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O setor industrial também passou por mui- tas transformações ao longo das últimas dé- cadas. Até o fim dos anos 1970, a maioria dos funcionários das indústrias trabalhava em linhas de montagem. Atualmente, nas indús- trias de alta tecnologia, a linha de montagem tem elevados índices de robotização e infor- matização e, por isso, utiliza número reduzido de trabalhadores. Já as atividades administrativas, jurídicas e as relacionadas a publicidade, vendas, alimen- tação, segurança e limpeza, entre outras, empregam um número crescente de mão de obra. Assim, a maioria dos empregados das indústrias de alta tec- nologia está, na realidade, prestando serviços. Em razão dessa crescente inter-relação das atividades econômicas, mui- tos institutos de pesquisa que coletam dados em escala mundial têm agru- pado as atividades econômicas em três setores: agropecuária (inclui extra- tivismo), indústria (inclui construção civil) e serviços (inclui o comércio). NÃO ESCREVA NO LIVRO • Leia os dados da tabela e responda: a) Qual país apresenta a maior PEA? Qual é a posição do Brasil? b) De acordo com o gênero, como estão distribuídos, de forma geral, os trabalhadores entre os três setores de atividade? c) A que conclusões podemos chegar sobre a produtividade econômica dos países, sobretudo na agropecuária? d) Como se configura o trabalho em sua família? Considere eventuais tios e tias, primos e primas ou ainda amigos próximos e verifique em qual segmento eles atuam, distinguindo-os por gênero. e) Avalie em qual segmento você gostaria de atuar profissionalmente. Qual é o papel de sua família em sua escolha e possível trajetória profissional? Veja as respostas no Manual do Professor. Interpretar Trabalhadores de um call center na cidade de Kolkata (Índia), em 2017. Esse país é um dos poucos no mundo onde os homens são predominantes na prestação de serviços. Distribuição da PEA por setores de atividade em países selecionados – 2018 País PEA total (milhões de trabalhadores) Agropecuária (%) Indústria (%) Serviços (%) homem mulher homem mulher homem mulher China 786,0 28,8 24,2 28,9 28,3 42,4 47,5 Índia 512,3 40,2 57,1 26,3 18,7 33,5 24,2 Estados Unidos 164,9 2,0 0,8 28,8 8,5 69,2 90,8 Brasil 105,4 13,2 4,2 27,7 10,6 59,1 85,2 Japão 67,1 3,8 3,0 32,6 14,0 63,6 83,0 Nigéria 60,7 45,1 26,4 11,2 12,0 43,7 61,6 México 56,6 18,3 3,7 30,8 17,4 50,9 78,9 Alemanha 43,4 1,6 0,9 38,9 13,6 59,4 85,5 Níger 8,8 79,3 71,5 4,8 12,4 15,9 16,1 Fonte: WORLD BANK. World Development Indicators 2020. Washington, D.C., 2020. Disponível em: http://wdi.worldbank.org/tables. Acesso em: 13 abr. 2020. Ta y lo r W e id m a n /B lo o m b e rg /G e tt y I m a g e s 59 V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_044a083.indd 59V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_044a083.indd 59 9/8/20 5:45 PM9/8/20 5:45 PM Distribuição da renda A análise dos indicadores de distribuição de renda mostra que em mui- tos países em desenvolvimento (incluindo alguns emergentes, como o Bra- sil) há grande concentração da renda nacional bruta nas mãos de pequena parcela da população, enquanto nos desenvolvidos de forma geral ela está mais bem distribuída. Por exemplo, no Brasil, um dos países de maior desi- gualdade social do mundo, os 10% mais ricos da população detêm 42,5% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1% da rique- za produzida internamente (Banco Mundial, 2018). No outro extremo está o Japão, um dos países de menor desigualdade social, onde os 10% mais ri- cos da população se apropriam de 26,4% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres ficam com 2,9% (Banco Mundial, 2013). O que faz a renda ser tão concentrada no Brasil? Além do baixo grau de escolaridade, dos baixos salários, da dificuldade de acesso à propriedade regular (urbana ou rural) e das causas históricas da origem da desigualdade social (como o escravismo), há vários fatores que colaboram com a atual concentração da renda, como: mau direcionamento de investimentos públicos e privados; definição de políticas econômicas pela força de atuação de grupos mais acessíveis ao poder governamental estabe- lecido; sistema tributário (os impostos indiretos pesam mais para os mais pobres); e inflação (quase sempre não repassada integralmente aos salá- rios). Esses últimos fatores aplicam-se a muitos outros países. No Brasil, o índice oficial para medir a inflação é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), medido pelo IBGE. Esse índice é composto de muitas va- riáveis – alimentação, moradia, transporte, vestuário, educação, saúde, lazer, serviços públicos; portanto, varia para as diferentes faixas de renda. Vamos comparar o efeito da inflação para duas pessoas: uma com salário mensal de R$ 1.500,00 e outra com salário de R$ 15.000,00. Para simplificar a comparação e facilitar o entendimento, vamos considerar apenas o efeito do item alimentação sobre essas duas faixas de renda. A pessoa que ganha R$ 1.500,00 gasta R$ 500,00 com alimentação, o que corresponde a 33,3% de seu salário. Quem ganha R$ 15.000,00 pode gastar, por exemplo, quatro vezes mais (R$ 2.000,00) e, mesmo assim, despender com alimentação apenas 13,3% de sua renda mensal. Se os gas- tos com alimentação sofrerem um aumento de 50%, o índice de inflação será de 16,66% para quem ganha R$ 1.500,00 (ou seja, R$ 250,00 a mais do que gastava: 250/1 500 3 100 5 16,66%), mas apenas de 6,66% para quem ganha R$ 15.000,00 (R$ 1.000,00 a mais do que gastava: 1 000/15 000 3 100 5 6,66%). Como o governo divulga um índice oficial de inflação, o IPCA, válido para todas as faixas de renda em todo o território nacional, perdem mais aqueles que ganham menos. Além disso, os tributos indiretos, pagos no consumo de bens e serviços, pesam relativamente mais para os pobres. Por exemplo, um trabalhador que ganha R$ 10.000,00 por mês e compra um fogão que custa R$ 300,00, dos quais R$ 100,00 correspondem a impostos indiretos, compromete 1% de seu 60 V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_044a083.indd 60V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_044a083.indd 60 9/8/20 5:45 PM9/8/20 5:45 PM