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ECOLOGIA MICROBIANA: conceitos e interações Prof. Marcos A. B. Lima Área de Microbiologia/ DB Curso de Eng. Ambiental Habitat ▪ Hábitats comuns: solo, água e superfície ou no interior de organismos superiores ▪ Outros hábitats: ambientes extremos Porções do ecossistema mais adequadas a um pequeno número de populações. ❑ Inúmeros microambientes podem existir dentro de um hábitat. Microespaço onde os microrganismos vivem. Microambiente Microambiente de oxigênio em uma partícula de solo Microbiologia de Brock, 14 Ed. cap.19, pag. 601 Nicho ecológico É o papel ecológico de um organismo na comunidade em que ele vive. As diferenças no tipo e na quantidade de recursos, bem como as condições físico-químicas definem o nicho de cada micro-organismo. Cada micro-organismo possui pelo menos um nicho, o nicho primário. População Um grupo de microrganismos da mesma espécie que reside no mesmo local ao mesmo tempo constitui uma população microbiana. ❑ A população microbiana pode ser descendente de uma única célula. Comunidade A comunidade microbiana consiste em populações de uma espécie vivendo em associação com populações de uma ou outras espécies. ❑ A combinação de espécies que são encontradas em determinados hábitats são as mais capazes de crescer com os nutrientes e condições que lá prevalecem. COMO AS COMUNIDADES SE FORMAM? ❖Perspectiva ecológica célula População 1 População 2 Redutor de sulfato Oxidantes do S Interdependencia SUCESSÃO NA COMUNIDADE UMA COMUNIDADE EVOLUI COM TEMPO ESTABILIDADE Depende: • Interações • Inter-relações •Adaptações Ecossistema É um complexo dinâmico de comunidades de plantas, animais e microrganismos e seus arredores abióticos, todos interagindo como uma unidade funcional. Um ecossistema possui vários hábitats diferentes. Ecossistema Lacustre Microbiologia de Brock, 14 Ed. cap.19, pag. 599 MICRORGANISMOS: DIVERSIDADE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES EM HÁBITATS MICROBIANOS As espécies que habitam um determinado ecossistema são aquelas melhor adaptadas a crescer a partir dos nutrientes e das condições abióticas prevalentes. A diversidade de espécies microbianas em um ecossistema pode ser expressa de duas formas: ❑ Riqueza de espécies - número total de espécies diferentes presentes. ❑ Abundância de espécies - proporção de cada espécie presente no ecossistema. Diversidade microbiana de espécies: riqueza versus abundância (b) Alta riqueza de espécies no Rio St. John, Flórida, ilustrado por microscopia dos microrganismos planctônicos, incluindo cianobactérias, diatomáceas, algas verdes, flagelados e bactérias. (c) Mudança da comunidade do Rio St. John para baixa riqueza mas alta abundância após um afloramento da cianobactéria Microcystis. Microbiologia de Brock, 14 Ed. cap.19, pag. 598 Microbiologia de Brock, 14 Ed. cap.19, pag. 599 COMPORTAMENTO COLETIVO ❖ Praticamente todos os conhecimentos microbiológicos foram adquiridos a partir do estudo de organismos em culturas puras. ❖ Somente há alguns anos entendeu-se que a maioria das bactérias se encontra na natureza vivendo em comunidades. ❖ O tipo de "ecologia" com células individuais crescendo de maneira planctônica raramente é encontrado na natureza. Sabe- se atualmente que as bactérias são encontradas em comunidades de diferentes graus de complexidade, geralmente compondo um biofilme. COMUNIDADES MICROBIANAS Biofilmes Comunidades complexas de micro-organismos associadas à superfícies ou interfaces. Podem incluir bactérias, fungos, protozoários e outros micro-organismos. (Biofilm Institute - http://www.biofilm.org/) Maioria Importantes na saúde, indústria, biotecnologia e meio ambiente COMUNIDADES BIOFILMES • Trato gastro-intestinal de mamíferos e insetos • Bolsas sub-gengivais • Dentes • Rizosfera • Ductos, tratamento de água e efluentes • Implantes médicos (marca-passos, cateteres, orgãos artificiais: válvulas cardíacas e endocardites) PROCESSO DE FORMAÇÃO DE BIOFILME Microbiologia de Brock, 14 Ed. cap.19, pag. 603 (a) Os biofilmes são iniciados pela adesão de um pequeno número de células que então crescem e se comunicam com outras células. A matriz é formada, tornando-se mais extensa à medida que o biofilme cresce, eventualmente liberando células. (b) Fotomicrografia de um biofilme corado com DAPI formado em uma tubulação de aço inoxidável. Observe os canais de água. VANTAGENS DOS BIOFILMES A vida na forma de biofilmes confere diversas vantagens às populações microbianas: 1. Mecanismo de autodefesa – resistem as forças físicas que poderiam remover as células não aderidas. Além do que, os biofilmes resistem à fagocitose e à ação dos antibióticos aumentando a possibilidade de sobrevivência das células constituintes; 2. Nicho favorável – Fixam as células em locais onde os nutrientes são mais abundantes ou constantemente repostos; 3. Permite estreita associação – facilita a comunicação intercelular e as possibilidade de trocas gênicas, aumentando assim as chances de sobrevivência; 4. Forma típica de crescimento – O biofilme pode representar o modo padrão de crescimento de procariotos em ambientes naturais, onde a concentração de nutrientes é muita baixa em relação aos meios artificiais usados em laboratórios. IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Em situações industriais: ❑ Iniciam a degradação de objetos submersos, como os componentes estruturais de plataformas oceânicas de perfuração, barcos e instalações costeiras. ❑ Podem comprometer a inocuidade da água potável ao se desenvolvem em ductos de distribuição. o Caso o biofilme seja colonizado por patógenos, as práticas- padrão de cloração podem ser insuficientes para eliminá-los. IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Em situações industriais: Podem retardar o fluxo de água, óleo ou outros líquidos por meio dos ductos, podendo acelerar sua corrosão. CORROSÃO MICROBIANA A corrosão é um processo complexo que pode ser influenciado e acelerado por atividades microbianas. ❑ alteração do pH ou Redox ❑ produção de metabólitos corrosivos ❑ criação de microambientes corrosivos em biofilmes ❑ São elementos essenciais para o funcionamento adequado dos sistemas de tratamento de resíduos (esgoto). IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Sistema de lodo ativado Espécies da bacteria Zoogloea formam massas bacterianas chamadas de flocos ou grânulos de lodo nos tanques de aeração. Removem 75 a 95% da DBO do esgoto ❑ São elementos essenciais para o funcionamento adequado dos sistemas de tratamento de resíduos (esgoto). IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Sistema de filtros biológicos Um biofilme de microrganismos aeróbios cresce nas pedras ou superfícies plásticas. Removem 80 a 85% da DBO do esgoto ❑ São elementos essenciais para o funcionamento adequado dos sistemas de tratamento de resíduos (esgoto). IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Reatores com Biofilme em Leito Móvel/ Moving Bed Biofilm Reactor (MBBR) É baseado na utilização de corpos/suportes/carreadores móveis para formação de biofilmes nos reatores para melhorar a degradação da matéria orgânica e remoção de nutrientes. ❑ Combina as vantagens dos sistemas de lodos ativados (biomassa em suspensão) e de sistemas com biofilme (biomassa aderida). Vantagens: permite o tratamento de efluentes com altas cargas, industriais ou domésticos, em plantas relativamente reduzidas Msc. Fábio Yugo Fujii/ Escola Politécnica da Universidade de São Paulo ❑ São elementos essenciais para o funcionamento adequado dos sistemas de tratamento de resíduos (esgoto). IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Reatores com Biofilme em Leito Móvel/ Moving Bed Biofilm Reactor (MBBR) Os biofilmes têm como características a estabilidade a variações operacionais: de carga, vazão e composição do esgoto. Por que? Msc. Fábio Yugo Fujii/ Escola Politécnica da Universidade de São Paulo ❑ São elementos essenciais para o funcionamentoadequado dos sistemas de tratamento de resíduos (esgoto). IMPLICAÇÕES DOS BIOFILMES Reatores com Biofilme em Leito Móvel/ Moving Bed Biofilm Reactor (MBBR) RELAÇÕES ECOLÓGICAS São as interações que os indivíduos de uma espécie mantêm com outros da mesma espécie ou de espécies diferentes. Simbiose – relação entre dois ou mais organismos que compartilham um ecossistema em particular. RELAÇÃO ECOLÓGICA POSITIVA 1. MUTUALISMO Associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas, porém, cada espécie só consegue viver na presença da outra. Portanto, é uma associação permanente e obrigatória entre dois seres vivos de espécies diferentes. Ex: Líquens, micorrizas, tubo digestivo de ruminantes, bactérias e raízes de leguminosas, protozoários e cupins. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN) ❑ Os microrganismos responsáveis por esta transformação são conhecidos como diazotróficos e pertencem aos domínios Bacteria e Archaea. ❑ A FBN é responsável pela maior parte do nitrogênio fixado no planeta, possuindo assim importância econômica e ecológica em sistemas agrícolas e florestais. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN) ❖ Vida livre ❖ Associativos ❖ Simbiontes Microrganismos diazotróficos: ✓ Beijerinkia fluminensis, Beijerinkia indica e Azotobacter ✓ Azospirillum spp. SIMBIOSE LEGUMINOSA-NÓDULO RADICULAR ❑Planta: recebe N para o seu crescimento. ❑Bacteroides: tem um nicho protegido, rico em nutrientes (cerca de 30% do C fixado pela fotossíntese é exsudado pela raiz). Um dos mutualismos mais importantes para o homem é aquele entre plantas leguminosas e bactérias fixadoras de nitrogênio. ❑ A maioria dos simbiontes bacterianos de plantas capazes de fixar nitrogênio são coletivamente chamados rizóbios. SIMBIOSE LEGUMINOSA-NÓDULO RADICULAR INTRODUÇÃO ❑ Fixação de nitrogênio nos nódulos radiculares representa um quarto de todo N2 fixado anualmente na Terra. ❑ Possibilita o crescimento de plantas leguminosas sem fertilizantes nitrogenados representando um ganho econômico e ambiental. Classe Alphaproteobacteria Ordem Rhizobiales Gêneros: ✓ Allorhizobium ✓ Azorhizobium ✓ Bradyrhizobium ✓ Mesorhizobium ✓ Rhizobium ✓ Sinorhizobium BACTÉRIAS FIXADORAS DE NITROGÊNIO SIMBIÓTICAS Etapas na formação de um nódulo radicular em uma leguminosa infectada por Rhizobium PROCESSO DE FORMAÇÃO DO NÓDULO ETAPAS DE FORMAÇÃO DO NÓDULO RADICULAR: Bioquímica dos Nódulos Radiculares Glutamina sintase 2. COMENSALISMO Microrganismo A Microrganismo B Beneficia Mas não é prejudicado RELAÇÃO ECOLÓGICA POSITIVA Relação na qual uma população é beneficiada enquanto outra não. Esta relação não é obrigatória e geralmente a população não beneficiada modifica o ambiente de forma a beneficiar a outra população. Ex: Desintoxicando o ambiente ou convertendo substratos. 1. PARASITISMO Relação onde um organismo se nutre a partir de células, tecidos ou fluidos de outro organismo denominado hospedeiro. Parasitas/patógenos: oportunistas e obrigatórios RELAÇÃO ECOLÓGICA NEGATIVA http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Feconomia.uol.com.br%2Fagronegocio%2Falbum%2F2014%2F02%2F27%2Fbrasil-testa-laranja-transgenica-resistente-a-doencas.htm&ei=Q9qOVOKzGMKjNrqwgegB&bvm=bv.81828268,d.eXY&psig=AFQjCNHJMS0bvEWkmcVPzUAvpWJvUPZi2A&ust=1418734503199930 2. COMPETIÇÃO Microrganismo A Microrganismo B Espaço Nutrientes Água Oxigênio Mesmo habitat Maior habilidade genética RELAÇÃO ECOLÓGICA NEGATIVA Interação entre duas ou mais populações que afetam de forma adversa os respectivos crescimento e sobrevivência. A capacidade de um organismo para competir depende de: ❖ Alta velocidade de crescimento; ❖ Tolerancia a fatores abióticos; ❖ Tolerancia a flutuações ambientais; ❖ Capacidade de multiplicar-se em baixas concentrações de nutrientes; ❖ Eficiência no uso de nutrientes limitantes; ❖ Requerimento de fatores de crescimento; ❖ Capacidade de sintetizar e estocar sustâncias de reserva; ❖ Capacidade de tranferir-se a lugar com melhor disponibilidade de nutriente limitante. 2. COMPETIÇÃO 3. AMENSALISMO/ANTIBIOSE Microrganismo A Secreção de produtos tóxicos Afeta Microrganismo B Interação biológica que ocorre quando um organismo é prejudicado na relação e o outro não sofre nenhuma alteração, ou seja, a relação lhe é neutra. Uma espécie produz sustâncias microbiocidas e microbiostáticas: antibióticos, toxinas, ácidos orgânicos. RELAÇÃO ECOLÓGICA NEGATIVA EX: a relação entre Penicillium notatum e bactérias sensíveis a penicilina. 4. PREDAÇÃO RELAÇÃO ECOLÓGICA NEGATIVA Fungo nematófago (Arthrobotrys oligospora) Interação ecológica em que um organismo predador se alimenta ou digere outro organismo presa. 4. PREDAÇÃO RELAÇÃO ECOLÓGICA NEGATIVA Bdellovibrio bacteriovorus Bactérias que predam outras bactérias Gram negativas. FIM Slide 1: ECOLOGIA MICROBIANA: conceitos e interações Slide 2 Slide 3 Slide 4: População Slide 5: Comunidade Slide 6: COMO AS COMUNIDADES SE FORMAM? Slide 7: SUCESSÃO NA COMUNIDADE Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14: COMPORTAMENTO COLETIVO Slide 15: COMUNIDADES MICROBIANAS Slide 16: COMUNIDADES BIOFILMES Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27: São as interações que os indivíduos de uma espécie mantêm com outros da mesma espécie ou de espécies diferentes. Simbiose – relação entre dois ou mais organismos que compartilham um ecossistema em particular. Slide 28 Slide 29: FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN) Slide 30: FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN) Slide 31: SIMBIOSE LEGUMINOSA-NÓDULO RADICULAR Slide 32: SIMBIOSE LEGUMINOSA-NÓDULO RADICULAR Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36: 2. COMENSALISMO Slide 37 Slide 38: 2. COMPETIÇÃO Slide 39 Slide 40: 3. AMENSALISMO/ANTIBIOSE Slide 41: 4. PREDAÇÃO Slide 42: 4. PREDAÇÃO Slide 43