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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Michelle Micarelli Struett 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Ao longo da história evolutiva, os Synapsidas passaram por diversas 
mudanças, como a fragmentação do supercontinente, as mudanças climáticas 
extremas, como as glaciações e, consequentemente, muitas espécies se 
extinguiram. Ainda assim, este grupo teve sucesso na diversificação e 
expansão da colonização do habitat terrestre, aquático e até aéreo. Além disso, 
os mamíferos são os sinapsídeos viventes que mais chamam nossa atenção, 
provavelmente pela proximidade evolutiva, por conter olhos grandes e serem 
peludos, tornando-os criaturas fofas para nós. Alguns até foram domesticados 
pelos humanos e tornaram-se animais de estimação (cães e gatos), de trabalho 
(cavalos) ou fonte de alimento (gados e porcos). Esta etapa envolverá o grupo 
Synapsida (mamíferos atuais e Synapsida não mamíferos), o objetivo é fazer 
você compreender sobre a origem e diversificação dos sinapsídeos, além de 
analisar as características gerais e entender a diversidade e filogenia dos 
principais grupos de mamíferos, inclusive a origem e as características 
anátomo-fisiológicas de nós humanos. 
TEMA 1 – ORIGEM E DIVERSIFICAÇÃO DA LINHAGEM DOS SYNAPSIDAS 
Conforme vimos anteriormente, os amniotas se dividiram em duas 
linhagens de acordo com o padrão das aberturas temporais no crânio e ocorreu 
no Carbonífero Superior (300 milhões de anos): Sauropsida (répteis e aves 
atuais) e Synapsidas (mamíferos). Porém, nem só de mamíferos é composta 
esta última linhagem mencionada, eles eram abundantes e exploraram uma 
ampla variedade de habitats terrestres. Durante o Permiano, eram o grupo 
mais abundante de vertebrados e posteriormente tornaram-se animais 
carnívoros topo de cadeia. 
 Os Synapsida são vertebrados, como o próprio nome menciona, que 
possuem crânio sinapsida, ou seja, uma única abertura temporal atrás do 
orifício ocular, que foi sofrendo modificações ao longo da linhagem. Você 
facilmente consegue perceber essa ligação muscular entre o crânio e a 
mandíbula na nossa fossa temporal, coloque seu dedo acima do osso 
zigomático próximo ao olho, agora mova sua mandíbula para cima e para baixo 
e você sentirá a contração muscular (região em vermelho na Figura 1). 
 
 
3 
Figura 1 – Posição do músculo temporal interligado ao músculo mandibular no 
crânio humano 
 
Créditos: Toonzzz/ Adobe Stock. 
Os Synapsidas eram vertebrados de médio a grande porte, terrestres 
e quadrúpede com cinco dígitos nos membros, sua excreção é por meio de 
um rim eficiente que produz ureia. Veremos a seguir as principais mudanças 
entre os principais grupos de Synapsida não mamíferos (Pelycosauria e 
Therapsida) e os primeiros mamíferos. 
1.1 Pelycosauria - pelicossauros 
De relação ainda sendo estudada, os Pelycosauria provavelmente são 
um grupo parafilético, entretanto, esses animais primitivos irradiaram no 
Carbonífero e eram herbívoros, como os Edaphosaurus, e carnívoros de 
peixes e anfíbios, como os Ophiacodon. A principal característica dos 
pelicossauros (apesar de ser a minoria) é a presença de uma “vela” no dorso 
representado pelos esfenacodontes e edafossaurídeos (Figura 2). Acredita-se 
que esta vela (expansão corporal) pode estar associada à obtenção de maior 
quantidade de luz solar para sua termorregulação. Também, apresentam uma 
cauda longa e pesada, um palato arqueado e uma lâmina inflectada na 
mandíbula inferior dos esfenacodontes (que ficou mais proeminente nos 
terapsídeos), esta foi uma adaptação importante no surgimento da orelha 
média nos mamíferos (Pough, 2008). Os pelicossauros foram extintos no final 
 
 
4 
do Permiano devido a mudanças climáticas como chuva ácida e atividades 
vulcânicas. 
Figura 2 – Um dos sinapsídeos primitivos mais conhecidos: Dimetrodon 
(Sphenacodontidae) 
 
Créditos: Herschel Hoffmeyer/ Shutterstock. 
1.2 Therapsida - terapsídeos 
Os terapsídeos tiveram origem no Permiano e até o Triássico foi um 
período de muitas mudanças climáticas e assim muitas espécies se 
extinguiram. No entanto, a diversidade destes animais, principalmente no fim 
do Triássico, deu-se pela locomoção mais ativa, membros mais elevados e, 
também, pela especialização alimentar (cavar, pastar, comer raízes). Essa 
locomoção só foi possível porque os terapsídeos mais derivados 
desenvolveram um diafragma, um músculo que divide a cavidade torácica e 
abdominal do corpo. Este músculo auxilia na respiração por meio da contração 
e relaxamento dos pulmões, assim era possível e eficiente o animal correr e 
respirar ao mesmo tempo, porque não dependia da contração do tronco, como 
nos ancestrais. Além disso, a perda de costelas lombares e perda da 
gastrália (costela abdominal encontrado nos Archosauria) também foram 
importantes nesse processo respiratório, que é encontrado até nos mamíferos 
viventes. 
 
 
5 
Os terapsídeos eram bem diversificados, poderiam ter animais com 
hábito herbívoro, insetívoro e carnívoro, provavelmente tinham algum tipo de 
pelos, tamanho corporal e cabeça grandes. Outras características como 
abertura temporal maior para a inserção dos músculos maiores (adutores) 
para mastigação, presença de um dente canino maior, incisivos e pós-
caninos (Pough, 2008). Também haviam tamanhos menores (não passavam 
do tamanho de um cachorro) como os cinodontes (Figura 3), que eram uma 
das linhagens dos terapsídeos mais bem-sucedidos naquela época. Estes 
animais possuem características derivadas e que tornaram muito próximos aos 
mamíferos que conhecemos hoje em dia. Assim, possuíam dentes com séries 
molares multicuspidadas, eram carnívoros, tiveram um aumento do forame 
infraorbital, fornando um rosto enervado e sensorial, e possuíam uma 
projeção do calcâneo que auxiliava no suporte do peso durante a corrida. Por 
fim, a formação de um palato secundário, assim era possível respirar e se 
alimentar simultaneamente. 
Figura 3 – Réplica de cinodonte (Therapsida) do período Triássico 
 
Créditos: Adwo/Adobe Stock. 
Há algumas evidências do Triássico de que estes animais eram 
endotérmicos. Provavelmente, a produção do calor só foi possível a altas 
taxas metabólicas e devido às modificações nos sistemas respiratórios, 
locomotores e cardiovascular para suprir a quantidade de oxigênio necessária 
para os músculos na locomoção ativa. Também, há hipóteses de que a 
endotermia pode ter sido selecionada primariamente para aquecer os ovos e 
assim acelerar o crescimento dos embriões (Pough, 2008). 
1.3 Os primeiros mamíferos 
 
 
6 
Há 200 milhões de anos, no Triássico (Mesozoico), surgiram os 
primeiros mamíferos propriamente ditos. Estes mamíferos são os últimos 
cinodontes restantes que prosperaram no Cretáceo após a extinção dos 
dinossauros. Uns dos primeiros mamíferos conhecidos foram os 
Morganucodon e Megazostrodon (Figura 4). O primeiro possuía uma glândula 
no canto interno do olho chamada glândula harderiana, esta tem aspecto 
oleoso com função de proteger os pelos quando esses animais transferem 
essa substância da sua pata para o corpo. 
Os mamíferos primitivos eram pequenos (tamanho do musaranho) e 
com crânio grande, lobo olfatório grande (sistema sensorial mais complexo), 
hábito noturno e insetívoros, dentes difiodontes cobertos com esmalte 
(dentes que são substituídos ao longo da vida, os “dentes de leite”, exceto os 
molares) e seus molares superiores encaixam com os dois inferiores (oclusão 
precisa). Esse tipo de dentição associado à mastigação com movimento 
rotativo da mandíbula auxilia no corte do alimento em pedaços menores para 
facilitar a digestão. Em relação à reprodução, provavelmente eram ovíparos. 
Figura 4 – Mamíferos primitivos Morganucodon e Megazostrodon 
 
 
 
Créditos: Miha de/Shutterstock. 
 
 
 
 
 
Créditos: Liliya/Adobe Stock. 
 
 
A lactação provavelmente surgiu antesda amamentação, há 
hipóteses que sugerem que as glândulas sebáceas e mamárias eram 
associadas, assim secretavam substâncias orgânicas que a princípio eram 
feromônios para reconhecimento e cuidado parental. Também podiam fornecer 
reserva nutritiva extra para os ovos, além de proteção microbiana (que é uma 
 
 
7 
propriedade do leite). Por fim, o surgimento da lactação foi importante porque 
permitiu gerar filhotes em qualquer época do ano, ou seja, não depende da 
disponibilidade de recurso alimentar para nutrição, porque havia o leite 
materno. 
TEMA 2 – MAMÍFEROS: CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Uma das características mais marcantes quando se fala em mamíferos é 
a presença de glândulas mamárias (derivado do nome do grupo) e de pelos 
de queratina (em fase embrionária ou reduzido), provenientes das glândulas 
pilíferas. Estes pelos são órgãos sensoriais e auxiliam na retenção do calor 
corporal, camuflagem e isolamento da água (aquáticos). Os “bigodes” de 
roedores e carnívoros (por exemplo, gatos) são pelos especializados 
conhecidos como vibrissas (Kardong, 2010). Também, apresentam outras 
glândulas no tegumento, como as sudoríparas (suor para esfriar), sebáceas 
(sebo para lubrificar os pelos), salivares (digestão na boca) e alguns podem ter 
glândula de cheiro (Patricio-Costa, 2021). Associado a isso, podem apresentar 
anexos da epiderme, como as unhas, garras ou casco, que são localizados 
na extremidade dos dígitos dos membros. Além de chifre (macho veado) e 
cornos (bovídeos, caprinos e ovinos), ambos são ossos protuberantes no 
crânio e podem ser usados para defesa ou disputa entre machos para obter 
parceiras. 
Os mamíferos apresentam uma mandíbula única com dentes 
difiodontes, músculos faciais (por isso, podem fazer expressões), sistema 
sensorial bem aguçado (evoluíram com hábitos noturnos), capacidade de 
amamentação e lactação que variam entre as espécies. A termorregulação é 
do tipo endotérmica e possuem tecido adiposo (isolamento térmico e reserva 
energética), apresentam coração com quatro cavidades separadas (dois 
átrios e dois ventrículos), e a aorta é voltada para o lado esquerdo. Por fim, 
seus pulmões são lobados e mais complexos, a troca gasosa ocorre nos 
alvéolos. Por fim, abordaremos um pouco sobre as características gerais das 
Subclasses Monotremata e Theria (Metatheria e Eutheria). 
 
 
 
 
 
 
8 
2.1 Monotremata - monotremados 
As características dos monotremados provavelmente são muito 
semelhantes aos mamíferos mais primitivos. Estes animais ainda botam ovos 
(ovíparos) e assim possuem cloaca. Também, possuem um bico córneo com 
receptores eletromagnéticos, ausência de dentes quando adultos, orelha 
sem aurícula (orelha externa) e cóclea não é enrolada parcialmente, 
presença de glândula mamária (porém sem mamilos) e sudoríparas (não tão 
eficientes) e são endotérmicos. Este grupo é composto pelos ornitorrincos e 
os equidnas. 
2.2 Theria – marsupiais e placentários 
 As características gerais dos térios são: vivíparos (embrião desenvolve 
dentro da fêmea), presença de mamilos nas mamas, orelha com aurícula 
(orelha externa) e cóclea enrolada pelo menos duas vezes. Além disso, há 
uma diversidade de no crânio, dentição e na cintura escapular nas espécies. 
Por fim, há aberturas distintas para sistema urinário e reprodutor 
(substituição da cloaca), aqui o órgão copulatório possui um canal para eliminar 
a urina. 
 Os térios são divididos em Metatheria (marsupiais) e Eutheria 
(placentários), basicamente suas maiores diferenças se dão nos aspectos 
reprodutivos. Assim, os marsupiais são aqueles mamíferos em que as fêmeas 
apresentam uma expansão da pele para abrigar o filhote (marsúpio) e são 
representados pelos gambás, coalas, toupeiras e cangurus. Já os placentários 
são animais cujos embriões se desenvolvem no útero ligados por uma 
placenta, estes são todos os mamíferos restantes. 
 Já nos aspectos morfológicos, os Metatheria apresentam um crânio com 
osso nasal alargado e ausência de bula timpânica, enquanto no Eutheria o 
osso nasal é retangular, e apresentam bula timpânica. Além disso, nos 
metatérios há substituição do último pré-molar e possuem mais dentes 
incisivos que nos eutérios, que também não trocam os molares. Nos 
esqueletos, houve perda dos ossos epipúbicos nos eutérios (Figura 5), 
facilitando a expansão do quadril durante um parto e a corrida em forma de 
galope, enquanto os metatérios ainda os possuem. 
 
 
 
9 
Figura 5 – Diferenças no esqueleto do marsupial Vombatus ursinus 
(Metatheria) e do placentário Addax nasomaculatus (Eutheria) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos: Mayer/ Adobe Stock. 
 
Créditos: Mayer/ Adobe Stock. 
 
OOSSSSOOSS EEPPIIPPÚÚBBIICCOOSS 
 
 
10 
TEMA 3 – MAMÍFEROS: DIVERSIDADE E FILOGENIA 
No início do Cenozoico ocorreu a irradiação dos mamíferos atuais dos 
terapsídeos, estes já eram de formas corporais maiores. Provavelmente, a 
grande diversidade ecomorfológica dos mamíferos se deu por processos de 
dispersão, isolamento de espécies e pela evolução convergente devido à 
fragmentação da Pangea, bem como pelos climas instáveis que perduraram 
naquela época promovendo assim essas diferenciações. Assim, onde era a 
Laurásia (África e Madagascar) praticamente consiste em eutérios, na Oceania 
tem Monotremata, Metatheria e Eutheria, e o Novo Mundo contém os dois 
últimos grupos mencionados. 
Os mamíferos podem ser animais pequenos, como camundongos, até 
animais que pesam toneladas, como as baleias. Inclusive, apresentam os 
maiores vertebrados do mundo, tanto terrestre quanto aquáticos. Também, 
habitam locais terrestres com hábitos fossorial, dulcícola, marinho, geleira, 
arborícola, marinho e voador (Patricio-Costa, 2021). Atualmente, há mais de 
5.000 espécies de mamíferos no mundo distribuídas em 26 ordens. Somente 
no Brasil, há 770 espécies, sendo que as mais numerosas são as ordens 
Rodentia, Chiroptera e Primates (Abreu, 2021). Por fim, falaremos um pouco 
sobre a filogenia e a diversidade encontrada nos Monotremata e Theria 
(Figura 6). 
 
 
 
11 
Figura 6 – Relações filogenéticas dos mamíferos 
 
Créditos: Aliaksandr Radzko/ Shutterstock. 
Créditos: Pinare/ Shutterstock. 
Créditos: Credo Graphics/ Shutterstock. 
3.1 Monotremata - monotremados 
 Os monotremados atuais compreendem apenas uma ordem com duas 
famílias, Ornithorhynchidae e Tachyglossidae (Figura 7), e são encontrados na 
Austrália, Tasmânia e Nova Guiné. Os ornitorrincos são semiaquáticos e se 
alimentam de invertebrados aquáticos, enquanto as equidnas são terrestres 
e com o auxílio de uma língua longa capturam formigas e cupins para se 
alimentarem. Ambos ocupam tocas e túneis. 
 
 
 
12 
Figura 7 – Animais monotremados: ornitorrinco (Ornithorhynchidae) e equidna 
(Tachyglossidae) 
 
 
 
 
Créditos: Lukas/ Adobe Stock. 
 
 
 
 
 
Créditos: Pelooyen/ Adobe Stock. 
 
3.2 Theria – marsupiais e placentários 
 Os eutérios irradiaram no fim do Mesozoico e sua distribuição atual é 
diferente daquele período devido à fragmentação da Pangea em Laurásia 
(norte) e Gondwana (sul). Por exemplo, a maioria dos marsupiais hoje é 
encontrada na Austrália, no entanto, sua origem se deu na América do Norte 
(Novo Mundo). Os eutérios são um grupo bem diversificado e determinar as 
relações entre os grupos é difícil, porque a filogenia se altera bastante se são 
considerados caracteres morfológicos ou moleculares. Isso se deve 
provavelmente porque houve uma rápida diversificação deste grupo. 
Os edentados (Superordem Xenarthra) são considerados o grupo mais 
primitivo dos eutérios, não possuem dentes (tamanduás) ou sua dentição é 
bem simplificada (tatus e preguiças). A Ordem Insectivora, como o próprio 
nome diz, são animais que se alimentam de insetos, como os musaranhos e as 
toupeiras. Os Ungulatos é a maior Superordem e compreende os mamíferos 
que possuem cascos, sendo dividido em artiodáctilos(gado, rena, girafa), 
porque possuem número de dedos pares, e em perissodáctilos (zebra e 
rinoceronte), número ímpar de dedos. A Ordem Carnívora é constituída por 
carnívoros (dentes carniceiros - lobo, raposa, cães, gatos) e alguns herbívoros 
como os pandas e os pinípedes, representados pelas formas aquáticas: focas, 
leões-marinhos e morsas. Os roedores, camundongos, capivara, cutia e paca 
 
 
13 
constituem a maior ordem (Rodentia). A Ordem Primates com 
aproximadamente 300 espécies, é composta pelos prossímios – lêmures, 
társios e Lóris e os Primatas derivados, os antropoides – macacos, símios 
(gorilas, chimpanzés e orangotangos) e humanos. 
Os marsupiais (Figura 8) podem ser divididos em pelo menos quatro 
linhagens e são encontrados em toda a América e na Oceania. A maior 
diversidade deste grupo é representada pelos diprotodontios (Figura 9), 
recebem este nome porque seu par de incisivos inferiores são alinhados para 
frente, como os cangurus, coalas e vombates. A ordem Didelphimorphia 
(gambás), com aproximadamente 95 espécies, é adaptada para locomoção 
terrestre, arborícola, semiaquática e escalada. A Superordem Australidelphia 
é constituída por carnívoros dasiurídeos, como os gatos e camundongos 
marsupiais e o famoso Diabo-da-Tasmânia. 
Figura 8 – Diversidade de marsupiais (Metatheria) 
 
Créditos: Alexander Potapov/ Adobe Stock. 
 
 
 
 
14 
Figura 9 – Crânio e dentição dos diprotodontios 
 
Créditos: Satirus/Adobe Stock. 
TEMA 4 – MAMÍFEROS: ESPECIALIZAÇÕES 
Vimos que a diversificação de mamíferos é enorme, neste tópico 
veremos algumas adaptações especializadas que as espécies apresentam 
para determinado tipo de item alimentar e de locomoção conforme o habitat em 
que vivem. 
4.1 Dentição e crânio para alimentação 
 Todos os mamíferos mastigam para fragmentar o alimento e assim 
facilitar a digestão. Seus dentes são compostos por dentes incisivos (cortar), 
caninos (furar – ausente nos herbívoros), pré-molares com cúspide única 
(perfurar e dilacerar) e molares com três cúspides ou mais (quebrar). Os 
incisivos e dentição dos roedores são maiores e crescem ao longo da vida 
(condição hipselodonte), por isso, precisam sempre roer para controlar o 
crescimento. Os mamíferos onívoros e frugívoros possuem dentição 
bunodontes (cúspide arredondada) para maceração. Em alguns herbívoros 
como o cavalo (Figura 10), houve uma molarização, ou seja, pré e molares 
são semelhantes e todos têm a função de mastigar. Além disso, sua dentição é 
formada por conjunto de bunodontes desgastados (lofos), fornando lâminas 
cortantes de vegetais. 
 
 
15 
 Vimos que os mamíferos possuem a condição de difiodontia, ou seja, 
há uma troca dos dentes ao longo da vida. Nos herbívoros é diferente, porque 
eles precisam ser duráveis para essa mastigação excessiva de material fibroso, 
neles a condição é de hipsodontia, ou seja, molares com coroa bem 
desenvolvida, porém limitada, ao se desgastar não produz mais. Enquanto os 
carnívoros possuem caninos maiores e dentes carniceiros (rasgar e cortar) 
(Figura 10). Por fim, alguns animais têm dentes reduzidos ou ausentes e 
línguas compridas para se alimentarem de néctar (morcegos e alguns 
marsupiais) ou formigas e cupins, os mirmecófagos, que possuem longa 
mandíbula. As baleias não têm dentes, mas sim barbatanas para filtragem do 
alimento na água. 
Figura 10 – Dentição e crânio de um herbívoro (cavalo) e carnívoro (lobo 
cinzento) 
 
Créditos: Satirus/Shutterstock. 
Créditos: Wallenrock/ Shutterstock. 
 
 
16 
 Para um animal se alimentar de plantas são necessárias algumas 
especializações, porque este material é fibroso e desgasta os dentes. Além 
disso, por conter celulose (longo polímero da parede celular vegetal) é de 
difícil digestão. Nosso corpo e de outros animais não degrada a celulose e 
esta é eliminada quase toda nas fezes. Os mamíferos herbívoros possuem o 
crânio com um músculo temporal menor e apresentam uma maxila longa 
(Figura 10) com uma parte sem dentes chamada de diastema, o focinho longo 
permite que o animal capture seu alimento sem encostar seus olhos na 
vegetação. Na parte caudal dessa maxila contém um músculo masseter bem 
desenvolvido para mastigar os vegetais duros e fibrosos, além da posição 
articular mandibular estar localizada acima do crânio e assim mastigam 
movendo a mandíbula de um lado para o outro. Enquanto que os carnívoros 
possuem o músculo temporal bem desenvolvido, posição articular mandibular 
alinhado aos dentes e movimentos amplos de abre e fecha. 
Os herbívoros também têm diferenças no sistema digestório, possuem 
microrganismos simbiontes que degradam celulose e lignina localizados em 
diferentes órgãos. Os cavalos e perissodátilos abrigam esses organismos no 
intestino monogástrico, as vacas e outros artiodátilos ruminantes abrigam no 
estômago (ruminante), e nos coelhos e roedores ocorre no ceco (porção 
final), então perdem muito nutrientes e por isso praticam coprofagia. 
4.2 Locomoção 
 Os mamíferos podem galopar, correr, saltar ou escalar, e isso 
dependerá do seu tamanho corporal, além do habitat. Assim, para animais de 
grande porte como os carnívoros e os cavalos, para ser mais eficiente essa 
locomoção cursorial possui algumas características como: número de dígitos 
pode ser reduzido (reparem nos canídeos e ungulatos), escápula grande e 
alinhada aos membros, alguns ossos diminuem de tamanho (fêmur, úmero e 
falanges) e outros se alongam (metatarso) para maiores passadas, a 
articulação do pulso e tornozelo faz movimento apenas para frente e para trás 
(articulação crurotarsal). Além disso, nessas regiões quase não se tem 
músculo, assim, depende de energia elástica armazenada e liberada dos 
tendões. Ao contrário disso, animais fossoriais (toupeiras) precisam de 
membros fortes ao invés de velozes para cavar. Estes animais mantêm os 
cinco dígitos, porém com fortes garras, os braços são curtos, o acrômio e o 
 
 
17 
olecrano são bem desenvolvidos para maior fixação de músculos nos ombros e 
cotovelo. Alguns roedores usam os dentes para cavar. 
4.3 Vida aquática 
 Há mamíferos aquáticos e semiaquáticos, ambos possuem 
especializações para a natação. O primeiro grupo tem corpo hidrodinâmico e 
com gordura subcutânea ao invés de pelos, membros curtos com formato de 
remo para frear ou guiar, assim eles nadam por meio da flexão vertical da 
coluna vertebral. São exemplos deste grupo as baleias, golfinhos, botos e 
peixe-boi. Enquanto o segundo grupo frequenta o ambiente terrestre para 
reproduzir e gerar descendentes, utiliza os membros para natação ao invés do 
corpo e possuem uma camada de pelo mais densa para se aquecer. Os 
mamíferos semiaquáticos são os pinípedes, castores, lontras, doninhas, ursos-
polares e hipopótamos. 
TEMA 5 – HOMINÍDEOS E A ESPÉCIE HUMANA 
Há mais de 60 milhões de anos, a Era Cenozoica teve um grupo bem-
sucedido da Ordem Primates (Figura 11), no entanto, hoje em dia a maioria se 
localiza nos trópicos, exceto os humanos, que estão no mundo todo. As 
características gerais desta ordem são: presença de dedo polegar opositor 
nos membros, visão binocular, redução do focinho e aumento do volume 
cerebral. Neste tópico, focaremos em aspectos morfológicos e evolutivos dos 
antropoides do grupo Hominoidea (símios e humanos), mais especificamente 
os humanos (Hominidae). Este último é diferenciado dos primatas porque 
somos bípedes, nos comunicamos com fala e outras formas de linguagens e 
temos cérebro grande. 
 
 
 
 
18 
Figura 11 – Diferenças no esqueleto de macacos e humanos 
 
Créditos: Morphart/ Adobe Stock. 
5.1 Primeiros hominídeos 
 O hominídeo mais primitivo é datado do período Plioceno e Pelistoceno 
Inferior no sul da África, conhecido como australopitecíneos 
(Australopithecine). Deste grupo, a espécie mais conhecida é a famosa Lucy 
(Australopithecus afarensis) (Figura 12), um dos fósseis maiscompletos 
encontrado e datado há 3,2 milhões de anos, ela possuía 1 metro e pesava 30 
quilogramas. Os australopitecíneos tinham dentes caninos pequenos, fina 
camada de esmalte, bípedes com dimorfismo sexual (machos maiores), eram 
onívoros (frutas e talvez carne) e provavelmente com hábito arborícola. Na 
última década vários outros fósseis deste grupo foram encontrados na Etiópia e 
África, inclusive um novo gênero, o Kenyanthropus. O último sobrevivente foi o 
Australopithecus africanus (2,3 a 3 milhões de anos), possuía o osso do braço 
mais desenvolvido possivelmente devido a hábito mais arborícola, porém o 
crânio era muito similar ao Homo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Figura 12 – Representação da Lucy (Australopithecus afarensis), o hominídeo 
mais conhecido 
 
Créditos: Procy/ Shutterstock. 
5.2 Hominídeos derivados 
 A filogenia atual mostra que somos mais filogeneticamente próximos aos 
chimpanzés (gênero Pan), assim um ancestral em comum entre esses dois 
grupos divergiu cerca de 7,5 milhões de anos atrás (Figura 13). Os hominídeos 
mais derivados praticamente tiveram alterações morfológicas relacionadas ao 
tamanho do crânio e volume do cérebro, postura ereta, perda de pelos e o uso 
de ferramentas associado ao hábito alimentar. Há cerca de 2,4 milhões de 
anos surgiu a primeira espécie de Homo, o Homo habilis, com capacidade 
craniana pequena, de 500 a 750 cm³ (comparado aos recentes), e são 
semelhantes aos primitivos Australopithecus, por isso alguns pesquisadores 
colocam neste último grupo. O H. habilis foi encontrado junto a fósseis de 
animais cortados, provavelmente já eram caçadores com habilidade de utilizar 
ferramentas (Pough, 2008). O próximo registro fóssil foi de 2 milhões de anos 
 
 
20 
atrás e se originou no leste da África, o H. erectus, mas foi encontrado na Ásia, 
este já é semelhante ao humano moderno, seu corpo é maior (185 cm), 
crânio maior (775 a 1100 cm³), sem características arborícolas, testa plana, 
presença de nariz com narinas para baixo e maxilar e dentição pequenos. 
Depois deste, tem o H. ergaster (africano), pouco conhecido, e desapareceu há 
1,3 milhões de anos. 
Figura 13 – Relações filogenéticas da família Hominidae 
 
Fonte: Kumar et al., 2017. 
Atualmente, Homo sapiens é o nome dado aos humanos atuais, porém, 
antes, este grupo envolvia algumas formas antigas e os neandertais. Os 
neandertais eram pequenos e fortes homens da caverna, o fóssil Homo 
neanderthalensis data de 150.000 anos e foi encontrado na Alemanha. Esta 
espécie tinha testa curta, nariz comprido e largo, e apesar de ter cérebro do 
tamanho similar aos H. sapiens, o crânio tinha uma área occipital maior (Figura 
14). Além disso, eram caçadores de grandes mamíferos e produziam 
ferramentas com pedra cada vez mais aprimoradas, também se organizavam 
em sociedade com linguagem complexa e até faziam rituais. Por fim, os H. 
sapiens modernos originaram entre 10.000 e 30.000 anos atrás com uma única 
origem africana e chegaram na Europa e Ásia há 40.000 anos. Estudos 
indicam que nesta espécie surgiram novos comportamentos como a arte e a 
música, além de formas de linguagem e comunicação por símbolos. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Figura 14 – Evolução no crânio humano 
 
Créditos: Stockdevil/ Adobe Stock. 
5.3 Impacto dos Homo sapiens nos outros animais 
 Há muito debate sobre o desaparecimento de outras espécies de 
humanos e sobre grandes extinções de outros animais vertebrados na terra. O 
H. sapiens acabou sendo uma espécie dominante sobre as demais e 
atualmente compreende quase 8 bilhões de pessoas distribuídas em todo o 
globo. A extinção é um processo natural, que pode ocorrer devido a mudanças 
climáticas extremas ou meteoros, no entanto, no final do Pleistoceno o grande 
causador da extinção foram os humanos, porque não há registro de nenhuma 
mudança climática extrema antes e pós esse período. Assim, a extinção das 
espécies da megafauna (mastodontes, mamutes e preguiças gigantes) foi 
devido a caçadas humanas em grupo, prova disso são os muitos registros 
fósseis de animais encontrados junto a marcas de ferramentas de corte e 
pontas de flecha. Também, o uso do fogo no ambiente (incêndios) e 
transmissão de doenças circulando no ambiente contribuíram para o 
desaparecimento das espécies. Os humanos modernos aprimoraram a 
capacidade de inteligência e raciocínio, criaram modos de locomoção terrestre, 
aquática e aérea e assim puderam explorar todo o mundo. Explorar no sentido 
de usufruir dos recursos finitos e infinitos da natureza, desmatar, queimar, 
poluir e assim contribuir para extinguir milhares de espécies. Assim, finalizamos 
o capítulo com uma sugestão de leitura do artigo: “A sexta extinção em massa: 
fato, ficção ou especulação?” 
 
 
 
 
22 
 
Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/brv.12816>. Acesso 
em: 23 maio 2022. 
NA PRÁTICA 
 
Crédito: Gilmar Barbosa. 
 O quadrinho apresentado faz uma crítica aos humanos. Descreva qual 
seria essa crítica e relacione com a origem e diversificação dos hominídeos 
vistos no conteúdo. 
 
 
 
23 
FINALIZANDO 
 Nesta etapa abordamos sobre os Synapsidas mamíferos e não 
mamíferos, assim vimos que este grupo, apesar de ser estudado por último, ele 
tem origem com os pelicossauros e terapsídeos no Permiano, há mais de 200 
milhões de anos. No Mesozoico, houve uma rápida diversificação dos térios e 
este é considerado um grupo de sucesso por colonizar os mais variados 
macro-habitats, além de ser o grupo que possui os maiores vertebrados da 
Terra. Também, diferenciamos as características e as diversidades 
ecomorfológicas dos mamíferos atuais: os monotremados, os marsupiais e os 
placentários (ao qual fazemos parte, também). Por fim, abordamos as 
diferentes espécies de humanos que viveram na Terra e o Homo sapiens, que 
é a espécie que dominou e expandiu o mundo todo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
REFERÊNCIAS 
ABREU, E. F. et al. Lista de mamíferos do Brasil. Comitê de taxonomia da 
Sociedade Brasileira de Mastozoologia (CT-SBMz), v. 1, 2021. Disponível 
em: <https://www. sbmz.org/mamiferos-do-brasil/>. Acesso em: 21 fev. 2022. 
KARDONG, K. V. Vertebrados: anatomia comparada, função e evolução. 5. 
ed. São Paulo: Roca, 2010. 
KUMAR, S. et al. TimeTree: a resource for timelines, timetrees, and divergence 
times. Molecular biology and evolution, v. 34, n. 7, p. 1812-1819, 2017. 
PATRICIO-COSTA, P. Zoologia. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2021. 
POUGH, F. H. A vida dos vertebrados. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

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