Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
1 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO 
BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
 
CONSIDERATIONS ON THE PREVALENCE OF AUTISM IN 
BRAZIL: A REFLECTION ON INCLUSION AND PUBLIC 
POLICIES 
 
CONSIDERACIONES SOBRE LA PREVALENCIA DEL AUTISMO 
EN BRASIL: UNA REFLEXIÓN SOBRE LA INCLUSIÓN Y LAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
Juliana Marques de Souza Freire 1 
Gisele Silva Nogueira 2 
 
DOI: 10.54751/revistafoco.v16n3-009 
Recebido em: 01 de fevereiro de 2023 
Aceito em: 03 de Março de 2023 
 
 
 
RESUMO 
O presente artigo pretende analisar a prevalência do autismo na população brasileira e 
trazer luz sobre a necessidade da adequada mensuração da mesma. Para tanto, 
utilizou-se de pesquisa qualitativa e quantitativa, bem como revisão bibliográfica 
atualizada, apoiando-se nos estudos mais recentes realizados no país mais avançado 
em termos estatísticos sobre o tema, os Estados Unidos. Como resultado, estimou-se 
uma amplitude de mais de 5 milhões de pessoas, além de suas famílias, que podem 
não estar recebendo a devida atenção. Com o agravante de que a correta identificação 
da condição é elemento primordial para o dimensionamento das políticas públicas. 
 
Palavras-chave: Prevalência; Autismo; inclusão; políticas públicas. 
 
ABSTRACT 
This article analyzes the prevalence of autism in the Brazilian population and highlights 
the need for it's adequate measurement. Qualitative and quantitative research was used, 
as well as an updated revised review, based on the most recent studies carried out in 
the most advanced country in statistical terms on the subject, the United States. As a 
result, it was estimated that more than 5 million people, in addition to their families, may 
not be receiving necessary attention. Moreover, the correct identification of the condition 
is a primordial element for the targeting and optimization of public policies. 
 
1 Pós-graduanda em Docência com ênfase na Educação Especial e Inclusiva pelo Instituto Federal de Educação, Ciência 
e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG). Av. Juscelino Kubitscheck, 485, Distrito Industrial II, Arcos - MG, CEP: 35588-000. 
E-mail: julianamsfreire@gmail.com 
2 Doutora em Bioengenharia neuronal pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Instituto Federal de 
Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG). Av. Juscelino Kubitscheck, 485, Distrito Industrial II, Arcos 
- MG, CEP: 35588-000. E-mail: gisele.nogueira@ifmg.edu.br 
file://///servidor/FILESERVER/Setores/DIAGRAMAÇÃO/Modelos/MARIANA/julianamsfreire@gmail.com
file://///servidor/FILESERVER/Setores/DIAGRAMAÇÃO/Modelos/MARIANA/gisele.nogueira@ifmg.edu.br
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
2 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
Keywords: Prevalence; Autism; inclusion; public policies. 
 
RESUMEN 
Este artículo tiene como objetivo analizar la prevalencia del autismo en la población 
brasileña y arrojar luz sobre la necesidad de medirlo adecuadamente. Para ello, se 
utilizó una investigación cualitativa y cuantitativa, así como una revisión bibliográfica 
actualizada, basada en los estudios más recientes realizados en el país 
estadísticamente más avanzado sobre el tema, los Estados Unidos. Como resultado, se 
estimó un abanico de más de 5 millones de personas, además de sus familiares, que 
podrían no estar recibiendo la atención adecuada. Com o agravante de que a correta 
identificação da condição é elemento primordial para o dimensionamento das políticas 
públicas. 
 
Palabras clave: Prevalencia; Autismo; inclusión; políticas públicas. 
 
 
1. Introdução 
O contexto e o conceito sobre o que se entende sobre o autismo mudaram 
com o passar do tempo. Parte porque há uma evolução das descobertas 
científicas e parte porque, ao longo do tempo, houve alterações nos critérios 
diagnósticos da condição. Isto posto, atualmente, sabe-se que o autismo é mais 
comum do que se conhecia antigamente (CNS, 2011). Estudar o tema é um 
grande desafio do nosso tempo, tendo em vista que se trata de um transtorno 
quantitativamente (e até qualitativamente) pouco conhecido no país. 
Na pesquisa objetivou-se analisar e compreender a importância de se 
conhecer a correta quantidade de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista 
(TEA) no Brasil. Considera-se TEA como um transtorno do 
neurodesenvolvimento complexo, de origem predominantemente genética, 
marcado pela heterogeneidade e que interfere no processamento das 
informações e na aprendizagem, causando prejuízos na vida social. Essa 
condição complexa trás desafios para toda a sociedade, tais como: identificação, 
tratamentos e políticas públicas (CID-11, 2018; Del Monde et al. 2018; DSM-5, 
2014). 
Com o intuito de refletir sobre o impacto (e a falta) do dimensionamento 
da população autista no Brasil e seus desdobramentos, utilizou-se um estudo 
misto qualitativo e quantitativo de base populacional e pesquisa bibliográfica em 
agências governamentais e não-governamentais, legislações pertinentes, 
artigos científicos e jornais. 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
3 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
O trabalho iniciou-se, em sua primeira seção, apresentando uma 
contextualização histórica. Ou seja, uma pesquisa histórica sobre alguns dos 
principais nomes envolvidos, desde o descobrimento da condição até os 
referenciais mais atuais. Na segunda seção, buscou-se definir sobre o público-
alvo. Da mesma forma que na seção anterior, procurou-se trazer os avanços 
de informações que embasam, atualmente, um diagnóstico de pessoas com 
autismo. 
Na terceira seção, foram abordados os impactos da condição sob 
diferentes perspectivas, na sociedade, na família e do indivíduo com autismo. 
Destacando que, ao mesmo tempo, é uma questão particular e também coletiva. 
Ressalta-se que, apesar de haver lacunas a serem desvendadas, a ciência se 
mantém em constante evolução para as eventuais transformações. Nesse caso, 
o hiato ocorre no que tange ao correto dimensionamento, por conta de 
subdiagnósticos e seus desencadeamentos sobre tratamentos necessários 
(FEITOSA, 2020; NOGUEIRA, 2011). 
Na quarta seção, com o intuito de compreender o tamanho da população 
brasileira com TEA, deparou-se com uma ausência de dados quantitativos dessa 
população. Assim, foi necessário expandir a pesquisa trazendo as estatísticas 
recentes dos Estados Unidos (EUA). Evidenciando-se, ainda mais, a urgência 
em conhecer a realidade brasileira. 
Assim sendo, na quinta seção, conclui-se que, por enquanto, não há 
estatísticas confiáveis e nem estudos robustos sobre a prevalência atual da 
população brasileira com autismo. Sendo assim, observada a relevância e o 
impacto, este trabalho se justifica. 
 
2. Breve Contextualização Histórica Sobre o Autismo 
Em relação aos estudos sobre o autismo, houve um intervalo de 37 anos 
desde a identificação do conceito por Kanner até a primeira inclusão no Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Associação Americana de 
Psiquiatria (DSM) em 1980, como “Transtorno Autista” (GERNSBACHER et al., 
2005). Essa inclusão foi condicionada ao que se sabia até então e, portanto, 
muitos casos não foram devidamente reconhecidos. 
Em relação ao termo autismo, ele foi utilizado pela primeira vez pelo Dr. 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
4 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMAREFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
Eugen Bleuler, em 1911, na tentativa de descrever o que até então acreditavam 
ser um sintoma da esquizofrenia. De acordo com o estudioso, “[...] chamamos 
de autismo o desligamento da realidade combinado com a predominância 
relativa ou absoluta da vida interior” (BLEULER, 1911 apud. DURVAL, 2011). 
Foi somente após mais de 30 anos dessa tentativa inicial, que o Dr. Leo 
Kanner, em 1943, começou a desvincular os sintomas do autismo da 
esquizofrenia. Em seu estudo original, ele indicou que, embora algumas 
características fossem compatíveis com o fenômeno básico da esquizofrenia, 
estava diante de uma condição diferente em muitos aspectos e circunstâncias. 
Para isso, realizou um estudo no qual descreve inicialmente o 
desenvolvimento de 11 crianças e consegue encontrar similaridades em suas 
observações, tais como: apego à rotina, comportamentos repetitivos, linguagem 
incomum, dificuldades no relacionamento com outras pessoas (não 
necessariamente com objetos), ecolalia, comportamentos de solidão, inversão 
pronominal, dificuldades alimentares e tolerância/ intolerância com sons3 
(KANNER, 1943). 
Diante dessa descoberta, Kanner nomeou-a como sendo um “Distúrbio 
Autístico do Contato Afetivo” (Kanner, 1943). No ano seguinte, em 1944, o Dr. 
Hans Asperger publicou um trabalho chamado “Die Autistischen Psychopathen 
im Kindersaltern”, em Português seria algo em torno de “A Psicopatia Autística 
da Infância” (tradução das autoras) em pacientes semelhantes aos descritos por 
Kanner, exceto pelo fato de apresentarem uma linguagem superior e função 
cognitiva com menor comprometimento. Vale ressaltar que durante um bom 
tempo, os conceitos do Transtorno do Espectro Autista, Esquizofrenia e Psicose 
infantil se confundiam (BRASIL, 2013). Importante ainda mencionar, que embora 
ambos os estudiosos se interessassem pelo mesmo assunto e em uma mesma 
época, Asperger nunca fora mencionado por Kanner em suas publicações 
(FEINSTEIN, 2010). 
Sob a perspectiva de Asperger, a condição foi identificada inicialmente 
como “Psicose Autística”, definida como um perceptível transtorno de 
 
3 Nos dias atuais, essas dificuldades alimentares e intolerância a sons são reconhecidas como 
alterações sensoriais. 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
5 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
personalidade com isolamento social e, ainda que tivessem habilidades 
cognitivas preservadas, habilidades de autocuidado e curiosidade sobre o 
ambiente, apresentavam também, por exemplo, déficits na comunicação não-
verbal, pensamento concreto e literalidade. De qualquer maneira, a utilização do 
termo Asperger sempre foi controverso, pois esse diagnóstico poderia ser 
confundido com o de autismo não acompanhado de retardo mental ou até 
mesmo autismo de alto funcionamento (KLIN, 2006). 
É fundamental esclarecer que não se utilizam mais os termos retardo 
mental e também autismo de alto funcionamento, ambos foram substituídos por 
Deficiência Intelectual (DI) e autismo nível 1 de suporte, respectivamente. Além 
disso, havia suspeitas sobre uma possível relação de Hans A. e o nazismo 
(Feinstein, 2010?) que, inclusive, foi recentemente confirmada pelo historiador 
austríaco Czech (2018). Para tal confirmação, foram apresentadas análises de 
documentos históricos até então inexplorados. 
Nas décadas de 60 e 70, outros estudiosos começaram a entrar em cena, 
como o Dr. Michael Rutter e a Dra. Stella Chess (WOLFF, 2004). Os estudos de 
Rutter contribuíram para consolidar o entendimento de que o autismo não está 
vinculado à esquizofrenia. Ele também propôs a definição de 4 marcadores para 
a condição: 
 
1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) 
problemas de comunicação, novamente, não só em função de retardo 
mental associado; 3) comportamentos incomuns, tais como 
movimentos estereotipados e maneirismos; e 4) início antes dos 30 
meses de idade, o que influenciou a primeira inclusão no DSM em 
1980, em sua terceira versão, o DSM-3 (KLIN, 2006, p.2). 
 
Já Chess, foi a primeira a descobrir que o autismo poderia estar associado 
a questões neurológicas (WOLFF, 2004). É necessário ainda ressaltar que foi 
somente nos anos 80 que a Dra. Lorna Wing redescobriu os estudos de Dr. Hans 
Asperger (WOLFF, 2004). Além disso, juntamente com a Dra. Judith Gould, 
perceberam que se tratava de uma condição heterogênea, chamando-a então 
de espectro (FEINSTEIN, 2010). 
A partir de então, as grandes contribuições se apoiaram nas publicações 
do DSM e da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados 
à Saúde (CID), alterando a visão psicanalítica para a visão biomédica (DUNKER, 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
6 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
2014), que serão tratados na seção a seguir. 
 
3. Perfil Qualitativo: Sobre Quem Estamos Falando? 
Como não poderia deixar de ser, paralelamente à essa evolução histórica 
e contextual, houve também reflexos nas definições sobre o que se entende hoje 
como TEA. Os critérios mais reconhecidos que embasam e apoiam um 
diagnóstico médico e assuntos relacionados à saúde mental originam-se do 
DSM e da CID. Enquanto o autismo não estava tão bem definido, as 2 primeiras 
versões do DSM (1952; 1968) não contemplaram o termo específico, pois ainda 
se tratava de uma variante da esquizofrenia. Já na CID, a condição foi inserida 
em 1950, em sua sexta versão, mantendo-se vinculada à esquizofrenia até a 
nona edição, de 1979 (VARGAS, SCHMIDT, 2011). 
Um pouco mais adiante, na 3ª edição do DSM em 1980, foi incluído o 
termo “Transtorno Autista”, mas pertencente ao grupo de Transtornos Invasivos 
do Desenvolvimento (TID), refletindo as contribuições de Kanner e Rutter 
(Stelzer, 2010). Prosseguindo, em 1994, a 4ª versão do referido manual não 
trouxe grandes modificações, mas se aproximou da CID versão 10. Segundo Klin 
(2006), essa aproximação foi importante para evitar uma confusão daqueles que 
se apoiavam em um ou em outro instrumento. Em 2014 ocorreu uma nova 
atualização do DSM, partindo então para a sua quinta versão, o DSM-5. Nesse 
momento, o autismo passa a ser considerado um transtorno do 
neurodesenvolvimento e denominado como “Transtorno do Espectro Autista” 
(ARAÚJO e NETO, 2014). 
Ainda sobre o DSM-5 (2014), o documento informa que os marcadores 
necessários para que uma pessoa seja considerada autista são: 
 
A) déficits persistentes na comunicação social e na interação em 
múltiplos contextos; B) padrões restritos e repetitivos de 
comportamento, interesses ou atividades; C) os sintomas devem estar 
presentes precocemente no período do desenvolvimento; D) os 
sintomas causam prejuízos clinicamente significativo no 
funcionamento social; e E) não é melhor explicado por outras 
manifestações (DSM-5, 2014, p. 50-51). 
 
Enquanto isso, a versão mais atual do CID, a versão 11, publicada pela 
Organização Mundial da Saúde em 2018, indica que os critérios que 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
7 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
caracterizam o autista são: 
A) déficits persistentes na capacidade de iniciar e manter interação social 
recíproca e comunicação social; B) padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de 
comportamento, interesses ou atividades; C) início do transtorno ocorre durante 
o períodode desenvolvimento; D) déficits são suficientemente graves para 
causar prejuízos pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou 
outras áreas importantes do funcionamento; e E) pessoas dentro do espectro 
exibem uma grande variedade de funcionamento intelectual e habilidades de 
linguagem. 
Percebe-se, portanto, que há uma certa convergência em ambos os 
manuais sobre os marcadores da condição, embora o CID esteja um pouco mais 
detalhado, por exemplo, quando explicita sobre o fato de haver uma grande 
variedade de funcionamento cognitivo e habilidades comunicacionais. 
Inclusive, em se tratando da grande variação característica que o público 
apresenta, estudiosos entendem que possivelmente o termo mais indicado para 
se referir a eles seja no plural, ficando então “autismos” (BOGGS, 2015; BAKKE, 
2022). A utilização da palavra no plural já evidencia que os indivíduos são muito 
diferentes entre si. Adicionalmente, e em linha com essa questão da 
heterogeneidade, o DSM-5 classifica o TEA em graus. Ademais, de acordo com 
a própria comunidade autista e ativistas da área, como Del Monde (2017), o 
adequado seria indicar os níveis de autismo como níveis de suporte em função 
da autonomia: 1) nível 1 – necessidade de pouco apoio; 2) nível 2 – necessidade 
moderada de apoio; e 3) necessidade de muito apoio. 
O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno do 
neurodesenvolvimento complexo, de origem predominantemente genética, 
diagnóstico clínico e que afeta duas grandes áreas, a saber: 1) comunicação e 
interação social com 2) presença de comportamentos estereotipados4 e/ ou 
interesses restritos e que interferem no processamento das informações 
 
4 Entende-se como estereotipias movimentos repetitivos e relaxantes e que auxiliam a manter a 
mente focada para lidar com ambientes sensorialmente estressores. Assim, embora o conceito 
de estereotipia e stimming/ stim estejam adotados muitas vezes de maneira similar na literatura, 
na visão da comunidade autista, há uma preferência pelo termo stim ou stimming, que são, 
sim, movimentos corporais repetitivos e de autoestimulação em um ou mais sentidos, de maneira 
regulada, porém sem o viés patológico que acompanha a palavra estereotipia. 
 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
8 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
cognitivas (aprendizagem) e sensoriais, causando prejuízos na vida social 
(DSM-5, 2014; CID-11, 2018). Sendo uma condição mais frequentemente 
observada em meninos do que meninas, em uma proporção de 4,2:1 (NIMH, 
2021). E ainda, há uma subdiagnosticação do autismo de maneira geral 
(RUTGERS UNIVERSITY, 2020), no sexo feminino (CHILD MIND INSTITUTE, 
2022), nas minorias populacionais - negros, hispânicos e asiáticos 
(CHRISTENSEN et al., 2019; MAENNER, 2021) e também os casos que são 
somente identificados tardiamente (LUPINDO, MAW, SHABALALA, 2022). 
Desde 2012, no Brasil, o autismo é reconhecido como uma deficiência 
para fins legais, mais especificamente com a criação da Lei Berenice Piana nº 
12.764/ 2012. Apesar da lei utilizar o conceito de deficiência, vale esclarecer que, 
embora o tema seja controverso, na perspectiva da neurodiversidade, o autismo 
é entendido “simplesmente” como uma configuração cerebral diferente, sendo 
então uma variação natural do ser humano. Perspectiva muito compatível com 
os estudos de não-patologização (JAARSMA, WELIN, 2012). 
Segundo Baron-Cohen (2019), se penetrarmos na ampla gama do 
autismo, encontramos diferenças e deficiências, compatíveis com estudos da 
neurodiversidade. Mas podemos encontrar também distúrbios e até doenças 
associadas, mais compatíveis com modelos médicos. O autor, conclui que, todos 
esses aspectos podem ser encontrados em diferentes manifestações de autismo 
e até em comorbidades associadas. Portanto, não se pode negar a 
neurodivergência, pois as pessoas e os cérebros são distintos e às vezes um 
modelo se ajusta bem, outras não. 
Controvérsias à parte, e por tudo o que foi apresentado até o presente 
momento, é importante ter a compreensão de que cada pessoa é única e 
dependerá, ao longo de sua vida, de suportes igualmente únicos. O autismo 
interfere – em maior ou menor proporção; diretamente na qualidade de vida da 
pessoa em quem se manifesta e de seus familiares. E ainda, são pessoas que, 
com os suportes e intervenções adequados, tem potencial para superar as 
dificuldades existentes, melhorando significativamente o prognóstico futuro. Por 
isso também, é uma questão que necessita ser cuidada coletiva e 
colaborativamente. Dessa forma, é preciso que sejam compreendidos os 
http://www.rutgers.edu/
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
9 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
impactos do autismo na vida dos envolvidos. 
 
4. Autismo: Impactos no que Tange ao Direito à Educação 
A educação é uma ferramenta poderosa, capaz de transformar toda uma 
vida. Nessa senda, os principais desafios da educação na perspectiva da 
inclusão são: falta de políticas públicas adequadas e de suporte da sociedade, 
cumprimento efetivo das leis existentes, desconhecimento (e consequente 
preconceito) sobre as especificidades da condição, capacitação dos 
profissionais envolvidos e suportes insuficientes (RODRIGUES et al., 2021). 
A relevância da educação como parte do processo para o pleno 
desenvolvimento da pessoa aparece também na Constituição Federal de 1988, 
em seu artigo nº 205: 
 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). 
 
Além disso, a lei nº 7.853 de 1989 versa sobre apoios às pessoas com 
deficiência, dentre os quais, destaca-se: educação especial5, saúde e recursos 
humanos (formação de profissionais habilitados para atuar nesse nicho). Isto 
posto, fica claro que é responsabilidade conjunta de toda a sociedade (do Estado 
e da família) prover o pleno desenvolvimento da pessoa com autismo. Para isso, 
é preciso ter profissionais da saúde habilitados para identificar e acompanhar o 
desenvolvimento da manifestação, as escolas precisam ter profissionais 
capacitados e, por fim, os pais necessitam de auxílio para que seus filhos sejam 
capazes de se desenvolver da melhor maneira possível. 
Diante do impacto do autismo nas famílias, a literatura reconhece o 
estresse nos pais, intensificado pela sobrecarga de cuidados, tanto emocionais 
quanto financeiros. Interferindo, portanto, nas tarefas domésticas, nas relações 
 
5 Há 3 paradigmas: 1) Segregação, em que as pessoas são distanciadas da sociedade, 
geralmente, em instituições específicas; 2) Integração, em que a pessoa com deficiência começa 
a ter acesso às instituições regulares, mas sem os devidos suportes, às vezes, até em uma sala 
segregada dos ditos “normais”; e 3) Inclusão, em que envolve uma evolução dos paradigmas 
anteriores, que respeita à diversidade e busca favorecer o desenvolvimento, independente das 
dificuldades que a pessoa apresente. No Brasil, atualmente, embora não seja um consenso 
absoluto, a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva é reconhecida como a 
melhor opção. 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
10 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
conjugais, nasaúde física, nos relacionamentos entre irmãos, na família 
estendida, nos amigos, nos vizinhos e no lazer. Naturalmente, e considerando 
até a heterogeneidade da condição, o impacto nem sempre ocorre na mesma 
medida, mas sempre está presente. Todo esse stress parental é importante, pois 
repercute na qualidade de vida de todos os membros da família. (CEZAR, 
SMEHA, 2016; MEIMES et al., 2015; MISQUIATTI et al., 2015; DABROWSKA, 
PISULA, 2010; DILLENBURGER et al., 2010; SCHMIDT, BOSA, 2003). 
E ainda, há uma preocupação recorrente das famílias com relação ao 
futuro de seus filhos. Isso se deve ao fato de que, na ordem natural da vida, os 
pais costumam falecer primeiro. Justificando, então, toda essa inquietude sobre 
aspectos relacionados à autonomia e independência dos seus. Promover, 
portanto, o melhor desenvolvimento possível hoje, visando um futuro ainda 
melhor, ou seja, com mais autonomia e qualidade de vida. Assim, é essencial 
que haja apoios familiares e sociais positivos (BEGUM, MANIN, 2019; 
MACHADO et al., 2018; FÁVERO, SANTOS, 2005). 
O indivíduo com TEA sente, pensa e reage de maneira diferente. 
Impactando na comunicação, nas relações sociais, no comportamento e na 
aprendizagem (de maneiras e ritmos muito individuais). E também, podem 
apresentar: falas disfuncionais ou inexistentes (com literalidade e ecolalia, por 
exemplo), hiper ou hipossensibilidade sensorial, disfunções executivas, rigidez 
cognitiva, hiperfoco em determinados assuntos, foco nos detalhes (não no todo), 
stims e alterações no padrão do sono (DEL MONDE et al., 2018). 
 
5. Perfil Quantitativo: Sobre Quantos Estamos Falando? 
Globalmente, Zeidan et al. (2022) divulgaram uma revisão sobre a 
prevalência do autismo, com dados coletados entre 2012 e 2021, concluindo que 
há aproximadamente 1:100 (um a cada cem) crianças com autismo no mundo. 
Esse estudo é usado como uma das fontes de informação pela própria World 
Health Organization (WHO), em sua página oficial, em língua inglesa. Contudo, 
embora muito válida, verifica-se que não há dados de diversos países, 
comprometendo a qualidade da informação. Conforme pode-se constatar no 
mapa abaixo (Fig. 1): 
 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
11 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
Figura 1. Prevalência do autismo de 2012 a 2021 (ZEIDAN et al., 2022). 
 
Fonte: Zeidan et al. (2022) 
 
E ainda, sabe-se que os Estados Unidos da América (EUA) estão mais 
adiantados no reconhecimento da manifestação e também na tabulação de 
dados, os quais mostram um cenário diferente: 
1) Em 2018, a Health Resources & Services Administration (HRSA), uma 
agência do departamento de saúde do governo estadunidense, em sua 
pesquisa nacional sobre a saúde infantil (National Survey of Children’s 
Health), encontrou uma prevalência de 2,50% (1: 40) de autistas entre 
crianças e adolescentes estadunidenses de 3 a 17 anos de idade, 
apoiados no estudo de Kogan et al. (2018); 
2) Em linha com o estudo anterior, em 2019, o National Health Interview 
Survey (Xu et al. 2019) divulgou uma pesquisa com dados levantados 
entre 2014 e 2016, com crianças e adolescentes estadunidenses, em que 
a prevalência se encontra em 2,47% (1: 40); 
3) Já em 2021, o Center for Disease Control and Preventation (CDC), em 
tradução livre Centro para Controles de Doenças e Prevenções, dos 
Estados Unidos da América, divulgou o estudo de Maenner et al. (2021) 
com dados compilados em 11 diferentes estados dos EUA no ano de 
2018, no Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network 
indicando a prevalência média de 2,30% em crianças de 8 anos de idade 
(1: 44); e 
4) Mais recentemente, em 2022, foi apresentada pelo Journal of American 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9310578/figure/aur2696-fig-0002/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9310578/figure/aur2696-fig-0002/
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
12 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
Medical Association (LI Q, LI Y, LIU B, et al., 2022), uma atualização dos 
dados estimativos dos EUA, baseado em um levantamento realizado 
entre 2019 e 2020, em que concluíram que a prevalência do autismo entre 
crianças e adolescentes era, na realidade, de 3,14% (1: 32). 
No Brasil, até o momento, não existem estimativas confiáveis. Em 2019, 
foi promulgada a Lei nº 13.861/ 2019, que determina a inclusão de perguntas 
relacionadas ao autismo no censo realizado pelo Instituto Brasileiro de 
Pesquisas e Estatísticas (IBGE). A ideia é justamente estimar quantas pessoas 
com autismo há na população brasileira. Ocorreu que esse recenseamento, 
originalmente programado para acontecer em 2020 foi, de forma inédita, adiado 
por conta da pandemia do COVID-19. Em 2021 foi novamente adiado, com 
alegações de falta de recursos para realizá-lo por parte do Governo Federal. 
Por fim, o censo foi iniciado somente em meados de 2022, mas os 
problemas não pararam por aí, pois essa quantificação sobre o autismo não 
estaria presente em 100% dos lares entrevistados, somente uma pequena 
amostra de 11% do total incluiria tais questionamentos, comprometendo o 
resultado como um todo. De qualquer forma, até o momento em que o presente 
artigo está sendo redigido, o IBGE ainda não finalizou o trabalho (BRASIL, 2019; 
O LIBERAL, 2022; FOLHA DIRIGIDA, 2022). 
Dada essa escassez de informações, utiliza-se, no Brasil, informações do 
escritório regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OPAS/ 
OMS) e também da Organização das Nações Unidas (ONU). Em ambos, consta 
uma prevalência de 1 para 160. Não há menção sobre a fonte desses dados, 
que inclusive, no caso da OMS, estão divergentes com a própria organização-
mãe em seu site oficial, que informam 1 para 100. 
 
6. O Quão Distante Estamos da Fifdedignidade dos Dados Estatísticos? 
Uma vez que as políticas públicas devem ser baseadas de acordo com a 
necessidade de sua população, é imprescindível que os dados sejam os mais 
acurados possível. Se for considerada a estimativa mais recente da população 
brasileira, datada de 28/12/2022, em 207.750.291 de habitantes (AGÊNCIA 
BRASIL, 2022) e os estudos de prevalência mencionados na seção anterior, 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
13 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
teríamos as seguintes estimativas (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Estimativa da prevalência do autismo no Brasil 
Ano Fonte Prevalência Local Estimativa de 
autistas no 
BR 
2022 WHO 01:100 Global 2.077.503 
2018 HRSA 01:40 EUA 5.193.757 
2019 NHIS 01:40 EUA 5.193.757 
2021 CDC 01:44 EUA 4.721.598 
2022 JAMA 01:32 EUA 6.492.197 
2022 OPAS/ OMS 01:160 Brasil 1.298.439 
2022 ONU 01:160 Brasil 1.298.439 
Fonte: Memória de cálculo = prevalência X 207.750.291 habitantes. 
 
Como pode-se observar na tabela acima, o número máximo de pessoas 
com autismo chegaria a 6.492.197, e o mínimo a 1.298.439 de pessoas. 
Demonstrando, portanto, uma diferença bastante significativa, que chega a 
5.193.757. Pessoas essas que possivelmente encontram-se na invisibilidade. É 
de se admirar a ausência de estudos robustos versus a quantidade de envolvidos 
e a complexidade da temática, bem como uma falta de cuidado em se manter os 
dados atualizados: sendo que a WHO já considera a prevalência global de 1 
autista para cada 100 pessoas, por que no Brasil ainda se usa, oficialmente, 1 
para cada 160? Somente essa atualização, já adicionaria aproximadamente 
780.000 indivíduos no espectro. 
E ainda, sendo os EUA o país mais avançadoem termos de estatísticas 
para autismo no mundo, e não tendo informações nacionais aprofundadas, seria 
prudente levar em conta, mesmo que provisoriamente, os estudos deles. Pois, 
embora ocorram variações nos estudos estadunidenses, elas são convergentes 
e mais recentes (são estudos realizados com metodologias, grupos, idades e 
regiões diferentes). E o que isso significa? Comparando o levantamento mais 
atual deles Kogan et al. (2022) e os dados utilizados no Brasil (ONU; OPAS/ 
OMS) existiriam, aproximadamente, 5.200.000 pessoas a mais com o 
transtorno. Onde estão essas pessoas? Em se tratando de uma condição 
complexa, não há soluções simples. 
Reforça-se que o assunto não se esgota aqui, pois não se tem 
efetivamente o resultado de uma pesquisa. Trata-se de um levantamento 
baseado em estudos de outro país, que não necessariamente refletem a 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
14 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
realidade brasileira. Por sua vez, esses estudos divergem, muitas vezes, quanto 
à metodologia, nos grupos etários e nas regiões de abrangência, mesmo que 
sejam convergentes nos resultados encontrados. 
 
7. Considerações Finais 
Diante da ausência de estatísticas de prevalência de autismo no Brasil, 
constata-se que o país precisa avançar na identificação dessa população que, 
por sua vez, possui uma condição reconhecidamente complexa e desafiadora, 
tanto no quesito de diagnóstico quanto nos acompanhamentos necessários. 
Como observado em outros estudos científicos, o desconhecimento gera 
preconceitos, discriminação e, frequentemente, exclusão. Favorecer o 
conhecimento minimiza barreiras que eventualmente atrapalham o 
desenvolvimento pleno, possibilita ampliar a visibilidade e promover um melhor 
prognóstico futuro. 
Consequentemente, torna-se necessária a capacitação de profissionais 
da educação e da saúde, para que se tornem aptos a auxiliar nesse processo, 
com a melhor qualidade possível, em busca de garantir, inclusive, os direitos 
previstos na Constituição Federal. 
Não investir na correta identificação e posterior quantificação da 
prevalência, constitui um desperdício do potencial humano, pois, tendo cada ser 
humano a sua individualidade (facilidades, dificuldades e interesses), podem 
eventualmente necessitar de estratégias diferenciadas de ensino-aprendizagem, 
o que só é possível com acesso a profissionais capacitados. Inclusive, ignorar 
as especificidades pode configurar instrumento indireto de violação dos direitos. 
O cenário mais adequado no que tange aos estudos de prevalência de 
autismo seria aquele em que houvesse pesquisas nacionais onde refletissem 
melhor a realidade e as especificidades do país. Afinal, estamos falando de uma 
população de 1,3 milhão ou 6,5 milhões de pessoas no espectro? Fica, portanto, 
a sugestão para que sejam conduzidos novos estudos, algo que é fundamental 
para aprimoramento das políticas públicas visando o correto atendimento dos 
envolvidos e de seus familiares. 
 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
15 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual 
of Mental Disorders. DSM-I. Washington, DC: APA. 1952. 
 
________. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. DSM-II. 
Washington, DC: APA. (1968). 
 
________. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. DSM-III. 
Washington, DC: APA. 1980. 
 
________. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. DSM-IV. 
Washington, DC: APA, 1994. 
 
________. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: 
DSM‑5 (5a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed. 
 
ARAÚJO, Álvaro Cabral; LOTUFO NETO, Francisco. A nova classificação 
Americana para os Transtornos Mentais: o DSM-5. Revista brasileira de 
terapia comportamental e cognitiva, v. 16, n. 1, p. 67-82, 2014. 
 
BARON-COHEN, Simon. The concept of neurodiversity is dividing the autism 
community. Scientific American, v. 30, 2019. 
Begum, R & Manin, F. Impact of Autism Spectrum Disorder on Family, 2019. 
Disponível em: https://www.longdom.org/open-access/impact-of-autism-
spectrum-disorder-on-family.pdf 
 
BOGGS, Will. ‘Autisms’a More Appropriate Term than ‘Autism,’Geneticists 
Say. Scientific American, v. 26, 2015. 
 
BRASIL. Constituição da República federativa de Brasil de 1988. Disponível 
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 
 
______. Lei nº 7.853: Apoio às pessoas com deficiência, 1989. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm 
 
______. Lei nº 12.764: Política de Proteção dos Direitos da Pessoa com 
Transtorno do Espectro Autista. Brasília, 2012. Disponível em: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. 
Último acesso em: 03/01/2023. 
 
______, Governo. Ministério da Saúde, Conselho Nacional de 
Saúde. Resolução, v. 196, p. 96, 2012. 
 
______. Ministério da Saúde. Linha de cuidado para a atenção integral às 
pessoas com transtorno do espectro do autismo e suas famílias no sistema 
único de saúde. Brasília, 2013. Disponível em: 
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1386068946autismo_parte_001.pd
f. Último acesso em: 26 de dezembro de 2022. 
https://www.longdom.org/open-access/impact-of-autism-spectrum-disorder-on-family.pdf
https://www.longdom.org/open-access/impact-of-autism-spectrum-disorder-on-family.pdf
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
16 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
______. Lei nº 13.861: Inclusão do Transtorno do Espectro Autista nos censos 
demográficos. Brasília, 2019. Disponível em: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13861.htm. 
Último acesso em: 03/01/2023. 
 
CEZAR, Pâmela Kurtz; SMEHA, Luciane Najar. Repercussões do autismo no 
subsistema fraterno na perspectiva de irmãos adultos. Estudos de Psicologia 
(Campinas), v. 33, p. 51-60, 2016. 
 
CHRISTENSEN, Deborah L. et al. Prevalence and characteristics of autism 
spectrum disorder among children aged 4 years—early autism and 
developmental disabilities monitoring network, seven sites, United States, 2010, 
2012, and 2014. MMWR Surveillance Summaries, v. 68, n. 2, p. 1, 2019. 
 
CZECH, Herwig. Hans Asperger, national socialism, and “race hygiene” in Nazi-
era Vienna. Molecular autism, v. 9, n. 1, p. 1-43, 2018. 
 
DABROWSKA, Anna; PISULA, Ewa. Parenting stress and coping styles in 
mothers and fathers of pre‑school children with autism and Down 
syndrome. Journal of intellectual disability research, v. 54, n. 3, p. 266-280, 
2010. 
 
DEL MONDE, R. Entendendo a genética do autismo. 2017. Disponível em: 
Instituto Lagarta Vira Pupa - 
https://www.lagartavirapupa.com.br/post/entendendo-a-gen%C3%A9tica-do-
autismo. Acesso em: 07 fev. 2023. 
 
DEL MONDE, et al. O que é o autismo? 2018. Disponível em: 
http://comunicandodireito.com.br/o-que-e-autismo/,. Acesso em: 05 fev. 2023. 
 
DILLENBURGER, Karola et al. Living with children diagnosed with autistic 
spectrum disorder: parental and professional viewsbjsp_455 13. 23. 2010. 
 
DUNKER, Christian Ingo Lenz. Questões entre a psicanálise e o DSM. Jornal 
de Psicanálise, v. 47, n. 87, p. 79-107, 2014. 
 
DURVAL, Rui. As esquizofrenias segundo Eugen Bleuler e algumas concepções 
do século XXI. Revista de Psiquiatria de Lisboa, v. 25, p. 208-221, 2011. 
 
FÁVERO, Maria Ângela Bravo; SANTOS, Manoel Antônio dos. Autismo infantil e 
estresse familiar: uma revisão sistemática da literatura. Psicologia: reflexãoe 
crítica, v. 18, p. 358-369, 2005. 
 
FEITOSA, Giulliany Gonçalves et al. Concepções e expectativas parentais 
sobre o filho com transtorno do espectro autista. 2020. 
 
GERNSBACHER, Morton Ann; DAWSON, Michelle; HILL GOLDSMITH, H. 
Three reasons not to believe in an autism epidemic. Current directions in 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13861.htm
http://comunicandodireito.com.br/o-que-e-autismo/
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.3|e1225| p.01-18 |2023 
17 
 Juliana Marques de Souza Freire, Gisele Silva Nogueira 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
psychological science, v. 14, n. 2, p. 55-58, 2005. 
 
JAARSMA, Pier; WELIN, Stellan. Autism as a natural human variation: 
Reflections on the claims of the neurodiversity movement. Health care analysis, 
v. 20, p. 20-30, 2012. 
 
KANNER, Leo et al. Autistic disturbances of affective contact. Nervous child, v. 
2, n. 3, p. 217-250, 1943. 
 
KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Brazilian Journal 
of Psychiatry, v. 28, p. s3-s11, 2006. 
 
KOGAN, Michael D. et al. The prevalence of parent-reported autism spectrum 
disorder among US children. Pediatrics, v. 142, n. 6, 2018. 
 
LI, Qian et al. Prevalence of autism spectrum disorder among children and 
adolescents in the United States from 2019 to 2020. JAMA pediatrics, v. 176, n. 
9, p. 943-945, 2022. 
 
LUPINDO, Bomikazi M.; MAW, Anastasia; SHABALALA, Nokuthula. Late 
diagnosis of autism: exploring experiences of males diagnosed with autism in 
adulthood. Current Psychology, p. 1-17, 2022. 
 
MACHADO, Mônica Sperb; LONDERO, Angélica Dotto; PEREIRA, Caroline 
Rubin Rossato. Tornar-se família de uma criança com transtorno do espectro 
autista. Contextos Clínicos, v. 11, n. 3, p. 335-350, 2018. 
 
MAENNER, Matthew J. et al. Prevalence and characteristics of autism spectrum 
disorder among children aged 8 years—autism and developmental disabilities 
monitoring network, 11 sites, United States, 2018. MMWR Surveillance 
Summaries, v. 70, n. 11, p. 1, 2021. 
 
MEIMES, Maira Ainhoren; SALDANHA, Helena Castro; BOSA, Cleonice 
Alves. Adaptação materna ao transtorno do espectro autista: relações entre 
crenças, sentimentos e fatores psicossociais. Psico., v. 46, nº. 4, pág. 412-422, 
2015. 
 
MISQUIATTI, Andréa Regina Nunes et al. Sobrecarga familiar e crianças com 
transtornos do espectro do autismo: perspectiva dos cuidadores. Revista 
CEFAC, v. 17, p. 192-200, 2015. 
 
NOGUEIRA, Maria Assunção Almeida; RIO, S. C. M. M. A família com criança 
autista: apoio de enfermagem. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde 
Mental, v. 5, n. 1, p. 16-21, 2011. 
 
PAIVA, Carlos Henrique Assunção. A Organização Pan-americana da Saúde 
(Opas) e a reforma de recursos humanos na saúde na América Latina (1960-
70). Rio de Janeiro: COC/Fiocruz-OPAS/OMS, 2004. 
 
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.2|e1225| p.01-18 |2023 
18 
 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREVALÊNCIA DO AUTISMO NO BRASIL: UMA 
REFLEXÃO SOBRE INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
____________________________________________________________________________ 
 
 
 
RODRIGUES, D; JESUS, E; SILVA, R. O desafio da inclusão escolar de 
crianças com autismo. Disponível em: 
https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/17595/1/artigo%20I
nclus%C3%A3o%20Denise%2C%20Elisleide%2C%20Renataconcluido.pdf, 
2021 
 
SCHMIDT, Carlo; BOSA, Cleonice. A investigação do impacto do autismo na 
família: Revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo. Interação 
em Psicologia, v. 7, n. 2, 2003. 
 
STELZER, F. G. Uma pequena história do autismo (Vol. 1). São Leopoldo, RS: 
Associação Mantenedora Pandorga, 2010. 
 
VARGAS, Rosanita Moschini; SCHMIDT, Carlo. Autismo e esquizofrenia: 
compreendendo diferentes condições. Anais) EducaSul: Florianópolis. 
Disponível em: http://w3. ufsm. br/edea/images/ARTIGOS/Rosanita% 
20Moschini% 20Vargas. pdf, 2011. 
 
WOLFF, Sula. The history of autism. European child & adolescent psychiatry, 
v. 13, p. 201-208, 2004. 
 
WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Meeting report: WHO technical 
consultation: nutrition-related health products and the World Health 
Organization model list of essential medicines–practical considerations 
and feasibility: Geneva, Switzerland, 20–21 September 2018. World Health 
Organization, 2019. 
 
XU, Guifeng et al. Prevalence and treatment patterns of autism spectrum disorder 
in the United States, 2016. JAMA pediatrics, v. 173, n. 2, p. 153-159, 2019. 
 
ZEIDAN, Jinan et al. Global prevalence of autism: A systematic review 
update. Autism Research, v. 15, n. 5, p. 778-790, 2022.

Mais conteúdos dessa disciplina