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DOENÇAS PARASITÁRIAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS • BABESIOSE • é endêmica no Brasil • acomete tanto cães (mais comum) quanto gatos, apesar de em felinos ser muito difícil de ocorrer • também pode acometer equinos, comum • transmissão → CARRAPATO • agente etiológico → protozoário BABESIA SP. • NO BRASIL → a principal babesia causadora da babesiose em cães é a BABESIA VOGELI • B.vogeli → não é tão patogênica, ou seja, é responsável por muitos casos subclínicos, onde o animal está parasitado mas não apresenta sinais clínicos • B. Canis → a mais patogênica, NÃO EXISTE NO BRASIL; acomete mais animais na América do Norte, na África e Ásia; debilita muito o animal, ele chega à clínica já apresentando sinais clínicos muito graves • B.rossi e B.gibsoni → mais na África e Ásia • em felinos, os agentes descritos na literatura são → B.felis, B.cati (espécie nova, ainda e estudos) e B.canis (já foram relatados casos) • a babesiose felina pode ser que não seja comum pela falta de diagnóstico • EPIDEMIOLOGIA - os casos da doenças vão depender de alguns pontos, como: - sazonalidade do vetor → o carrapato infectado Rhipicephalus sanguineus transmite por meio da picada - a transmissão também pode ocorrer por transfusão sanguínea → muitas vezes, a transfusão é feita em casos de urgência, e por isso não dá tempo de fazer testes para saber se o animal possui alguma hemoparasitose - também pode haver transmissão iatrogênica (por agulha compartilhada contaminada), mais comum em grandes animais - a prevalência no Brasil da babesiose canina é de cerca de 36 a 67% (na realidade, pode ser menor), a da felina não se sabe pois não se tem os dados, provavelmente pelos casos não serem diagnosticados corretamente • PATOGENIA (o que a Babesia vai fazer dentro do organismo do animal) - a Babesia é intraeritrocitária, ou seja, “mora” dentro dos eritrócitos/hemácias e não conseguem viver muito tempo fora deles - como a Babesia vive dentro da hemacia, então seu ciclo reprodutivo assexuado é feito também dentro dela, ela fica “escondida” nela e se multiplica dentro dela e acaba causando hemólise (destruição da hemácia) *todas as babesias citadas são as GRANDES BABESIAS - outra forma de hemólise por parte da Babesia → ação dos Ac (anticorpos), pois a Babesia é considerada um Ag por ser algo estranho ao corpo; quando a babesia entra no corpo, as células dos anticorpos serão ativados para tentar destruí-la e, como a babesia está dentro das hemácias, os anticorpos acabam que destruindo as hemácias junto - consequência da hemólise → anemia regenerativa, pois o agente etiológico não está localizada na medula óssea destruindo diretamente os precursores do eritrócitos; então, ainda há a produção dos eritrócitos, que são jogados na corrente sanguínea, tem como “reverter” - dependendo do grau da anemia, o animal pode precisar de uma transfusão (é comum) - B. Vogeli → menos patogênica, causa o quadro subclínico, ou seja, o animal pode apresentar só uma febre sem causa aparente, depois passa e volta ao normal etc. Não chega a causar sinais clínicos capazes de debilitá-lo assim que é parasitado - CÃES FILHOTES OU JOVENS/ANIMAIS COM IMUNIDADE JÁ COMPROMETIDA → quando infectados pela babesia, mesmo sendo a B.vogeli, os sintomas são MAIS GRAVES, têm sinais mais AGUDOS • SINAIS CLÍNICOS - animais assintomáticos → alterações clínicas brandas (apenas hipertermia etc.); geralmente não apresenta alterações hematológicas nos exames, por isso é difícil identificar os portadores assintomáticos; possuem uma boa resposta humoral - animais sintomáticos → anemia, letargia, febre mucosas pálidas (devido a anemia), hepatoesplenomegalia (pelo baço reter as células mortas, terá muitas hemácias mortas), icterícia (dentro das hemácia há bilirrubinas, que acabam sendo liberadas, causando a coloração amarela em alguns órgãos pela acumulação dela neles), hemoglobinúria (hemoglobina na urina; comum; a urina fica escura), perda de peso, desidratação, trombocitopenia (as plaquetas também estarão sendo afetadas/destruídas) - os sinais clínicos podem ser confundidos com o da erliquiose, por isso é importante se ater ao animal como um todo, interpretar os exames da forma correta - sinais clínicos em GATOS → anorexia, febre, letargia, anemia macrocítica hipocrômica regenerativa e icterícia; geralmente, os gatos infectados por babesia já possuem alguma outra doença concomitante, ou seja, uma coinfecção • DIAGNÓSTICO - pedir um exame de sangue e observar as alterações hematológicas → trombocitopenia, anemia, leucocitose ou leucopenia (neutrofilia, neutropenia, linfopenia e monocitose) *leucocitose → na fase inicial leucopenia → babesiose crônica - alterações bioquímicas → aparecem com menor frequência; hiperglobulinemia (aumento dos Ac), hiperbilirrubinemia, acidose metabólica, azotemia (devido a alterações na função renal) - teste de aglutinação de hemácias - esfregaço da ponta da orelha (se der negativo, não quer dizer que o animal não está parasitado) → pega um pouco de sangue da ponta da orelha, faz um esfregaço e cora; a ponta da orelha é um dos locais de predileção e de fácil obtenção de amostra - os mais utilizados na clínica são os sorológicos e moleculares, mas o mais utilizados em si são os moleculares → PCR (identificação da espécie); painéis - o sorológico não é tão utilizado quando o molecular (PCR) pois às vezes o animal demora um tempo para produzir anticorpos contra a babesia, podendo dar um falso negativo; anticorpos IgG anti-babesia-RIFI (o mais utilizado) - ELISA - post-mortem (necrópsia) → observação do amarelamento dos tecidos (icterícia), esplenomegalia, hepatomegalia, linfadenomegalia (aumento dos linfonodos), pontos hemorrágicos (hemorragias) - é necessário fazer o diagnóstico diferencial tanto para post-mortem quanto para ante-mortem → anemia hemolítica imunomediada (doença autoimune), leptospirose e erliquiose • TRATAMENTO - Dipropionato de Imidocarb → 5 a 6,6mg/kg, SC, 2 doses com intervalo de 14 dias entre elas, por possuir efeitos colinérgicos, associar com a atropina - Atropina → 0,04mg/kg, SC, aplicar 15min antes do Dipropinato de Imidocarb - outra opção é o Diaceturato diaminazene → 3 a 5mg/kg, SC, dose única; a dose é para pequenos (cão), mas esse medicamento é muito utilizado para grandes animais - além disso, faz-se também a terapia de suporte, para tratar os sinais que o animal apresentar→ fluidoterapia, transfusão sanguínea etc. - tratamento para GATOS → fosfato de primaquina → 0,5mg/kg, VO, 1x ao dia, durante 3 dias* *tomar muito cuidado pois a dose curativa é muito próxima da dose letal → 1mg/kg • PROFILAXIA E CONTROLE - controle do vetor → carrapatos; explicar ao tutor a importância de eliminá- los, seja por uso da coleira, pipeta etc.; as fêmeas geralmente ficam nas paredes - identificação de uma infecção subclínica → difícil pois são sinais esporádicos e muitas vezes inespecíficos - identificação de regiões com cepas patogênicas → mais para outros continentes, pois no Brasil só há a vogelis - vacina → só há na Europa, é para a N.canis por ela ser muito patogênica • BABESIOSE EQUINA (PEQUENAS BABESIAS) • ETIOLOGIA - B.caballi → após 4 anos, o animal pode ser “livre” da doença, uma “cura parasitológica) - Theileria equi → permanente, ou seja, mesmo fazendo o tratamento o animal ainda é portador, há a diminuição da carga parasitária mas assim que a imunidade do animal cair, ela volta a se manifestar • EPIDEMIOLOGIA - a doença depende da presença dos vetor → carrapatos Dermacentor nitens (cavalos) e Rhipicephalus (boophilus) microplus (comuns em bovinos) • PATOGENIA - por serem intraeritrocitárias, causam hemólise e anemia - a T.equi é a mais patogênica, pode ser transmitida, além dos carrapatos, por via transplacentária - coagulação intravascular disseminada (CID) → pode causar morte súbita - portadores crônicos (principalmente os que estão com a T.equi, que é permanente) → quando submetidos a exercíciosou a condições estressantes (como o transporte, por exemplo), as babesias serão reativadas e o animal pouco tempo depois irá começar a apresentar a sintomatologia da babesiose - para animais portadores da B.caballi, há uma proteção para as crias por meio do colostro, porém essa proteção só dura por 5 meses; a mãe passa os anticorpos para a cria* *não se aplica à T.equi • SINAIS CLÍNICOS - são variáveis e inespecíficos, mas os principais são → anemia (pela destruição das hemácias), trombocitopenia, leucograma variável (dependendo da fase que o animal está), podem haver casos hiperagudos, agudos e crônicos