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Terapias e Psicoterapias

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Rafael Dias

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERAPIA 
DA CONSTELAÇÃO 
 FAMILIAR SISTÊMICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 PSICOTERAPIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
HISTÓRIA ................................................................................................................... 6 
DIFERENÇAS ENTRE PSICOLOGIA, PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA ............... 11 
PRINCIPAIS LINHAS DE ABORDAGEM PSICOTERÁPICA .................................... 14 
PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA .............................................. 15 
PSICOTERAPIA ANALÍTICA .................................................................................... 15 
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL .......................................................... 20 
Indicações ................................................................................................................. 21 
Tipos de Terapia ........................................................................................................ 22 
PERFIL DO PSICOTERAPEUTA .............................................................................. 23 
PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA .............................................. 25 
DIFERENÇAS ENTRE PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA 
E PSICANÁLISE 25 
A ENTREVISTA PSICANALÍTICA ............................................................................. 27 
ENQUADRE TERAPÊUTICO .................................................................................... 29 
ALIANÇA TERAPÊUTICA ......................................................................................... 31 
PRINCIPAIS TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS ........................................................... 32 
PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ............................................... 45 
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITOS BÁSICOS ......................................... 45 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL ................................................................ 53 
FOBIAS ESPECÍFICAS ............................................................................................. 54 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ................................................. 55 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO .......................................................... 56 
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO .............................................. 57 
TRANSTORNOS AFETIVOS .................................................................................... 57 
TRANSTORNOS ALIMENTARES ............................................................................. 58 
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE LIMÍTROFE OU BORDERLINE ................. 60 
ADICÇÃO AO JOGO ................................................................................................. 61 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE E 
IMPULSIVIDADE ....................................................................................................... 61 
DISFUNÇÕES SEXUAIS .......................................................................................... 62 
TRANSTORNOS DO SONO ..................................................................................... 63 
4 
 
 
PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS ................................ 64 
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO .............................................................................. 65 
DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA ..................................................................... 65 
TREINO DE ASSERTIVIDADE ................................................................................. 66 
PARADA DO PENSAMENTO ................................................................................... 66 
AUTOINSTRUÇÃO ................................................................................................... 66 
INOCULAÇÃO DO ESTRESSE ................................................................................ 66 
TREINO EM HABILIDADES SOCIAIS ...................................................................... 67 
SOLUÇÃO DE PROBLEMA ...................................................................................... 67 
EXPOSIÇÃO ............................................................................................................. 67 
EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE RESPOSTAS ...................................................... 68 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 69 
PSICOTERAPIA DE GRUPO .................................................................................... 69 
FUNDAMENTOS TEÓRICO-TÉCNICOS .................................................................. 71 
CONCEITO DE GRUPO E DE CAMPO GRUPAL .................................................... 73 
GRUPOS OPERATIVOS ........................................................................................... 76 
A FORMAÇÃO DE UM GRUPO ................................................................................ 81 
PERFIL DO GRUPOTERAPEUTA ............................................................................ 90 
PSICOTERAPIA BREVE ........................................................................................... 91 
HISTÓRICO .............................................................................................................. 91 
CONCEITO ............................................................................................................... 92 
FUNDAMENTOS TEÓRICO-TÉCNICOS .................................................................. 93 
TÉCNICA ................................................................................................................. 100 
O FATOR TEMPO ................................................................................................... 100 
A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E O CONTRATO TERAPÊUTICO ......................... 102 
O TRATAMENTO PROPRIAMENTE DITO ............................................................. 105 
O TÉRMINO DO TRATAMENTO ............................................................................ 106 
AS CONSIDERAÇÕES DE FIORINI E A TÉCNICA EM HOSPITAIS ..................... 109 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 110 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 112 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No decorrer da vida, passamos por fases em que estamos bem. Parece que 
encontramos o estado de felicidade. Mas em outras, encontramos dificuldades para 
seguir nossa vida adiante. Nestas fases nos damos conta de que, sozinhos não 
conseguimos caminhar. Reconhecemos que precisamos da ajuda de outro. Mas não 
pode ser outro qualquer, é preciso que este outro esteja disposto a nos assumir do 
modo como somos, sem julgar, e que nos dê a atenção devida. Pressupõe-se que 
este outro tenha algo mais que o diferencie que é o conhecimento da psique. Para 
cuidar dos sentimentos e emoções, temos o profissional especialista em teorias 
psicológicas: o psicólogo. 
As pessoas procuram psicoterapia por várias razões. Geralmente há um motivo 
subjacente: o sentimento de que nem tudo vai bem com a própria vida, faltando 
sentido e propósito mais profundo. 
Freud já dizia que o desejo de se tratar deve ser primeiro do paciente, na 
medida em que existe um sofrimento mental que justifique a necessidade. Quando o 
paciente procura um tratamento por si só revela o desejo de amenizar seu sofrimento. 
A palavra “terapia” vem de “theraplia” e quer dizer “cuidado, apoio”. Se 
juntarmos à palavra “terapia” o prefixo “psico”, temos então “psicoterapia”, que 
significa o “cuidado da psique, da alma, da mente”. 
Para tanto, o psicólogo pode utilizar-se da abordagem teóricaque lhe faça 
sentido (psicanalítica, comportamental, humanista, etc.). A escolha da abordagem 
depende da forma que este profissional entende o homem e o mundo, da sua filosofia 
de vida. 
A Psicoterapia é uma técnica psicológica, fundamentada e embasada 
cientificamente para auxiliar as pessoas que buscam conforto para seu sofrimento 
emocional. Seu objetivo não é o de prometer ao paciente um impossível estado de 
felicidade eterna, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência filosófica diante do 
sofrimento, auxiliando-o a lidar com seus conflitos. Nesse sentido, a vida acontece em 
um equilíbrio entre a alegria e a dor. 
A Psicoterapia pode ser realizada em indivíduos de todas as faixas etárias, 
desde a infância, passando pela adolescência, fase adulta e até a velhice. Pode ser 
6 
 
 
realizada individualmente, em grupo, em casal ou família, no âmbito público ou 
privado. 
O terapeuta é um grande fator curativo da psicoterapia. Ele é afetado pelas 
emoções do paciente, portanto ele deve aceitá-las e servir de espelho para elas (as 
emoções). Dessa forma, o terapeuta deve sentar-se à frente do paciente de modo que 
possa também expressar suas emoções. O contágio das emoções acentua-se quando 
os conteúdos projetados pelo paciente são idênticos aos conteúdos inconscientes do 
terapeuta. Mas para que isso ocorra, ele também precisa fazer terapia (JUNG, 1985). 
Segundo Hall.; Nordby (2000), para ser eficaz, a psicoterapia deve provocar o 
crescimento do paciente. Uma compreensão do que significa crescer, da natureza dos 
processos de crescimento e da maneira de ativar esse crescimento, constitui um 
conhecimento essencial para o psicoterapeuta. 
Isso inclui conhecer, dentre outros, o desenvolvimento da personalidade, os 
estágios da vida (infância, juventude, maturidade, meia-vida e velhice) e as influências 
do meio externo. Isso porque estes processos de crescimento são influenciados tanto 
positivamente quanto negativamente por vários fatores, como a hereditariedade, as 
experiências da criança com os pais, a educação, a cultura, a sociedade e a idade. 
 
HISTÓRIA 
Historicamente, a psicoterapia é muito mais antiga do que imaginamos, claro, 
de forma não sistematizada. Suas raízes estão desde a Antiguidade, das mais 
diversas formas culturais, por meio do curandeiro, danças xamanísticas, poções, 
Buda, etc. (STONE, 2005). 
A igreja, conforme relata Stone (2005), também exerceu grande influência na 
cura do sofrimento mental, muitas vezes, com características sobrenaturais, 
primeiramente com a Igreja Católica que tinha como pressuposto a luta entre o bem e 
o mal (Deus e o diabo). Mais tarde o protestantismo de Martinho Lutero conquistou 
milhares de fiéis, desafiando a autoridade da igreja, influenciando no rumo da história. 
Assim, a possibilidade da crítica e do diálogo propiciou a separação entre a Igreja e o 
estado, contribuindo com a ciência. 
Segundo Stone (2005), já nos séculos XVI e XVII começou a surgir os hospitais 
psiquiátricos, que nada mais eram que “depósito” de doentes mentais. Mas foi um 
século mais tarde, com o movimento do Iluminismo que a psicoterapia começou a ser 
modelada conforme hoje a conhecemos. Filósofos importantes (como Voltaire e 
7 
 
 
Rousseau) contribuíram com a antropologia e o progresso do esclarecimento humano, 
inclusive no esclarecimento psicoterapêutico. 
Na área da Psiquiatria, o médico Pinel, influenciado por Rousseau deu início 
ao movimento antimanicomial, passando a compreender e a tratar os doentes mentais 
de forma humanizada. Iniciam-se também escritos sobre estudos de caso e relatos da 
história de vida de pacientes (STONE, 2005). 
É na psiquiatria francesa, no final do século XVII e início do séc. XIX, com Pinel 
e Esquirol, que a terapia psicanalítica teve sua origem, como aponta Stone (2005). O 
método de cura do sofrimento mental era, dentre outros, o da sugestão, que 50 anos 
mais tarde foi chamado de hipnose. Além desses médicos, o neurologista Charcot foi 
um grande nome, especialmente porque teve forte influência nas teorias da 
psicanálise de Sigmund Freud. Foi ele quem orientou Freud nos estudos sobre 
histeria. 
De acordo com Stone (2005), o francês d’Hervery Saint-Denis, que registrava 
seus sonhos em um livro, acreditava que os sonhos eram mensagens obscuras de 
dentro de cada pessoa, passíveis de tradução. Assim, ele trabalhava com o 
simbolismo dos seus pacientes, por meio de frequentes e prolongadas sessões. Essa 
concepção fez com que Freud, em seus estudos sobre histeria, mudasse da hipnose 
para um tratamento no qual o paciente está em alerta, associando livremente. 
Assim, Freud foi se destacando e criando uma teoria acerca do inconsciente, 
sólida e muito difundida que foi se configurando como a psicanálise clássica que hoje 
conhecemos, juntamente com seus colaboradores Karl Abraham, Sander Ferenczi e 
Ernest Jones, que, juntos, compunham o Círculo Secreto. Encontravam-se nas noites 
de quarta-feira na casa de Freud para discutir sobre aspectos teóricos e técnicos da 
psicanálise (STONE, 2005). 
No século XX, no período da Primeira Guerra Mundial, a psicanálise estava se 
tornando cada vez mais estruturada e enraizada, tanto na Europa quanto na América. 
Surgiram grandes centros e institutos psicanalíticos. Foram realizados muitos 
encontros, congressos e publicações na área. O primeiro congresso psicanalítico 
ocorreu em 1908, em Salzburg, dirigido por Freud (STONE, 2005). 
Ocorre que, conforme relata Stone (2005), esses centros e institutos 
diferenciavam-se entre si, uma vez que os autores divergiam de opiniões teóricas e 
técnicas. Quanto mais a psicanálise ia se expandindo mais as escolas de terapia iam 
se diferenciando, com teorias e métodos próprios. 
8 
 
 
Segundo Stone (2005) havia os seguidores de Freud e de sua tradição 
“ortodoxa”, assim como Carl Gustav Jung que rompeu com Freud e criou sua 
“psicologia analítica”, a qual considerava a natureza místico-religiosa dos fenômenos 
psíquicos. Além disso, foram delineando também os tipos de pacientes atendidos na 
psicanálise e em outras técnicas de psicoterapia. 
Assim, cada autor foi se destacando em algum tipo de patologia e paciente. 
Melanie Klein, Anna Freud e Margareth Mahler estudaram pacientes psicóticos. Otto 
Kernberg se destacou no estudo de borderlines. Já John Bowlby seguiu seu trabalho 
sobre o apego, ansiedade de separação e perda, dentre muitos outros (STONE, 
2005). 
Da mesma forma, acrescenta Stone (2005), vários tipos de psicoterapias foram 
surgindo. Como exemplo, temos: Carl Rogers, que desenvolveu a teoria humanista, 
Wilhelm Reich e sua teoria do “caráter” e Jacob Moreno introduziu o psicodrama. Já 
Aaron Beck se distanciou da psicanálise de Freud, criando a teoria cognitivo-
comportamental. 
Então, Freud foi um dos inauguradores da psicoterapia. Mas depois dele vieram 
outros tantos; alguns o seguiram, outros acrescentaram e outros ainda se 
distanciaram radicalmente. A psicanálise, a psicoterapia de orientação analítica, a 
psicoterapia de apoio, a psicoterapia de grupo, a psicoterapia humanista, a existencial, 
a cognitivo-comportamental, além de outras, são exemplos descritos por Stone 
(2005). 
O mais importante é que todas têm o seu valor, suas indicações e 
contraindicações. Uma não é melhor que a outra. Como afirma Stone (2005) em 
qualquer uma das psicoterapias é importante que o terapeuta tenha empatia, simpatia 
e inteligência, minimamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
CONCEITO/DEFINIÇÃO 
 
FIGURA– CONCEITO/DEFINIÇÃO 
 
http://marciocandiani.site.med.br/fmfiles/index.asp/::XPRWTT::/ps1.jpg 
 
Segundo Knobel (2002), a psicoterapia é um procedimento técnico de um 
vínculo humano, baseado num referencial teórico da estrutura da personalidade e dos 
comportamentos das relações interpessoais, mediante o qual uma pessoa tenta 
ajudar a outraque necessita de algum tipo de assistência para aliviar ou melhorar 
suas condições atuais de vida, e assim, atingir um melhor nível de desenvolvimento 
enquanto ser humano. 
Laplanche e Pontalis (2008, p. 393) definem psicoterapia como “qualquer 
método de tratamento dos distúrbios psíquicos ou corporais que utilize meios 
psicológicos e, mais precisamente, a relação entre o terapeuta e o doente”. Para estes 
autores a hipnose, a sugestão, a psicanálise são exemplos de psicoterapia. 
Nesse sentido, a Psicoterapia é uma prática que está dentro da Psicologia 
Clínica. 
Envolve conhecimento da Psicopatologia, da Psicologia do Desenvolvimento. 
Segundo Dolto, in Mannoni (1983), a relação psicoterápica permitirá que as 
“forças emocionais encobertas, em jogo conflitivo”, encontre uma saída, ou seja, a 
descoberta de processos inconscientes contribui para que o paciente perceba o que 
está limitando sua liberdade. Entendendo que esta liberdade significa o indivíduo 
conseguir ser criativo, e não apenas submisso às exigências, livre da dependência do 
desejo de outrem, conseguindo comunicar os seus sentimentos, amar e ser amado, 
http://marciocandiani.site.med.br/fmfiles/index.asp/::XPRWTT::/ps1.jpg
http://marciocandiani.site.med.br/fmfiles/index.asp/::XPRWTT::/ps1.jpg
10 
 
 
enfrentar frustrações e as dificuldades cotidianas. Assim, estamos entendendo saúde 
mental, não enquanto um processo de adaptação, mas enquanto possibilidade 
criadora, na qual o paciente consiga transitar na relação dialética princípio da 
realidade versus princípio do prazer, com certa maleabilidade. 
Antes do início do processo psicoterápico, faz necessário um bom 
psicodiagnóstico, isto é, a avaliação psicológica. 
Nessa fase, como aponta Ocampo (1974), o objetivo principal é o de conseguir 
uma compreensão o mais profunda possível do psiquismo do paciente. Abrange 
aspectos passados e presentes (diagnóstico), assim como também os aspectos 
futuros (prognóstico). Investiga aspectos sadios e doentes do paciente e possibilita 
dar encaminhamentos terapêuticos (psicoterapia individual, de grupo, casal, se será 
realizado trabalho multiprofissional com psiquiatra, neurologista,...). 
O psicodiagnóstico já é em si terapêutico, na medida em que o psicólogo vai 
fazendo devoluções parciais. Além disso, o paciente tem a possibilidade de falar 
sinceramente de si mesmo, sem atitude de julgamento, mas de compreensão. 
Contribui também para o levantamento de hipóteses diagnósticas acerca do caso, 
para o processo psicoterápico (OCAMPO, 1974). 
Nesta etapa o psicólogo pode-se utilizar de diversos instrumentos, tais como: 
entrevistas, testes e técnicas projetivas, desenhos e a hora do jogo diagnóstica (nesta 
última técnica, quando se tratar de criança). 
Encerra-se com a entrevista devolutiva, que “é a oportunidade que se dá ao 
paciente para que integre o que apareceu dissociado entre o conteúdo manifesto e o 
latente” (OCAMPO, 1974, p. 32). Inclui também a devolução dos aspectos saudáveis, 
adaptativos, bem como dos patológicos. É o momento no qual são ditos os 
encaminhamentos e, quando necessário, a indicação de psicoterapia. 
Didaticamente falando, após encerrar o psicodiagnóstico inicia-se o processo 
psicoterápico propriamente dito. Muitas vezes, é difícil delimitar uma fronteira entre 
esses dois processos, uma vez que as ansiedades da dupla estão em jogo. 
O primeiro passo na psicoterapia é realizar novo contrato terapêutico, ou seja, 
o esclarecimento dos papéis (paciente e terapeuta), local e horário da sessão, além 
dos honorários quando se tratar de consultório particular. A seguir inicia-se o processo 
psicoterápico propriamente dito. 
 
11 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE PSICOLOGIA, PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA 
 
Inicialmente a Psicologia designava o “estudo da alma”. Com o passar do 
tempo, foi mudando para o estudo do comportamento humano. 
A Psicologia é uma ciência que investiga o comportamento humano, os 
aspectos emocionais e sua inter-relação com a sociedade. Apresenta uma diversidade 
de áreas de atuação: Psicologia clínica, organizacional, escolar; Psicologia da saúde, 
hospitalar, jurídica, do esporte. O psicólogo atua também em programas da área da 
assistência social (Centro de Referência da Assistência Social; Centro de Referência 
Especializado da Assistência Social, etc.). 
De acordo com Serra (2004) a maior parte dos psicólogos brasileiros (cerca de 
80%) encontra-se atuando na área clínica, exercendo a prática da psicoterapia. 
A palavra “análise”, de “psicanálise”, vem do grego “ana” (partes) e “lysis” 
(decomposição, dissolução). Então, juntando “psi” com “análise” temos a 
decomposição das partes psicológicas. 
Conforme Laplanche e Pontalis (2008, p. 384), a Psicanálise é “um método de 
investigação que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente 
das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios)”. 
Na “era Freud”, a primeira era denominada por Wallerstein (2005), permeou a 
concepção de que apenas a psicanálise era a psicoterapia verdadeira de cura e 
científica. As demais eram consideradas como o “cobre da sugestão”, enquanto a 
psicanálise era vista como o “ouro puro”, conforme Freud e outros afirmavam. 
Freud, no texto de 1905, “Sobre a Psicoterapia” (1976), faz uma analogia, 
relacionando o trabalho das Artes e a análise, utilizando-se da expressão de Leonardo 
da Vinci, per via di levare, que se refere ao trabalho de esculpir, no qual se retira da 
pedra o que encobre a superfície da escultura nela contida. A arte da interpretação 
tem como objetivo abrir uma via de acesso para o conhecimento do inconsciente. Ao 
considerar as questões inconscientes que permeiam as relações, o psicanalista 
apresenta uma especificidade ao escutar o paciente, pois não considera somente o 
fenômeno manifestado, mas também os conteúdos latentes que estão presentes. Esta 
prática acompanhada de uma contextualização histórica e econômica investiga qual 
o sentido que determinados acontecimentos têm para o indivíduo, trabalhando não 
com uma verdade absoluta, mas com uma verdade individual, construída e 
reconstruída nas relações. 
12 
 
 
Acontece que, como narra Wallerstein (2005), nem todos os tipos de pacientes 
podiam se beneficiar da psicanálise na época. Logo, a psicoterapia de orientação 
psicanalítica começou a entrar em cena. Emprestava os conceitos da psicanálise e os 
aplicava nos pacientes que não podiam ser tratados por esta última. 
Segundo Wallerstein (20005) no final da década de 1930 até início de 1950 
ocorreu o que chamou de segunda era, ou seja, a “era do consenso”, quando houve 
um crescimento da psicanálise norte-americana, com psicanalistas europeus 
refugiados de Hitler e com o aumento das clínicas psiquiátricas no país. Pacientes 
com transtornos mentais não podiam ser tratados pela psicanálise, havendo a 
necessidade de se adaptarem a outras psicoterapias, especialmente à psicoterapia 
de base analítica, que teve como pioneiro Robert Knight. 
Este pioneiro, conforme Wallerstein (2005) ocupou-se primeiramente em 
delinear o que ele chamou de “ciência básica da psicologia dinâmica”. Para tanto, fez 
a primeira distinção dentro do referencial psicanalítico: ele definiu as psicoterapias em 
dois grandes grupos. São as psicoterapias de apoio, que visa à supressão dos 
sintomas e as psicoterapias expressivas. 
Para Knight a psicanálise tem como objetivo a modificação da estrutura da 
personalidade. Já a psicoterapia de apoio propõe ao paciente a reconstrução dos 
mecanismos de defesa utilizados antes da descompensação. E por fim, a psicoterapia 
expressiva, de caráter exploratório, visa tratar as descompensações recentes 
(WALLERSTEIN, 2005). 
Após a década de 1950, como aponta Wallerstein (2005), outros pontos de vista 
começaram a surgir. Alguns psicanalistas propuseram a unificação da psicanálisecom 
a psiquiatria. Dessa forma, passou-se a entender que havia uma grande proximidade 
entre a psicanálise e a psicoterapia de base analítica. 
Outro grupo de psicanalistas compartilhava de outro ponto de vista, segundo 
Wallerstein (2005). Sugeriu modificações na técnica psicanalítica, uma revisão da 
teoria clássica, modernizando-a. 
Esses pontos de vista tiveram uma repercussão pouco significativa. Entretanto, 
como salienta Wallerstein (2005), a preocupação maior era a de selecionar, dentre a 
variedade de métodos terapêuticos, o mais adequado para a estrutura psicológica de 
cada paciente. 
Então, continua Wallerstein (2005), para selecionar o método mais adequado, 
faz-se necessário delinear as diferenças dentre as psicoterapias de orientação 
13 
 
 
analítica. Com este intuito, vários autores deram sua contribuição. Dentre eles 
podemos citar Gill, Rangell e Stone, além de Anna Freud. 
Entretanto, segundo Wallerstein (2005), foi a partir de 1979, com o simpósio 
em Atlanta, patrocinado pelas sociedades psicanalistas regionais que houve 
significativos avanços sobre as diferenças e semelhanças entre a psicanálise e a 
psicoterapia. Neste simpósio, protagonizado por Gill, Rangel e Stone, ficou definida a 
posição de manter marcadas as diferenças entre elas, cada qual com sua aplicação e 
indicação específica. 
Essa é a terceira era, denominada por Wallerstein (2005) de “era do consenso 
fragmentado”, pois cada um dos três protagonistas possuía divergências em suas 
concepções sobre psicanálise e psicoterapia. 
Atualmente, Wallerstein (2005) chama de era de “um mundo sem consenso”, 
pois se torna cada vez mais difícil definir tais diferenças. Difícil, mas não inexistentes. 
Schestatsky et al. (2005) salienta a importância de se considerar as diferenças 
entre psicanálise e psicoterapia, porém uma não é “menor” que a outra. Conforme as 
pesquisas de Wallerstein, em 1986, o mesmo concluiu que a psicoterapia de 
orientação psicanalítica e a psicanálise estão muito próximas. 
Tanto a psicanálise quanto a psicoterapia de orientação psicanalítica são 
métodos de tratamento psicológico do inconsciente. Enquanto a primeira visa à 
mudança da estrutura psíquica, trabalhando o conteúdo latente, a psicoterapia tem 
por objetivo o alívio dos sintomas, incluindo também o conteúdo manifesto. 
Nesse sentido, o que diferencia essencialmente psicanálise e psicoterapia é a 
técnica utilizada, uma vez que a escuta analítica está presente em ambas. Na 
psicoterapia há uma escuta do latente, e a tradução para o manifesto no momento da 
interpretação junto ao paciente. 
Na Psicanálise a transferência é um dos conceitos-chave, utilizado com grande 
frequência, enquanto que na psicoterapia acontece com menor frequência. A técnica 
principal na psicanálise é a interpretação, na psicoterapia além da interpretação 
transferencial há também a extratransferencial, confrontação, pontuação, sugestão 
(SCHESTATSKY et.al., 2005). 
Para Laplanche e Pontalis (2008) a “psicoterapia analítica” empresta princípios 
teóricos e técnicos da psicanálise, sem realizar as condições de um tratamento 
psicanalítico rigoroso. 
14 
 
 
Segundo Schestatsky et al. (2005) a psicoterapia de orientação psicanalítica é 
uma “aventura a dois” em que um deles está em sofrimento psíquico (paciente) e o 
outro domina uma certa técnica científica (terapeuta). 
Eis os objetivos essenciais da psicoterapia de orientação psicanalítica, segundo 
Schestatsky et al.(2005, p. 18): [...] Questões sobre o lugar mais ou menos 
privilegiado de conceitos como crescimento psíquico, expansão da mente, integração 
de aspectos dissociados, tolerância à dor mental, alterações de formações de 
compromisso, oportunidade da experiência com um novo objeto, reparação de danos 
do ego, ressignificações de danos de narrativas ou reconstrução de mitos pessoais 
[...]. 
Sendo assim, enquanto um especialista que domina a técnica científica de 
tratamento, o terapeuta deve realizar um amplo treinamento em termos diagnósticos 
e terapêuticos, compondo o clássico “tripé”: estudo, supervisão com um profissional 
experiente e análise pessoal. Tudo isso baseado sempre no amor à verdade 
(SCHESTATSKY et.al., 2005). 
 
PRINCIPAIS LINHAS DE ABORDAGEM PSICOTERÁPICA 
 
 É difícil definir qual a melhor abordagem teórica a ser usada para cada tipo de 
paciente ou de patologia. Mesmo porque todas elas têm um objetivo em comum, que 
é o de ajudar a minimizar o sofrimento do paciente, favorecendo seu crescimento 
pessoal. A diferença está na técnica, isto é, no modo como se alcançarão os objetivos. 
Desde que o profissional conheça bem sua abordagem, todas elas serão valiosas. 
Às vezes, o fator decisivo é a instituição na qual o psicólogo trabalha. Em se 
tratando de postos de saúde ou outras instituições públicas, algumas técnicas são 
sugeridas como mais adequadas. Por exemplo, em hospitais a psicoterapia de apoio 
e psicoterapia breve são as mais indicadas. Em postos de saúde também, além de 
ser uma tendência a psicoterapia de grupo, em razão da grande demanda e do pouco 
tempo disponível. 
A escolha da abordagem psicoterápica dependerá do estilo pessoal do 
terapeuta, assim como sua visão de homem e de mundo, suas crenças e valores. 
Cada um irá identificar-se com aquela que lhe fará mais sentido. O importante é que 
todas elas têm o seu valor. O estudo teórico, a supervisão e a análise pessoal devem 
ser feitas seguindo sempre a mesma linha teórica. Não conseguiremos atender cada 
15 
 
 
paciente com uma abordagem diferente. Quando entendemos que não é o caso, 
devemos encaminhá-lo para outro profissional. 
Atualmente, há uma variedade de abordagens psicoterápicas. Dentre elas, as 
mais conhecidas são: psicanálise, psicoterapia de orientação psicanalítica, 
psicoterapia analítica; terapia cognitiva, terapia comportamental, psicoterapia 
cognitivo-comportamental. Há também o psicodrama, a gestalt-terapia; a psicoterapia 
humanista e a humanista-existencial. A abordagem existencialista, fenomenológica, 
etc. A seguir, foram descritas algumas delas: 
 
PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA 
 
A Psicoterapia de Orientação Psicanalítica é uma abordagem que tem como 
pressupostos teóricos a Psicanálise, mas que se diferencia desta basicamente pela 
técnica utilizada. Enquanto na Psicanálise o objetivo principal é a mudança da 
estrutura da personalidade, na psicoterapia o objetivo é mais modesto: visa o alívio 
do sintoma. Historicamente foi criada para tornar a Psicanálise, método este 
desenvolvido por Sigmund Freud, acessível a mais pessoas e em menor tempo. 
Enquanto representantes, além do próprio Freud, temos Bion, Klein, Winnicott, dentre 
outros. 
Alguns conceitos são fundamentais em Psicoterapia de Orientação 
Psicanalítica, conceitos estes emprestados da Psicanálise. Primeiramente temos o 
conceito de inconsciente, isto é, o material de trabalho são os processos 
inconscientes. 
Ao falar sobre si, por meio da associação livre, o paciente expressará seus 
conteúdos inconscientes. Por meio da transferência e da contratransferência o 
terapeuta poderá interpretar tais sentimentos e dar um novo sentido para o sintoma 
do paciente. A mudança ocorre quando é possível dar um novo sentido para o seu 
sofrimento, quando seu sintoma pôde ser elaborado. 
 
PSICOTERAPIA ANALÍTICA 
 
Carl Gustav Jung foi um autor que concordou, pelo menos na fase inicial de 
seu trabalho, em muitos pontos da teoria de Sigmund Freud, mas teve seus próprios 
pensamentos e ideias, tornando a sua psicologia conhecida como “Psicologia 
16 
 
 
Analítica” (em 1913, no 4º Congresso Internacional de Psicanálise, em Munique, Jung 
chama sua psicologia de Psicologia Analítica). 
É inegável a contribuição que Jung deu à arte da psicoterapia. Suas ideias e 
pensamentos se tornaram conhecidos e reconhecidos por muitas pessoas, da áreada Psicologia ou não. Entretanto, como ele próprio dizia, seus escritos são de difícil 
compreensão, e talvez por este motivo sua obra não é tão lida quanto a de Freud, por 
exemplo (STORR, 1993). 
Antes de falarmos especificamente de psicoterapia, faz-se necessário uma 
breve caracterização da psique, da forma como Jung a entende. 
Para Jung, a psique ou personalidade total envolve aspectos conscientes e 
aspectos inconscientes. É um sistema dinâmico, em constante movimento, e ao 
mesmo tempo, autorregulado. Está dividida em três níveis: 1) consciente, 2) 
inconsciente pessoal e 3) inconsciente coletivo. É importante considerar que, ao 
contrário do que pensava Freud, para Jung a consciência surge do inconsciente, 
reconhecendo que o inconsciente não é um mero depósito de desejos reprimidos, mas 
é uma parte tão vital de um indivíduo quanto o é a consciência. 
O indivíduo é um todo e não uma reunião de partes. A vida consiste em 
desenvolver esse todo até chegar ao mais alto grau possível de diferenciação e 
harmonia, de modo que sua personalidade não se dissocie. Nesse sentido, o trabalho 
da psicoterapia analítica tem como meta ajudar o paciente a recuperar a unidade 
perdida, fortalecendo a psique. 
Como pontua Jacobi (in CLARET, s/ano, p.45), a psicologia de Jung ajuda “o 
indivíduo a descer conscientemente às profundezas da própria alma, a reconhecer os 
conteúdos dela e integrá-los na consciência”. 
Jung possuía um penetrante sentido histórico. Ele achava que a natureza do 
homem não tinha mudado grande coisa no decurso de muitos séculos. Estudou 
mitologia, antropologia, religião e alquimia. Por isso, desenvolveu o conceito de 
inconsciente coletivo. 
Uma das mais importantes contribuições de Jung é o conceito de inconsciente 
coletivo. Este é o “responsável pela produção espontânea de mitos, visões, ideias 
religiosas e certas variedades de sonhos que são comuns a diversas culturas e 
períodos da história” (STORR, 1993, p. 39). É o nível da psique que inclui experiências 
comuns a todas as pessoas em uma maior ou menor intensidade, e que tem suas 
origens na evolução da história. 
17 
 
 
As pessoas passam pelas mesmas etapas do desenvolvimento: infância, 
adolescência, vida adulta e velhice. Isso ocorre devido à herança da humanidade, algo 
que lhe é coletivo. Se não existisse a herança da espécie, as pessoas não passariam 
pelas mesmas etapas do desenvolvimento, seriam, portanto, diferentes. 
Quando se transporta uma doença pessoal a um nível mais alto e geral, há um 
efeito curativo. Às vezes, o consolo espiritual ou a influência psíquica podem ajudar 
ou até curar uma doença. Assim, o fato do paciente perceber que o sofrimento não é 
só seu, mas sim geral, já lhe causa um alívio, um consolo (JUNG, 1985). 
Jung foi o primeiro a insistir em que o próprio analista seja também analisado. 
Entre 1914-1918 ele fez sua autoanálise, o que influenciou muito em sua teoria. Ele 
parte da solução de seus próprios problemas para a solução dos problemas dos 
outros. Desse modo, o paciente vai se desenvolver até o nível em que seu terapeuta 
tiver se desenvolvido. 
Na psicoterapia junguiana, os conceitos principais são: projeção, transferência, 
sonhos e imaginação ativa. 
O indivíduo procura psicoterapia porque necessita de ajuda para curar o seu 
sofrimento. O paciente espera que alguém vá ouvi-lo, vai poder ajudá-lo, vai poder 
curá-lo. É o Complexo do Salvador, ou seja, a esperança de que o terapeuta o cure, 
o salve de seu sofrimento. O paciente “projeta o complexo de salvador no analista, 
bem como as expectativas religiosas e a esperança de que talvez o analista, munido 
de conhecimentos secretos, possuísse a chave perdida pela Igreja, podendo revelar-
lhe a verdade redentora” (JUNG, 1985, p. 143). Os elementos projetados no analista 
também são de natureza impessoal, arquetípica. Portanto, o complexo do salvador é 
uma ideia universal, uma esperança de todo mundo, em qualquer época da história. 
O causador de seu sofrimento é sempre o outro: problemas de relacionamento 
com o pai, a mãe, com o marido, filhos, escola, trabalho, etc. Nesse sentido, ele projeta 
no outro o seu sofrimento. Logo, o primeiro ponto a ser trabalhado em psicoterapia é 
a projeção. Paralelamente, temos a transferência, que é um conceito semelhante ao 
da projeção. 
Segundo Jung (1985) a projeção é um mecanismo psicológico inconsciente 
geral, que carrega conteúdos subjetivos sobre o objeto. O termo transferência significa 
“carregar alguma coisa de um lugar para o outro” (p. 127). 
O conceito de projeção é mais generalizado, é um mecanismo que ocorre entre 
o sujeito humano e o objeto físico. A transferência de um mecanismo específico da 
18 
 
 
projeção, uma vez que se refere ao processo que se dá entre duas pessoas (terapeuta 
e paciente). 
Na transferência o paciente projeta no terapeuta imagens derivadas de sua 
experiência de figuras significativas do passado (geralmente figuras parentais). 
Quanto mais o terapeuta for uma figura desconhecida, mais provável é que as 
imagens do mundo interior do paciente se liguem àquele. 
Freud também concorda com esse conceito, mas Jung vai além, e acrescenta 
a observação de que não são apenas as imagens pessoais da infância do paciente 
que se projetavam, mas também as figuras arquetípicas. 
Para Freud a transferência é o que move o tratamento, se ela não existir, não 
há cura. Mas para Jung ela não é necessária, chegando até ser indesejável. “Uma 
transferência é sempre um estorvo, jamais uma vantagem. Cura-se apesar da 
transferência e não por causa dela” (JUNG, 1985, p.141). Para Jung não é preciso 
que o paciente ame ou odeie o terapeuta, porque o problema central do paciente é 
que ele aprenda a viver a sua própria vida, sem que o terapeuta se intrometa nela. 
Em psicoterapia, o fato de o paciente ter emoções, por si só, exerce efeito no 
analista. Assim, o terapeuta serve de função especular, isto é, aceita as emoções do 
paciente sendo um espelho para elas. Nesse sentido Jung não aceita a ideia do uso 
do divã. Para cumprir a função especular, o terapeuta deve estar de frente ao paciente, 
de modo que este primeiro tenha liberdade para reagir às emoções do segundo. 
Temos também o conceito de contratransferência, que se refere aos 
sentimentos do analista em relação ao seu paciente (o processo inverso da 
transferência). Os conteúdos projetados pelo paciente são idênticos aos elementos 
do inconsciente do próprio terapeuta. Entretanto, se o terapeuta não conhecer seu 
inconsciente, pode ser que o paciente caia no inconsciente de seu terapeuta, e então 
o processo terapêutico pode travar. Assim, fica mais uma vez confirmada à 
importância do terapeuta em fazer análise. (JUNG, 1985). 
Como já foi pontuado, a transferência e a projeção são os pontos iniciais a 
serem trabalhados na psicoterapia. O analista não pode forçar uma transferência, 
devendo ela ser tratada como qualquer projeção. No caso dela aparecer, o que é muito 
comum, Jung distingue quatro estágios para que ela seja tratada em psicoterapia. 
De acordo com Jung (1985), no início de um tratamento, as projeções são 
experiências pessoais do paciente. Neste primeiro estágio devem-se trabalhar todos 
os níveis de relacionamento que o paciente já teve, conscientizando-o de que ele 
19 
 
 
ainda olha o mundo como se fosse criança: tudo projeta e espera das figuras 
autoritárias de sua experiência pessoal. Para estabelecer uma imagem madura o 
paciente deverá enxergar o lado subjetivo das imagens que criem empecilhos para 
sua vida. 
O segundo estágio da terapia da transferência consiste na discriminação entre 
conteúdos pessoais dos impessoais. As projeções pessoais podem ser dissolvidas 
por meio de realização consciente, já as impessoais não podem ser destruídas por 
pertencerem aos elementos estruturais da psique. O que pode ser dissolvido é o atoda projeção, e não seu conteúdo (JUNG, 1985). 
Temos, conforme Jung (1985), o terceiro estágio, que consiste em diferenciar 
o relacionamento pessoal com o analista dos fatores impessoais. É comum que o 
paciente goste do terapeuta, e quando o trabalho foi bom, que o terapeuta também 
goste de seu paciente. Logo, reações emocionais são aceitáveis. E isso não quer dizer 
que se trata, ainda, de transferência. 
Finalmente, o quarto estágio da terapia da transferência é denominado de 
objetivação das imagens pessoais. É uma parte fundamental do processo de 
individuação. Seu objetivo é desprender a consciência do objeto para que o indivíduo 
não coloque a garantia de sua felicidade em fatores externos - em outras coisas ou 
pessoas (JUNG, 1985). 
Jung enfatiza a vida interior e acredita na existência do inconsciente. Assim, a 
linguagem do inconsciente são os símbolos e o material de trabalho são: 
1) a associação de palavras, 
2) a análise dos sonhos e 
3) a imaginação ativa. 
Quanto ao teste da associação de palavras, Jung (1985) afirma que está um 
tanto ultrapassado, por isso não o utiliza mais em seus pacientes. Este teste consiste 
em uma lista de mais ou menos cem palavras. Explica-se à pessoa que se submete 
ao teste que, após a apresentação da palavra estímulo, o mais rápido possível ela tem 
que dizer qual a palavra que surge na cabeça. Marca-se o tempo de cada resposta e 
depois se tira a média deste tempo. Após, parte-se para uma segunda etapa: repetem-
se as palavras estímulos e o indivíduo tem que repetir suas respostas. Em alguns 
momentos a memória falha, e tais erros é que são significativos. 
Os sonhos, segundo Storr (1993), são a “estrada real” para o inconsciente. A 
linguagem dos sonhos é uma linguagem natural, simbólica, que talvez seja difícil de 
20 
 
 
compreender, mas não constitui uma tentativa de esconder coisa alguma. Podem-se 
ler os sonhos como se aborda uma língua estrangeira. Muitos sonhos originam-se no 
inconsciente pessoal, isto é, dizem respeito aos problemas emocionais cotidianos, às 
relações interpessoais e aos resíduos da infância. 
Jung estava mais interessado nos sonhos que se originavam no inconsciente 
coletivo. Nesses casos ele não hesitava em fornecer suas próprias associações, 
filtradas do seu próprio e extenso conhecimento de mitologia, religião e alquimia. Essa 
técnica é chamada de amplificação, isto é, a prática de fornecer ao paciente analogias 
e comparações. 
Durante a sua autoanálise, Jung desenhava e pintava suas próprias visões e 
sonhos. Ele encorajou seus pacientes a fazerem o mesmo, ou, escrever poemas, 
fazer modelagens ou esculturas, ou mesmo dançar suas próprias fantasias. Embora 
um paciente possa tratar um sonho dessa forma e fosse estimulado a fazê-lo, Jung 
estava mais interessado na espécie de fantasia que acode à mente das pessoas 
quando elas não estão despertas nem adormecidas, mas num estado de divagação 
em que o raciocínio está suspenso, mas não se perdeu a consciência (STORR, 1993). 
A descrição acima se refere à técnica da imaginação ativa, que se destina a 
mobilizar a criatividade do paciente. É uma forma de desenvolver as possibilidades 
criadoras latentes no próprio paciente. 
Jung fundamentou sua teoria na psicanálise freudiana, nos seus 
conhecimentos de mitologia, alquimia e religião. Mas, especialmente, em sua 
experiência clínica, experiência pessoal e em viagens que fez pelo México, China, 
África, dentre outros países. Apesar de dar muita atenção à teoria propriamente dita, 
ele estava mais interessado em ajudar o seu paciente. Jung deixava as pessoas livres 
a lidarem com os fatos a sua maneira, e encorajava aos analistas que encontrassem 
seus próprios caminhos. 
 
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
 
 Segundo Bahls; Navolar (2004), essa abordagem utiliza pressupostos do 
modelo behaviorista ou comportamental e do modelo cognitivista. Uma teoria não é 
contrária à outra, mas complementam-se. 
21 
 
 
No behaviorismo o foco é a análise do comportamento e suas contingências. O 
ambiente interfere diretamente no comportamento, e o tema central é a aprendizagem. 
Seus principais representantes são Pavlov, Skinner e Thorndike. 
Nesse sentido, para Bahls; Navolar (2004) existem dois tipos de 
comportamento: o comportamento respondente (que tem um caráter involuntário) e o 
comportamento operante (com caráter voluntário). O primeiro é aquele capaz de 
modificar o ambiente, e sofre influências sobre o próprio ambiente. Já o 
comportamento clássico ou respondente está associado ao conceito de estímulo-
resposta. 
No modelo cognitivo dá-se mais relevância para as situações subjetivas, como 
a memória, percepção, atenção, etc. Utiliza-se mais das “crenças” do que do 
“conhecimento”, uma vez que o cliente atua de acordo com o que ele acredita ou 
percebe, mesmo que elas estejam distorcidas. 
Aaron Beck, um dos principais representantes do cognitivismo, construiu sua 
teoria estudando pacientes deprimidos. Ele observou que essas pessoas tinham em 
comum, crenças negativas em relação a si mesmas. Assim, na terapia cognitiva as 
crenças que cada pessoa tem irão influenciar seu comportamento, podendo surgir 
alguma patologia. 
Como salienta Bahls.; Navolar (2004), a terapia cognitivo-comportamental tem 
indicação de tratamento para vários problemas emocionais, como a ansiedade, 
depressão, distúrbios alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo e conflitos 
sexuais. 
O objetivo da psicoterapia cognitivo-comportamental, de acordo com Bahls; 
Navolar (2004, p. 09), é auxiliar o cliente a “aprender novas estratégias para atuar no 
ambiente de forma a promover mudanças necessárias; (...) é corrigir as distorções 
cognitivas que estão gerando problemas ao indivíduo e fazer com que este 
desenvolva meios eficazes para enfrentá-los”. 
 
Indicações 
 
 A psicoterapia é um processo orientado para o crescimento, independência e 
maturidade do paciente (RIBEIRO, 1988). Nesse sentido é indicada para diversos 
tipos de problemas ou situações, que estão classificados da seguinte forma: 
 1. Tratamento de transtornos mentais (conforme CID-10). 
22 
 
 
• Doença de Alzheimer, demência vascular, doença de Parkinson. 
• Dependência química: uso de álcool, cigarro e outras drogas. 
• Transtornos psicóticos, esquizofrenias. 
• Transtornos do humor: maníaco, bipolar, depressivo. 
• Transtornos neuróticos: fobias, ansiedade, síndrome do pânico, 
transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, 
somatização, hipocondria e histeria. 
• Transtornos alimentares: anorexia, bulimia, obesidade. 
• Transtornos do sono: insônia, pesadelos, sonambulismo. 
• Transtorno sexual: ejaculação precoce, vaginismo, falta de desejo 
sexual. 
• Transtornos de hábitos e impulsos: jogo patológico, cleptomania. 
• Retardo mental. 
• Dificuldade de aprendizagem. 
• Distúrbio de conduta. 
• Déficit de atenção e hiperatividade. 
 
2. Problemas existenciais. Busca de crescimento pessoal, 
autoconhecimento. 
Sensação de que falta sentido de vida, vazio existencial. 
3. Conflitos de relacionamento interpessoal. Casos de conflito conjugal, 
familiar ou profissional, nos quais a convivência torna-se difícil. 
4. Elaboração de momentos específicos ou fases do desenvolvimento. 
Situações como luto, doença ou hospitalização, adolescência, menopausa, velhice. 
 
Tipos de Terapia 
 
Quanto ao tipo, a psicoterapia pode ser classificada da seguinte forma: 
• Individual; 
• Grupal; 
• Casal; 
• Familiar. 
23 
 
 
 
PERFIL DO PSICOTERAPEUTA 
 
 A psicoterapia é um processo que envolve a relação humana, em que estão 
presentes sentimentos, crenças e valores de duas pessoas. A neutralidade (um dos 
critérios de exigência científica) não pode ser absoluta. Entretanto, cabe ao psicólogo 
saber manejar tais sentimentos inconscientes quepossam interferir no bom 
andamento da psicoterapia, até para evitar uma possível interrupção. 
Nossa personalidade só se expressa na relação. Eu me reconheço a partir do 
outro. A construção da identidade só é feita na relação com o outro. Portanto, é na 
relação que a pessoa se trata. 
Atualmente, o foco na psicoterapia está voltado para a dupla terapêutica 
(paciente-terapeuta) e não apenas para as características somente do paciente. Estão 
em jogo as ansiedades, expectativas e o inconsciente da dupla. 
Na psicoterapia, Santiago (1995) aponta que a relação da dupla terapêutica é 
assimétrica. Isso significa que cada um da dupla tem funções diferentes. Neste 
momento o terapeuta sabe mais que o paciente. É ele quem delimita os honorários, 
horários, assim como é ele quem pode compreender o sofrimento do paciente. 
Quando o paciente toma a iniciativa de procurar ajuda por si só, esse já é um 
bom prognóstico. Supõe que a pessoa percebe que está sofrendo, não concorda com 
seus sintomas e tem o desejo de mudança. Este tipo de paciente é chamado de 
egodistônico. 
Em contrapartida, aquela pessoa que vem ao consultório, encaminhada por 
outros profissionais ou pelos pais, supõe-se que se trata de um paciente do tipo 
egosintônico. Isto é, ele não sente que está sofrendo, as queixa é o do outro. Nesse 
sentido o prognóstico já não é bom, pois não está disposto à mudança. 
É importar, enquanto terapeutas, nos atentarmos para os desejos, as 
necessidades e as expectativas nossas e as do paciente. Nem sempre elas 
coincidem. O desejo interno do tratamento não ocorre só por parte do paciente, mas 
também por parte do psicólogo. 
O terapeuta deve identificar as expectativas do paciente em relação à 
psicoterapia, à disponibilidade interna para se tratar, às fantasias e ansiedades 
durante o tratamento. Esses sentimentos são constantes o tempo todo. 
24 
 
 
Quanto ao paciente, este também tem suas expectativas, uma vez que buscou 
ajuda porque está sofrendo. Algumas expectativas estão relacionadas a algumas 
questões: será que o paciente vem buscar a solução mágica para seus problemas? 
Será que está disposto a ter uma postura ativa no tratamento, ou espera mais do 
psicólogo? 
No terapeuta, segundo Santiago (1995) as suas atitudes podem oscilar entre a 
onipotência e a impotência. O psicólogo, especialmente quando é iniciante, sente-se 
muitas vezes inseguro para atender determinado caso. 
Na prática da Psicoterapia espera-se do profissional o clássico tripé: 
embasamento teórico, análise pessoal e supervisão. 
O primeiro requisito trata-se da formação profissional. Serra (2004) sugere que 
o psicoterapeuta tenha um amplo conhecimento acerca de sua abordagem teórica, 
psicopatologia, desenvolvimento humano, além de conhecer áreas afins, como a 
psicofarmacologia, psiquiatria, dentre outras. Além disso, faz-se necessário também 
compreender como funciona a cultura e os hábitos de vida dos seus pacientes. 
O instrumento de trabalho do psicoterapeuta é seu inconsciente, sua própria 
personalidade. Portanto, sua mente precisa estar tratada. No processo de análise 
pessoal – que é o segundo requisito – ele passará pelas etapas psicossexuais do 
desenvolvimento descritas por Freud: fase oral, anal, fálica, genital, complexo de 
édipo. Conforme afirma Jung (1985), no processo de análise, o paciente irá se 
desenvolver até onde a mente do terapeuta estiver desenvolvida. 
Os conteúdos inconscientes do paciente e do terapeuta estão em jogo, claro 
que cada qual com sua função. Com isso, torna-se cada vez mais importante a análise 
pessoal do terapeuta, de modo que seus “pontos cegos” passem a se tornar claros. 
Vale o alerta de Keidann (2000): nem todos os terapeutas estão em condições de 
tratar todos os tipos de pacientes. O terapeuta precisa ter claro quais são suas 
limitações, pontos-cegos, enfim, suas dificuldades internas. Do contrário, poderá 
ocorrer a interrupção do tratamento. 
Finalizando o tripé, é de fundamental importância que o profissional realize 
supervisão dos seus casos clínicos com um profissional mais experiente, que lhe 
possibilitará um novo olhar para seu trabalho. 
Segundo Ribeiro (1988) a empatia também é considerada uma ferramenta 
importante. Trata-se da capacidade de colocar-se no lugar do outro, sendo sensível 
ao sofrimento, sem, entretanto, misturar-se com esse outro. É a flexibilidade de estar 
25 
 
 
junto do outro, mantendo uma distância ótima, suficiente para ajudar e não sofrer 
como a pessoa. 
Outros requisitos valiosos constam no Código de Ética Profissional do 
Psicólogo (2005). São eles: a ética, o sigilo, a responsabilidade e o respeito ao ser 
humano. 
PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA 
 
DIFERENÇAS ENTRE PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA 
 E PSICANÁLISE 
 
 A primeira diferença reside na formação profissional. Para tornar-se um 
psicoterapeuta a formação inicial é a graduação em Psicologia. Esse é o requisito 
mínimo, mas há também o desejável, que é uma pós-graduação específica, de 
Psicoterapia de Orientação Psicanalítica, que inclui a análise pessoal e as supervisões 
na mesma abordagem teórica. 
O psicanalista não precisa ter, necessariamente, a graduação em Psicologia. 
Geralmente interessa-se por esta área, além dos próprios psicólogos, 
psiquiatras ou áreas afins. Entretanto, a formação obrigatória tem duração de seis 
anos. No primeiro ano inicia a análise do profissional por um psicanalista didata, 
membro da Sociedade Internacional de Psicanálise. Os anos subsequentes 
consistem, além da continuidade da análise, os seminários clínicos (estudo teórico) e 
as supervisões. A participação em congressos e outros eventos da área e/ou 
publicações de trabalhos científicos fazem parte da formação. 
A Psicanálise é, enquanto teoria da personalidade, uma técnica de investigação 
científica que procura entender o homem como um todo, considerando 
essencialmente o inconsciente. 
 FIGURA - SIGMUND FREUD 
26 
 
 
 
 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jp
g/200pxSigmund_Freud_LIFE.jpg 
 
Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, deixou um grande legado à sociedade 
quando nos mostrou que é possível mudar a estrutura psíquica por meio da análise, 
técnica esta que vem se adaptando ao longo dos anos às mudanças da sociedade. 
Isso ocorreu de acordo com a necessidade de tratamentos mais rápidos, surgindo 
então às psicoterapias. 
Enquanto a Psicanálise busca a mudança da estrutura psíquica, trabalhando o 
conteúdo latente, a psicoterapia tem por objetivo o alívio do sintoma, incluindo também 
o conteúdo manifesto. 
Nesse sentido, o que diferencia essencialmente a psicanálise da psicoterapia 
de orientação psicanalítica é a técnica utilizada, uma vez que a escuta analítica está 
presente em ambas. Na psicoterapia há a escuta do latente, e a tradução para o 
manifesto no momento da interpretação junto ao paciente. 
Por latente entende-se um conjunto de conteúdos inconscientes que se referem 
às defesas psíquicas, sentimentos transferenciais e contratransferenciais, 
características das fases psicossexuais (fase oral, fálica, genital, complexo de Édipo, 
latência). Já os conteúdos manifestos são aqueles que são expressos claramente pelo 
paciente. 
A psicoterapia de orientação psicanalítica se baseia nos conceitos da 
Psicanálise, diferenciando-se desta última basicamente pela técnica utilizada, ou seja, 
é mais breve e com objetivos delimitados. 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-Sigmund_Freud_LIFE.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-Sigmund_Freud_LIFE.jpg
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27 
 
 
Para Laplanche e Pontalis (2008, p. 393) a psicoterapia analítica é “uma forma 
de psicoterapia que se apoia nos princípios teóricos e técnicos da psicanálise, sem, 
todavia realizar as condições de um tratamento psicanalítico rigoroso”. 
Freud, na sua obra “Sobre a Psicoterapia”, discorre sobre as indicações e 
contraindicações de seu método psicanalítico. Segundo ele não é recomendado tratar 
de pessoas que não vêm com espontaneidade ao consultório, ou seja, que não 
desejam se tratar, pois “a força motivadora primária na terapia é o sofrimento do 
paciente e o desejo de ser curado que deste se origina” (FREUD, p. 186). 
O analista não pode fazer nada ao paciente, se este último não demonstrar um 
mínimo de interesse pela sua cura (isto é, vir até o consultório). Nesse sentido não é 
recomendado que o analista vá até a casa do paciente. 
Outra contraindicação, segundo Freud, refere-se aos pacientes idosos e 
pessoas mais próximas. O tratamento psicanalítico é longo e custoso, portanto, a 
idade seria um fator que prolongaria ainda mais o processo terapêutico. Nessa 
perspectiva, os casos urgentes, como a anorexia, por exemplo, também não deveriam 
recorrer à psicanálise em função do tempo. Não é recomendado também aceitar 
pacientes com quadros graves, como os psicóticos, pois a capacidade simbólica está 
prejudicada. 
Para Freud, estão indicadas para o tratamento psicanalítico as pessoas mais 
desenvolvidas, os casos de histeria, estados obsessivos e as abulias (falta de 
motivação ou vontade). 
Essas indicações e contraindicações mencionadas acima se referem à 
Psicanálise. No caso da psicoterapia de base psicanalítica, o fator tempo é 
significante, uma vez que neste caso, o tratamento é em menor duração. 
Outra diferença reside no atendimento aos quadros psicóticos, que podem ser 
tratados pela psicoterapia de orientação psicanalítica, bem como os mais urgentes, 
desde que o trabalho seja em conjunto com outros profissionais, como psiquiatra, 
neurologista, nutricionista (no caso de transtornos alimentares), etc. 
 
A ENTREVISTA PSICANALÍTICA 
 
 A entrevista é um dos instrumentos do psicodiagnóstico, sendo o principal na 
psicoterapia de orientação psicanalítica, e tem como objetivo principal conhecer a 
personalidade do paciente. 
28 
 
 
De acordo com Cunha (1993), na entrevista psicanalítica é importante avaliar: 
• A motivação inconsciente, isto é, o desejo do paciente em se tratar, sua 
disponibilidade interna e expectativas. 
• O funcionamento psíquico: medos inconscientes, modo de perceber a 
realidade externa, os vínculos afetivos, etc. 
• A organização da personalidade, identificando os quadros neuróticos, 
psicóticos ou borderlines. 
Recomenda-se realizar duas ou três entrevistas. Na primeira é interessante 
agendar um horário mais flexível, pois pode durar entre uma e uma hora e meia, sem 
que comprometa o horário do próximo paciente. 
Para Freud, o assunto para iniciar a entrevista geralmente é de escolha do 
paciente. Mas a história de vida, história da doença e as recordações da infância são 
informações indispensáveis para o terapeuta nortear a hipótese diagnóstica e o plano 
terapêutico. 
Sobre isso Keidann; Dal Zot (2005, p. 194) apontam que é importante favorecer 
a expressão dos conteúdos inconscientes, e, portanto, “devemos deixá-lo tanto quanto 
possível à vontade para mostrar seu modo de ser e de interagir conosco”. 
Para que isso aconteça, a escuta atenta é condição imprescindível. Entretanto, 
Keidann; Dal Zot (2005, p. 194) alerta para o fato que a escuta não implica no silêncio 
absoluto do terapeuta. Ao contrário, ele “deve agir com cordialidade, discrição e 
sensibilidade”. Pode iniciar a entrevista identificando-se e solicitando ao paciente que 
fale sobre sua queixa. 
Além disso, outros pontos são fontes ricas para compreender o psiquismo do 
paciente. Dentre eles, destacam-se: 
• Análise de como o paciente relaciona-se com os objetos significamente 
afetivos, como os pais, irmãos, cônjuges, filhos. 
• Observação das contradições, fantasias e mecanismos de defesa. 
• Análise do ego e superego. Trata-se de um ego estruturado ou 
desestruturado. Um superego rígido ou frouxo. 
• Exame das funções mentais, como humor, vontade, atenção, percepção, 
sono, etc. 
 
É importante ainda avaliar nas entrevistas: 
• Tendências suicidas; 
29 
 
 
• Uso de dependências químicas; 
• Compulsões (alimento, jogo, sexo, etc.); 
• Sintomas somáticos; 
• Fobias; 
• Uso de medicação, especialmente as de uso psiquiátrico, como os 
ansiolíticos, antidepressivos e anticonvulsivantes. 
 
Considerando que o processo terapêutico, de alívio do sintoma, diz respeito à 
dupla (terapeuta – paciente), na entrevista está em jogo o inconsciente de ambos. É 
preciso levar em conta os pontos favoráveis e desfavoráveis do par. Pode ser que um 
terapeuta não consiga atender determinado tipo de patologia, ou determinada faixa 
etária, em função de seus pontos cegos, isto é, de seus próprios conteúdos internos 
que não estão trabalhados. Para atender criança, por exemplo, é necessário que os 
conteúdos infantis do terapeuta estejam trabalhados. Para atender quadros de 
dependência química é importante trabalhar os sentimentos relacionados à 
impotência. 
 
ENQUADRE TERAPÊUTICO 
 O contrato é uma das primeiras etapas do processo terapêutico, vindo após o 
psicodiagnóstico. É considerado o ponto mais concreto da relação terapêutica. É 
realizado verbalmente, devendo ser claro, objetivo para ambos, pois é o que orienta a 
dupla. O enquadre ou contrato inclui os seguintes pontos: 
• Esclarecimento dos papéis; 
• Lugar; 
• Horários; 
• Honorários. 
 
No que concerne ao esclarecimento dos papéis, é importante delimitar a função 
de cada um da dupla (terapeuta – paciente). A tarefa do paciente é a de falar – falar o 
que quiser. A do terapeuta é a escuta. Não se trata de uma escuta qualquer, mas uma 
escuta do material latente. No caso de atendimento à criança, é importante delimitar 
algumas situações de organização, como por exemplo, não rabiscar ou sujar as 
paredes, não sair da sala de atendimento, dentre outras. 
30 
 
 
Freud diz no texto em que faz recomendações aos psicanalistas que os 
aspectos importantes no início do tratamento são os acordos quanto a tempo e 
dinheiro, ou seja, o contrato. Está incluído ainda o diagnóstico e indicação terapêutica 
realizados pelo terapeuta. 
Quanto ao tempo, Freud] alerta que “a cada paciente é atribuída uma hora 
específica de meu dia de trabalho disponível, pertence a ele que é responsável por 
ela, mesmo que não faça uso da mesma” (p. 168). 
Nesse sentido, a recomendação é a de que, no momento do contrato, a dupla 
tenha acordado a respeito das faltas. Cada terapeuta tem seu estilo pessoal, a 
maneira com a qual consegue trabalhar mais confortavelmente. 
Há controvérsias entre os autores. Mas é comum alertar ao paciente que as 
faltas previamente avisadas poderão ser compensadas, remanejando a agenda do 
terapeuta, quando possível, atendendo em outro dia ou horário. Em contrapartida, as 
faltas não avisadas costumam ser cobradas. Isso quando se tratar de clínica privada. 
Quando se tratar de instituição pública, em função da grande demanda, pode-
se negociar um máximo de faltas que o paciente pode ter sem perder sua vaga. Por 
exemplo, duas faltas seguidas ou três intercaladas, sem avisar. 
Em relação ao número de sessões, Freud atendia os seus pacientes seis vezes 
na semana, que seriam todos os dias, à exceção dos domingos e feriados. Atualmente 
esta frequência não é apropriada nem para a psicanálise ortodoxa. 
Em psicoterapia de base analítica indicam-se duas sessões semanais e, em 
algumas situações, uma, no caso de motivos financeiros,residência em outra cidade, 
desemprego. Mas não é uma regra, vai depender de cada caso. Situações mais 
graves (como por exemplo, depressão severa) requerem um acompanhamento mais 
próximo. Pode-se atender três vezes na semana inicialmente, e à medida que a 
estrutura egoica do paciente vai se fortalecendo, diminui o número de sessões. As 
sessões podem durar quarenta e cinco minutos. De preferência, o tempo precisa ser 
rígido. Além disso, não é aconselhado mudar muitas vezes os dias e horários, 
tampouco a sala de atendimento. É importante que o setting terapêutico seja 
preservado. 
Ainda quanto ao tempo, o paciente geralmente tem curiosidade de saber 
quanto tempo vai durar o tratamento. Freud faz uma comparação com o tempo de 
construção de uma casa: “na verdade, a pergunta relativa à duração provável de um 
tratamento é quase irrespondível” (...) e acrescenta: “mesmo pessoas inteligentes 
31 
 
 
esquecem que uma proporção necessária tem de ser observada entre tempo, trabalho 
e sucesso” (p. 170). 
Freud orienta para a importância de não dar prazos para o fim do tratamento. 
Além disso, pode ser conveniente, em algumas situações, informar ao paciente sobre 
a interrupção do tratamento. Este autor compara a interrupção de uma análise com a 
interrupção de uma cirurgia, sendo, portanto, insatisfatório. 
Outro fator a ser discutido no contrato refere-se aos honorários do terapeuta, 
quando se tratar de clínica privada. Freud faz uma associação entre dinheiro e fatores 
sexuais. Sugere que os honorários sejam tratados de forma espontânea e sincera, 
sem vergonha. 
Os honorários correspondem à parte prática da terapia. O psicólogo tem gastos 
com aluguel, água, luz, telefone, impostos, livros para seu estudo e preparação 
profissional. É recomendado que o paciente pague mensalmente, e o valor deve ser 
reajustado anualmente. 
Há que se identificar o simbolismo que o dinheiro tem para cada paciente. 
Assim, o terapeuta deve ser responsável por receber os honorários, de modo que 
possa realizar as interpretações quando necessário. Portanto, é ideal que não seja 
função da secretária. 
Atualmente, nos deparamos com os planos de saúde, que determinam 
previamente e de forma padrão o número de sessões e o valor a ser cobrado, além 
de ser pago indiretamente ao terapeuta. Nesses casos, convém informar ao paciente 
sobre as dificuldades que se tem para trabalhar com prazos predefinidos. Algumas 
vezes é possível combinar com o paciente sobre a continuidade do tratamento, 
quando necessário, de modo que ele fique responsável pelos honorários. 
Quanto ao tratamento, Freud conclui: “nada na vida é tão caro quanto a doença 
e a estupidez” (p. 176). 
 
ALIANÇA TERAPÊUTICA 
 
A aliança terapêutica, também chamada de vínculo, diz respeito a uma relação 
dual: paciente e terapeuta. Segundo Keidann; Dal Zot (2005) refere-se à capacidade 
de estabelecer uma relação de trabalho entre a dupla. Ocorre após o contrato e é à 
base do processo psicoterápico. 
32 
 
 
Ocorre após a dissociação do ego do paciente. Ou seja, parte do paciente 
deseja falar do problema e a outra não quer, porque lhe causa sofrimento. Ao realizar 
a dissociação, o paciente irá se identificar com o terapeuta. Trata-se de um processo 
importante na psicoterapia: o paciente irá se identificar com a parte do ego saudável 
do terapeuta (já que a mente desse está mais saudável, após ter realizado sua 
análise). Então, a melhora se dá quando está incorporado o ego saudável do terapeuta 
no paciente (DEWALD, 1981). 
É considerada como a base do tratamento porque, a partir da postura de 
acolhimento e escuta atenta do terapeuta, favorecendo um clima de confiança e 
respeito. Sentir-se compreendido é condição essencial para que o paciente continue 
seu tratamento. 
 
PRINCIPAIS TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS 
 
De acordo com Freud o aparelho psíquico está dividido em: consciente, pré-
consciente e inconsciente. 
Uma das principais características da psicanálise e da psicoterapia de base 
analítica é o inconsciente. Este é regido, segundo Freud, pelo princípio do prazer e é 
composto de ideias desorganizadas (ideias reprimidas, por exemplo). O inconsciente 
é atemporal e, portanto, sempre atual. Apesar de não termos consciência dos 
conteúdos inconscientes, poderemos vir a ter por intermédio da psicoterapia. Isso 
pode ocorrer por meio da associação livre e dos sonhos. 
No processo da psicoterapia a comunicação se dá de inconsciente do terapeuta 
para inconsciente do paciente. Portanto, estão envolvidos os sentimentos da dupla. 
Nesse sentido, dizemos que, em psicoterapia de orientação psicanalítica, assim 
como na psicanálise, o inconsciente é o objeto principal a ser trabalhado. 
De acordo com Luz (2005) a psicoterapia passa por três fases, sendo elas: 
início, fase intermediária e término. 
Quanto ao início do tratamento, Luz (2005) salienta que compreende desde o 
primeiro contato com o paciente até o estabelecimento da aliança terapêutica, que 
pode variar de sessões a meses, conforme cada caso. 
Sendo assim, nesse momento o principal objetivo é o de estabelecer e 
fortalecer a aliança terapêutica, por meio de um contrato claro e objetivo, identificando 
os motivos inconscientes do sofrimento do paciente. A intervenção, portanto, precisa 
33 
 
 
ser de acolhimento e focada na interpretação das ansiedades paranoides, isto é, na 
dicotomia confiança-desconfiança (LUZ, 2005). 
“É importante que o terapeuta ‘ensine’ o paciente a se tratar, auxiliando-o a 
despertar seu interesse pelos conflitos e pelas formas de funcionamento de sua 
personalidade” (LUZ, p. 257). Nesse sentido, a postura do terapeuta não deve ser de 
silêncio exagerado e nem tão amistosa. 
O maior risco nessa fase, como aponta Luz (2005), é a interrupção precoce do 
tratamento. Para tanto, um recurso útil diz respeito aos conteúdos 
contratransferênciais, ou seja, os sentimentos que o paciente desperta no terapeuta. 
As fantasias iniciais, por parte da dupla, são inúmeras. Quanto às fantasias do 
paciente, este pode ter medo de entrar em contato com seus conflitos mais infantis 
porque foram desastrosos, pode ter medo de ficar dependente do terapeuta. Pode 
ainda ter medo de perder o controle de suas emoções ou de aflorar fantasias eróticas. 
De qualquer forma, cabe ao terapeuta interpretar tais fantasias, para que deixem de 
ser um obstáculo ao tratamento, ou seja, deixem de ser resistências (LUZ, 2005). 
Já a fase intermediária da psicoterapia é definida por Luz (2005, p. 258) como 
a fase mais longa, que compreende desde o estabelecimento da aliança terapêutica 
até o momento da alta. O objetivo desse momento é o de “examinar, analisar, explorar 
e resolver os sintomas e as dificuldades emocionais do paciente”. Quanto à técnica, a 
interpretação das resistências iniciais e dos conflitos inconscientes do paciente é a 
principal delas. 
Ao comparar o processo de psicoterapia com um jogo de xadrez, Freud diz que 
existem, basicamente, técnicas para o início e para o fim do tratamento. O decorrer 
do mesmo é sempre um desafio. Trata-se da etapa mais árdua, uma vez que é nela 
que ocorrem as principais mudanças. 
Em relação à temática abordada nesta fase, o foco são os assuntos trazidos 
pelo próprio paciente durante as sessões. Geralmente são temas referentes às 
situações vividas no dia a dia, como conflitos de relacionamento familiar, no trabalho; 
ambições, planos e decepções. Enfim, sofrimentos cotidianos (LUZ, 2005). 
Quanto à postura do terapeuta, Luz (2005) recomenda que seja atenta e 
respeitosa, de modo que o paciente possa sentir-se à vontade para falar. Dessa forma, 
à medida que vai surgindo o momento oportuno, o terapeuta poderá intervir, seja 
pontuando, assinalando ou interpretando. 
34 
 
 
Ocorre que, como aponta Luz (2005), na fase intermediária nem sempre o 
processo evolui tão bem. Às vezespode ocorrer uma estagnação temporária, em 
função das resistências, impasses, acting out, perturbação da aliança terapêutica, etc. 
Em relação à alta, ou ao término da psicoterapia, este não ocorre em uma única 
sessão. A fase final perdura por várias sessões, nas quais são trabalhadas as 
ansiedades de separação. De acordo com Luz (2005) esta fase inicia com a primeira 
comunicação da alta e culmina com a última sessão em que a dupla terapeuta-
paciente se encontra. 
O objetivo principal é o de trabalhar os sentimentos de luto vivenciados pelo 
término do tratamento, bem como avaliar os ganhos e benefícios conquistados 
durante o mesmo (LUZ, 2005). 
A alta é uma questão de comum acordo entre a dupla. Para o terapeuta, alguns 
indicadores subsidiam seu trabalho, segundo Luz (2005). São eles: 
• A melhora ou supressão do sintoma trazido inicialmente pelo paciente. 
• Alguma mudança nos vínculos afetivos, com os familiares. 
• Alguma alteração nos processos de trabalho, de modo que possa 
almejar novos projetos. 
• Ampliação dos contatos sociais. 
• Maior satisfação na vida sexual. 
• Mudança no contato com a realidade, de modo que o paciente a suporte 
melhor. 
 
Ocorre que nem sempre o processo psicoterápico tem êxito. Então se depara 
com o fenômeno do abandono do tratamento, que é sempre indesejável. 
Percorrendo a literatura, encontramos algumas explicações acerca do 
abandono do tratamento psicoterápico. 
Segundo Etchegoyen (2004), na fase do contrato do processo psicoterápico 
está incluída a ideia de que o tratamento deve finalizar por acordo de ambas as partes 
e, por isso, se apenas um lado decide, não se fala em término da análise, mas sim em 
interrupção. O analisado tem liberdade para rescindir o contrato a qualquer momento, 
assim como o analista. 
Em alguns casos, salienta Etchegoyen (2004), pode ser que os motivos que 
levaram à interrupção de tratamento sejam de ordem externas, porém não é o mais 
comum. Os motivos internos são mais frequentes, e quando isso acontece, chamamos 
35 
 
 
de resistências, que pode vir do analisando, ou até mesmo do analista, que não 
conseguiu manejá-la. 
De acordo com Laplanche e Pontalis (2008, p. 458) “chama-se resistência a 
tudo o que nos atos e palavras do analisando, durante o tratamento psicanalítico, se 
opõe ao acesso deste ao seu inconsciente”. 
Um segundo fenômeno relacionado ao abandono do tratamento é o chamado 
acting out. Chamado por Freud de “agieren” e apresenta o sentido de “atuar”. 
Termo usado em Psicanálise para designar as ações que apresentam, quase 
sempre, um caráter impulsivo, relativamente isolável no decurso das suas atividades, 
e que torna muitas vezes uma forma auto ou hetero-agressiva. Para o psicanalista, o 
aparecimento do acting out é a marca da emergência do recalcado. Quando aparece 
no decorrer de uma análise (durante a sessão ou fora dela, o acting out tem de ser 
compreendida na sua conexão com a transferência, e frequentemente como uma 
tentativa para ignorá-la radicalmente. (LAPLANCHE e PONTALIS, 2008, p. 6) 
Segundo Francisco (1995) o acting out pode estar a serviço ao que Freud 
chamou de “lembranças encobridoras”. Ao invés de lembrar, o indivíduo atua, uma 
vez que se trata de experiências infantis bastante remotas e que não foram 
compreendidas na ocasião. Pode se referir a várias situações que se opõem ao 
processo analítico, como o silêncio, esquecimento de sessões, decisão súbita de 
deixar a análise, dentre outros. 
Laplanche e Pontalis (2008, p. 264) definem lembrança encobridora: 
Lembrança infantil que se caracteriza ao mesmo tempo pela sua especial nitidez e 
pela aparente insignificância do seu conteúdo. A sua análise conduz a experiências 
infantis marcantes e a fantasias inconscientes. Como o sintoma, a lembrança 
encobridora é uma formação de compromisso entre elementos recalcados e a defesa. 
 De acordo com Gus (2005) atuações e encenações (enactments) refere-se a 
sensações e sentimentos pré-verbais, portanto anterior a palavra, denotando 
expressões primitivas. 
Em um estágio primitivo do desenvolvimento psíquico, narra Gus (2005), 
quando a linguagem ainda não existia (pré-verbal), não era possível expressar os 
sentimentos por meio da palavra. Sendo assim, o ato é a única forma de expressão 
de vivências emocionais primitivas e afetos perigosos da dupla terapêutica. Trata-se 
de uma obstrução ao processo de crescimento e desenvolvimento psicoterápico, uma 
vez que, ao invés de atingir o insight, o indivíduo realiza um ato. 
36 
 
 
Entretanto, como aponta Gus (2005), o fenômeno do acting out pode ser útil ao 
tratamento, desde que compreendidos e bem encaminhados àqueles pacientes de 
difícil acesso, em que predominam o pré-verbal, a desorganização psíquica, o caos e 
o vazio mental. 
A realidade psíquica é resultante das percepções que o indivíduo tem do mundo 
externo, somado às fantasias do mundo interno. Portanto, é uma experiência 
subjetiva, individual e nem sempre traduz a realidade externa (GUS, 2005). 
Sendo assim, afirma Gus (2005) que, no acting out e enactment a realidade 
psíquica ganha expressão, por meio do ato, de vivências primitivas dolorosas (como 
ansiedades persecutórias, etc.), as quais o indivíduo não se lembra e que podem ser 
percebidas por meio da transferência e da contratransferência. Portanto, trata-se de 
revivências de conflitos primitivos da dupla terapêutica. 
Nesse sentido, Gus (2005) entende que as vivências primitivas são da dupla 
terapeuta-paciente. As experiências de fantasias inconscientes destrutivas, arcaicas, 
de ansiedade persecutória e situações traumáticas são reeditadas por ambos. Então, 
o psicoterapeuta também possui papel fundamental: há que se compreender e 
manejar adequadamente o fenômeno do acting out e enactment. 
Atualmente há um consenso entre os psicanalistas de que o processo 
psicoterápico não está focado apenas no paciente, mas sim na dinâmica do campo 
analítico. Assim, são levadas em conta as condições emocionais do terapeuta e do 
paciente, bem como o inconsciente de ambos (ZIMERMAN, 2004). 
Quando o terapeuta, segundo Gus (2005), consegue compreender a realidade 
psíquica do setting, conter e interpretar acting e enactment é possível dar novo 
significado às fantasias primitivas. 
Ao contrário, acrescenta Gus (2005), quando não se compreende a realidade 
psíquica do par terapêutico no setting, chega-se ao “ponto cego” ou conluios 
inconscientes, de natureza narcísica. Podem ocorrer ainda, piora do quadro clínico, 
impasses e interrupção do tratamento. 
Longos silêncios, faltas e atrasos podem se configurar como acting out, que, 
caso ocorram de forma intensa no início do tratamento, podem levar à interrupção do 
tratamento (GUS, 2005). 
Há também o fenômeno do impasse que, segundo Pires (2005) pode estar 
relacionado à interrupção no tratamento psicoterápico. Trata-se de uma estagnação 
do desenvolvimento da terapia, que implica num cessamento da elaboração, 
37 
 
 
perceptíveis no processo transferocontratranferencial, caracterizada por intensas 
repetições de conflitos não resolvidos envolvendo a dupla terapêutica. 
Quando o impasse não é superado, pode ocorrer a interrupção do tratamento. 
Torna-se então inevitável reavaliar o próprio trabalho do terapeuta. De alguma forma, 
acrescenta Pires (2005), o paciente confirma a validade das teorias. Nesses casos é 
importante a supervisão do caso, já que fica mais difícil o terapeuta, no momento da 
sessão, ter uma visão mais crítica. Além disso, como o supervisor não está envolvido 
diretamente com o impasse, possivelmente terá melhor condição de ajudar o 
terapeuta. 
O fenômeno do impasse muitas vezes é confundido com o acting out, como 
sinaliza Pires (2005). A diferença reside no momento em que ocorrem: o acting out 
pode ocorrer já no início do tratamento, enquanto que o impasse geralmentedeve 
ocorrer em fases posteriores do processo psicoterápico. 
Além disso, Pires (2005) afirma que a probabilidade de ocorrer impasse na 
psicoterapia é menor que na psicanálise. Isso acontece porque na psicoterapia o 
número de sessões é menor, o objetivo é mais focal e as situações 
extratransferenciais são menos intensas. 
Conforme Pires (2005, p. 342), alguns autores defendem a ideia de que, nas 
situações de impasse seria indicado marcar a data para interrupção do tratamento. 
Isso suscita muitos questionamentos. Entretanto: 
[...] em defesa de, pelo menos parte dessa ideia, é preciso dizer que uma 
interrupção é sempre mais ética do que a manutenção de um tratamento interminável, 
pois esta última opção configura uma espoliação emocional e econômica do paciente 
por parte do terapeuta. 
 No decorrer do processo psicoterapêutico duas pessoas estranhas (terapeuta-
paciente), numa relação assimétrica, irão se encontrar frequentemente estabelecendo 
uma relação única. Para Keidmann (2000) a experiência com cada novo paciente 
mobiliza no terapeuta ansiedades, resistências e outras emoções inconscientes. Pode 
então ocorrer abandono por erros, incompetência, hostilidade ou sedução do 
terapeuta. 
Freud alerta sobre a oportunidade de aprender com as experiências de 
pacientes abandonantes na medida em que se pode pensar sobre o fato, o mesmo 
que ocorre muitas vezes quando se perde uma partida de xadrez. Aprende-se com os 
erros também. 
38 
 
 
Ferenczi, citado em Freud, afirma que o êxito depende muito do analista ter 
aprendido com seus próprios erros e de ter levado a melhor sobre os pontos fracos 
de sua própria personalidade. 
O tripé clássico da técnica psicanalítica consiste na transferência, resistência e 
interpretação. 
Segundo Laplanche e Pontalis (2008, p. 514) a transferência é um “processo 
pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no 
quadro de certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro 
da relação analítica”. 
Dewald (1981, p. 213) define a transferência como “uma forma de 
deslocamento na qual o indivíduo dirige para um objeto presente todos aqueles 
impulsos, defesas, atitudes, sentimentos e respostas” vivenciados nos primeiros 
relacionamentos infantis com as figuras parentais. 
O fenômeno da transferência refere-se aos conteúdos inconscientes do 
paciente para o analista. Já a contratransferência vai do analista para o paciente. 
No fenômeno da transferência, parte dos impulsos eróticos do indivíduo vai 
para a consciência, dirigida para a realidade. A outra parte fica retida, ou permanece 
inconsciente. 
Então, se a necessidade de amar não está totalmente satisfeita pela realidade, 
o indivíduo vai aproximar-se de cada nova pessoa que encontrar. Esta pessoa pode 
ser até seu terapeuta. Isto é natural, mesmo porque é a transferência que move o 
tratamento. Em Psicanálise trabalha-se com a perda de um objeto. Nesse sentido, a 
transferência ocorre porque o paciente acredita que o analista é esse objeto perdido. 
Ele acredita que o analista detém o saber, sabe algo dele que o próprio paciente não 
sabe. E esse fenômeno move o tratamento. É necessário certo “enamoramento”, ou 
seja, admiração pelo analista, para que o paciente suporte um longo tempo na terapia. 
Vai chegar um dia em que, assim como a criança quando cresce descobre que seu 
pai não é não perfeito e poderoso quanto pensava, o paciente também vai chegar a 
essa conclusão. E nesse momento não vai mais haver motivo para continuar o 
tratamento. É quando pode ser dada a alta. 
Mas o que o paciente transfere para o terapeuta? Transfere sentimentos 
inconscientes infantis vivenciados com as figuras parentais. 
A transferência é sempre inconsciente. É o resultado de um desejo. O ser 
humano tem dois caminhos: a saúde e o sintoma. Os que fazem sintoma são pessoas 
39 
 
 
que estão doentes. Pode estar doente porque direciona seu sintoma para uma meta 
impossível (está sempre esperando, insatisfeito). Nesse sentido, a pessoa 
desqualifica a saúde. O trabalho do psicoterapeuta é conscientizar a pessoa disso. 
O sintoma implica num ganho secundário. Funciona como uma “bola de neve”, 
isto é, quanto mais o tempo passa, mais fica prejudicial. É uma metáfora de uma 
resolução sexual e implica numa homeostase (equilíbrio) do aparelho psíquico. Este 
equilíbrio é dinâmico (em alguns momentos é bom, mas em outros é ruim). Acontece 
que o sintoma toma bastante libido (energia) do indivíduo, impedindo, assim, que ele 
não tenha energia para outras coisas. 
Então o paciente procura o terapeuta porque essa situação é desconfortável. 
Mas aí vem a resistência, pois o sintoma implica em alguns momentos, equilibrar seu 
aparelho psíquico. 
Na medida em que seu sintoma é retirado, há uma piora de seu quadro – e isto 
é sinal da cura, primeiro piora para depois melhorar. 
Segundo Freud a transferência pode ser positiva ou negativa. A primeira refere-
se aos sentimentos amorosos, de amizade e confiança, enquanto que a segunda diz 
respeito aos sentimentos hostis, agressivos. 
A transferência que move o tratamento é a positiva (o paciente tem confiança 
no terapeuta, acredita que ele é o detentor do saber), enquanto a transferência 
negativa prejudica o tratamento, pois funciona como resistência. Esta última precisa 
ser interpretada ou assinalada. 
Algumas vezes a transferência negativa é silenciosa ou muito sutil. Por 
exemplo: quando o paciente chega atrasado à sessão ou falta. Quando no dia do 
pagamento esquece-se de assinar o cheque, etc. 
A contratransferência, como já foi dito, diz respeito ao “conjunto das reações 
inconscientes do analista à pessoa do analisando e, mais particularmente, à 
transferência deste” (LAPLANCHE E PONTALIS, 2008, p. 102). 
É fundamental e faz parte da técnica atentar para os sentimentos que o 
paciente desperta no terapeuta. Na relação com o paciente o terapeuta pode 
experimentar diversos sentimentos, como raiva, prazer, desconfiança, preocupação, 
etc. (DEWALD, 1981). 
Quando se trata de pacientes com quadros psicossomáticos, é comum o 
psicólogo sentir sensações físicas, como alguma dor, por exemplo. Prestar atenção 
40 
 
 
nesses sentimentos auxiliará no processo de avaliação, bem como no momento 
adequado de interpretar. 
O fenômeno da resistência é definido por Dewald (1981, p. 240) como “funções 
psíquicas do paciente que se opõem ativamente à tarefa terapêutica de trazer o 
material inconsciente ao conhecimento”, e, consequentemente, opondo-se às 
mudanças. 
A resistência expressa à forma de como o ego se mobiliza para enfrentar as 
suas angústias diante da vida. Resiste como forma de se proteger contra os ataques 
que sofreu no passado (carência, abandono, incompreensão, humilhação, etc.). É o 
grande obstáculo ao tratamento. 
Algumas situações dentro do setting terapêutico podem ser interpretadas como 
resistência, tais como: faltas, atrasos, esquecimentos, silêncio, dificuldades em falar 
sobre determinados assuntos que causam angústia, etc. 
O terceiro componente que faz parte do tripé da técnica psicanalítica é a 
interpretação. 
Esta é uma técnica valiosa, em que o psicoterapeuta permite que seu paciente 
entre em contato com seus conteúdos inconscientes, ajudando-o a “traduzir” seus 
sentimentos (RIBEIRO, 1988). É nesse momento, para Freud, que é favorecida a 
mudança. A arte da interpretação identifica as resistências e as torna conscientes. 
Esta é uma técnica que deve ser usada com cautela, uma vez que tem seu 
momento oportuno. A recomendação é que o terapeuta possa identificar quando seu 
paciente estiver próximo de tornar o conteúdo consciente. É difícil saber se uma 
interpretação está correta. Mas alguns indícios podem ser observados. Ao interpretar, 
é importante avaliar a reação do paciente, o assunto ou material seguinte que ele vai 
trazer.Dewald (1981) discorre sobre a técnica em psicoterapia de base analítica, 
elegendo a escuta, o esclarecimento e a confrontação, além da interpretação como 
formas de intervenção. 
Segundo este autor é importante deixar o paciente falar, mas cabe ao terapeuta 
a função da escuta especializada. 
“A atividade do terapeuta em escutar representa muito mais que a simples 
recepção passiva e compilação do material verbalizado pelo paciente” (DEWALD, 
1981, p. 198). Esta escuta significa priorizar o significado dos conteúdos latentes, além 
41 
 
 
de observar o comportamento não verbal é importante observar o conteúdo que foi 
dito pelo paciente, mas também o que foi omitido. 
A comunicação na psicoterapia pode ser: 
• Verbal: por meio da palavra, linguagem falada. 
• Não verbal: por meio de comportamentos como a expressão corporal, 
por exemplo. 
O silêncio também é uma forma de comunicação, que pode simbolizar várias 
situações: ansiedade, vazio mental, resistências, etc., podendo ser do tipo paranoide, 
depressivo, fóbico, confusional, etc. 
Em oposição, tem também aquele paciente que fala muito, como uma espécie 
de descarga emocional. Entretanto, deixa de falar o mais importante. Pode ser 
inclusive, um tipo de resistência. 
Segundo Dewald (1981), o esclarecimento é uma forma de intervenção que tem 
por objetivo esclarecer alguma situação específica da experiência e do 
comportamento do paciente. Está mais no nível consciente e pré-consciente. 
Já a confrontação “implica dirigir a atenção do paciente para elementos da 
experiência ou comportamento nele observados pelo terapeuta, mas sem retirar 
qualquer inferência dos seus possíveis significados” (DEWALD, 1981, p. 202). É 
interessante apontar diferenças, semelhanças ou repetições nas experiências vividas 
pelo paciente. Assim, como o esclarecimento a confrontação também ocorre a nível 
consciente e pré-consciente. 
 
FIGURA - DIVÃ 
 
http://www.greiceklem.psc.br/images/diva_freud.jpg?546 
http://www.greiceklem.psc.br/images/diva_freud.jpg?546
42 
 
 
 
Quanto ao uso do divã, este é uma herança do método da hipnose, utilizado 
por Freud, no início de seus trabalhos. O divã servia para afastar os olhos do terapeuta 
e do paciente, já que Freud atendia muitos pacientes num mesmo dia, e, por sua vez, 
ficava mais à vontade. Ajudava também favorecendo a ocorrência dos pensamentos 
involuntários, já que permitem a associação livre, além de propiciar a regressão. 
O paciente não inicia o tratamento logo deitando no divã. O momento de deitar 
é aquele em que de fato inicia-se a análise, ou seja, quando o paciente não tem nada 
mais para contar sobre sua história de vida. O ato de apenas descrever fatos não 
significa necessariamente que está sendo terapêutico. Há que se avaliar os casos em 
particular, mas às vezes pode demorar mais de um ano para iniciar o processo de 
análise propriamente dito e poder deitar no divã. 
Na psicoterapia de orientação psicanalítica o divã não é usado, principalmente 
porque a regressão não é tão profunda quanto na psicanálise. Faz-se necessário a 
interação face a face do terapeuta e do paciente, especialmente nos quadros 
psicóticos. 
Em relação à técnica, em sua obra “Recomendações aos médicos que exercem 
a psicanálise”, Freud sugere que não há necessidade de memorizar a história de vida 
do paciente como datas, nomes ou outros pormenores. O importante é o que está 
marcado afetivamente, que pode ser observado por meio dos sentimentos, entonação 
de voz, etc. O mais importante é a relação terapeuta/paciente. 
Outra recomendação de Freud que também se aplica a psicoterapia, diz 
respeito às anotações das sessões. É melhor que os registros sejam feitos em outro 
momento, que não durante o atendimento. A atenção do terapeuta, ou melhor, sua 
escuta deve ser o foco, em detrimento dos registros. Além disso, caso esteja diante 
de um paciente com personalidade paranoide, a desconfiança poderá ser reforçada. 
Freud, p. 129] dá ênfase na necessidade de o terapeuta realizar sua análise. 
“Deve-se insistir, antes, que tenha passado por uma purificação psicanalítica e ficado 
ciente daqueles complexos seus que poderiam interferir na compreensão do que o 
paciente lhe diz”. E acrescenta: “(...) todos que desejam efetuar análise em outras 
pessoas terão primeiramente de ser analisados por alguém com conhecimento 
técnico” (p. 130). 
Uma das funções do psicoterapeuta, conforme aponta Freud, refere-se à 
função especular, isto é, o terapeuta deve mostrar ao paciente somente o que lhe é 
43 
 
 
mostrado. Nesta mesma linha de raciocínio, o psicólogo deve orientar-se pelas 
capacidades do paciente e não pelos seus desejos (do terapeuta), valorizando 
qualquer evolução do paciente. 
A psicoterapia é um processo árduo, em que não há ausência de sofrimento. 
Muitas vezes, a fantasia é a de que são ditas apenas palavras de conforto, como se a 
pessoa quisesse ficar na zona de conforto o tempo todo, como rege o princípio do 
prazer. Ocorre que o princípio da realidade é condição para a superação do sintoma, 
rompendo o ciclo doentio, patológico. Como afirma Luz (2005, p. 260), na terapia o 
paciente “vai sofrer pelo motivo adequado e de forma adequada”. 
Para Freud, a doença significa a incapacidade de amar, o paciente vive 
mendigando amor dos outros. E a função do profissional é a de ajudar esse paciente 
a amar. Freud conclui que tem saúde mental aquela pessoa capaz de amar e de 
trabalhar, em seus vários aspectos. 
A relação com o outro é saudável para a Psicanálise, uma vez que há 
investimento de libido (ou energia). Uma pessoa que se isola do mundo reveste-se 
em seu próprio narcisismo, e consequentemente, surgirão os sintomas. Todo amor 
tem sua origem nas fontes primitivas, de contato com a pele (inicialmente, da mãe 
com o bebê). Com o passar do tempo, a sociedade exige que esse amor mude de 
direção, passando para um amor genital. 
Nesse sentido, Freud usou o termo “sexualidade” em alemão “lieben”, que 
significa “amar”. Portanto, este autor utiliza esse conceito em praticamente toda sua 
obra. Nesse sentido, não se limita ao sexo no sentido genital, como entende o senso 
comum. 
Ainda com relação à técnica, em sua obra “Recordar, repetir e elaborar”, Freud, 
orienta o caminho do processo psicoterápico. 
O processo de recordar tem suas origens na hipnose, método esse utilizado na 
primeira fase da Psicanálise. Freud diz que recordar não é tão simples, principalmente 
se forem experiências muito primitivas, conhecidas como amnésia infantil. Lembrar 
pode ser extremamente doloroso, portanto, muitas vezes distorcemos para ficar 
suportável. 
Quanto mais precoce, mais difícil de ser retirada a marca, porque menos 
recursos têm o ego para lidar com a intensidade do trauma. Menos simbolismo tem, e 
maior é a desorganização psíquica. Quanto mais primitivas as experiências 
44 
 
 
vivenciadas, mais fica em nível das sensações, e, portanto, não há simbolismo, 
apenas registro mnêmico. 
As lembranças remotas, segundo Freud, caso não possam ser compreendidas 
na ocasião, mas poderão vir à tona quando forem interpretadas. 
Recordar significa contar o que sabe da experiência ou evento traumático. Mas 
Freud salienta que nem sempre o indivíduo recorda de suas experiências infantis, mas 
as reproduz por meio da ação (acting out), repetindo-as. Não é tão importante que o 
paciente se lembre das suas experiências, porque ele vai repeti-las na terapia. 
Mas o que o paciente repete? “Repete ao invés de recordar e repete sob as 
condições da resistência” (FREUD [1914(1976) p. 198]). O paciente repete ou atua 
seus conteúdos reprimidos, traços patológicos, seu sintoma e as resistências. 
A doença do paciente, como sinaliza Freud, é atual, e dessa forma deve ser 
tratada. As origens da doença é que estão associadas às experiências passadas. 
Portanto, o paciente irá repetirfragmentos da vida real, atual. 
O principal instrumento para trabalhar as repetições em psicoterapia é, para 
Freud, o manejo da transferência. Assim, é possível superar as resistências para 
então elaborá-las. 
Elaborar é trocar a atuação e as repetições por discernimento. É dar um novo 
sentido ao sofrimento. Quando o paciente elabora não há mais repetição. 
Segundo Freud [1914(1976), p. 202]: Deve-se dar ao paciente tempo para 
conhecer melhor esta resistência com a qual acabou de familiarizar, para elaborá-la, 
para superá-la, pela continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico segundo a 
regra fundamental da análise. 
Nesse processo de recordar, repetir e elaborar, para Freud, a função do 
terapeuta é a de “completar aquilo que foi esquecido a partir dos traços que deixou 
atrás de si ou, mais corretamente, construí-lo” (p. 293). 
A técnica da construção diferencia-se da interpretação, segundo Freud. A 
interpretação é quando o analista interpreta um único fato da vida do paciente. Já a 
construção refere-se a vários fatos da vida do indivíduo. É algo final, um processo 
mais longo. 
O trabalho de construção é o objetivo e a etapa final da psicoterapia de 
orientação psicanalítica. Trata-se da tarefa de ajudar o paciente a construir uma nova 
história de vida. 
 
45 
 
 
PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
 
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITOS BÁSICOS 
 
Segundo Milhollan e Forisha (1972), no século XIX a Psicologia começa a 
evoluir como disciplina independente, apesar dos problemas psicológicos de mente e 
conhecimento serem de domínio de filósofos. Fisiologistas e físicos contribuíram para 
a Psicologia por meio do estudo do sistema nervoso e da sensação. 
Para que a Psicologia pudesse se tornar uma ciência (até então era estudada 
como disciplina da Filosofia) era importante torná-la mais objetiva. Era importante que 
seu objeto de estudo pudesse ser mensurado, observado. Nesse sentido, alguns 
nomes foram muito importantes. Dentre eles, destacam-se: Wundt, Thorndike, Pavlov, 
Watson e Skinner. 
Em 1879, Wilhelm Wundt (1832-1920) fundou seu laboratório psicológico em 
Leipzig, Alemanha, estabelecendo a Psicologia como ciência. Refere-se à psicologia 
de Wundt como estruturalismo, tentativa de estudar a estrutura da mente. 
 
 WUNDT 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://files.segredosdapsicologia.webnode.com.pt/20000000615ff916f97/Wund
t3.jpg 
 
Edward L. Thorndike (1874-1949) desenvolveu princípios e conceitos de 
importante influência, como o estudo do comportamento animal, chamado de Lei de 
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46 
 
 
Efeito (estímulo e resposta no comportamento de pacientes experimentais – a 
aprendizagem era uma questão de gravar respostas corretas e eliminar incorretas, 
como resultado de suas consequências agradáveis ou desagradáveis, isto é, 
recompensas ou punições). 
 
FIGURA – CAIXA 
 
http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/a-caixa-de-skinner- 
caixa2-jpg.jpg> . 
 
Ivan P. Pavlov (1849-1936) e o condicionamento clássico: o processo de 
aprendizagem consistia na formação de uma associação entre um estímulo e uma 
resposta aprendida por meio de contiguidade (lembrança de algo que no passado foi 
experimentado junto com alguma outra coisa). Estudo de secreções gástricas em 
cães. 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 FIGURA - CONDICIONAMENTO 
 
 
http://3.bp.blogspot.com/_nLGqF2OyrH0/S_nhFmYNx4I/AAAAAAAAACI/QnV
0c3oORM4/s320/experimento+de+pavlov>. 
 
John B. Watson (1878-1958) e o behaviorismo – psicologia como ciência de 
comportamento objetiva, com a finalidade de prever e controlar o comportamento dos 
indivíduos. 
Aceitou o condicionamento clássico como explicação para toda aprendizagem. 
 
http://3.bp.blogspot.com/_nLGqF2OyrH0/S_nhFmYNx4I/AAAAAAAAACI/QnV0c3oORM4/s320/experimento+de+pavlov
http://3.bp.blogspot.com/_nLGqF2OyrH0/S_nhFmYNx4I/AAAAAAAAACI/QnV0c3oORM4/s320/experimento+de+pavlov
http://3.bp.blogspot.com/_nLGqF2OyrH0/S_nhFmYNx4I/AAAAAAAAACI/QnV0c3oORM4/s320/experimento+de+pavlov
http://3.bp.blogspot.com/_nLGqF2OyrH0/S_nhFmYNx4I/AAAAAAAAACI/QnV0c3oORM4/s320/experimento+de+pavlov
48 
 
 
FIGURA - WATSON 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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watson-1-sized.jpg 
 
B. F. Skinner e o condicionamento operante – um dos principais behavioristas, 
com a publicação de “Behavior of Organisms”, em 1938. Estudou o comportamento 
manifesto ou mensurável. O condicionamento operante relaciona o comportamento 
às consequências, é controlado pelos estímulos que se seguem à resposta. 
 
FIGURA- SKINNER 
 
http://1.bp.blogspot.com/- 
L_p3nVe5Wqc/Taz13t5ktAI/AAAAAAAAACo/ZLRkpo4pTRU/s1600/skinner.jpg
> 
 
 
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49 
 
 
Guimarães (2001) ressalta que a teoria comportamental ganhou espaço na 
década de 30 e graças a trabalhos como os de Pavlov, Skinner e Thorndike 
contribuíram para que a Psicologia fosse vista sob enfoque científico e definida como 
ciência do comportamento. Suas aplicações foram desenvolvidas a partir dos 
princípios da teoria da aprendizagem e da análise experimental do comportamento. A 
partir da década de 50 é reconhecida como abordagem sistemática de intervenção 
em saúde mental, em oposição à psicanálise. Enfoca diretamente os comportamentos 
a ser modificado e o ambiente onde o comportamento ocorre, valorizando a forma 
como o organismo interage com o meio. O foco principal é dirigido ao que pode ser 
observado, lida com eventos mensuráveis. 
O desenvolvimento da teoria comportamental permitiu o conhecimento a 
respeito das leis gerais do comportamento tornando-o mais previsível. Dentro da 
perspectiva comportamental são apontados o comportamento respondente, que 
responde a um determinado estímulo (involuntário) e o comportamento operante 
(voluntário), que modifica o ambiente e está sujeito a alterações a partir das 
consequências dessa atuação. O “condicionamento” tem papel fundamental nesta 
abordagem e significa que os comportamentos podem ser alterados realizando-se 
mudanças nas condições do ambiente. No condicionamento operante uma 
consequência reforçadora aumenta a probabilidade de o comportamento ocorrer 
novamente e uma situação aversiva, como a punição, diminui ou extingue 
determinado comportamento. A “modelagem” é utilizada no condicionamento 
operante e consiste em modificar comportamentos de forma progressiva, por meio de 
reforços sistemáticos de comportamentos que se assemelham ao comportamento 
final que se deseja atingir. Segundo Falcone (2001), a psicoterapia cognitiva começou 
a ser desenvolvida por Aaron Beck no início da década de60, a partir de insatisfações 
com as formulações psicodinâmicas sobre a depressão. Seus estudos verificaram 
uma tendência de pacientes em interpretar os acontecimentos de forma negativista e 
demonstraram que alguns apresentaram melhora em resposta a experiências bem-
sucedidas – construiu o modelo cognitivo da depressão, estendendo a outros 
transtornos. Foi influenciado por várias abordagens, como a abordagem cognitiva de 
Ellis -1962 -, estudos sobre modelação e autoeficácia de Bandura -1977 - e pesquisas 
sobre o controle cognitivo de Mahoney - 1974. 
 
 
50 
 
 
FIGURA – BECK 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.atccl.org.ar/articulos/Beck4.jpg 
 
 
Para o modelo cognitivo os transtornos psicológicos decorrem de um modo 
distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando afeto e 
comportamento. Sua prática terapêutica visa à mudança dos processos cognitivos, 
como pensamentos e emoções. São identificados três níveis de pensamento: 
1. Pensamentos automáticos: são os espontâneos, a partir de 
acontecimentos do dia-a-dia; 
2. Crenças intermediárias: ocorre sob a forma de suposições ou regras; 
refletem ideias ou entendimentos mais profundos e são mais resistentes à mudança; 
3. Crenças centrais: nível mais profundo da estrutura, compostas por ideias 
absolutistas, rígidas e globais sobre si mesmo, os outros e o mundo. Desenvolvem-se 
na infância e, a partir de circunstâncias traumáticas ou de experiências frequentes, 
tornam-se convincentes na vida adulta. Também conhecidas como esquemas. 
Os três níveis estão interligados no funcionamento cognitivo de uma pessoa 
com transtorno psicológico. O objetivo da terapia cognitiva é produzir mudanças no 
pensamento e no sistema de crenças, para que ajam mudanças emocionais e 
comportamentais duradouras. 
É uma técnica breve, estruturada, educativa e orientada para o presente. 
Estratégias comportamentais são utilizadas pela terapia cognitiva por produzirem 
mudanças cognitivas. 
http://search.babylon.com/imageres.php?iu=http://www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/images/Aaron_Beck2.jpg&ir=http://www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/htms/Aaron_Beck.htm&ig=http://images.google.com/images?q=tbn:HaNkS_lB0sJTaM::www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/images/Aaron_Beck2.jpg&h=599&w=502&q=aaron%20beck&babsrc=home
http://www.atccl.org.ar/articulos/Beck4.jpg
51 
 
 
A terapia cognitivo-comportamental concilia procedimentos utilizados nas 
técnicas comportamentais com os utilizados na modificação de processos cognitivos; 
desenvolvimento e reconhecimento na década de 70, com o surgimento de novas 
técnicas e a utilização de conceitos e técnicas cognitivos. Apesar das diferenças, a 
integração das duas abordagens vem demonstrando resultados satisfatórios. 
Segundo Sudak (2008), a terapia cognitivo-comportamental é um tratamento 
de curta duração, com objetivos específicos e voltados para problemas baseados no 
modelo de que mudar cognições é possível e leva às mudanças comportamentais. 
Enfatiza que os seres humanos são capazes de controlar suas crenças e ações e se 
comportam de acordo com a compreensão de suas experiências. É 
fundamentalmente uma terapia de problemas específicos e que estão interferindo na 
vida do paciente. 
 
Indicações 
 
Serão apontados os problemas mais comuns da prática clínica. 
 
Transtorno de pânico e agorafobia (Rangé; Bernik, 2001) 
 
Este é um dos problemas mais frequentes e incapacitantes entre os transtornos 
de ansiedade. Há uma enorme ansiedade e tudo é feito para que não aconteça mais, 
como comportamentos de fuga ou evitação, que afetam a vida desses pacientes. 
Envolve reações súbitas e intensas como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, 
vertigens, ideações de morte, loucura, perda de controle, entre outros. 
O termo agorafobia foi proposto em 1871 por Westphal (1822-1890), que 
significa medo de lugar amplo e movimentado (ágora, em grego – assembleia de 
pessoas, praça do mercado). Transtorno de pânico começou a ser conceituado por 
Freud, em seus escritos sobre neuroses de ansiedade. No tratamento são associados 
psicoterapia com medicamentos. Estudos mostram que no tratamento psicológico 
deve estar incluído um repertório de manejo das crises, como a exposição aos 
estímulos temidos e treino em relaxamento. Muito eficaz no tratamento é a estratégia 
A.C.A.L.M.E.-S.E, descrita a seguir: 
 
 
52 
 
 
A.C.A.L.M.E.-S.E. 
 
A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá-lo totalmente. 
Permanecer no presente e aceitar sua ansiedade a faz desaparecer. Para lidar com 
sucesso com sua ansiedade você pode utilizar a estratégia “A.C.A.L.M.E.-S.E.”, de 
oito passos. Usando-a você estará apto(a) a aceitar sua ansiedade até que ela 
desapareça. 
1. Aceite a sua ansiedade. Um dicionário define aceitar como dar 
“consentimento em receber”. Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. 
Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo, 
assim como você aceitaria em sua casa um hóspede inesperado e desconhecido ou 
uma dor incômoda. Substitua seu medo, sua raiva e sua rejeição por aceitação. Não 
lute contra as sensações. Resistindo, você estará prolongando e intensificando o seu 
desconforto. Ao invés disso, flua com ela. 
2. Contemple as coisas à sua volta. Não fique olhando para dentro de você, 
observando tudo e cada coisa que sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele 
quiser, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe à sua volta, observando cada 
detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como 
um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é sua 
ansiedade. Quanto mais puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos 
acontecimentos externos, melhor se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela: 
seja apenas observador. 
3. Aja com sua ansiedade. Aja como se você não estivesse ansioso (a), 
isto é, funcione com suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com 
que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo(a)! Não se desespere, 
interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua ansiedade diminuirá, mas o seu 
medo aumentará, onde na próxima vez a sua ansiedade será pior. Se você ficar onde 
está – e continuar fazendo as suas coisas – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo 
diminuirão. Continue agindo, bem devagar! 
4. Libere o ar de seus pulmões, bem devagar! Respire bem devagar, 
calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela 
boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três prendendo um 
pouco a respiração e até seis na expiração. Faça o ar ir para o seu abdômen, 
estufando-o ao inspirar e deixando-o contrair-se ao expirar. Não encha os pulmões. 
53 
 
 
Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente pela boca. Procure descobrir 
o ritmo ideal de sua respiração, nesse estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como 
isso é agradável. 
5. Mantenha os passos anteriores. Repita cada um, passo a passo. 
Continue a: (1) 64 aceitar sua ansiedade; (2) contemplar; (3) agir com ela e (4) respirar 
calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se 
você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar. 
6. Examine seus pensamentos. Talvez você esteja antecipando coisas 
catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você já passou por isso muitas 
vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que pensou que aconteceria. Examine o 
que você está dizendo para si mesmo (a) e reflita racionalmente para ver se o que 
você pensa é verdade ou não: você tem provas sobre se o que pensa é verdade? Há 
outras maneiras de entender o que está lhe acontecendo? Lembre-se: você está 
apenas ansioso (a) - isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está 
pensando que está em perigo, mas temprovas reais e definitivas disso? 
7. Sorria, você conseguiu! Você merece todo o seu crédito e todo o seu 
reconhecimento. Você conseguiu, sozinho (a), e com seus próprios recursos, 
tranquilizar-se e superar este momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, 
apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreender e aceitar 
melhor. Você agora saberá como lidar com visitantes estranhos. 
8. Espere o futuro com aceitação. Livre-se do pensamento mágico de que 
você terá se livrado definitivamente, para sempre de sua ansiedade. Ela é necessária 
para você viver e continuar vivo (a). Em vez de considerar-se livre dela, surpreenda-
se pelo jeito como a maneja, como acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência 
de sua ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela 
novamente. 
FONTE: Rangé; Bernik, 2001. 
 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL 
 
 De acordo com Falcone.; Figueira (2001), ansiedade frente a várias situações 
sociais é normal e adaptativa, pois permite comportar-se de maneira adequada. Mas 
quando a ansiedade é muito intensa interfere no funcionamento social e na vida da 
pessoa. A fobia social, como 65 também é chamada, manifesta-se como medo 
54 
 
 
excessivo de comportamentos humilhantes e embaraçosos e consequente 
desaprovação e rejeição pelas outras pessoas. As situações mais temidas são: falar 
em público, comer e beber na frente dos outros, falar com estranhos e ao telefone, 
participar de reuniões sociais, interagir com o sexo oposto, lidar com figuras de 
autoridade, entre outros. Alguns apresentam manifestações físicas, como tremor, 
sudorese, palpitações, e outros relatam apenas autoconsciência e medo. A evitação 
fóbica pode ser sutil ou extrema. São utilizados no tratamento os psicofármacos e 
estratégias terapêuticas, como a exposição ao vivo combinada com reestruturação 
cognitiva. 
 
FIGURA – TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL 
 
 
https://lh6.googleusercontent.com/--t- 
Qz2lcaXQ/TX81KILKPJI/AAAAAAAAADw/H_4ypwyU1aM/s200/Fobia+Social+
6.jpg>. 
 
 
FOBIAS ESPECÍFICAS 
 
 Costa; Lanna, (2001), caracteriza as fobias específicas por medo acentuado, 
persistente e excessivo ou irracional de determinado objeto ou situação, geralmente 
são medos aprendidos. Para a abordagem cognitivo-comportamental as fobias 
simples são explicadas por: condicionamento clássico, condicionamento operante, 
https://lh6.googleusercontent.com/--t-Qz2lcaXQ/TX81KILKPJI/AAAAAAAAADw/H_4ypwyU1aM/s200/Fobia+Social+6.jpg
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55 
 
 
modelação, cognições, generalização, predisposições pessoais e filogenéticas e 
ganhos secundários. Tratamento: dessensibilização sistemática, exposição ao vivo, 
reestruturação cognitiva, modelação, terapia implosiva ou inundação, hipnose, 
relaxamento, tarefas de casa e uso de medicamentos. 
 FIGURA – FOBIAS ESPECÍFICAS 
 
http://4.bp.blogspot.com/_PgIvOxUzJFY/SXm1CbbH0mI/AAAAAAAAA84/wIN
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TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA 
 
É um transtorno crônico de ansiedade, incapacitante, que tem como 
características preocupações irreais ou excessivas, constantes, e apresenta sintomas 
somáticos persistentes. O sexo feminino é mais acometido. Prejudica o desempenho 
social, familiar e profissional. Medidas terapêuticas eficazes são a farmacoterapia e 
psicoterapia (reestruturação cognitiva, relaxamento e exposição, aplicados em 
conjunto) (Schinohara; Nardi, 2001). 
 
 
 
 
 
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56 
 
 
FIGURA – TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA. 
 
 
http://blog.opovo.com.br/cartasdetododia/files/2010/04/ANSIEDADE.gif>. 
 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO 
 
O TOC, como é conhecido, é classificado como transtorno de ansiedade e tem 
como característica as obsessões (ideias intrusivas, recorrentes e persistentes) ou 
compulsões (comportamentos repetitivos, sem propósito) excessivas ou irracionais, 
que acarretam grande estresse, consomem considerável tempo e interferem na rotina 
normal. São pessoas que dão muita atenção a detalhes, autodisciplinadas, 
emocionalmente controladas, confiáveis, perseverantes, perfeccionistas e rígidas. 
Procedimentos comportamentais integrados com intervenções farmacológicas 
mostram-se eficazes no tratamento desse transtorno. (Rangé; Asbahr; Moritz; Ito, 
2001) 
 
FIGURA - TOC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://blog.opovo.com.br/cartasdetododia/files/2010/04/ANSIEDADE.gif
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57 
 
 
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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO 
 
O TEPT consiste na exposição a uma experiência traumática (guerra, abuso 
sexual e/ou físico, acidentes e desastres, entre outros) e como resultado a pessoa 
apresenta revivência da experiência e intenso sofrimento. O objetivo principal do 
tratamento é recuperar o senso de controle e estabilidade. Tratamento: farmacológico 
e técnicas como: exposição prolongada, dessensibilização, apoio social, relaxamento 
e reestruturação cognitiva (RANGÉ; MASCI, 2001). 
 
TRANSTORNOS AFETIVOS 
 
São principalmente as síndromes depressivas e o transtorno bipolar. A 
depressão é caracterizada por ideação suicida, delírios e alucinações e incapacitação 
social e ocupacional. 
No transtorno bipolar a pessoa apresenta períodos de depressão e de euforia 
intensa (mania). A terapia cognitivo-comportamental ajuda o paciente a adquirir novo 
modo de pensar, a ampliar sua consciência, de modo a interpretar a realidade de 
forma realista e colabora para a reconstrução de seu sistema de crenças. As principais 
técnicas usadas são: mapeamento da vida, folha de resumo dos sintomas, gráfico do 
humor, afetivograma, solução de problemas, treino de habilidades sociais, diário de 
atividades, reestruturação do pensamento e modificação de crenças. Muito importante 
também é a utilização de medicamentos (NETO et.al. 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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58 
 
 
FIGURA – TRANSTORNOS AFETIVOS 
 
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TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
Caracterizado por grave perturbação de o comportamento alimentar, trazendo 
prejuízos à pessoa. São eles: anorexia nervosa (medo extremo de engordar, 
apresentando distúrbio da imagem corporal), bulimia nervosa (episódios de ingestão 
incontrolável de alimentos seguido de vômito auto induzido, uso inadequado de 
laxantes, diuréticos ou moderadores de apetite, jejum e exercícios excessivos), 
transtorno da compulsão alimentar periódica – TCAP (episódios de comer compulsivo, 
sem os comportamentos compensatórios da bulimia). O tratamento exige equipe 
multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, nutricionista, endocrinologista, entre outros) e 
interação medicamentosa. A principal técnica utilizada é a reestruturação cognitiva 
(DUCHESNE.; APPOLINÁRIO, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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59 
 
 
 
FIGURA - DISTORÇÃO DA IMAGEM CORPORAL 
 
http://pesfrei.files.wordpress.com/2011/06/anorexia.jpg>. 
 
 DEPENDÊNCIA QUÍMICA 
 
A terapia comportamental busca modificar as crenças permissivas e as crenças 
intermediárias e centrais, por intermédio de técnicas como: identificação de 
pensamentos automáticos, avaliação e questionamento dos pensamentos 
automáticos, registro diário dos pensamentos automáticos disfuncionais e 
identificação, avaliação e modificação das crenças (KNAPP.; LUZ JR.; 
BALDISSEROTTO, 2001). 
 
 
<http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/vozprofessor/Mao
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60 
 
 
 TABAGISMO 
 
 Apesar de todo mal que o cigarro faz à saúde, seu consumo continua 
aumentando. Fumar é um comportamento reforçado por meio de estímulos externos 
e internos. Estratégias úteis no tratamento são a retirada gradual e métodos aversivos 
e terapia de reposição de nicotina (GIGLIOTTI et.al. 2001) 
 
 
 
 
 
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TRANSTORNO DE PERSONALIDADE LIMÍTROFE OU BORDERLINE 
 
 
Formas de abuso, como sexual, físico e emocional, estão relacionados a esse 
transtorno, que se caracteriza por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, 
autoimagem e afeto e muita impulsividade. Costumam infringir ferimentos a si 
mesmos, abusam de substâncias, principalmente medicamentos e tem alto risco de 
suicídio. São pacientes que costumam abandonar a terapia, principalmente devido a 
sua instabilidade e medo de abandono. No tratamento são utilizadas técnicas da 
terapia cognitiva padrão e medicamentos (VENTURA, 2001) 
 
 
 
FIGURA- TRANSTORNO DE PERSONALIDADE LIMÍTROFE OU 
BORDERLINE 
61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Hx9L8c/s1600/borderline_hintergrund.jpg>. 
 
 
ADICÇÃO AO JOGO 
 
 Caracteriza-se pela dificuldade em controlar o comportamento de jogar. As 
técnicas terapêuticas empregadas envolvem terapia aversiva, técnicas cognitivas e 
tratamento farmacológico(PRIETO, 2001). 
 
 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE E 
IMPULSIVIDADE 
 
O TDAHI caracteriza-se por dificuldade na regulação da atenção e/ou 
impulsividade e hiperatividade frequente. O uso de medicamentos melhora 
significativamente os sintomas e as técnicas cognitivo-comportamentais minimizam 
os sintomas (treino em resolução de problemas, treino em habilidades sociais, 
reestruturação do sistema de crenças, estratégias para estimulação da atenção e 
grupos) (DUCHESNE; MATTOS, 2001). 
 
 
 
 
 
http://3.bp.blogspot.com/_lrmt-SsR0EQ/TTjcpWWL6rI/AAAAAAAAAZA/WIMxzHx9L8c/s1600/borderline_hintergrund.jpg
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62 
 
 
FIGURA - TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE 
 
http://www.wallstreetfitness.com.br/imgs/Fotos/transtorno_deficit_atencao_hip
eratividade_tdah.jpg 
 
 
DISFUNÇÕES SEXUAIS 
 
Principais transtornos sexuais: disfunção erétil, ejaculação precoce, baixo 
desejo ou inibição do desejo sexual, anejaculação e anorgasmia masculina, 
anorgasmia feminina, vaginismo e dispareunia. Terapia associada de medicamentos 
e terapia sexual apresenta melhores resultados (CARVALHO, 2001). 
 
FIGURA - DISFUNÇÕES SEXUAIS 
 
 
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63 
 
 
TRANSTORNOS DO SONO 
 
 A insônia e a apneia do sono são os transtornos mais frequentes. O tratamento 
inclui a administração de fármacos e intervenções cognitivas (reestruturação cognitiva 
e comprovação de hipóteses (BUELA-CASAL.; SÁNCHEZ, 2001). 
 
FIGURA – TRANSTORNO DO SONO 
 
http://notapajos.globo.com/gifwrap.asp?id=694 
 
Segundo Beck et.al. (2005), a abordagem cognitivo-comportamental também é 
utilizada no tratamento de transtornos de personalidade, como: 
• Paranoide – interpretam as intenções e ações dos outros como 
humilhantes ou ameaçadoras, mas não apresentam sintomas psicóticos persistentes. 
• Esquizoide – indiferença em relação aos relacionamentos interpessoais, 
sem alterações no humor; buscam muito pouco o contato com os outros e restringem 
manifestações de afeto. Não apresentam sintomas psicóticos. 
• Esquizotípica – evitam relacionamentos interpessoais, mas apresentam 
sintomas psicóticos. 
• Antissocial – comportamentos irresponsáveis e socialmente 
ameaçadores. Geralmente são trazidos ao tratamento por força externa, contra sua 
vontade e sem vontade de mudar. Tratamento de grande desafio, pois se limita a leves 
alterações de comportamento. 
• Histriônica – apresentam excessiva emotividade, lábil e superficial e 
buscam ser o centro das atenções. Comportamento excessivamente reativo, intenso 
e descontrolado e relacionamentos pouco gratificantes. Apresenta complicações 
como abuso de substâncias, alcoolismo e risco de suicídio. 
• Narcisista - padrão distorcido de auto preocupação em relação a si 
mesmo, autocentrado e indiferente aos sentimentos e necessidades dos outros e não 
http://notapajos.globo.com/gifwrap.asp?id=694
64 
 
 
aceitam limites ou críticas. A crença central do narcisista é de inferioridade, por isso a 
atitude compensatória de superioridade. 
• Dependente – dependência excessiva dos outros, necessidade extrema 
de ser cuidado, sentimento de desamparo e medo de abandono. Comumente 
apresentam ansiedade e depressão. 
• Esquiva – evitação global comportamental, emocional e cognitiva. 
Apresentam muita ansiedade nos relacionamentos pessoais por medo de rejeição. 
Podem desenvolver depressão, abuso de substâncias, ansiedade e transtornos do 
sono. 
• Negativista ou passivo-agressiva – comportamentos resistentes, não 
cumprem obrigações e frustram expectativas, negativistas, oposicionistas, 
descontentes e hostis, humor irritável, resultando em prejuízo social. 
 
Terapeutas cognitivos utilizam os princípios básicos da terapia cognitiva no 
tratamento dos transtornos de personalidade como base do tratamento, mas 
modificam algumas características, pois esses indivíduos utilizam estratégias 
disfuncionais para lidar com os outros e o mundo, que são usadas de forma inflexível 
e inadequada, e são pacientes incapazes de ter comportamentos apropriados e 
funcionais quando essas estratégias não funcionam. Nesse caso, a terapia tem 
duração mais longa, principalmente porque o processo de formar um relacionamento 
é mais gradual e difícil (SUDAK, 2008). 
 
PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS 
 
 Para Guimarães (2001), o terapeuta e o paciente trabalham juntos para 
identificar crenças que a pessoa tem de si e utilizam técnicas que incluem: identificar 
pensamentos ou cognições disfuncionais, auto monitoração de pensamentos 
negativos, identificação da relação entre pensamentos e crenças e sentimentos 
subjacentes, identificar e aprender padrões de pensamentos funcionais e adaptativos, 
teste de realidade dos pressupostos básicos mantidos pela pessoa sobre si mesma, 
o mundo e o futuro. Segue as principais técnicas utilizadas sob enfoque integrado 
comportamental cognitivo. 
 
65 
 
 
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO 
 
 A ansiedade é uma resposta de proteção, que prepara o organismo para atacar 
ou fugir de perigos reais ou não. Substâncias são liberadas pelo organismo nessa 
situação que promovem alterações fisiológicas, que viabilizam respostas de luta ou 
fuga. 
O relaxamento é um processo psicofisiológico, de aprendizagem das respostas 
biológicas de relaxamento e inclui: 
• Exercícios de respiração – treino em padrões de baixas taxas de 
respiração, inspiração-expiração profundas e amplas e respirações diafragmáticas. 
Esse treino distrai o paciente, dando-lhe sensação de controle sobre o organismo. 
• Treino em relaxamento – tensionar e relaxar diferentes grupos 
musculares para obtenção de um estado de conforto e bem-estar. 
• Relaxamento muscular progressivo - essa técnica deve ser feita num 
ambiente adequado e o paciente posicionado confortavelmente. 
 
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO 
 
 
http://www.possibilidades.com.br/meditacao/img/relaxamento.gif> 
 
 
DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA 
 
Consiste em remover ou enfraquecer aansiedade por meio da inibição 
recíproca, que se chama supressão condicionada (estabelecer uma resposta 
antagonista à ansiedade na presença do estímulo provocador da ansiedade, que é o 
relaxamento). Utiliza-se o treino em técnicas de relaxamento e o paciente deve ser 
http://www.possibilidades.com.br/meditacao/img/relaxamento.gif
http://www.possibilidades.com.br/meditacao/img/relaxamento.gif
66 
 
 
capaz de visualizar as situações temidas. Uma das principais técnicas utilizadas no 
tratamento da fobia social e específica e síndrome do pânico. 
 
TREINO DE ASSERTIVIDADE 
 
É feito orientando-se o paciente a emitir respostas adequadas em situações 
específicas ou pelo ensaio comportamental (procedimento para o treino da 
assertividade). 
Técnica eficaz no tratamento da fobia e da ansiedade social. 
 
PARADA DO PENSAMENTO 
 
 É uma técnica de autocontrole, que consiste em formular um pensamento 
indesejado e com um comando de “pare” em voz alta, impedir a evolução do 
pensamento. Outras palavras ou imagens também podem ser usadas, como visualizar 
uma placa, escrito “Pare”. Essa técnica é muito útil porque a presença de 
pensamentos incômodos favorece a ocorrência de comportamentos indesejáveis. 
Muito utilizada no tratamento do estresse pós-traumático. 
 
 
AUTOINSTRUÇÃO 
 
 Utilizada para modificar cognições com o objetivo de mudar comportamentos, 
ensinando o paciente a desenvolver pensamentos adequados e realísticos à situação 
temida. 
Aplicada principalmente no tratamento da ansiedade, impulsividade e 
hiperatividade infantil. 
 
 
INOCULAÇÃO DO ESTRESSE 
 Consiste em treinar o paciente na vivência de uma situação estressante, para 
que ele desenvolva recursos de enfrentamento a serem utilizados na situação temida 
real. Muito utilizada no tratamento do pânico, fobias específicas, transtorno do 
estresse pós-traumático, ansiedade generalizada, alcoolismo, entre outros. 
67 
 
 
 
TREINO EM HABILIDADES SOCIAIS 
 
O objetivo da técnica é capacitar o paciente a emitir respostas adequadas a 
situações específicas. Pode ser usada no tratamento de grupos especiais como 
portadores de transtornos de personalidade evitativa e esquizofrenia. 
 
SOLUÇÃO DE PROBLEMA 
 
A técnica consiste em ensinar o paciente, maneiras adequadas de enfrentar 
situações da vida real. Deverá aprender a manejar e adaptar procedimentos e 
estratégias aprendidos na terapia, por meio de modelagem de habilidades, em sua 
vida. Situações são simuladas durante as sessões. A técnica pode ser aplicada no 
tratamento da depressão, terapia de casal, transtorno de conduta, hiperatividade e 
déficit de atenção. 
 
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EXPOSIÇÃO 
 
 Consiste em expor o paciente, repetidamente, ao vivo ou na imaginação, 
diretamente a situação temida, que são evitadas por desencadearem ansiedade. 
Muito apropriada para tratamento de fobias. 
 
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EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE RESPOSTAS 
 
Inclui a exposição mais bloqueio da resposta compulsiva para tratamento do 
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). 
 
EXPOSIÇÃO INTEROCEPTIVA 
 
Técnica de exposição mais provocação de respostas fisiológicas, como 
tonteira, taquicardia, tensão muscular, por meio de exercícios e técnicas específicas. 
Utilizada no tratamento da síndrome do pânico, com o objetivo de diminuir ou romper 
a associação entre indicadores fisiológicos e reações de pânico. 
Para Beck et al. (2005), no tratamento dos transtornos de personalidade 
algumas técnicas cognitivas e comportamentais são úteis, como: 
• “Sondagem Cognitiva” – utilizada para aliciar e avaliar pensamentos 
automáticos. 
• Confrontando os Esquemas – deve-se tratar de todos os esquemas: 
cognitivos, comportamentais e afetivos. As distorções cognitivas do paciente apontam 
para os esquemas e o terapeuta o ajuda na identificação de regras disfuncionais que 
dominam sua vida e trabalha com ele para realizar as alterações necessárias a um 
funcionamento mais adaptativo. 
• Tomando decisões – ajuda o paciente a aprender a tomar decisões 
importantes. 
• Revivendo experiências da infância – situações da infância podem levar 
ao entendimento das origens dos padrões desadaptativos. Recriando certas situações 
o paciente tem a oportunidade de reestruturar atitudes formadas naquele período e 
suavizar atitudes em relação a si mesmo. 
• Uso da imaginação – permite que o paciente reviva eventos traumáticos 
passados, possa reestruturar a experiência e suas atitudes decorrentes. 
 
Sudak (2008) aponta a importância da colaboração no relacionamento entre 
terapeuta e paciente. O paciente deve tornar-se coinvestigador e uma aliança 
terapêutica forte é essencial para bons resultados. 
 
69 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O objetivo deste módulo foi apresentar de maneira resumida uma introdução 
ao estudo da psicoterapia cognitivo-comportamental, suas aplicações e técnicas mais 
utilizadas, trazendo também conceitos das terapias, cognitiva e comportamental. 
Atualmente é uma das abordagens mais utilizadas no tratamento de problemas 
psicológicos e psiquiátricos. Apresenta resultados significativos e comprovados, tanto 
para crianças, quanto para adultos ou adolescentes, individualmente ou em grupo. É 
também uma terapia de caráter educativo, já que o paciente também aprenderá sobre 
o processo da terapia. 
 
 
 
PSICOTERAPIA DE GRUPO 
 
 
 
 
 
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Há uma tendência do indivíduo em se agrupar ou juntar-se espontaneamente 
com outras pessoas, como os amigos da escola, os colegas de trabalho, do clube; 
com os membros da igreja e/ou de outras instituições, ou simplesmente com a família. 
As crianças gostam de brincar entre si. Os adolescentes ligam-se em grupos, 
“tribos”, na tentativa de construir sua identidade. Pessoas com personalidade 
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70 
 
 
antissocial se reúnem em gangues. Homens e mulheres se casam para terem filhos e 
construírem famílias. Os idosos participam de grupos da terceira idade. 
Enfim, a necessidade de ligar-se a outras pessoas é algo natural do ser 
humano. Osório (2003) ressalta que, desde os primórdios, o homem já havia 
descoberto as vantagens de agrupar-se. Entretanto, a Psicologia Grupal só se efetivou 
enquanto ciência no último século, tendo sido resultado da inter-relação com outras 
disciplinas, especialmente da Psicologia Social e da Sociologia. 
Considera-se Psicoterapia de Grupo qualquer forma de terapia coletiva. Suas 
ações têm como base fatores como a interação e a comunicação. É um modelo 
terapêutico que nasceu após a Segunda Guerra Mundial, por meio de Kurt Lewin. 
Para Lewin, o fato de ouvir as pessoas falando de seus próprios problemas já 
era em si terapêutico.Dessa concepção resultou uma das características atuais, que 
é o “fator da universalidade”, isto é, em grupo, os pacientes não sentem que estão 
sozinhos e que são os únicos que sofrem. Além desses fatores, Yalom (2006) 
menciona outros, como o altruísmo e a socialização. 
A modalidade da Psicoterapia de Grupo vem de encontro a essa necessidade 
do ser humano. Ocorre que um grupo terapêutico não se restringe a um somatório de 
pessoas. Trata-se de um grupo organizado, com objetivos e tarefas comuns, que 
possui acordos e funcionamentos próprios e tem uma finalidade terapêutica. 
Há diversos tipos de grupos: operativos, terapêuticos, de suporte, de 
elaboração. Podem ser abertos ou fechados, homogêneos ou heterogêneos. Quanto 
à abordagem teórica podem ser de orientação psicanalítica, cognitivo-
comportamental, psicodrama e sistêmico. 
É importante ressaltar que a Psicoterapia de Grupo pode ser tão eficaz quanto 
a Psicoterapia Individual. Cada uma possui suas especificidades que podem trazer 
benefícios terapêuticos para o paciente. De qualquer forma vale a recomendação 
clássica de qualquer tratamento, que considera que a formação, teórico-prático do 
profissional é indispensável: conhecimento, supervisão e análise pessoal. 
A terapia de grupo é uma planta curiosa no jardim da psicoterapia. Ela é forte: 
as melhores pesquisas disponíveis estabeleceram que a terapia de grupo é efetiva e 
tão robusta quanto a terapia individual. Mesmo assim, necessita de cuidados 
constantes. Seu eterno destino é ser sufocada periodicamente pelas mesmas velhas 
ervas daninhas: ‘superficial’, ‘perigosa’, ‘secundária para ser usada apenas quando 
71 
 
 
não houver terapia individual disponível ou se esta não for acessível (YALOM, 2006, 
p. 421). 
 
FUNDAMENTOS TEÓRICO-TÉCNICOS 
 
 FREUD E A PSICOLOGIA DE GRUPO 
 
Na sua obra “Psicologia de grupo e análise do ego”, de 1920-22, Freud discute 
algumas ideias sobre grupos a partir dos estudos de Le Bon. Ele utiliza o termo “grupo” 
como equivalente a “massa” e “multidão”. Nessa obra não vamos encontrar referência 
a técnica grupal, mas algumas concepções preliminares sobre grupos. 
Freud concorda que há influência dos fenômenos sociais na constituição do 
sujeito. 
 Uma relação que envolva no mínimo duas pessoas já pode ser considerada 
como uma relação social, ao contrário do que se costuma pensar, ou seja, que a 
Psicologia Social estuda as influências de várias pessoas sobre o indivíduo; além de 
estudar um grupo de pessoas ou multidão. O interesse dessa ciência é estudar o 
indivíduo como fazendo parte de um grupo, de uma profissão, de uma instituição ou 
de um grupo de pessoas reunidas momentaneamente para atingir um determinado 
objetivo. Isto porque o instinto social vem à luz nessas situações. 
Mas o que a Psicologia Social tem a ver com a Psicologia de Grupo? Já foi dito 
anteriormente que a segunda nasceu da primeira, além disso, Freud utiliza essas 
expressões como sinônimas. Para este autor “a psicologia de grupo interessa-se 
assim pelo indivíduo como membro de uma raça (...) ou como parte componente de 
uma multidão que se organizam em grupo, numa ocasião determinada, para um intuito 
definido” (p. 92). 
Le Bon, citado em Freud menciona algumas características de um grupo. A 
primeira delas diz respeito à “mente coletiva”, ou seja, a maneira de pensar e de agir 
de uma pessoa é diferente de quando está no grupo. A tendência é se comportarem 
de forma diferente. 
Zimerman (2000) ampliou esta ideia e desenvolveu o que ele chamou de 
“campo grupal”: num grupo os fenômenos encontrados são reflexos da interação entre 
os participantes, e não uma somatória de cada um. 
72 
 
 
No grupo, o indivíduo tem um “sentimento de poder invencível”, segundo Le 
Bon, citado em Freud. Seus instintos são aflorados às vezes até de forma 
irresponsável. Além disso, há o fenômeno do contágio, que faz com que os 
sentimentos e atos sejam contagiosos quando o indivíduo está no grupo. Muitas vezes 
o interesse coletivo sobrepõe ao interesse individual. 
Yalom (2006) faz menção a essa teoria do contágio, quando revela, a partir de 
suas pesquisas, que uma parte dos pacientes que desistem da grupoterapia teme que 
o sofrimento do outro os contagie de alguma forma. 
Nesse sentido, os fenômenos inconscientes exercem mais influência que nossa 
vida consciente. A maior parte de nossos comportamentos é regida pelas leis da 
instância psíquica que não temos conhecimento – o inconsciente. 
Outra característica evidenciada por Le Bon, citado em Freud refere-se aos 
elementos heterogêneos do grupo. Pessoas com história de vida diferente reúnem-se 
entre si, provisoriamente, porque possuem algum objetivo em comum. Por isso 
mesmo devem estar ligadas por um elo. 
Zimerman (2000) e Pichon-Rivière (1991) compartilham dessa ideia quando 
classificam os grupos como homogêneos e heterogêneos. A primeira expressão 
designa as características em comum encontradas nos membros do grupo, enquanto 
que a segunda refere-se às características diferentes. 
A necessidade de haver um líder no grupo já era um tema discutido por Le Bon, 
citado em Freud. Este autor faz uma associação do grupo com um rebanho obediente, 
o qual precisa de um pastor. Mas salienta que o líder deve ter algumas qualidades, 
como “prestígio”, acreditar fielmente nas suas ideias, além de ser imponente. 
McDougall, também citada em Freud dá sua contribuição quando afirma que 
um grupo não é uma mera reunião de pessoas. Um grupo psicológico é formado de 
pessoas que têm algo em comum, objetivos em comum e, principalmente, precisa 
haver organização. Dessa forma, os grupos podem ser muito produtivos. O autor cita 
como exemplo a criação de folclores e canções populares, produzidas por um grupo 
de pessoas. 
De uma forma ou de outra, as características descritas acima serviram de ponto 
de partida para o desenvolvimento da técnica grupal a qual se apresenta hoje, 
podemos dizer que tais ideias foram esculpidas e aprimoradas, pois não são 
contrárias à literatura atual sobre grupos psicológicos. 
 
73 
 
 
CONCEITO DE GRUPO E DE CAMPO GRUPAL 
 
 CAMPO GRUPAL 
 
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É da natureza do homem interagir entre si. Para tanto, alguns conceitos 
estudados nas relações humanas dizem respeito à interação social, comunicação e 
grupo. A Psicologia Grupal apropria-se justamente desta necessidade que o indivíduo 
tem de agrupar-se, inicialmente espontaneamente – família, grupo na escola, creche, 
cursos, trabalho, clube, etc. 
Segundo Zimerman (2000), “grupo” pode ser definido como um conjunto de 
pessoas. Um conjunto de pessoas refere-se a uma “comunidade”, que por sua vez, 
um conjunto de comunidades constitui uma sociedade. 
Entretanto, o grupo que interessa (o grupo terapêutico) tem que ter alguns 
requisitos, como salienta Zimerman (2006). Um simples aglomerado de pessoas não 
forma um grupo propriamente dito. Este autor ilustra claramente essa concepção 
quando compara um grupo com uma orquestra: antes de iniciar o concerto os músicos, 
isoladamente, são simples músicos. Mas quando o maestro inicia a regência, a 
orquestra se torna um grupo de fato, pois cada um tem seu papel, lugar e posição, 
além de um objetivo em comum: tocar uma canção. Nesse mesmo sentido, um grupo 
terapêutico possui um objetivo, uma tarefa a cumprir e uma organização própria. 
Quando as pessoas estão num grupo forma-se o que Zimerman (2000) chama 
de “campo grupal”, que constitui numa “estrutura que vai além da soma dos 
componentes” (p. 84). É resultante de alguns fenômenos subjetivos que são reflexos 
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74 
 
 
da interação de todos os membros. São eles: fantasias, mecanismos de defesas, 
ansiedades, resistências, transferência e contratransferência, vínculos, etc. 
Os fenômenos grupais acontecem em todos os grupos, espontâneos ou 
terapêuticos. A diferença reside no fato de que no segundo há um coordenador 
(terapeuta) que irá identificar e trabalhar tais fenômenos. 
Vale ressaltar que o campo grupal refere-se à dinâmica de interação entre 
todos os participantes e ao terapeuta. Entretanto, as identidades específicas de cada 
membro precisam ser respeitadas. 
 
 A FAMÍLIA CONSIDERADA COMO GRUPO PRIMORDIAL 
 
 Embora não aja evidência científica de que a família nuclear (pai, mãe e 
irmãos) seja considerada como o grupo primordial ou primeiro, uma associação com 
o grupo terapêutico permite observar algumas semelhanças. 
Em qualquer família, percebe-se que cada membro desempenha papel e 
função definidos, assim como nos grupos terapêuticos. 
A associação vai além e permite analisar que no grupo familiar há regras e 
maneiras próprias de organização e funcionamento, muitas vezes implícitas. Estão 
envolvidos sentimentos ambivalentes, como os de amor (segurança, aconchego, 
carinho) e de ódio, ciúme, inveja, rivalidade e rejeição. As figuras, materna e paterna 
constituem nos primeiros modelos de identificação para o indivíduo (RAVAZZOLA, 
1997). 
A família, para Osório (1997, p. 50) “é uma unidade grupal onde se 
desenvolvem três tipos de relações pessoais – aliança (casal), filiação (pais/filhos) e 
consanguinidade (irmãos)”. É uma instituição universal, presente em todas as culturas 
e épocas históricas. O que varia com a contemporaneidade é a estrutura, formando 
novas configurações. A família tradicional – pai, mãe e filhos – é cada vez menos 
comum, ao passo que a união entre homossexuais, produções independentes, (re) 
casamentos, adoções e filhos de casamentos anteriores são cada vez mais 
frequentes. 
De qualquer forma, destaca Zimerman (2000), a função da família é a de prover 
a segurança, ou como ele mesmo diz: “função continente”. O cenário atual de 
transformações não tem favorecido que a família cumpra sua função. 
75 
 
 
Segundo Zimerman (2000) o grupo familiar lembra não só a estrutura do grupo 
terapêutico, mas também a relação que o paciente desenvolve com o terapeuta e vice-
versa. Assim, o campo grupal é constituído de sentimentos e de tipos de vínculos 
muito semelhantes. Em Psicanálise chamamos de relações objetais: a forma com a 
qual o indivíduo se relaciona com as pessoas em geral é influenciada por suas 
vivências e experiências com as figuras infantis, inicialmente pai, mãe e irmãos e/ou 
outros cuidadores (como avós, babás, etc.). 
A função materna pode ser resumida pelo conceito de Winnicott, isto é, da mãe 
suficientemente boa. Refere-se àquela mãe que é capaz de gratificar e de frustrar seu 
bebê na medida certa. É aquela mãe que consegue prover as necessidades físicas e 
emocionais – de alimento, calor, amor, carinho, ... Sua função é a de ser continente, 
ou seja, acolher as angústias e ansiedades da criança e depois devolvê-la modificada. 
Por outro lado, essa mãe pode frustrála na medida certa, sabendo estar ausente 
(ZIMERMAN, 2000). 
A função paterna, segundo Zimerman (2000), também é muito importante. Está 
relacionada a proporcionar estabilidade, segurança e apoio à mãe, na tarefa de cuidar 
e de educar a criança. É, especialmente, do pai a função de colocar limites, auxiliando 
no processo de separação-individuação, necessária para o desenvolvimento saudável 
do filho. 
Quanto aos irmãos, estes também têm sua influência na dinâmica do grupo 
familiar. 
 Para Zimerman (2000) é entre os irmãos que se experimenta a capacidade de 
lidar com sentimentos ambivalentes, que são vivenciados em relacionamentos futuros. 
Referem-se aos sentimentos fraternais, de cuidado, carinho e zelo com o irmão, assim 
como também aos sentimentos marcados por rivalidade, ciúme e inveja. 
CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS 
 São amplas e ricas as possibilidades de grupo que fica difícil listar e definir 
exatamente cada modalidade, mesmo porque muitas delas se entrelaçam ou se 
complementam. 
A seguir está descrita uma classificação proposta por Zimerman (2000, p. 90) 
referente ao critério da finalidade. Eis a divisão: 
76 
 
 
 
TERAPÊUTICOS 
 
 
GRUPOS OPERATIVOS 
 
 Segundo Pichon-Rivière (1991), o grupo operativo assemelha-se ao 
funcionamento do grupo familiar (como também propõe Zimerman, 2000) e pode ser 
77 
 
 
definido como um “conjunto de pessoas reunidas por constantes de tempo e espaço, 
articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, implícita ou 
explicitamente, uma tarefa que constitui sua finalidade” (p. 157). 
Um dos objetivos da técnica dos grupos operativos, como sinaliza Pichon-
Rivière (1991) é o de auxiliar na minimização dos medos básicos e o de favorecer o 
rompimento dos estereótipos que funcionam como barreira à mudança. 
“A tarefa na terapia de grupo é se envolver em uma comunicação significativa 
com os outros membros do grupo, revelar-se, dar feedback válido e examinar os 
aspectos ocultos e inconscientes dos próprios sentimentos, comportamentos e 
motivação” (YALOM, 2006, p. 197). 
 Grupos operativos voltados ao ensino-aprendizagem. Zimerman (2000) 
resume essa modalidade em “aprender a aprender” (p. 91). Parte-se do pressuposto 
de que a finalidade é a de treinar o grupo para desenvolver uma tarefa comum. 
 
 Grupos institucionais. Referem-se a grupos realizados em instituições 
em geral. Nas empresas, o psicólogo organizacional desenvolve trabalhos com 
colaboradores; nas escolas podem ser realizados grupos de pais, de alunos e/ou de 
professores (ZIMERMAN, 2000). 
 
 Grupos comunitários. Um exemplo clássico são os grupos na área de 
saúde mental, como ilustra Zimerman (2000). Podem ser com adolescentes, 
gestantes, líderes comunitários, etc.; de caráter preventivo, de tratamento ou 
reabilitação. 
 
É importante ressaltar que os grupos operativos também resultam em 
benefícios terapêuticos. 
 
GRUPOS TERAPÊUTICOS 
 
 Grupos de autoajuda. Assim como os demais, essa modalidade grupal 
apresenta benefícios terapêuticos. Segundo Zimerman (2000) possui esse nome 
porque consiste de pessoas que apresentam o mesmo tipo de necessidades, isto é, 
são considerados grupos homogêneos. Como exemplos há: alcoólicos anônimos (A. 
A.), narcóticos anônimos (N.A.) e neuróticos anônimos (N.A.). 
78 
 
 
São grupos formados espontaneamente e que preservam o anonimato. A 
característica fundamental, como ressalta Zimerman (2000) está na liderança do 
grupo: “costumam operar sob a liderança de pessoas pertencentes a mesma categoria 
diagnóstica dos demais integrantes e que passaram, ou estão passando, pelas 
mesmas dificuldades e experiências afetivas destes” (p. 212). 
 
 Grupos psicoterápicos propriamente ditos. Este item refere-se 
basicamente ao enfoque teórico-técnico ao qual cada abordagem teórica está 
fundamentada: psicanalítica, cognitivo-comportamental, psicodrama e sistêmica. 
 
Tipos de grupos 
 
 Homogêneo. Segundo Zimerman (2000) destina-se àquele grupo de 
pessoas que possuem características comuns. São exemplos: grupos de obesos, 
deprimidos, psicossomatizadores, etc. 
 Heterogêneo. Refere-se a pessoas que tenham características 
diferentes entre si. Por exemplo: um grupo formado por uma pessoa obsessiva-
compulsiva, outra histérica, eassim por diante. 
 Aberto. Caracteriza-se por não ter um prazo para o término, além do que 
permite que entrem e saiam pessoas do grupo. 
 
 Fechado. Entende-se que as mesmas pessoas iniciam e terminam 
juntas, com prazo definido, não podendo entrar novos membros. 
 
Papéis nos grupos 
 
Na nossa vida, costumamos desempenhar vários tipos de papéis: de mãe, de 
filha, de profissional, etc. Essa natureza flexível, de mudança de papéis é um indicativo 
saudável. 
Em cada grupo que se forma, espontâneo ou terapêutico, percebe-se que cada 
membro desempenha um papel ou uma posição diferente. Na maioria das vezes é 
uma “escolha” inconsciente e que faz parte da configuração do campo grupal. Diz 
Zimerman (2000) que “em cada papel se condensam as expectativas, necessidades 
79 
 
 
e crenças irracionais de cada um e que compõem a fantasia básica inconsciente 
comum ao grupo todo” (p. 137). 
O papel que o indivíduo desempenha no grupo geralmente é o mesmo 
evidenciado na sua vida de forma geral: seja na escola, no trabalho, na família, numa 
festa, etc. Nesse sentido, Zimerman (2000) e Pichon-Rivière (1991) apontam que, 
muitas vezes, esses papéis são rígidos e estereotipados, funcionando, portanto, de 
forma patológica. No processo terapêutico esses papéis devem ser identificados e 
modificados, de forma que se tornem mais flexíveis, deixando sua natureza 
patológica. 
Os papéis mais comuns, encontrados na literatura, são os seguintes: 
 Bode expiatório. É aquela pessoa que representa tudo o que é “ruim”, 
os aspectos negativos de todo o grupo. É comum essa pessoa sair do grupo. Mas 
Zimerman (2000) alerta para o fato de que tão logo o próprio grupo se encarregará de 
encontrar outro. Por outro lado, pode ser que esse indivíduo permaneça no grupo, 
servindo como o “bobo da corte”. 
Portanto, é uma situação que deverá ser trabalhada pelo terapeuta. 
 
 Porta-voz. Refere-se àquela pessoa do grupo que denuncia, que 
comunica os sentimentos, necessidades, pensamentos e ansiedades inconscientes 
do grupo. 
Essa comunicação, segundo Zimerman (2000) pode ocorrer de várias formas. 
Pode ser feita verbalmente, por meio de manifestos, reivindicações, contestações. 
Mas pode ser também de forma não verbal, por meio de atuações, dramatizações, 
silêncios, etc. 
Para Pichon-Rivière (1991) o doente costuma ser o porta-voz das angústias e 
conflitos do grupo. Inconscientemente, o grupo “elege” essa pessoa porque é 
insegura, característica essa que tende a deixar o indivíduo paralisado e doente 
(quando a natureza do papel for patológica). 
 
 Radar. Esse papel costuma ser assumido por aquela pessoa do grupo 
que capta, antes dos demais, os primeiros sinais de angústias e ansiedades do grupo. 
Geralmente, esses conflitos são expressos por intermédio de abandono do 
tratamento, somatizações e outras atuações; ou seja, de forma não verbal 
(ZIMERMAN, 2000). 
80 
 
 
 
 Instigador. Executa o papel de instigador, conforme Zimerman (2000), 
aquele membro do grupo que costuma fazer intrigas e que acaba perturbando o 
campo grupal. 
 
 Sabotador. Geralmente é um papel, segundo Zimerman (2000), que é 
executado por pessoas invejosas e narcísicas, que procuram criar obstáculos e 
prejudicam o bom andamento do grupo. 
Para Pichon-Rivière (1991) o sabotador representa a resistência à mudança, 
característica esta que faz parte de qualquer processo psicoterápico, seja ele 
individual ou grupal. 
 
 Apaziguador. É aquele papel conhecido como “colocar pano quente”. 
Como afirma Zimerman (2000) é desempenhado por pessoas que apresentam 
dificuldades de lidar com situações tensas, ou de agressividade. 
 
 Líder. Finalmente, o papel de líder, que é, geralmente, o mais fácil de 
identificar e é observável em todos os grupos. 
Pichon-Rivière (1991) descreve quatro tipos de lideranças: autocrática, 
democrática, demagógica e laissez-faire. A liderança autocrática é, costumeiramente, 
executada por pessoas narcísicas, rígidas, cujos seguidores são pessoas inseguras e 
dependentes. A democrática é aquele tipo de liderança considerada mais saudável, 
uma vez que os papéis, funções e limites estão organizados. Já a do tipo laissez-faire 
caracteriza-se pela ausência de agente continente para as angústias e ansiedades. E 
por fim, a liderança demagógica, que consiste na figura de um líder que prega falsas 
ideologias, permanecendo num discurso distante da prática. 
Pichon-Rivière (2000) atenta para o fato de que o terapeuta também 
desempenha um papel e posição no grupo, que pode ser diferente em cada grupo que 
se forma. Por exemplo: um paciente emocionalmente fragilizado pode atribuir ao 
terapeuta o papel maternal, isto é, de uma pessoa que provê a segurança de uma 
mãe. 
Esse papel orienta Pichon-Rivière (2000), pode ser de natureza boa (maternal, 
paternal, etc.) ou má, nas situações em que predominam fantasias paranoides, 
persecutórias, etc. 
81 
 
 
A tarefa do grupoterapeuta, como aponta Pichon-Rivière (2000) e Zimerman 
(2000), é a de identificar e trabalhar esses papéis no grupo. 
 
FIGURA – TÉCNICA GRUPAL 
 
 
 
 
 
 
http://www.psicomed.net/Images/t_grupo.gif. 
 
A FORMAÇÃO DE UM GRUPO 
 
 Conforme Zimerman (2000), qualquer que seja a finalidade de um grupo 
terapêutico, seja em instituições públicas ou privadas, a formação desse grupo segue, 
basicamente, quatro etapas: planejamento, encaminhamento, seleção e composição. 
A primeira delas é o planejamento, que é indispensável para a obtenção de 
bons resultados terapêuticos. Refere-se à base estrutural, que exige conhecimento 
teórico-técnico prévio de quem irá conduzir o grupo. 
Segundo Zimerman (2000) é importante avaliar e definir algumas questões, 
sendo as principais: 
• Quem será o coordenador? 
• Qual a finalidade desse grupo? 
• Qual a técnica mais adequada (psicanalítica, comportamental, sistêmica, 
etc.)? 
• Qual o tipo de grupo mais apropriado para essa finalidade (psicoterápico, 
de autoajuda, de ensino-aprendizagem, etc.)? 
• Quem são e quantas são as pessoas que participarão do grupo? 
• Será um grupo homogêneo ou heterogêneo? 
• Será aberto ou fechado? 
• Como será feito o contrato (local, dia, horário, honorário, regras 
específicas)? 
http://www.psicomed.net/Images/t_grupo.gif
http://www.psicomed.net/Images/t_grupo.gif
82 
 
 
 
Vale lembrar que um bom planejamento contribuirá significativamente para o 
bom andamento do grupo. 
A segunda etapa é o encaminhamento. Conforme Zimerman (2000) refere-se 
à fase de divulgação do grupo que foi planejado. Na etapa anterior buscou-se ter claro 
“para quê; para quem; como; onde; quando?” (p. 105). Pensando nas respostas para 
essas perguntas é que o terapeuta saberá onde poderá encontrar os pacientes que 
espera. É necessário ter, no mínimo, quatro pessoas para iniciar um grupo. 
Assim, em se tratando de consultório particular, pode-se divulgar aos colegas 
profissionais para que possam fazer os encaminhamentos. Quando se tratar de 
instituições públicas, geralmente, já há uma fila de espera de pessoas aguardando 
vaga. Portanto, torna-se uma tarefa mais simples, e então se passa para a etapa 
seguinte. 
A etapa da seleção deve ser realizada individualmente. Dependendo da 
situação, os pacientes serão atendidos por algumas sessões para depois formarem 
um grupo. 
Na fase da seleção é ideal que se faça duas ou mais entrevistas psicológicas, 
de modo que se possa ter uma avaliação da personalidade de cada paciente; e assim 
analisar se poderá adaptar-se num determinado tipo de grupo. Esta etapa será 
detalhada no item seguinte. 
Finalmente a quarta etapa, que é a da composição do grupo propriamente 
dito. 
Zimerman (2000) denomina de “agrupamento”. Consiste em um “arranjo, um 
‘encaixe’ das peças isoladas, sendo que no caso de uma grupoterapia se refere a uma 
visualizaçãode como será a participação interativa de cada um dos indivíduos 
selecionados na nova organização gestáltica” (p. 107). 
 
A SELEÇÃO DE PACIENTES 
 
 A indicação para psicoterapia de grupo deve ser feita com cautela. Nem todos 
os pacientes podem se beneficiar dessa modalidade terapêutica. Uma seleção 
acertada implicará em bons resultados. 
Pesquisas revelam, segundo Yalom (2006), que a psicoterapia de grupo é tão 
benéfica quanto à modalidade individual. Além disso, alguns benefícios podem ser 
83 
 
 
adquiridos mais com a terapia de grupo, principalmente aqueles relativos às questões 
sociais, como melhorar as redes sociais e a aprendizagem social. 
O trabalho em grupo tem seus benefícios peculiares que não são observados 
na Psicoterapia Individual. Em algumas situações, como por exemplo, na dependência 
química, a grupoterapia com os pacientes e com a família é muito eficaz. Diz 
Ravazzola (1997, p. 301) que “a interação entre pares torna-se facilitadora da 
mudança. Escutar um par não é o mesmo que um terapeuta. As pessoas se aliviam 
ao descobrir que outros compartilham seu problema e que transitam por caminhos 
semelhantes”. 
Pichon-Rivière (1991) afirma que algumas características são universais, isto 
é, fazem parte de todas as pessoas. São elas: medos básicos (perda e ataque); 
sentimento de insegurança; fantasias básicas (doença, tratamento e cura) e 
processos de aprendizagem e comunicação. 
Nas instituições públicas (Sistema Único de Saúde), a exemplo das Unidades 
Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centro de 
Referência da Assistência Social (CRAS), há uma tendência em se trabalhar com 
grupos. A demanda de pacientes é muito grande, o que torna a fila de espera cada 
vez maior. Em grupo, num mesmo espaço de tempo e por um mesmo profissional, 
podem ser atendidas mais pessoas. 
No caso dessas instituições, muitas vezes, o critério de seleção de pacientes 
para a formação do grupo surge da necessidade de atender um número grande de 
pacientes em um tempo menor, o que nem sempre vem de encontro com as 
características individuais do paciente. 
A grupoterapia não pode ser um mero aglomerado de pessoas, escolhidas 
aleatoriamente. Precisa haver critérios seletivos. 
Nessas situações, um trabalho anterior ao início do grupo pode ser o de 
sensibilizar o paciente para essa modalidade, podendo atendê-lo individualmente por 
algumas sessões até prepará-lo para o grupo. 
Nas Unidades Básicas de Saúde, que têm por objetivo a atenção primária da 
saúde, de caráter preventivo, alguns grupos temáticos são interessantes. O trabalho 
em grupo de acordo com as fases do desenvolvimento, como crianças, orientação aos 
pais, gestantes e idosos, por exemplo. 
A formação dos grupos pode ocorrer também por patologias, como: grupo de 
pacientes deprimidos, ansiosos, psicossomáticos, dentre outros. Outra modalidade de 
84 
 
 
trabalho com grupos pode ser numa perspectiva interdisciplinar, quando o psicólogo 
atua junto aos demais profissionais da saúde. Como exemplo, temos: grupo de 
hipertensos, diabéticos, obesos e dependentes químicos. 
Yalom (2006) salienta que é muito difícil selecionar os pacientes mais indicados 
para a grupoterapia, e já adianta que é mais fácil estabelecer critérios de exclusão do 
que de inclusão. Mesmo porque existem vários tipos de grupos. Assim, determinado 
paciente não está indicado para um tipo, mas pode estar para outro. 
Um primeiro sinal de indicação parece ser a motivação e o desejo do próprio 
paciente em ser atendido em grupo. Ao serem convidados, alguns costumam resistir 
inicialmente, mas quando informados sobre o funcionamento do grupo podem sentir-
se estimulados; ao passo que outros podem se recusar a participar da modalidade 
grupal. Alguns argumentam que não gostariam de expor sua vida e seus sentimentos 
para outras pessoas. Outros se sentem ameaçados em dividir o terapeuta com outras 
pessoas, pela sua personalidade narcísica. Outros ainda, de forma inconsciente, 
sentem-se desencorajados por terem dificuldade de relacionamento. 
Yalom (2006) recomenda que determinados tipos de pacientes não se 
beneficiariam de um grupo do tipo heterogêneo. É o caso dos sociopatas, 
dependentes químicos, psicóticos agudos, paranoides e aqueles com lesão cerebral. 
Acrescentam-se ainda aqueles que não possuem disponibilidade para participarem 
frequentemente das sessões. 
Zimerman (2000) lista um grupo de pacientes que são contraindicados para a 
terapia de grupo. São eles: 
• Pessoas que não têm motivação ou interesse para mudanças internas. 
• Pacientes que já interromperam tratamentos anteriores com razoável 
frequência. 
• Deficientes mentais graves. 
• Pacientes que apresentam risco de suicídio. 
• Quadros mais sérios de depressão, paranoia e narcisismo. 
 
Segundo Yalom (2006), estudos sobre desistência de pacientes em 
psicoterapia grupal revelam que o término prematuro é sempre indesejado, por isso 
entender os motivos que os levam a abandonar a terapia auxilia no processo de 
seleção mais acertada. Quando um membro sai do grupo já altera a dinâmica do 
mesmo, que acaba resultando em prejuízo quanto aos benefícios terapêuticos. “O 
85 
 
 
desenvolvimento adequado de um grupo exige estabilidade de participantes, e uma 
onda de abandono pode retardar a maturação de um grupo por meses” (p. 193). 
Os estudos demonstram que os principais motivos de abandono do tratamento 
são, conforme Yalom (2006): 
Fatores considerados externos, tais como: dificuldade de horário, residência 
em outra cidade, mudança, etc. Yalom (2006) alerta para o fato de que, quando a 
justificativa dada pelo paciente é de ordem externa, é necessária uma análise mais 
detalhada. Muitas vezes, o motivo externo pode estar a serviço de conflitos internos, 
como por exemplo, mecanismo defensivo de negação, do qual o paciente tende a 
evitar porque percebe algo no grupo como sendo perigoso. 
 Desvios comportamentais no grupo. Yalom (2006) refere-se ao tipo 
de paciente que não apresenta comportamento compatível com o grupo. Acrescenta 
que é difícil definir um perfil desses pacientes, mas fala em características: pessoas 
que não têm sensibilidade interpessoal, aquelas que não têm motivação interna para 
o tratamento e que não participam das tarefas propostas. Outra característica citada 
pelo autor diz respeito à classe econômica baixa e o que ele chama de pessoas com 
inteligência inferior. Vale ressaltar que essa característica foi evidenciada nas 
pesquisas de Yalom (2006), mas não pode ser generalizada para todos os pacientes 
de baixa renda com ou pouca escolaridade. 
 Problemas de intimidade. Os pacientes que apresentam maior 
dificuldade com problemas de intimidade, como inibição, introversão, retraimento 
social, características autistas ou personalidade esquizoide tendem a abandonar mais 
facilmente um tratamento grupal, revela Yalom (2006). Quando a dificuldade é maior 
que o desejo de mudança, essas pessoas costumam ser tomadas por uma ansiedade 
de tal forma que bloqueiam no momento de falar. 
 Medo de contágio emocional. Essa é uma questão muito difícil de ser 
detectada logo nas entrevistas de triagem (seleção). Entretanto, nas pesquisas 
realizadas por Yalom (2006), foi concluído que alguns pacientes tendem a abandonar 
a grupoterapia porque têm dificuldade para ouvir o problema do outro e diferenciá-lo 
de si mesmas. São pacientes que procuram evitar a proximidade de pessoas doentes 
e até ouvir sofrimento de outros. 
 Motivos por parte do terapeuta. Estão relacionados ao despreparo 
teórico-técnico do profissional, como a dificuldade de manejar as situações de 
conflitos no grupo; falta planejamento, falhas na seleção, dentre outras questões, 
86 
 
 
podem contribuir para que pacientes desistam. Vale ressaltar que, assim como na 
terapia individual, conteúdos internosda dupla (paciente-terapeuta) estão em jogo. 
Resumindo, os motivos citados anteriormente auxiliam o terapeuta a selecionar 
melhor os membros para o grupo. Trata-se de critérios de exclusão. Nas palavras de 
Yalom (2006): “a seleção de pacientes para a terapia de grupo, na prática é um 
processo de exclusão: os terapeutas de grupo excluem certos pacientes da sua 
consideração e aceitam todos os outros” (p. 208). O interesse e a disponibilidade são 
os principais critérios de inclusão. 
 
O CONTRATO TERAPÊUTICO 
 
Assim como na psicoterapia Individual, na Grupoterapia também precisa haver 
um contrato ou enquadre. É comum delimitá-lo juntamente com as pessoas do grupo, 
pois diz respeito às questões práticas que visam manter uma organização. Deve-se 
definir o local, horário, férias, duração do tratamento quando houver necessidade e 
honorários do terapeuta (quando for o caso de consultório particular). 
Pode-se também combinar com o grupo outras questões que possam contribuir 
com o bom andamento da terapia, como o uso do celular, respeito a individualidade e 
as diferenças, sigilo, etc. 
É também chamado de enquadre (setting) grupal. Segundo Zimerman (1997), 
referem-se ao conjunto de limites, regras e combinados que são realizados pelo 
grupo. Serve não só para manter a organização, mas também como um fator 
terapêutico, funcionando como “continente”. 
Zimerman (1997) lista alguns elementos que precisam ser considerados: 
• Homogêneo ou fechado. 
• Aberto ou fechado. 
• Número de pacientes. Para Zimerman (1997) seis pessoas é um bom 
número, sendo quatro o mínimo e nove o máximo. 
• Sexo e idade. Zimerman (1997) relata que não há regra. Entretanto, um 
grupo misto quanto ao gênero parece ser mais vantajoso. E quanto à idade, o ideal é 
que a diferença não seja tão grande. 
• Número de sessões por semana e tempo de duração da sessão. 
Dependerá do referencial teórico-técnico do profissional. 
87 
 
 
• Tempo de duração do grupo. Irá variar conforme o tipo de grupo. Se for 
aberto, terá o que Zimerman (1997) denominou de “duração ilimitada”; e se for 
fechado, “duração limitada”. 
• Participação do coterapeuta ou supervisor. É aquele profissional, 
segundo Zimerman (1997) que assume o papel de observador do grupo. Ele intervém 
pouco e deve estar em sintonia com o outro terapeuta. O autor destaca que essa 
técnica costuma apresentar bons resultados nos casos de grupos com crianças, 
adolescentes e famílias. 
• Entrada de um novo elemento. Zimerman (1997) orienta que convém 
pedir a autorização prévia para os demais do grupo. Afinal, sua entrada precisa ser 
receptiva. 
• Outras combinações, caso sejam necessárias. 
 
Assim como na terapia individual, os fenômenos da: resistência, transferência, 
contratransferência, comunicação e interpretação são aspectos a serem discutidos 
em uma grupoterapia de base psicanalítica. São aspectos referentes à técnica. 
Entretanto, vale lembrar que um grupo não significa uma mera junção de 
pessoas; portanto não é somente fazer uma simples transposição da técnica, da 
natureza individual para a coletiva. 
 
MANEJO DAS RESISTÊNCIAS 
 
Consideram-se resistência todos os elementos que atrapalham o bom 
andamento da grupoterapia. Zimerman (1997) alerta para que o profissional possa 
analisar se a resistência é individual ou possui caráter coletivo. 
São algumas situações de resistência, conforme Zimerman (1997): 
• Faltas; 
• Atrasos; 
• Solicitações de mudança de horário; 
• Longos silêncios; 
• Combinados de não falar em determinado assunto; 
• Solicitação por terapia individual; 
• Dificuldades com honorários, etc. 
 
88 
 
 
Quanto aos motivos principais, para Zimerman (1997), que possam evocar as 
resistências, podem ser: 
• Medo do desconhecido; 
• Medo da humilhação; 
• Vergonha; 
• Presença da inveja; 
• Medo da depressão; 
• Falhas técnicas do terapeuta. 
 
Muitas vezes, a resistência se expressa mediante aos papéis desempenhados 
pelas pessoas no grupo, especialmente representadas pelo sabotador, monopolizador 
e silencioso. 
Quanto à técnica, Zimerman (1997) recomenda que o primeiro passo seja a 
identificação e compreensão das resistências. O segundo é avaliar se a resistência é 
individual ou coletiva. No terceiro passo, o terapeuta deverá assinalar ao grupo a 
função da resistência. E, por fim, cabe ao profissional analisar as suas próprias 
resistências quanto ao grupo. 
 
TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA 
 
É uma técnica que já foi abordada no módulo II deste curso. Recapitulando, a 
transferência refere-se aos sentimentos do paciente em relação ao terapeuta, e a 
contratransferência, do terapeuta em relação ao paciente. Neste caso, o paciente é o 
grupo. Tais sentimentos podem ser positivos ou negativos. 
Na Psicoterapia de Grupo a técnica adapta-se ao caráter coletivo. Zimerman 
(1997) aponta que os fenômenos da transferência devem ser analisados e 
identificados sob vários vértices: 
• Do indivíduo para o grupoterapeuta; 
• Do grupo para o terapeuta; 
• Entre os membros do grupo; 
• Do indivíduo para o grupo. 
 
Já o fenômeno da contratransferência consistirá na avaliação feita pelo 
grupoterapeuta sobre quais sentimentos o grupo lhe desperta. Para tanto, a 
89 
 
 
supervisão clínica e a análise pessoal são ferramentas indispensáveis para identificar 
e manejar tais sentimentos. 
 
COMUNICAÇÃO 
 
Zimerman (1997) afirma que as dificuldades encontradas no processo da 
comunicação numa terapia de grupo ficam mais evidentes do que na terapia 
individual. Uma análise deste fenômeno permite observar que a forma de 
comunicação tende a revelar sobre a patologia de cada um. A fala do obsessivo-
compulsivo é mais detalhista, a do histérico é exagerada. A do narcisista é arrogante, 
já a do fóbico tende a ser evitativa. 
 
INTERPRETAÇÃO 
 
É especialmente pela técnica que ocorre a cura propriamente dita. Digo 
“especialmente” porque ela não é a única ferramenta. Além dela, há também: 
assinalamento e pontuação. 
Zimerman (1997) reporta-se à técnica de grupo inicial, mas avisa que sua 
experiência permite fazer algumas modificações. Anteriormente, orientava-se que não 
era adequado interpretar referindo-se individualmente aos membros; era melhor que 
evitasse fazer interpretações relacionando aos fatos infantis e que essa técnica 
deveria ser feita com base no “aqui-agora”. 
A técnica atual, proposta por Zimerman (1997), permite algumas modificações, 
como: 
• Nomear os indivíduos do grupo, desde que seja assunto comum ao 
grupo; 
• Não é necessário interpretar apenas no “aqui-agora”; 
• Uso de assinalamentos, pontuações e clareamentos para se referir as 
formas de comunicação, aos papéis desempenhados pelos indivíduos no grupo e as 
percepções de fatos; 
• Interpretação dos papéis estereotipados e rígidos no grupo e que são 
repetidos na vida em geral; 
• Assinalamento de questões contratransferenciais. 
 
90 
 
 
TÉRMINO E RESULTADOS TERAPÊUTICOS 
 
 O término pode significar duas situações, como aponta Zimerman (1997): pode 
ser que o grupo todo encerre, seja pelo que ficou estabelecido no contrato, seja por 
outros motivos (grupo fechado), mas pode ser também que o término seja individual, 
isto é, que uma pessoa conclua sua participação no grupo (são situações comuns de 
grupos abertos). 
Zimerman (1997) prefere falar em “crescimento mental” do que em “cura”, pois 
o segundo é um termo da Medicina, e está mais associado com a supressão de 
sintomas. Espera-se que, ao final da grupoterapia, possam ser identificadas algumas 
mudanças psíquicas. Dentre elas, destacam-se: 
• Maior flexibilidade dos papéis estereotipados e rígidos; 
• Melhor possibilidade de interação com outras pessoas; 
• Melhor habilidade de comunicação; 
• Minimização das ansiedades paranoides e depressivas;• Capacidade para fazer diferenciação entre si e dos outros; 
• Capacidade de ser “continente”. 
Cada membro poderá se beneficiar de formas diferentes. Entretanto, as 
experiências vividas no grupo devem favorecer o indivíduo a “adquirir liberdade para 
fantasiar, desejar, sentir, pensar, comunicar, sofrer, gozar e estar junto com os outros” 
(ZIMERMAN, 1997, p. 142). 
 
PERFIL DO GRUPOTERAPEUTA 
 
O profissional que exercita qualquer modalidade psicoterapêutica deve ter em 
mente que está lidando com “relações humanas”. Relacionar-se implica na presença 
de outro, que possui seus próprios sentimentos, dores, dificuldades, crenças, etc., 
além de lidar com seus próprios sentimentos e conflitos. A Psicanálise valoriza um 
pressuposto fundamental: o de que os sentimentos da dupla (paciente-terapeuta ou 
grupo) estão em jogo. 
Sendo assim, falar de técnica em grupoterapia também remete a abordar o 
perfil do profissional. Zimerman (1997) utiliza a expressão “coordenador” para se 
referir ao grupoterapeuta, e acrescenta que é uma figura importantíssima no processo 
91 
 
 
terapêutico, já que é a pessoa que conduz. O coordenador representa a figura de 
transferência, motivada pelas expectativas de cada membro do grupo. 
Sendo tão importante, é esperado que o coordenador possua alguns atributos 
desejáveis e/ou indispensáveis. Isso não significa que deva ser uma pessoa “perfeita”, 
afinal de contas também é provido de sentimentos, sofrimentos e dificuldades. Espera-
se que tenha minimamente se submetido à experiência de análise pessoal e uma 
maior maturidade emocional. 
Zimerman (1997) destaca alguns atributos, uma parte indispensável e outra 
desejável, os quais se esperam do terapeuta de grupo. Dentre eles: 
• Gostar e acreditar em grupos; 
• Ser verdadeiro; 
• Coerente; 
• Ético; 
• Respeitoso; 
• Paciente; 
• Continente; 
• Função de pensar; 
• Comunicativo; 
• Empático; 
• Senso de humor. 
 
Finalizando, a regra fundamental e indispensável para o profissional consiste 
no clássico “tripé”: conhecimento teórico-técnico, supervisão com um profissional mais 
experiente e análise pessoal. 
 
PSICOTERAPIA BREVE 
 
HISTÓRICO 
 
 
De acordo com Braier (2000) a Psicoterapia Breve surgiu principalmente da 
necessidade da crescente demanda das pessoas que precisavam de atendimento e 
da quantidade insuficiente de terapeutas, especialmente em hospitais e centros de 
saúde. Além disso, muitos dos que procuravam ajuda terapêutica eram pessoas de 
92 
 
 
poucos recursos econômicos, e, portanto, que não tinham condições financeiras para 
arcar com despesas numa terapia em longo prazo. Tal terapia caracteriza-se por ter 
objetivos limitados, é bastante interpretativa ou de insight, e é empregada em pessoas 
com capacidade egoica suficiente para serem tratadas por ela. 
Contextualizando a Psicoterapia Breve em sua evolução histórica, os primeiros 
trabalhos referentes a essa terapia se deram logo no início dos estudos de Freud, por 
ele mesmo: “...na etapa pré-analítica e no começo da analítica eram, de certo modo, 
terapias breves, pois duravam só alguns meses” (BRAIER, 2000, p. 09). Freud estava 
empenhado em encontrar curas rápidas para a solução de alguns conflitos e sintomas. 
Mas, gradualmente, o tratamento foi se tornando mais prolongado. Ao mesmo tempo, 
outros autores (como S. Ferenczi, O. Rank, e posteriormente T. French e F. 
Alexander) desenvolvem estudos referentes à Psicoterapia Breve. 
Segundo Braier (2000), a partir da década de 80, surgiu a necessidade de 
recorrer a psicoterapias. Devido a dificuldades financeiras e de tempo, as pessoas 
sentiam necessidade de uma psicoterapia menos custosa que a análise, tanto em 
dinheiro quanto em tempo. 
Segundo Braier (2000) Freud, numa conferência em Budapeste, em 1918, 
adiantou-se a fatos que posteriormente resultariam nas chamadas psicoterapias 
breves. Freud falou da importância de desenvolver tratamentos breves para que um 
número maior de pessoas se beneficiasse da assistência psicológica, especialmente 
que fossem criados estabelecimentos estatais, para que o serviço psicológico fosse 
gratuito. Nessa perspectiva, Freud aponta a necessidade de modificar a técnica a ser 
utilizada nas psicoterapias breves. 
 
CONCEITO 
 
 A psicoterapia breve, segundo Knobel (2002), é uma espécie de Psicanálise 
condensada, cujo tempo e objetivos são limitados. Trata-se de uma psicoterapia com 
objetivos mais modestos. 
Braier (2000) prefere usar o termo “Psicoterapia Breve de Orientação 
Psicanalítica”. Primeiro porque, a denominação “Psicoterapia Breve” implica em dizer 
que a terapia é breve. E este autor aponta que ela é breve apenas do ponto de vista 
do terapeuta e quando comparada ao tratamento psicanalítico. Braier fundamenta-se 
no referencial psicanalítico. 
93 
 
 
Os termos “Psicoterapia breve” e “Psicoterapia focal” são usados como 
sinônimos por Knobel (1986), que conclui: “o máximo no mínimo de tempo”. D. Malan, 
considerado o pai da “Psicoterapia Focal”, também concorda que são sinônimos. 
Além do fator tempo, o foco é um dos elementos que melhor caracterizam as 
terapias breves. O foco, que se refere basicamente à queixa trazida pelo paciente, diz 
respeito ao objetivo, que acaba sendo o centro do tratamento e não pode ser perdido 
de vista. 
Nas palavras de Knobel (1986, p. 13): A Psicoterapia breve se apoia para 
ajudar o indivíduo humano a ter uma real visão de suas dificuldades, uma verdadeira 
apreciação de seus problemas e um ponto de referência para correções positivas de 
uma conduta que resulta de um funcionamento psicológico perturbado. 
Alguns autores são referências em Psicoterapia Breve, sendo eles: M. Knobel, 
H. Fiorini, D. Malan, M. Balint, E. Braier. 
 
FUNDAMENTOS TEÓRICO-TÉCNICOS 
 
Na Psicoterapia Breve de Orientação Psicanalítica, para Braier (2000), são 
trabalhados: o inconsciente, conflitos psíquicos, mecanismos de defesas, sonhos, 
transferência, resistência, e outros, assim como na Psicanálise. Entretanto, há 
diferenças entre a Psicanálise e a Psicoterapia Breve. As diferenças podem ser 
agrupadas em três aspectos: 
 
1) fins terapêuticos, 
2) temporalidade, 
3) técnica. 
 
No que se refere aos fins terapêuticos, de acordo com Braier (2000), a 
Psicanálise tem como meta tornar consciente o inconsciente. Tal meta implica numa 
reconstrução da estrutura da personalidade do analisando, que por sua vez envolve a 
resolução de conflitos mediante a elaboração, acarretando bem-estar ou alívio dos 
sintomas. 
Já na Psicoterapia Breve, como afirma Braier (2000), os objetivos precisam ser 
limitados. Tem como meta principal a superação dos sintomas e problemas atuais da 
realidade do paciente, de modo que este possa enfrentar adequadamente situações 
94 
 
 
conflitivas. Tal meta implica em que o paciente deve ter um princípio de insight a 
respeito de seus conflitos. Nesse sentido cabe dizer que nem todas as pessoas podem 
se beneficiar da Psicoterapia Breve, mas sim aquelas que possuem boa capacidade 
de insight. 
No que diz respeito à temporalidade, Braier (2000) assinala que a duração do 
tratamento na Psicanálise não é predeterminada, e pode se prolongar por anos. Na 
Psicoterapia Breve é determinada previamente, e em geral leva alguns meses. Diz-se 
que há um início, meio e fim previamente determinados, realidade esta que tanto 
analista quanto analisando devem lidar. 
E com relação à técnica, Braier (2000) faz menção a alguns fenômenos 
psicoterapêuticos: os conflitos psíquicos; regressão, neurose de transferência e 
transferência; resistência; insight e elaboração; fortalecimento da função egoica. 
Na Psicanálise “as situações conflitivas atuais do indivíduo estão relacionadas 
a conflitos infantis, dos quais, em realidade, decorrem”. (BRAIER, 2000, p. 22). E no 
tratamento psicanalítico o analisandoreviverá seus conflitos infantis, por meio da 
transferência, e serão analisados profundamente até ser elaborado. Na Psicoterapia 
Breve há primeiramente uma escolha dos conflitos a serem trabalhados, de acordo 
com sua urgência. Tais conflitos serão os focos do tratamento, sendo que não é 
possível aprofundar em elementos mais primitivos de modo que não mobilize o 
analisando em demasia. 
Conforme Braier (2000) a regressão é o processo no qual o indivíduo se reporta 
a etapas anteriores de seu desenvolvimento para reviver seus conflitos infantis. Esse 
processo é muito importante no tratamento psicanalítico, uma vez que consiste numa 
etapa para elaboração dos conflitos atuais. A neurose de transferência “é a 
reprodução da neurose infantil na relação com o analista” (BRAIER, 2000, p. 26). E a 
transferência é o processo no qual os desejos inconscientes se atualizam sobre certos 
objetos, na relação analítica. 
Braier (2000) assinala que na Psicoterapia Breve deve-se evitar o 
desenvolvimento da regressão, da neurose de transferência e da transferência. Tais 
mecanismos terapêuticos não constituem como objetivos neste tipo de tratamento, na 
medida em que o objetivo é resolver conflitos atuais do indivíduo. 
De acordo com Braier (2000), no tratamento psicanalítico, a resistência refere-
se aos diversos obstáculos que o analisando opõe ao tratamento. Na Psicoterapia 
95 
 
 
Breve surgem resistências também, entretanto a interpretação das mesmas não pode 
assumir um caráter intenso como na Psicanálise, em função da limitação do tempo. 
É importante também discorrer sobre insight e elaboração. No tratamento 
analítico Insight é “... a aquisição do conhecimento da própria realidade psíquica”. 
(Grinberg, citado em Braier, 2000, p. 30). Trata-se de uma compreensão no sentido 
intelectual e afetivo, do contato com os aspectos inconscientes. 
A finalidade das interpretações do analista, que são, por excelência, seu 
instrumento terapêutico, é promover o insight dos conflitos no paciente (BRAIER, 
2000, p. 30). 
A elaboração, segundo Braier (2000), é o processo no qual o paciente descobre 
as conotações do insight. Isto é um trabalho exaustivo, que demanda tempo, implica 
em regressão e superação das resistências do paciente. Desse modo, na Psicoterapia 
Breve, tanto o insight quanto a elaboração ocorrem, mas de forma restrita e menos 
profunda se comparada ao tratamento analítico. Além do mais o insight se dá muito 
mais a nível intelectual que afetivo. 
Considero que a aquisição de insight por parte do paciente, por meio de 
interpretações do terapeuta, seja a forma mais apreciada de se conseguir o 
fortalecimento de seu ego (BRAIER, 2000, p. 34). 
Entretanto, conforme Braier (2000), esta não é a única maneira de ativar as 
funções egoicas. Há também outra, que se baseia no apoio. Na Psicoterapia Breve, 
algumas vezes é necessário utilizar de técnicas de apoio, especialmente quando a 
função egoica do paciente está bastante debilitada e este não consegue suportar uma 
terapia interpretativa. 
Na Psicoterapia Breve o tempo é limitado, o que faz com que os objetivos 
também o sejam, caracterizando-se como as necessidades mais ou menos imediatas 
do indivíduo, com o que se apresentar com mais urgência e/ou importância, almejando 
o fortalecimento e ativação de suas funções egoicas para que ele consiga recuperar 
seu autodesenvolvimento e solucionar seus conflitos (BRAIER, 2000). 
Faz-se necessária a delimitação de um ou dois focos prioritários de 
dificuldades, sendo que a solução fará com que o indivíduo se fortaleça 
emocionalmente. Segundo Braier (2000), em Psicoterapia Breve “... se tenta 
basicamente delimitar zonas da problemática geral do paciente e/ou dos episódios de 
sua vida, dirigindo preferencialmente para aí, a partir desse momento, a exploração 
terapêutica” (p. 42). 
96 
 
 
Diante dessas colocações vale dizer que a cura nunca se realiza durante o 
tratamento. Segundo Braier (2000) “... um tratamento curto adequadamente 
conduzido pode desencadear, a partir da solução de um aspecto do problema do 
paciente, um processo evolutivo, uma reação em série, que com o avançar dos anos 
promova uma mudança interior...” (p. 54). É nesse sentido que se pode falar em 
fortalecimento e ativação de funções egoicas para autodesenvolvimento interior. 
É valido dizer que a Psicoterapia Breve recebe muitas críticas, até mesmo 
dentro da área psicanalítica. Birman (2000) diz que se não houvesse o tratamento de 
curto prazo, as pessoas com perturbações psíquicas se entregariam a tratamentos 
psicofarmacológicos, sendo esquecida, dessa maneira, sua subjetividade e 
individualidade. “Com efeito, é preferível que as individualidades possam ser 
simbolicamente reconhecidas como subjetividade, mediante as psicoterapias breves, 
do que serem reduzidas à brutalidade de sua condição animal, pelo tratamento 
psicofarmacológico...” (p. 16). 
Além de tudo isso, existe a relação entre tempo e subjetividade, a qual sofreu 
influências das novas tecnologias de comunicação, da nova forma de existência. 
Atualmente as pessoas são induzidas a agir de forma rápida, diferentemente do que 
ocorria há algumas décadas, quando as pessoas podiam permanecer em 
intermináveis reflexões. Vale dizer também que essas pessoas que se entregavam a 
reflexões profundamente intermináveis e relegavam a ação em si, a segundo plano 
acabavam se tornando obsessivas em função do investimento narcísico que faziam. 
 
Braier (2000, p. 33), afirma que Devemos ativar muito especialmente as 
funções egoicas do paciente essenciais para o trabalho terapêutico, tais como, a 
percepção, a atenção, a memória, etc., ativação que adquire muita importância porque 
acelera e facilita o caminho em direção ao insight. 
É importante ressaltar, que ao se falar em fortalecimento egoico, entende-se 
que um trabalho neste sentido, com um embasamento psicanalítico, tem como 
objetivo desenvolver recursos egoicos para que o próprio paciente tenha insights, 
considerando que toda a relação está permeada de conteúdos latentes, para que não 
se “caia na armadilha de um trabalho superficial”, que ao invés de promover a 
autonomia do paciente, acabe formando uma relação simbiótica, na qual o paciente 
não entra em contato com os sentimentos que permeiam determinados conflitos. 
97 
 
 
Segundo Dolto, in Mannoni (1983), a relação psicoterápica permitirá que as 
“forças emocionais encobertas, em jogo conflitvo”, encontre uma saída, ou seja, a 
descoberta de processos inconscientes contribui para que o paciente perceba o que 
está limitando sua liberdade. Entendendo, que esta liberdade significa o indivíduo 
conseguir ser criativo, e não apenas submisso às exigências, livre da dependência do 
desejo de outrem, conseguindo comunicar os seus sentimentos, amar e ser amado, 
enfrentar frustrações e as dificuldades cotidianas. Assim, estamos entendendo saúde 
mental, não enquanto um processo de adaptação, mas enquanto possibilidade 
criadora, na qual o paciente consiga transitar na relação dialética princípio da 
realidade versus princípio do prazer, com certa maleabilidade. 
Entendendo que a relação terapêutica, na maioria das vezes, acontece a nível 
inconsciente, é fundamental que o psicoterapeuta faça supervisão e análise pessoal, 
para que esteja conseguindo amadurecer enquanto pessoa, e enquanto profissional, 
considerando que estes estão intimamente ligados. Na Psicoterapia Breve, é 
importante que o psicoterapeuta perceba algumas limitações que o aspecto tempo 
coloca, pois pode ocorrer deste desejar inconscientemente mobilizar alguns conflitos 
que não seriam viáveis trabalhar numa Psicoterapia Breve. Percebe-se a importância, 
de estar entrando em contato com alguns conteúdos latentes que estão permeando o 
trabalho, e que se referem 123 ao desejo do próprio terapeuta, conteúdos estes que 
não favorecem nem o crescimento doterapeuta, nem do paciente. 
Identificar as diferenças entre Psicanálise e Psicoterapia Breve é indispensável 
para aplicar adequadamente a técnica. No quadro abaixo estão descritas as principais 
diferenças: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
98 
 
 
Técnica Psicanálise Psicoterapia Breve 
Fins terapêuticos A exploração do inconsciente. 
Resolução de conflitos básicos 
e seus derivados. 
Reestruturação da 
personalidade. 
Limitados. Superação 
de sintomas e 
problemas 
atuais. 
Duração Prolongada. Indeterminada. Limitada. 
Trabalhos com os 
conflitos 
Refere-se especialmente 
conflitos básicos. 
a
o
s 
Limita-se 
habitualmente a 
conflitos derivados. 
Regressão 
Dependência 
São favorecidas. Não são favorecidas. 
Desenvolvimento e 
análise 
da neurose de 
transferência. 
Sim. Não. 
Análise de resistência Intensiva. Limitada. 
Insight Sim. Sim. Limitado. Mais 
cognitivo que afetivo. 
Elaboração Sim. Não. Processos 
geradores de 
mudanças. 
Fortalecimento e 
ativação das funções 
egoicas. 
Não (ou muito pouco). Sim. 
Focalização Não. Sim. 
Multiplicidade dos 
recursos terapêuticos 
Não. Sim. 
Planejamento Não. Sim. 
FONTE: Braier, 2000. 
99 
 
 
 INDICAÇÕES 
 
Braier (2000) recomenda que a Psicoterapia Breve poderá ser indicada em 
várias situações. Vejamos algumas delas: 
• Situações referentes aos ciclos de vida, tais como casamento, 
maternidade, menopausa, aposentadoria, etc. 
• Fatos traumáticos como o luto, separações, desemprego, acidentes, 
dentre outros. 
• Enfrentamento de doença, hospitalização e processo cirúrgico. 
• Tratamento de neuroses. 
 
Já em relação ao tipo de paciente, o ideal, segundo Braier (2000, p. 209) seriam 
aquelas pessoas que possuem: 
A) Força e plasticidade do ego, com funções em bom estado. 
B) Alto grau de motivação para o tratamento. 
C) Capacidade de insight. 
D) Determinação e boa delimitação focal desde o início. 
 
Em contrapartida, seriam contraindicados, de acordo com Braier (2000), 
aqueles casos mais graves, como: psicopatia, borderline, perversões e casos graves 
de psicoses. 
É importante considerar que a Psicoterapia Breve, assim como as demais 
psicoterapias, não é indicada para todas as pessoas. Nesse sentido é necessário ser 
feito um processo psicodiagnóstico de modo a indicar quais pessoas podem se 
beneficiar da psicoterapia Breve, ou não. E mais, qual o direcionamento do trabalho a 
ser dado no tratamento. 
Por outro lado, Braier (2000) considera que em muitas situações a Psicoterapia 
Breve visa atender mais a uma questão de ordem assistencial, no sentido de que há 
pessoas que não podem custear seu tratamento. É o caso de pacientes atendidos 
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através de instituições públicas, Organizações 
Não Governamentais (ONGs) e até mesmo as chamadas clínicas-escola, isto é, as 
clínicas de Universidades. 
Nesse sentido, Braier (2000) aponta que quase todas as pessoas têm indicação 
de Psicoterapia Breve, mesmo sendo grave sua doença. Entretanto faz uma ressalva: 
100 
 
 
“desde que se recorra, com critério e segundo cada caso, à técnica interpretativa e à 
de fortalecimento do ego” (p. 207). 
De qualquer forma, é importante considerar que nem todos os tipos de 
pacientes apresentarão bons resultados terapêuticos. 
 
TÉCNICA 
 
O FATOR TEMPO 
 A essência da Psicoterapia Breve está justamente na brevidade de um 
tratamento psicológico, isto é, o fator tempo. Por esse motivo este tema merece um 
destaque especial. 
Na Psicanálise a questão do tempo e da frequência das sessões são fatores 
que estão associados e consistem na essência deste método científico. Na era pós-
Freud aspectos econômicos e de tempo foram se contrapondo com a Psicanálise, 
dando origem às psicoterapias breves. 
Neste cenário, Birman (2000) levanta a indagação de como é possível tratar de 
questões subjetivas em um curto espaço de tempo? Para este autor, a experiência 
psicanalítica exige uma posição estratégica do tempo para a subjetividade, portanto, 
um longo tempo e maior frequência semanal seriam condições para bons resultados 
terapêuticos. Ele compara a Psicoterapia Breve com a ponta de um iceberg, o que 
significa que, assim como no iceberg, o que fica dentro da água é a maior parte dele, 
no processo terapêutico breve poderá ser tratado apenas uma parte dos conteúdos 
psíquicos. 
Os processos subjetivos também foram se transformando com o tempo, assim 
como os valores, crenças e modos de vida. Pensando assim, é que, segundo Birman 
(2000), justificam-se as Psicoterapias Breves, que entraram em cena enquanto 
possibilidade terapêutica, por diversas razões. Inicialmente por questões de ordem 
econômica e de tempo, especialmente nos campos da Psiquiatria e da Psicologia 
Clínica (décadas de 1950 e 1960). 
Os hospitais e outras instituições de saúde foram crescendo, principalmente na 
área pública, mantidas pelo Estado. A proposta da Psicanálise foi ficando inviável para 
muitas pessoas, principalmente em função do alto custo financeiro e de ser um 
tratamento longo. Nos setores públicos o Estado não conseguia manter o tratamento. 
Dessa forma, a Psicoterapia Breve vem para atender a essa demanda. 
101 
 
 
Inicialmente, a Psicoterapia Breve era conhecida como um tratamento inferior 
quando comparada à Psicanálise. Diz Birman (2000) que os psicanalistas eram 
considerados como verdadeiros analistas e os demais como pseudoanalistas. É como 
se a Psicanálise fosse privilégio para as pessoas de classe alta e as demais 
psicoterapias, de segunda linha. 
Entretanto, aponta Birman (2000) que nas décadas de 1960 e 1970 havia 
críticas em relação à longa duração de um tratamento psicanalítico; questionava-se, 
inclusive, se era eficaz permanecer tanto tempo em análise. 
É importante mencionar que a grande frequência das sessões semanais na 
Psicanálise tem motivo de ser. Para Freud o intervalo longo entre uma sessão e outra 
poderia aumentar as resistências no paciente. 
Voltando a eficácia terapêutica, segundo Birman (2000), trata-se de um assunto 
complexo e polêmico. “O que pode ser eficaz, num certo ponto de vista, não é o 
mesmo que é valorizado num outro, na análise dos efeitos terapêuticos de certo 
procedimento” (p. 17). Além disso, temos que considerar as expectativas e ambições 
do próprio paciente. Muitas vezes, suas ambições em tratar seus conteúdos internos, 
em falar de sua subjetividade são mais modestas que a proposta da Psicanálise. O 
valor que cada pessoa atribui a sua subjetividade pode ser diferente. 
Atualmente, além dos espaços públicos de tratamento de saúde mental, há 
também os convênios de saúde que funcionam como um terceiro na relação 
terapeuta/paciente. Estas instituições delimitam o número de sessões e a duração do 
tratamento, tornando um padrão único para todos os pacientes, independente de suas 
necessidades, patologias e benefícios terapêuticos. Nesse sentido, Birman (2000) 
afirma que a frequência semanal das sessões acabou se tornando uma espécie de 
“instituição”, já que satisfaz mais as necessidades da própria instituição do que as do 
paciente. 
Finalizando, é importante considerar ainda que diversas mudanças ocorreram 
dos tempos de Freud até os dias atuais. O processo da globalização, a inclusão digital 
e o mundo do trabalho agitado levaram a uma aceleração do tempo, fazendo com que 
as pessoas tenham pressa. Consequentemente, os pacientes e as patologias também 
mudaram. São marcadas por patologias narcisistas e pelo vazio mental. Este cenário 
requer uma (re)leitura dos processos subjetivos. 
 
 
102 
 
 
A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E O CONTRATO TERAPÊUTICO 
 
 Na Psicoterapia Breve o primeiro passo diz respeito ao psicodiagnóstico, assim 
como nas demais psicoterapias. Segundo Braier (2000), o processo avaliativo 
consisteem entrevistas, 129 testes psicológicos e entrevista devolutiva. Tem como 
objetivos principais: a construção da aliança terapêutica, o diagnóstico e prognóstico 
e a formulação do plano terapêutico. Faz parte também desse processo o 
estabelecimento do contrato terapêutico, ocasião em que é explicado ao paciente 
sobre o método de trabalho e a duração do tratamento. É também o momento onde é 
eleito um foco de trabalho. 
O estabelecimento da aliança terapêutica, conforme Braier (2000) inicia-se já 
nas primeiras entrevistas, isto é, nos primeiros contatos paciente/terapeuta, e é 
condição essencial para qualquer tratamento. Nesse primeiro momento, Braier (2000) 
recomenda informar diretamente ao paciente sobre os objetivos iniciais – que são de 
avaliação e delineamento do contrato -, bem como dos passos a serem dados no 
decorrer do tratamento. 
A postura do psicólogo, na Psicoterapia Breve e já nas entrevistas, como 
aponta Braier (2000), é mais ativa. Em alguns momentos é ele quem dirige a 
entrevista, seja formulando questões para fins diagnósticos, ou até mesmo 
assinalando e interpretando. Vale ressaltar que a técnica da interpretação precisa ser 
usada com muita cautela e segurança, especialmente no início do tratamento. 
Nesse sentido, Braier (2000) orienta usá-la basicamente em três situações: 
1) Quando surgirem obstáculos que possam culminar com a interrupção do 
tratamento; 
2) Na entrevista devolutiva, quando o psicólogo fornecer uma visão geral do 
caso; e/ou 
3) Com a finalidade de avaliar a capacidade de insight do paciente. 
Ainda quanto às entrevistas, Braier (2000) afirma que é fundamental realizar 
uma boa anamnese, a fim de colher dados necessários para a história clínica do 
paciente. Detalhar o motivo da consulta é valiosíssimo, uma vez que na grande 
maioria das vezes está relacionado ao foco de trabalho que será eleito para o 
tratamento. 
Delimitar um foco ou a situação-problema não é tarefa fácil, pois muitos 
pacientes como aponta Braier (2000), apresentam patologias mais generalizadas, que 
103 
 
 
muitas vezes estão relacionadas a vários aspectos. Torna-se, portanto, difícil de 
eleger um ponto de urgência. Em contrapartida, outros pacientes apresentam quadros 
mais focais, mais fáceis de serem delimitados. É o caso de quadros agudos, tais como 
eventos traumáticos, depressões, luto, processo de internação ou surgimento de 
doença, etc. 
Em relação ao que avaliar num psicodiagnóstico em Psicoterapia Breve, alguns 
pontos, segundo Braier (2000), merecem destaque. Trata-se de critérios mínimos que 
precisam ser considerados para indicação ou contraindicação para essa modalidade 
de psicoterapia. O resultado satisfatório do tratamento depende disso. 
Um ponto refere-se à avaliação das funções básicas do ego do paciente, isto 
é, pensamento, atenção, percepção, fala, memória, etc. Um paciente com ego muito 
desestruturado dificilmente se beneficiará de um tratamento breve. A capacidade de 
insight e de simbolização precisa estar preservada (BRAIER, 2000). 
Outro ponto está ligado às relações objetais, ou seja, aos tipos de vínculos que 
o paciente estabelece com as pessoas mais próximas, como os pais, filhos, cônjuge, 
colegas de trabalho, etc. Segundo Braier (2000) é importante que estes pacientes 
consigam ter razoável tolerância à frustração, habilidade para lidar com as situações 
de separação e de perdas em condições razoáveis, minimamente. Isto porque são 
pessoas que permanecerão por pouco tempo com o terapeuta, que necessitam ter 
uma postura ativa diante do tratamento que logo se encerrará, ocorrendo à separação. 
Um terceiro ponto diz respeito às motivações do paciente em se tratar. Braier 
(2000) salienta que precisa haver um alto grau de desejo de mudança e, de 
preferência, que a terapia ocorra num momento favorável a essas mudanças. 
Pacientes que vêm encaminhados por desejos ou necessidades de outras pessoas, 
pouco ou nada poderão se beneficiar de um tratamento que requer muito 
envolvimento por parte da dupla terapêutica. 
Na entrevista devolutiva, Braier (2000) recomenda que seja feita de forma clara 
e objetiva, procurando devolver o que foi investigado do paciente, tanto seus aspectos 
sadios quanto os patológicos. Criar um clima de compreensão do sofrimento do 
paciente fortalecerá a aliança terapêutica. 
O contrato terapêutico sinaliza o fim de uma etapa (psicodiagnóstico) e início 
de outra (o tratamento propriamente dito). 
104 
 
 
Na Psicoterapia Breve, assim como nas outras, há necessidade de realizar o 
contrato terapêutico, isto é, um compromisso entre a dupla. Nele algumas questões, 
segundo Knobel (2002) precisam estar claras. São elas: 
• Questões práticas como: estabelecimento de local, dias, horários, 
feriados, faltas e honorários (este último quando for o caso de clínica particular); 
• Delimitação do número, tempo e duração das sessões e do tratamento. 
• Delimitação dos objetivos terapêuticos a serem alcançados; 
 Explicação da função e dos objetivos terapêuticos. 
 
Braier (2000) orienta que a definição do foco a ser trabalhado deve ser feito 
junto ao paciente, de comum acordo, de forma clara e objetiva. Este foco está 
relacionado com as expectativas do paciente em relação ao tratamento. Entretanto, 
“toda terapia breve de insight pressupõe a existência de fins terapêuticos inerentes à 
natureza mesma do processo, por exemplo, que o paciente alcance maior consciência 
da enfermidade ou eleve sua autoestima” (p. 74). Esse é, portanto, o objetivo geral da 
Psicoterapia Breve. 
Quanto à duração do tratamento, segundo Braier (2000), na maioria das vezes, 
convém delimitar um prazo para o término da terapia, que poderá variar conforme 
algumas situações: 1) Quando se tratar de uma instituição o tempo já estará definido 
(3, 6, 12 meses); 2) Por conveniências do próprio paciente: em se tratando de 
mudança, viagem ou outros; 3) Quando se tratar de consultório particular pode-se 
definir o prazo de comum acordo com o paciente, sempre observando os riscos e os 
benefícios terapêuticos. 
Algumas características em Psicoterapia Breve, segundo Knobel (2002), são 
essenciais. Algumas delas são: 
• Sigilo profissional; 
• Confiança mútua; 
• Avaliação honesta e compreensiva junto ao paciente. 
 
 
 
 
 
105 
 
 
O TRATAMENTO PROPRIAMENTE DITO 
 
 Diz Braier (2000) que a organização do planejamento terapêutico é um dos 
aspectos que diferenciam as psicoterapias breves. Elaborar uma estratégia auxilia no 
cumprimento dos objetivos delimitados. É evidente que não se trata de um projeto 
estático, rígido, mas ao contrário, requer flexibilidade por parte do terapeuta de modo 
que o mesmo possa ser readaptado quando necessário. 
Após a avaliação diagnóstica e o planejamento terapêutico, dá-se início ao 
tratamento propriamente dito. Nesta fase, algumas características são essenciais na 
relação terapeuta/paciente, principalmente porque se diferencia do método 
psicanalítico. 
A postura do terapeuta na Psicanálise é mais neutra e distante, procurando 
preservar o anonimato. Já na Psicoterapia Breve o vínculo é mais próximo. É 
importante que o terapeuta possa expressar interesse em relação ao sofrimento do 
paciente, favorecendo um clima de confiança (BRAIER, 2000). 
Nesse sentido, salienta Braier (2000, p. 86), que o papel do terapeuta é mais 
ativo do que na Psicanálise. Em algumas situações ele poderá responder as 
perguntas do paciente, favorecendo um “equilíbrio entre gratificação e privação do 
paciente”. Um tratamento breve não permite tempo suficiente para tratar as 
resistências oriundas de sentimentos hostis, agressivos, no processo de transferência 
negativa. 
Quanto à técnica, Braier (2000) propõe que se evite a transferência, ou melhor, 
que não ocorra com tanta intensidade. Realizar assinalamentos, formular questões, 
oferecer sugestões e informaçõessão parte da técnica em Psicoterapia Breve. A 
interpretação também é utilizada, mas precisa ter relação com o foco de trabalho que 
foi eleito como objetivo no tratamento. Algumas vezes o terapeuta faz perguntas que 
vêm de encontro a este foco. Sua atenção deve estar voltada para ele (o foco). 
Em relação à técnica da associação livre, defendida por Freud, há controvérsias 
na Psicoterapia Breve. Alguns autores (dentre eles Bellak e Small) apontam que ela 
não deve ser usada exatamente como na Psicanálise (BRAIER, 2000). 
Esta é uma técnica empregada para facilitar a expressão do inconsciente, como 
aponta Braier (2000), mas que tende a conduzir à regressão, o que não seria 
interessante na Psicoterapia Breve. Pode ser que, associando livremente o paciente 
falará de outros temas que não estarão relacionados ao foco principal. Assim, poderia 
106 
 
 
ser desperdiçado tempo, uma vez que este é fator decisivo em tratamentos breves. 
Cabe ao terapeuta a tarefa de auxiliar o paciente a voltar para o foco. 
Diante dessa problemática, orienta Braier (2000) que a associação livre não 
seja usada com tanta frequência, mas em algumas situações durante o tratamento, 
nas quais estejam voltadas para o foco. Isto exige flexibilidade por parte do terapeuta. 
Este autor recomenda que, no início do tratamento, deve-se orientar o paciente a falar 
tudo o que sabe sobre seu sofrimento ou que tenha relação com ele, podendo ser 
situações atuais, recordações anteriores, pensamentos, etc. 
Falando mais especificamente sobre as sessões, Braier (2000) recomenda que, 
em Psicoterapia Breve sejam realizadas duas sessões semanais, na maioria dos 
casos. Entretanto, em algumas situações basta uma apenas. A duração de cada 
sessão pode ser de quarenta minutos. 
Paralelamente à Psicoterapia Breve, na tentativa de potencializar os benefícios 
terapêuticos, pode-se recorrer ao trabalho de outros profissionais, por intermédio de 
encaminhamentos. Braier (2000) cita a participação do psiquiatra (uso de 
psicofármacos), terapeuta ocupacional, psicoterapeuta grupal, etc. 
Além disso, muitas vezes, a participação e o envolvimento dos familiares do 
paciente fazem-se necessário e favorável ao tratamento. Em algumas situações os 
familiares podem auxiliar na fase diagnóstica, contribuindo com informações valiosas 
para a compreensão do caso. Em outros momentos a família poderá ajudar 
assumindo determinadas responsabilidades quanto ao tratamento (BRAIER, 2000). 
Já no caso de crianças e adolescentes, a participação dos pais e/ou cuidadores 
é de suma importância, em todos os momentos do tratamento, como aponta Braier 
(2000). Primeiro porque cabe aos pais, geralmente, a função de levar o paciente e 
arcar com os custos financeiros. Segundo porque é comum que a enfermidade do 
paciente tenha relação com os conflitos do núcleo familiar. 
O TÉRMINO DO TRATAMENTO 
 
O término do tratamento ou a alta geralmente implica num processo marcado 
por muitas ansiedades, tanto por parte do terapeuta quanto por parte do paciente. 
Lidar com o luto oriundo do término do vínculo terapêutico constitui tarefa essencial, 
porém difícil. 
Por parte do paciente, as ansiedades com o fim do tratamento costumam estar 
relacionadas desde a sensação de abandono e de vazio até o medo da morte ou de 
107 
 
 
enlouquecer (numa intensidade maior). Geralmente neste último caso trata-se de 
pacientes com estrutura egoica menos fortalecida e que vivenciam vínculos mais 
simbióticos, isto é, de dependência afetiva (BRAIER, 2000). 
Segundo este autor, é possível observar tais ansiedades do final do tratamento 
de diversas formas: 
• Quando o paciente começa a trazer novos focos de problemas, numa 
tentativa inconsciente de seduzir o terapeuta, permanecendo vinculado a ele. 
• Quando se percebe piora do paciente em algumas situações, como 
forma de obter ganho secundário. 
• Quando o paciente demonstra atitudes hostis em relação ao terapeuta 
ou começa a atuar (acting out). 
• Finalmente, quando o paciente desenvolve uma relação terapêutica 
negativa e acaba por interromper o tratamento antes de seu desfecho. De tão dolorosa 
a separação, o paciente opta, inconscientemente, por terminar antes. 
Nessas situações, Braier (2000) recomenda que o terapeuta poderá dispor da 
técnica do manejo da transferência a fim de vencer as resistências despertadas com 
a alta. É adequado, por exemplo, assinalar ao paciente sua tentativa de visar ganho 
secundário com suas recaídas. 
Braier (2000, p. 169) menciona que “a manutenção da melhora certamente 
dependerá em grande parte de suas possibilidades de introjetar e conservar uma boa 
imagem do terapeuta”. Isso ocorre quando a transferência é positiva. 
Já foi mencionado anteriormente que, no processo psicodiagnóstico, um dos 
pontos a serem avaliados refere-se à capacidade de lidar com situações de luto e 
separação. Isto seria critério, junto com outros fatores, de indicação ou 
contraindicação de um tratamento breve. 
Entretanto, como aponta Braier (2000), mesmo identificando esta 
característica, muitas vezes, o terapeuta não tem outra escolha a não ser atender o 
paciente da mesma forma. Pensando, sobretudo, em instituições públicas, que 
adotam a psicoterapia breve como técnica de trabalho, comumente não há 
possibilidade de encaminhá-lo para outra instituição. 
Para tentar superar essa dificuldade, Braier (2000) propõe que, no momento de 
planejar o tratamento, o terapeuta já disponibilize um tempo maior para destiná-lo ao 
processo de elaboração do luto vivenciado pela separação. 
108 
 
 
Por parte do terapeuta, Braier (2000) alerta que as ansiedades costumam 
repercutir ainda mais. “A separação significa, para ele, ver-se privado de gratificações 
simbióticas; o luto provoca sentimentos de desvalorização e perda” (p. 170). 
Sentimentos de impotência e de fracasso também podem ocorrer. 
De qualquer forma, finaliza Braier (2000), espera-se que, ao término do 
tratamento, o paciente possa caminhar por conta própria a partir dos benefícios que 
obteve com a psicoterapia. 
 
RESULTADOS TERAPÊUTICOS 
 
A avaliação dos resultados ao final do tratamento, segundo Braier (2000), deve 
ser feita pelo paciente e pelo terapeuta, isto é, em conjunto. Esse autor propõe um 
método de avaliação que consiste basicamente de dois recursos: entrevista com o 
paciente e um psicodiagnóstico. 
Em relação ao primeiro recurso, Braier (2000) salienta que podem ser feitas 
duas entrevistas. Uma logo após ter finalizado o processo psicoterápico, que pode 
durar em torno de quarenta minutos e tem por objetivo solicitar uma auto avaliação do 
paciente. E a segunda entrevista, que deve ser feita após alguns dias depois da 
primeira, objetiva fazer uma devolução pelo terapeuta, comunicando ao paciente suas 
impressões. 
Na primeira entrevista é o momento que o paciente tem de poder falar da 
experiência da terapia, de possíveis benefícios e mudanças que identificou. Poderão 
falar também de críticas, sugestões, enfim, são as impressões do paciente (BRAIER, 
2000). 
Já na segunda entrevista é o espaço para o terapeuta fazer sua devolução, 
confrontando suas impressões, inclusive, com a auto avaliação do paciente. De 
acordo com Braier (2000), alguns pontos devem ser considerados: 
• Melhora do sintoma; 
• Resolução da problemática focal; 
• Consciência da enfermidade; 
• Melhora da autoestima; 
• Mudanças em outros aspectos da vida do indivíduo, como 
relacionamentos interpessoais, vida sexual, etc.; 
• Planos para o futuro. 
109 
 
 
 
Quanto ao psicodiagnóstico, Braier (2000) usa a expressão reteste. Refere-se 
a (re)aplicação de testes que foram realizados no início da terapia. Mas orienta que 
precisa ter um intervalo mínimo de seis meses. Os testes revelam o momento de vida 
atual do paciente e, portanto, o resultado poderá variar. O objetivoé fazer uma 
comparação entre esses dois momentos, ou seja, o início e o fim do tratamento. 
Falando ainda sobre o término do tratamento, algumas possibilidades podem 
ocorrer, conforme aponta Braier (2000, p. 194): 
1. A finalização do processo psicoterápico propriamente dito; 
2. A realização de entrevistas de acompanhamento (são as entrevistas de 
avaliação mencionadas anteriormente); 
3. Um novo contrato; 
4. Encaminhamento para outro tipo de tratamento. 
 
Em relação à quarta possibilidade, o fato de sugerir outro tipo de tratamento 
não significa, como aponta Braier (2000), que a terapia breve não teve êxito ou 
benefícios. Algumas vezes, funciona como uma motivação para o paciente iniciar uma 
terapia em longo prazo, por exemplo. 
 
AS CONSIDERAÇÕES DE FIORINI E A TÉCNICA EM HOSPITAIS 
 
Salienta Fiorini (1993) que algumas instituições, por si só, demandam 
intervenções mais breves e urgentes. É o caso de hospitais: geral e psiquiátrico. O 
paciente internado anseia pela alta o quanto antes. Assim, o atendimento psicológico 
ocorre durante o período de internação. Deve ser focal, isto é, ter como objetivo o 
processo de doença e internação. 
O hospital é uma instituição caracterizada pelo binômio saúde/doença. As 
pessoas internadas passam apenas um período de suas vidas no hospital, que pode 
durar dias ou até meses, dependendo da problemática apresentada e do 
procedimento realizado (cirurgia, antibiótico-terapia, etc.). Nesse sentido, muitas 
vezes, não é possível prever quando o paciente sairá do hospital. Às vezes a saída 
ocorre pela alta (melhora clínica) e outras, pelo óbito. 
110 
 
 
A técnica mais adequada deve ser a Psicoterapia Focal, ou também chamada 
de emergencial, pois como o nome já diz, o conflito é urgente, não dá para esperar. O 
atendimento deve ocorrer no “aqui-agora”. 
Delimita-se a problemática do paciente, uma dificuldade central, um “problema 
foco”, que é eleito como primordial e que na maioria das vezes é o processo de 
doença, bem como os conteúdos que estejam relacionados a ela (internação, exames, 
cirurgias, cuidados paliativos, etc.). 
Conforme Fiorini (1993), muitas pessoas reagem ainda com certa desconfiança 
em relação aos tratamentos breves, uma vez que eles carecem de maiores estudos 
teóricos e técnicos e, principalmente, em relação aos resultados terapêuticos. Para 
tanto, torna-se necessário elaborar um esquema referencial próprio. 
Nesse sentido, um ponto a ser considerado nesse esquema referencial diz 
respeito à enfermidade ou crise do paciente. Segundo Fiorini (1993), um tratamento 
breve deve ter como foco os determinantes atuais da queixa do paciente. Isso significa 
que não é possível estimular conflitos infantis do indivíduo, mas ajudá-lo a 
(re)organizar sua vida atual, nas diversas áreas: família, trabalho, social, etc. 
Isso não quer dizer que os aspectos e conflitos históricos infantis não sejam 
considerados. Eles simplesmente não devem ser estimulados, pois não haverá tempo 
hábil para elaborá-los. 
Outro ponto abordado por Fiorini (1993) refere-se ao trabalho de uma equipe 
multiprofissional. Aliar a psicoterapia breve com outros tratamentos, em muitos casos, 
potencializa o efeito terapêutico. É o caso de profissionais como psiquiatras e 
neurologistas (medicação), nutricionistas (transtornos alimentares), assistentes 
sociais, terapeutas ocupacionais, etc. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A Psicoterapia Breve é ainda um campo que carece ser mais bem explorado, 
justamente porque não possui uma identidade própria. É confundida muitas vezes 
com a Psicanálise e/ou outros métodos de tratamento mais longos. Atualmente, ainda 
permeia a crença de que se trata de uma psicoterapia inferior à Psicanálise, por uma 
herança histórica. Uma não se contrapõe a outra, mas diferencia-se, sobretudo, pela 
técnica empregada. 
111 
 
 
Nesse sentido, Braier (2000) sugere que a formação do terapeuta deve 
contemplar a análise pessoal, a supervisão com profissional mais experiente e 
conhecimentos teóricos. Para este autor, a formação em Psicanálise seria um critério 
ideal, mas não é a realidade atual. Então, para suprir esta carência, é importantíssimo 
que o terapeuta tenha como uma de suas metas em seu treinamento conhecer com 
muita destreza as diferenças entre Psicoterapia Breve e Psicanálise. Isso porque um 
dos erros mais frequentes está relacionado com a confusão da técnica. 
Os tratamentos breves consistem em uma tendência na atualidade. Bons 
resultados terapêuticos têm sido alcançados com esta técnica, quando utilizada com 
a seriedade e o rigor científico que demanda. 
 
Mensagem final 
 
“Pois fica decretado a partir de hoje, que terapeuta é gente também. 
Sofre, chora, ama e sente e, às vezes, precisa falar. 
O olhar atento, o ouvido aberto, escutando a tristeza do outro, quando, às 
vezes, a tristeza maior está dentro do seu peito. 
Quanto a mim, 
fico triste, fico alegre e sinto raiva também. 
sou de carne e sou de osso e quero que você saiba isto de 
mim. E agora, 
que já sabes que sou gente, quer falar de você para mim?” 
 
Cyro Martins 
(Psicanalista e escritor) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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