torneis	 a
ninguém	mal	por	mal.	Ademais,	Paulo	nos	diz	para	não	 resolvermos	as	 coisas
por	 nós	 mesmos.	 Não	 vos	 vingueis	 a	 vós	 mesmos,	 amados	 (...)	 porque	 está
escrito:	A	mim	me	pertence	a	vingança;	eu	é	que	retribuirei,	diz	o	Senhor.
Deus	não	"fica	de	conversinha".	Quando	Ele	fala	é	importante!	Tudo	o
que	Ele	diz,	o	faz	com	autoridade.
Essa	verdade	é	a	chave	para	aprendermos	a	ser	superiores	a	quaisquer
maus-tratos,	 desde	 a	 pequena	 desavença,	 até	 a	maior	 das	 traições.	 Na	 fé,	 nós
entendemos	e	aceitamos	a	 ideia	de	que	o	nosso	Pai	do	céu	promete	 reparar	os
danos	para	nós,	se	nos	entregarmos	a	Ele.	No	fim	das	contas,	Ele	é	o	responsável
por	lazer	justiça	-	e	não	nós.
Cabe	 reiterar	que	essas	palavras	das	Escrituras	não	 são	 sugestão	nem
conselho:	elas	são	uma	ordem!	Quando	Deus	fala,	não	é	como	algumas	pessoas
que	dizem	as	coisas	da	boca	para	fora.	Deus	não	“fica	de	conversinha”.	Quando
Ele	 fala,	 é	 importante!	 Tudo	 o	 que	 Ele	 diz,	 o	 faz	 com	 autoridade.
Repetidas	vezes	na	Bíblia	encontramos	passagens	de	Deus	dizendo	que	nós	não
somos	responsáveis	por	“acertar	as	contas”	quando	somos	ofendidos.	Aqui	está
uma	pequena	lista	com	exemplos	das	palavras	de	Deus:
–	Não	 digas:	 Vingar-me-ei	 do	 mal;	 espera	 pelo	 SENHOR,	 e	 Ele	 te
livrará.	(Provérbios	20.22)
–	A	mim	me	pertence	a	vingança,	a	retribuição,	a	seu	 tempo,	quando
resvalar	o	seu	pé;	porque	o	dia	da	sua	calamidade	está	próximo,	e	o	seu	destino
se	apressa	em	chegar.	(Deuteronômio	.12.35)
–	Não	digas:	Como	ele	me	fez	a	mim,	assim	lhe	farei	a	ele;	pagarei	a
cada	um	segundo	sua	obra.	(Provérbios	24.29)
–	Ora,	nós	conhecemos	aquele	que	disse:	A	mim	pertence	a	vingança;
eu	retribuirei.	E	outra	vez:	O	Senhor	julgará	seu	povo.	(Hebreus	10.30)
Dá	 para	 perceber?	 Na	 carne,	 fazemos	 exatamente	 o	 contrário:	 mal
podemos	esperar	para	acertar	as	contas.	Mas	isso	é	errado.	A	ordem	de	Deus	é
para	 deixar	 a	 justiça	 nas	mãos	 dEle.	Não	 é	 certo	 que	 o	 povo	de	Deus	 assuma
para	 si	 a	 vingança.	 ()	 caminho	 abençoado	 é	 deixar	 que	 Deus	 faça	 justiça	 por
seu	povo.
Deus	fará	justiça	por	seu	povo
Esta	 é	 uma	 verdade	 poderosa;	 e	 também	 um	 exemplo	 de	 como	 os
cristãos	 podem	criar	mais	 problemas	quando	 tentam	 fazer	 o	 trabalho	de	Deus.
Na	Bíblia	existem	muitas	alegorias,	exemplos	e	preceitos	 -	mas	nem	todos	são
verdades	 fundamentais.	 Nós,	 contudo,	 costumamos	 passar	 muito	 tempo
discutindo	as	alegorias,	os	exemplos	e	os	preceitos,	mas	quase	nunca	chegamos	à
verdade	fundamental	que	está	por	trás	desses.
Quando	eu	era	jovem,	fui	abençoado	com	uma	verdade	que,	graças	ao
Senhor,	 nunca	 esqueci:	 Sempre	 que	 tentamos	 fazer	 uma	 coisa	 que	 Deus	 nos
prometeu	que	Ele	iria	fazer,	é	um	insulto	ao	nosso	Pai.
O	mesmo	pode	ser	visto	na	nossa	própria	casa.	Imagine	que	você	chega
para	seu	filho	e	diz:
–	Vou	te	dar	um	presente	de	Natal	muito	legal!
Mas	o	seu	filho	todo	dia	repete:
–	Olha	 só,	 pai,	 você	me	prometeu	um	presente,	mas	 eu	 sei	 que	você
não	vai	me	dar!
Isso	é	o	mesmo	que	chamar	o	pai	de	mentiroso!	Não	só	é	um	insulto,
como	 também	 gera	 indignação.	 Então,	 como	 é	 que	 Deus	 irá	 se	 sentir	 se	 nós
fizermos	 a	mesma	 coisa	 com	 Ele?	 Se	 Ele	 prometeu	 que	 fazer	 justiça	 é	 tarefa
dEle,	cabe	a	nós	acatar,	pois	Ele	irá	vingar	o	seu	povo	e	corrigir	todas	as	ofensas
que	nós	sofremos.
Quando	 agimos	 por	 conta	 própria,	 será	 que	 acreditamos	 de	 verdade
nessa	promessa	de	Deus?	É	por	isso	que	Jesus	ficava	tão	aborrecido	quando	as
pessoas	 não	 acreditavam	 em	 suas	 palavras;	 no	 que	 Ele	 dizia	 e	 no	 que	 Ele	 ia
fazer.
Por	exemplo,	quando	Ele	estava	com	os	discípulos	no	lago	da	Galileia
e	eles	iriam	atravessar	de	barco	para	o	outro	lado.
O	Senhor	 Jesus	 não	 falou,	 “Puxa	 vida!	 Tomara	 que	 a	 gente	 consiga
chegar	do	outro	lado”.	Chegou	a	hora	de	partir	e	todos	subiram	ao	barco.	Jesus
foi	 dormir.	 Ele	 não	 ficou	 acordado	 preocupado	 se	 o	 barco	 iria	 bater	 em	 uma
pedra,	 afundar,	 ou	 seseria	 atacado	 por	 piratas,	 e	 todos	 levados	 como	 reféns!
Jesus	falou	com	autoridade	porque	Ele	sempre	obedeceu	ao	Pai	e	às	suas	ordens,
neste	caso:	levar	os	discípulos	para	o	outro	lado.
Assim,	quando	veio	a	tempestade	e	os	discípulos	ficaram	atormentados
de	medo,	a	primeira	coisa	que	Jesus	fez	foi	mandar	a	tempestade	parar,	então	Ele
se	voltou	para	os	discípulos	e	os	 repreendeu	por	sua	 falta	de	 fé.	“Eu	não	 falei
que	nós	 iríamos	chegar	à	metade	do	 lago	e	afundar.	Eu	 falei	que	nós	 iríamos
chegar	do	outro	lado!”.	A	palavra	de	Deus	é	sempre	verdadeira!	E	quando	Ele
promete,	acontece.
Deus	não	tem	falha	de	caráter.	Ele	não	mente.	Ele	não	se	esquece	das
coisas,	nem	fica	sujeito	à	variação	de	humor.	A	palavra	do	Senhor	é	mais	sólida
que	 a	 rocha.	 Na	 Palavra	 está	 escrito:	 Porque	 eu,	 o	 SENHOR,	 não	 mudo
(Malaquias	 3.6).	 O	 apóstolo	 Tiago	 escreveu	 toda	 boa	 dádiva	 e	 todo	 dom
perfeito	 são	 lá	 do	 alto,	 descendo	 do	Pai	 das	 luzes,	 em	 quem	não	 pode	 existir
variação	ou	sombra	de	mudança	 (Tiago	1.17).	Logo,	é	nosso	dever	confiar	no
que	Ele	disse	e	obedecer.	Ponto	final.
Paulo	disse	que,	ao	invés	de	tentarmos	nos	vingar,	devemos	dar	lugar	à
ira	de	Deus.	 Em	outras	 palavras,	 tentar	 reparar	 uma	 injustiça	 com	 as	 próprias
mãos	 pode	 ser	 mais	 injusto	 ainda.	 Isso	 significa	 que	 nossa	 reação	 errada	 à
ofensa,	pode	atrapalhar	o	trabalho	de	Deus	em	fazer	justiça	por	nós.
A	 palavra	 de	 Deus	 é	 sempre	 verdadeira!	 E,	 quando	 Ele	 promete,
acontece.
Mais	 adiante,	 vou	 falar	 mais	 sobre	 este	 assunto.	 Por	 enquanto,	 cabe
insistir	que	a	vingança	não	é	nossa,	é	dEle.	E,	meus	amigos,	essa	é	uma	ótima
notícia.	 Imaginem	 só:	 o	 Senhor	 Todo	 Poderoso	 toma	 conta	 de	 tudo	 o	 que
acontece	conosco	e	promete:	é	minha	responsabilidade.	Aleluia!
A	Forma	Correta	de	Reagir
Nos	capítulos	anteriores,	nós	vimos	que	Deus	quer	que	O	deixemos	ser
o	 responsável	 por	 lidar	 com	 as	 ofensas	 que	 sofremos.	Mas,	 como	 exatamente
devemos	reagir?	Se	a	forma	errada	é	fazer	justiça	com	as	próprias	mãos,	qual	é	a
forma	correta?
O	exemplo	de	Jesus
Se	existiu	alguém	que	sabia	como	lidar	com	as	ofensas,	esse	alguém	foi
o	 Senhor	 Jesus	 Cristo.	 Basta	 examinarmos	 com	 cuidado	 a	 forma	 como	 Jesus
reagia	às	 situações	difíceis	para	entendermos	de	verdade	o	que	devemos	 fazer.
Com	efeito,	Jesus	sofreu	muitos	maus-tratos	durante	o	seu	ministério.
Às	vezes,	a	enormidade	de	coisas	boas	que	Ele	operou	-curar	cegueira
e	 paralisia;	 expulsar	 demônios;	 ressuscitar	 os	 mortos;	 alimentar	 milhares	 de
pessoas	com	um	pedaço	de	pão	e	outro	de	peixe;	andar	sobre	as	águas,	acalmar
tempestades;	transformar	água	em	vinho	-	nos	fazem	esquecer	as	ofensas	que	Ele
recebeu.	 Parece	 até	 que	 a	 vida	 dEle	 não	 tinha	 problemas.	 Mas	 não	 podemos
esquecer	que	a	vida	de	Jesus	na	Terra	não	era	muito	diferente	da	nossa	-	havia
muitos	dias	bons,	mas	também	outros	tantos	de	lutas	e	hostilidade.
Seguramente,	 os	 dias	 de	 maus-tratos	 aumentaram	 muito	 a	 partir	 da
tentação	no	deserto,	quando	Jesus	foi	insultado	e	ridicularizado	pelo	Diabo.	Em
seguida,	 quando	 começou	 seu	 ministério,	 as	 ofensas	 das	 pessoas	 se
multiplicaram.	 Os	 líderes	 religiosos	 seguiam	 todos	 os	 passos	 de	 Jesus	 e	 o
perseguiam	 com	 severidade.	 Os	 discípulos,	 apesar	 de	 fazerem	 tudo	 o
que	podiam,	frequentemente	duvidavam	e	desconfiavam	de	seu	mestre.	Muitos
deles	 o	 abandonaram	 (ver	 João	 6.66).	 Até	 mesmo	 seus	 irmãos	 e	 irmãs	 não
acreditavam	 nEle,	 alegando	 que	 era	 louco,	 e	 tentaram	 fazê-lo	 desistir	 do
ministério	e	parar	de	envergonhar	a	família	(ver	Marcos	3.21).
Próximo	ao	 fim,	veio	a	pior	 época.	Pouco	 tempo	antes	de	 sua	morte,
Jesus	deu	uma	demonstração	poderosa	de	como	devemos	reagir	às	ofensas.	Os
discípulos,	um	a	um,	viraram	as	costas	para	o	Senhor,	a	começar	por	Judas,	que
trocou	o	Filho	de	Deus	por	algumas	moedas.	Os	outros	não	conseguiram	sequer
ficar	 acordados	 quando	 Jesus	 foi	 orar,	 e	 depois	 todos	 fugiram	 (ver	 Marcos
14.50).	 Por	 fim,	 Pedro,	 um	 dos	 mais	 próximos	 a	 Ele,	 praguejou	 e	 negou
conhecê-Lo.	Mas,	a	pior	ofensa	de	todas	ainda	estava	por	vir.
Depois	 de	 tudo	 isso,	 Jesus	 teve	 de	 passar	 pelo	 falso	 julgamento	 no
tribunal.	Os	 sacerdotes	 se	 reuniram	 com	 os	 anciãos	 e	 os	 escribas	 e	 decidiram
prender	Jesus	e	entregá-lo	a	Pilatos.	Pilatos	perguntou:
–	És	tu	o	rei	dos	judeus?
E	Jesus	respondeu:
–	Tu	o	dizes.
E	os	sacerdotes	O	acusaram	de	muitas	coisas,	mas	Ele	nada	respondeu.
Então	Pilatos	perguntou	novamente:
Nada	Respondes?	Vê	quantas	acusações	te	fazem!
Mas	 ainda	 assim	 Jesus	 não	 disse	 nada,	 e	 Pilatos	 se	 admirou	 (ver
Marcos	15.1-5).	 Jesus	deixou	para	nós	um	modelo	precioso,	mesmo	no	fim	de
suas	tribulações,	de	como	reagir	quando	tomos	ofendidos	e	maltratados.
Esta	passagem	nos	mostra	bem	como	Jesus	 reagiu.	Ele	 só	 forneceu	o
nome	e	disse	quem	era.	E	nada	mais	respondeu.	Isso	é	maravilhoso!	Se	alguém
na	 história	 deste	 mundo	 tinha	 motivos	 para	 se	 defender	 e	 argumentar	 contra
acusações	 falsas	 c	 mentiras,	 esse	 alguém	 foi	 Jesus.	 Afinal,	 aquele	 era	 o
tribunal	 supremo	 do	 país,	 as	 testemunhas	 e	 os	 sacerdotes	 estavam	 inventando
mentiras	sobre	o	Senhor.
Além	do	mais,	os	sacerdotes	não	eram	apenas	os	líderes	religiosos,	mas
da	 política	 também.	 E,	 sob	 o	 comando	 de	 Roma,	 conservaram-se	 como	 o
governo	 local.	 Assim,	 quando	 os	 sacerdotes	 estavam	 no	 tribunal,	 eram	 as
pessoas	de	maior	influência	em	toda	a	nação.	E	tudo	do	que	diziam	sobre	Jesus
não	continha	uma	gota	de	verdade.	Ainda	assim,	 Jesus	não	disse	uma	palavra.
Ele	não	se	defendeu.	Por	que	será	que	Ele	preferiu	ficar	calado	em	lugar	de	se
defender?	 A	 resposta	 é	 simples:	 porque	 Ele	 havia	 comprometido	 a	 si	 e	 a	 sua
causa,	em	completa	obediência,	ao	Pai,	o	único	que	julga	com	justiça.
Se	alguém	na	história	deste	mundo	 tinha	motivos	para	 se	defender	e
argumentar	contra	acusações	falsas	e	mentiras,	esse	alguém	foi	Jesus.
Quanto	 a	 Pilatos,	 ele	 sabia	 que	 estava	 comandando	 um	 circo	 de
injustiças,	tanto	que	no	final	gritou:
-	Nada	Respondes?	Vês	quantas	acusações	te	fazem!
Não	 havia	 a	 menor	 dúvida	 em	 Pilatos	 de	 que	 haviam	 feito	 uma
armadilha	 para	 Jesus,	 alimentada	 pela	 inveja	 dos	 difama	 dores.	 Pilatos	 nunca
tinha	visto	uma	coisa	dessas	antes.	Sempre	quando	as	pessoas	eram	julgadas	em
seu	 tribunal,	 tentavam	 se	 defender	 com	 todos	 os	 meios.	 Afinal,	 a	 punição,	 a
prisão	e	£	execução	dos	romanos	não	soavam	em	nada	agradável.
Os	 registros	 históricos	 mostram	 que	 Pilatos	 já	 conhecia	 Jesus	 antes
daquele	 julgamento.	 Pilatos,	 assim	 como	 Herodes	 ficou	 intrigado	 com	 Jesus.
Existem	 indícios	 de	 que	 Pilatos	 chegou	 a	 conversar	 com	 Jesus.	 A	 esposa	 do
governante	romano	relatou	ter	tido	um	sonho	com	Jesus	e	disse	ao	seu	marido:
Não	 te	 envolvas	 com	 este	 justo;	 porque	 hoje,	 em	 sonho,	 muito	 sofri	 por	 seu
respeito	(Mateus	27.19).
Na	crucificação,	foi	Pilatos	quem	escreveu	a	epígrafe	colocada	no	cimo
da	cruz,	na	qual	se	lia	JESUS	NAZARENO,	REI	DOS	JUDEUS.	Os	sacerdotes
reclamaram	muito	com	Pilatos,	dizendo	que	aquilo	não	era	verdade,	mas	apenas
a	 alegação	 de	 Jesus.	 Mas	 Pilatos	 manteve	 a	 epígrafe	 e	 disse:	 O	 que	 escrevi,
escrevi	(João	19.22).
No	 tribunal	 então	 estava	 Pilatos,	 olhando	 para	 Jesus	 e	 ouvindo	 as
mentiras	dos	sanguinários	que	queriam	a	morte	do	inocente.	Mesmo	assim,	Jesus
não	 disse	 uma	 palavra,	 pois	 entregou	 seu	 problema	 nas	mãos	 do	 Pai,	 que	 iria
julgar	com	justiça.
Esse	é	o	exemplo	que	Jesus	nos	deixou.	Por	isso,	não	é	surpresa	que	o
apóstolo	Paulo	tenha	também	dado	ênfase	a	essa	ideia.	Aliás,	tanto	Jesus	quanto
Paulo	eram	exímios	estudiosos	das	Escrituras	Judaicas,	e	citaram	literalmente	o
que	Salomão	havia	escrito	centenas	de	anos	antes:
Se	o	que	te	aborrece	tiver	fome,	dá-lhe	pão	para	comer;	se	tiver	sede,
dá-lhe	 água	 para	 beber,	 porque	 assim	 amontoarás	 brasas	 vivassobre	 a	 sua
cabeça,	e	o	SENHOR	te	retribuirá.	(Provérbios	25.21-22)
A	 lição	 que	 fica	 para	 nós	 é	 que	 quando	 quisermos	 ajustar	 as	 i	 nulas
porque	uma	pessoa	nos	fez	algum	mal,	nós	devemos	ir	até	da	não	para	agredir,
mas	 para	 ajudar	 no	 que	 for	 possível.	 A	 um	 primeiro	 olhar,	 isso	 parece	muito
estranho,	e	os	atos	de	gentileza	desse	tipo	quase	sempre	necessitam	de	um	pouco
de	 i	 natividade.	 Mas,	 obedecer	 ao	 plano	 de	 Deus	 implica	 em	 abençoar	 todo
aquele	 que	 nos	 amaldiçoa.	 Logo,	 se	 uma	 pessoa	 nos	 ofendeu	 -	 seja	 com	 uma
falta	 de	 educação	pontual,	 ou	 a	 traição	de	uma	vida	 -	 a	 nossa	 forma	de	 reagir
deve	ser	a	mesma:
–	Se	a	pessoa	tiver	sede,	dar	o	que	beber.
–	Se	tiver	fome,	dar	o	que	comer.
–	Se	estiver	endividada,	ajudar	financeiramente.
–	Se	estiver	só,	oferecer	companhia.
–	Se	cometer	adultério,	continuar	investindo	no	relacionamento.
–	Se	fizer	grosserias,	sorrir	e	agir	com	gentileza.
–	Se	trapacear	nos	negócios,	assumir	o	prejuízo.
E,	se	mostrar	esse	tipo	de	gentileza	com	a	pessoa	que	buscou	nos	jogar
na	lama	soar	desconfortável,	nunca	podemos	nos	esquecer	do	exemplo	de	Jesus.
Nos	ensinamentos	aos	discípulos	que	se	aplicam	a	nós,	cristãos	dos	dias	de	hoje
-	Jesus	explicou	por	que	não	devemos	revidar	quando	somos	agredidos.	Vamos
pensar	da	seguinte	maneira:	quando	tentamos	de	todos	os	modos	provar	a	nossa
inocência,	 acabamos	 ficando	à	mercê	de	quem	acusa.	Foi	por	esse	motivo	que
Jesus	disse:
Entra	 em	 acordo	 sem	 demora	 com	 o	 teu	 adversário,	 enquanto	 estás
com	ele	 a	 caminho,	 para	 que	 o	 adversário	 não	 te	 entregue	 ao	 juiz,	 o	 juiz,	 ao
oficial	de	justiça,	e	sejas	recolhido	à	prisão.	Em	verdade	te	digo	que	não	sairás
dali,	enquanto	não	pagares	o	último	centavo.	(Mateus	5.25-26)
Em	outras	palavras,	quem	acusa	irá	fazer	de	tudo	até	que	nós	paguemos
tudo	o	que	ele	acha	que	nós	devemos.	Portanto,	no	momento	em	que	começamos
a	justificar	e	defender	as	nossas	ações,	damos	o	lugar	de	juiz	a	quem	nos	acusa.
Isso	 porque	 defender-se	 da	 lógica	 de	 quem	 acusa,	 significa	 assumir	 que
esta	 lógica	 prevalece.	 Então	 o	 acusador	 assume	 o	 controle.	 Por	 outro	 lado,	 se
quem	nos	 acusa	 não	 é	 o	 nosso	 juiz,	 por	 que	 devemos	 dar	 satisfação?	A	nossa
defesa	fortalece	quem	nos	acusa.	Além	do	mais,	quando	 tentamos	fazer	 justiça
por	nós	mesmos,	renegamos	o	nosso	direito	espiritual	à	proteção.
Um	exemplo	pessoal
Permitam-me	 dar	 um	 exemplo	 para	 ilustrar	 esta	 questão.	 Faz	 alguns
anos,	uma	pessoa	de	muita	 influência	nos	círculos	cristãos	 fez	uma	declaração
falsa	sobre	mim	em	duas	instituições	de	grande	porte.
Quando	 tentamos	 de	 todos	 os	 modos	 provar	 a	 nossa	 inocência,
acabamos	ficando	à	mercê	de	quem	acusa.
Não	havia	uma	gota	de	verdade	nas	declarações,	mas	em	poucos	dias,
os	problemas	causados	custaram	$10.000,00	ao	nosso	ministério.	Quando	tomei
conhecimento	 da	 história,	 fiquei	muitíssimo	 nervoso.	Honestamente,	 eu	 queria
pular	pela	janela.	Felizmente,	recebi	a	notícia	quando	estava	entrando	no	avião
para	pregar	na	Suécia.	Até	nesse	momento	o	Senhor	foi	bom	para	mim,	porque
de	 dentro	 do	 avião,	 não	 dava	 para	 pular	 pela	 janela.	O	 que	me	 restou	 foi	me
acalmar	 e	 orar.	 Na	 fraqueza	 da	 carne,	 eu	 lutava,	 tentando	 imaginar	 inúmeras
maneiras	de	corrigir	as	coisas	do	meu	 jeito.	Porém,	no	meio	da	viagem	acabei
pegando	no	sono.
Uma	 lição	 eu	 aprendi	 ao	 longo	 dos	 anos:	 quando	 passamos	 por	 uma
situação	 difícil	 em	que	 fomos	 ofendidos	 ou	maltratados,	 o	melhor	 é	 não	 fazer
nada,	dormir	e,	no	dia	seguinte,	pensar	no	que	fazer.	Se	Deus	não	fala	conosco
enquanto	estamos	acordados,	certamente	irá	falar	quando	estivermos	dormindo.
Na	 manhã	 seguinte,	 acordei	 quando	 o	 avião	 estava	 aterrissando	 em
Estocolmo.	De	repente,	um	pensamento	me	veio	à	cabeça.	‘O	que	me	fizeram	foi
roubo,	então	eu	posso	exigir,	em	nome	de	Jesus,	que	o	ladrão	pague	sete	vezes’
(ver	 Provérbios	 6.31).	 Mas	 esse	 pensamento	 não	 me	 satisfez	 por	 completo.
Eu	ainda	estava	com	raiva.	Tive	outro	pensamento.	‘Em	lugar	de	entender	este
episódio	 como	 uma	 perda	 de	 dinheiro,	 vou	 entender	 como	 um	 presente!’.	 E
assim	me	senti	muito	melhor.
Tão	logo	as	minhas	emoções	se	acalmaram.	Eu	até	fiquei	feliz,	porque
é	muito	mais	 divertido	 dar	 alguma	 coisa	 do	 que	 ser	 roubado!	 Além	 do	mais,
quando	 damos	 um	 presente,	 o	 Senhor	 nos	 promete	 cem	 vezes	 de	 volta	 (ver
Marcos	 10.29-30).	 Eu	 comecei	 a	 orar	 para	 o	 Senhor	 me	 abençoar	 neste
pensamento.	Quando	voltei	para	casa,	falei	sobre	isso	com	a	Lisa	e	com	o	meu
pastor,	o	Sr.	Haggard.	Ambos	gostaram	da	ideia.	Para	selar	a	bênção	do	Senhor,
eu	e	Lisa	oramos	juntos:
–	 Ó,	 Pai,	 este	 dinheiro	 que	 perdemos	 por	 causa	 da	 calúnia	 de	 uma
pessoa,	pedimos	que	se	 torne	um	presente	em	nome	de	Jesus;	nós	abençoamos
este	dinheiro	em	nome	de	Jesus.
E	assim	tudo	se	resolveu.	A	minha	raiva	passou.	Eu	fiquei	feliz	e	pude,
assim,	 perdoar	 e	 seguir	 a	 vida	porque	 consegui	 entregar	 o	 problema	nas	mãos
poderosas	do	Pai.	Passados	dez	dias,	um	casal	de	conhecidos	bateu	à	nossa	porta.
Eles	 tinham	 vindo	 de	 longe	 e,	 como	 que	 por	 coincidência,	 estavam	 passando
pela	 nossa	 rua.	 Assim	 que	 abri	 a	 porta,	 eles	 já	 me	 entregaram	 um	 envelope.
Conversamos	 pouco,	 pois	 estavam	 com	 pressa.	 Logo	 foram	 embora.	 No
envelope	 tinha	 um	 cartão	 e	 um	 cheque	 de	 doação	 para	 o	 nosso	ministério	 no
valor	de	$10.000,00.	Fui	correndo	falar	com	Lisa:
–	Olha	só,	amor!	Esta	foi	a	primeira,	agora	faltam	mais	noventa	e	nove!
Jesus	 foi	 tão	 rigoroso	nessa	questão	que	nos	disse	para	 irmos	 além	e
acima	da	bênção	comum,	quando	se	trata	dos	nossos	inimigos	e	adversários.	Ele
disse	 que	 se	 escolhermos	 não	 resistir	 a	 uma	 pessoa	má,	 não	 devemos	 apenas
evitar	o	contra-ataque,	mas	ir	além	e	doar	o	nosso	amor	e	as	nossas	bênçãos	para
a	pessoa	que	nos	ofendeu.
Um	dos	exemplos	que	Jesus	deu	foi:	Se	alguém	te	obrigar	a	andar	uma
milha,	 vai	 com	 ele	 duas	 (Mateus	 5.41).	 Quando	 Jesus	 andava	 na	 Terra,	 os
romanos	 invasores	 tinham	 o	 direito	 de	 mandar	 qualquer	 pessoa	 carregar	 seus
objetos	por	uma	milha.	Com	isso,	o	que	Jesus	queria	dizer	é	“deixe	de	pensar
como	 escravo	 e	 passe	 a	 pensar	 como	 servo”.	 O	 escravo	 só	 faz	 o	 que	 lhe	 é
obrigado.	O	servo	faz	de	tudo	por	seu	Senhor.	O	escravo	tem	obrigação.	O	servo
tem	missão.	O	escravo	é	agredido;	o	servo	dá	de	presente.
Brasas	vivas
O	que	Salomão	(e	mais	tarde	Paulo)	quis	dizer	com	amontoarás	brasas
vivas	sobre	a	cabeça	de	quem	nos	ofender	e	maltratar?	Isso	não	parece	muito	de
Deus,	jogar	brasas	vivas	nas	pessoas.	O	significado	essencial	é	que	não	devemos
nos	 defender,	 mas	 sermos	 amorosos	 com	 quem	 nos	 maltrata,	 porque	 assim
a	pessoa	irá	se	sentir	envergonhada	e	irá	parar	de	agredir.	Assim,	quem	ofende
irá	 "queimar	 de	 vergonha”,	 o	 que,	 provavelmente,	 basta	 para	 resolver	 o
problema.	Com	a	graça	de	Deus,	pode	até	abrir	caminho	para	o	arrependimento,
a	reconciliação	e,	quem	sabe,	até	a	amizade.
Portanto,	o	primeiro	motivo	que	Deus	nos	dá	para	não	fazermos	justiça
com	as	próprias	mãos	é	que	essa	atitude	cria	o	espaço	para	o	julgamento	justo	e
mantém	 os	 nossos	 corações	 Íntegros.	Agora,	manter	 essa	 obediência	 não	 é	 só
bom	 para	 nós	 c	 para	 a	 pessoa	 que	 nos	 ofendeu.	 Há	 ainda	 um	 propósito
maior.	Paulo	resumiu	essa	verdade	quando	disse:	Não	torneis	a	ninguém	mal	por
mal.	O	que	Paulo	está	querendo	dizer	é	que	reagir	conforme	a	vontade	de	Deus
nos	torna	agentes	poderosos	contra	as	forças	do	mal.
Em	 outras	 palavras,	 as	 nossas	 boas	 atitudes	 não	 servem	 apenas	 para
tornar	 o	mundo	 um	 lugar	mais	 agradável	 e	 civilizado.	Afinal,	 o	 nosso	mundo
ainda	 carece	 muito	 de	 sal	 e	 luz!	 O	 grande	 resultado,	 contudo,	 que	 Paulo	 nos
ensinou	é	que	o	cristão	obediente,	que	segue	o	exemplo	de	humildade	do	Senhor
Jesus,	que	não	busca	a	vingança	quando	é	ofendido,	se	 torna	um	dos	melhores
soldadosna	luta	de	Cristo	e	do	Reino	de	Deus	contra	o	mal!	Deus	seja	louvado!
Quanta	 honra	 está	 nessa	 verdade	 Tudo	 isso	 começa	 com	 virar	 a	 outra	 face	 e
permanecer	 em	 silêncio.	 Em	 seguida,	 deixar	 que	 Deus	 seja	 nosso	 defensor
quando	a	vida	é	injusta.
A	Questão	da	Autoridade
É	bastante	comum	que	os	problemas	de	ofensas	o	maus--tratos	que	as
pessoas	recebem	venham	de	alguém	que	tem	autoridade	sobre	elas.	Na	família,
pode	 ser	 um	 pai	 ou	 uma	mãe	 que	 humilha	 os	 filhos.	 Na	 escola,	 pode	 ser	 um
diretor	ou	um	orientador	que	desmerece	os	professores	ou	alunos.	No	trabalho,
pode	ser	um	chefe	que	culpa	o	empregado	pelo	erro	que	custou	uma	fortuna	à
empresa.	Na	segurança,	um	policial	que	abusa	-	inclusive	fisicamente	-	de	outras
pessoas	por	causa	da	cor	da	pele.	Na	igreja,	os	pastores	que	usam	de	poder	para
conseguir	dos	fieis	tudo	o	que	quiserem.
As	autoridades	foram	instituídas	por	Deus
Diante	de	tudo	isso,	cumpre	saber	o	que	nos	diz	a	Bíblia	sobre	a	forma
como	devemos	reagir	à	autoridade.	Mais	uma	vez,	o	apóstolo	Paulo	esclareceu	o
assunto:
Todo	homem	esteja	 sujeito	às	autoridades	 superiores;	 porque	não	há
autoridade	que	não	proceda	de	Deus;	e	as	autoridades	que	existem	 foram	por
ele	instituídas.	(Romanos	13.1)
Até	as	pessoas	mais	dóceis	têm	dificuldade	com	esse	versículo.	Mas	as
palavras	“todo	homem”	não	deixam	espaço	par;	exceções.	Também,	“sujeito	às
autoridades	 superiores”	 é	 clara	 mente	 expresso.	 Por	 isso,	 nós	 devemos
abandonar	nosso	comportamento	arredio	e	aceitar	esta	verdade:	nós	cristãos	não
de	vemos	resistir	à	autoridade	legítima	nas	nossas	vidas.
Levou	muito	 tempo	para	eu	aceitar	esta	verdade	nas	diferentes	partes
da	minha	vida.	Eu	ainda	não	consigo	aceita-la	o	 tempo	todo,	mas	a	Palavra	de
Deus	 me	 mudou,	 e	 hoje	 eu	 consigo	 muito	 mais	 do	 que	 antes.	 Antes,	 por
exemplo,	 se	 eu	 estivesse	 correndo	 na	 estrada	 e	 a	 polícia	 me	 parasse,	 eu
achava	que	o	policial	 estava	endemoninhado	e	 tentava	orar	para	não	 receber	 a
multa.	Mas	hoje	eu	não	acho	que	esse	é	o	comportamento	que	o	apóstolo	Paulo
explicou	quando	disse	“sujeito	às	autoridades”.
Da	última	vez	que	a	polícia	parou	o	meu	carro	(e	 tenho	satisfação	de
dizer	que	isso	raramente	acontece,	porque	o	meu	pé	direito	perdeu	muito	peso!)
uma	das	pessoas	que	trabalha	comigo	estava	junto.	O	rapaz	veio	de	uma	família
com	histórico	de	muitos	conflitos	com	a	polícia.	Quando	o	policial	pediu	para
encostarmos	 o	 carro,	 o	 rapaz	 começou	 a	 ficar	 muito	 bravo	 e	 a	 reclamar	 da
autoridade.	Então	eu	disse	para	ele:
-	Por	que	está	falando	assim?	A	culpa	não	é	do	policial!	É	o	 trabalho
dele	 punir	 quem	 comete	 crime	 ou	 infração.	 Eu	 estava	 acima	 do	 limite	 de
velocidade!	Ele	só	está	fazendo	um	bom	trabalho.
O	policial	 pediu	para	ver	os	meus	documentos.	Essa	 é	uma	hora	que
ninguém	gosta.	Além	de	saber	que	vai	 receber	a	multa,	é	constrangedor	ver	os
outros	 carros	 passando	 devagar,	 olhando	 pela	 janela,	 tentando	 descobrir	 o	 que
você	 fez	 de	 errado.	 Depois	 de	 examinar	 os	 documentos	 e	 o	 radar,	 o	 policial
disse:
–	Sr.	Bevere,	o	senhor	ultrapassou	o	limite	de	velocidade	e	por	isso	eu
vou	ter	de	multá-lo.
Nessa	hora	o	policial	até	deu	um	passo	para	 trás,	 já	preparado	para	a
sessão	de	xingamentos	do	motorista	que	é	multado.	Mas	eu	respondi	assim:
–	 Senhor	 policial,	 obrigado	 por	 ter	 me	 parado.	 Eu	 estava	 errado.	 A
culpa	 é	 minha	 e	 eu	 não	 vou	 nem	 contestar	 a	 multa.	 Eu	 mereço	 a	 punição	 e
gostaria	 de	 agradecer	 ao	 senhor	 pelo	 serviço	 que	 está	 prestando	 para	 a	 nossa
sociedade.	Deus	te	abençoe.
O	 policial	 olhou	 para	 mim	 como	 quem	 quisesse	 dizer:	 “quanta
educação,	 acho	 que	 eu	 até	 queria	 cancelar	 a	 multa".	 O	 rapaz	 comigo	 ficou
também	 sem	 reação	 e	 recebeu	 uma	grande	 lição	 de	 vida.	Ele	 viu	 em	primeira
mão	a	 forma	como	Deus	deseja	que	 respondamos	à	autoridade	 sobre	nós;	 sem
retrucar,	culpar	os	outros,	xingar	ou	praguejar.	É	nosso	dever	acatar	com	respeito
o	que	nos	é	confiado.	O	maior	motivo	para	isso	é	que	Deus	foi	muito	claro	nesse
assunto.	 Lembremos	 de	 Romanos	 13.1,	 porque	 não	 há	 autoridade	 que	 não
proceda	de	Deus;	e	as	autoridades	que	existem	foram	por	Ele	instituídas.
Devemos	abandonar	o	comportamento	arredio	c	aceitar	esta	verdade:
nós	cristãos	não	devemos	resistirá	autoridade	legítima	nas	nossas	vidas.
Nos	dias	em	que	vivemos,	a	autoridade	tem,	com	frequência,	reputação
negativa.	Talvez	até	mais	na	cultura	ocidental	do	que	em	outras	partes	do	mundo.
O	 questionamento	 da	 autoridade	 tem	 como	 um	 de	 seus	 marcos	 o	 ensino	 nas
universidades,	com	a	expansão	do	pensamento	liberal	e	racional	desenvolvido	na
Europa.	Os	seus	frutos	mais	influentes	nos	nossos	dias	datam	da	década	de	1960,
quando	 muito	 da	 autoridade	 instituída	 foi	 questionada.	 As	 lutas	 contra	 a
ditadura,	 contra	 as	 guerras	 contra	 o	 moralismo	 sexual;	 somadas	 às	 lutas	 pelo
direito	 ac	 divórcio,	 ao	 estado	 democrático,	 à	 igualdade	 de	 gêneros	 e	 as	 ações
afirmativas,	 entre	 tantos	 outros,	 contribuíram	 para	 o	 declínio	 da	 autoridade	 de
então.
A	polícia	e	o	exército	agiam	com	violência,	e	os	manifestantes	davam	o
troco	na	mesma	moeda.	O	respeito	pelo	governo	caiu	muito	por	causa	do	nível
de	 controvérsia	 e	 a	 política	 de	 violência	 institucionalizada.	 Houve	 muitos
escândalos	 -	 prisões,	 torturas,	 assassinatos,	 perda	 de	 direitos	 e	 de	 liberdade.
E	assim,	muita	gente	em	posição	de	autoridade	caiu	e	destruiu	toda	a	reputação
que	 possuía.	Mas,	 o	 pior	 de	 tudo	 é	 que	 muitos	 dos	 líderes	 da	 igreja	 também
foram	 pegos	 por	 envolvimento	 sexual	 ilícito,	 roubo	 e	 desvio	 do	 dinheiro	 do
Senhor	 em	 seus	 ministérios.	 Diante	 de	 todas	 essas	 coisas,	 não	 é	 de	 se
espantar	 que	 respeitar	 a	 autoridade	 parece	 um	 comportamento	 despropositado
para	os	fracos.
A	nossa	sociedade	como	um	todo	está	sofrendo	com	as	consequências
dos	 desvios	 de	 autoridade	 que	 o	 inimigo	 tão	 sabiamente	 plantou.	O	 problema
com	 o	 enfraquecimento	 da	 autoridade	 -	 e	 este	 é	 um	 grande	 problema	 -	 é	 que
Deus	 nos	 disse	 para	 respeitarmos	 a	 autoridade	 legítima,	 não	 importa	 qual
seja,	uma	vez	que	 toda	autoridade	procede	de	Deus.	Porque	é	Deus	que	 indica
toda	 a	 autoridade.	 Ou	 seja,	 não	 existe	 autoridade	 legítima	 que	 não	 foi
determinada	por	Ele!
O	único	caso	em	que	a	autoridade	pode	ser	desobedecida	é	quando	ela
é	 ilegítima	 (eu	 vou	 tocar	 nesse	 assunto	 mais	 adiante).	 De	 toda	 forma,	 a
autoridade	ilegítima	é	apenas	a	rara	exceção.	Na	maioria	dos	casos,	como	coloca
a	 Bíblia,	 todas	 as	 pessoas	 devem	 estar	 sujeitas	 “às	 autoridades	 superiores”.
Para	 muitas	 pessoas,	 essa	 é	 uma	 verdade	 difícil	 de	 compreender.	 Por	 vezes,
parece	que	esse	mandamento	é	tão	complexo	que	torna	praticamente	impossível
para	os	cristãos	obedecerem	a	ele.	Porém,	esse	é	o	desafio	de	quem	segue	Jesus!
Nenhum	de	nós	será	capaz	de	fazer	o	que	o	Senhor	ordena	se	não	entregarmos
nossa	 carne	 e	 permitirmos	 que	Deus	 nos	 encha	 com	 sua	 graça.	Afinal,	 a	 vida
cristã	é	movida	pelo	poder	sobrenatural.	E	sem	esse	poder,	nós	não	passamos	de
“um	amontoado	de	carne	e	ossos”.
Na	época	em	que	eu	aceitei	Jesus	Cristo	como	meu	salvador,	uma	coisa
muito	 abençoada	 aconteceu	 na	 minha	 vida.	 Eu	 recebi	 a	 graça	 de	 aprender	 a
seguinte	 verdade:	 se	 a	 Bíblia	 é	 a	 Palavra	 de	 Deus,	 então	 eu	 devo	 acreditar	 e
obedecer	 a	 tudo	 que	 ela	 diz,	 mesmo	 quando	 não	 conseguir	 entender	 o	 que
estiver	lendo.	Confesso	que	no	início,	essa	forma	de	agir	me	tocou,	não	por	eu
ser	 um	 cristão	 excelente,	mas	 porque	 eu	 tinha	medo	 de	Deus.	 Eu	 sabia	 que	 a
salvação	me	livraria	do	pecado	e	do	inferno.	E,	com	medo	de	cair	no	pecado	ou
terminar	 no	 inferno,	 imaginei	 que	 não	 era	 muito	 sábio	 se	 eu	 decidisse	 por
mim	 mesmo	 em	 quais	 partes	 da	 Bíblia	 acreditar.	 Reconheço	 que	 em	 muitas
ocasiões	 a	 minha	 ignorância	 me	 fez	 agir	 contrariamenteàs	 Escrituras,	 mas
também	sei	que,	na	medida	em	que	obedeço	à	Palavra	de	Deus	revelada,	estou
protegido	contra	o	mal	e	sou	abençoado	em	abundância.
Toda	 a	 autoridade	 legítima	 vem	 de	 Deus!	 Mesmo	 quando	 as
autoridades	 são	 eleitas,	 quem	 as	 colocou	 nessa	 posição	 foi	 Deus.	 Ainda	 me
lembro	 do	 momento	 em	 que	 entendi	 essa	 verdade.	 Sempre	 quando	 um
presidente,	governador,	ou	prefeito	que	se	elegia	não	era	do	meu	agrado,	Deus
me	falava	com	todas	as	letras:
–	John,	ninguém	vira	presidente	sem	o	meu	consentimento
E	me	lembrava	dos	versículos	que	dizem	que	toda	autoridade	“procede
de	Deus”.	 Ainda	 que	 no	 nosso	 país	 sejamos	 nós	 que	 votemos	 e	 elejamos	 os
nossos	governantes,	 todos	eles	 só	ascendem	ao	poder	com	a	permissão	divina.
Essa	 verdade	 deve	 estai	 bem	entranhada	 em	nossa	mente	 e	 em	nosso	 espírito:
todas	as	figuras	de	autoridade	legítimas	na	nossa	vida	-	pais,	chefes,	professores,
pastores,	juízes,	presidentes	-	foram	determinadas	por	Deus!
As	autoridades	que	não	são	de	Deus
Antes	 que	 a	 resistência	 a	 essas	 ideias	 cresça,	 é	 importante	 clarificar
melhor	 esta	 questão.	 Talvez	 as	 pessoas	 podem	 se	 perguntar:	 e	 quanto	 às
autoridades	 que	 são	 más,	 ruins	 ou	 violentas?	Foi	 Deus	 que	 as	 autorizou?	 E
quanto	 a	 pessoas	 como	 ditadores,	 imperadores	 e	 tiranos?	 Será	 que	 toda
autoridade,	 de	 fato,	 vem	de	Deus?	Afinal,	 existem	 governantes	 que	 são	 o	mal
encarnado!
Quanto	 a	 esses	 questionamentos,	 é	 interessante	 observar	 como	 o
apóstolo	 Paulo	 ensinou	 a	 forma	 de	 reagir	 às	 ofensas	 das	 autoridades.	 Em
primeiro	 lugar,	 ele	 nos	 lembra	 para	 nunca	 buscar	 a	 vingança,	 e	 em	 seguida
discute	a	autoridade.	Tenho	certeza	de	que	essa	 foi	uma	 inspiração	do	Espírito
Santo,	porque	o	Espírito,	assim	como	Paulo	-	pela	experiência	pessoal	-sabiam
que	 sempre	 vai	 haver	 pessoas	 em	 posição	 de	 autoridade	 que	 aproveitam	 para
tirar	 vantagem,	 usar	 de	 violência	 e	 abusar	 do	 poder.	 Por	 isso,	 Paulo	 deixou
muitíssimo	claro	o	que	Deus	disse	repetidas	vezes:
–	A	vingança	é	minha.	Eu	retribuirei.
Temos	aí	uma	escolha	a	fazer:	confiamos	na	Bíblia	de	verdade,	ou	não
confiamos?	 Se	 a	 resposta	 for	 confiamos’,	 então	 devemos	 aceitar	 e	 obedecer	 a
tudo	o	que	ela	diz	sobre	a	autoridade.	Também	que	toda	a	autoridade	procede	de
Deus.	Contudo,	 as	pessoas	que	 estão	 em	posição	de	 autoridade	 também	 têm	o
livre-arbítrio.	E,	deliberadamente,	escolhem	agir	com	maldade	e	abuso.	Por	isso,
é	 importante	 separar	a	 função	da	autoridade	das	pessoas	que	a	utilizam	para	o
próprio	benefício.	Logo,	a	função	é	designada	por	Deus,	mas	as	más	qualidades
e	 o	 comportamento	 nocivo	 procedem	das	 pessoas	 que	 fazem	escolhas	 erradas.
Em	suma:	 toda	autoridade	procede	de	Deus,	mas	nem	todas	as	autoridades	são
de	Deus.
Pedro	também	escreveu	sobre	este	assunto.
Tratai	 todos	com	honra,	amai	os	 irmãos,	 temei	a	Deus,	honrai	o	 rei.
Servos,	 sede	submissos	com	todo	o	 temor	ao	vosso	senhor,	não	somente	se	 for
bom	e	cordato,	mas	também	ao	perverso	(1	Pedro	2.17-18).
As	 palavras	 de	 Pedro	 significam:	“como	 uma	 pessoa	 pode	 honrar	 a
Deus,	que	é	 invisível,	quando	ela	não	pode	honrar	uma	pessoa	na	posição	de
autoridade,	que	é	de	carne	e	osso?”
Na	época	de	Jesus,	quando	o	mal	da	escravidão	era	frequente,	muitos
dos	 crentes	 eram	 escravos	 ou	 servos.	 Apesar	 de	 a	 escravidão	 ser	 repugnante,
Pedro	disse	para	respeitar	a	posição	de	autoridade,	“honrai	o	rei".	É	interessante
observar	 que	 o	 rei	 a	 quem	 Pedro	 se	 refere	 é	 Herodes	 Agripa,	 o	 mesmo	 que
perseguiu	cruelmente	e	mandou	matar	muitos	crentes.	Ou	seja,	Pedro	não	pediu
para	as	irmãs	e	os	irmãos	cristãos	se	submeterem	à	autoridade	de	“um	rei	legal	e
gente	fina”.	Ele	estava	dizendo	para	obedecer	a	um	déspota	maligno	que	queria
cortar-lhes	as	cabeças.	Então,	a	única	forma	de	se	submeterem	era	enxergar	para
além	da	personalidade,	das	decisões	e	das	ações	do	rei;	e	reconhecer	a	função	da
autoridade	determinada	por	Deus.
Falando	 honestamente,	 tem	muita	 coisa	 que	 nós	 crentes	 obedecemos
somente	porque	tememos	a	Deus.	Isso	porque,	na	condição	de	humanos,	não	faz
sentido	 nos	 submetermos	 a	 um	 rei	 tirano.	 Mas	 faz	 todo	 sentido	 obedecer	 à
Palavra	de	Deus.
O	temor	a	Deus
Não	é	muito	frequente	escutarmos	pregações	específicas	sobre	o	temor
a	Deus.	O	que	é	uma	pena,	porque	o	temor	a	Deus	praticado	da	forma	certa	se
configura	 como	 uma	 qualidade	 para	 qualquer	 pessoa	 que	 o	 possua.	 Muitos
séculos	 antes	 de	 Jesus	 andar	 na	 Terra	 como	 o	 Filho	 de	 Deus	 encarnado,
Isaías	profetizou	que	Jesus	teria	esta	qualidade.
Do	 tronco	 de	 Jessé	 sairá	 um	 rebento	 (...)	 Deleitar-se-á	 no	 temor	 do
SENHOR;	não	julgará	segundo	a	vista	dos	seus	olhos,	nem	repreenderá	segundo
o	 ouvir	 dos	 seus	 ouvidos;	 mas	 julgará	 com	 justiça	 os	 pobres	 e	 decidirá	 com
equidade	a	favor	dos	mansos	da	Terra	(Isaías	11.1,	3-4).
É	 fundamental	compreender	que	a	única	 forma	de	sermos	capazes	de
nos	submeter	sempre	à	autoridade	-	e	com	isso	andar	no	poder	do	Espírito	Santo
-	 é	 temer	 a	 Deus	 corretamente.	 Com	 isso,	 iremos	 deixar	 de	 julgar	 a
personalidade	 do	 governante	 e	 ver	 apenas	 a	 autoridade	 que	 foi	 designada	 por
Deus.	É	muito	triste	vermos	com	frequência	as	pessoas	lutando	para	“merecer	o
respeito”.	Em	lugar	disso,	a	pessoa	que	teme	a	Deus	deveria	dizer	“essa	pessoa
merece	o	meu	respeito	porque	sua	autoridade	foi	designada	por	Deus”.
O	 crente	 diz	 essas	 palavras	 sabendo	 inteiramente	 que	 Deus	 olha	 o
coração	e	não	julga	as	palavras	ou	as	ações	da	vida	da	pessoa.	O	julgamento	é
baseado	nas	motivações	da	pessoa	e	é	sempre	justo.	As	mesmas	ordens	sobre	a
autoridade	 se	 aplicam	 a	 nós.	 E	 Deus	 nunca	 mudou,	 nem	 nunca	 mudará
sua	opinião	sobre	este	tema.	Somente	quando	tememos	ao	Senhor	-	nutrimos	o
respeito	e	a	reverência	por	Deus,	quando	nunca	questionamos	o	que	Ele	nos	pede
-	 é	 que	 aceitaremos	 com	 obediência	 que	 toda	 a	 autoridade	 na	 Terra	 tem	 uma
fonte:	Deus.
Somando-se	ao	ensinamento	do	apóstolo	Paulo,	Pedro	insistiu,	“servos,
sede	submissos”.	Nos	nossos	dias,	a	palavra	‘servo’	pode	ser	substituída	por	toda
outra	 que	 responde	 à	 autoridade	 o,	 para	 ser	 sincero,	 todo	 mundo	 responde	 a
alguém,	seja	como	filho,	aluno,	membro	da	igreja,	funcionário,	etc.	Até	mesmo	o
Presidente	da	República	deve	se	submeter	à	autoridade	da	constituição	e	das	leis.
Sem	dizer	que	todos,	incluindo	o	presidente,	respondemos	à	maior	autoridade	de
todas:	Deus!	O	ensinamento	de	Pedro	se	aplica	a	todas	as	pessoas.
Neste	 sentido,	 o	 nosso	 comportamento	 deve	 ser	 de	 “submissão	 com
temor,	 independente	 da	 figura	 de	 autoridade”.	 Nas	 palavras	 de	 Pedro:	 “não
somente	 se	 for	 bom	e	 cordato,	mas	 também	ao	 perverso”.	Ainda	 bem	que,	 na
maioria	dos	casos,	 as	pessoas	de	autoridade	 são	boas	e	cordatas.	Afinal,	não	é
difícil	 aceitar	 e	 obedecer	 à	 liderança	 de	 uma	 pessoa	 boa.	 Na	 minha	 igreja,
por	exemplo,	o	Pastor	Haggard	cuida	com	bondade	e	gentileza	do	Seu	rebanho.
É	uma	alegria	nos	submetermos	a	essa	liderança.	Mas	Pedro	não	estava	falando
sobre	 esse	 tipo	 de	 autoridade	 apenas.	 Ele	 notou	 especificamente	 que	 devemos
nos	submete	a	qualquer	tipo	de	autoridade.
Para	ser	sincero,	todo	mundo	responde	a	alguém.
Em	todo	caso,	eu	tenho	de	admitir	que	esta	não	é	uma	verdade	bíblica
que	 desce	 fácil.	 Tudo	 o	 que	 vemos	 com	 os	 olhos	 da	 carne	 diz	 que	 esse
comportamento	está	errado;	por	que	deveríamos	nos	submeter	a	um	tirano	cruel,
intolerante,	 injusto	e	desonesto?	O	motivo,	mesmo	que	seja	difícil,	é	que	Deus
deu	a	ordem	para	assim	nos	comportarmos.	O	que	não	podemos	esquecer	é	que
Deus	 é	 o	melhor	 Pai	 do	 universo;	 e	 podemos	 ter	 a	 certeza	 de	 que	 obedecer	 à
autoridade	que	Ele	designou	é	bom	para	nós.
Em	algum	momento	podemos	desobedecer	à
autoridade?
Será	que	existe	alguma	ocasião	 legítima	para	não	nos	 submetermos	à
autoridade?	A	resposta	é	sim,	mas	apenas	em	rarascircunstâncias.	Por	exemplo,
quando	uma	autoridade	 ilegítima	estabelece	o	 regime	de	 idolatria	na	 igreja,	ou
quando	a	autoridade	vai	contra	Deus	e	as	suas	determinações.	Paulo	disse:
E	isto	por	causa	dos	falsos	irmãos	que	se	entremeteram	com	o	fim	de
espreitar	 a	 nossa	 liberdade	 que	 temos	 em	 Cristo	 Jesus	 e	 reduzir-nos	 à	 nossa
escravidão;	 aos	 quais	 nem	 ainda	 por	 uma	 hora	 nos	 submetemos,	 para	 que	 a
verdade	do	evangelho	permanecesse	entre	vós	(Gálatas	2.4-5).
Existe,	na	verdade,	uma	regra	básica	para	as	situações	em	que	a	Bíblia
permite	desobedecer	à	autoridade.	É	assim:	quando	a	autoridade	determina	que
façamos	 uma	 coisa	 que	 contradiz	 claramente	 a	 Bíblia,	 devemos,	 mantendo	 o
respeito,	dizer	‘não.
Um	grande	exemplo	da	desobediência	da	autoridade	ocorreu	na	história
de	Sadraque,	Mesaque	e	Abede-Nego	(ver	Daniel	1,8-30).	Os	três	jovens,	junto
com	 Daniel,	 foram	 levados	 à	 Babilônia,	 que	 era	 governada	 pelo	 Rei
Nabucodonosor.	Os	jovens,	juntamente	com	o	restante	dos	súditos,	receberam	a
ordem	de	«•	curvar	diante	do	ídolo	do	rei,	toda	vez	que	a	música	tocasse,	fura	os
judeus,	 aquela	 era	 uma	 violação	 patente	 do	 segundo	mandamento,	 “Não	 terás
outros	deuses	diante	de	mim"	(Deuteronômio	5.7).	Então,	quando	chegou	a	hora,
os	 jovens	 não	 se	 curvaram.	 Ao	 saber	 da	 história,	 o	 rei	 ficou	 furioso.	 Eles
foram	 chamados	 à	 presença	 real,	 para	 questionamento,	 e	 foram	 extremamente
respeitosos.	Eles	 jamais	disseram	algo	do	tipo	“seu	pagão	estúpido,	não	vamos
obedecer!”
Ao	contrário.	Falaram	ao	rei:
ó	Nabucodonosor,	quanto	a	isto	não	necessitamos	de	te	responder.	Se	o
nosso	Deus,	 a	 quem	 servimos,	 quer	 livrar-nos,	Ele	nos	 livrará	 da	 fornalha	 de
fogo	 ardente	 e	 das	 tuas	 mãos,	 ó	 rei.	 Se	 não,	 fica	 sabendo,	 ó	 rei,	 que	 não
serviremos	 a	 teus	 deuses,	 nem	 adoraremos	 a	 imagem	 de	 ouro	 que	 levantaste
(Daniel	3.16-18).
Assim,	honraram	a	autoridade	conferida	por	Deus.	Mas	se	recusaram	a
desonrar	 a	 fonte	 da	 autoridade,	 o	 Deus	 Todo-Poderoso,	 e	 não	 obedeceram	 à
ordem	do	rei.
Davi	 também	 demonstrou	 a	 forma	 como	 reagir	 ao	 uso	 ilegítimo	 da
autoridade.	Quando	Saul	estava	fazendo	de	tudo	para	pegar	Davi,	este	não	ficou
no	palácio.	Fugiu,	mas	nunca	deixou	de	manter	o	comportamento	de	submissão	e
respeito	pelo	rei	que	Deus	havia	colocado	com	autoridade	sobre	ele.
Uma	das	situações	mais	difíceis	dos	dias	de	hoje	quando	a	autoridade
está	sendo	usada	de	forma	errônea	é	entre	os	cônjuges.	Se	o	marido	perverter	sua
autoridade,	a	esposa	tem	o	direito	de	resistir	-	assim	como	Davi	fez	com	Saul	-	e
até	 sair	 de	 casa,	 para	 longe	 do	 marido	 que	 perdeu	 o	 controle.	 É	 importante
perceber	 que	 existe	 uma	 diferença	 entre	 submissão	 e	 obediência.	 A	 esposa,
mantendo	 a	 atitude	 de	 respeito,	 pode	 se	 submeter,	mas	 isso	 não	 significa	 que
deve	 obedecer	 a	 um	 marido	 violento	 e	 agressivo,	 e	 que	 a	 ordena	 para	 fazer
coisas	que	vão	contra	a	Palavra.
As	 esposas	 não	 podem	 se	 confundir	 nesse	 caso,	 dizendo	 “tenho	 de
obedecer	ao	meu	marido",	pois	poderão	acabar	em	situações	de	perigo	para	si	e
para	 os	 filhos,	 se	 o	marido	 for	 agressivo	 e	 violento.	As	 esposas	 não	 precisam
passar	 por	 isso.	 Este	 é	 um	 exemplo	 de	 quando	 podemos	 firmemente	 resistir
à	autoridade.	A	esposa	tem	o	direito	-	e	até	mesmo	a	responsabilidade	-	de	dizer
ao	marido	para	sair	de	casa.	Se	ele	não	sair,	então	ela	deve	sair,	desde	que,	como
Davi,	mantenha	o	respeito	pela	autoridade.
A	Bíblia	não	fala	da	obediência	incondicional	à	autoridade,	porque	não
ensina	a	submissão	incondicional.	Existe	aqui	uma	diferença.	A	obediência	trata
das	nossas	ações,	enquanto	a	submissão	lida	com	o	coração.	Pedro	escreveu	que
é	 a	 submissão	 da	mulher	 que	 ganha	 o	marido	 quando	 ele	 vê	 que	 ela	 possui	 o
“honesto	comportamento”	 e	“um	espírito	manso	e	 tranquilo”	 (1	Pedro	3.2,	4).
Quando	o	marido	não	obedece	à	Palavra	de	Deus,	essa	é	a	forma	de	Deus	usar	a
esposa	para	modificar	seu	coração	e	seu	comportamento.
Apesar	 de	 tudo	 isso,	 reconheço	 que	 estas	 verdades	 são	 difíceis	 de
compreender.	O	que	será	que	Deus	pretende	com	tudo
Isso?	 Por	 que	 Ele	 insiste	 nesses	 temas?	 Será	 que	 há	 mais	 do	 que
estamos	conseguindo	enxergar?	Claro	que	há!	Os	planos	c	as	intenções	de	Deus
serão	o	assunto	dos	nossos	próximos	capítulos.
A	 Bíblia	 não	 fala	 da	 obediência	 incondicional	 à	 autoridade,	 porque
não	ensina	a	submissão	incondicional.
O	Papel	do	Sofrimento
Mesmo	 quem	 aceitou	 Jesus	 há	 pouco	 tempo	 sabe	 que	Deus,	 de	 fato,
ama	a	seus	filhos.	Por	isso,	uma	das	mentiras	mais	imundas	do	Diabo	é	quando
ele	diz:
-	Deus	não	passa	de	um	velho	rabugento.	Ele	é	mau,	na	verdade.	É	bom
manter	 distância	 dEle	 porque,	 Ele	 só	 está	 esperando	 você	 cair,	 para	 poder	 se
divertir	te	castigando.
Não!	Mil	vezes	não!	O	nosso	Deus	Pai,	Aba,	é	maravilhoso!	Ele	jamais
faria	qualquer	coisa	que	fosse	contra	a	sua	conduta.	Ele	jamais	irá	nos	dizer	para
aceitar	 as	 ofensas	 só	 para	 nos	 ver	 sofrer.	 Ao	 contrário,	 Ele	 diz	 “não	 torneis
a	 ninguém	mal	 por	mal”,	 porque	 nos	 ama.	Mas,	 acima	 de	 tudo,	 Ele	 derrama
bênçãos	extraordinárias	quando	obedecemos.
Esse	 é	 o	 caso	 de	 quando	 nós	 nos	 contemos	 e	 não	 revidamos	 quando
sofremos	maus-tratos.	Vamos	examinar	com	mais	detalhamento	a	passagem	de	1
Pedro.	 No	 capítulo	 anterior,	 nós	 conversamos	 sobre	 como	Deus	 quer	 que	 nós
nos	submetamos	à	autoridade,	seja	ela	boa	ou	má.	Sobre	isso,	Pedro	diz:
Porque	 isto	 é	 grato,	 que	 alguém	 suporte	 tristezas,	 sofrendo
injustamente,	por	motivo	de	sua	consciência	para	com	Deus.	(1	Pedro	2.19)
Essa	 é	 uma	 amostra	 do	 que	 é	 agradável	 aos	 olhos	 de	Deus.	 Quando
alguém	 nos	 ofende	 e	 nós	 suportamos	 agradecidos,	 agradamos	 a	 Deus.	 Pois
‘grato’	na	passagem	de	1	Pedro	implica	em	ser	merecedor	de	aprovação	e	glória.
Deus	não	é	sádico.	Não	podemos	nos	deixar	enganar!	Ele	não	fica	feliz	quando
temos	 de	 suportar	 sofrimento.	 Não	 dá	 pulos	 de	 alegria	 quando	 somos
injustiçados.	Nada	 disso.	 Ele	 sofre	 conosco	 assim	 como	 sofreu	 com	 Jesus	 em
todas	 as	 vezes	 que	 foi	 injustiçado	 e	 ferido.	 Quando	 Pedro	 disse	 que
devemos	proceder	"por	motivo	de	sua	consciência	para	com	Deus"	ele	quis	dizer
que	 é	 agradável	 a	 Deus	 quando	 nós	 temos	 consciência	 e	 obedecemos	 à	 Sua
vontade,	inclusive	suportando	sofrimento.
Portanto,	 da	 próxima	 vez	 que	 estivermos	 passando	 por	 dificuldades,
porque	a	autoridade	sobre	nós	não	está	exercendo	o	poder	e	o	controle	de	uma
forma	que	honre	a	Deus,	vamos	repetir	para	nós	mesmos:	“eu	sei	que	Deus	não
gosta	 que	 esta	 pessoa,	 ou	 esta	 instituição,	 estejam	me	 tratando	 tão	mal.	Mas
agrada	a	Ele	o	fato	de	eu	manter	um	comportamento	respeitoso	e	pacato.	Deus
se	agrada	de	mim!	Por	isso,	deixarei	nas	mãos	dEle	para	que	faça	o	que	julgar
melhor".	 Quando	 conseguirmos	 dizer	 assim,	 em	 lugar	 de	 chorar,
resmungar,	reclamar	da	vida	difícil,	devemos	dar	parabéns	para	nós	mesmos.
Pedro	seguiu	explicando	melhor	as	situações	em	que	Deus	reconhece	o
valor	do	sofrimento	paciente	em	Seu	nome.
Pois	 que	 glória	 há,	 se,	 pecando	 e	 sendo	 esbofeteado	 por	 isso,	 o
suportais	 com	 paciência?	 Se,	 entretanto,	 quando	 praticais	 o	 bem,	 sois
igualmente	afligidos	e	o	suportais	com	paciência,	isso	é	grato	a	Deus	(1	Pedro
2.20).
Em	outras	palavras,	se	nós	fazemos	uma	coisa	errada	e	somos	punidos,
isso	nunca	vai	se	chamar	“perseguição".	Isso	é	a	vida!	Quem	comete	crimes	ou
estupidez,	não	pode	esperar	do	mundo	espiritual	a	solução.	Pagar	por	fazer	o	que
é	 expressamente	 errado	 se	 chama	 “maltratar	 a	 si	 próprio”.	 Para	 isso,	 Deus
instituiu	 as	 autoridades	 do	 mundo,	 que	 devem	 corrigir	 e	 disciplinar	 esses
problemas.
Por	exemplo,	se	uma	pessoa	sonega	impostos,	e	é	pega	pela	malha	fina
da	Receita	Federal,	tem	de	devolver	o	dinheiro	com	juros	e	correção	monetária.
Ela	não	pode,	por	isso,	pedir	no	culto	da	igreja	para	as	pessoasorarem	e	ela	se
ver	livre	da	perseguição	do	governo.	Ou,	o	que	é	mais	ridículo,	sair	espalhando
que	Deus	 irá	 derramar	muitas	graças	 sobre	 ela	 por	 ela	 estar	 passando	por	 este
sofrimento	em	nome	de	Jesus.	O	que	essa	pessoa	deve	fazer	é	admitir	a	culpa,
pagar	 pelo	 que	 deve,	 arrepender-se	 e	 nunca	mais	 fazer	 de	 novo.	 Só	 existe	 um
meio	-	eu	garanto	-	de	nós	nunca	sermos	“maltratados	por	nós	mesmos":	fazer	a
coisa	 certa!	Francamente,	grande	parte	da	vida	cristã	 se	 refere	 ao	exercício	do
bom	senso.
Se	nós	 fazemos	uma	coisa	errada	e	somos	punidos,	 isto	nunca	vai	 se
chamar	"perseguição".	Isso	é	a	vida!
Pedro	se	referiu,	mais	especificamente,	aos	“maus-tratos	justificados”.
Esses	 são	quando	nós	estamos	 fazendo	a	 coisa	 certa,	mas,	 ainda	assim,	 somos
punidos.	É	o	caso	clássico	de	injustiça.	Nesse	tipo	de	ocasião,	surge	uma	verdade
abençoada:	 quando	 somos	 injustiçados,	 em	 lugar	 de	 reclamar,	 choramingar,
xingar	 ou	 praguejar,	 é	 melhor	 nos	 levantarmos,	 erguer	 as	 mãos	 e	 clamar	 de
alegria!	 Porque	 fizemos	 uma	 coisa	 que	 agrada	 a	 Deus,	 e	 por	 isso	 ele	 tem	 a
recompensa	para	nosso	comportamento.
O	chamamento	de	todos	os	crentes
Vez	por	outra,	alguém	vem	até	mim	e	pergunta:
–	Como	eu	posso	saber	qual	é	o	meu	chamamento?
Em	geral,	essa	pergunta	quer	dizer	no	fundo:
–	Qual	ministério	Deus	preparou	para	mim?
Quando	procuro	responder,	se	não	conhecer	a	pessoa	muito	bem,	ou	se
o	Espírito	Santo	não	me	inspirar,	não	sei	como	oferecer	uma	resposta	específica.
Mas,	existe	uma	resposta	que	eu	posso	dar	e	ela	está	100%	correta	para	todos	os
crentes:	o	chamamento	é	lidar	da	forma	correta	com	a	injustiça.
As	 pessoas	 quase	 nunca	 ficam	 entusiasmadas	 com	 esta	 resposta.
Afinal,	 a	 maioria	 de	 nós	 espera	 algo	 mais	 fantástico	 para	 ser	 o	 “nosso
chamamento".	É	 claro	 que	 existem	outras	 coisas	 para	 as	 quais	 o	Senhor	 Jesus
nos	chamou,	para	levar	o	reino	de	Deus	a	todo	o	mundo.	Mas	também	é	verdade
que	cada	um	de	nós	é	chamado	para	sofrer.	A	Bíblia	é	patente	neste	ponto.	Eis
a	apresentação	feita	por	Pedro.
Porquanto	para	isto	mesmo	fostes	chamados,	pois	que	também	Cristo
sofreu	em	vosso	lugar,	deixando-vos	exemplo	para	seguirdes	os	seus	passos.	(1
Pedro	2.21)
É	 importante	guardar	esta	parte:	"para	 isto	mesmo	 fostes	chamados”.
Ela	 significa	que,	 independentemente	do	que	vamos	 lazer	para	Deus,	devemos
aceitar	o	fato	de	que	sofrer	injustamente	é	uma	parcela	do	nosso	dever.	Portanto,
se	 nós	 seguimos	 o	 Cristo,	 uma	 parte	 das	 nossas	 tarefas	 é	 sofrer,	 assim	 como
Ele	 sofreu	 por	 nós.	 Uma	 vez	 que	 já	 sabemos	 o	 que	 temos	 de	 fazer,	 como
podemos	seguir	o	que	Jesus	fez?	Qual	é,	exatamente,	o	exemplo	pessoal	do	Filho
de	Deus?	Mais	uma	vez,	Pedro	nos	dá	a	resposta,	dizendo	sobre	o	Senhor:
O	qual	não	cometeu	pecado,	nem	dolo	algum	se	achou	em	sua	boca;
pois	Ele,	quando	ultrajado,	não	revidava	com	ultraje;	quando	maltratado,	não
fazia	ameaças,	mas	entregava-se	àquele	que	julga	retamente.	(1	Pedro	2.22-23)
SV	nós	seguimos	o	Cristo,	uma	parte	das	nossas	tarefas	é	sofrer,	assim
como	ele	sofreu	por	nós.
Como	vimos	 anteriormente,	 apesar	 de	 Jesus	 ser	 perfeito,	 ainda	 assim
foi	acusado	injustamente	de	muitas	coisas.	Porém,	nunca	procurou	se	defender,
nem	convencer	as	pessoas	de	que	era	vítima.	Quando	as	pessoas	o	 insultavam,
Ele	mantinha	a	absoluta	confiança.	Jamais	procurou	se	vingar.	Nada	o	abalava,
nem	insultos,	nem	xingamentos,	nem	bofetadas.	Ide	jamais	pagou	a	ninguém	mal
por	mal.	 E,	mesmo	 sendo	 o	 Filho	 de	Deus,	 estava	 na	 condição	 de	 humano,	 é
possível	que	tivesse,	mesmo	que	de	vez	em	quando,	a	vontade	de	se	defender.
Nas	 vezes	 em	 que	 Jesus	 discutiu	 com	 os	 fariseus	 e	 os	 outros	 líderes
religiosos,	 nunca	 defendeu	 a	 si	 próprio	 ou	 a	 seus	 direitos	 particulares.	 Mas,
como	Jesus	 foi	 capaz	de	 sofrer	 tantos	maus-tratos	 e	nunca	 revidar?	A	 resposta
está	 na	 carta	 de	 Pedro	 que,	 além	 de	 explicar	 tudo,	 também	 nos	 oferece	 o
motivo	 preciso	 para	 não	 procurarmos	 a	 vingança.	 Pedro	 diz	 que
Jesus	“entregava-se	àquele	que	julga	retamente”.
É	 isso!	 Jesus	 sempre	 soube	 que	 o	 seu	 Pai	 controlava	 sua	 vida,
juntamente	com	tudo	o	que	viesse	a	acontecer.	Isso	porque	sua	intimidade	com	o
Pai	é	total.	Não	restava	dúvida	em	sua	mente	de	que	o	Deus	Todo-Poderoso	iria
corrigir	 tudo	 o	 que	 estivesse	 errado	 a	 seu	 tempo.	 Por	 isso	 é	 que	 Jesus	 não
precisava	 lutar	 por	 seus	 direitos.	 E	 nem	 nós.	 O	 Grande	 Governante	 do
universo	não	dorme	e	está	consciente	de	tudo	o	que	acontece	quando	sofremos
em	seu	nome.
Todo	 sofrimento	 injusto	 leva	à	bênção,	desde	que	a	 vontade	de	Deus
seja	feita.
Eu	jamais	vou	esquecer	uma	vez	que	fui	ofendido	por	uma	pessoa	que
tinha	autoridade	na	minha	vida.	Fui	acusado	de	coisas	que	não	eram	verdade	e,
me	envergonho	de	dizer,	fiquei	 tentando	me	defender	durante	meses.	Enquanto
tudo	isso	estava	acontecendo,	eu	orava	para	o	Espírito	Santo	falar	a	mim.
-	 Meu	 filho	 -	 um	 dia	 Ele	 falou	 -	 enquanto	 você	 ficar	 querendo	 se
defender,	nada	vai	melhorar.
Então	 tive	 uma	 visão	 do	 Senhor,	 na	 qual	 só	 conseguia	 vê-Lo	 dos
ombros	para	baixo.	Eu	não	conseguia	ver	o	rosto.	Mas,	o	que	mais	me	chamou	a
atenção	foi	que	as	mãos	dEle	estavam	amarradas	nas	costas.	Segui	orando,	então
Ele	me	falou:
–	 Está	 na	 hora	 de	 você	 parar	 de	 ficar	 se	 defendendo,	 e	 isto	 irá
acontecer.
Então	 Ele	 arrebentou	 as	 amarras	 das	 mãos,	 que	 ficaram	 livres.	 O
Espírito	 Santo	 intercedeu	 na	 questão	 de	 as	 pessoas	 estarem	 me	 acusando
injustamente.
Esse	 foi	um	pequeno	exemplo	pessoal	do	que	Deus	opera	nas	nossas
vidas	quando	obedecemos	seus	mandamentos	e	aceitamos	o	nosso	chamamento
para	sofrer	as	ofensas	em	nome	do	Senhor.	Com	isso,	paramos	de	lutar	as	nossas
guerras	particulares	e,	com	nossas	palavras	e	nossas	ações,	dizemos:
–	 Pertenço	 ao	 Deus,	 Senhor	 sobre	 todas	 as	 coisas.	 Deus	 sempre
mantém	a	palavra.	É	o	melhor	Pai	do	universo.	E,	segundo	sua	promessa,	toma
conta	de	todos	os	seus	filhos.	A	justiça	sempre	será	feita	no	tempo	de	Deus.	E
Ele	assegura	que	todos	teremos	justiça.	Eu	não	pago	a	ninguém	mal	por	mal.	E
tudo	o	que	faço	é	me	submeter	ao	Senhor.
No	 momento	 em	 que	 nos	 entregarmos	 verdadeiramente	 a	 Ele,	 não
haverá	sofrimento	injusto	que	não	terá	uma	razão	de	ser	determinada	por	Deus.
Pois,	 se	 não	 for	 da	 vontade	 dEle,	 não	 será	 permitido.	Todo	 sofrimento	 injusto
leva	à	bênção,	desde	que	a	vontade	de	Deus	 seja	 feita.	As	pessoas	que	andam
nessa	verdade	poderosa	hão	de	ver	a	mão	de	Deus	aplicar	a	justiça	mais	justa!
O	ministério	dos	maltratados
Quando	 lidamos	 da	 forma	 correta	 com	 os	maus-tratos,	 o	 resultado	 é
maravilhoso!	Estão	preparados	para	ouvir?	É	extraordinário!	Mas,	para	explicar
como	funciona,	é	preciso,	primeiro,	introduzir	o	seguinte	versículo,	de	Hebreus.
Pela	 fé,	 Noé,	 divinamente	 instruído	 acerca	 de	 acontecimentos	 que
ainda	não	se	viam	e	sendo	temente	a	Deus,	aparelhou	uma	arca	para	a	salvação
de	sua	casa;	pela	qual	condenou	o	mundo	e	se	 tornou	herdeiro	da	 justiça	que
vem	da	fé.	(Hebreus	11.7,	grifo	nosso)
A	 parte	 importante	 desse	 versículo	 é	 que	 não	 diz	 “Deus	 condenou	 o
mundo”.	E	essa	é	uma	verdade	poderosa.	Ao	contrário,	diz	que	Noé	conservou	a
obediência,	 pela	 qual	 condenou	 o	mundo.	Glória	 a	Deus!	 Esse	 é	 o	 poder	 que
Deus	 libera	 quando	 os	 crentes	 fazem	 o	 que	 Ele	 deseja.	 E	 isto	 é	 muito
importante:	 Deus	 não	 sugere	 nem	 recomenda.	 Ele	 deseja	 e	 dá	 a	 ordem:
não	precisamos	nos	vingar	quando	 somos	ofendidos.	Sabe	por	quê?	Porque	 se
obedecermos,	“brasas	vivas”	cairão	sobre	a	cabeça	de	quem	nos	ofender.	Tudo
conforme	o	julgamento	de	Deus.
Em	 geral,	 é	 comum	 ouvirmos	 a	 palavra	 ‘julgamento’	 associada	 à
imagem	do	fogo	do	inferno	inundado	de	enxofre,	mas,	no	Novo	Testamento,	ela
significa	que	Deus	tomou	uma	decisão.	E,	como	podemos	saber	qual	é	a	decisão
que	Deus	 toma	 em	uma	 situação	 determinada?	Particularmente,prefiro	 pensar
sempre	assim:	a	pessoa	que	nos	ofende	pode	ser	perdoada	de	seu	pecado,	salva	e
nunca	mais	cometer	este	tipo	de	erro!
Falando	 nisso,	 eu	 me	 lembrei	 de	 uma	 mulher	 que	 foi	 agredida	 pelo
marido	 durante	 anos.	 Entre	 outras	 coisas,	 o	 marido	 nunca	 deixou	 Deus	 se
aproximar	de	sua	vida.	A	esposa,	mesmo	sofrendo,	tentou	de	tudo	para	que	ele
aceitasse	 Jesus	e	 se	 tornasse	um	homem	de	Deus.	Mas	ele	nunca	quis.	Depois
de	muito	tempo,	vendo	a	esposa	cansada	e	frustrada	pela	luta	de	anos,	o	Senhor
falou:
-	Quanto	 tempo	ainda	vai	demorar	para	você	 fazer	 a	 coisa	 certa	pelo
seu	marido?
-	Senhor,	não	entendi.
Então	o	Senhor	mostrou	para	a	mulher	tudo	o	que	ela	estava	fazendo	e
dizendo	que	poderia	estar	contribuindo	para	afastar	o	marido	de	Deus.	O	Senhor
pediu	 para	 que	 ela	 corrigisse	 o	 seu	 próprio	 comportamento,	 e	 ela	 obedeceu
imediatamente.	Ela	 fez	 tudo	o	que	 era	do	desejo	do	Senhor.	E	parou	de	negar
a	sua	responsabilidade	na	situação.	Em	outras	palavras,	ela	deixou	Deus	agir	na
sua	vida.	Não	demorou	dois	meses,	o	marido	se	transformou	e	foi	salvo!
Desde	 então	 eu	 visito	 regularmente	 o	 casal	 e,	 podem	 acreditar,	 o
marido	é	uma	nova	criatura	em	Cristo.	A	esposa	parou	de	sofrer	maus-tratos	e
agora	 está	 casada	 com	 um	 homem	 de	 Deus.	 Foi	 a	 obediência	 da	 esposa	 à
vontade	 de	 Deus	 que	 fez	 com	 que	 Ele	 julgasse	 e	 tomasse	 a	 decisão	 de	 fazer
justiça	por	ela.
Este	 é	 apenas	 um	 exemplo	 do	 que	 eu	 chamo	 de	 “o	 ministério	 dos
maltratados”.	 Deus	 tem	 sempre	 um	 motivo	 para	 pedir	 que	 façamos	 isto	 ou
aquilo.	E,	quando	Ele	ordena	que	nos	afastemos	da	vingança	e	que	deixemos	que
Ele	 julgue,	 não	 é	 apenas	 por	 capricho;	 para	 Ele	 se	 sentir	 mais	 importante	 e
poderoso.	Nada	disso.	Deus	nunca	perde	tempo	com	futilidades.	Ele	vê	propósito
no	sofrimento	que	passamos	quando	somos	ofendidos.
Mas,	como	saber	a	forma	pela	qual	esse	processo	acontece?	Ou	quando
acontece?
Vamos	continuar	buscando	as	respostas	na	Palavra	de	Deus.
Bem-aventurados	os	Que	Sofrem
Quem	 não	 gosta	 de	 ser	 abençoado?	 À	 primeira	 vista,	 essa	 pergunta
parece	ser	boba,	mas	acontece	que	eu	já	vi	gente	que	acha	que	está	melhor	aos
olhos	de	Deus	se	não	receber	as	promessas	magníficas	do	céu!	Da	mesma	forma,
tendo	 a	 pensar	 que	 isso	 aconteceu	 também	 com	 Jesus	 em	 seu	 tempo,	 como
no	caso	do	enfermo	no	tanque	de	Betesda:
Jesus,	 vendo-o	 deitado	 e	 sabendo	 que	 estava	 assim	 há	muito	 tempo,
perguntou-lhe:	Queres	ser	curado?	(João	5.6)
Essa	pergunta	não	soa	estranha?	Parece	que	algumas	das	pessoas	que
Jesus	encontrava	não	queriam	o	que	Ele	tinha	a	oferecer.
Como	 foi	 mencionado	 antes	 neste	 livro,	 Deus	 não	 nos	 diz	 para	 não
“pagarmos	 o	 mal	 por	 mal”	 quando	 somos	 ofendidos	 sem	 oferecer	 em	 troca
grandes	 bênçãos.	 Para	 tanto,	 não	 podemos	 agir	 com	 mesquinharia	 quando	 se
trata	 do	 Deus	 Pai.	 Ele	 necessita	 de	 nossa	 obediência	 total,	 e	 nós	 devemos
oferecê-la	com	alegria,	porque	somos	seus	filhos	preciosos.	O	nosso	Pai	que	está
nos	 céus	 gosta	 de	 doar	 e	 oferecer,	 e	 deseja	 nos	 abençoar	 por	 suportarmos	 o
sofrimento	em	seu	nome.	O	apóstolo	Pedro	descreveu	o	que	acontecerá:
Não	pagando	mal	por	mal	ou	injúria	por	injúria;	antes,	pelo	contrário,
bendizendo,	pois	para	isso	mesmo	fostes	chamados,	a	fim	de	receberdes	bênção
por	herança.	(1	Pedro	3.9,	grifo	nosso)
Para	aqueles	de	nós	que	pregam,	ou	trabalham	no	ministério	do	corpo
de	Cristo,	é	 importante	 ter	atenção	para	não	clamarmos	quando	Deus	sussurra,
ou	 sussurrarmos	 quando	Deus	 clama.	 Em	 outras	 palavras,	 não	 cabe	 a	 nós	 dar
importância	para	o	que	Deus	considera	irrelevante,	nem	desmerecer	o	que	Deus
enaltece.	 Devemos	 gritar;	 e	 não	 sussurrar	 a	 verdade	 do	 versículo	 de	 1	 Pedro.
Nunca	devemos	esquecer	o	que	foi	prometido	aos	crentes:	se	sofrermos	pelo	que
é	certo	receberemos	as	bênçãos	do	nosso	Pai.
Os	motivos	principais	pelos	quais	Deus	nos	diz	para	nos	submetermos
às	 situações	 difíceis	 e	 não	 fazermos	 justiça	 com	 as	 próprias	 mãos	 são	 dois.
Primeiro,	 damos	 lugar	 ao	 julgamento	 justo	 de	 Deus.	 Segundo,	 somos
abençoados.	Pedro,	ao	citar	o	Salmo	34	de	Davi,	acrescentou	os	detalhes:
Quem	quer	amar	a	vida	e	ver	dias	felizes	refreie	a	língua	do	mal	e	evite
que	os	seus	lábios	falem	dolorosamente;	aparte-se	do	mal,	pratique	o	que	é	bom,
busque	a	paz	e	empenhe-se	por	alcançá-la.	Porque	os	olhos	do	Senhor	repousam
sobre	os	justos,	e	os	seus	ouvidos	estão	abertos	às	suas	súplicas,	mas	o	rosto	do
Senhor	está	contra	aqueles	que	praticam	males.	(1	Pedro	3.10-12)
Em	 outras	 palavras:	 quando	 somos	 insultados,	 devemos	 abençoar;
quando	a	 autoridade	nos	maltrata,	 devemos	abençoar.	Pois	 assim	 seremos	nós,
também,	abençoados	pelo	Pai!	Com	isso,	da	próxima	vez	que	alguém	nos	tratar
mal,	 principalmente	 se	 for	 uma	 pessoa	 com	 autoridade	 sobre	 nós,	 devemos
espalhar	a	boa	notícia:
–	Deus	 vai	 derramar	 bênçãos	 na	minha	 vida.	Aguardo	 feliz	 pelo	 que
Ele	vai	fazer!
Por	 outro	 lado,	 quando	 faltamos	 e	 não	 reagimos	 da	 forma	 correta	 à
injustiça,	algo	de	bom	que	Deus	separou	para	a	nossa	vida	não	irá	acontecer,	até
aprendermos	a	agir	do	jeito	certo.	Será	que	conseguimos	nos	lembrar	de	quantas
bênçãos	 deixamos	 de	 receber	 porque	 “fazemos	 justiça	 com	 as	 próprias
mãos”,	ou	“acertamos	as	contas”	ou	“damos	o	 troco”?	Quanto	 lamento	haverá
no	 céu	 no	 dia	 do	 julgamento	 quando	 descobrirmos	 a	 quantidade	 de	 vezes	 que
não	soubemos	lidar	com	as	ofensas	adequadamente?
A	colheita	de	Deus
É	preciso	fazer	a	colheita	do	corpo	de	Cristo	para	conseguir	ver	o	reino
de	 Deus	 se	 expandir	 de	 forma	 poderosa	 na	 Terra.	 Isto	 é,	 Deus	 quer	 que	 nós
colhamos	as	bênçãos	que	Ele	semeia.
Eu	preciso	da	sua	colheita!	E	você	precisa	da	minha!	Por	conseguinte,
se	 cada	crente	 colher	 a	parte	que	Deus	 reservou,	o	 reino	como	um	 todo	 irá	 se
expandir,	o	que	inclui,	certamente,	a	salvação	das	almas	de	todos	nós!	É	isso	que
Deus	quer.	Da	mesma	forma,	não	seria	concebível	estarmos	diante	do	trono	de
Deus	no	céu	e	ter	de	ouvi-lo	dizer:
–	Eu	separei	uma	grande	plantação	para	você,	mas,	como	você	não	quis
colher,	veja	o	 tanto	de	gente	que	não	conseguiu	entrar	no	céu!	Veja	o	 tanto	de
bênçãos	que	você	poderia	ter	tido	e,	com	elas,	ter	ajudado	muitas	pessoas.	Foram
bênçãos	sociais,	intelectuais,	financeiras...
Faz	parte	do	plano	de	Deus	abençoar	todas	as	partes	da	nossa	vida	-	o
espírito,	 a	 alma,	 o	 corpo,	 a	 inteligência,	 o	 trabalho,	 as	 finanças,	 entre	 tantas
outras.	E	a	colheita	 sempre	 faz	aumentar	não	 só	para	a	pessoa	que	colhe,	mas
para	todos.	O	começo	de	tudo	isso	já	estava	na	promessa	que	Deus	fez	a	Abraão:
Abençoarei	 os	 que	 te	 abençoarem	 e	 amaldiçoarei	 os	 que	 te
amaldiçoarem;	em	ti	serão	benditas	todas	as	famílias	da	Terra.	(Gênesis	12.3)
Deus	disse	a	Abraão	que	a	 recompensa	por	 sua	obediência	 seria	uma
bênção	pessoal,	mas	que	 iria	 também	se	 estender	 a	 todas	 as	 famílias	da	Terra.
Até	os	dias	de	hoje	ainda	recebemos	as	bênçãos	do	nosso	patriarca	Abraão.	Isso
tudo	 porque	 ele	 obedeceu!	 Deus	 abençoa	 de	 inúmeras	 formas;	 pode	 ser
com	sabedoria,	com	dinheiro,	etc.
Toda	boa	dádiva	e	todo	dom	perfeito	são	lá	do	alto,	descendo	do	Pai
das	 luzes,	 em	quem	não	pode	 existir	 variação	ou	 sombra	de	mudança.	 (Tiago
1.17)
Vejamos	a	bênção	de	João	Batista:	ele	não	era	um	homem	de	posses,	ao
contrário;	vivia	no	deserto,	vestia	peles	de	animais	e	comia	gafanhotos.	Porém,
quando	falava,	seus	dons	de	profecia	 lhe	conferiam	a	mais	alta	autoridade.	Foi
dele	a	honra	de	batizar	o	nosso	Salvador.	Assim	Jesus	o	descreveu:	"em	verdade
vos	 digo:	 entre	 os	 nascidos	 de	mulher,	 ninguém	 apareceu	maior	 do	 que	 João
Batista"	(Mateus	11.11).	E	João	Batista	fez	sua	colhei-la,	por	isso,	desde	então,
muitas	vidas	estão	sendo	mudadas.
Vejamos	 a	 bênção	 de	 José	 de	 Arimatéia:	 ele	 foi	 agraciado	 com	 a
fortuna	e	usou	dela	para	comprar	o	túmulo	onde	o	Senhor	Jesusfoi	colocado.	E
aí	foi	o	local	onde	aconteceu	a	Ressurreição!	José	de	Arimatéia	fez	sua	colheita	e
muitas	 vidas	 ainda	 estão	 sendo	 influenciadas	 por	 isso.	 Todos	 nós
recebemos	 dons	 diferentes	 e	 a	 colheita	 vem,	 em	 geral,	 como
consequência	desses	dons.
Na	 minha	 vida,	 pessoalmente,	 já	 reparei	 que	 quanto	 mais	 Deus	 me
abençoa,	 mais	 eu	 consigo	 mudar	 a	 vida	 de	 outras	 pessoas.	 O	 mesmo	 deve
acontecer	 com	 você.	 Por	 exemplo,	 quem	 é	 empresário	 e	 foi	 insultado,
provavelmente	 colherá	 as	 suas	 bênçãos	 através	 de	 boas	 oportunidades	 nos
negócios.	 E	 assim	 poderá	 ajudar	 muitas	 pessoas.	 Nós	 os	 cristãos
devemos	despertar	para	nos	 tornarmos	quem	realmente	somos:	os	herdeiros	do
Rei!	Jesus	é	o	Rei	sobre	todos	os	reis,	e	não	o	rei	da	miséria.
Por	que	tantas	pessoas	que	não	são	de	Deus	têm	vidas	privilegiadas	no
mundo?	Por	que	atores,	políticos,	empresários,	magnatas	e	atletas	 têm	a	maior
influência	 nos	 dias	 de	 hoje?	 Será	 que	 é	 porque	 os	 cristãos	 não	 estão	 se
apropriando	das	bênçãos	que	Deus	nos	 reservou	para	 fazermos	a	colheita	mais
farta?	 Deus	 sempre	 nos	 concede	 o	 que	 é	 necessário	 para	 fazermos	 a	 nossa
colheita.	Abraão	 precisou	 de	 gado,	 prata	 e	 ouro	 porque	 tinha	 uma	 nação	 para
construir.	 Davi	 precisou	 de	 prata	 porque	 iria	 tomar	 conta	 da	 nação.	 Elias	 não
precisava	 de	 riquezas,	 pois	 tinha	 a	 inspiração	 de	Deus	 e	 um	 papel	 diferente	 a
cumprir.	Quando	Deus	 nos	 unge,	Ele	 nos	 concede	 a	 bênção	 na	 parte	 da	 nossa
vida	que	está	relacionada	ao	nosso	chamamento.	Por	isso
Deus	quer	que	usemos	todo	o	corpo	de	Cristo	para	a	colheita.	Por	isso
Deus	criou	os	líderes,	os	benfeitores,	os	mestres,	os	auxiliares,	entre	outros.
A	bênção	de	Lucas
Agora,	eu	gostaria	de	compartilhar	uma	história	da	qual	fui	testemunha
e	que	mostra	como	Deus	concede	as	bênçãos	conforme	o	nosso	comportamento
diante	 das	 ofensas.	Ela	 ilustra,	 igualmente,	 a	 bênção	 depositada	 sobre	 o	 nosso
chamamento.	Nesse	caso,	foi	um	administrador,	abençoado	na	área	dos	negócios.
Todos	nós	recebemos	dons	diferentes	e	a	colheita	vem,	em	geral,	como
consequência	destes	dons.
Eu	tenho	um	amigo	chamado	Al	Brice,	que	é	pastor.	Faz	alguns	anos,
ele	 tomava	conta	de	uma	igreja	na	cidade	de	Dallas	e	 também	pregava	sobre	a
verdade	poderosa	de	1	Pedro	-	como	reagir	corretamente	às	ofensas.	Certo	dia,
após	 o	 culto	 de	 domingo	 de	 manhã,	 um	 dos	 membros	 da	 igreja	 chamado
Lucas	foi	até	ele	com	um	problema:
–	Pastor	Brice,	eu	sou	analista	de	uma	companhia	de	seguros	bastante
grande.	Não	faz	muito	tempo,	surgiu	uma	vaga	de	gerente	para	a	qual	eu	tinha	o
perfil.	Todos	na	empresa	comentavam	que	eu	tinha	todas	as	qualificações	para	a
vaga.	E,	de	fato,	eu	realmente	a	merecia.	Mas,	a	diretoria	decidiu	dar	a	vaga	para
outra	pessoa.
–	Mas,	por	quê?	-	Perguntou	o	pastor	Brice.
–	Foi	porque	eu	sou	negro	e	o	outro	funcionário	é	branco.
Pastor,	infelizmente,	foi	por	discriminação.	E	há	como	provar.	Eu	posso
até	 entrar	 na	 justiça	 que	 será	 causa	 ganha.	Na	 verdade,	 já	 estava	 pensando	 na
semana	que	vem	entrar	em	contato	com	o	advogado.	Mas,	agora	que	o	senhor
pregou	sobre	a	forma	de	reagir	às	ofensas,	fiquei	um	pouco	na	dúvida.
O	pastor	Brice	disse:
–	Você	quer	resolver	as	coisas	do	seu	jeito,	ou	deixar	para	Deus	fazer
justiça?
Sem	hesitar,	Lucas	respondeu:
–	Deixar	para	Deus	fazer	justiça.	O	senhor	poderia	orar	comigo?
–	Claro.
Assim,	curvaram	a	cabeça	e	entregaram	o	problema	de	Lucas	nas	mãos
de	Deus,	que	sempre	julga	com	justiça.
No	dia	seguinte,	Lucas	foi	trabalhar	e	decidiu	ir	até	o	homem	que	havia
ficado	com	o	cargo	de	gerente.	Chegando	lá,	estendeu	a	mão	para	cumprimentá-
lo	com	um	sorriso	estampado	no	rosto:
–	Parabéns	pela	promoção!	Queria	 também	aproveitar	a	oportunidade
para	dizer	que	pode	contar	comigo.	Eu	vou	ser	o	seu	melhor	empregado.
Dá	para	imaginar	como	esse	outro	homem	ficou	desconfortado,	porque
ele	 também	sabia	que	a	promoção	 tinha	sido	dada	para	a	pessoa	errada?	Se	as
coisas	tivessem	seguido	o	curso	natural,	e	não	houvesse	discriminação	por	causa
da	 cor	 da	 pele,	 Lucas	 iria	 estar	 naquela	 sala	 como	 o	 chefe,	 e	 não
como	subordinado.
Muito	 tempo	 se	 passou,	 mas	 nada	 aconteceu.	 O	 julgamento	 e	 a
providência	de	Deus	vêm	sempre	no	tempo	certo,	que	é	o	tempo	da	vontade	do
Senhor.	 E,	 frequentemente	 demora	 mais	 do	 que	 nós	 queríamos.	 Mas	 Lucas
jamais	 pensou	 que	 tivesse	 errado	 em	 deixar	 o	 problema	 nas	mãos	 do	 Senhor.
Continuou	 fazendo	 a	 sua	 parte;	 trabalhando	 muito	 e	 com	 alto	 nível	 de
desempenho.
Então	 um	 dia	 o	 telefone	 de	 Lucas	 tocou.	 Era	 uma	 pessoa	 de	 uma
companhia	de	seguros	multinacional	que	 tinha	uma	filial	em	Dallas.	O	homem
da	outra	empresa	disse:
–	Nós	temos	observado	como	você	trabalha	com	os	clientes	que	temos
em	 comum.	 Ficamos	 todos	 muito	 impressionados.	 Será	 que	 você	 não	 tem
interesse	de	vir	trabalhar	conosco?
Mas	Lucas	respondeu	imediatamente.
–	 Desculpe-me,	 mas	 eu	 não	 tenho	 interesse.	 Não	 é	 minha	 intenção
mudar	de	emprego	agora.	Faz	muitos	anos	que	eu	trabalho	nesta	empresa.	Tenho
uma	carteira	de	clientes	excelente,	além	de	muitos	benefícios.	Os	meus	clientes	e
colegas	de	trabalho	me	conhecem	e	sabem	como	eu	gosto	de	trabalhar.	Eu	estou
bem	 aqui.	 E	 não	 me	 agradaria	 ter	 de	 mudar	 tudo.	 Agradeço	 muito,	 mas	 no
momento	não	tenho	interesse.
O	homem	da	outra	seguradora	insistiu:
–	Entendo.	Mas,	por	favor,	vamos	marcar	um	almoço.	É	mais	para	nos
conhecermos	melhor.	É	sem	compromisso.
Lucas	foi	então	mais	incisivo:
–	Já	falei	que	não	tenho	interesse.
Mas	o	outro	homem	parecia	que	nem	estava	escutando:
–	Vamos	lá!	Vai	ser	só	um	almoço;	nada	mais.
Com	ar	de	frustração	na	voz,	Lucas	respondeu:
–	Tá	bom,	então.	Podemos	marcar	o	almoço.
Combinados	 dia	 e	 local,	 foram	 ao	 almoço.	 Chegando	 lá,	 Lucas
cumprimentou	o	homem	e	outros	colegas	deste	que	também	estavam	presentes.
Depois	de	pedirem	os	pratos,	um	dos	homens	da	outra	empresa	disse:
–	 Nós	 estamos	 acompanhando	 o	 seu	 trabalho	 e	 ficamos	 muito
impressionados	com	o	 jeito	que	 lida	com	suas	contas.	E	 todo	mundo	na	nossa
empresa	tem	comentado	que	seria	excelente	ter	você	trabalhando	conosco.
Mas	Lucas	continuava	firme.
–	Eu	já	tinha	falado	no	telefone	antes.	Eu	peço	que	me	desculpem,	mas
estão	perdendo	seu	tempo.	Não	é	minha	intenção	mudar	de	emprego	agora.	Eu
gosto	 de	 estabilidade.	 Tenho	 muitos	 benefícios	 -	 seguro	 saúde,	 transporte,
alimentação,	cota	de	estudos...	Sem	contar	que	aquela	empresa	é	onde	construí	a
vida.	Não	quero	largar	esse	emprego	agora.
–	Tudo	bem,	Lucas.	Nós	entendemos.	Mas	gostaríamos	de	propor	uma
coisa.	 Quando	 chegar	 a	 casa,	 converse	 com	 sua	 esposa.	 E	 vocês	 dois	 juntos
decidam	 um	 valor	 de	 salário	 que	 você	 gostaria	 de	 receber.	 E,	 daqui	 a	 uma
semana	 nós	 nos	 encontramos	 novamente	 e	 continuamos	 conversando.	 Pode
ser	assim?
Mesmo	sentindo	que	estava	indo	contra	sua	vontade,	Lucas	concordou
com	o	homem.	Foi	para	casa,	mas	sem	levar	nada	daquilo	muito	a	sério.	Ele	nem
tinha	 comentado	 com	 a	 esposa	 sobre	 a	 proposta,	 a	 não	 ser	 no	 dia	 anterior,
quando	 disse	 que	 iria	 almoçar	 com	 aquelas	 pessoas.	 Conversando	 sem	 muito
interesse	no	assunto	com	a	esposa,	ele	disse:
–	Não	é	minha	intenção	mudar	de	emprego	agora.	Mas	eles	querem	que
a	gente	pense	um	valor	para	o	salário.	Como	eu	já	estou	cansado	dessa	história,
estava	 pensando	 de	 a	 gente	 lazer	 assim:	 vou	 escrever	 uma	 carta	 colocando	 a
minha	intenção	salarial.	E	colocar	um	valor	absurdo.	Vou	propor	um	salário	três
vezes	 maior	 do	 que	 o	 que	 ganho	 agora.	 O	 que	 você	 acha?	 Com	 certeza	 vai
acabar	com	essa	história	de	uma	vez.
Então,	 após	 Lucas	 e	 a	 esposa	 conversarem	 sobre	 os	 detalhes,	 ele
escreveu	a	carta.	Vale	lembrar	que	ele	já	ganhava	bem	na	empresa	onde	estava
trabalhando.	E,	por	isso,	pedir	três	vezes	mais	era,	de	fato,	perda	de	tempo.	Na
semana	seguinte,	todos	se	encontraramnovamente	para	o	almoço.	Após	pedirem
a	 comida,	 o	 gerente	 da	 multinacional	 perguntou	 se	 Lucas	 havia	 pensado	 em
valores.
–	Pensei.	-	Respondeu.
Então	tirou	a	carta	do	bolso,	mas	o	outro	homem	não	o	deixou	entregar.
–	Não,	não.	Nós	nem	queremos	ver	o	valor	que	você	escreveu.	Antes,
queremos	mostrar	o	que	pretendemos	oferecer.
Então	o	homem	pegou	um	documento	com	a	proposta	e	colocou	sobre
a	mesa.	Lucas	pegou	o	papel	e,	após	ler	as	primeiras	linhas,	quase	desmaiou.	O
salário	 era	 quatro	 vezes	 o	 valor	 que	 ele	 estava	 atualmente	 recebendo!	 Lucas
ficou	tão	chocado	que	perdeu	a	fala.	E	nada	fez	além	arregalar	os	olhos.
Foi	então	que	os	homens	da	seguradora	não	entenderam	a	expressão	de
espanto	no	rosto	de	Lucas	e	concluíram	que	a	oferta	ainda	não	estava	boa.	Então
propuseram,	 como	 a	 oferta	 final,	 dobrar	 o	 valor	 que	 estava	 na	 proposta	 do
documento	 e	 acrescentar	mais	 benefícios!	Nessa	 hora,	Lucas	 quase	morreu	 do
coração.	Mas,	tentando	manter	a	compostura:
–	 Senhores,	 -	 disse	 quase	 perdendo	 o	 fôlego	 -	 por	 enquanto	 não
gostaria	 de	 comentar	 a	 oferta.	Eu	 sou	 cristão,	 e	 gostaria	 de	 levar	 sua	 proposta
para	 casa	 e	 orar	 junto	 com	minha	 esposa	 antes	 de	 tomar	 a	 decisão.	 Entro	 em
contato	o	mais	rápido	possível.
–	Claro,	não	tem	problema.	Fique	à	vontade.	-	Disseram	os	outros.
Lucas	correu	para	casa	o	mais	 rápido	que	pôde	e,	ao	chegar,	 foi	 logo
contando	à	esposa.	Eles	oraram	e	o	Espírito	de	Deus	lidou	com	os	dois:
-	Meus	filhos,	vocês	colocaram	o	problema	de	Lucas	em	minhas	mãos.
E	eu	fiz	justiça!	A	sua	promoção	veio	pelas	minhas	mãos!	Aceite!
Hoje	 em	dia,	 passados	mais	 de	 vinte	 anos	 desse	 episódio,	Lucas	 não
mora	 mais	 em	 Dallas.	 Agora	 ele	 é	 um	 dos	 principais	 gerentes	 da	 seguradora
multinacional	 na	matriz	 da	 companhia.	Esta	 empresa	 é	 dezena	de	 vezes	maior
que	 aquela	 em	 que	 o	 Lucas	 trabalhava	 antes,	 onde	 havia	 sido	 maltratado
e	discriminado,	e	por	isso	nunca	recebeu	a	promoção	que	era	justa.
Então,	qual	é	a	conclusão	dessa	história?	É	claro	que	Lucas	tinha	todo
o	direito	de	se	defender.	Tinha	até	como	levar	o	caso	para	a	justiça.	O	fato	de	ter
sido	vítima	de	racismo	é	muito	grave.	Contudo,	ele	escolheu	entregar	o	caso	nas
mãos	 de	 Deus.	 E	 por	 isso	 está	 onde	 chegou	 hoje.	 E	 só	 assim	 colheu	 as
bênçãos	maravilhosas	de	sua	vida!
Eu	 já	vi,	 infelizmente,	muitos	casos	em	que	as	pessoas	resolveram	se
vingar	com	as	próprias	mãos.	Algumas	delas	conseguiram	fazer	 justiça	e	dar	o
troco;	mas	 os	 seus	 espíritos	 nunca	mais	 foram	os	mesmos.	Essas	 experiências
deixam	marcas	que,	de	acordo	com	a	Bíblia,	 impedem	que	colham	as	bênçãos
que	Deus	reservou	para	elas.	Portanto,	é	sempre	melhor	agir	conforme	a	vontade
de	Deus.	Exatamente	como	fez	Lucas.	Cabe	a	nós	passar	a	enxergar	a	nossa	vida
a	partir	do	ponto	de	vista	de	Deus:	nada	acontece	sem	que	Ele	permita.	Se	Ele
conhece	cada	lio	de	cabelo	e	cada	célula	do	nosso	corpo,	será	possível	que	Lie
não	 vai	 saber	 quando	 alguém	 nos	 ofendeu?	 Vai	 sim!	 Deus	 protege
poderosamente	as	pessoas	que	deixam	para	Ele	resolver	os	problemas	de	ofensas
e	maus-tratos.
Vamos	voltar	ao	que	Pedro	escreveu:
Ora,	quem	é	que	vos	há	de	maltratar	se	fordes	zelosos	do	que	é	bom?
(1	Pedro	3.13).
Nessa	 passagem,	 Pedro	 diz	 que	 quando	 nós	 acreditamos	 e	 a	 nossa
crença	 entra	 no	 nosso	 espírito	 e	 passamos	 a	 viver	 como	 crentes,	 quem	poderá
nos	causar	qualquer	mal?	Como	alguém	pode,	de	fato,	tirar	proveito	ou	ofender
aqueles	que	creem	em	Jesus	Cristo?	O	máximo	que	vai	acontecer	é	que	estão	nos
ajudando	a	conseguir	bênçãos!	Louvado	seja	o	Senhor	Deus!
É	 por	 esse	 motivo	 que	 Jesus	 disse	 aos	 discípulos	 que	 se	 alguém
quisesse	 sua	 túnica,	 deveriam	 entregar	 também	 a	 capa;	 e	 se	 obrigassem	 andar
uma	milha,	 andariam	 duas.	Mas	 claro	 que	 esse	 pensamento	 era	 radical	 para	 a
época,	 especialmente	para	a	mentalidade	 judaica,	que	havia	aprendido	a	 lei	do
olho	por	olho.	Mas	Jesus	é	o	Senhor.	E	conhece	a	verdade.	É	esse	tipo	de	vida
que	Deus	quer.
Cabe	a	nós	passara	enxergara	nossa	vida	a	partir	do	ponto	de	vista	de
Deus.	Nada	acontece	sem	que	Ele	permita.
Meus	amigos,	nós	podemos	escolher	viver	uma	vida	na	Terra	na	qual
ninguém	terá	coragem	de	nos	aborrecer.	Mas,	podemos	escolher	também	manter
o	coração	de	servos.	O	servo	oferece	sem	ser	obrigado.	Ele	não	paga	a	ninguém
mal	por	mal.
A	quem	nos	 tenta	 ofender	 não	 consegue.	Não	vamos	 ser	 escravos	 da
lógica	do	mundo.	Mas	ser	alguém	melhor:	servos,	assim	como	Jesus	também	foi
servo.	Assim	 seremos	 livres;	mais	 livres	 para	 andar	 no	 poder	 de	Deus,	muito
mais	que	antes.	Ao	pregar	esta	verdade,	gostaria	que	todos	dissessem	Amém’!	E
dizer	com	todo	o	entusiasmo!
Agir	Com	Superioridade	Sobre	as	Ofensas
Acho	que	 todos	nós	concordamos	que	um	dos	principais	objetivos	de
todo	cristão	é	amadurecer	e	se	tornar	adulto	na	fé!	A	Bíblia	é	muito	clara	neste
ponto.	Delongar-se	na	infância	espiritual	não	é	positivo.	Por	outro	lado,	crescer
para	 se	 tornar	 um	 filho	 de	 Deus	 amadurecido	 é	 o	 que	 o	 Senhor	 espera	 de
cada	um	de	nós	crentes.	E,	como	era	de	se	esperar,	as	ofensas	e	os	maus-tratos
são	 uma	 das	 principais	 táticas	 que	Deus	 usa	 para	 nos	 ajudar	 a	 nos	 tornarmos
adultos	espiritualmente.	Mais	uma	vez,	Pedro	nos	explica	como	isso	funciona:
Ora,	 tendo	Cristo	sofrido	na	carne,	armai-vos	também	vós	do	mesmo
pensamento;	pois	aquele	que	sofreu	na	carne	deixou	o	pecado.	(1	Pedro	4.1)
Outra	 forma	 de	 falar	 “deixou	 o	 pecado”	 é	 “alcançou	 a	 maturidade
espiritual	 completa”.	 A	 Bíblia	 descreve	 os	 diferentes	 estágios	 e	 níveis	 do
crescimento	 espiritual,	 que,	 por	 sua	 vez,	 são	 espelhados	 pelo	 que	 acontece	 no
mundo	 físico.	 Todos	 nós	 começamos	 a	 vida	 como	 bebês,	 que	 são	 totalmente
dependentes	dos	cuidados	das	outras	pessoas.	Na	condição	de	bebês	renascidos
em	 Cristo,	 devemos	 desejar	 “ardentemente,	 como	 crianças	 recém-nascidas,	 o
genuíno	 leite	 espiritual,	 para	 que,	 por	 ele,	 vos	 seja	 dado	 crescimento	 para	 a
salvação”	(1	Pedro	2.2).
Nada	 há	 de	 errado	 em	 querer	 o	 leite	 espiritual	 para	 um	 bebê.	 Na
verdade,	é	esse	o	alimento	perfeito,	uma	vez	que,	na	tenra	idade,	é	tudo	o	que	o
sistema	digestivo	 consegue	 absorver.	Contudo,	 em	algum	momento,	 todo	bebê
precisa	 parar	 de	mamar	 e	 passar	 a	 se	 alimentar	 de	 comida	 sólida.	Aí	 também
a	Bíblia	fala:	“para	que	não	mais	sejamos	como	meninos,	agitados	de	um	lado
para	outro	e	 levados	ao	redor	por	 todo	vento	de	doutrina,	pela	artimanha	dos
homens,	 pela	 astúcia	 com	 que	 induzem	 ao	 erro”	 (Efésios	 4.14).	 Por	 fim,	 as
Escrituras	 completam:	 “mas	 o	 alimento	 sólido	 é	 para	 os	 adultos,	 para	 aqueles
que,	pela	prática,	têm	as	suas	faculdades	exercitadas	para	discernir	não	somente
o	bem,	mas	também	o	mal”	(Hebreus	5.14).
Apesar	 das	 semelhanças,	 eu	 gostaria,	 porém,	 de	 apontar	 algumas
diferenças	 entre	 o	 crescimento	 físico	 e	 o	 espiritual.	 Estando	 as	 funções
biológicas	intactas,	o	crescimento	do	corpo	físico	se	dá,	em	primeiro	lugar,	em
função	do	tempo.	Não	existem	bebês	com	l,70m	de	altura,	para	crescer	tanto,	é
preciso	pelo	menos	uns	quinze	anos.
Já	 o	 crescimento	 intelectual	 é	 diferente	 do	 crescimento	 físico.	 Uma
pessoa	pode	ser	ainda	jovem	e	aprender	muitas	coisas.	Algumas	pessoas,	ainda
criança,	apresentam	até	mesmo	traços	de	genialidade.	Existem	casos	de	pessoas
que	se	 formaram	na	escola	e	entraram	para	a	 faculdade	antes	dos	quinze	anos.
Por	outro	 lado,	há	pessoas	que	não	 tiveram	a	oportunidade	de	 ir	 à	 escola	e,	 já
adultas,	ainda	não	conseguiram	tirar	um	diploma.
Assim,	o	desenvolvimento	 intelectual	não	se	dá	em	função	do	tempo,
mas	 em	 função	 do	 acúmulo	 de	 conhecimento.	 Todos	 nós	 começamos	 no
primeiro	 ano,	 depois	 passamos	 para	 o	 segundo,	 e	 assim	 por	 diante	 até	 nos
formarmos.	Mas,	se	a	pessoa	exibe	o	conhecimento	sobre	o	conteúdo	ela	pode
pular	algum	ano	e	ir	para	uma	turma	maisavançada.
Diferente	 ainda	 do	 crescimento	 físico	 ou	 intelectual	 é	 o	 crescimento
espiritual.	 Ele	 é	 único.	O	 crescimento	 espiritual	 não	 é	 uma	 questão	 de	 tempo.
Existem	pessoas	que	renasceram	em	Cristo	há	pouco	tempo,	mas	já	são	altas	no
mundo	 espiritual,	 enquanto	 outras	 pessoas	 são	 cristãs	 há	 décadas	 e,
espiritualmente,	ainda	usam	fraldas	e	tomam	mamadeira.	E,	em	geral,	são	as	que
mais	“choram”	 na	 igreja,	 fazendo	os	 seus	 pastores	 perderem	muitas	 noites	 de
sono!
O	 crescimento	 espiritual	 tampouco	 é	 apenas	 uma	 questão	 de
conhecimento.	 Quando	 Jesus	 veio	 à	 Terra,	 os	 sábios	 da	 religião,	 os	 fariseus,
conheciam	muito	de	Deus	e	das	Escrituras	Sagradas.	A	maioria	deles	 sabia	de
cor	 os	 primeiros	 cinco	 livros	 da	Bíblia.	 Porém,	 nada	 nessa	 vasta	 sabedoria	 os
ajudou	 a	 reconhecer	 o	Filho	de	Deus	mesmo	quando	o	Senhor	 estava	 frente	 a
frente	com	eles.
Esse	 mesmo	 problema	 acontece	 hoje	 em	 dia.	 Existem	 pessoas	 que
passaram	pela	escola	bíblica	e	pelos	seminários,	estudaram	as	doutrinas,	 leram
todos	 os	 livros,	 deram	 aulas,	 e	 possuem	 um	 currículo	 impressionante	 em
teologia,	mas	muitos	 desses	 sábios	 não	 saberiam	 reconhecer	 o	 Espírito	 Santo,
nem	se	Ele	aparecesse	pintado	de	vermelho.
O	amadurecimento	espiritual	é	uma	questão	que	extrapola	o	tempo	e	o
conhecimento.	 Obviamente	 que	 Deus	 pode	 usar	 a	 educação	 e	 o	 tempo	 como
ferramentas	da	maturidade,	mas	eles	não	são	os	elementos	críticos.	Nós	vimos
em	 1	 Pedro	 4.1	 o	 que	 nos	 faz	 crescer	 em	 Deus;	 e	 nada	 mais	 é	 do	 que	 o
sofrimento.	Agora	caberia	perguntar:
-	Por	que,	então,	eu	conheço	algumas	pessoas	que	sofrem,	no	entanto
são	imaturas?
Isso	 acontece	 porque	 ainda	 há	 outro	 ingrediente	 crucial	 para	 o
crescimento.	Esse	pode	ser	encontrado	em	Hebreus	5.8.
Embora	sendo	Filho,	aprendeu	a	obediência	pelas	coisas	que	sofreu.
Jesus	 era	 totalmente	 Deus	 e	 totalmente	 homem,	 mas	 Ele	 veio	 como
Filho	de	Deus,	e	por	isso	precisava	aprender	o	que	significava	obedecer	ao	Pai
aqui	 da	Terra.	E	 como	 então	 conseguimos	 crescer	 espiritualmente?	Crescemos
espiritualmente	 quando	 somos	 maltratados,	 insultados,	 perseguidos	 e	 ainda
assim	escolhemos	obedecer	ao	Senhor.
Ora,	é	fácil	obedecer	quando	o	sol	está	brilhando,	quando	estamos	na
igreja	 com	 a	 nossa	 família	 e	 os	 nossos	 amigos,	 quando	 estamos	 em	 um
congresso	ou	retiro	cristão	em	um	excelente	hotel-fazenda.	Quando	todo	mundo
gosta	de	nós,	a	vida	é	ótima;	logo,	ser	obediente	passa	a	ser	tão	natural	quanto
respirar.
Mas,	 quando	 chega	 a	 tempestade,	 quando	 somos	 insultados,	 quando
perdemos	 o	 emprego,	 os	 amigos	 nos	 traem,	 tudo	 dá	 errado	 e,	 mesmo	 assim,
escolhemos	 obedecer	 e	 abençoar	 os	 nossos	 inimigos,	 então	 esse	 tipo	 de
obediência	conta	muito.
Mas	muitos	desses	 sábios	não	saberiam	reconhecer	o	Espírito	Santo,
nem	se	Ele	aparecesse	pintado	de	vermelho.
Assim	como	nós	perdoamos
Existe	um	problema	em	nossa	vida	que,	 talvez	mais	do	que	qualquer
outro,	 possa	 se	 tornar	 um	 grande	 obstáculo	 no	 caminho	 do	 amadurecimento.
Pode,	 igualmente,	 interferir	 na	 nossa	 capacidade	 de	 reagir	 com	 bênçãos	 às
pessoas	que	nos	ofendem.	Esse	problema	é	a	falta	de	perdão.
Falando	honestamente,	existem	muitas	situações	na	vida	em	que	fomos
ofendidos	e	que	estão	mal	 resolvidas.	Por	 isso,	o	nosso	espírito	nunca	se	sente
em	paz.	Mesmo	quando	 a	 intenção	 é	 obedecer	 totalmente	 a	Deus	 e	 não	 pagar
“mal	 por	mal”,	 a	 dor	 da	 ofensa	 ainda	 resiste	 em	morar	 em	 nosso	 coração.	 É
nesse	momento	que	temos	de	fazer	o	que	Jesus	nos	pediu:	perdoar.
Eu	não	sei	exatamente	o	porquê	de	isso	ser	tão	importante	para	Deus;
só	sei	que	é.	E	eu	sei	que	existe	muito	pouco	poder	espiritual	na	vida	de	quem
guarda	 rancor	 de	 toda	 e	 qualquer	 ofensa.	 Igualmente,	 reagir	 da	 forma	 certa	 às
injustiças	 não	 é	 só	 um	 exercício	 de	 comportamento.	 Exige	 profundidade
espiritual,	deve	proceder	do	coração	e,	pela	sua	própria	constituição,	precisa	que
nós	perdoemos.	Exatamente	como	Jesus,	nós	temos	de	dizer:
-	Perdoai,	porque	eles	não	sabem	o	que	fazem.
Eis	 a	 chave	 para	 não	 precisarmos	 nunca	 mais	 fazer	 justiça:	 perdoar.
Então,	como	podemos	fazer	para	perdoar	até	a	ofensa	mais	grave?	Com	a	ajuda
de	Deus,	vamos	alcançar	um	estágio	no	qual	primeiro	entendemos	como	somos
perdoados.
O	nosso	pecado	-	o	meu	e	o	seu	-	precisou	da	morte	de	Jesus	na	cruz
para	 que	 fosse	 perdoado.	 Somos	 culpados	 de	 todos	 os	 pecados	 possíveis,
incluindo	a	execução	injusta	do	Filho	de	Deus.	Por	esse	pecado,	a	sentença	é	a
aflição	eterna	no	inferno.	No	entanto,	se	Deus	pode	perdoar	todos	esses	crimes,
então	 não	 há	 nada	 -	 e	 nunca	 é	 o	 bastante	 repetir	 -	 nada	 que	 não	 possamos
perdoar.	Muita	misericórdia	foi	dada	a	nós.	E,	a	nós	cabe,	em	obediência	e	em
amor,	levar	dessa	mesma	misericórdia	aos	outros.
Eis	a	chave	piara	não	precisarmos	nunca	mais	fazer	justiça:	perdoar.
Armai-vos	também
Quando	a	Bíblia	diz	que	todos	os	que	sofreram	na	carne	"deixaram	o
pecado”,	isso	significa	que	tais	pessoas	não	estão	mais	amarradas	pelos	pecados
do	nosso	dia-a-dia.	Aqui	está,	mais	uma	vez,	a	apresentação	feita	por	Pedro.
Ora,	 tendo	Cristo	sofrido	na	carne,	armai-vos	 também	vós	do	mesmo
pensamento;	pois	aquele	que	sofreu	na	carne	deixou	o	pecado.	(1	Pedro	4.1)
Deu	para	reparar	a	primeira	palavra,	“ora”7.	Na	Bíblia	ela	é	recorrente
e	 quer	 dizer:	 “prepare-se:	 o	 que	 vem	 a	 seguir	 é	 a	 conclusão	 do	 que	 foi	 dito
antes”.	 Pedro	 dedicou	 três	 capítulos	 de	 sua	 epístola	 à	 explicação	 de	 como
devemos	reagir	às	ofensas	e	de	como	suportar	o	sofrimento;	por	fim,	nos	deu	no
versículo	 1,	 do	 capítulo	 4,	 a	 conclusão.	 Essa	 é	 uma	 verdade	 poderosa
e	 revigorante.	 Pedro	 começa	 dizendo:	 “tendo	 Cristo	 sofrido	 na	 carne”.	 Como
será	 que	 Cristo	 sofreu	 na	 carne?	 Para	 começar,	 Ele	 foi	 constantemente
injustiçado	(no	capítulo	3	estão	outras	explicações)!	Na	sequência,	Pedro	nos	diz
que	 isso	 é	 o	 que	 nós	 também	 devemos	 suportar;	 precisamos	 nos	 “armar”	 e
ficar	preparados	para	o	sofrimento.
Nós	 discutimos	 antes,	 que	 isso	 faz	 parte	 do	 nosso	 chamamento.
Falando	abertamente,	desde	que	me	tornei	Cristão,	a	minha	vida	 tem	sido	uma
tribulação	após	a	outra.	Em	muitos	aspectos,	a	vida	antes	era	bem	mais	fácil.	O
problema	é	que	eu	estava	cego	para	a	verdade,	pois	antes	de	conhecer	Jesus,	era
prisioneiro	do	Diabo.
O	que	é	melhor	para	 a	nossa	vida?	Ser	prisioneiro	de	guerra,	 recluso
em	uma	jaula,	com	as	mãos	amarradas?	Ou	ser	 livre	e	 lutar	na	guerra	contra	o
mal	que	faz	tantos	prisioneiros?
Quem	está	no	campo	de	prisioneiros,	prisioneiro	é;	quem	leva	 tiro	na
frente	de	batalha	é	livre.	Quando	eu	estava	no	mundo	e	não	era	um	crente,	era
prisioneiro	e	quase	não	tinha	tribulações	na	vida.	Agora	que	sou	livre,	adivinha
quantos	tiros	vêm	em	minha	direção	todos	os	dias?	Eu	sei	que	você	também	está
na	linha	de	fogo	do	inimigo.	A	vida	do	cristão	é	assim!	Mas	nós	precisamos	ser
fortes	e	lutar!
O	sofrimento	que	Jesus	passou	-	como	explica	Pedro	-foi	a	injustiça	das
pessoas	 na	 posição	 de	 autoridade,	 mas	 também	 de	 muitas	 outras	 pessoas.
Repetidas	 vezes	 Ele	 foi	 ofendido	 e	 acusado,	 mas	 não	 procurou	 se	 defender.
Pedro	diz	que	devemos	nos	preparar	para	fazer	o	mesmo,	por	isso	devemos	nos
armar	também.
Na	 guerra	 contra	 o	 inimigo,	 as	 nossas	 tropas	 devem	 receber	 apoio	 e
suprimentos	para	vencer	cada	batalha.	Se	a	 linha	de	suprimentos	for	cortada,	a
derrota	 é	 certa.	Da	mesma	 forma,	 nenhum	 soldado	do	 exército	 de	Cristo	 pode
ser	 enviado	 à	 frente	 de	 batalha	 se	 não	 estiver	 armado.	 E,	 é	 exatamente	 este	 o
caso	da	injustiça.	Devemos	nos	armar	contra	ela.	Infelizmente,	muitos	não	fazem
assim!
Eu	 já	 preguei	 em	 igrejas	 por	 todo	 o	 mundo.	 Nas	 minhas	 andanças,
constatei	que	os	cristãos	não	 têm	aprendido	a	se	preparar	para	 reagir	contra	os
maus-tratos	 e	 o	 sofrimento.	A	 vida	 cristã	 possuimuitos	 benefícios,	mas	 ainda
assim	 é	 vida	 de	 soldado	 na	 guerra.	 E	 Deus	 ordena	 que	 façamos	 as
coisas	corretamente	para	a	sua	glória.	Portanto,	basta	alguma	coisa	acontecer	de
errado	 na	 batalha	 para	 que	 os	 cristãos	 que	 estão	 sem	 as	 armas	 adequadas	 se
firam,	fiquem	perdidos	e	entrem	em	estado	de	choque.	Em	lugar	de	saber	como
agir	 bem	 -	 igual	 a	 Jesus	 -	 eles	 agem	 mal.	 Nós,	 crentes,	 temos	 de	 nos
preparar,	 devemos	 nos	 armar	 com	 as	 informações	 adequadas	 e	 o	 poder	 do
Espírito,	para	que	quando	formos	injustiçados,	saibamos	como	agir	bem.
Quando	 eu	 estava	 no	mundo	 e	 não	 era	 um	 crente,	 era	 prisioneiro	 e
quase	não	tinha	tribulações	na	vida.	Agora	que	sou	livre,	adivinha	quantos	tiros
vêm	na	minha	direção	todos	os	dias?
Uma	 boa	 analogia	 com	 a	 preparação	 da	 vida	 cristã	 está	 na	 vida	 dos
pilotos	 de	 avião	 comercial.	 A	 cada	 seis	 meses,	 os	 pilotos	 passam	 por	 um
treinamento	no	simulador.	Os	simuladores	são	incríveis,	possuem	alta	tecnologia
e	são	muito	sofisticados.
Então,	 quando	 o	 piloto	 está	 no	 simulador,	 é	 como	 se	 ele	 estivesse	 a
bordo	 da	 aeronave.	 Todos	 os	 controles	 e	 equipamentos	 são	 os	 mesmos.	 Se	 o
piloto	olha	pela	janela	do	simulador,	é	como	se	estivesse	olhando	para	a	pista,	o
aeroporto,	 etc.	Quando	 está	 pilotando,	 é	 como	 se	 estivesse	 decolando,	 voando
ou	 aterrissando	 o	 avião	 de	 verdade.	 Também	 as	 condições	 naturais,	 como
tempestades	e	força	do	vento,	fazem	parte	da	simulação.	Logo,	tudo	o	que	pode
acontecer	 -	 turbulência,	 rajadas	de	vento,	problemas	na	 rota	 -	está	programado
no	simulador.
Durante	o	treinamento,	os	instrutores	programam	no	simulador	as	mais
catastróficas	situações	para	os	pilotos.	Afinal,	se	os	pilotos	forem	surpreendidos
pela	catástrofe	no	voo	real,	a	chance	de	acidente	é	muito	grande.	Já	no	simulador
podem	praticar	várias	vezes	-	errar	e	corrigir	os	erros	-	até	aprender	a	agir	bem	e
conduzir	a	aeronave	com	segurança.	Assim,	se	a	situação	catastrófica	acontecer
na	vida	real,	os	pilotos	estão	preparados	para	agir	imediatamente.
Por	 isso,	 quando,	 infelizmente,	 um	 avião	 sofre	 um	 acidente,	 as
gravações	da	caixa	preta	mostram	os	passageiros	gritando	desesperados.	Afinal,
não	estão	armados	nem	preparados;	logo,	reagem	com	medo.	Mas	a	gravação	do
comandante	e	copiloto	mostra	como	se	comportam	com	calma	e	concentração:
-	Faz	isso,	verifica	aquilo,	levanta,	mais	potência...
Eles	 agem	 com	 segurança	 e	 tranquilidade;	 e,	 por	 conseguinte,	 não
agem	mal.	Os	pilotos	soam	sempre	calmos	e	conscientes	até	o	último	momento
antes	da	colisão.	Têm	o	controle	total,	mesmo	quando	o	acidente	é	inevitável.	Os
pilotos	estão	armados.
A	 vida	 cristã	 possui	 muitos	 benefícios,	 mas	 ainda	 assim	 é	 vida	 de
soldado	na	guerra.
A	maioria	dos	cristãos	não	está	armada	para	lidar	com	as	ofensas.	Este
livro	 também	 trata	 de	 ajudar	 no	 treinamento.	É	 como	um	 simulador!	A	minha
intenção	é	ajudar	as	pessoas	a	se	prepararem	na	Palavra	de	Deus,	para	a	forma
como	 o	 Senhor	 espera	 que	 nos	 comportemos	 quando	 as	 pessoas	 e	 a	 vida
são	duras	conosco,	e	quando	a	injustiça	investe	contra	nós.
Queremos	todos	saber	como	fazer	a	coisa	certa	para	honrar	o	nosso	Rei
e	não	perder	uma	bênção	sequer!
Encontrará	o	Senhor	a	fé?
Acredito	 que	 nenhum	 de	 nós,	 renascidos	 em	 Cristo,	 queremos	 ser
fracos	 espiritualmente.	 Ao	 contrário,	 queremos	 ter	 músculos	 espirituais	 fortes
para	carregar	o	peso	de	 fazer	parte	do	 reino,	 suportando	as	ofensas	e	qualquer
outro	 desafio	 que	 seja	 necessário	 para	 expulsar	 as	 trevas	 e	 carregar	 adiante	 a
causa	de	Cristo	aqui	na	Terra.
Aumento	de	força
Eu	gosto	de	 fazer	uma	analogia	entre	o	ganho	de	 força	espiritual	 e	o
ganho	de	 força	 física.	Para	 isso,	 eu	gostaria	de	compartilhar	outra	história	que
aconteceu	comigo.	Quando	eu	era	jovem,	era	muito	magro,	praticamente	só	pele
e	 osso.	 Sempre	 pesava	 abaixo	 do	 padrão	 para	 a	 minha	 idade	 e	 altura	 (ao
contrário	de	muita	gente	que	quer	emagrecer,	o	meu	sonho	era	engordar!).
Eu	pesava	uns	dez	quilos	a	menos	do	que	deveria.	Por	isso,	eu	era	tão
fraco	que	até	minha	capacidade	de	pregar	foi	afetada.	Teve	um	culto	em	que	eu
estava	no	meio	da	apresentação	da	mensagem,	quando	senti	a	vista	escurecer	e
quase	desmaiei.
Naquele	 dia	 me	 senti	 esgotado.	 Mal	 tinha	 começado	 a	 pregar	 e	 já
estava	 desfalecendo.	 A	 minha	 esposa,	 Lisa,	 ficou	 preocupada	 e	 disse	 que	 eu
deveria	me	cuidar	melhor.	Foram	meses	de	oração	de	Lisa	para	eu	 tomar	uma
providência	com	relação	à	minha	saúde.	Mas	depois	desse	incidente,	ao	chegar	a
casa	disse	a	ela:
–	Acho	que	agora	cheguei	ao	limite;	vou	começar	a	fazer	exercícios.
Graças	 a	 Deus,	 nessa	 época	 eu	 tinha	 um	 vizinho	 que	 era	 lutador
profissional	e	nossas	 famílias	eram	 íntimas.	Após	 tomar	minha	decisão,	pedi	a
ele:
–	Será	que	você	não	poderia	me	ajudar	a	começar	a	treinar?
Ele	ficou	feliz	com	minha	decisão,	então	começamos	um	programa	na
academia,	 três	 vezes	 por	 semana.	 Éramos	 uma	 dupla	 engraçada.	 Ele,	 uma
montanha	de	músculos,	com	1,90	m	de	altura,	120	kg	e	apenas	6%	de	gordura
corporal.	Os	braços	dele	eram	mais	grossos	que	as	minhas	pernas.
Levou	 algum	 tempo,	 mas	 fui	 aprendendo	 como	 aumentar	 a	 massa
muscular.	 Comecei	 fazendo	 séries	 de	 doze	 repetições.	 Quando	 meu
condicionamento	melhorou,	 aumentei	 o	 peso	 e	 diminui	 as	 séries.	Mas	 aprendi
que,	 se	 quisesse	 de	 fato	 ficar	 forte,	 deveria	 colocar	 o	 máximo	 de	 peso	 que
aguentasse	e	fazer	séries	menores	ainda.	E	então,	quando	os	músculos	ardessem
e	gritassem	“chega!”	ainda	fazia	mais	uma	ou	duas	repetições.
E	lá	estava	eu,	o	Mr.	Universo	(Microscópico),	magrelo,	fraco,	junto	a
meu	amigo	lutador	e	seus	amigos	monstros	da	academia.	Eles	ficavam	o	tempo
todo	 incentivando	 uns	 aos	 outros,	 dizendo:	 “vamos,	 mais	 uma,	 vai	 que	 dá,
força!”	 O	 rosto	 ficava	 vermelho,	 um	 rugido	 saía	 por	 entre	 os	 dentes,	 mas
conseguiam	 levantar	 os	 pesos.	 Naturalmente,	 era	 esse	 o	 treinamento	 que	meu
vizinho	queria	que	eu	seguisse.
–	É	assim	que	a	gente	fica	forte,	John.	Você	deve	chegar	ao	ponto	em
que	 pensa	 ‘Eu	 não	 consigo	 mais.	 É	 impossível	 fazer	 mais	 um!’	 Mas	 alguma
coisa	dentro	de	você	o	motiva	a	continuar;	é	então	que	os	músculos	crescem.
‘Meu	Deus	do	céu;	onde	fui	me	meter?’	Pensei.	Porém,	não	queria	mais
desmaiar	 de	 fraqueza	 e	 persisti.	No	 início	do	meu	 treinamento,	 eu	 estava	bem
fraco.	No	supino,	por	exemplo,	comecei	levantando	10	kg.	Mas,	depois	de	algum
tempo	 malhando	 regularmente,	 aumentei	 para	 15	 kg.	 Passadas	 mais
algumas	semanas,	coloquei	mais	5	kg.	E,	com	o	progresso,	fui	melhorando:	25,
30,	35,	40,	45,	50.
Nada	disso	 aconteceu	do	dia	 para	 a	 noite.	Foram	uns	bons	dois	 anos
treinando.	Porém,	chegou	um	ponto	em	que	não	conseguia	me	desenvolver	mais.
Parecia	que	 tinha	alcançado	o	máximo	para	o	meu	 tipo	 físico.	Até	que	um	dia
estava	pregando	em	outra	cidade	e	os	pastores	de	lá	me	levaram	à	academia	onde
costumavam	malhar.	Durante	o	treino,	um	deles	me	disse:
–	Pelo	seu	biótipo,	você	consegue	levantar	pelo	menos	uns	60	kg	sem
problema.
–	Ficou	doido?	Nunca	que	eu	vou	conseguir	esse	tanto.
–	Claro	que	consegue.	Coloca	o	peso	aí.	Eu	te	dou	um	leve.
–	Claro	que	não.	Não	tem	jeito.	-	Disse	eu	incisivo.
Não	 estava	 levando	 a	 menor	 fé	 que	 conseguiria.	 Mas	 o	 pastor	 me
colocou	no	 aparelho,	montou	os	 pesos	 e	me	 ajudou.	Foi	 inacreditável,	mas	 eu
consegui.	 Fiquei	 muito	 empolgado!	 Mal	 podia	 acreditar.	 Mais	 tarde,	 fomos
almoçar	juntos.	Ainda	feliz	com	a	superação,	disse	ao	pastor	amigo:
–	Sabe	de	uma	coisa,	você	é	para	mim	como	o	Espírito	Santo.
–	Como	assim?	-	Ele	perguntou	intrigado.
–	 Lembra	 do	 que	 diz	 a	 Bíblia?	 -	 Perguntei.	 -	 Não	 vos	 sobreveio
tentação	 que	 não	 fosse	 humana;	 mas	 Deus	 é	 fiel	 e	 não	 permitirá	 que	 sejais
tentados	além	das	vossas	forças;	pelo	contrário,	juntamente	com	a	tentação,	vos
proverá	 livramento,de	 sorte	 que	 apossais	 suportar	 (1	 Coríntios	 10.13,	 grifo
nosso).
O	 meu	 amigo	 pastor	 continuou	 intrigado.	 O	 Espírito	 Santo	 sabe	 até
onde	vão	as	nossas	forças,	e	quase	sempre	elas	são	maiores	do	que	o	tanto	que
nós	imaginamos.
–	Você	sabia	que	eu	iria	conseguir	levantar	60	kg.	Sabia	que	não	estava
além	das	minhas	forças.
O	incentivo	e	a	fé	desse	homem	me	ajudaram	a	quebrar	uma	barreira
que	eu	considerava	intransponível.
Passados	alguns	meses,	eu	estava	levantando	65	kg,	porém,	mais	uma
vez,	fiquei	preso	aí.	Mais	ou	menos	um	ano	depois,	fui	malhar	na	academia	de
um	dos	melhores	treinadores	de	halterofilismo	do	país.	Na	primeira	vez	em	que
ele	me	viu,	disse:
–	Você	consegue	levantar	70	kg,	sem	problema.
‘Lá	vamos	nós,	de	novo!’	Pensei.	E	falei	imediatamente:
–	Ficou	doido,	é?!
Ele	 riu,	 e	 depois	 do	 aquecimento	 e	 de	 algumas	 instruções	 sobre	 a
postura	correta	do	exercício,	 eu	 levantei	os	70	kg!	Dessa	vez	 fiquei	mais	 feliz
ainda.	 Tanto	 que	 até	 liguei	 para	 a	 minha	 esposa	 para	 contar.	 Continuei	 o
treinamento	 com	 este	 mesmo	 professor	 por	 mais	 alguns	 meses	 (ele	 também
treinava	 o	 Pastor	 Dirigente	 da	 igreja	 que	 ele	 frequentava.	 O	 Pastor
Dirigente	levantava	no	supino	200	kg!!).	Certa	feita,	pregando	na	igreja	deles	no
domingo,	falei	ao	povo	da	importância	de	estar	aberto	para	o	Espírito	Santo	falar
conosco.	Na	segunda	de	manhã,	na	academia,	o	professor	me	viu	e	disse:
–	 John,	 na	 noite	 passada	 eu	 tive	 um	 sonho	 muito	 legal.	 Vi	 você
levantando	100	kg!
Aí	eu	tive	de	rir.	Definitivamente,	agora	ele	estava	louco.	Mas	tanto	ele
quanto	o	Pastor	Dirigente	me	lembraram	do	que	eu	tinha	pregado	no	dia	anterior.
Só	me	restou	concordar	com	o	argumento:
–	Vamos	lá,	então.
Fizemos	 os	 aquecimentos	 e	 fomos	 progressivamente	 aumentando	 o
peso.	Levantei	90	kg.	Então	ele	disse:
–	Agora	está	na	hora:	100	kg.
Ele	pôs	uma	anilha	de	5	kg	de	 cada	 lado.	Eu	me	 concentrei,	 respirei
fundo	e	os	100	kg	subiram	sem	eu	precisar	de	ajuda!
No	 que	 diz	 respeito	 ao	 meu	 condicionamento	 físico,	 os	 meus
treinadores	 foram	 como	 o	 Espírito	 Santo	 para	 o	 condicionamento	 espiritual:
sabem	mais	 sobre	 a	 gente	 do	 que	 nós	mesmos.	 Isso	me	 fez	 lembrar	 do	 que	 o
autor	de	Hebreus	escreveu	por	inspiração	do	Espírito	Santo:
Pois,	 com	 efeito,	 quando	 devíeis	 ser	 mestres,	 atendendo	 ao	 tempo
decorrido,	 tendes,	novamente,	necessidade	de	alguém	que	vos	ensine,	de	novo,
quais	são	os	princípios	elementares	dos	oráculos	de	Deus;	assim,	vos	tornastes
como	necessitados	de	leite	e	não	de	alimento	sólido.	(Hebreus,	5.12)
O	que,	de	fato,	o	Senhor	nos	diz	é:
–	Vamos	 então	 colocar	 você	 em	 forma.	Eu	quero	que	você	 faça	uma
coisa	por	Mim	-	carregar	30	kg	de	ofensas	-	e	Eu	sei	que	você	consegue!
Mas,	 quando	 somos	 ofendidos,	 não	 conseguimos	 suportar	 o	 peso	 e
então	reagimos	mal.	Assim,	Deus	diz:
–	Tudo	bem,	você	precisa	voltar	para	os	10	kg.	Talvez	você	possa	fazer
alguma	coisa	“para	crianças”,	mas	não	mais	por	enquanto.
Talvez	a	nossa	vida	espiritual	tenha	maturidade	equivalente	a	10	kg.	Se
alguma	coisa	agrada	a	Deus,	mas	para	que	ela	aconteça	nós	devemos	carregar	o
peso	de	uma	perseguição	de	40	kg,	Ele	fala	conosco:
–	Eu	preciso	que	você	levante	40	kg	de	perseguição	no	Espírito.
Então,	nós	passamos	por	uma	situação	que	alguém	de	autoridade	nos
persegue,	 e	 nós	 reagimos	 reclamando	 e	 com	 vontade	 de	 nos	 vingar,	 não
realizando,	assim,	o	trabalho	de	Deus.	Assim,	o	Senhor	nos	diz:
–	De	volta	para	os	10	kg.
Em	 outro	 momento	 o	 Senhor	 pode	 precisar	 que	 nós	 levantemos	 um
peso	de	50	kg	no	Espírito.	Então	um	amigo	nos	trai,	ou	o	chefe	dá	a	promoção
para	outra	pessoa.	E,	em	lugar	de	permanecer	firmes	e	não	pagar	o	mal	por	mal,
nós	retrucamos	agredindo	e	com	agressividade.	Assim,	Deus	diz:
–	De	volta	para	os	10	kg.
Mas	um	dia	Deus	precisa	de	uma	igreja	que	consiga	carregar	o	peso	de
90	 kg	 em	 uma	 determinada	 cidade.	Mas	 a	 igreja	 sofre	 perseguição,	 como	 por
exemplo,	 através	 de	matérias	 no	 jornal	 local.	 A	 liderança	 do	ministério	 então
contra-ataca.	Assim,	Deus	diz:
–	De	volta	para	os	10	kg.
O	nosso	 treinador	espiritual,	o	Espírito	Santo,	nos	ajuda	a	exercitar	e
diz:	 -	Vamos	então	colocar	você	em	forma.	Eu	quero	que	você	 faça	uma	coisa
por	Mim	-	carregar	30	kg	de	ofensas	-	e	Eu	sei	que	você	consegue!
–	Você	consegue	levantar	50,	100,	150	kg!
Mas,	 como	 ficamos	 sempre	 nos	 defendendo,	 ou	 tentando	 nos	 vingar
quando	somos	criticados,	o	nosso	treinador	sempre	volta	nosso	peso	para	10	kg.
Com	isso,	não	conseguimos	aumentar	os	músculos	e	ficar	em	forma.	Porque	não
obedecemos	ao	mandamento	de	carregar	o	sofrimento	com	cordialidade	e	deixar
que	a	 justiça	seja	feita	pelas	mãos	de	Deus.	Mesmo	Ele	sendo	paciente	porque
nos	ama,	Deus	está,	com	isso,	querendo	nos	dizer:
–	 “Minha	 criança	 amada,	 você	 está	 desperdiçando	 uma	 chance	 de
crescer.	 Existem	 algumas	 obras	 do	 reino	 que,	 para	 serem	 feitas,	 precisam	 de
alguém	que	consiga	levantar	mais	de	10	kg.	Por	favor,	venha	fazer	sua	colheita!
Tudo	o	que	você	conseguiu	reagindo	mal,	foi	perder	a	oportunidade	de	ganhar
força.	Pode	acreditar,	você	consegue!"
Ninguém	 está	 sozinho	 na	 luta	 para	 conseguir	 ganhar	 musculatura
espiritual!	Digo	isso	com	base	na	minha	própria	experiência.	Naquele	episódio
que	eu	contei	no	Capítulo	2,	quando	o	pastor	que	cuidava	da	administração	da
igreja	 me	 difamou	 com	 todo	 mundo,	 senti	 como	 se	 o	 mundo	 desabasse
sobre	mim.	 Sinceramente,	 pensei	 que	 não	 ia	 conseguir	 superar,	 que	 ia	 acabar
perdendo	a	cabeça.	E	tudo	ficou	horrível.	Parecia	que	o	mundo	estava	em	ruínas.
Um	pouco	antes	desse	episódio,	eu	tinha	recebido	do	Senhor	a	missão	de	largar
minha	carreira	de	engenheiro	para	 trabalhar	no	ministério.	E	 isso	 já	 tinha	 sido
“muito	peso”	para	eu	levantar.	Contudo,	apesar	de	eu	não	entender	nessa	época,
estava	 levantando	 só	 10	 kg.	 Mas,	 com	 a	 graça	 do	 Senhor,	 continuei	 o
treinamento.
A	cada	ano	que	passava,	ia	crescendo	em	força	espiritual,	aumentando
a	 capacidade	 de	 aguentar	 mais.	 Um	 dia,	 quase	 doze	 anos	 depois,	 uma	 coisa
parecida	 aconteceu.	 Uma	 pessoa	 muito	 importante	 de	 uma	 igreja	 na	 Europa
espalhou	 boatos	 muito	 nocivos	 sobre	 mim.	 O	 meu	 nome	 foi	 jogado	 na	 lama
em	 três	 continentes	 diferentes.	 Caso	 esse	 segundo	 episódio	 tivesse	 acontecido
doze	anos	antes,	quando	eu	mal	conseguia	levantai	10	kg,	 teria	deixado	o	peso
cair	em	cima	de	mim	e,	provável	mente,	teria	quebrado	umas	boas	costelas.	Seria
como	 tentar	 levantar	 100	 kg	 da	 primeira	 vez	 que	 fui	 treinar	 com	 meu
amigo	lutador.	Poderia	até	ter	morrido.
Mas,	a	graça	de	Deus	derramou	a	força	do	Espírito	Santo	sobre	mim,	e
consegui	esquecer	 todas	aquelas	calúnias	e	ofensas.	E	mais,	 fui	capaz	de	amar
verdadeiramente	essa	pessoa	e	seguir	abençoando.	Foi	essa	boa	forma	de	reagir
que	 me	 deixou	 imune	 ao	 veneno	 da	 ofensa	 que	 adoece	 e	 enfraquece	 o
espírito.	Quando	chegou	o	 tempo	certo,	Deus	fez	a	 justiça.	Eu	 lamentei	muito,
mas	 pouco	 tempo	 depois	 dessas	 acusações,	 aconteceu	 uma	 grande	 divisão	 na
igreja	 desse	 homem.	 E	 o	 ministério	 dele	 nunca	 mais	 foi	 o	 mesmo.	 A	 igreja
perdeu	muitos	de	seus	fiéis.
Sabe	por	que	os	batalhões	especiais	são	muito	mais	respeitados	do	que
as	forças	militares	comuns?	Porque	o	treinamento	é	muito	mais	intenso.	Quando
o	 comando	 precisa	 realizar	 as	 operações	 mais	 arriscadas,	 são	 os	 batalhões
especiais	 que	 são	 chamados.	 Da	 mesma	 forma	 que	 os	 músculos	 do	 corpo
crescem	 rápido	 quando	 a	 gente	 treina	 com	 um	 bom	 professor,	 os	 músculos
espirituais	 crescem	quando	o	Espírito	Santo	nos	diz	 para	 irmos	 além	da	nossa
zona	de	conforto	e	seguir	à	risca	a	vontade	de	Deus.	Porque	é	Ele	quem	sabe	o
tanto	 que	 conseguimos	 aguentar!	 Contudo,	 para	 isso	 acontecer,
precisamos	confiar	no	Senhor,	com	a	certeza	de	que	o	nosso	esforço	servirá	para
realizar	as	missões	mais	difíceis	do	reino.A	vontade	de	Deus,	ou	a	vontade	do	homem?
Quando	nos	 recusamos	a	 fazer	 as	coisas	 segundo	a	vontade	de	Deus,
Ele	lamenta	muito.	Ele	diz:
-	Meu	povo,	existe	um	trabalho	muito	difícil	para	ser	feito	na	Terra.	A
colheita	é	farta,	mas	os	trabalhadores	são	poucos.	O	meu	povo	se	aborrece	com	o
que	 os	 outros	 pensam	 e	 dizem	 sobre	 ele;	 com	 as	 críticas	 que	 o	 chefe	 ou	 as
autoridades	 fazem	 a	 ele.	 E	 assim	 está	 procurando	 fazer	 justiça	 com	 as
próprias	mãos.	Mas,	por	isso,	tem	muita	gente	morrendo	e	indo	para	o	inferno.
Eu	preciso	de	gente	que	consiga	levantar	60,	70,	80,	90,	100,	150,	200	kg!
Jesus	disse	que	no	fim	dos	 tempos	as	ofensas	 iriam	correr	soltas	pelo
mundo.	E	ainda	completou:
Nesse	 tempo,	 muitos	 hão	 de	 se	 escandalizar,	 trair	 e	 odiar	 uns	 aos
outros.	(Mateus	24.10)
A	palavra	grega	para	‘muitos’	significa	a	maioria’	e	o	que	mais	assusta
é	que	Jesus	não	estava	falando	sobre	as	pessoas	do	mundo,	mas	sim	dos	cristãos.
A	consequência	de	todas	estas	tribulações	provocadas	pela	baixa	capacidade	dos
crentes	em	lidar	da	forma	correta	com	os	maus-tratos	sofridos	será	a	falta	de	lei,
o	 que	 significa	 que	 não	 vão	 se	 submeter	 à	 autoridade.	No	 fim	 das	 contas,	“o
amor	se	esfriará	de	quase	todos".	(Mateus	24.12)
Os	músculos	espirituais	crescem	quando	o	Espírito	Santo	nos	diz	para
irmos	além	da	nossa	zona	de	conforto	e	seguir	à	risca	a	vontade	de	Deus.
Jesus	 sempre	 fez	 uma	 relação	 imediata	 entre	 a	 insubordinação	 e	 as
ofensas.	Ele	disse	que	muita	gente	será	ofendida,	muita	gente	irá:	“escandalizar,
trair	 e	 odiar	 uns	 aos	 outros”.	 Esta	 é	 uma	 das	 formas	 pelas	 quais	 surgirão	 os
falsos	profetas	que	“enganarão	a	muitos”	(Mateus	24.11).	E	os	‘muitos’	a	que	se
refere	são	as	pessoas	que	são	ofendidas!	O	resultado	disso	 tudo:	“multiplicar	a
iniquidade”	 (Mateus	 24.11).	 Por	 que	 a	 iniquidade	 vai	 multiplicar?	 A	 resposta
vem	de	tudo	que	tratamos	neste	livro.	As	pessoas	dizem:
–	Eu	sofri	muitas	ofensas.	Fulano	fez	isso	comigo;	sicrano	falou	aquilo
de	mim.	E	assim	o	problema	se	arrasta,	sempre	quando	alguém	ou	alguma	coisa
lembra	 o	 episódio	 da	 ofensa,	 os	 mecanismos	 de	 vingança	 e	 de	 acertar	 os
ponteiros	vem	à	tona:
–	Passei	por	muita	dor;	isso	nunca	mais	vai	acontecer	comigo	de	novo!
Eu	entreguei	minha	vida	para	o	ministério	do	Senhor	Jesus	em	1983,	e
desde	 1990	 tenho	 viajado	 o	mundo	 levando	 a	 Palavra	 de	Deus.	Nesse	 tempo,
testemunhei	 inúmeros	casos	de	cristãos	que	procuraram	atacar	de	volta	quando
foram	 ofendidos.	 De	 certa	 forma,	 eles	 “saíram	 ganhando”.	 Mas,	 uma
coisa	sempre	deu	para	perceber.	O	fogo	da	vida	de	quem	anseia	pelo	Senhor	se
apagou.	O	amor	se	esfriou.	A	humildade	morreu.	Quando	assumiram	para	 si	o
trabalho	de	Deus	de	fazer	justiça,	abandonaram	uma	coisa	muito	mais	preciosa.
E	assim	se	enganaram,	achando	que	fazer	justiça	com	as	próprias	mãos
só	 traz	 bons	 frutos.	 O	 problema	 é	 que	 perderam	 a	 maior	 bênção	 de	 todas.
Deixaram	 de	 crescer	 em	 força	 e	 perderam	 a	 oportunidade	 de	 ver	 o	 caráter	 de
Cristo	se	desenvolver	em	seus	corações.
Aproveitando	 este	 momento,	 vamos	 recapitular	 os	 três	 motivos
principais	para	Deus	não	querer	que	vinguemos	as	nossas	ofensas:
1.				Abrir	espaço	para	que	a	justiça	de	Deus	seja	feita.
2.				Herdar	muitas	bênçãos.
3.				Desenvolver	o	caráter	e	a	maturidade	de	Cristo	dentro	de	nós.
Somos	fieis	aos	olhos	de	Deus?
Estamos	chegando	ao	final	do	livro.	Por	isso	eu	gostaria	de	propor	um
último	desafio:	 você	 é	 capaz	 de	 confiar	 em	Deus	 o	 suficiente	 para	 obedecer	 à
vontade	 dEle?	 É	 capaz	 de	 reagir	 às	 ofensas	 da	 forma	 correta	 e	 se	 juntar	 aos
milhões	 de	 outros	 crentes	 que	 ajudam	 a	 expandir	 o	 Reino	 de	 Deus	 e	 levar
glória	ao	nome	precioso	do	Senhor?	Você	confia	em	Deus	para	tomar	conta	de
você	e	 fazer	 justiça	no	 tempo	dEle,	nessa	vida	ou	na	próxima?	Você	é	 fiel	aos
olhos	de	Deus?
Disse-lhes	Jesus	uma	parábola	sobre	o	dever	de	orar	sempre	e	nunca
esmorecer.	Havia	em	certa	cidade	um	juiz	que	não	temia	a	Deus,	nem	respeitava
homem	algum.	Havia	também,	naquela	mesma	cidade,	uma	viúva	que	vinha	ter
com	ele,	dizendo:	Julga	a	minha	causa	contra	o	meu	adversário.	Ele,	por	algum
tempo,	não	a	quis	atender;	mas,	depois,	disse	consigo:	Item	que	eu	não	temo	a
Deus,	 nem	 respeito	 a	 homem	 algum;	 todavia,	 como	 esta	 viúva	me	 importuna,
julgarei	a	sua	causa,	para	não	suceder	que,	por	fim	Deus	venha	a	molestar-me.
Então,	 disse	 o	 Senhor:	Considerai	 no	 que	 diz	 este	 juiz	 iníquo.	Não	 fará	Deus
justiça	 aos	 seus	 escolhidos,	 que	 a	 Ele	 clamam	 dia	 e	 noite,	 embora	 pareça
demorado	em	defendê-los?	Digo-vos	que,	depressa,	 lhes	 fará	 justiça.	Contudo,
quando	vier	o	Filho	do	homem,	achará,	porventura,	fé	na	Terra?	(Lucas	18.1-8,
grifo	nosso)
Essa	parábola	é	muito	usada	para	mostrar	a	importância	de	persistir	na
oração	fervorosa.	Entretanto,	a	última	parte	dela	é	quase	sempre	ignorada:
Digo-vos	 que,	 depressa,	 lhes	 fará	 justiça.	 Contudo,	 quando	 vier	 o
Filho	do	homem,	achará,	porventura,	fé	na	Terra?
Essa	 passagem	 é,	 em	 verdade,	 a	 mensagem	 principal	 deste	 livro:	 é
preciso	 ter	 fé	 para	 não	 revidar	 quando	 somos	maltratados	 por	 outra	 pessoa.	 É
preciso	fé	para	nos	entregarmos	nas	mãos	de	Deus	em	lugar	de	fazer	justiça	com
as	 próprias	 mãos.	 Glória	 a	 Deus!	 Não	 precisamos	 lutar	 com	 as	 nossas
próprias	forças!	Pois	para	Deus	nada	é	impossível.
Quando	o	pastor	da	Europa	acabou	com	a	minha	reputação	e	fez	 isso
em	três	continentes	diferentes	-	eu	recorri	a	meu	pastor,	Al	Brice,	e	perguntei:
–	Como	estou	me	saindo?	Esta	situação	é	realmente	muito	difícil!	Eu
acho	que	estou	conseguindo	lidar	bem	com	tudo	isso,	mas	qual	é	a	sua	opinião?
Além	de	pastor,	Al	Brice	é	meu	amigo	próximo	e	gosta	muito	de	mim.
Por	 isso	 ficou	muito	bravo	com	todas	aquelas	acusações.	Contudo,	muito	mais
que	 isso	 ele	 é	 um	 homem	 obediente	 à	 Palavra	 de	 Deus.	 Por	 isso	 sabe	 como
devemos	 reagir	 às	 ofensas.	 Ele	 me	 garantiu	 que	 eu	 estava	 andando	 no
caminho	certo	e,	por	entre	um	sorriso,	disse:
–	 John,	 quando	 passamos	 por	 situações	 desse	 tipo	 devemos	 seguir	 o
exemplo	da	lua.
–	Hein?	Como	assim?	-	Perguntei	sem	entender.
Ele	continuou.
–	 John,	quando	a	 lua	está	cheia,	o	 lobo,	o	coiote	e	o	cachorro	uivam
para	ela.	Mas,	por	acaso	isso	interfere	na	lua?	Não!	Ela	continua	brilhando.
Foi	então	que	entendi	o	que	ele	estava	querendo	dizer.	Ainda	sorrindo,
completou:
–	Continue	brilhando!	Leve	 a	Palavra	 de	Deus,	 obedeça	 ao	Senhor	 e
ame	as	pessoas.
Isso	é	o	que	desejo	 também	para	vocês,	queridos	 leitores.	Quando	as
ofensas	 atacarem,	 a	 traição	 se	 abater,	 os	 maus-tratos	 ferirem,	 devemos	 sofrer
como	o	fez	o	Senhor	Jesus	e	fazer	apenas	uma	coisa:
Continuar	brilhando!
	Uma Verdade Esquecida
	Justiça Seja Feita (Pelas Mãos de Deus)
	Nunca faça justiça com as próprias mãos
	Deus fará justiça por seu povo
	A Forma Correta de Reagir
	O exemplo de Jesus
	Um exemplo pessoal
	Brasas vivas
	A Questão da Autoridade
	As autoridades foram instituídas por Deus
	As autoridades que não são de Deus
	O temor a Deus
	Em algum momento podemos desobedecer à autoridade?
	O Papel do Sofrimento
	O chamamento de todos os crentes
	O ministério dos maltratados
	Bem-aventurados os Que Sofrem
	A colheita de Deus
	A bênção de Lucas
	Agir Com Superioridade Sobre as Ofensas
	Assim como nós perdoamos
	Armai-vos também
	Encontrará o Senhor a fé?
	Aumento de força
	A vontade de Deus, ou a vontade do homem?
	Somos fieis aos olhos de Deus?

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