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PARTE 1 CONEXÕES TEMA 1 Trabalho e divisão do trabalho Para compreendermos os conceitos de trabalho e de divisão do trabalho, par- tiremos da análise crítica de um dos principais teóricos do tema, o filósofo e economista britânico Adam Smith (1723-1790). Smith escreveu A riqueza das nações em 1776, isto é, no século XVIII, chamado Século das Luzes, influenciado pelo Iluminismo, pelas ciências e pela Revolução Industrial. Na época, ele vivia na cidade de Edimburgo, capital da Escócia, país pertencente ao Reino Unido, na Grã-Bretanha. Mas por que essa informação é importante? Porque essa contextualização nos permitirá compreender as influências do lugar e do tempo histórico nos quais o autor se insere. Reino Unido e industrialização O processo de formação do Reino Unido remonta a uma história de sé- culos. Em 1536, o parlamento incorporou o País de Gales e, em 1603, apesar das lutas pela independência escocesa, a Escócia e a Inglaterra passaram a ser governadas pelo mesmo rei, Jaime Stuart (1566-1625). Mais tarde, em 1707, os parlamentos da Inglaterra e da Escócia fundiram-se, formando o Reino Unido. Em 1800, o Reino da Ir- landa também passou a perten- cer ao Reino Unido, formando o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Já em 1922, houve a independência do Estado Livre Irlandês. Com a saída da Irlan- da do Reino Unido, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte passaram a formar o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A influência econômica e po- lítica do Reino Unido no mundo era significativa, uma vez que ele se destacara desde séculos an- teriores, com o mercantilismo, até os séculos XVIII e XIX, com o avanço da industrialização. No século XVIII, Inglaterra e Escócia eram consideradas po- tências econômicas, sobretudo por causa do desenvolvimento Os professores de História, de Filosofi a, de Sociologia e de Geografi a são indicados para o trabalho deste segmento. Fonte: elaborado com base em COURBON, Jean-Paul et al. La géographie de l’Europe des 15. Paris: Nathan, 1998. p. 61; IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. p. 43. Reino Unido: Grã-Bretanha e Irlanda do Norte M e ri d ia n o d e G re e n w ic h 50º N 0o BÉLGICA FRANÇA INGLATERRA PAÍS DE GALES ESCÓCIA IRLANDA DO NORTE Mar do Norte OCEANO ATLÂNTICO Ilhas Shetland Ilha de Man Canal da M an ch a IRLANDA REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE 0 130 km B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 19 V4_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap1_016-039.indd 19V4_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap1_016-039.indd 19 14/09/2020 11:4614/09/2020 11:46 Transformações do mundo urbano [...] O fim do século XVIII era, pelos padrões medievais ou do século XVI, uma época de comu- nicações rápidas e abundantes, e mesmo antes da revolução das ferrovias, eram notáveis os aperfei- çoamentos nas estradas, nos veículos puxados a cavalo e no serviço postal. Entre a década de 1760 e o fim do século, a viagem de Londres a Glas- gow foi reduzida de 10 ou 12 dias para 62 horas. O sistema de carruagens postais ou diligências, instituído na segunda metade do século XVIII, expandiu-se consideravelmente entre o fim das guerras napoleônicas e o surgimento da ferrovia, proporcionando não só uma relativa velocidade – o serviço postal de Paris a Strasburgo levava 36 horas em 1833 – como também regularidade [...]. O mundo em 1789 era, portanto, para a maio- ria dos seus habitantes, incalculavelmente gran- de. A maioria deles, a não ser que fossem arran- cados de seu pedaço de terra por algum terrível acontecimento, como o recrutamento militar, vi- viam e morriam no distrito ou mesmo na paróquia onde haviam nascido: ainda em 1861, nove em cada dez habitantes de 70 dos 90 departamentos franceses moravam no departamento onde ha- viam nascido [...]. A palavra “urbano” é certamente ambígua. Ela inclui as duas cidades europeias que por volta de 1789 podem ser chamadas de genuinamente gran- des segundo os nossos padrões – Londres, com cer- ca de 1 milhão de habitantes, e Paris, com meio milhão – e umas 20 outras com uma população de 100 mil ou mais […]. Mas o termo “urbano” tam- bém inclui a multidão de pequenas cidades de pro- víncia, onde se encontrava realmente a maioria dos habitantes urbanos; aquelas onde o homem podia, a pé e em poucos minutos, vencer a distância entre a praça da catedral, rodeada pelos edifícios públi- cos e pelas casas das celebridades, e o campo. HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções:1789-1848. Tradução: Maria Teresa Teixeira e Marcos Penchel. 35. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015. p. 30-33. 1. Com base no trecho lido, reflita e responda: a) Que imagem da Europa do século XVIII o au- tor pretende desconstruir? b) Identifique o(s) argumento(s) levantado(s) pelo autor que indica(m) a ambiguidade presente na palavra “urbano”. 2. O autor destaca as transformações e avanços nos transportes ocorridos no século XVIII. Reú- na-se com os colegas e reflitam sobre a seguin- te questão: os avanços relacionados aos trans- portes no mundo contemporâneo significaram melhorias na mobilidade urbana e na qualidade de vida das pessoas que trabalham nas médias e grandes cidades? Por quê? Reflexões NÃO ESCREVA NO LIVROProfessor, no Manual você encontra orientações sobre esta seção. Retrato de Isaac Newton, de Godfrey Kneller, 1702. Óleo sobre tela, 75,6 cm × 62,2 cm. National Portrait Gallery, Inglaterra. Newton é considerado o “pai” da Física moderna. Isaac Newton nasceu em Londres, em 1643, e mor- reu em 31 de março de 1727. Newton foi matemático, filósofo, astrônomo e teólogo. Suas teorias contribuí- ram decisivamente para a fundamentação da Física mecânica. Entre elas, destacam-se a lei de gravitação dos corpos e as conhecidas três leis de Newton (lei da inércia, princípio fundamental da dinâmica e lei da ação e reação). Pe rfil R e p ro d u ç ã o /G a le ri a N a c io n a l d e R e tr a to s , L o n d re s , In g la te rr a comercial e industrial que se concentrava nas cidades inglesas de Manchester e Londres, as- sim como em Glasgow e Edimburgo, na Escócia. Esses fatores influenciaram os processos de ur- banização e concentração demográfica nessas cidades, consideradas as principais da Europa no contexto da industrialização. A Revolução Científica, ocorrida entre os sé- culos XVI e XVII, ganhou destaque com o desen- volvimento comercial e industrial das sociedades europeias. Nesse contexto, as ciências e a Filo- sofia ofereceram as bases científicas necessárias para as transformações sociais que constituíram o novo modo de vida que surgiria nas cidades, marcado pela produção industrial e pelo traba- lho assalariado. 20 V4_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap1_016-039.indd 20V4_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap1_016-039.indd 20 14/09/2020 11:4614/09/2020 11:46