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CLEIDE OLIVEIRA SOUZA ALVES ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM AUTISMO LUCAS DO RIO VERDE-MT 2024 CLEIDE OLIVEIRA SOUZA ALVES ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM AUTISMO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Educamais, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado ou pós- graduado em (Neuropsicopedagogia). Orientador: Professora Mestre Thais Solia Pereira Carvalho. LUCAS DO RIO VERDE 2024 ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM AUTISMO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Educamais, como requisito parcial para a obtenção do título de (Neuropsicopedagogia). Aprovado em: __/__/____ BANCA EXAMINADORA Professora Mestre Thais Solia Pereira Carvalho RESUMO O autismo é um transtorno global do desenvolvimento, onde o indivíduo apresenta dificuldade de socialização muitas vezes dificuldade de comunicação e linguagem, aprendizagem e também comportamento. Em vista disso, abordagens, informações e intervenções neuropsicopedagógicas são necessárias no desenvolvimento da aprendizagem de crianças autistas. E como o neuropsicopedagogo pode auxiliar pessoas neste processo? Levando informações sobre o que é o autismo, causas, e formas de intervenção neuropsicopedagógica para uma melhor qualidade de ensino para crianças com esse tipo de transtorno. O exercício do neuropsicopedagogo está diretamente conectado com o rendimento e a capacidade de avanço no processo de aprendizagem do estudante com autismo, conciliando de forma abrangente e multidisciplinar conhecimentos da neurociência, da pedagogia e da psicologia para auxiliar indivíduos com adversidades de aprendizagem e transtornos neurológicos ou problemas de desenvolvimento. Ante o exposto, certifica-se que o estudo da neuropsicopedagogia busca compreender a forma que o neuropsicopedagogo irá intervir no processo de aprendizagem da criança autista, uma vez que a educação inclusiva, não é a criança se adapta à escola, mas, a escola que para recebê-la deve transfazer-se e adaptar-se as necessidades dessas crianças que apresentam algum transtorno ou deficiência. Conclui-se que os conhecimentos da neuropsicopedagogia pode buscar formas de adaptação ao nível de aprendizagem e formação das pessoas autistas, ou seja, a compreensão da maneira como a criança aprende, porquê manifesta determinados comportamentos ou os motivos pelos quais tem dificuldades no aprendizado. Sendo assim, este artigo tem como objetivo propor intermédios neuropsicopedagógicos para auxiliar e fomentar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos autistas. Palavras-chave: Neurociência; Ensino-Aprendizagem; Autismo. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................13 2. A FAMÍLIA DA CRIANÇA COM AUTISMO .....................................................14 3. A NEUROPSICOPEDAGOGIA E O CONTEXTO ESCOLAR: ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS......................................................................... 18 4. METODOLOGIA DO TRABALHO .................................................................. 23 5. CONCLUSÃO................................................................................................. 23 6. REFERÊNCIAS...............................................................................................24 13 1 INTRODUÇÃO A atuação do neuropsicopedagogo com a criança autista é buscar meios, soluções e os recursos ideais pelos quais o Estado, família, profissionais da educação escolar e equipes multiprofissionais devem trilhar, para garantir o acesso e permanência na escola, a partir da garantia de qualidade do processo de ensino e aprendizagem que toda criança tem direito garantido pelas leis abrangente. À medida que as crianças crescem e o aspecto físico é condicionado a mudanças, especificamente as que se emolduram no quadro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), os desafios aumentam ao passo que é oportuno reexaminar as metodologias, estratégias didáticas e práticas pedagógicas indispensáveis para a evolução infantil e adaptação da escola e família às singularidades da criança com autismo. Em meio aos desafios, faz-se necessário destacar as prerrogativas concernentes ao neuropsicopedagogo, visto que, quando se trata de contribuir para a cultura da inclusão em favor da criança autista, a função e a natureza do trabalho desse profissional é indispensável, por ter conhecimento dos processos cognitivos, psicológicos, afetivos, pedagógicos e tese informativa, uma vez que, sempre irá haver lacunas quanto a origem e formas de lidar com as pessoas que apresentam esse transtorno. Diante de tais informações e associação do neuropsicopedagogo com a criança autista, o conhecimento e estratégias contribuirá na compreensão e formação identificando as modalidades de aprendizagem e suas dificuldades nesse processo com uma prévia avaliação das funções da memória, processamento de informações, percepção, raciocínio, habilidades na organização das atenções, abstração, linguagem, aprendizagem. A abordagem de escolha por este tema foi motivada por presenciar casos e situações observadas no cotidiano na educação infantil, onde há crianças que apresentam comportamentos que se assemelham às ações que são apontadas por pesquisadores como sendo traços da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diante disso, foram realizados pesquisas e aprofundamentos em estudos que motivaram interesse em realizar uma formação continuada em Neuropsicopedagogia. 14 Destacando-se também as contribuições de Papim e Sanches (2013), Tavares (2018), Moura e Fernandes (2017), Barros e Gonçalves (2018), Pinto (2016), Gil (2007), Gerhart e Silveira (2012), Avelino (2019), dentre outros. O artigo está dividido na seguinte estrutura: Primeiramente, abordaremos os aspectos iniciais e estruturais da pesquisa a partir do tópico “Introdução”; Em seguida, teceremos na segunda seção diálogos sobre o autismo no contexto familiar “O autismo bate a porta da família: que tal sentar para dois dedos de prosa?”; Na terceira seção intitulada “A neuropsicopedagogia e o contexto escolar: aspectos teóricos e conceituais”, discutiremos as implicações e importância da neurociência para o desenvolvimento do processo de aprendizagem da pessoa com autismo; Na quarta seção, abordaremos os aspectos metodológicos de pesquisa; Na quinta seção, serão evidenciadas as “Considerações Finais”. 2 A FAMÍLIA DA CRIANÇA COM AUTISMO Toda mulher tem dentro de si o desejo de ser mãe, e o período da maternidade não só confere a mulher uma imensa alegria, mas, sobretudo um senso de realização e satisfação para a família. O acompanhamento do crescimento da barriga da mãe pode ser registrado de diversas formas, tendo em comum a euforia e as expectativas com o tão sonhado nascimento do filho, mas ninguém espera ter um filho atípico. Nesse veio, podem-se depreender que: Ter um filho é um momento maravilhoso. Afinal, como a própria Bíblia afirma, os filhos são uma verdadeira dádiva, um presente de Deus que precisa ser cuidado. E todo o cuidado começa antes do filho nascer, com a alimentação da mãe e as atitudes que favorecem o bom desenvolvimento do feto (MOURA; FERNANDES., p.15, 2017) Ter filhos é uma concepção tanto emocionante como séria. É verdade que isso é uma circunstância habitual da humanidade. Com base na visão dos autores, denota- se que a atenção voltada para a criança pode e deve ser anterior ao seunascimento tendo em vista a contribuição do crescimento físico, psicológico, social e intelectual da mesma. As expectativas dos pais diante dessa necessidade de cuidado com o feto podem se elevar e, pode-se salientar que: 15 Concomitante com a adoção de algumas ações, planeja-se um nome, sonha- se com a criança correndo na sala de casa e logo ocorre a idealização do dia da sua formatura. Tudo que passa na mente é muito rápido, e aqueles nove meses de gestação parecem durar uma infinidade. A barriga cresce e o orgulho vem junto: este é meu filho (FERNANDES; MOURA., 2007, p.15) Tendo em vista as ideias dos autores, é sabido que no contexto familiar podem ser projetadas várias expectativas quanto ao nascimento e futuro das crianças. Porquanto, sabemos que mães e pais em geral já tem muitos desafios e muitas vezes deixam de sonhar para viver para os filhos. Os pais manifestam sentimentos, desejos e anseios que, além da ansiedade de descoberta do gênero, das roupas, móveis e materiais de suprimento: alimentam ideais, de contato posterior com as escolas, universidades e profissões que compõe o rol de desejos e sonhos que os pais idealizam para os filhos. O caminho da maternidade nem sempre são flores e, por inúmeras vezes há espinhos e surpresas desagradáveis, questionamentos e inquietações. Sendo assim, é necessário afirmar que é um direito dos pais sonhar com as melhores expectativas para os filhos, também percebemos o quanto é importante e necessário uma rede de apoio profissional e familiar durante a gestação e após o nascimento, mas muitos não dão à importância devida e corriqueiramente vemos mães e filhos sofrerem por não terem assistência profissional por serem desprovidos de recursos financeiros e amparo familiar, é de grande valia ter alguém que ajuda a cuidar da criança e dos trabalhos domésticos. Pais e mães sonham com filhos perfeitos, todavia, estamos sujeitos aos percalços que podem surgir durante a gestação e após o nascimento. No entanto, a partir do momento que a criança vem ao mundo ela necessita de uma atenção multiprofissional e dos responsáveis familiar. Por diversas vezes observamos pais e mães exaustos de andarem atrás do óbvio e não sabem mais o que fazer e, nem de que forma pedir ajuda diante de tantas portas que bateram e não se abriu, à procura de encaminhamentos ou laudos que possam vir ajudar no desenvolvimento significativo do filho, também com grande frequência vemos pais extremamente cansados, desgastados sem esperança, motivação e cheios de questionamentos por lidarem com criança em situação adversa do cotidiano e muitas vezes não tem suporte governamental, profissional e familiar. Muitas vezes é desafiador ter que suportar os olhares diferente dos familiares ao comparar o 16 comportamento dessas crianças com outras e, por não terem clareza do assunto surgem os questionamentos e julgamentos. Devido noites em claro e, se sentirem sobrecarregados nas rotinas desafiantes com a responsabilidade de cuidar de seus filhos com necessidades especiais e lutas para integrar a criança em círculos sociais diferentes do contexto familiar, aquilo que é uma necessidade básica se transforma em um sonho a ser realizado. Por outro lado, também podem haver familiares que: Consultam outros pais, recorrem a diversos profissionais pediatras, psicólogos e pedagogos, pois concordam que precisam saber o que ocorre com o filho, e a busca de um profissional representa o anseio pelo adequado encaminhamento para o filho. Mas as dúvidas acentuam: o que o filho apresenta? Por que ele não responde aos estímulos? (FERNANDES; MOURA., p. 15, 2017). Observa-se que é importante conscientizar a sociedade sobre autismo e suas implicações como um todo para que se tenha mais inclusão, compreensão e empatia. Reconhecer a importância do papel das mães e pais atípicos na vida de seus filhos e na sociedade, uma vez que, pode ocorrer situações e a criança não responder aos estímulos dos pais e manifestarem comportamentos que preocupam e que causa desprezo da coletividade, ao mesmo tempo que os familiares se empenham em buscar respostas para o “estranho” comportamento evidenciado. Em meio às dúvidas, descobertas e diagnósticos, surge uma expressão que pode ocasionar questionamentos: Transtorno do Espectro Autista (TEA). É necessário destacar, à princípio, que: O autismo não bate à porta, adentra a domicílio sem permissão de entrada e escolha de público. O visitante não tem uma causa comprovada para a existência, e entender os fatores que culminam a chegada é o propósito primordial dos pesquisadores que buscam promover a aprendizagem e evolução com soluções e orientações pertinentes para profissionais da educação que atuam diretamente com crianças autistas (BARROS, 2017, p.05). Diante do ponto de vista explicitado, observa-se que a finalidade com relação ao autismo é compreender a origem e os fatores que podem se fazer presentes na vida da criança. Simultaneamente às ideias da mesma, o ato de identificação do autismo é complexo, considerando que autismo não pode ser detectado por exames 17 laboratoriais específicos, o laudo é baseado apenas em observações clínicas (TAVARES, 2018). No que diz respeito ao autismo, pode-se afirmar que O Transtorno do Espectro Autista teve sua descoberta há pouco tempo na história das psicopatologias do desenvolvimento. Inicialmente foi considerado pelo psicanalista Bruno Bettelheim, como uma doença relacional, com o foco do problema na relação didática, mãe bebê, originando a expressão “mãe geladeira”, e sua causa associada a fatores ambientais. (PAPIM E SANCHES, 2013, p.14). Consequentemente, os autores surgem com afirmações que deixam claro que é equivocada a ideia de que o autismo é uma doença ou enfermidade e que se origina de fatores do meio. Por isso, com base nas considerações dos autores, cabe destacar que se trata de um distúrbio de ordem neurológica e que pode ser percebido nas ações e reações que se manifestam no cotidiano. Parafraseando Tavares (2018, p. 6), é possível notar-se uma extensão do conceito e manifestação do autismo quando se afirma que: A TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento e ocorre, pois, algumas áreas do cérebro não se formam corretamente. Se manifestando na vida do indivíduo apresentando dificuldades de comunicação, de interação social e comportamentos repetitivos e estereotipados. Ou seja, dos atos simples aos mais complexos do cotidiano familiar, escolar e social. O autor caracteriza o comportamento da pessoa com autismo ao destacar as dificuldades que podem surgir no momento em que estão socializando. As dificuldades em se comunicar, interagir com o outro e os movimentos repetidos são características que podem ser observadas, ao passo que cada ato seja simples ou complexo deve ser levado em conta com vistas ao objetivo de fazer com que a criança possa ter uma qualidade de vida e, por que não funcional e independente? A complexidade que pode haver no contexto familiar no que diz respeito ao diagnóstico, é, sobretudo: Uma situação que desencadeia alterações devido às necessidades de acompanhamento da criança para seu desenvolvimento. Constitui uma situação de impacto, podendo repercutir na mudança da rotina diária, na readaptação de papéis e ocasionando efeitos diversos no âmbito ocupacional, financeiro e das relações familiares. A família comumente perpassa por uma sequência de estágios, a saber: impacto, negação, luto, enfoque externo e encerramento, as quais estão associadas a sentimentos difíceis e conflituosos. (PINTO, et. al., 2016, p. 2). Lidar com o desconhecido é sem dúvidas, um desafio que impacta as relações familiares, uma vez que a individualidade pode modificar o período em que os 18 sintomas se manifestam e a forma como eles se apresentam, pois, o contexto em quea pessoa está inserida é diferente e compeli a promoção de diversos sentimentos. Portanto, deve ser levado em conta na hora do diagnóstico. O objetivo do presente artigo é compreender o que dificulta o diagnóstico das pessoas com TEA. Conforme a Carta Magna de 1988, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Seja tristeza, culpa, raiva ou frustração, é necessário saber que existe uma legislação que deve amparar a criança com autismo no sentido de que a mesma deve ser suprida e atendida nas mais diversas especificidades que pode manifestar. 3 A NEUROPSICOPEDAGOGIA E O CONTEXTO ESCOLAR: ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS A escola marca o contato da criança com a segunda fase de socialização. É o momento em que a criança irá romper o “casulo familiar” e estender o contato com o outro, fazendo parte de um contexto em que exige adaptação em um universo totalmente diferente daquele ao qual estava habituada. É nesse espaço que geralmente se fazem os primeiros amigos fora do núcleo familiar, são ensinadas visões de mundo diferentes e aprende a se enxergar como parte da sociedade. Afinal, a inclusão é sempre importante e, não é diferente quando o assunto é o aprendizado, uma rotina previsível e estável é um método eficaz, intervenções corretas os beneficiarão significativamente levando em conta que a sensibilidade de cada criança é diferente, por isso a observação é imprescindível. O ser humano tem a sua frente caminhos a percorrer quando se trata de educação e aprendizagem. Desde cedo, a partir da primeira e segunda fase de socialização, vive diante dessa teia relacional que o fomenta seguir em busca de aprendizagem para evoluir. O que torna a busca por evolução o carro-chefe das relações positivas com o meio (BARROS, 2018, p. 07) Atentando para a perspectiva da autora, o contato com o espaço escolar se torna um ambiente privilegiado onde o aluno irá se confrontar a respeito do processo de ensino e aprendizagem. Uma vez que já está incluso no ambiente escolar, podem 19 surgir diversos questionamentos: será que o estudante está aprendendo? De que forma irá aprender? E se não está, qual o caminho para facilitar o aprendizado? São perguntas cujas as respostas poderão ser encontradas dependendo de quem e da forma como se investiga. O professor, um dos possuidores da responsabilidade na formação escolar, social, cultural, psicológica, física e emocional do aluno, torna-se um dos componentes em que pode notar a presença do autismo no comportamento da criança. Mesmo que não saiba que seja a presença do transtorno, assim como os pais, irá perceber que a forma que o aluno se comporta em sala de aula pode não ser igual a dos demais. O problema é que muitas escolas e professores não estão equipadas e preparados para fornecer o apoio que as crianças autistas precisam, não estamos falando só da infraestrutura, mas os próprios educadores nem sempre recebem o treinamento e o suporte necessário para lidar com os alunos autistas. Mesmo que o professor seja um dos agentes principais e responsáveis pela aprendizagem do aluno juntamente com a família, é indispensável considerar que a escola deve ter uma equipe multiprofissional a serviço do aluno. Por exemplo: neuropsicopedagogos, psicopedagogos entre outros. A neuropsicopedagogia, nesse sentido, podemos afirmar que se originou: [...] com a junção das neurociências, da psicologia e da pedagogia originou- se uma nova ciência transdisciplinar, a Neuropsicopedagogia, cujo objetivo é compreender as funções cerebrais para o processo de aprendizagem, com intuito na reabilitação e prevenção dos eventuais problemas detectados nos indivíduos (AVELINO, 2019, p.33) Em conformidade com o autor, a neuropsicopedagogia surge como capacidade de compreender o desempenho do cérebro tendo em vista, a construção dos saberes e, sem dúvidas, uma maneira de recuperar e prevenir os problemas que podem comprometer a trajetória do estudante. O cérebro pode ser considerado como objeto de estudo de profissionais que estão diretamente envolvidos com o contexto escolar. Isto é, os psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, pediatras, psiquiatras e os neuropsicopedagogos podem ser apontados como agentes que estudam para buscar a esclarecer a forma que as crianças aprendem, por que não aprendem ou, de que forma podem aprender. Portanto, pode-se afirmar que a neuropsicopedagogia está no rol de possibilidades e oportunidades de aprendizagem que pode fazer com que o cérebro 20 seja objeto de estudo e ao mesmo tempo a partir das engrenagens e estudos da neurociência possibilitar a procura de respostas para possibilitar o aprendizado dos alunos autistas. Nesse sentido, é necessário parafrasear que: O cérebro é o órgão principal do sistema nervoso e consequentemente o responsável pelo controle do corpo e do processo de aprendizagem. Assim, os estudos das neurociências por educadores ajudam a evitar o fracasso escolar e frustações futuras ao longo da Educação Básica. A saber, as plasticidades neurais são encarregadas da aprendizagem do indivíduo, ativadas pela área do córtex cerebral. Desse modo, educadores ao conhecerem o processo de funcionamento do cérebro, se apoderam de uma ferramenta importantíssima no processo de ensino e aprendizagem que remetem ao sucesso escolar tão almejado no Brasil (AVELINO, 2019, p.34). O autor salienta a importância e funcionamento do cérebro, como também afirma que a atuação do neuropsicopedagogo pode ser uma oportunidade de aniquilar o insucesso escolar. Sendo uma indispensável ferramenta pedagógica que propicia o sucesso escolar. O estudo da manifestação do aluno, nas diversas atividades diárias, a partir da neuropsicopedagogia pode ser extinto, tendo em vista, a descoberta e a forma de atuar diante do que o mesmo apresenta. A neuropsicopedagogia, portanto, atua em processos intelectivos que a qualifica como: [...] promissora ao relacionar saberes, que vão desde os mais diversos comportamentos, pensamentos, emoções, movimentos e principalmente a efetividade, ao fornecer melhorias na qualidade de vida do indivíduo. Assim, a função geradora do profissional em neuropsicopedagogia é buscar tratamentos efetivos para variados distúrbios, transtornos ou doenças, que prejudicam principalmente sonhos de alunos, pais e professores na Educação Básica (AVELINO, 2019, p.35). Baseado na visão do autor, a neurociência pode ser pertinente e benéfica para o estudo do comportamento do aluno com autismo. Quando o neuropsicopedagogo se une ao contexto escolar e familiar, com vistas, a melhoria da qualidade de vida da criança autista, pode-se afirmar que poderá se deparar com a respostas que procura, bem como os tratamentos efetivos que contribuem para a aprendizagem. Uma vez que o papel da escola é essencial no crescimento de qualquer criança, seja ela típica ou atípica. As intervenções neuropsicopedagógicas em casos de autismo, conforme Sá (et. al., p.02, 2019) “pode contribuir na realização da avaliação e intervenções para o 21 planejamento da reabilitação desses casos”. As autoras são assertivas ao destacar que a neuropsicopedagogia pode ser o caminho para a reabilitação do aluno autista, considerando com base nessa afirmativa, que a família deve procurar ajuda profissional de forma conjunta com a escola. Uma vez que a escola, família e o suporte neuropsicopedagógico caminham juntos, as metodologias de ensino podem alcançar outro nível de excelência. Pois, assim como o neuropsicopedagogo avalia a condição do estudante, o professor irá avaliar a sua prática de forma a adequar e, adaptar ao nível de aprendizado do aluno que apresenta o transtorno, hajavista, que é dever da escola criar um ambiente inclusivo para estudantes com autismo e garantir seu aprendizado dentro e fora da sala de aula. Isso por meio da criação de processos e estratégias e também seguindo as legislações que amparam essa temática. Diante disso, convém destacar que: Sendo assim, a neuropsicopedagogia se agrega aos conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia onde realiza um trabalho investigativo na promoção da aprendizagem avaliando seus estímulos, respostas e sensações no processo de ensino e aprendizagem no TEA. De modo a estudar o processo de como o cérebro aprende e armazena as informações (SÁ, et al, p. 03, 2019). A neuropsicopedagogia, enquanto ciência que estuda os processos e funções cerebrais é interdisciplinar e, não caminha sozinha na atuação com o aluno autista. Essa área do conhecimento agrega os saberes psicopedagógicos que somam reforços para avaliar o comportamento em suas múltiplas manifestações. O que permite ter uma visão ampliada e ao mesmo tempo profunda do funcionamento do cérebro. Visto que, o mau desempenho escolar de um aluno esconde várias razões o neuropsicopedagogo coloca em prática seus conhecimentos com o intuito de descobrir transtornos da dificuldade na aprendizagem. O neuropsicopedagogo pode trazer contribuições positivas para a sala de aula no sentido de que: É fundamental que os profissionais que estejam envolvidos, tenham conhecimentos dos processos cognitivos, psicológicos, afetivos e pedagógicos. Aplicando esses conhecimentos juntamente com o aluno com TEA, possibilitando que o mesmo desenvolva condições otimizadas de aprendizagem (SÁ, et al, p. 04, 2019). 22 Partindo do ponto de vista das autoras, a necessidade do envolvimento entre os profissionais que estejam atuando juntamente com o estudante autista. Vale ressaltar que nesse sentido, a união faz a força e, o detalhamento do comportamento do aluno, pode ser apontado por todos os profissionais envolvidos para que juntos através de práticas e habilidades auxiliam o desenvolvimento cognitivo. O neuropsicopedagogo juntamente com o professor pode desenvolver mecanismos, técnicas e intervenções que podem ativar positivamente os processos cerebrais da criança com autismo, considerando que não são meras formalidades legais e sim um direito da criança o ensino-aprendizagem, porquanto, são pilares que sustentam a construção de um indivíduo. E por falar em um trabalho unificado entre família, professor e a neurociência, convém salientar que: Certamente, o professor que conhece os mecanismos e estruturas cerebrais, compreenderá melhor as questões da aprendizagem e da não aprendizagem, as causas e consequências do não funcionamento cerebral. Enfim, irá contribuir na compreensão e formação identificando as modalidades de aprendizagem e suas dificuldades nesse processo (SÁ, et al, p. 05, 2019). De acordo com as autoras, o conhecimento dos mecanismos e estruturas cerebrais é indispensável. Evidentemente a criança autista que tem acompanhamento da família pode ter possiblidades significativas de aprendizagem, outro ponto fundamental para a inclusão de uma criança autista na escola é que todos os envolvidos, família, amigos e escola, os tratem normalmente da mesma forma o professor. É relevante que professores tenham acesso a capacitações e formação continuada, a fim de aprimorar suas habilidades e conhecimentos nessa área. O importante é compreender que uma criança atípica ou não, precisa ser amada acima de tudo e, estimulada para que se desenvolva. A neuropsicopedagogia, nesse caminho: [...] faz uso de instrumentos especificamente padronizados para a avaliação das funções do cérebro, habilidades no processamento das atenções, informações, memória, percepção, abstração, linguagem, raciocínio, aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento de informações, viso construção, afeto, funções motoras e executivas atuando no diagnostico, no tratamento, na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento para melhor entender o funcionamento do cérebro (SÁ et al, p. 05, 2019). 23 As autoras denotam a manifestação da neuropsicopedagogia na avaliação das funções cerebrais, onde o aprendizado da criança é analisado minuciosamente sob diversas especificidades para identificar possíveis dificuldades ou alterações neurocognitivas que possam afetar o processo de aprendizagem. Tratando-se de analisar o comportamento do cérebro da pessoa com autismo, podemos dizer que o neuropsicopedagogo: Faz-se uso de métodos, instrumentos e recursos próprios para a compreensão do processo de aprendizagem cabíveis na intervenção, atua em educação e saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o indivíduo, a família, a escola, a sociedade, o contexto sócio- histórico e utilizando procedimentos próprios fundamentados em diferentes referenciais teóricos (SÁ et al, p. 06, 2019). Parafraseando, resta afirmar que a neuropsicopedagogia compreende o processo de aprendizagem da criança com autismo, aspectos como memória, atenção, linguagem, raciocínio lógico, habilidades motoras e emocionais, entre outros, como um todo. Além de considerar o autista em sua individualidade, também se leva em conta a família, instituição escolar, espaço social e o contexto pelo qual a criança atua, com a finalidade de fomentar e proporcionar um ambiente de aprendizagem inclusivo e adaptado às necessidades do indivíduo de modo que, a criança seja incluída nos mais diversos contextos, maximizando seu potencial cognitivo e promovendo o seu desenvolvimento. 4 METODOLOGIA DO TRABALHO Esse estudo é de natureza qualitativa, que conforme Gerhardt e Silveira (2009), as ações de descrever, compreender e explicar são alinhadas e manifestadas na pesquisa de forma subjetiva. Esse artigo é de cunho bibliográfico que com base nos estudos de Gil (2008), foi desenvolvido com base em um arcabouço teórico já elaborado, tendo como fonte de pesquisa os livros e artigos científicos. 5 CONCLUSÃO Salientando a presente pesquisa, o trabalho do neuropsicopedagogo não se 24 restringe apenas a crianças em idade escolar, esse profissional também desempenha um papel importante na orientação de pais, professores e demais profissionais da área educacional, como também pode ser direcionado a adolescentes e adultos que apresentem dificuldades de aprendizagem ou transtornos neurológicos, psicológicos e pedagógicos a fim de auxiliar indivíduos com dificuldades de aprendizagem, ou problemas de desenvolvimento. Concluindo, a neuropsicopedagogia ocupa posição central na vida social, escolar e familiar da criança autista ao verificar o comportamento e as possibilidades que a criança tem de ser incluída no contexto escolar, o neuropsicopedagogo instrumentaliza a família e o professor com as medidas necessárias para propiciar um ambiente auspicioso ao desenvolvimento integral, ensino e aprendizagem. Diante do que foi citado até o momento sobre o assunto é essencial abraçar todas as probabilidades de avanços nas pesquisas sobre o aprendizado, para que a educação da atualidade se torne cada vez mais reflexiva e excelente. Contudo, entende-se que o obstáculo no processo de ensino-aprendizagem não se encontra apenas na didática do professor ou nas funções do cérebro da criança, mas também nas políticas sociais, políticas de infraestrutura e políticas econômicas ao deixar de manter nas instituições de ensino os mais diversos profissionais como: neuropsicopedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogo, entre outros. A partir do objetivo geral desse estudo foi observado que para se efetivar o êxito escolar na Educação Básica, todas as alternativas são viáveis, desde os conhecimentos da neuropsicopedagogia pelos educadores como a presença do profissional de neuropsicopedagogiadentro da esfera escolar se faz necessário, para compreender a maneira como a criança aprende, por que manifesta determinados comportamentos ou os motivos pelos quais tem dificuldades no aprendizado. 6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, G. P. Plasticidade cerebral e aprendizagem. In: RELVAS, M. P.(org.). Que cérebro é esse que chegou à escola? 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