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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Unidade 1
Considerações preliminares da perícia criminal e toxicológica
Aula 1
História da perícia criminal e toxicologia
Introdução
A pericial criminal e a toxicologia forense têm chamado atenção de todos por meio de séries,
�lmes ou documentários televisivos, sejam em canais abertos ou em plataformas de distribuição
digital.
No entanto, não é de hoje que estas ciências existem e são importantes para a resolução de
crimes e atentados à integridade individual e coletiva.
Nessa aula abordaremos brevemente a história da perícia criminal e toxicologia e suas evoluções
enquanto ciências. Será visto que a sua origem data do início da humanidade, em períodos antes
de Cristo, permeiam fatos históricos importantes, como as grandes Guerras Mundiais, e como
atualmente estão relacionadas a casos de grande destaque e importância.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Considerações iniciais. Evolução histórica
O uso de substâncias capazes de causar envenenamento ocorre desde os primórdios da
humanidade. Há evidências do uso de �echas envenenadas datadas do período mesolítico no
Quênia. No Egito, 1500 a.C., há o registro de uma lista de substâncias ativas, incluindo algumas
tóxicas, como chumbo e ópio.
Os crimes de envenenamento eram tão comuns durante a Guerra Civil em Roma (82 a.C.) que o
ditador Sulla emitiu a Lei Cornélia sobre apunhaladores e envenenadores. Seu objetivo era evitar
envenenamentos e quando eles aconteciam, duras penas eram aplicadas, como o afastamento e
con�sco de bens (das pessoas da nobreza) ou até mesmo a pena de morte.
Ainda em Roma, o imperador César fazia uso do exame do local, como no caso da morte de
Aprônia, jogada pela janela, por seu marido e servidor de César, Plantius Silvanius, em um caso
em que foi possível observar sinais claros de violência. Estes relatos são algumas evidências do
princípio do uso da perícia criminal.
Já no século XVII, as atividades dos envenenadores foram redirecionadas para objetivos
�nanceiros e conjugais. Madame Toffana (Napoli, Itália), envenenou mais de 600 pessoas com
soluções à base de arsênio. Hieronyma Spara (Roma, Itália) conduziu um negócio igualmente
lucrativo, sendo que suas clientes eram jovens mulheres casadas. No século XIX, foi a vez de
Catherine de Medici (França), em seu negócio, os venenos comercializados incluíam arsênio
misturado, ópio, beladona.
O método de perícia criminal foi evoluindo ao longo dos anos. Ambrose Paré (1560 – França)
falava sobre ferimentos oriundos de armas de fogo. Paolo Zachias (1651 – Roma) publicou
Questões médicas e passou a ser considerado o “pai da medicinal legal”, sendo o seu ensino
iniciado em 1805 na Áustria, 1807 na Escócia, em 1820 na Alemanha, França e Itália.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Na área da toxicologia destaca-se o médico, alquimista, químico e astrólogo Paracelsus (1493-
1541. Paracelsus foi o primeiro a postular que as substâncias químicas têm efeitos em órgãos
especí�cos no corpo. Mais tarde, Felice Fontana (1730-1805) desenvolve melhor o conceito ao
atribuir os sintomas do envenenamento por picada de cobra à ação direta do veneno no sangue.
Mais tarde Mathieu Joseph Bonaventura de Or�la (1787-1853), considerado pai da toxicologia
moderna, estabeleceu métodos, principalmente químicos, para provar as intoxicações letais. Em
1814, publicou Traitè de toxicologie, obra que combinou conhecimentos da toxicologia forense,
clínica e química analítica. Outra importante descoberta atribuída a Or�la é a absorção gástricas
dos venenos e seu acúmulo em tecidos e órgãos especí�cos.
Na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), foi desenvolvido o gás mostarda e o gás cloro pelo químico
alemão Fritz Haber (1868-1934). O uso destas substâncias resultou na morte de mais de 5000
pessoas em uma cidade belga.
Em 1925 foi assinado o Protocolo de Genebra que proibiu o uso de armas químicas.
Na 2ª Guerra Mundial, os nazistas �zeram uso de várias técnicas, dentre as quais o monóxido de
carbono e os cianetos para execução de aproximadamente 6 milhões de pessoas.
Na Guerra do Irã-Iraque (década de 1980), o uso do gás mostarda e o organofosforado Tabun
resultou na morte de 7000 pessoas.
Videoaula: Considerações iniciais. Evolução histórica
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A perícia criminal e toxicologia na atualidade
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A perícia criminal é uma área multidisciplinar e atualmente está ligada a polícia e é estudada por
meio da disciplina de Criminalística. A criminalística, segundo Edimar Cunico (2010), é a ciência
forense para o exame do corpo de delito, tem por objetivo a obtenção da prova jurídica, no
entanto, os exames da vítima são cabíveis à medicina legal.
A perícia criminal pode ocorrer no suposto local do crime, onde o perito criminal buscará
vestígios, indícios e provas dos fatos ocorridos.
Importante destacar que prova é todo o meio de percepção utilizado com a desígnio de
corroborar a verdade de uma alegação. Ou, ainda, pode ser entendida como o conjunto de
oportunidades constitucionais e legais oferecidas para a parte, para que, no transcorrer do
julgamento, possa demonstrar a verdade dos fatos de que a�rma. Ou seja, é a relação física entre
a convicção pessoal e a verdade real dos fatos. Tem o objetivo de elucidar a prática de uma
infração penal, sua autoria, no transcorrer do processo criminal ou do inquérito policial. A
composição da prova que cabe ao autor da tese defendida procura fornecer elementos na
tentativa de reconstruir os fatos em investigação.
As perícias podem ter também um objeto especí�co, solicitado pela autoridade policial, para que
sejam respondidas questões pontuais, a �m de esclarecer quanto à ilegitimidade dos fatos.
Como exemplo tem-se a falsi�cação de cédulas e/ou armas de fogo.
As perícias criminais são classi�cadas, segundo Tocchetto e Espíndula (2013), nos seguintes
exames periciais:
Em locais de crimes contra a vida;
Em crimes contra o patrimônio;
De revelação de impressões papilares;
De acidentes de trânsito;
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
De veículos automotores;
De engenharia forense;
De balística forense;
Em documentoscopia forense;
Em informática forense;
Em fonética forense;
De DNA forense;
De toxicologia forense; entre outros.
Um exemplo recente da aplicação e desfecho dado graças à toxicologia forense ocorreu em
Chicago, nos Estados Unidos (1982), conhecido como o caso do “Tylenol envenenado com
cianeto”. Por meio das investigações, foi possível determinar que o Tylenol não foi adulterado na
indústria. A suposição postulada foi que quem furtou o medicamento de um determinado
almoxarifado o adulterou.
É importante enfatizar que os resultados gerados por meio das análises forenses devam ser
inequívocos e os laudos, dentro do possível, irrefutáveis. Para isso, todas as etapas da cadeia de
custódia (coleta da amostra, identi�cação, conservação e transporte e análise �nal), devem ser
realizadas criteriosamente e registradas, a �m de garantir a con�abilidade dos resultados.
Nos últimos anos, a �m de fortalecer ainda mais o resultado do laudo pericial, aprovisionando
elementos técnicos para as investigações e devidas elucidações na esfera judicial, tem-se 
mostrado critérios bastante relevantes: a certi�cação de pessoal, a validação de procedimentos,
programas de controle de qualidade e a acreditação dos laboratórios, por meio da
implementação de sistemas de gerenciamento de qualidade, entre outros.
Videoaula: A perícia criminal e toxicologia na atualidade
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A perícia criminal e toxicologia: repercussão (casos)
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Crimes envolvendo celebridades sempre geram grandes repercussões e destaque nas mídias.
Inclusive,  diferentes plataformas de distribuição digital de �lmes, séries e documentários
lançam, periodicamente, com grande sucesso, produções baseadas em crimes reais.
1) Caso Richthofen: ocorrido em 31 de outubro de 2002, homicídio do casal Richthofen,
executado pelos irmãos Cravinhos a mando da �lha do casal. Foi o trabalho da perícia que
conseguiu explicar o assassinato brutal do casal Manfred e Marísia. Os assassinos tentaram
simular um latrocínio (roubo seguido de morte), no entanto, deixaram evidências que levaram a
polícia a investigar a movimentação das pessoas mais próximas à família. Por meio da
investigação, a polícia se baseou nas informações fornecidas pela perícia, encurralando os
acusados de modo que os induzissem a confessar o ato e, inclusive, fornecer detalhes ainda não
obtidos pela polícia do caso.
2) Caso Nardoni: ocorrido em 29 de março de 2008, em São Paulo, uma menina de cinco anos de
idade foi jogada do sexto andar de um edifício. O processo foi rico em laudos periciais, estas que
contrapuseram com a inocência dos acusados. As provas periciais como: o exame de corpo de
delito, os instrumentos do crime, de local e exame do corpo foram feitas na fase de inquérito,
pois havia o risco de se perderem com o tempo. Ressalte-se a produção antecipada das provas é
geralmente usada para crimes que deixam vestígios, pois há o real risco de desaparecimento dos
vestígios, o que inviabilizaria ou pelo menos di�cultaria a comprovação da prova material e
autoria do crime.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
3) Caso Elize Matsunaga: ocorreu em 19 de maio de 2012, o homicídio do CEO da empresa
alimentícia, Marcos Kitano, de 42 anos de idade. Todo o caso girou em torno da perícia, dois
terços das quali�cadoras (circunstâncias que determinam a pena do crime) estavam amparadas
somente em provas técnicas. Sendo a prova técnica aquela que é feita mediante exame por
peritos ou técnicos, uma vez que o juiz não detém todos os tipos de conhecimentos necessários
para dar a decisão em um processo judicial. Com o júri mais longo (oito dias) da história da
justiça no Brasil, devido às divergências nas análises das peças periciais, pois elas 
proporcionavam interpretação dúbia dos fatos. Neste caso é notória a importância dos peritos
o�ciais e seus laudos, estes que devem sempre estar fundamentados na ciência a �m de
esclarecer a verdade e jamais comprometer o resultado alcançado.
Do mesmo modo, há na história da toxicologia forense casos de intoxicação de celebridades, tais
como: a overdose por barbitúricos da atriz Marilyn Monroe (1926-1962), as mortes por
intoxicação por heroína de Jimi Hendrix (1942-1970) e Janis Joplin (1943-1970). A morte por
intoxicação por cocaína e álcool da cantora Elis Regina (1945-1982). A morte por intoxicação
pelo uso do medicamento analgésico propofol de Michael Jackson (1958-2009). A overdose por
cocaína levando a morte do vocalista do Charlie Brown Jr., “Chorão” (1970-2013).
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Estudo de caso
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A evolução da humanidade e consequentemente da ciência, as responsabilidades de crimes e
consequentes penas deixaram de ser atribuídas aos acusados sem qualquer critério racional.
Isso porque os valores culturais mudam e evoluem, as instituições sociais, dentre elas as
punitivas, seguem o avanço.
A correta produção das provas promove a atividade jurisdicional e, por consequência, a
prolação de uma decisão justa. Nessa busca por provas capazes de comprovar a existência, ou
não, da autoria do fato criminoso, fundamental à investigação policial, cujo �m precípuo é a
investigação e a localização de sinais hábeis a �gurar como provas ao processo.
Imagine que você é um perito criminal e está sendo solicitada a reabertura de um caso datado da
década de 1980. Trata-se do corpo do sexo masculino, na época com 42 anos, encontrado pela
polícia no porão de sua o�cina, após a esposa ter relatado seu desaparecimento (após 24 horas).
Quais seriam seus passos para uma análise mais precisa e confecção correta do laudo pericial? 
Resolução do estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Conforme visto na Aula 1, ocorreram muitos avanços na história da perícia criminal e na
toxicologia forense.
Possíveis passos para uma análise precisa e laudo exitoso:
Releitura dos autos do processo e das provas técnicas arquivadas (Exame periciai em
documentoscopia forense);
Exumação do corpo para observação de marcas e sinais de violência que possam ter sido
inobservadas, logo, não registradas pelo legista na época;
Análise toxicológica em busca de traços de substâncias tóxicas que os instrumentos e
procedimentos disponíveis na época não detectavam.
Saiba mais
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Hoje é possível encontrar todo o tipo de conteúdo na internet. E na área criminal e toxicológica
não é diferente.
Proponho a você conhecer um pouco mais da história, mais precisamente da substância Pervitin,
utilizada pelas tropas alemães na Segunda Guerra Mundial, clique nos links abaixo:
https://www.instagram.com/p/CUFeVQfrcfm/?utm_source=ig_web_copy_link. Acesso em: 14
nov. 2021.
https://www.instagram.com/p/CUdemnurDpF/?utm_source=ig_web_copy_link. Acesso em: 14
nov. 2021
Resumo visual
Nessa aula você pode perceber o quanto a perícia criminal e toxicologia permearam, e ainda
permeiam, a história.
Para �xar melhor o que foi visto nessa aula, vamos observar essa linha do tempo.
https://www.instagram.com/p/CUFeVQfrcfm/?utm_source=ig_web_copy_link.
https://www.instagram.com/p/CUdemnurDpF/?utm_source=ig_web_copy_link
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
CUNICO, E. Perícia em locais de morte violenta: criminalística e medicina legal. Curitiba: Edição
do Autor, 2010.
LIMA, G. P., PAULA, C. T. de. O papel da perícia criminal na busca da verdade real. Revista
cientí�ca eletrônica do curso de Direito. 6. ed. 2014. ISSN: 2358-8551.
OLIVEIRA, E. P. de S. Q. A IMPORTÂNCIA DA PROVA PERICIAL NO DESLINDE DO “CASO ISABELLA
NARDONI”. Monogra�a de conclusão de curso de Direito. UniCEUB. 2014.
O outro lado do Espelho - A prova técnica no caso Yoki (Elize Matsunaga). XXIV Congresso
Nacional de Criminalística, VII Congresso Internacional de Perícia Criminal e XXIV Exposição de
Tecnologias Aplicadas à Criminalística. 2017.
ROCHA, R. de O. Toxicologia Forense e-book. 1º ed. Rio de Janeiro, Edição Independente, 2021.
ISBN: 978-65-00-15610-2.
TOCCHETTO, D. ESPÍNDULA, A. Criminalística: procedimentos e metodologias. 2ª Ed. Porto
Alegre: Espindula – Consultoria, cursos & perícias, 2013.
VARGAS, J. P. S., KRIEGER, J. R. A Perícia Criminal em Face da Legislação. Revista Eletrônica de
Iniciação Cientí�ca. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 382-396,
2014. ISSN: 2236-5044.
Aula 2
Perícia criminal como meio de prova
Introdução
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A pericial criminal e a toxicologia forense apresentam alguns pontos que merecem destaque, tais
como a hierarquia entre as provas penais e as evidências, pois é por meio delas que se pode
demonstrar a existência ou inexistência de fatosde um crime. Assim, ao conjunto de vestígios
dá-se o nome de corpo de delito. E não menos importante trataremos da cadeia de custódia, a
qual é a documentação de todas as observações que se iniciam no local do crime, passando por
todos os passos até a �nalização do laudo pericial, sendo que o seu objetivo é assegurar a
validade das provas perante a justiça.
Procedimentos para manter e documentar provas (cadeia de custódia)
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
O termo “perícia” signi�ca habilidade especial (do latim peritia). Trata-se de um meio de prova
que, na prática, consiste em um exame técnico, executado por uma pessoa habilitada (perito
criminal) de capacidade técnica e conhecimento, de acordo com a necessidade do caso. Além
disso, ele é um auxiliar da justiça, comprometido, alheio às partes e sem empecilhos ou
incompatibilidades para atuar no processo (CAPEZ, 2012).
A prova pericial soma princípio cientí�co e técnica adequada. Existem 2 provas periciais: a prova
real e a prova material (MANZANO, 2011). A primeira é originária dos sinais deixados pelo crime,
tais como um arrombamento de portas e fechaduras, ferimentos e roupas com sangue da vítima,
sangue no local ou em possíveis armas de ocorrência do crime (RANGEL, 2013a). Já a prova
material são os resquícios físicos que possam ser úteis para persuasão dos fatos, por exemplo
os exames de corpo de delito, as perícias e os instrumentos usados no crime (RANGEL, 2013b).
No entanto, a prova pericial (LOPES Jr., 2013) não pode ser considerada absoluta, pois ela
demonstra apenas um grau de probabilidade de um aspecto de delito, precisa ser discriminada
da prova de toda sua complexidade, ou seja, há a necessidade de unir os fatos a partir de outros
instrumentos comprobatórios.
Sendo assim, o conjunto dos procedimentos realizados no material no local do crime, desde sua
coleta, guarda e análise até ser anexado ao material do processo chama-se cadeia de custódia
(UNODC, 2010).
O objetivo da cadeia de custódia é assegurar a legitimidade da prova perante a justiça.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Segundo a Lei do processo Penal Brasileiro, artigo 158, o rastreamento inicia-se no ato do
reconhecimento de uma amostra em potencial no local de um crime e/ou descrição detalhada do
local e como a amostra é encontrada, passando pelas próximas etapas de coleta,
acondicionamento, transporte, recebimento pelo laboratório forense, registro, manipulação,
análise laboratorial e armazenamento, elaboração do laudo pericial e, quando for o caso,
devolução do material ou descarte. Todos esses passos devem ser documentados com data e
hora, com descrição do remetente e de quem o recebe (BRASIL, 1940).
Conforme os artigos 169 e 170 da Lei do Processo Penal Brasileiro, existe a cadeia de custódia
interna e a externa. A externa trata do procedimento a ser adotado quando uma autoridade
policial chega a uma cena de crime, sendo sua obrigação preservar o local até a chegada da
equipe de perícia. Quando o perito chega ao local, bastante atento aos vestígios, além de ter
cuidado para não haver contaminação da amostra, esse material deve ser armazenado em
recipientes próprios, lacrados e identi�cados, já para o transporte faz-se necessário garantir as
condições adequadas para cada tipo de amostra (BRASIL, 1940).
A cadeia de custódia interna começa ao receber a amostra no laboratório forense. O primeiro
passo é a conferência do material e da documentação que o acompanha. Após os
procedimentos executados na amostra devem ser documentados. Além disso, parte da amostra
deve ser preservada para eventual reanálise (contra perícia) (BRASIL, 1940). 
Videoaula: Procedimentos para manter e documentar provas (cadeia de
custódia)
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Nesse vídeo abordaremos o formulário da cadeia de custódia, falaremos um pouco de cada
campo a ser preenchido e sua importância.
Do laudo pericial (estrutura e características)
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Para a elaboração e emissão de um laudo pericial con�ável, o laboratório deve seguir o sistema
de qualidade laboratorial, como o ISO e Boas Práticas de Laboratório (BPL) ou ainda empregar o
sistema NIDA (National Institute on Drug Abuse) ou pela SOFT (Society of Forensic Toxicologists)
e pela American Academy of Forensic Sciences (AAFS), sendo SOFT/AAFS.
As principais técnicas empregadas são cromatogra�a em camada delgada (CCD), cromatogra�a
gasosa (CG), cromatogra�a líquida de alta e�ciência (CLAE) e espectrometria. Em amostras in
natura, as análises são dirigidas para o grupo químico por meio de teste colorimétricos de
triagem para posterior con�rmação por meio de técnicas de cromatogra�a.
A maioria das matrizes biológicas requer algum tipo de preparo prévio antes da etapa analítica.
As etapas poderão ocorrer concomitantemente ou em ordem diferente. É possível categorizar
em:
1. Homogeneização;
2. Extração;
3. Concentração e
4. Limpeza da amostra.
A primeira etapa tem como objetivo garantir, como o próprio nome diz, homogeneidade da
amostra, além de aumentar a superfície de interação da amostra com o material de extração que,
normalmente, é a próxima etapa. A segunda etapa consiste no isolamento do analito do restante
da amostra. Em amostras complexas, que contenham proteínas e lipídeos, é necessário separá-
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
los do analito, pois as demais substâncias podem interferir na etapa analítica. As técnicas de
extração que podem ser utilizadas são: extração líquido-líquido, headspace e técnicas de
microextração. Para garantir o ajuste do extrato de acordo com a necessidade das técnicas
analíticas e assim melhorar a detecção, é feita a terceira etapa. A quarta e última etapa, limpeza,
é utilizada quando a separação não foi e�ciente e alguns componentes da matriz podem estar
interferindo na análise.
A depender do tipo de amostra, pode-se utilizar cromatogra�a gasosa com diferentes tipos de
detectores como: espectrômetro de massas, captura de elétrons e ionização em chamas.
Os imunoensaios têm baixo limite de detecção e os resultados são obtidos em poucos minutos,
o que os torna uma ferramenta de grande utilidade. O princípio da metodologia é que os
antígenos especí�cos (drogas, fármacos, etc. que estão presente na amostra) irão produzir uma
reação imunológica formando determinadas proteínas, as quais são chamadas de anticorpos,
serão identi�cadas e sua presença con�rma a presença de uma substância-alvo na amostra. No
entanto, pode haver reações cruzadas para um grupo de compostos de estrutura química
semelhante ao que está sendo estudado.
 O prazo para elaboração do laudo pericial
Segundo a Lei do Processo Penal Brasileiro, artigo 160, “o laudo pericial será elaborado no prazo
máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos”.
Muitas análises periciais exigem exames extras e/ou mais complexos, e o perito só poderá iniciar
a análise completa e a confecção do laudo de posse de todos os resultados, o que exige tempo.
Na prática, o prazo de dez dias é incompatível, visto que há acúmulo de serviço, além disso,
enquanto os peritos aguardam os resultados de um caso, iniciam a elaboração dos laudos de
outras perícias, para assim liberar o mais rapidamente os seus laudos
Videoaula: Do laudo pericial (estrutura e características)
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Estudante, neste vídeo, nós trataremos sobre um ponto muito importante que diz respeito aos
requisitos mínimos necessário para a elaboração de um laudo pericial.
O exame de corpo de delito (procedimentos técnico-cientí�cos, evidência e
análise)
Disciplina
Perícia Criminale Toxicológica
O capítulo X, da Lei do Processo Penal Brasileiro, trata “Dos indícios”, em seu artigo 239 de�nidos
como a ocorrência manifesta e con�rmada que, tendo relação com o fato, aprove, por dedução,
concluir-se a ocorrência de um ou mais circunstâncias.
É importante saber a diferença entre indícios e vestígios. Indício é todo vestígio que tem relação
ou com a vítima, ou com o suspeito, ou com a testemunha ou, ainda, com o fato ocorrido. Os
indícios podem ser propositais ou acidentais. Já os vestígios são todas alterações materiais,
sejam elas no ambiente ou nas pessoas, relacionadas ao fato delituoso ou seu causador. Estes
serão extremamente úteis para o esclarecimento ou direcionamento da autoria e os vestígios
podem ser subdivididos em: verdadeiros, forjados ou ilusórios. Ao conjunto de vestígios dá-se o
nome de corpo de delito.
O artigo 158 da Lei do Processo Penal Brasileiro instrui sobre a imperativa necessidade, mesmo
quando há con�ssão do acusado, do exame de corpo de delito, direto ou indireto. O exame de
corpo de delito indireto foi criado para ocasiões em que os vestígios estejam ausentes e, ainda
assim, por meios diferenciados, seja possível concluir o crime.
O exame de corpo de delito indireto continua sob a responsabilidade dos peritos o�ciais, mesmo
quando não há correspondência entre este e a prova testemunhal. Ele é executado por perito
o�cial ou não o�cial, o primeiro se dá por concurso e o segundo não faz parte dos quadros
funcionais do Estado, porém ao ser nomeado assume o mesmo compromisso que o perito
o�cial.
O conceito do exame de corpo de delito segundo Lopes Jr. (2013):
A mais importante das perícias é exatamente o exame de corpo de delito, ou seja, o
exame técnico da coisa ou pessoa que constitui a própria materialidade do crime
(portanto, somente necessário nos crimes que deixam vestígios, ou seja, os crimes
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
materiais). O corpo de delito é composto pelos vestígios materiais deixados pelo
crime. É o cadáver que comprova a materialidade de um homicídio; as lesões
deixadas na vítima em relação ao crime de lesões corporais; a coisa subtraída no
crime de furto ou roubo; a substância entorpecente no crime de trá�co de drogas; o
documento falso no crime de falsidade material ou ideológica etc.
O exame de corpo de delito, por meio dos vestígios deixados na cena do crime, tem a �nalidade
de veri�car, determinar, explanar e registrar conjunturas, pessoas envolvidas e todas as
características do delito. O exame de corpo de delito é o exame pericial em si e é subdividido em
todos os outros ramos da perícia criminal.
Deste modo, pode-se concluir que um indício é um vestígio o qual tenha sido comprovado, por
meio de análise prévia e, assim, estar conectado ao delito.
Videoaula: O exame de corpo de delito (procedimentos técnico-cientí�cos,
evidência e análise)
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Neste vídeo, por meio de imagens de crime, vamos observar os indícios e vestígios e supor
algumas possíveis cadeias de custódias.
Estudo de caso
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
No dia 13 de julho de 2019, em Nova Iguaçu (RJ), Cecília de Meireles se dirige à o�cina do pai do
seu �lho, Fernando Pessoa, e se mata com um tiro na boca. É encontrada em sua bolsa uma
carta de suicídio supostamente escrita por ela, cujo destinatário supostamente é sua mãe.
Na carta, ela diz estar ciente dos seus atos e explica o porquê da sua atitude. Na carta refere-se
ao fato de ser órfã de pai e por este motivo sentir-se sozinha, além do fato de não ter irmãos e a
mãe estar com uma doença terminal. Também cita em sua carta os desgostos matrimoniais já
vividos.
Durante a investigação foi descoberto que Cecília havia feito, 5 dias antes, um boletim de
ocorrência relatando ameaças recebidas por ela e feitas por Fernando.
Diante do caso relatado, descreva quais seriam as evidências coletadas e os possíveis passos da
cadeia de custódia.
Resolução do estudo de caso
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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Evidências: carta, boletim de ocorrência, projétil, arma usada, fotos dos respingos de sangue na
o�cina.
Cadeia de custódia: coleta das evidências, envio para laboratório forense, análise de DNA do
sangue encontrado, análise grafológica da carta de suicídio, análise de balística.
Confecção do laudo pericial.
Saiba mais
No link dessa aula apresentamos a Enciclopédia Jurídica da PUC-SP, uma enciclopédia universal
e gratuita. Um projeto da Faculdade de Direito da PUCSP que apresenta a toda sociedade textos
inéditos de professores doutores do Brasil e do exterior.
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/441/edicao-1/exame-de-corpo-de-delito. Acesso
em: 14 nov. 2021
Resumo visual
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/441/edicao-1/exame-de-corpo-de-delito
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Nessa aula você aprendeu sobre aspectos muito importantes e primários quanto à
documentação das provas (cadeia de custódia), algumas questões relevantes do laudo pericial,
além dos procedimentos técnicos-cientí�cos, evidências e análise exame de corpo de delito.
Para a �xação do conteúdo vamos observar infográ�co dos principais conceitos abordados
nessa aula.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Fonte: elaborado pela autora.
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
BRASIL. Código de processo penal. Brasil Presidência da República Casa Civil Subche�a para
Assuntos Jurídicos, 1940.
CAPEZ, F. Curso de processo penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
LOPES JR., A. Direito processo penal. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MANZANO, L. F. M. Prova pericial: admissibilidade e assunção da prova cientí�ca e técnica no
processo brasileiro. São Paulo: Atlas, 2011.
ROCHA, R. O. Toxicologia forense. 1 ed. Rio de Janeiro: Edição Independente, 2021. ISBN: 978-65-
00-15610-2.
RANGEL, P. Direito processo penal. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2013.
RANGEL, P. Direito processo penal. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2013.
UNODC. Conscientização sobre o local de crime e as evidências materiais em especial para
pessoal não-forense. New York: Nações Unidas, 2010.
VARGAS, J. P. S., KRIEGER, J. R. A Perícia Criminal em Face da Legislação. Revista Eletrônica de
Iniciação Cientí�ca. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 382-396,
2014. ISSN: 2236-5044.
Aula 3
Das substâncias e dos principais campos de atuação
Introdução
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Nessa aula abordaremos os conceitos fundamentais para o entendimento da perícia criminal e
da toxicologia forense. A toxicologia forense é uma ferramenta importantíssima para dosagem
de avaliação de diferentes substâncias presentes em casos criminosos. Por exemplo: qual a
dosagem de drogas de abuso no organismo de um indivíduo para que se possa caracterizar o
estado de consciência do acusado de ter cometido certo crime (como a quanti�cação de álcool
etílico no sangue). Logo, serão abordadas as principais substâncias de interesse em toxicologia
e os diferentes campos de atuação, que vão desde o exemplo supracitado (toxicologia Ante
mortem em indivíduos vivos ou Post-mortem, caso de indivíduos mortos) até a toxicologia
ocupacional e ambiental e o antidoping no esporte.
Perícia criminal e toxicologia forense (conceitos e de�nições)
Para atuar no mercado de trabalho se faz necessário entender melhor os conceitos e de�nições
que norteiam a perícia criminal e a toxicologia forense.
Perícia: palavra de origem do latim peritia, que signi�ca habilidade especial. Na prática
trata-se como meio de prova (técnica ou cientí�ca), que por meio de exame técnicoé usada
para solucionar e trazer a verdade em um caso criminal.
Prova: todo meio de percepção utilizado com a intenção de corroborar com a verdade de
uma argumentação.
Prova real: tem origem nos vestígios deixados pelo delito, a prova real está diretamente
ligada ao sujeito.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Prova material: são as provas tangíveis que são utilizadas como elemento de persuasão
dos fatos ocorridos, são os exames de corpo de delito, as perícias e os utensílios
empregados para o crime.
Perito: pro�ssional dotado de formação e conhecimento técnico em uma determinada área,
também denominado de especialista. Operito criminal é um auxiliar da justiça.
Perito o�cial: provação em concurso de provas e títulos, é nomeada e designada no cargo
de perito, presta o compromisso de bem e integramente servir e desempenhar a função
(CAPEZ, 2012).
Perito não o�cial: não pertence aos quadros de funcionários do Estado. Sua nomeação é
executada por autoridade policial (fase de inquérito) ou pelo juiz (no processo), essa não
pode ser negada, salvo motivo justi�cável. Assim que nomeado, o perito não o�cial
também deve prestar o compromisso tal qual o perito o�cial, assumindo ônus processual
(CAPEZ, 2012).
Assistente técnico: atua a partir de sua admissão pelo juiz, no entanto somente após o �m
dos exames periciais e preparação do laudo pelos peritos o�ciais. Trata-se de um cargo
público, concursado ou elegido por outro órgão público, ou particular (nesse caso precisa
prestar compromisso), indicado pelo Ministério Público estadual (perito o�cial) ou indicado
pela vítima ou pelo acusado (perito não o�cial) (MANZANO, 2011).
Indícios: relacionam-se com a vítima, com o suspeito, com a testemunha ou ainda com o
fato ocorrido. Trata-se de probabilidade, dotada de e�cácia convincente abrandada, logo, é
insu�ciente sozinha para situar quanto à verdade dos fatos (COSTA FILHO, 2012). Podem
ser propositais ou acidentais.
Vestígio: toda adulteração material no ambiente ou na pessoa relacionada com o fato ou o
autor do crime, este sim servirá para o esclarecimento ou determinação de sua autoria. São
classi�cados em verdadeiros, forjados ou ilusórios. Sendo assim, a totalidade dos vestígios
denomina-se corpo de delito (COSTA FILHO, 2012).
Corpo de delito direto: composto pelos vestígios materiais deixados pelo crime.
Corpo de delito indireto: quando ocorre o desaparecimento dos vestígios, aceitam-se as
manifestações dos peritos com base nos elementos de que dispõem.
Toxicologia forense: também chamada de corpo de delito laboratorial, é o estudo e a
prática da toxicologia para �ns legais, seja para área criminal, cível, desportiva, trabalhista
ou ambiental. Há uma relação direta entre toxicologia forense e toxicologia analítica, uma
vez que se faz necessário o uso de métodos analíticos de reconhecimento, identi�cação e
quanti�cação da extensão da exposição ao agente tóxico, para assim amparar a elucidação
dos fatos judiciais.
Toxicologia: ciência que lida com propriedades, ações, toxicidade, dose fatal, detecção e
estimativa de interpretação dos resultados da análise toxicológica e do tratamento de
substâncias tóxicas.
Xenobiótico: qualquer substância anormal ao organismo.
Veneno: termo popular que se refere a substâncias que causam intoxicação e morte.
Agente tóxico: qualquer substância química que interage com o organismo e é capaz de
produzir alterações de uma ou mais funções biológicas, podendo levar à morte.
Fármaco: tem estrutura química de�nida, tem o objetivo de modi�car, explorar ou
diagnosticar. Tem, normalmente, seu mecanismo de ação conhecido.
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Paracelso já dizia que a diferença entre o medicamento e o veneno está na dose.
Vamos entender e diferenciar esses termos que são tão usados, muitas vezes, erroneamente.
Das substâncias de interesse em toxicologia
A toxicologia forense trata dos aspectos médicos e jurídicos dos efeitos nocivos dos produtos
químicos nos seres humanos. O veneno é uma substância (sólida, líquida ou gasosa) que, se
introduzida no corpo vivo ou colocada em contato com qualquer parte dele, causa problemas de
saúde ou leva à morte, por seus efeitos constitucionais, locais ou ambos.
A administração de qualquer substância com a intenção de causar ferimentos ou morte, e que
causa ferimentos ou morte como resultado, é legalmente su�ciente para a concessão punição,
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
se a substância pode ser chamada de veneno ou não. A lei não faz nenhuma distinção entre
assassinato por meio de venenos e assassinato por outros meios. Administração deliberada de
veneno prova a intenção do acusado de causar morte, ou outra lesão corporal que seja su�ciente
para causar a morte, e trará culpado homicídio no âmbito do homicídio.
Envenenamentos acidentais e intencionais são um contribuinte signi�cativo para a mortalidade e
morbidade em todo o mundo. Segundo WHO, três milhões de casos de envenenamento agudo
com 220.000 mortes ocorrem anualmente. Destas, 90% das intoxicações fatais ocorrem nos
países em desenvolvimento, particularmente entre os trabalhadores agrícolas. O envenenamento
agudo é uma das mais comuns causas de internações hospitalares de emergência. O padrão de
envenenamento em uma região depende de vários fatores, como disponibilidade de venenos,
status socioeconômico da população, in�uências religiosas e culturais e disponibilidade de
medicamentos.
A incidência exata de envenenamento na Índia é incerta devido à falta de dados a nível central,
pois a maioria dos casos não é relatada, e como os dados de mortalidade são um indicador
pobre de incidência de envenenamento. Estima-se que cerca de 5 a 6 pessoas a cada cem mil
morrem devido a envenenamento todo ano. São mais de quatro mil espécies de plantas
medicinais crescendo como ervas, arbustos e árvores em Índia, muitos dos quais são venenosos
quando administrados em grandes doses. Os princípios tóxicos pertencem aos alcaloides,
glicosídeos, toxalbuminas, resinas, canabinoides e polipeptídeos. Casos de intoxicação suicida e
homicida são comuns na Índia, pois os venenos podem ser facilmente obtidos e muitas plantas
venenosas crescem selvagens, como: datura, oleandros, acônito, nux vomica, etc.
Envenenamento acidental ocorre a partir do uso de “poções do amor” e charlatanismo, pois
pessoas sem formação em medicina, por exemplo, receitam remédios contendo drogas
venenosas e indicam até picadas de cobra.
Uma poção do amor é uma droga que supostamente aumenta o amor entre quem dá e quem
recebe. Todos os afrodisíacos como cantáridos, arsênico, álcool, ópio, cocaína e cannabis,
supostamente, agem como �ltros de amor.
Os venenos comuns são inseticidas e pesticidas, tais como organofosforados, hidrocarbonetos
clorados, fosforeto de alumínio, carbamatos e piretróides.
Outros venenos são corrosivos, sedativos, álcool, datura, oleandros, calotrópicos, cróton e
agentes de limpeza. Em crianças, querosene, pesticidas, medicamentos e produtos domésticos
produtos químicos estão comumente envolvidos nos acidentes.
A causa mais comum de envenenamento em países em desenvolvimento são pesticidas, pois a
economia é baseada na agricultura, há pobreza, facilidade disponibilidade de pesticidas
altamente tóxicos. Ocupacional envenenamento por pesticidas também é comum em países em
desenvolvimento, devido a práticas inseguras, analfabetismo, ignorância e falta de equipamentos
de proteção individual.
Entre os adultos, o sexo feminino predomina em todas as idades grupos, com evidente
preponderância na segunda e terceiras décadas de vida. O envenenamento agudo em crianças é
quase totalmente acidental, enquanto em adultos é principalmente suicida.
A mortalidade varia de país para país, conformea natureza do veneno e disponibilidade de
instalações e tratamento por pessoas quali�cadas.
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Videoaula: Das substâncias de interesse em toxicologia
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Vamos conhecer um pouco mais sobre intoxicação por álcool etílico, drogas de abuso e
medicamentos.
#intoxicação
Dos principais campos da toxicologia
A toxicologia ocupacional trata dos produtos químicos encontrados no local de trabalho.
Pessoas que trabalham em várias indústrias podem ser expostas a diferentes agentes durante a
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
síntese, fabricação ou embalagem dessas substâncias ou por meio de seu uso durante a
ocupação. Se o trabalhador contrair qualquer doença especi�cada como uma doença
ocupacional característica a esse emprego – como câncer primário da pele, manifestações
patológicas devido a raios-X, rádio, etc., envenenamento por chumbo, arsênico, mercúrio, fósforo,
etc. – o caso é considerado uma lesão por acidente para �ns de compensação.
A toxicologia ambiental trata do impacto potencialmente prejudicial de produtos químicos como
os poluentes do meio ambiente, para os organismos vivos. O ambiente inclui especialmente o ar,
o solo e a água. Um poluente é uma substância presente no meio ambiente devido à atividade
humana e que tem efeito prejudicial sobre a vida dos organismos. Com os avanços da
tecnologia, a poluição está aumentando. As principais causas da poluição são a produção e o
uso de produtos químicos industriais, aumento do uso de inseticidas, etc., na agricultura e
produção e uso de energia.
A ecotoxicologia preocupa-se com os efeitos tóxicos de agentes químicos e físicos na vida dos
organismos, especialmente em populações e comunidades dentro de ecossistemas de�nidos.
Inclui as vias de transferência desses agentes e suas interações com o ambiente.
A investigação médico legal, também chamada de análises Post-mortem, é a parte mais antiga
da toxicologia forense. Imperativa em eventos de vítimas fatais quando há suposição de morte
violenta ou com envolvimento de terceiros, como homicídios, suicídios ou acidentes. Nesse
contexto tanto é possível quanto recomendável a pesquisa por drogas de abuso e/ou fármacos
em vítimas de assassinato e mortes casuais. A investigação médico legal é importante visto que
mortes visivelmente acidentais podem, de fato, esconder mortes oriundas de obras delinquentes.
Há ainda a “perícia em indivíduos vivos” ou análise Ante mortem, que é uma análise feita a partir
de material biológico oriundo de indivíduos vivos. Fato que há interesse em pesquisar muitos
agentes tóxicos em indivíduos vivos, como pesquisa por substâncias psicoativas, que são
utilizadas para incapacitar mentalmente a vítima facilitando assim o crime, ou estudo de
substâncias que alteram o desempenho psicomotor em indivíduos envolvidos em acidentes de
trânsito/direção perigosa.
Outro campo da toxicologia que recorrentemente entra em pauta é a dopagem no esporte, a qual
se refere ao uso de substâncias ou métodos que proporcionam crescimento muscular ou
melhoram desempenho físico e mental e resistência física do atleta. Essas substâncias são
proibidas por federações esportivas para tornar as competições mais igualitárias. Os exames de
dopagem são realizados com amostra de urina e a veri�cação da presença da substância e/ou
metabólito. São 4 os tipos de substâncias ilícitas mais usados: estimulantes do SN; diuréticos,
para a eliminação pela urina outras substâncias ilícitas; calmantes e substâncias que aumentam
o fôlego e a resistência física. A Agência Mundial Antidoping atualiza periodicamente a lista de
substâncias e métodos potencialmente danosos ao atleta.
Videoaula: Dos principais campos da toxicologia
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Em 2020 veio à tona um fato bastante grave e alarmante, porém pouco surpreendente. As
empresas não noti�cam casos de intoxicação por pesticidas entre seus trabalhadores rurais
registrados, com contrato CLT.
O levantamento foi feito por meio do Sistema de Informação de Agravos de Noti�cação (Sinan)
do Ministério da Saúde, de 2010 a 2019, obtido via lei de acesso à informação pela Agência
Pública.
Vamos conhecer mais sobre esses números?
Estudo de caso
A toxicologia forense pode ser empregada como instrumento para a averiguação de vários tipos
de crime suspeitos que envolvem o uso de substâncias químicas.
Na década de 1980, os pais de uma criança foram acusados pela morte do �lho, Marcus, de 2
anos, por overdose de cocaína. A criança tinha quadros de convulsões constantes. Certa vez que
Marcus passou mal e foi levado ao pronto-socorro, os médicos suspeitaram de um pó branco em
sua boca. Marcus teve três paradas cardiorrespiratórias e depois veio a óbito.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Por meio de um teste rápido, a polícia constatou que o pó encontrado na boca e na mamadeira
de Marcus tinha traços de cocaína. Por conta disso, os pais receberam voz de prisão.
Você é o perito o�cial nesse caso, caracterize as seguintes questões.
Nesse caso, qual é a prova? Qual o corpo de delito? O pó branco na boca da vítima é considerado
indício ou vestígio? Qual é o seu campo de atuação?
Resolução do estudo de caso
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Você, como perito, atua no campo de toxicologia forense post-mortem, sua prova e o corpo de
delito são a própria vítima, a criança. O pó na boca da criança trata-se de um indício e o vestígio
nesse caso é a dosagem da substância no sangue, que se trata do medicamento usado para
epilepsia.
Saiba mais
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Existe um sistema o Sistema de Informação de Agravos de Noti�cação – (Sinan) o qual é
sustentado, sobretudo, pela noti�cação e investigação de casos de doenças e agravos de
noti�cação compulsória.
O sistema também poderá ser utilizado para outros problemas de saúde, como casos de varicela
(MG) ou di�lobotríase (SP).
Sua utilização contribui para a identi�cação da realidade epidemiológica de determinada área
geográ�ca, logo para a democratização da informação.
É uma ferramenta auxiliar na gestão e planejamento da saúde, decidir prioridades de intervenção,
e mensurar seus impactos.
https://portalsinan.saude.gov.br. Acesso em: 15 nov. 2021
Resumo visual
https://portalsinan.saude.gov.br/
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Perícia Criminal e Toxicológica
Existem diferentes tipos de envenenamento: (1) Envenenamento agudo: causado por uma dose
única excessiva, ou várias doses menores de um veneno tomadas em um curto intervalo de
tempo. (2) O envenenamento crônico: causado por menores doses ao longo de um período de
tempo, resultando em agravamento. Os venenos que são comumente usados para �ns de
envenenamento crônico são arsênio, antimônio, fósforo e ópio. (3) Subagudo: envenenamento
mostra características agudas e crônicas envenenamento. (4) O envenenamento: fulminante é
produzido por uma dose massiva. Esta morte ocorre rapidamente, às vezes sem sintomas
anteriores.
Vamos ver agora os venenos domésticos mais comuns.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Perícia Criminal e Toxicológica
Fonte: adaptado de Reddy e Murty (2014).
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
CAPEZ, F. Curso de processo penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
COSTA FILHO, P. E. G. Medicina legal e criminalística. Brasília: Vestcon, 2012.
MANZANO, L. F. M. Provapericial: admissibilidade e assunção da prova cientí�ca e técnica no
processo brasileiro. São Paulo: Atlas, 2011.
ROCHA, R. O. Toxicologia forense e-book. 1 ed. Rio de Janeiro: Edição Independente, 2021. ISBN:
978-65-00-15610-2.
REDDY, K.S. N. e MURTY. O.P. The Essentials of Forensic Medicine and Toxicology. 3 ed. 2014.
VARGAS, J. P. S.; KRIEGER, J. R. A Perícia criminal em face da legislação. Revista Eletrônica de
Iniciação Cientí�ca. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 382-396,
1º Trimestre de 2014. Disponível em: www.univali.br/ricc. Acesso em: 15 nov. 2021. ISSN 2236-
5044.
Aula 4
Legislação em vigor
Introdução
http://www.univali.br/ricc
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Em qualquer pro�ssão se faz necessário conhecer os documentos legais que a norteiam. Com a
perícia criminal e toxicológica não seria diferente, ainda mais por se tratar de uma área auxiliar
da justiça.
Nessa aula iniciaremos com o Código Penal e com o Código do Processo Penal, fazendo-se
saber de suas diferenças. Também serão vistas em detalhe as atribuições de um perito criminal,
seja ele o�cial ou não. E, por último, mas não menos importante, abrangeremos as leis que citam
os crimes contra a saúde pública, como: envenenamento de água, adulteração de produtos
alimentares e terapêuticos, e também estudaremos a lei que regulamenta o uso de substâncias e
drogas com efeitos psicotrópicos. 
Código de Processo Penal
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Perícia Criminal e Toxicológica
Talvez você já tenha ouvido falar em Código Penal e Código do Processo Penal e se perguntou
qual seria a diferença entre eles. Então, nesse primeiro bloco da aula, vamos entender suas
particularidades e sua aplicabilidade na atuação do perito criminal e toxicológico.
O Código Penal é o conjunto de leis (normas jurídicas) que regulam o poder punitivo do Estado,
de�nindo crimes, penas ou medidas de segurança que serão aplicadas aos indivíduos que
cometerem algum crime. Sua função é a proteção de bens jurídico-penais, que, segundo a
Constituição Federal, são: a vida, a liberdade, o patrimônio, o meio ambiente, a proteção pública.
O Código Penal em vigor é o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Já o Código do Processo Penal dita os procedimentos legais para as aplicações de penas aos
crimes que são relatados no Código Penal. “Não existe delito sem pena, nem pena sem delito e
processo, nem processo penal senão para determinar o delito e impor uma pena” (LOPES JR.,
2019). O Código de Processo Penal está estabelecido pelo Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 e suas atualizações.
No Capítulo I do Código Penal, o qual trata das penas dadas aos crimes contra a vida, deixa claro
que o uso de veneno quali�ca um homicídio, bem como fogo, explosivo, as�xia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, além de motivos torpes ou fúteis.
Para entendermos melhor, vamos citar alguns tipos de crimes, conforme o Código Penal
brasileiro:
Crime simples: matar alguém (Art. 121) sem o uso de substâncias venenosas, armas de
fogo ou uso de tortura.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Homicídio quali�cado: quando há uma circunstância a mais, um elemento que agrave o
crime original (Art. 121). Por exemplo: o uso de substância tóxica que leve o indivíduo à
morte.
Homicídio doloso: quando o indivíduo praticante do crime deseja o resultado ou assumiu o
risco de fazê-lo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984). Por exemplo: o uso de
substância tóxica com o propósito de tirar a vida da vítima.
Homicídio culposo: quando o indivíduo praticante do crime o causou por resultado de sua
imprudência, negligência ou imperícia (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984).
Imprudência: o agente executa uma ação precipitada e sem cautela, diversa da esperada.
Por exemplo: o farmacêutico entrega o medicamento errado ao cliente e esse erro causa
danos ao paciente; o primeiro tem a obrigação de conferir a receita a �m de entregar o
produto correto.
Negligência: o agente deixa de tomar uma ação, seja por descuido, indiferença ou
desatenção, que era esperada para a situação. Por exemplo: o farmacêutico permite que o
atendente pegue e entregue os medicamentos de controle especial (Portaria 344/98) sem
sua conferência.
Imperícia: quando o agente é inapto, ignorante ou com falta de quali�cação técnica para
executar uma tarefa. No mesmo caso citado no item anterior, a imperícia refere-se ao
atendente, que por falta de treinamento ou negligência do farmacêutico, fez a dispensação
do medicamento controlado sem o aval do responsável técnico.
O exame de corpo de delito, da cadeia de custódia e das perícias em geral, do Código do
Processo Penal (Capítulo II) foi atualizado pela Lei n.º 13964/2019. No seu artigo 158-A,
conceitua a cadeia de custódia como o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
sustentação e documentação da história cronológica do vestígio coletado, desde sua posse,
manuseio até seu descarte. A cadeia de custódia tem seu início na preservação do local do
crime, bem como com a detecção da existência de vestígios.
Outro ponto que merece destaque no Código do Processo Penal é o Artigo 34-A o Banco
Nacional de Per�s Balísticos, no entanto, apenas em 2021 ocorreram edições desse artigo e de
decreto que o institui (Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003), a �m de contribuir com os
mecanismos investigativos e aumentar a e�ciência na apuração das infrações penais (BRASIL,
2021). O Código do Processo Penal também cita o Banco Nacional Multibiométrico e de
Impressões Digitais (artigo 7), sendo sua criação autorizada (Lei nº 12.037, de 1º de outubro de
2009).
Videoaula: Código de Processo Penal
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Nesse vídeo será abortado o que descreve o artigo 158-B do Código de Processo Penal (Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941), “Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a con�ssão do acusado” ou
seja, todas as etapas da cadeia de custódia.
Dos peritos
O Código de Processo Penal determinava que 2 (dois) peritos criminais realizassem a perícia, no
entanto, em 09/06/2008, a Lei nº 11.690 alterou o artigo 159, não sendo, assim, mais exigido
dois agentes. Como o artigo 158 exige a atuação permanente do perito, essa alteração teve o
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Perícia Criminal e Toxicológica
intuito de corrigir a falta de peritos o�ciais capazes de desempenhar todas as funções
relacionadas ao cargo, além do aumento exponencial de demanda em todo Brasil. Ademais, o
mesmo artigo deixa clara a necessidade do perito, pois uma vez que o crime deixe vestígios, o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, é obrigatório, não sendo substituível pela con�ssão
do acusado, ou seja, há a necessidade de atuação do perito.
Um ponto levantado por Tocchetto e Espíndula (2013) é que, na prática, a perícia é realizada por
uma equipe de peritos, formada por dois ou mais agentes.
Alguns autores discutem as atribuições e particularidades dos peritos criminais.
Primeiramente, vejamos o que diz o Código de Processo Penal, ainda em seu artigo 159, “o perito
o�cial, com formação superior, é responsável pela realização do exame de corpo de delito e
outras perícias”.
Para Capez (2012) o perito deve ser um indivíduo estranho às partes, sem empecilhos ou
incompatibilidades para atuar no processo, além disso, detentor de um conhecimento técnico-
cientí�co especí�co. O mesmo autor, informa a existência e possibilidade de atuação do perito
o�cial e não o�cial, e os distingue:
a) Perito O�cial: é aquele que presta o compromisso de bem e �elmente servir e
exercer a função quando assume o cargo, ou seja, quando, após o regular concurso
de provas e títulos, vem a ser nomeado e investido no cargo de perito. Daí a
desnecessidade de esseperito prestar compromisso nos processos e investigações
em que atua.
b) Perito louvado ou não o�cial: Trata-se daquele que não pertence aos quadros
funcionais do Estado e que, portanto, uma vez nomeado, deve prestar o aludido
compromisso. A nomeação não pode ser recusada pelo perito, salvo motivo
justi�cável (CPP, art. 277), pois, sendo auxiliar da justiça, assume ônus processual.
Caso não compareça para realizar o exame, poderá ser conduzido coercitivamente
(CPP, art. 278). Pode ainda cometer o crime de falsa perícia (CPP, art. 342). A sua
nomeação é feita pela autoridade policial na fase de inquérito e pelo juiz, no processo.
(CAPEZ, 2012)
Tourinho Filho (2011), com base no artigo 159, a�rma:
[...] basta um perito o�cial, portador de diploma de curso superior, para proceder aos
exames de corpo de delito e às outras perícias.
A discussão que havia a respeito perdeu razão de ser, uma vez que a Lei n.
11.690/2008 expressamente exige seja apenas um perito o�cial com diploma de
curso superior. Não havendo, “o exame será realizado por duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área especí�ca, dentre
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”.
Peritos ino�ciais. O procedimento retrocitado, entretanto, não é absoluto. Admite
exceções. Assim, se não houver perito o�cial, o exame será feito por duas pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, as que
tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame, nos termos do § 1º do
art. 159 do CPP.
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Perícia Criminal e Toxicológica
Videoaula: Dos peritos
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Os peritos criminais têm a função de elaborar o laudo pericial criminal, estabelecendo provas e
determinando as causas dos fatos, examinam os locais onde os crimes supostamente
ocorreram, buscam evidências, selecionam e coletam indícios materiais e os encaminham para
exames especí�cos a cada caso.
Agora que você já sabe o que faz um perito, vamos nos aprofundas nos seguintes pontos:  
Classi�cação Brasileira de Ocupações (CBO) dos peritos criminais.
Funções especi�cas.
As áreas de formação mais aptas para tornar-se perito.
Dos alimentos e medicamentos
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Perícia Criminal e Toxicológica
A perícia toxicológica irá tratar das substâncias tóxicas e dos efeitos causados por elas no
organismo.
O Código Penal, Capítulo III, cita os crimes contra a saúde pública, em seu artigo 270, declarando
como tal a contaminação proposital de água potável (de uso comum ou particular), ou ainda
contaminação de produto alimentício ou medicinal com �ns de consumo.
A falsi�cação, corrupção, adulteração ou alteração de substâncias e produtos alimentícios está
no artigo 272, de produtos para �ns terapêuticos ou medicinais, as quais são enquadradas no
artigo 273.
Podemos citar alguns exemplos, tais como: grãos de soja coloridos arti�cialmente e vendidos
como ervilhas (falsi�cação de produto alimentício), utilização de grãos de milho para a
adulteração de café torrado e moído, uma vez que o milho tem um preço abaixo de um décimo
do preço do café (OLIVEIRA, MORAES E COELHO, 2021).
O uso de processo ou substâncias ilegais, como corantes ou aromatizantes não permitidos por
lei encaixa-se no artigo 274. Já o artigo 275 fala sobre a falsa indicação, de substância ausente
ou em quantidade menor que a descrita, em alimentos e produtos terapêuticos e medicinais.
Muitos produtos milagrosos para o emagrecimento são vendidos pela internet, no entanto, pouco
se sabe quais substâncias (e em que quantidades) estão presentes.
O artigo 278 deixa clara a culpa de quem trata de qualquer etapa da cadeia logística de quaisquer
produtos nocivos à saúde pública, mesmo que estas não se destinem ao uso alimentar ou
medicinal.  
O fornecimento de substância medicinal incompatível com o prescrito na receita médica é
exposto no artigo 280. O crime de comercializar, possuir, ou usar entorpecentes ou substância
que causem dependência física ou psíquica é relatado no artigo 281, porém maiores detalhes
são dados pela Portaria 344/98, que falaremos ainda nesse bloco. Ainda nesse capítulo são
tratados  os crimes de exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica, no artigo 282,
do charlatanismo, artigo 283, e curandeirismo, artigo 284 (BRASIL, 1940). Com certa recorrência,
vem à tona notícias de pessoas praticando o exercício ilegal da medicina ou práticas ilegais de
curandeirismo.
Para a toxicologia forense, o estabelecimento do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas (SISNAD), Lei Federal nº 11.343 de 2006, o qual determina de medidas preventivas, de
zelo e reinserção social de usuários e dependentes químicos, e estabelece normas para coerção
ao trá�co de drogas ilícitas, de�ne os crimes e outras providências. No Título 4, “da repressão à
produção não autorizada e ao trá�co ilícito de drogas”, Capítulo 2, "Dos crimes", do artigo 33 ao
artigo 38 pondera-se sobre os crimes envolvidos em relação ao porte de substâncias ilícitas,
mencionando como crime: “fabricar, adquirir, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar
qualquer pessoa, guardar, fornecer, ainda que gratuitamente, �nanciar, colaborar, prescrever ou
ministrar”. No artigo 39, da mesma lei, defende-se o crime cometido por conduzir, sob efeito de
drogas, embarcação ou aeronave, expondo a vida de outras pessoas ao risco (BRASIL, 2006).
Como dito anteriormente, a Portaria 344, de 12 de maio de 1998 é de grande importância para a
perícia criminal e toxicológica, visto que lista as substâncias sujeitas ao controle especial, como
também as substâncias ilícitas no Brasil, bem como suas atualizações periódicas, que, por meio
de RDCs, vão ao encontro do controle de novas substâncias sintéticas psicoativas produzidas e
comercializadas mundialmente. Para dar conta dessa demanda bastante dinâmica, a ANVISA e a
Polícia Federal têm interface para atualizações periódicas da Portaria 344/98 com o objetivo de
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Perícia Criminal e Toxicológica
conter a comercialização de substâncias psicoativas. Quando a Polícia Federal, por meio da
toxicologia analítica, identi�ca uma nova droga no mercado brasileiro, emite um relatório para a
ANVISA que adiciona a nova substância na listagem da Portaria. As listas "A1" e "A2" relacionam
as substâncias entorpecentes, "A3", "B1" e "B2" psicotrópicas, "C3" imunossupressores, "D1"
precursores, "E" plantas que podem originar substâncias entorpecentes e/ou psicotrópicas e lista
"F" substâncias proscritas em território nacional (BRASIL, 1998).
Os exames toxicológicos também são importantes na �scalização do uso de substâncias
psicoativas em condutores de veículos, o Código de Trânsito Brasileiro obriga condutores
pro�ssionais a realizem exames toxicológicos, do mesmo modo, os motoristas são proibidos de
conduzir veículo sob efeito de álcool e outras drogas (BRASIL,1997).
Videoaula: Dos alimentos e medicamentos
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Para que seja possível o entendimento das normas, faz-se necessário elucidar alguns conceitos
abordados por tais normas.
Nesse vídeo iremos explanar os conceitos abordados na Portaria 344 de 1998, tais como:
entorpecente (listas "A1" e "A2"), psicotrópico (listas "A3", "B1" e "B2"), precursores (lista “D1”),
substância proscrita (lista "F") entre outras de maior relevância para o entendimento da aula.
Estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
Entre 2012 e 2016 ocorreu um substancial aumento no cultivo da planta cannabis em 151 países,
correspondendo a 192,2 milhões de usuários de maconha em 164 países. Foram apreendidas
mais de 4 mil toneladas da ervae mais de 1,5 toneladas da resina em 2016. A apreensão da
planta in natura nas Américas correspondeu a 64% do total mundial, sendo a maioria apreendida
nos EUA, seguido por México, Paraguai e Brasil (CASTRO, 2016).
Nesse contexto também ocorreu um aumento do aparecimento de novas drogas sintéticas
mundo afora, incluindo canabinoides sintéticos, os quais compreendem diferentes produtos com
estruturas similares à principal substância psicopatológica da cannabis natural, o
tetrahidrocannabinol (THC) (CASTRO, 2016).
Desse modo, muitos usuários optaram por utilizar as versões sintéticas, pelo fato de as novas
substâncias ainda não estarem nas listas restritivas brasileiras.
Por conta disso, em maio de 2016, foi publicada a Resolução de Diretoria Colegiada RDC n.º 79,
que incluiu estrutura química universal do grupo de canabinoides sintéticos, utilizando o sistema
genérico somado à listagem nominal de sustâncias (BRASIL, 2016).
Você está no ano de 2016, é perito toxicologista especialista em química analítica, o que você faz
a partir da nova publicação da RDC n.º 79/2016? 
Resolução do estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Como perito toxicologista, especialista em química analítica, você precisa estar preparado para
proceder análises toxicológicas quando casos que suspeitem de intoxicação por canabinoides
sintéticos chegarem até o seu laboratório.
Como referenciado nessa aula, o Brasil precisa estar atualizado para o controle de novas
substâncias sintéticas psicoativas produzidas e comercializadas mundialmente.
Esse controle é relativo à substância isolada, presente em adulterações de outras drogas ou
ainda nos �uidos biológicos.
Para estar atualizado, você irá buscar nas bases técnico-cienti�cas sobre metodologias de
extração, puri�cação e análise das substâncias correlacionadas a estruturas genéricas do grupo
de canabinoides sintéticos.
Além disso, vale buscar fornecedores dessas substâncias para ter o material de referência para
execução das análises toxicológicas.
Saiba mais
Para saber mais sobre as legislações que tratamos nessa aula, ou outras do seu interesse,
acesse o link de busca do Planalto. A partir dele você terá acesso a todos as leis, decretos,
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Perícia Criminal e Toxicológica
portarias que regem o nosso país, bem como suas atualizações. Você pode buscar pelo número,
ano, tipo (decreto, lei, portaria) ou ainda por termos.
BRASIL. Portal de legislação. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. Acesso em:
26 out. 2021.
Também é possível �car a par das atualizações da Portaria 344/98, por meio do link:
BRASIL. Lista de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil. Atualizações. 2020.
Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-
substancias. Acesso em: 17 nov. 2021.
Resumo visual
É de suma importância sabermos qual a hierarquia dos documentos legais (Figura 1).
A nossa Constituição Federal (CF) tem abrangência em todo o território nacional e é a de maior
poder sobre todas as demais.
Já as Instruções Normativas são úteis para nortear a ação de certas atividades do poder público,
têm a função de detalhar o conteúdo de uma lei, no entanto, jamais alterarão ou derrubarão ou
revogarão uma Portaria ou uma Lei.
Uma portaria pode alterar/revogar uma Instrução Normativa, mas não uma Lei;
Já uma lei �ca hierarquicamente abaixo apenas da Constituição Federal, ou seja, a lei é incapaz
de alterar/revogar a CF, mas poderá alterar/revogar Decretos, Portarias, Instruções Normativas.
http://www4.planalto.gov.br/legislacao/
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura 1 | Abrangências dos documentos legais no Brasil. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
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Perícia Criminal e Toxicológica
BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. 1940. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-
412868-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 21 out. 2021.
BRASIL. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Presidência
da República Casa Civil Subche�a para Assuntos Jurídicos,1941.
BRASIL. Código Brasileiro de Trânsito. Brasil. Presidência da República Casa Civil Subche�a para
assuntos jurídicos, 1997.
BRASIL. Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em
Saúde, 1998.
BRASIL, Lista de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil. Atualizações. 2020.
Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-
substancias. Acesso em: 17 nov. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009. Presidência da República. Casa Civil. Subche�a
para Assuntos Jurídicos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12037.htm#art7c. Acesso em: 21 out. 2021.
BRASIL. Lei nº 11343, de 23 de agosto de 2006. Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas - Sisnad, 2006.
BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Presidência da República. Secretaria-Geral.
Subche�a para Assuntos Jurídicos. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm#art3. Acesso em: 21 out. 2021.
BRASIL. Presidência da República. Planalto. Segurança Pública. Decreto institui o Banco Nacional
de Per�s Balísticos. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-
planalto/noticias/2021/06/decreto-institui-o-banco-nacional-de-per�s-balisticos-o-sistema-
nacional-de-analise-balistica-e-o-comite-gestor-do-sistema-nacional-de-analise-
balistica#:~:text=O%20Presidente%20da%20Rep%C3%BAblica%2C%20Jair,de%2022%20de%20de
zembro%20de. Acesso em: 24 out. 2021.
BRASIL. Portal de legislação. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. Acesso em:
26 out. 2021.
CASTRO, J. S. Inteligência forense aplicada a lei de drogas e ao estudo de novas substâncias
psicoativas. Dissertação. Mestrado. USP. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59138/tde-07082019-
142838/publico/jadesimoescastro_resumida.pdf. Acesso em: 24 out. 2021.
CAPEZ, F. Curso de Processo Penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
LOPES JR., A. Direito Processo Penal. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:
https://cptl.ufms.br/�les/2020/05/Direito-Processual-Penal-Aury-Lopes-Jr.-2019-1.pdf. Acesso
em: 21 out. 2021.
OLIVEIRA, S. R. B.; MORAES, L. D. L. S.; COELHO, C. P. Fraudes em alimentos industrializados.
Pubsaúde, 5, 115. 2021. Disponível em: https://pubsaude.com.br/revista/fraudes-em-alimentos-
industrializados/. Acesso em: 17 nov.  2021.
TOCCHETTO, D.; ESPÍNDULA, A. Criminalística: procedimentos e metodologias. 2 ed. Porto
Alegre: Espindula – Consultoria, Cursos & Perícias, 2013.
TOURINHO FILHO, F. C. Processo Penal. v. 3, 33 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
VARGAS, J. P. S.; KRIEGER, J. R. A Perícia Criminal em Face da Legislação. Revista Eletrônica de
Iniciação Cientí�ca. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 382- 396,
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Perícia Criminal e Toxicológica
1º Trimestre de 2014. Disponível em: https://univali.br/graduacao/direito-
itajai/publicacoes/revista-de-iniciacao-cienti�ca-
ricc/edicoes/Lists/Artigos/Attachments/998/Arquivo%2020.pdf. Acesso em: 21 out. 2021
,
Unidade 2
Fundamentos da toxicologia, fases da intoxicação, toxicologia aplicada à medicina legal e
dopagem
Aula 1
Fundamentos da toxicologia: fases da intoxicação I e II
Introdução
A Toxicologia é a ciência que investiga a ocorrência, a natureza, os mecanismos e os fatores de
risco dos efeitos nocivo de agentes químicos. Os efeitos tóxicos variam desde os mais leves até
os mais graves. Nestesentindo, estudar as fases de intoxicação é de extrema importância para
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Perícia Criminal e Toxicológica
os pro�ssionais ligados à área das ciências forenses. A intoxicação é dividida em quatro fases:
exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e fase clínica. 
Nesta aula, será estudada a primeira e a segunda fase. O estudo sobre esse tema disponibiliza
informações extremamente importantes para o planejamento e interpretação das análises
toxicológicas forenses, uma vez que a compreensão da via de administração, distribuição,
biotransformação e eliminação do agente tóxico permitem a escolha da matriz biológica, a
metodologia analítica e a interpretação dos elementos gerados. 
Portanto, aproveite nossos materiais e aprofunde seu conhecimento sobre a temática.
Fases da Intoxicação -1ª Exposição
Você sabia que intoxicação é um problema de importância a nível mundial? Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2012, foi estimado que cerca de 193.460 pessoas
morreram em todo mundo devido a intoxicações não intencionais. Em torno de 1.000.000
pessoas morrem a cada ano devido ao suicídio, sendo signi�cante o número relacionado às
substâncias químicas e aos pesticidas, os quais foram responsáveis por 370.000 óbitos. 
Assim, a toxicologia, além da ciência do veneno, é, cada vez mais, a ciência da segurança e do
risco da substância química. Trata-se do conhecimento da probabilidade de um agente tóxico
causar um efeito adverso no ser humano, no ambiente e nas situações investigadas pelos peritos
toxicologistas, onde, de acordo com alguns critérios, podem ser diferenciadas em criminais,
acidentais ou voluntárias (SCHWARTZMAN, 2001). Mas o que é um agente tóxico? 
Entende-se, por agente tóxico ou toxicante, a entidade química capaz de causar dano a um
sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob certas condições
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
de exposição (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Os efeitos tóxicos provocados em um
sistema biológico por uma substância química ou pelo seu processo de biotransformação,
apenas vão ocorrer se o tempo e a concentração em que o sistema biológico �cou exposto ao
agente forem su�cientes. 
Outro fator importante é a necessidade de o agente atingir o órgão-alvo e, também, a
susceptibilidade do indivíduo. A toxicidade é dependente das características físicas e químicas
dos agentes, das condições de exposição, do processo de metabolização do agente pelo sistema
biológico, e da suscetibilidade global do sistema biológico ou do indivíduo (KLAASSEN;
WATKINS, 2012). Sendo assim, é importante estudar as situações de exposição de um agente
tóxico a um indivíduo, a frequência, a duração da exposição e as principais vias pelas quais os
agentes tóxicos ganham acesso ao organismo, que são a gastrintestinal, a pulmonar, a cutânea e
outras vias parenterais, pois a forma de administração possui grande relevância nos efeitos
gerados. 
O material no qual o produto químico está dissolvido e outros fatores de formulação também
podem alterar signi�cativamente a absorção. Assim, a exposição pode ser dividida em quatro
categorias: aguda, subaguda, subcrônica e crônica (OGA, 2008). Mas, então, qual é a
aplicabilidade do estudo da fase de exposição a um agente tóxico para na toxicologia forense? A
toxicologia forense utiliza as análises toxicológicas relacionando-as com o procedimento legal,
sendo uma importante ferramenta na materialização do crime. Compreender as formas de
exposição é preciso para a interpretação dos achados, pois coloca a toxicologia forense como
ciência multidisciplinar, necessária para a interpretação do achado e para a perícia criminal (OGA;
CAMARGO; BATISTUZZO, 2014)
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Nesta aula, abordaremos o tema relacionado às fases da intoxicação e aprofundaremos nosso
conhecimento sobre o agente tóxico e as suas propriedades. Também vamos discutir sobre a
importância da primeira fase da intoxicação e quais são os principais fatores que in�uenciam na
capacidade de um agente causar toxicidade.
Fases da Intoxicação- 2ª Toxicocinética (Etapas 1 e 2)
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A segunda fase da intoxicação é de�nida como a toxicocinética, que representa o movimento do
toxicante dentro do organismo. Todos os processos envolvem reações mútuas entre o toxicante
e o organismo. A toxicocinética está relacionada com os processos de absorção, distribuição,
biotransformação e eliminação do agente, em função do tempo. 
Nesta aula, abordaremos duas etapas da toxicocinética: a absorção e a distribuição. A absorção
é o processo pelo qual os toxicantes atravessam as membranas corporais e ingressam na
corrente sanguínea (CONE, 1998; KLAASSEN; WATKINS, 2012; MCKEEMAN, 1996; OGA
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008), ou seja, é a transição do toxicante de um meio externo para um
meio interno. Os principais locais de absorção são os pulmões, a pele e o sistema digestório. A
administração enteral inclui todas as rotas que pertencem ao canal alimentar (oral, sublingual e
retal), enquanto a administração parenteral envolve todas as outras rotas (intraperitoneal,
intramuscular, subcutânea, intravenosa, etc.) (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
A disponibilidade do fármaco e seus metabólitos no local de ação têm grande in�uência em
diversos fatores, como grau de ionização, extensão de ligação a proteínas plasmáticas, e
capacidade de atravessar membranas para alcançar diferentes compartimentos do organismo
(CONE, 1998). O agente tóxico é capaz de atravessar a membrana por: transporte especializado,
no qual a célula fornece energia para transportar os toxicantes através da membrana; ou
transporte passivo, no qual a célula não gasta energia (KLAASSEN; WATKINS, 2012). 
Já a distribuição é a etapa em que o agente tóxico entra na circulação sanguínea, estende-se
pelos tecidos e localiza-se em certos órgãos, dependendo da a�nidade do tóxico por
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Perícia Criminal e Toxicológica
determinados tecidos. Logo, a distribuição necessita de vários fatores. Entre eles, podemos citar
o �uxo sanguíneo e linfático nos diferentes órgãos, ligação a proteínas plasmáticas, coe�ciente
de partição óleo/água de cada substância e as diferenças regionais de pH. O balanceamento de
distribuição é alcançado mais facilmente nos tecidos que recebem grande circulação dos �uídos
e mais lentamente nos órgãos pouco irrigados. Porém, não necessariamente (OGA, CAMARGO,
BATISTUZZO, 2008). 
De modo geral, os agentes tóxicos atravessam as membranas de diferentes células, como a �na
camada de células dos pulmões ou do sistema digestório, epitélio estrati�cado da pele, o
endotélio capilar e células do órgão-alvo ou tecido. As proteínas estão entrepostas na dupla
camada, e algumas ultrapassam essas camadas, permitindo a formação de poros aquosos. Para
que o efeito de um agente tóxico termine, é necessário que o toxicante passe para as outras
etapas da toxicocinética. Porém, pode ocorrer redistribuição do agente tóxico do seu sítio de
ação para outros órgãos ou tecidos. No entrando, ele ainda estará presente nestes novos locais
de forma ativa e ele só poderá ser eliminado de forma de�nitiva passando pelo processo de
biotransformação e excreção. 
Então, qual é a aplicabilidade do estudo da toxicocinética (etapas de absorção e distribuição) na
toxicologia forense? O estudo da toxicocinética disponibiliza informações extremamente
importantes para o planejamento das análises e identi�cação dos caminhos percorridos pelo
agente tóxico e prevê como o corpo vai agir frente ao toxicante.
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Nesta aula, vamos abordar o tema sobre a segunda fase da intoxicação, que é a toxicocinética. A
toxicocinética atua em quatro etapas: a absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Por
ser um assunto muito amplo, nesta aula vamos aprofundar nossos estudos sobre as duas
primeiras etapas e os principais pontos relacionados a estas fases de interesse na perícia
criminal e toxicológica.
Fases da Intoxicação- 2ª Toxicocinética (Etapas 3 e 4)
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Perícia Criminal e Toxicológica
Agora que você já conhece um pouco da toxicocinética e das suas primeiras etapas, vamos
abordar as outras duas etapas envolvidas nos processos da toxicocinética, que é a
biotransformação e a excreção. Você sabe qual a importância da biotransformação/
metabolização? Ela desempenha um importante papel na eliminação dos agentes tóxicos e
impede que estes compostos permaneçam por tempo inde�nido no nosso organismo (LOW,
1998). 
Para diminuir a probabilidade de um agente desencadear uma resposta tóxica, o sistema
biológico possui mecanismos de defesa que procuram reduzir essa quantidade que chega de
forma ativa ao tecido-alvo. Para isso, é imprescindível reduzir a difusibilidade do agente tóxico e
elevar a velocidade de sua excreção. Então, a biotransformação pode ser descrita como um
conjunto de modi�cações químicas ou estruturais que os compostos sofrem no sistema
biológico, comumente ocasionadas por processos enzimáticos, com a �nalidade de reduzir ou
cessar a toxicidade e facilitar a excreção (RUPPENTHAL, 2013). 
Os processos químicos envolvidos na biotransformação são enzimaticamente catalisados. A
quantidade de toxicante que atinge seu alvo é dependente da quantidade incorporada pelos
outros tecidos e da quantidade do toxicante metabolizada antes que esse atinja seu sítio de ação
(THOMAS, 2002). As reações metabólicas do processamento de agente tóxicos são
classi�cadas como: reações de fase I (via assintética) e as reações da fase II (via sintética).
Normalmente, essas reações têm por objetivo a conversão da molécula do tóxico em
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
metabólitos mais hidrossolúveis, que são mais facilmente excretados em comparação à
molécula original (SOLOMONS, 2005). 
Já a excreção é a remoção do agente tóxico do sangue e seu retorno para o ambiente externo. A
velocidade e a rota de excreção dependem das propriedades físico-químicas dos agentes
tóxicos. Os principais órgãos de excreção são os rins e o fígado. Eles retiram, de forma e�ciente,
substâncias altamente hidrofílicas, como bases e ácidos. Os compostos tóxicos e seus produtos
de biotransformação também podem ser eliminados pelas glândulas mamárias, leite, excreção
biliar, suor e intestino, mas de forma menos e�ciente. 
A excreção é um mecanismo físico, enquanto a biotransformação é um mecanismo químico para
retirada dos agentes tóxicos do organismo (KLAASSEN; WATKINS, 2012). Nos estudos da
toxicologia forense, é essencial entender os processos de biotransformação e excreção. Só
assim é possível identi�car as drogas e os compostos que são formados durante a
biotransformação. 
Para que você compreenda isso melhor, há, como exemplo, um estudo realizado por Campestrini
(2015). A autora avaliou quais eram os principais metabólitos da cocaína encontrados em urina
de usuários de droga. Os analitos mais abundantes foram substâncias obtidas através do
processo de biotransformação, a benzoilecgonina e o éster metílico da ecgonina. Em relação à
benzoilecgonina, as concentrações de cocaína encontradas foram em média trinta vezes mais
baixas. Isso mostra que o toxicologista deve entender sobre a toxicocinética dos agentes tóxicos
e como é realizado o processo de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Através
desse conhecimento, será possível determinar quais compostos buscar nas matrizes biológicas
Videoaula: Fases da Intoxicação- 2ª Toxicocinética (Etapas 3 e 4)
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As duas últimas etapas presentes na toxicocinética são a biotransformação e a excreção. Nesta
aula, abordaremos a biotransformação, qual a sua função e as principais reações metabólicas
envolvidas no processamento dos agentes tóxicos. Também estudaremos fatores inerentes aos
indivíduos que vão in�uenciar no processo de intoxicação. E, por último, trataremos do assunto
relacionado ao processo pelo qual a substância é eliminada do organismo, que é a excreção.
Estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
Na noite no dia 20 de outubro de 2021, por volta das 23:00, o Samu da cidade de Campinas-SP
foi acionado por um homem que comunicou que seu amigo tinha administrado alguma
substância e estava passando mal. Diante disso, os socorristas foram até o local, procederam
com o atendimento e levaram o indivíduo até o hospital. Ele apresentava sinais de alterações
psíquica, como euforia, perda da noção de realidade, agitação psicomotora, estado de ansiedade,
taquicardia e vômito. No hospital, um dos funcionários também observou que no bolso do
indivíduo havia alguns tubos pequenos com um pó branco. 
De acordo com os sinais, sintomas e o pó branco encontrado, sugere-se que a substância
responsável pela intoxicação seja a cocaína. De acordo com as informações obtidas, responda
as seguintes questões:
1. Já que primeira fase da intoxicação se trata da exposição, quais são os fatores que
deveriam ser avaliados nas situações de exposição a esse agente tóxico?
2. De acordo com as informações contidas no texto, sugere-se que o agente tóxico seja a
cocaína. Qual a matriz biológica que deveria ser analisada? E quais compostos deveriam
ser buscados?
Resolução do estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Devido aos sinais apresentados pelo paciente, os tubos encontrados e as outras informações
contidas no texto, a hipótese é que seja intoxicação por cocaína. A investigação da intoxicação
envolve pelo menos três etapas: 
Obtenção da história do caso com a maior quantidade possível de informações.
Realização das análises toxicológicas nas amostras coletadas.
Interpretação dos achados analíticos obtidos.
Em relação à primeira fase da intoxicação (exposição), seria importante avaliar a frequência, a
duração da exposição e as principais vias que a cocaína poderia ter sido administrada. O
material no qual a cocaína estava dissolvida e outros fatores de formulação também poderiam
alterar signi�cativamente o processo da toxicocinética.
Dessa forma, a avaliação de todos esses fatores traria informações valiosas para determinar a
causa da intoxicação. Em relação à matriz biológica e os compostos a serem analisados, a
cocaína e os seus metabolitos são eliminados por via urinária, sendo possível recuperar 85 a 90%
da droga numa amostra de urina de 24 horas. Assim, cerca de 1 a 5% da droga é eliminada na
forma de composto inalterado; e entre 75 e 90%, na forma de benzoilecgonina e éster metílico da
ecgonina.
Saiba mais
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Perícia Criminal e Toxicológica
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) tem como principal
atribuição coordenar a coleta, a compilação, a análise e a divulgação dos casos de intoxicação e
envenenamento noti�cados no país. Os registros são realizados pela Rede Nacional de Centros
de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), composta por diversas unidades
presentes em todas as regiões do Brasil. Os resultados do trabalho são divulgados anualmente.
Para saber mais, acesse o site:
SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Fundação Oswaldo Cruz,
2009. Disponível em: https://sinitox.icict.�ocruz.br/materiais-de-divulgacao.Acesso em: 30 nov.
2021.
O estudo da toxicocinética ajuda a determinar vários aspectos relacionados com as drogas de
abuso, tema muito importante na Toxicologia Forense. A Revista Médica de Minas Gerais
publicou um artigo sobre a cocaína, as características da molécula, a lipossolubilidade, e como
isto in�uencia na sua distribuição para os tecidos, como a barreira hematoencefálica e
placentária. Para saber mais sobre esta droga e sua toxicocinética, acesse o site: 
CASTRO, R. C. et al. Crack: pharmacokinetics, pharmacodynamics, and clinical and toxic effects.
Revista Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 242-248. Disponível em:
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1782. Acesso em: 30 nov. 2021.
Resumo visual
https://sinitox.icict.fiocruz.br/materiais-de-divulgacao
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1782
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura | Síntese dos conteúdos trabalhados em aula. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
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Perícia Criminal e Toxicológica
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droga e em amostras ambientais. 2015. Tese (doutorado) - Instituo de Química da UNICAMP,
Campinas, 2015.
CASTRO, R. C. et al. Crack: pharmacokinetics, pharmacodynamics, and clinical and toxic effects.
Revista Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 242-248. Disponível em:
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1782. Acesso em: 30 nov. 2021.
CONE, E. J. Recent discoveries in pharmacokinetics of drug of abuse. Toxicology Letter, v. 102, n.
103, p. 97-101, 1998.
SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Fundação Oswaldo Cruz,
2009. Disponível em: https://sinitox.icict.�ocruz.br/materiais-de-divulgacao. Acesso em: 30 nov.
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KLAASSEN, C.; WATKINS B. J. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. 2. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2012.
LEITE, E. M. A.; AMORIM, L. A. C. Noções Básicas de Toxicologia, 2006. Departamento de
Análises Clínicas e Toxicológicas. Apostila.
LOW, L. K. Em Wilson and Gisvold's Textbook of Organic Medicinal and Pharmaceutical
Chemistry; Delgado, J. N.; Remers, W. A., eds.; Lippincott Williams & Wilkings: Philadelphia, 1998.
MCKEEMAN, L. D. L. Absorption, Distribution, and Excretion of Toxicants. In: CASARETT, L. J.;
KLAASSEN, L.; DOULLS, P. (Ed.). Toxicology the basic science de poisons. 5. ed. United States Of
America; McGraw Hill, 1996.
OGA, S.; CAMARGO, M. M. A.; BATISTUZZO J. A. O. (eds.) Fundamentos de Toxicologia. 3. Ed. São
Paulo: Ateneu, 2008.
OGA, S.; CAMARGO, M. M. A.; BATISTUZZO J. A. O. Fundamentos de Toxicologia. 4. ed. São
Paulo: Atheneu, 2014.
http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1782
https://sinitox.icict.fiocruz.br/materiais-de-divulgacao
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
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de Santa Maria, Santa Maria- RS. Rede e-Tec Brasil, 2013.
SCHWARTZMAN S. Prefacio. In: KOTAKA E. T.; ZAMBRONE F. A. D. Contribuições para a
construção de diretrizes de avaliação do risco toxicológico de agrotóxicos. São Paulo: ILSI, 2001.
SOLOMONS, T. W.; GRAHAM FRYHLE, CRAIG B. Química orgânica - volume. 2; 8.ed. Rio de
Janeiro: Ltc-Livros técnicos e Cient´�cos, 2005.
THOMAS, G. Química Medicinal - Uma Introdução. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
WHO. International Programme on Chemical Safety. Disponível em: Acesso em: 23 out. 2021
Aula 2
Fundamentos da toxicologia: fases da intoxicação III e IV
Introdução
Neste bloco, vamos estudar sobre as últimas fases da intoxicação, que são a toxicodinâmica e a
fase clínica. Relacionado a este aspecto, a toxicologia forense é uma ciência que avalia os
diversos efeitos associados com a exposição aos toxicantes, e é exatamente a isso que essas
fases dizem respeito. A toxicodinâmica é o estudo dos mecanismos de ação dos agentes tóxicos
nos organismos, e na fase clínica há evidências de sinais e sintomas, determinando os efeitos
danosos provocados pela interação entre o composto químico e o sistema biológico. 
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Perícia Criminal e Toxicológica
Tal estudo, no âmbito forense, ajudará você a compreender, identi�car e quanti�car substâncias
potencialmente danosas aos organismos e aplicar essas habilidades em questões judiciais,
considerando a necessidade de reconhecimento, de identi�cação e de quanti�cação do risco
relativo à exposição do organismo a agentes tóxicos (RANGEL, 2011; RUPPENTHAL, 2013; OGA;
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Logo, aproveite esta leitura e aprofunde seu conhecimento sobre o tema.
Fases da intoxicação - 3ª fase - toxicodinâmica I
Você sabia que o uso de drogas é uma prática humana universal e milenar? Nas sociedades, as
drogas eram muito utilizadas para �ns culturais, medicinais e religiosos. Porém, a partir do
século XX, o abuso de substâncias se tornou uma preocupação em todo o mundo, porque o uso
compulsivo provoca prejuízos à saúde dos indivíduos e à sociedade, em relação ao seu uso e
comércio ilegal, o trá�co. Muitas substâncias são distribuídas no mercado com muita facilidade
de obtenção, contribuindo, dessa forma, para o início do consumo (MARANGONI; OLIVEIRA,
2012).
Além das drogas, outros compostos podem causar toxicidade, como as substâncias presentes
no ar, nos alimentos, as toxinas animais e os medicamentos. Assim, a compreensão da
toxicodinâmica é fator fundamental para a perícia criminal e toxicológica. A toxicodinâmica
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Perícia Criminal e Toxicológica
estuda os mecanismos de ação tóxica desenvolvida por compostos químicos sobre o organismo,
ou seja, sua toxicidade. Essa fase descreve a interação dinâmica entre um agente tóxico e as
moléculas-alvo, e os efeitos que esses agentes causam sobre o sistema biológico (IUPAC, 2001;
OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Pelo alto número de compostos químicos com potencial tóxico, os mecanismos de ação são
bem diversi�cados. Não existe um composto químico 100% seguro ou totalmente tóxico. A
estimativa do risco exige a compreensão dos mecanismos de processamento dos efeitos
tóxicos que fundamentam as classi�cações. Até a água, se ingerida em grandes quantidades,
pode causar efeitos deletérios ao organismo (ROZENFELD, 1998). 
Neste sentido, Paracelsus (1493-1541), revolucionou a história da medicina, sendo considerado o
Pai da Toxicologia. Sua máxima marcante e de grande impacto é: “a dose correta é o que
diferencia o veneno de um remédio” (SMOLAK; LEVINE, 2001). Assim, por mais que uma
substância seja aparentemente inofensiva, se utilizada de forma indiscriminada, tem a
capacidade de se tornar letal (GOES, 1998). 
Vamos entender melhor como os agentes tóxicos interagem com as moléculas-alvo, como
exercem seus efeitos tóxicos a nível molecular, e as consequências biológicas dessa interação?
Depois desta aula, você começará entender melhor o mecanismo molecular e bioquímico de
agentes tóxicos, bem como o local de sua ação. Assim, você estará capacitado a avaliar como os
efeitos tóxicos são gerados e a aplicar medidas de identi�cação, prevenção e terapias de
intoxicação.
Nós abordaremos os mecanismos gerais mais conhecidos. Esta fase será muito importante para
que você, como pro�ssional da área de toxicologia, entenda como funciona o agente tóxico em
contato com o organismo.
Videoaula: Fases da intoxicação - 3ª fase - toxicodinâmica I
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Nesta aula, serão apresentados os princípios básicos da toxicodinâmica. Assim, você será capaz
de compreender o mecanismo molecular e bioquímico de agentes tóxicos, bem como o local de
sua ação. Também será abordado o tema sobre a seletividade de ação e os tipos de interações
que podem ocorrer entre diferentes toxicantes.
Fases da intoxicação - 3ª fase - toxicodinâmica II
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Perícia Criminal e Toxicológica
Como abordado na aula anterior, a toxicodinâmica envolve a ação do toxicante no organismo,isto é, a sua interação com os órgãos-alvo. Normalmente, eles afetam o funcionamento do
organismo com a inibição reversível ou irreversível de sistemas enzimáticos, interferência no
transporte de oxigênio, utilização de compostos essenciais e de intermediários metabólicos e
com a síntese de compostos letais (LEITE; AMORIM, 2006).
Para que um toxicologista forense seja capaz de atuar de forma e�ciente na sua área, aprofundar
o conhecimento sobre os mecanismos pelos quais os agentes tóxicos exercem seus efeitos
torna-se essencial. Os principais mecanismos são: interações de toxicante com receptores,
interferência nas funções de membranas excitáveis, bloqueio da fosforilação oxidativa,
perturbação da homeostase cálcica e complexação com biomoléculas. A manutenção e a
estabilidade das membranas excitáveis são essenciais à �siologia normal dos tecidos. Os
compostos químicos podem modi�car a função das membranas de diversas formas (OGA;
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Também existem diversos toxicantes com capacidade de desenvolver efeitos adversos através
da interferência da oxidação de carboidratos na síntese de Adenosina Trifosfato (ATP). Esse fato
pode ocorrer por bloqueio de fornecimento de oxigênio aos tecidos. Você lembra do caso da
Boate Kiss, em Santa Maria-RS? Ocorreu um incêndio na boate, provocando a morte de diversas
pessoas. Mas o que causou tantos óbitos? Ao contrário de que muitos pensam, as pessoas não
morreram queimadas. 
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/05/morre-no-rs-vitima-de-numero-242-do-incendio-na-boate-kiss.html
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De acordo com as análises periciais, muitas pessoas morreram por intoxicação. As análises
toxicológicas con�rmaram que o tipo de espuma usada no teto e nas paredes da casa noturna
como revestimento acústico liberou gases tóxicos durante a queima, como cianeto e monóxido
de carbono. O cianeto possui a capacidade de ligar-se a íons de ferro, sendo transportado pela
corrente sanguínea através das hemácias. No ambiente intracelular, ele se liga à enzima
citocromo C oxidase A, bloqueando, por completo, o ciclo respiratório e, por consequência, a
formação de ATP. Dessa forma, ocorre uma acidose láctica profunda, havendo óbito dentro de
minutos após a exposição a grandes doses (LAWSON-SMITH et al., 2011; O‘BRIEN et al., 2011;
ANSEEUW et al., 2013). 
Os agentes tóxicos também podem agir complexando com biomoléculas, como enzimas,
proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Alguns toxicantes
ativam moléculas-alvo proteicas, simulando ligantes endógenos, então a função proteica é
comprometida quando a conformação ou a estrutura é alterada pela interação com o toxicante.
Outras moléculas, como os lipídeos, são suscetíveis à degradação espontânea após ataque
químico (KLAASSEN; WATKINS, 2012).
Muitos agentes tóxicos também agem perturbando a homeostase cálcica. O cálcio funciona
como segundo mensageiro na regulação de muitas funções intracelulares vitais para as células,
entre as quais a ativação e inativação de uma série de enzimas, organelas, micro�lamentos, entre
outros (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
As informações apresentadas nesta aula capacitam o pro�ssional da área da perícia criminal e
toxicológica a determinar a causa da intoxicação, através dos mecanismos de toxicidades
causadas por agentes químicos.
Videoaula: Fases da intoxicação - 3ª fase - toxicodinâmica II
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Os agentes tóxicos podem causar efeitos deletérios ao sistema biológico por diversas maneiras.
Nesta aula, abordaremos os principais mecanismo de ação dos toxicantes (interações de
toxicante com receptores, interferência nas funções de membranas excitáveis, bloqueio da
fosforilação oxidativa, perturbação da homeostase cálcica e complexação com biomoléculas) de
maneira teórica e prática, através de alguns exemplos.
Fases da intoxicação - 4ª fase - fase clínica
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Perícia Criminal e Toxicológica
Discutiremos, agora, sobre a última fase da intoxicação: a fase clínica. Ela corresponde à
manifestação clínica dos efeitos que resultam da ação tóxica no organismo, os quais são
observados no paciente através de evidências do quadro clínico (sintomas, sinais e patologias),
diagnosticados por pro�ssionais especializados, determinando, assim, o fenômeno da
intoxicação. 
As intoxicações podem ser classi�cadas, de acordo com a frequência e a persistência da
exposição do organismo ao toxicante, como agudas ou crônicas. Intoxicação aguda é a
manifestação clínica que é consequência de uma única exposição ou múltiplas exposições ao
agente tóxico em um período de até 24 horas; intoxicação crônica é a manifestação clínica,
através de sintomas e sinais, decorrente de várias exposições ao agente tóxico por um tempo
prolongado (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2006; LEITE; AMORIM, 2006). 
A intoxicação assumiu grande importância no conjunto dos processos patológicos, já que ela
pode resultar não apenas de substâncias estranhas ao organismo, como também de produtos de
segregação do próprio organismo – ou, ainda, de toxinas. De modo geral, é possível também
classi�car as intoxicações como endógenas ou exógenas, conforme a origem. Sob o aspecto
social, as intoxicações exógenas têm maior importância, pois podem ser: intencionais
(criminosas, suicidas ou acidentais) ou por imprudência (medicamentosa, ocupacionais,
alimentares e microbianas) (SILVA, 2021). 
Você sabe qual é a importância de ter conhecimentos sobre a fase clínica? O toxicologista tem
um papel fundamental na resolução de fatos envolvendo intoxicação causada de forma
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intencional ou não intencional. A obtenção da história do indivíduo, juntamente com as outras
circunstâncias do fato, ajudam a determinar qual substância foi ingerida, a extensão e o tempo
de exposição. No caso de uma tentativa de suicídio, os indivíduos podem fornecer informações
incorretas. Caso não seja possível encontrar informações diretas do indivíduo, as informações
comumente empregadas nessas situações incluem membros da família, amigos, pro�ssionais
de atendimento hospitalar e outros que estiveram no local da ocorrência (KLAASSEN; WATKINS,
2012). 
Dentre as inúmeras situações vivenciadas no atendimento de emergência nas instituições de
saúde de interesse na área de perícia criminal e toxicológica, temos as intoxicações decorrentes
da ingestão do raticida carbamato, conhecido como “chumbinho”. Nesse caso, pode-se observar
uma grande ocorrência de intoxicações agudas, principalmente por ingestão acidental, em
crianças, e tentativas de suicídio, em adultos. 
A absorção desta substância pelo organismo pode ocorrer por meio das vias aérea, oral e
cutânea, e sua toxicidade provém da inibição reversível da acetilcolinesterase (responsável pela
degradação da acetilcolina). Portanto, a inibição da acetilcolinesterase resulta no acúmulo de
acetilcolina nas terminações nervosas, resultando nas manifestações tóxicas. Entre os sinais e
sintomas, podemos citar baixo nível consciência, excesso de saliva, sudorese, broncoespasmo e
bradicardia. No tratamento das intoxicações por carbamatos, o uso de atropina é essencial, por
ser um antagonista competitivo da acetilcolina, tanto no sistema nervoso central quanto no
sistema nervoso autônomo (ARAÚJO, 2017; BARDIN et al., 1994).
É importante ter em mente que Intoxicação é produzida por qualquer substância tóxica que lesa
o corpo devido à sua ação química, podendo ser ingerida, inalada, aplicada à pele ou produzida
no corpo. Assim, o toxicologista poderá atuar em diversas áreas, na identi�cação de intoxicações
por drogas, medicamentos, alimentos, produtos de uso industrial, intoxicações ocupacionais, etc.
(SMELTZER; BARE, 2010).
Videoaula: Fases da intoxicação - 4ª fase - fase clínica
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Os agentes tóxicos podem produzir diferentes sinais e sintomas em um organismo. Nesta aula,
abordaremos, de maneira teórica e prática, com alguns exemplos, como avaliar os sinais e
sintomas, a �m de determinar o composto responsável pela intoxicação e se a intoxicação foi
causada de forma intencional ou não.
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Estudo de caso
Júlia, 17 anos, solteira, natural de São Paulo, foi admitida no Hospital Sírio-Libanês com história
de intoxicação. Um dia anterior ao ocorrido, familiares disseram que ela teve uma discussão com
uma amiga por in�uência das redes sociais, mas que, no dia do ocorrido ela teria encontrado
com essa amiga para resolver as diferenças. Júlia passou mal após ingerir um milkshake
oferecido pela colega, perto do horário de almoço.
Júlia foi encontrada desacordada em casa com copo de milkshake do lado. Ela foi, então,
encaminhada à unidade de emergência. No hospital, ela apresentava baixo nível consciência,
excesso de saliva, sudorese, broncoespasmo e bradicardia. Foi necessário a intubação da
paciente, instalação de ventilação mecânica e realização de lavagem gástrica. 
Na UTI, a paciente apresentava pupilas puntiformes e estava com bradicardia. A paciente foi
mantida em dieta zero, com lavagem gástrica utilizando carvão ativado e foi iniciado suporte
com atropina. 
Infelizmente, Júlia não resistiu e morreu cinco dias após a internação. Na perícia toxicológica, foi
realizado exame nas roupas de Júlia, no copo encontrado ao seu lado e no conteúdo gástrico.
Foram encontrados vestígios de raticida no vômito presente nas roupas, no copo de milkshake e
no conteúdo gástrico. De acordo com as informações do relatório, a substância encontrada no
copo com milkshake apresentava forma granulada de cor cinza escuro. 
Qual foi a substância que provavelmente intoxicou Júlia?
Explique sobre a toxicodinâmica e a fase clínica relacionada a esta possível substância.
Por que eles utilizaram atropina para reverter o caso?
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De acordo com as informações, é provável que a intoxicação foi por carbamatos. O nome popular
de um dos carbamatos é o chumbinho. Eles são compostos amplamente utilizados na
agricultura e inadequadamente utilizados como raticidas no ambiente doméstico. O acesso fácil
a estes compostos resulta num crescente risco de intoxicação por exposição acidental ou
intencional (HAYES, 1982).
Do ponto de vista da toxicodinâmica, os carbamatos são substâncias que agem inibindo a
colinesterase, pois ocupam o sítio catalítico desta enzima. Isso permite que a acetilcolina se
acumule e permaneça ativa na sinapse, resultando em constante despolarização do neurônio
pós-sináptico (RANG et al., 1994).
Em relação à fase clínica, os sintomas geralmente se iniciam em minutos ou horas após o
contato com o agente, e o diagnóstico se baseia na história de exposição, achados da síndrome
colinérgica e dosagem sérica de colinesterase (HAYES, 1982). Os sinais e sintomas típicos da
síndrome colinérgica costumam aparecer quando 60 a 80% da atividade da colinesterase é
inibida. A síndrome colinérgica se caracteriza por miose, broncorreia, vômitos, diarreia, salivação
excessiva, sudorese profusa, bradicardia e fasciculações.
A falência respiratória é uma causa comum de óbito nas intoxicações por carbamato, pois estes
compostos provocam broncoespasmo e edema pulmonar com abundante produção de muco e
comprometimento severo da musculatura respiratória. No tratamento das intoxicações por
carbamatos, o uso de atropina é essencial, por ser um antagonista competitivo da acetilcolina,
tanto no sistema nervoso central quanto no sistema nervoso autônomo. (BARDIN et al., 1994).
Saiba mais
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Perícia Criminal e Toxicológica
Para que você possa aprofundar seus conhecimentos sobre a toxicodinâmica de diversos
compostos de interesse na área de perícia criminal e toxicológica, segue um artigo que aborda o
tema de Alucinógenos: toxicologia e bases �siológicas.
Para saber mais, acesse: 
FARIA, K. G. O.; ALMEIDA, V. A. F. O.; FRANÇA, R. F. Alucinógenos: toxicologia e bases �siológicas.
Revista Saúde em Foco, n. 13, p.127-141, 2021. Disponível em:
https://portal.unisepe.com.br/uni�a/wp-
content/uploads/sites/10001/2021/03/ALUCIN%C3%93GENOS-TOXICOLOGIA-E-BASES-
FISIOL%C3%93GICAS.pdf. Acesso em: 30 nov. 2021
Resumo visual
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2021/03/ALUCIN%C3%93GENOS-TOXICOLOGIA-E-BASES-FISIOL%C3%93GICAS.pdf
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2021/03/ALUCIN%C3%93GENOS-TOXICOLOGIA-E-BASES-FISIOL%C3%93GICAS.pdf
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2021/03/ALUCIN%C3%93GENOS-TOXICOLOGIA-E-BASES-FISIOL%C3%93GICAS.pdf
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura | Fases da intoxicação. Fonte: elaborada pela autora.
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Aula 3
Toxicologia aplicada à Medicina Legal
Introdução
https://sjtrem.biomedcentral.com/articles/10.1186/1757-7241-19-14#citeas
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22336184/
http://medicina.med.up.pt/legal/NocoesGeraisCF.pdf
http://www.crfsp.org.br/noticias/9535-intoxica%C3%A7%C3%B5es-e-
http://www.crfsp.org.br/noticias/9535-intoxica%C3%A7%C3%B5es-e-
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A toxicologia forense é extremamente importante no auxílio da Medicina Legal (uma
especialidade médica utilizada na elucidação de fatos que interessam à justiça). Em uma
investigação criminal, diversas informações a respeito da causa da morte podem ser
determinadas através do auxílio do laudo toxicológico. As análises toxicológicas devem
apresentar informações quantitativas do agente tóxico a �m de comprovar a causar morte ou de
sequelas. 
Para isso, diferentes amostras biológicas podem ser coletadas em caso de uma necropsia.
Posteriormente, as amostras podem ser analisadas por técnicas altamente seletivas, como é o
caso da cromatogra�a associada à espectrometria de massas.
Deste modo, aproveite nossos materiais e aprofunde seu conhecimento sobre a temática
Introdução à Medicina Legal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A Medicina Legal  é uma especialidade coexistente médica e jurídica que emprega informações
técnico-cientí�cos da Medicina para elucidação de fatos importantes para a justiça. Dessa forma,
além de ser uma especialidade médica, ela tem ligação com várias áreas. Com o tempo, diversas
disciplinas foram atreladas a ela, relacionando essas outras áreas à forense, como é o fato da
toxicologia, genética, engenharia, odontologia, entre outras. Todas essas disciplinas, dependendo
do crime investigado, estão ligadas ao laudo médico-legal (FRANÇA, 2017). 
O médico legista tem a responsabilidade de realizar o exame de corpo e delito em pessoas
mortas ou vivas. Este pro�ssional associa vários campos do direito e produz laudos que avaliam
os fatos que aconteceram no crime. No ramo da Medicina Legal, há diversos seguimentos, dentre
os quais podemos citar a traumatologia, antropologia, tanatologia, a toxicologia forense, entre
outras (SOARES, 2012).
A tanatologia se encarrega do estudo da morte. É a parte da medicina legal que analisa a morte e
suas relativas causas. O estudo é realizado através da análise anatômica, por necropsia ou
autópsia. Quando ocorre um óbito, o médico deve fazer um atestado por meio da declaração de
óbito, porque é ela que a�rma a morte (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014).
Já a Antropologia Forense está ligada a vários aspetos da investigação médico-legal relacionada
com a morte. Quando o cadáver se encontra em avançado estado de decomposição ou
esqueletizado, o antropólogo forense aplica conhecimentos e princípios teóricos e práticos
desenvolvidos e utilizados pela antropologia e, também, pela arqueologia para solucionar as
questões relacionadas com a identidade, idade, sexo, assim como com as circunstâncias da
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
morte, através de avaliações e estudo detalhado dos restos dentários e ósseos do indivíduo e do
contexto físico em que ele foi achado (CUNHA, 2017; CARDOSO, 2021; LIPKA, 2017).  
Há também a traumatologia forense, uma das mais amplas áreas da medicina legal, que estuda
os traumatismos e suas implicações jurídicas. Ter conhecimento nesta área é de extrema
importância para a execução de grande parte das perícias médico-legais, objetivando fornecer
subsídios para a elucidação do diagnóstico e prognóstico das lesões corporais e estados
patológicos associados. Lembremos que a medicina legal se aplica não apenas a indivíduos
mortos, mas em vivos também, e abrange perícias desde o período de gestação até além da
sepultura (SÁLVIA, 2021).
Por último, ressaltando a importância da toxicologia forense, você sabe qual a importância dela
para a Medicina Legal? As análises toxicológicas são de extrema importância para a realização
dos diagnósticos relacionados com intoxicações que podem causar danos ou a morte a um
indivíduo. Um exemplo desta aplicação da toxicologia é o uso de “droga facilitadora de crime”,
em que compostos psicoativos são ministrados à vítima, sem sua anuência, com o intuito de
incapacitá-la de reagir, sendo uma prática comum para realizar roubo, homicídio, sequestro e
estupro (MARTON et al., 2019). 
Na análise toxicológica post mortem, diversas amostras podem ser coletadas e analisadas em
caso de uma necropsia, sendo que o toxicologista forense deve ter cautela ao selecionar as
amostras a serem coletadas a partir do histórico do caso e os motivos que levaram o indivíduo
ao óbito (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014)
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A medicina legal é uma especialidade com área interdisciplinar, que utiliza de diversas ciências
para a elucidação de fatos que interessam à justiça. Nesta aula, vamos aprender os principais
conceitos da medicina legal, as principais áreas de atuação e o papel da toxicologia forense no
auxílio dessa especialidade.
#medicinalegal
Aspectos toxicológicos de relevância na Medicina Legal
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Como apresentado no Bloco 1, a equipe de investigação médico-legal é constituída por diferentes
pro�ssionais. Dentre eles, há o médico legista, o investigador policial, o patologista forense e o
toxicologista forense (MARTINS, 2013). No entanto, não se esqueça de que o médico legista é o
responsável por realizar o exame de corpo de delito em indivíduos mortos ou vivos.
Uma coisa importante a salientar é que, muitas vezes, ele não consegue concluir a causa da
morte prontamente após o exame necroscópico, sendo, assim, necessário a solicitação de
exames complementares (FRANÇA, 2017). Isto acontece porque evidências que permitam
diferenciar a causa da morte entre natural e de causas externas nem sempre são encontradas
com facilidade. Posto isso, muitos centros de medicina forense de�nem protocolos para esta
�nalidade, que, além da avaliação médica, incorporam a coleta de amostras para exames
complementares toxicológicos e histológicos (COLL et al., 2016; NAJARI; ALIMOHAMMADI;
GHODRATI, 2016; RADHESHI et al., 2016; TOIT-PRINSLOO et al., 2013; WILHELM et al., 2015). 
Com o objetivo de determinar a causa morte ou para a fundamentação das evidênciasdo exame
necroscópico, o médico legista solicita procedimentos complementares, visando identi�car
agentes químicos que podem estar envolvidos, tanto como agentes causais quanto contributivos
nas circunstâncias do óbito (FRANÇA, 2017). 
Agora você consegue compreender o valor que o pro�ssional toxicologista tem na área forense?
O uso de análises ordenadas associadas a técnicas analíticas toxicológicas disponibiliza
informações essenciais para uma boa compreensão do papel dos agentes químicos na
intoxicação. Falando especi�camente do papel do toxicologista, ele quem vai realizar análises
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
quantitativas e qualitativas, pesquisando agentes tóxicos que possivelmente estão em �uídos
biológicos post-mortem, durante a necrópsia. O toxicologista forense precisa, também,
interpretar os resultados analíticos obtidos considerando os efeitos comportamentais e
�siológicos que os compostos detectados ocasionaram no indivíduo momentos antes de sua
morte (KLAASSEN; WATKINS, 2012). 
Sobre as matrizes biológicas que podem ser analisadas, praticamente qualquer uma delas que
tenha tido contato com um toxicante pode ser submetida a exames toxicológicos, com o objetivo
de auxiliar na interpretação dos resultados. In vivo, a urina, o sangue, o conteúdo gástrico e o
cabelo são as matrizes de maior relevância a serem colhidas. Nos casos post mortem, o humor
vítreo, o conteúdo gástrico, os órgãos, a urina e o sangue, são as matrizes mais relevantes
(CARVALHO et al., 2010; DINIS-OLIVEIRA; CARVALHO; BASTOS, 2015).
Como exemplo de análises em casos post mortem, podemos citar intoxicações ocorridas em
festas. Um grande exemplo é o lança-perfume. Também conhecido como loló, se tornou uma das
drogas preferidas entre os jovens. De acordo com o G1 (2021), em junho de 2021, uma estudante
de 21 anos morreu após inalar lança-perfume. Segundo a Polícia Civil, uma amiga da vítima
relatou às autoridades que ela começou a sentir falta de ar após o uso da droga. 
Para con�rmar causas deste tipo, são necessárias análises toxicológicas com o objetivo de
determinar a presença de solventes, como o tricloroetileno e clorofórmio (presentes no lança-
perfume). Então, podemos concluir que a determinação da causa da morte é atribuição do
médico legista, mas frequentemente essa conclusão só pode ser obtida com resultados emitidos
pelo toxicologista. Sem a comprovação laboratorial, o médico legista não pode a�rmar que a
morte foi causada por uma substância tóxica, ou poderá ter seu laudo contestado durante o
processo (KLAASSEN; WATKINS, 2012).
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Nesta aula, abordaremos o papel da perícia criminal e toxicológica em relação à Medicina Legal,
os tipos de análises toxicológicas quantitativas e qualitativas, quais são as amostras biológicas,
qual a importância delas e como o toxicologista vai ajudar a de�nir a causa da morte entre
natural e de causas externas.
Análises toxicológicas post mortem
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
As análises toxicológicas abrangem as etapas de detecção, identi�cação e quanti�cação de
compostos químicos e interpretação do resultado adquirido na análise. Outro fator de extrema
importância é o estabelecimento da relação de causa e efeito, ou seja, se o composto analisado
é responsável pelo resultado obtido e, por este motivo, deve ser gerado com qualidade e permitir
que os mesmos sejam inequívocos. Assim, o laudo gerado deve ser irrefutável (CHASIN, 2001). 
Para a produção de análises con�áveis, vários fatores devem ser considerados. Entre eles,
podemos citar a cadeia de custódia (envolve a documentação desde a coleta da amostra até a
aquisição do resultado �nal da análise) e o correto manuseio das amostras, incluindo a
integridade e a correta identi�cação do composto (HAWKS, 1986). 
A análise na investigação post mortem inclui a análise qualitativa e quantitativa de compostos
recolhidos durante a autópsia. Também inclui a interpretação dos resultados analíticos quanto à
toxicocinética e toxicodinâmica dos agentes químicos encontrados no cadáver, lembrando que
uma análise toxicológica negativa também é importante para de�nir a causa mortis (OGA, 2003). 
Diferentes amostras biológicas podem ser empregadas para realização destas análises, dentre
elas o cabelo, saliva, suor, sangue, urina, mecônio, entre outras. A escolha da matriz depende de
diversos fatores que se relacionam com o tipo de amostra, integridade da amostra submetida à
análise, o tipo de investigação (ante mortem e post mortem) e as considerações analíticas e de
ensaio juntamente com a avaliação dos resultados. Dependendo da matriz selecionada, desa�os
especí�cos podem aparecer, como, por exemplo, nos casos post mortem, as alterações que as
amostras sofrem nos processos de autólise, redistribuição e putrefação (NEGRUSZ; COOPER,
2008; GALLARDO; QUEIROZ, 2008). 
A identi�cação inicial de alguns agentes químicos pode ser efetivada através de métodos
colorimétricos, uma forma simples e rápida (MOTA; DI VITTA, 2013). A cromatogra�a em camada
delgada também pode ser uma técnica usada nesta fase, com a �nalidade de triar os resultados.
Contudo, a maioria dos casos necessita da análise quantitativa para posterior interpretação
forense. Dessa forma, a próxima etapa passa por con�rmação através de métodos mais
especí�cos (MOREIRA, 2015). 
As técnicas analíticas especí�cas mais utilizadas são a cromatogra�a em fase gasosa e a
cromatogra�a em fase líquida acopladas a diferentes detectores, principalmente a
espectrometria de massas. Estas técnicas são rotineiramente selecionadas por proporcionarem
maior sensibilidade, compatibilidade com as concentrações dos analitos de interesse
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
encontradas nas amostras biológicas e por serem capazes de promover a con�rmação da
presença dos analitos (KARCH, 2007; PAWLISZYN, 2002).
No entanto, toda técnica analítica, por mais seletiva e sensível que seja, oferece limitações, as
quais podem ser diminuídas com um preparo de amostra e�ciente. O preparo da amostra
caracteriza-se pelo processo que busca isolar o composto de interesse a partir da matriz,
reduzindo ou eliminando os presentes na matriz biológica, além de realizar uma concentração do
composto, sendo um processo geralmente indispensável para o emprego de técnicas de
detecção e quanti�cação de substâncias de interesse forense (SMERAGLIA; BALDREY; WATSON,
2002; RICHTER, 1999).
Assim, para garantir o resultado preciso dos exames toxicológicos, é necessário a escolha da
amostra correta, o método analítico ideal e a boa execução do trabalho do toxicologista.
Videoaula: Análises toxicológicas post mortem
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O pro�ssional toxicologista deve possuir grande conhecimento sobre as matrizes biológicas e as
técnicas analíticas para análise de substâncias tóxicas. Nesta aula, vamos abordar os principais
conceitos dos tipos de amostras, as diversas formas de pré-tratamento da amostra e o emprego
das técnicas analíticas para análises forenses.
Estudo de caso
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Junior, 23 anos, desmaiou após consumir substâncias psicoativas vendidas em uma festa. Ele
recebeu os primeiros socorros, mas morreu na ambulância a caminho do hospital, na cidade de
Foz do Iguaçu. Amigos do rapaz relataram ver ele aspirar um pó branco e também inalar certa
substância.
De acordo com as informações, sugere-se que Júnior tenha feito uso de cocaína e de lança-
perfume. O corpo foi levado para necropsia para que o médico legista determinasse a causa da
morte. No exame necroscópico, foramobservadas alterações cardíacas.
O exame necroscópico é su�ciente para determinar a causa morte?
Caso não seja, quais exames complementares deveriam ser solicitados? Explique quais matrizes
biológicas deveriam ser analisadas e quais compostos químicos.
Resolução do estudo de caso
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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Apenas com o exame necroscópico não seria possível determinar a causa da morte, já que é
necessário determinar o agente tóxico e a concentração que levaram Júnior à morte.
De acordo com as informações disponíveis, é possível que ele tenha feito uso de cocaína e lança-
perfume. Dessa forma, seria necessário buscar, no sangue e na urina, a presença de cocaína e
seus produtos de biotransformação (benoilecgonina, ecgonina e éster metil ecgonina). Além
disso, seria necessário realizar análises toxicológicas para determinar a presença de solventes,
como o tricloroetileno e clorofórmio (presentes no lança-perfume).
Dessa forma, se os exames toxicológicos apresentassem resultados positivos para estas drogas,
eles seriam avaliados juntamente com o exame necroscópico. A partir daí, seria possível
determinar que a causa da morte foi o uso excessivo destas substâncias, pois ambas são
miocárdio tóxicas e estão associadas à morte súbita de origem cardíaca
Saiba mais
Para auxiliá-lo nos estudos, segue o link de artigo escrito com o intuito de contribuir com a
disseminação de conhecimento entre os envolvidos com provas periciais. O texto fala sobre a
importância da análise toxicológica ao se investigar uma morte. Para saber mais, acesse o link: 
FERRARI JÚNIOR, E. Investigação policial: análise toxicológica post mortem . Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3193, 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/21390 .
Acesso em: 1 dez. 2021
https://jus.com.br/artigos/21390/investigacao-policial-analise-toxicologica-post-mortem
https://jus.com.br/revista/edicoes/2012
https://jus.com.br/revista/edicoes/2012/3/29
https://jus.com.br/revista/edicoes/2012
https://jus.com.br/artigos/21390
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Resumo visual
Figura | Descrição dos processos envolvidos nas análises toxicológicas. Fonte: elaborada pela autora.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
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CHASIN, A. A. M. Parâmetros de con�ança analítica e irrefutabilidade do laudo pericial em
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NEGRUSZ, S.; COOPER, G. Clarke’s Analytical Forensic Toxicology. London: Pharmaceutical Press,
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FERRARI JÚNIOR, E. Investigação policial: análise toxicológica post mortem . Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3193,  2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/21390.
Acesso em: 1 dez. 2021.
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http://apcforenses.org/?page_id=18
https://jus.com.br/artigos/21390/investigacao-policial-analise-toxicologica-post-mortem
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https://jus.com.br/revista/edicoes/2012/3/29
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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
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Aula 4
Toxicologia aplicada à dopagem
http://dx.doi.org/10.15260/rbc.v8i2.391
http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Introdução
Existem diversos compostos químicos que são utilizados por indivíduos na tentativa de melhorar
o desempenho em atividades físicas ou mentais. Eles são conhecidos no mundo do esporte
como doping. Entre as classes dos compostos, o uso dos esteróides androgênicos possui
grande relevância no estado de saúde. Os esteróides androgênicos são utilizados clinicamente
para tratar diferentes doenças. Porém propagou-se o uso não terapêutico por atletas, com intuito
de aumentar a massa muscular e melhorar o desempenho físico.
O uso de esteróides está associado a diversos efeitos toxicológicos, principalmente
cardiovasculares, neuroendócrinos e distúrbios psiquiátricos. Com o objeitvo de reduzir o uso e
também para avaliar casos de intoxicação que podem levar o indivíduo à morte, muitos testes
toxicológicosforam desenvolvidos. Eles são divididos em testes de triagem e testes mais
especí�cos de con�rmação.
O toxicologista possui papel fundamental na análise e identi�cação destas substâncias.
Introdução aos esteroides
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
As substâncias químicas e os métodos que são utilizados na tentativa de melhorar o
desempenho em atividades físicas ou mentais são conhecidos, no mundo do esporte, como
doping. O uso de substâncias químicas ou dos métodos endócrinos caracteriza a dopagem
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
A constituição da antidopagem tem o objetivo de proibir o uso de determinadas substâncias por
meio de controles a partir de testes com análises da urina ou do sangue. O atleta deve cumprir
uma quantidade de normas, sob pena de ser proibido de competir no esporte. A antidopagem
busca, assim, forjar certo tipo de atleta que não use determinadas substâncias proibidas, dentre
as quais determinados remédios, hormônios, anabólicos, diuréticos, estimulantes e narcóticos
(AQUINO NETO, 2001; OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; YESALS, 2002).
As principais substâncias utilizadas na dopagem são: agentes anabólicos, hormônios, agonistas
beta-2, agentes com atividade antiestrogênica, diuréticos, estimulantes, analgésicos narcóticos e
canabinóides. Os de maior relevância são os esteroides anabolizantes, pois esse tipo de
substância faz com que o atleta tenha uma recuperação mais rápida e ainda estimula o ganho de
massa muscular (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Dentre todos os elementos vetados pela
Agência Mundial Antidoping, este é o mais nocivo. Diante disso, a nossa aula será focada no uso
de esteroides. 
Os esteroides anabólicos androgênicos (EAA) são um grupo de compostos naturais e sintéticos
formados a partir da testosterona ou de um de seus derivados, cuja indicação terapêutica
clássica está associada a situações de hipogonadismo (CUNHA et al., 2004). A testosterona é o
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
principal hormônio androgênico circulante no organismo humano nos homens. É sintetizado
pelas células de Leydig dos testículos, em resposta ao hormônio luteinizante hipo�sário (LH), e
pelo ovário nas mulheres. Em ambos os sexos, a testosterona é sintetizada também pelo córtex
suprarrenal. 
A androstenediona e a deidroepiandrostenediona são precursores da testosterona e são
considerados androgênicos fracos. As ações da testosterona e dos andrógenos correlatos são
divididas em duas categorias principais. A primeira categoria são os efeitos androgênicos
(relacionados, especi�camente, com a função reprodutora e com as características sexuais
secundárias) e a segunda categoria são os efeitos anabólicos (relacionados à estimulação do
crescimento e maturação dos tecidos não reprodutores) (BRUNTON et al., 2012; CUNHA et al.,
2004). 
Você deve estar se perguntando qual é a relação entre os esteroides e a toxicologia forense.
Primeiramente, os esteroides, se utilizados de forma inadequada, possuem a capacidade de
causar efeitos tóxicos no organismo e podem até levar a óbito. Esse é o primeiro ponto que o
toxicologista forense pode atuar. Um outro ponto é o controle antidoping. Muitos atletas usam
esteroides baseados em testosterona, com o objetivo de obtenção dos efeitos anabólicos que
facilitam o ganho de massa muscular e queima de gordura. Assim, o controle antidoping permite
não somente testar amostras nos atletas, mas também a natureza e a frequência das
substâncias utilizadas. As análises toxicológicas constam como a maneira mais e�caz de
minimizar o doping no esporte (GUEZENNEC, 2001).
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Nesta aula, abordaremos diversas informações sobre as substâncias que podem ser utilizadas
para melhorar o desempenho físico. Discutiremos o mecanismo de ação dos diversos
compostos e, de forma mais especí�ca, dos esteroides anabólicos androgênicos. Também
veremos conceitos importantes relacionados ao doping e sobre o controle antidoping.
Toxicologia dos esteroides e padrão de uso
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Esteroides anabólicos androgênicos (EAA) são hormônios naturais, como testosterona,
diidrotestosterona e androstenediona e substâncias sintéticas e semissintéticas
relacionadas a esses hormônios sexuais masculinos. Alterações na estrutura química da
testosterona foram realizadas no intuito de reduzir os efeitos androgênicos e elevar a
capacidade anabolizante; e, também, para obtenção de produtos ativos quando
administrados por via oral, ou, ainda, para prolongar a permanência no organismo (OGA;
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Vamos entender um pouco mais da farmacologia e da
toxicologia dos esteroides? 
As formas de administração dos EAA são por via injetável, via oral ou tópica, na forma de
cremes ou géis. Em relação ao padrão de uso, eles são usados no tratamento de casos de
atrasos na puberdade, osteoporose, endometriose, impotência, anemia ou câncer de mama.
Quando utilizados por atletas, fisiculturistas ou praticantes de atividade física, aumentam a
massa muscular e reduzem a gordura corporal. Nesses casos, são administradas
substâncias em concentrações maiores do que as doses diárias recomendadas, com o
objetivo de obtenção de um efeito mais pronunciado (COOPMAN; CORDONNIER, 2012).
A molécula de testosterona sozinha não é eficiente quando injetada ou tomada oralmente,
pois é muito suscetível à metabolização rápida pelo fígado. Portanto, a estrutura química da
testosterona teve que ser modificada para contornar esse problema. Mais comumente, a
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Perícia Criminal e Toxicológica
molécula de testosterona é alquilada na posição 17α para formar esteroides anabólicos
orais (retardando o catabolismo hepático da molécula), e esterificada na posição 17β para
formar esteroides anabólicos, injetáveis, mais lipofílicos do que a testosterona (SILVA et al.,
2002; YESALIS; BAHRKE, 1995; SNYDER, 2001).A testosterona possui efeitos em diversos
tecidos. Determinados efeitos acontecem somente após a metabolização da testosterona,
que pode gerar dois outros esteroides ativos: a di-hidrotestosterona (DHT) e o estradiol.
Tanto a testosterona quanto a DHT agem por meio do mesmo receptor, o receptor de
androgênio. Contudo, o receptor tem maior afinidade pela DHT, que ativa a expressão
gênica mais eficientemente. Quando o complexo enzimático aromatase está presente no
tecido, predominantemente no tecido adiposo e fígado, ocorre a conversão da testosterona
em estradiol. Outros compostos biologicamente inativos, como a androsterona e
etiocolanona, são formados pela metabolização hepática e pela metabolização da DHT
(SILVA et al., 2002; SNYDER, 2001; BRANN; HENDRY; MAHESH, 1995).
Em relação ao processo de excreção, os produtos formados pelo processo de
biotransformação se tornam mais hidrossolúveis e são excretados na urina da forma livre
ou conjugados com o ácido glicurônico (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Essas
substâncias afetam o eixo hipotálamo-hipofisário-gonodal, resultando
num  feedback  negativo na secreção do hormônio folículo-estimulante e do hormônio
luteinizante que, por sua vez, diminuem a produção de testosterona endógena, resultando
na redução da espermatogênese (LISE et al., 1999).
Entre os efeitos tóxicos sobre o sistema endócrino e reprodutivo, destacam-se, nos homens
a menor produção de testosterona, atrofia testicular, a oligo e azoospermia, ginecomastia,
carcinoma prostático, priapismo, impotência, alteração do metabolismo glicídico, alteração
do perfil tireoidiano (SMURAWA; CONGENI, 2007; GOLDWIRE; PRICE, 1995; GIBSON, 1994).
A administração de EAA em mulheres resulta em alterações masculinizantes, semelhantes
àquelas observadas na puberdade masculina. Esses efeitos virilizantes indesejados incluem
amenorreia, aparecimento de acne, pele oleosa, crescimento de pelos na face, modificaçãona voz. Posteriormente, ocorrem desenvolvimento da musculatura e do padrão de calvície
masculino, além de hipertrofia do clitóris e voz grave. Com a administração contínua e
prolongada, muitos desses efeitos são irreversíveis (STRAUSS; LIGGETT; LENESE, 1985;
HARDMAN; GILMANN; LINBIRD, 1996; RANG; DALE; RITTER, 1997; ROSE; NÓBREGA, 1999).
Videoaula: Toxicologia dos esteroides e padrão de uso
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O conhecimento das características físico-químicas dos esteroides é de extrema importância
para o toxicologista, já que essas características in�uenciam de forma signi�cativa em todo o
processo da toxicologia. Nesta aula, vamos aprender sobre os processos envolvidos na
absorção, distribuição, metabolização e excreção dos esteroides e quais são os efeitos tóxicos
que eles podem causar no sistema biológico.
#anabolizantes
Efeitos dos anabolizantes, legislação e análise destes compostos
Como já discutimos no bloco anterior, o uso de anabolizantes gera efeitos tóxicos nas mulheres
e nos homens, como: distúrbios da função do fígado (hepatite, cirrose, esteatose hepática, entre
outros), aumento de acnes, queda do cabelo, tumores no fígado, explosões de ira ou
comportamento agressivo, paranoia, alucinações, psicoses, retenção de líquido no organismo,
aumento da pressão arterial e coágulos de sangue (KICMAN, 2008).
Por representarem riscos à saúde, caso não seja utilizado de forma correta, os anabolizantes se
enquadram na portaria nº 344/1998 da ANVISA, na lista C5 – Lista de Substâncias Anabolizantes
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Perícia Criminal e Toxicológica
(sujeitas a controle especial em duas vias). Há quase 30 substâncias controladas por essa
portaria, além de seus sais, éteres, ésteres e isômeros (ANVISA, 2012). Em relação à
comercialização, de acordo com a Lei nº 9.965, de 27 de abril de 2000, os anabolizantes devem
ser comercializados somente com a apresentação da cópia da receita emitida por um médico ou
dentista registrados. Dentre os estudos desenvolvidos para análise de anabolizantes, a grande
maioria é voltada para matrizes biológicas, como, por exemplo, detecção das substâncias em
sangue e urina (MAZZARINO; ORENGIA; BOTRÈ, 2007; POZO et al., 2011). 
A caracterização da dopagem tem, por base, a identi�cação do composto e/ou seus metabólitos
em espécime biológico. A urina é considerada a amostra mais utilizada. Contudo, o sangue, o
cabelo, a saliva e suor, também vêm sendo estudados para identi�cação. Em geral, as análises
toxicológicas são divididas em duas categorias: triagem e con�rmação. Técnicas de triagem são
utilizadas para eliminar amostras com resultados negativos. Amostras que apresentarem
resultados positivos na fase de triagem devem ser submetidas à con�rmação com o emprego de
técnicas mais especi�cas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Entre as técnicas mais especí�cas, podemos citar a cromatogra�a líquida acoplada a diferentes
detectores (CHO et al., 2015; KOZLIK; TIRCOVA, 2016) cromatogra�a gasosa acoplada à
espectrometria de massas (NEVES; CALDAS, 1017; PELLEGRINI et al., 2012), espectrometria de
massas de alta resolução com ionização por análise direta em tempo real (DART-MS)
(PROKUDINA et al., 2015), assim como a utilização das espectroscopias no infravermelho
próximo e Raman em um mesmo conjunto de amostras (REBIERE et al., 2016). 
Agora que você já sabe os principais efeitos dos anabolizantes, os métodos para análises dessas
drogas e sobre a legislação brasileira a esse respeito, veremos o exemplo da atuação de um
toxicologista que teve grande repercussão em 2021. Na 32ª edição da Olimpíada de verão que
aconteceu em 2021, ao menos oito atletas que poderiam fazer parte do Time Brasil em Tóquio
tiveram suspensões por doping. Tandara, da seleção feminina de vôlei, foi retirada da competição
por causa de uma potencial violação do código antidoping ocorrida ainda no Brasil (CESARINI, B.;
VECCHIOLI, 2021). Para a determinação de drogas nesses atletas, foi necessário a atuação do
toxicologista, que avaliou se havia algum composto tóxico no organismo.
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Devido aos diversos efeitos tóxicos que os anabolizantes são capazes de gerar no organismo,
veremos informações sobre a legislação que regulamenta esses medicamentos. Além disso,
para a �scalização do uso indevido, e a �m de melhorar o desempenho físico, abordaremos as
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Perícia Criminal e Toxicológica
técnicas de detecção e quanti�cação desses compostos e as matrizes selecionadas para
análise.
#detecçãodeanabolizantes
Estudo de caso
Júlio, atleta ginasta, estava participando das olimpíadas de Tóquio e teve que realizar exames
toxicológicos para comprovar que não fazia uso de nenhuma substância que poderia alterar seu
desempenho físico. A Agência Mundial Antidoping divulgou o resultado, que atestou positivo
para uma substância de uso restrito. A substância detectada foi um esteroide, o durateston
(indicado no tratamento de reposição de testosterona em homens portadores de condições
associadas com hipogonadismo).
De imediato, Júlio foi suspenso temporariamente. Em seu relato, ele jura que não fez uso de
substância alguma e entrou com recurso contra a decisão da Agência Mundial Antidoping. Dessa
forma, novas análises foram realizadas por um toxicologista, a �m de provar sua inocência. Os
novos resultados apresentaram resultado negativo.
Quais efeitos o esteroide identi�cado produz no corpo?
Em relação às técnicas analíticas discutidas nas aulas anteriores, quais são os motivos que
podem ter levado a um falso positivo?
Resolução do estudo de caso
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O Durateston é composto por uma combinação de quatro tipos de testosteronas. Ele possui
atividade anabólica, protege o músculo contra o catabolismo e da ação dos hormônios
glicocorticoides, reduzindo a perda de massa muscular. Assim, o resultado é um aumento do
tamanho das células musculares (hipertro�a) e formação de novas �bras musculares
(hiperplasia) (DURATESTON®: solução injetável. José Luis Moretti Farah. São Paulo: Schering-
Plough. Bula de remédio).
Como discutido durante as aulas, em geral, as análises toxicológicas são divididas em duas
categorias: triagem e con�rmação. Técnicas de triagem são utilizadas para eliminar amostras
com resultados negativos. Amostras que apresentarem resultados positivos na fase de triagem
devem ser submetidas à con�rmação com o emprego de técnicas mais especi�cas. Assim, os
testes de triagem apresentam baixa sensibilidade e podem gerar resultados falsos. Por esse
motivo, depois de passar pelos testes de triagem, testes mais seletivos são aplicados nas
amostras para garantir o resultado.
Saiba mais
https://www.guiagerais.com.br/saude-e-fitness/que-e-anabolismo-e-catabolismo/
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Este artigo sobre a Morbidade hospitalar por ingestão de esteroides anabólico-androgênicos
(eaa) no brasil. É muito importante o conhecimento de como o uso de esteroides pode impactar
a saúde humana. Para mais informações, acesse o link:
https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt
SILVA JUNIOR, S. H. A. MORBIDADE HOSPITALAR POR INGESTÃO DE ESTEROIDES ANABÓLICO-
ANDROGÊNICOS (EAA) NO BRASIL. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 19, n. 2, p. 108-
111, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 1 dez. 2021
Resumo visual
https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt
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Figura | Síntese dos conteúdos da aula. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
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Perícia Criminal e Toxicológica
ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada nº 39. Dispõe sobre a atualização do Anexo I, Listas
de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial, da
Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998 e dá outras providências. Diário O�cial da União,
Brasília, DF, 9 jul. 2012. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0039_09_07_2012.pdf. Acesso em:
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Anabolizantes e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 28 abr. 2000.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9965.htm. Acesso em: 1 dez. 2021.
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0039_09_07_2012.pdf
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9965.htm
https://www.uol.com.br/esporte/olimpiadas/ultimas-noticias/2021/08/06/doping-de-tandara-e-oitava-baixa-na-delegacao-olimpica-do-brasil.htm?cmpid=copiaecola
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https://www.scielo.br/j/rbme/a/g8HrPqvxtQxrzM8cymdBF8s/?format=pdf&lang=pt
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Perícia Criminal e Toxicológica
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YESALIS, C. E.; BAHRKE, M. S. Anabolic-androgenic steroids. Sports Med, v. 19, n. 5 p. 326-340,
1995
,
Unidade 3
Substâncias tóxicas e intoxicação
Aula 1
Da intoxicação de naturezas diversas
Introdução
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A toxicologia estuda o efeito de sustâncias toxicas no metabolismo dos organismos vivos. Está
relacionada à intoxicação e as substâncias químicas que a provocam. Durante o Renascimento,
havia muitos esforços para descobrir novas substâncias tóxicas que fossem indetectáveis do
ponto de vista forense, como arma para eliminar o inimigo (ERNST, 2015). 
As intoxicações geralmente são causadas por agentes químicos, físicos e biológicos. No que
abrange a toxicologia, as substâncias químicas são o maior foco dos especialistas para
identi�cação e diagnostico da intoxicação. Mesmo quando relacionada a um microrganismo
patogênico (agente biológico), por exemplo, esses podem produzir substâncias químicas que
atuam como principal agente de toxicidade, ou seja, que causam um efeito nocivo ao organismo. 
Sobre esta última questão, há um conceito peculiar da toxicologia descrito por Paracelsus (1493-
1541), segundo o qual qualquer substância química pode causar dano a um corpo: o que
determina esse efeito é a relação dose-efeito. 
Nesta aula, você entenderá as diferentes formas e vias de intoxicação associada à natureza das
substâncias toxicas. Como pro�ssional da área,terá como base os principais conceitos que
facilitarão o reconhecimento imediato dos agentes químicos para a situação-problema que lhe
será apresentada e que poderá ser usada na perícia criminal como parte de uma investigação
legal.
Do metabolismo de substâncias tóxicas
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Perícia Criminal e Toxicológica
O metabolismo de compostos tóxicos pode desempenhar um papel importante na redução ou
aumento dos efeitos no organismo, pois uma substância pode produzir sinais de envenenamento
porque é toxica ou porque é convertida no corpo em algo nocivo. Entender as variantes que
regulam o metabolismo de substâncias toxicas pode ser uma ferramenta importante na
regulação da toxicidade de uma variedade de compostos químicos.
A intoxicação é um conjunto de efeitos nocivos produzido pela ação do agente tóxico no
organismo, gerando um estado patológico às vezes fatal. Agente tóxico ou toxicante é a
substância química responsável pela intoxicação do indivíduo. 
Como pro�ssional da área de perícia criminal e toxicológica, você deverá ser capaz de entender
como as diferentes substâncias podem acometer o indivíduo, e como se dá a interação das
substâncias tóxicas na esfera biológica e bioquímica. 
Para �ns didáticos, a intoxicação é classi�cada em diferentes fases ou etapas (Figura 1): 
Fase de exposição.
Fase toxicocinética.
Fase toxicodinâmica.
Fase clínica.
Na fase de exposição, as vias pelas quais as substâncias tóxicas podem entrar em contato com
o nosso organismo são, principalmente, três:
As vias aéreas, através da inalação.
As superfícies do nosso corpo, através da absorção cutânea.
A via digestiva (trajetória da boca ao estômago), por meio da ingestão. 
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura 1 | Etapas da intoxicação. Fonte: elaborada pelo autor.
A intoxicação por inalação é a mais comum. Muitas vezes, o indivíduo acometido não participa
do fenômeno de forma consciente, pois o agente toxicante pode estar em concentrações nocivas
dispersas pelo ar, mas imperceptíveis aos sentidos (ver item saiba mais). A intoxicação por
absorção cutânea pode ser de forma local ou sistêmica. Na primeira, a substância entra em
contato direto com a pele e causa danos à superfície atingida, como irritação, coceira, ferimento,
etc. A intoxicação na pele pode atingir níveis sistêmicos quando a substância é levada pela
corrente sanguínea, desencadeando sintomas adversos.
Na toxicocinética, ocorre a interação biológica do elemento com o organismo. Esta etapa da
intoxicação está relacionada ao percurso que o agente tóxico faz no organismo, desde sua
absorção pelas diferentes vias de exposição, passando pela distribuição sistêmica (endereçada
para os diferentes órgãos e tecidos) até a metabolização (biotransformação).
As substâncias tóxicas podem ser biotransformadas e sofrer alterações, gerando um metabolito
de efeito letal, o qual chamamos de toxicante (caracterizando a intoxicação), ou podem ser
transformadas em metabolitos menos nocivos ou excretadas, limitando, assim, sua duração de
ação biológica, caracterizando a fase excreção. 
A toxicodinâmica está associada à ação bioquímica da molécula, ou seja, o toxicante. Podemos
assim chamá-la porque a sustância química que leva à intoxicação do organismo interage com
sua molécula alvo no organismo. A toxicodinâmica foca na interação bioquímica ente o toxicante
e a molécula alvo. Nas fases da toxicocinética, podemos estudar os conceitos da toxicodinâmica
entre as fases de distribuição e biotransformação. 
A toxicocinética é importante para investigação toxicológica criminal, pois a trajetória de um
toxicante que deve ser identi�cado em um caso legal pode levantar dúvidas quanto ao local de
exposição ao agente intoxicante e onde ele realmente foi metabolizado pelo organismo, pois
uma exposição que aconteceu na pele pode ter sua atuação no fígado por exemplo. Também é
importante considerar o tempo de exposição ao agente toxicante: se foi por um longo período,
durante anos, ou apenas por alguns minutos.
Videoaula: Do metabolismo de substâncias tóxicas
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Explicação detalhada sobre as fases de intoxicação, relacionando a toxicocinética e a
toxicodinâmica, além do esclarecimento sobre o conceito de substância química e toxicante.
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Das substâncias as�xiantes; corrosivas, orgânicas e inorgânicas
Substâncias As�xiantes
Os agentes as�xiantes atuam no sistema respiratório e incluem gases que podem ser nocivos,
como monóxido de carbono, dióxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, óxido de enxofre, cloro,
óxido nitroso, etc. Esses tipos de substâncias estão em estado gasoso e, se inalados, di�cultam
a o transporte de oxigênio e podem dani�car os tecidos das vias aéreas e os pulmões. Os
as�xiantes simples diminuem e/ou deslocam o oxigênio do ar inspirado, resultando em
hipoxemia (baixo nível de oxigênio no sangue). Os as�xiantes químicos atuam no sistema de
transporte de oxigênio e na respiração celular e, portanto, causam hipóxia dos tecidos. Os
sintomas leves de as�xia incluem dor de cabeça, tontura, náusea e vômito. Os sintomas mais
graves variam de dispneia, alteração sensorial, disritmia cardíaca, isquemia, convulsão e até
morte. 
Os tóxicos inorgânicos voláteis são mais raros. A intoxicação aguda normalmente acontece por
uma exposição muito prolongada (ex.: cianeto, fos�na, arsina, fosgênio, cloreto, etc.). Já os
tóxicos orgânicos voláteis: apresentam alta pressão de vapor e baixo ponto de ebulição em
temperatura ambiente normal (ex.: etanol, formaldeído e acetaldeído). 
Vale ressaltar, didaticamente, que as substâncias as�xiantes são caracterizadas por alguns
gases nocivos e não por substâncias voláteis. No entanto, os voláteis podem apresentar efeito
tóxico, e sua toxicocinética difere da dos gases as�xiantes (potencialmente mais nocivo).
Substâncias corrosivas
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Perícia Criminal e Toxicológica
O agente corrosivo é simplesmente um irritante altamente ativo que, além de produzir
in�amação, também causa ulceração real dos tecidos. Basicamente, uma substância corrosiva
destrói e corrói a superfície com a qual entra em contato, ou seja, sua ação é local. De acordo
com essa de�nição, os efeitos de um corrosivo deveriam ser restritos à sua ação local, mas
alguns deles produzem efeitos graves de absorção, causando também efeito sistêmico.
Certos sais metálicos, como cloreto de sódio, cianeto de potássio e cloreto férrico, atuam como
corrosivos. Os agentes corrosivos consistem, principalmente, em bases fortes e ácidos fortes
(compreendendo os ácidos orgânicos e inorgânicos). 
Bases fortes: as soluções de bases fortes em altas concentrações são mais corrosivas do
que as ácidas. Porém, em concentrações diluídas, podem causar irritações. As substâncias
mais conhecidas são: hidróxido de potássio, hidróxido de sódio (soda cáustica), carbonato
de potássio, carbonato de sódio, amônia. Localmente, as bases produzem necrose grave
devido à saponi�cação de gorduras e solubilização de proteínas.
Ácido forte: esses corrosivos causam necrose coagulativa, pois atuam na desnaturação
das proteínas presentes no tecido atingido, enquanto as bases atuam de forma
lipossolúvel. A formação do coágulo pode formar uma pequena barreira, gerando uma
proteção ao agente tóxico que pode retardar a intensidade da lesão quanto ao tempo de
exposição. Isso mostra uma diferença na toxicodinâmica em relação às bases.
Ácidos orgânicos: ácido carbólico; ácido fórmico; ácido acético; ácido oxálico.
Ácidos inorgânicos: ácido sulfúrico; ácido nítrico; ácido clorídrico.
Do ponto de vista forense, são muitos os casos de acidentes domésticos e suicídios com o uso
de substâncias corrosivas, pois muitas delas são de fácil acesso, adquiridas como produtos de
limpeza, produtos de manutenção de automotores, produtos de beleza, etc. A maioriados
acidentes acontece com o uso do acido clorídrico, vendido como produto de limpeza para uso
em superfícies esmaltadas. Por ingestão, os corrosivos caracterizados como base atingem mais
gravemente o esôfago, em contraste com os ácidos, que afetam substancialmente o estômago.
Videoaula: Das substâncias as�xiantes; corrosivas, orgânicas e inorgânicas
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Contextualização das substâncias as�xiantes e corrosivas, relacionando sua importância na
perícia criminal. Caracterização dos gases as�xiantes simples e químicos, com exemplos e
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Perícia Criminal e Toxicológica
processo de absorção. Diferença entre a toxicocinética dos agentes corrosivos alcalinos e
ácidos.
Dos metais (forma, consumo e danos)
A intoxicação por metais possui características distintas, pois eles normalmente não são
degradados pelos organismos vivos e, consequentemente, causam um efeito progressivo e
cumulativo nos tecidos (KSENIA et al., 2017). Esse acúmulo pode ocorrer via cadeia alimentar.
Em geral, os metais são elementos sólidos em temperatura ambiente, exceto o mercúrio, que se
apresenta em estado líquido. Os metais puros raramente são tóxicos, salvos o chumbo e o
mercúrio. A estrutura química metálica que apresenta toxicidade são os sais metálicos,
naturalmente encontrados no ambiente, como em águas subterrâneas e minério de metal.
Também há resíduos de metais nos dejetos industriais despejados nos rios, nos alimentos
contaminados, nas partículas dispersas no ar e na água potável.
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura 3 | Fontes naturais ou antropogênicas de metais pesados que poluem o meio ambiente. Fonte: adaptada de Fernández-
Luqueño et al. (2013).
Nem todos os metais são nocivos. alguns são considerados essenciais, cofatores fundamentais
no metabolismo dos organismos, e alguns deles englobam os sais minerais (micronutrientes)
consumidos para a nossa saúde, como o sódio, cobalto, ferro e zinco. Porém, esses metais
podem apresentar toxicidade conforme a dose ingerida. Praticamente todos os metais pesados 
são tóxicos em quantidades mínimas. No entanto, alguns são de particular interesse por causa
de suas concentrações no meio ambiente como o chumbo, mercúrio e arsênio; ou seu uso em
intoxicações criminais (arsênio). 
Para um metal exercer sua toxicidade, ele deve atravessar a membrana e entrar na célula
interrompendo os eventos celulares, incluindo crescimento, proliferação, diferenciação e
apoptose. A bioacumulação desses metais pesados leva a uma diversidade de efeitos tóxicos
em uma variedade de tecidos e órgãos do corpo por agravar os efeitos na saúde em humanos, o
que leva à anorexia, conjuntivite, dor abdominal, convulsões, visão prejudicada, dor periférica,
neuropatia, entre outras (MAHDI et al., 2021). Os detalhes toxicológicos de alguns metais, como
sintomas, suas doses fatais e período de exposição são dados importantes para análises
forenses.
A seguir, uma tabela de alguns metais e sua ação tóxica:
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Perícia Criminal e Toxicológica
Tabela 1 | Metais com capacidade tóxica. Fonte: adaptado de Verma (2018).
O conceito de toxicocinética estudada no item de “metabolismo de substâncias tóxicas” é
peculiar para a intoxicação por metal. Normalmente provém de um longo período de exposição
crônica, e a distribuição sistêmica pode gerar acúmulo em diferentes órgãos e tecidos
simultaneamente, ou seja, a intoxicação por metal tem importância forense por trazer evidências
sobre sua causa: resultou de exposição aguda ou crônica? O caso foi homicida, suicida ou
acidental? A gravidade dos efeitos para a saúde está relacionada com o tipo de metal e sua
forma química, que depende exclusivamente do tempo e da dose, e também do seu modo de
administração.
Videoaula: Dos metais (forma, consumo e danos)
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Contextualização do acúmulo de metais pesados e sua relação com a revolução industrial,
associada aos principais resíduos produzidos. Descrição toxicocinética com exemplo para
alguns metais como o chumbo, arsênio e mercúrio, com uma abordagem geral da toxicocinética
para a maioria dos metais tóxicos.
Estudo de caso
Como pro�ssional da área de perícia criminal e toxicológica, você e sua equipe policial estão
investigando a morte de um trabalhador rural, o Sr. Santana, 55 anos, que trabalhava na lavoura
desde os 22 anos de idade. Ele era responsável pela aplicação do agrotóxico (com sulfato de
cobre na composição) mediante um pulverizador manual. Sabia-se que esse trabalhador muitas
vezes negligenciava o uso dos EPIs. Os familiares suspeitam que a causa mortis foi um infarto
fulminante, pois Sr. Santana se queixava de tontura e fraqueza. 
Qual seria seu palpite para a possível causa da morte? Trace um per�l da toxicodinâmica para o
caso. Você pode levantar mais de uma hipótese se quiser.
Resolução do estudo de caso
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Um dos palpites para a causa da morte do Sr. Santana seria a intoxicação por metais pesados ou
algum ácido orgânico geralmente contido nos agrotóxicos. Como ele trabalhava com a aspersão
do produto, sua principal forma de exposição foi por inalação, durante longo período. Nos 25
anos de trabalho, como não usava frequentemente o EPI, absorvia mais moléculas da substância
química disponível no ambiente de trabalho. 
Ele também apresentou alguns sintomas como tontura, que podemos interpretar como perda da
função cognitiva, quadro clínico do sintoma de intoxicação por cobre. Geralmente, a intoxicação
por metal acontece de forma progressiva com o acúmulo da substância ao longo do tempo, até
atingir concentrações letais, o que levou à disfunção de algum órgão ou tecido acometido pela
toxicante. 
Uma outra hipótese seria a de que a absorção da substância ocorreria pela pele, que também é
uma via de penetração do sulfato de cobre no organismo.
Saiba mais
Como vimos nesta unidade sobre “Intoxicações de naturezas diversas” existem diferentes
naturezas químicas que podem levar à intoxicação, às vezes letal. Agora, você possui
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Perícia Criminal e Toxicológica
ferramentas para entender a relação entre agente tóxico e organismo. 
Aplicando esses conceitos na perícia criminal, vamos esclarecer um pouco mais o caso de
intoxicação dos jogadores juvenis do �amengo, que ocorreu no ano de 2019. Acreditava-se que a
causa da morte decorreu do incêndio, mas especialistas em toxicologia levantaram a hipótese de
intoxicação por gás cianídrico. Acesse o link e saiba um pouco mais sobre esse caso. Espero que
esse caso motive o seu lado criativo e inovador para avaliar um caso que envolve a perícia
criminal.
NUNES, M. Vítimas do incêndio no CT Flamengo devem ter morrido por intoxicação. Super
Esportes, 2019. Disponível em:
https://www.df.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/�amengo/2019/02/10/noticia_�ame
ngo,63600/por-que-cinco-dos-mortos-dormiam-no-quarto-mais-longe-do-comeco-do-inc.shtml.
Acesso em: 11 nov.
INTERTOX. O que é cianeto de hidrogênio?. Intertox, [s. d.]. Disponível em:
https://intertox.com.br/conheca-a-toxicologia-do-cianeto/. Acesso em: 11 nov. 2021.
Resumo visual
https://www.df.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/flamengo/2019/02/10/noticia_flamengo,63600/por-que-cinco-dos-mortos-dormiam-no-quarto-mais-longe-do-comeco-do-inc.shtml
https://www.df.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/flamengo/2019/02/10/noticia_flamengo,63600/por-que-cinco-dos-mortos-dormiam-no-quarto-mais-longe-do-comeco-do-inc.shtmlhttps://intertox.com.br/conheca-a-toxicologia-do-cianeto/
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Figura | Síntese dos conteúdos da aula. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
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Perícia Criminal e Toxicológica
BRESSLER, J. P.; MAERTENS, A.; LOCKE, P. Alternative Testing Models for Testing Chemical
Toxicity. Toxicology Testing and Evaluation, v. 9, n. 15, p. 119-126, 2018. Disponível em:
https://jhu.pure.elsevier.com/en/publications/alternative-testing-models-for-testing-chemical-
toxicity. Acesso em: 11 nov. 2021.
COLASSO, C. Gases as�xiantes: os perigos à saúde humana. Chemical Risk, 2019. Disponível
em: https://www.chemicalrisk.com.br/gases-as�xiantes/. Acesso em: 11 nov. 2021.
COLASSO, C. Produtos corrosivos: qual a toxicidade e os perigos à saúde?. Chemical Risk, 2019.
Disponível em: https://www.chemicalrisk.com.br/produtos-corrosivos/. Acesso em: 11 nov.2021.
ERNST, S. Pharmaceutical Toxicology. In: WEHLING, M. (Ed.). Principles of Translational Science
in Medicine. 2. ed. New York: Elsevier, 2015. p. 249–266. 
FERNANDEZ-LUQUEÑO, F, et al. Heavy metal pollution in drinking water-a global risk for human
health: A review. African Journal of Environmental Science and Technology, v. 7, n. 7, p. 567-584,
2013. Disponível em: https://www.ajol.info/index.php/ajest/article/view/93896. Acesso em: 11
nov. 2021.
IBRAHIM, D. et al. (2006). Heavy Metal Poisoning: Clinical Presentations and Pathophysiology.
Clinics in Laboratory Medicine, v. 26, n. 1, p. 67–97, 2006. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/7212503_Heavy_Metal_Poisoning_Clinical_Presentatio
ns_and_Pathophysiology. Acesso em: 11 nov. 2021.
INTOXICAÇÕES e Envenenamentos. Fiocruz, [s. d.]. Disponível
em: http://www.�ocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/envenenamento.ht
ml. Acesso em: 11 nov. 2021.
JORDÃO, P. Gases e Vapores – Classi�cações. C4M, 2017. Disponível em:
https://c4m.com.br/classi�cacao-dos-gases-e-vapores/. Acesso em: 11 nov. 2021.
MAHDI, B. et al. Toxic Mechanisms of Five Heavy Metals: Mercury, Lead, Chromium, Cadmium,
and Arsenic. Frontiers in Pharmacology, v. 13, 2021. Disponível em:
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2021.643972/full. Acesso em: 11 nov. 2021.
VERMA, A. Forensic Aspect of Metal Poisoning: A Review. International Journal for Research in
Applied Science & Engineering Technology, v. 6, issue 1, p. 1089-1092, 2018. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/323829133_Forensic_Aspect_of_Metal_Poisoning_A_R
eview. Acesso em: 11 nov. 2021.
Aula 2
Da intoxicação alimentar
Introdução
https://jhu.pure.elsevier.com/en/publications/alternative-testing-models-for-testing-chemical-toxicity
https://jhu.pure.elsevier.com/en/publications/alternative-testing-models-for-testing-chemical-toxicity
about:blank
about:blank
https://www.ajol.info/index.php/ajest/article/view/93896
https://www.researchgate.net/publication/7212503_Heavy_Metal_Poisoning_Clinical_Presentations_and_Pathophysiology
https://www.researchgate.net/publication/7212503_Heavy_Metal_Poisoning_Clinical_Presentations_and_Pathophysiology
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/envenenamento.html
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/envenenamento.html
about:blank
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2021.643972/full
https://www.researchgate.net/publication/323829133_Forensic_Aspect_of_Metal_Poisoning_A_Review
https://www.researchgate.net/publication/323829133_Forensic_Aspect_of_Metal_Poisoning_A_Review
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Certamente, você já se perguntou: será que posso comer isso? Tal alimento ainda está em
condições de consumo? Será que esse fruto do mar não vai me fazer mal? Os subsídios para as
respostas a essas e outras perguntas estão contidos na presente aula.
Estudaremos, neste momento, o conceito de veneno segundo a doutrina, bem como os
processos de envenenamento por alimentos. Para tanto, distinguiremos os microrganismos
patogênicos dos deteriorantes e tecnológicos. Seriam os alimentos intoxicantes venenos na
acepção da Medicina Legal? A partir da noção de que as doenças alimentares se subdividem em
intoxicações e infecções, identi�caremos alimentos perigosos, dentre eles os peixes e outros
animais marinhos.
De posse dessas informações, o perito criminal passa a ter condições de identi�car certas
moléstias e causas de mortes com as quais tiver contato pro�ssional. Então, preste atenção e
absorva o máximo de conteúdo, nunca se esquecendo de pesquisar temas correlatos.
Do envenenamento por microrganismos em alimentos
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Quando se trata do tema envenenamento, a �gura principal é, por óbvio, o veneno. Há uma certa
di�culdade, inclusive na literatura especializada, de conceituar essa classe de substância, haja
vista que até mesmo um alimento ou medicamento, ministrado em doses excessivas, ou em
circunstâncias especí�cas (ex.: penicilina, para quem é alérgico), pode assumir condição nociva.
Do mesmo modo, certa peçonha, consumida em baixas concentrações, pode servir como
medicamento.
Logo, a maior parte dos autores opta por uma noção ampla, segundo a qual veneno é toda
substância que, introduzida por qualquer via, ocasione danos à saúde ou morte. Segundo essa
concepção, a cocaína é um veneno, tanto quanto um raticida.
Porém, para alguns escritores, as intoxicações alimentares fazem parte das perturbações
alimentares, que, por sua vez, são energias de ordem bioquímica (FRANÇA, 2017). Segundo lição
desse ilustre professor:
As energias de ordem bioquímica são aquelas que se manifestam por ação
combinada – química e biológica, atuando lesivamente por meio negativo (carencial)
ou de maneira positiva (tóxica ou infecciosa) sobre a saúde, levando em conta ainda
as condições orgânicas e de defesa de cada indivíduo. É, portanto, diferente da ação
química propriamente dita dos venenos.
O envenenamento por microrganismos em alimentos é a situação mais comum, que não se
confunde com os envenenamentos (de ordem química), porquanto produzido por mecanismo de
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ana�laxia quando da ingestão de comidas deterioradas ou contaminadas (FRANÇA, 2017).
No contexto alimentar, os microrganismos se apresentam de três modos: 
Deteriorantes: causam depreciação na cor, sabor, textura e aspecto.
Patogênicos: ocasionam doenças ao ser humano.
Tecnológicos: transformam positivamente o comestível (ex.: fungos do fermento, na
produção de pães) (PERUZZO, 2020). 
Ao nosso estudo, interessam apenas os microrganismos patogênicos. Não obstante, de acordo
com a Associação Portuguesa de Nutrição (2018):
Os microrganismos são um conjunto de seres vivos de tamanho microscópico, que
habitam de forma ubíqua nos vários ecossistemas (animais, plantas, solo, água e ar),
sendo a ciência que os estuda designada de microbiologia.Os alimentos constituem
um habitat ótimo para o desenvolvimento de microrganismos pela sua riqueza em
nutrientes, água e pH favorável, fatores fulcrais ao seu crescimento e multiplicação.
Portanto, são exemplos de microrganismos as bactérias, os protozoários, os vírus, os fungos, as
leveduras, as algas unicelulares e os protozoários. França (2017) atesta que:
As toxi-infecções alimentares mais comuns são as produzidas pelas salmonelas
(salmoneloses), cuja toxina é capaz de produzir uma sintomatologia muito grave,
como diarreia, cólicas intestinais intensas, espasmos abdominais, dor de cabeça,
náuseas, vômitos e até perda da consciência; pelos bacilos botulínicos (botulismo),
encontrados em latas de alimentos em conserva e de toxina neurotrópica, de
manifestações sintomáticas gravíssimas, com vômitos, cólicas, diarreia, paralisias
oculares, estrabismo divergente, diplopia, arre�exia pupilar, midríase e até mesmo a
morte. E, �nalmente, pelos esta�lococos (Microccocus aureus), cuja intoxicação
alimentar é sempre de forma benigna, com vômitos raros, diarreia e cólicas
intestinais.
Como se nota, o envenenamentopor microrganismos em alimentos é um tema amplo, mas de
fácil compreensão. Entretanto, é de bom alvitre que você aprofunde sua pesquisa com materiais
especí�cos sobre cada agente tóxico.
Videoaula: Do envenenamento por microrganismos em alimentos
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O vídeo em epígrafe aborda o conceito de veneno, atrelando-o ao signi�cado de microrganismos,
com o �to de esclarecer como e quando se dá o envenenamento de alimentos por esses seres
vivos (bactérias, vírus, protozoários e outros). São esmiuçadas as principais toxinfecções e suas
repercussões no corpo humano, com enfoque na perícia criminal.
Dos alimentos perigosos
Consabido, o ser humano precisa se manter nutrido para viver com saúde e não adoecer.
Entretanto, o alimento que nutre pode, em alguns casos, se tornar a causa das mais variadas
moléstias. Há elementos que devem ser consumidos, ao passo que outros, naturalmente, não
podem ser utilizados como comida. Mas, mesmo aqueles que são saudáveis ao homem têm o
condão ser perigosos. 
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No entendimento exarado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2021, p. 1), “perigos são
agentes, substâncias ou materiais, de origem biológica, química ou física, que possam causar
agravos à saúde ou dano ao consumidor (...) também conhecidos como contaminantes.”
Consoante a ANVISA (2015, p. 1):
Perigos físicos são elementos estranhos indesejáveis que, em decorrência de falha no
processo de manipulação e/ou preparo, acabam indo parar nos alimentos (ex.: pedaços de
plástico ou vidro, ossos, pregos etc.).
As substâncias tóxicas que, de qualquer modo, entram em contato com o alimento são
chamadas de perigos químicos (ex.: água sanitária, detergente, inseticida, lubri�cante etc.).
Os perigos biológicos são organismos vivos que, presentes nos alimentos, provocam
doenças (bactérias, fungos, parasitas etc.).
Você já deve ter se perguntado: esse alimento ainda está bom para ser consumido? A resposta a
essa indagação envolve diversos fatores, que vão desde a natureza do alimento a condições de
armazenamento (temperatura, umidade, exposição a agentes tóxicos, dentre outras).
Há algumas variantes que interferem na proliferação de microrganismos nos alimentos, tais
como pH, temperatura, água, nutrientes e atmosfera gasosa (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
NUTRIÇÃO, 2018).
As doenças alimentares se subdividem em intoxicações e infecções. As primeiras são
produzidas por alimentos impregnados de toxinas, previamente produzidas por bactérias, vírus,
protozoários, etc. Já as últimas são ocasionadas pela ingestão de microrganismos vivos, em
quantidade su�ciente a causar reação infeciosa no organismo (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
NUTRIÇÃO, 2018).
Todavia, alguns alimentos são mais suscetíveis à ação desses agentes nocivos à saúde humana.
Exemplos disso são: carne malcozida, queijo, farinha crua, mariscos crus, ovos crus, leite não
pasteurizado, vegetais e frutas não lavados, comida enlatada.
Como mencionado, os microrganismos necessitam de condições ideais de temperatura, pressão,
pH do meio, água, etc. para se desenvolverem. Então, os alimentos perecíveis devem ser
armazenados com refrigeração, enquanto os alimentos secos (também chamados de não
perecíveis) podem ser mantidos em temperatura ambiente (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
NUTRIÇÃO, 2018).
A par desses, são também considerados perigosos os alimentos que, naturalmente, contêm
toxinas. Kimura (2016) lista os 23 mais perigosos ao ser humano, dentre os quais se destacam o
baiacu (tetrodotoxina), o polvo cru vivo (risco de engasgos) e a água-viva de Nomura (diversas
substâncias).
Visando erradicar ou, ao menos, diminuir os riscos envolvendo o consumo de alimentos
perigosos, a Organização Mundial da Saúde (2006) destaca cinco princípios: manter a limpeza;
separar alimentos crus de alimentos cozidos; cozinhar bem os alimentos; manter os alimentos
em temperaturas seguras; e utilizar água e matérias-primas seguras.
Videoaula: Dos alimentos perigosos
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No vídeo referente a esse Bloco, são abordados os perigos alimentares aos quais nós, humanos,
estamos expostos. Por meio dele, você entenderá a diferença entre os perigos físicos, químicos e
biológicos, bem como os seus desdobramentos teóricos e práticos. Não obstante, descobrirá
que as doenças alimentares se subdividem em intoxicações e infecções, e quais as implicações
que isso acarreta.
Da intoxicação por peixes e animais marinhos
Pudemos observar, por intermédio do conteúdo abordado nos Blocos 1 e 2, que os alimentos
podem ser envenenados, tornando-se impróprios ao consumo humano. Veri�camos, ainda, que
existem comidas naturalmente perigosas, que podem levar alguém a enfrentar problemas de
saúde e até a morte. Isso não é diferente com os peixes e animais marinhos. Muito pelo
contrário, são criaturas dotadas de características especí�cas e que perecem facilmente após
abatidas e/ou retiradas do seu habitat natural (muito diferente do ocupado pelos humanos).
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Certas espécies e peixes e frutos do mar são simplesmente impróprias à alimentação humana.
Outras, de seu turno, podem ser saboreadas apenas em situações especí�cas (em determinados
locais, épocas do ano, ou, até mesmo, após cuidados especiais). De acordo com O’Malley e
O’Malley (2020), a ingestão de peixes ósseos pode causar os seguintes tipos de intoxicação:
Ciguatera: é produzida por alguns dino�agelados, organismos marinhos ingeridos pelos
peixes, de modo que ela �ca impregnada na sua carne (não é eliminada nem com o
cozimento do animal). Seus sintomas iniciais são: cólicas abdominais, enjoos, vômitos e
diarreia. Após esse período, é possível ocorrer coceira, formigamento, dor de cabeça, dores
musculares, alternância de sensações de calor e frio, dores faciais e, durante meses depois,
sensações incomuns e nervosismo. O tratamento se dá pela injeção intravenosa de Manitol
(diurético).
Tetrodotoxina: ocorre tipicamente na ingestão de baiacu, um peixe comum no Japão, mas
está presente em mais de 100 outras espécies (marinhas e de água doce). Não é possível
eliminar essa toxina por cozimento ou congelamento. Seus primeiros sintomas são
(sequencialmente): dormência da face e dos membros, aumento da salivação, náuseas,
vômitos, diarreia e dor abdominal, podendo ocorrer paralisia e morte (caso sejam atingidos
os músculos responsáveis pela respiração).
Escombroide: alguns peixes, como cavala, atum, bonito, peixe-serra e gol�nho azul (mahi-
mahi), quando capturados, sofrem decomposição de seus tecidos, o que produz uma
substância chamada histamina, capaz de causar, no homem, rubor facial, enjoos, vômitos,
dor de estômago e urticária, poucos minutos após o consumo (por isso, muitas vezes, esse
estado é confundido com intolerância). O tratamento se da a base de antialérgicos.
O consumo de mariscos, em determinadas épocas, pode ser extremamente prejudicial à saúde
humana. Durante o período da maré vermelha – que vai de junho a outubro, os mexilhões, as
amêijoas, as ostras e as vieiras tendem a se alimentar de dino�agelados venenosos, que se
impregnam na sua estrutura, não sendo eliminados nem com o cozimento (O’MALLEY;
O’MALLEY, 2020).
Ainda segundo O’Malley e O’Malley (2020), a mesma situação se opera com os moluscos, que,
por causa dos dino�agelados, transfere ao homem a saxitoxina. O primeiro sintoma é o
formigamento em volta da boca, seguido de enjoo, vômito, cólicas abdominais e de fraqueza
muscular, podendo acarretar até paralisia (efeito raro).
Não se deslembre, porém, de queé possível haver contaminação de peixes e animais marinhos
por metais tóxicos (LOBO, 2021). A cognição desses alimentos, bem como dos seus efeitos na
saúde humana, é um fator decisivo na identi�cação de doenças e causa mortis. Desta feita, o
perito deve buscar sempre o aprimoramento nessa área do conhecimento.
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Na presente videoaula, você �cará sabendo de que maneira os peixes e outros animais marinhos
(moluscos, ostras, mexilhões, amêijoas, vieiras, etc.) podem afetar a saúde dos seres humanos.
Serão abordadas as causas dessa nocividade, as principais toxinas, sua transmissão, métodos
paliativos/curativos e, principalmente, seu impacto no organismo humano.
Estudo de caso
Você e sua equipe pro�ssional foram convocados a auxiliar a polícia no deslinde de um óbito
ocorrido na noite do dia anterior. Chegando ao local, se depararam com um homem estirado no
sofá de sua residência. Foram informados de que a vítima faleceu por as�xia, mas que, nas horas
que antecederam sua morte, experimentou os seguintes sintomas: dormência da face e dos
membros, aumento da salivação, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e paralisia.
Embasado nos conhecimentos absorvidos desta aula, identi�que a possível causa mortis e
explique o que motivou sua resposta.
Resolução do estudo de caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Trata-se de um caso que envolve vítima de as�xia, que, nas horas que antecederam sua morte,
teve os seguintes sintomas: dormência da face e dos membros, aumento da salivação, náuseas,
vômitos, diarreia, dor abdominal e paralisia.
Levando-se em conta os ensinamentos da presente aula, pode-se a�rmar que é provável que o
indivíduo tenha sofrido uma intoxicação alimentar por peixe ou animais marinhos, mais
precisamente, pela tetrodotoxina, que, possivelmente, causou os sintomas supracitados,
notadamente, a paralisia, que culminou na obstrução das vias respiratórias.
Saiba mais
Em complemento ao conteúdo teórico apresentado na presente aula, é importante que o aluno e,
principalmente, o pro�ssional da área pericial se atualize sobre os casos práticos que envolvem a
intoxicação alimentar. Por esse motivo, sugere-se a leitura da seguinte notícia jornalística, que
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Perícia Criminal e Toxicológica
relata intoxicação de alunos em sete escolas públicas de Taquarituba/SP, supostamente em
virtude do consumo da merenda.
Resumo visual
Nesta aula, tivemos contato com o conceito de veneno para a doutrina, bem como os processos
de envenenamento por alimentos (microrganismos, peixes e outros animais marinhos, etc.). O
quadro abaixo destina-se a facilitar a assimilação dos conteúdos ministrados:
https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2021/05/19/alunos-sao-socorridos-com-intoxicacao-em-escolas-de-taquarituba.ghtm
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura 1 | Doenças alimentares.
Referências
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Perícia Criminal e Toxicológica
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alimentação. Governo do Estado de São Paulo, 2015. Disponível em:
https://jundiai.sp.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/17/2015/01/Aula-1.pdf. Acesso em:
30 dez. 2021.
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE NUTRIÇÃO. Segurança Alimentar: princípios básicos. Porto:
Associação Portuguesa de Nutrição, 2018.
CROCE, D.; JÚNIOR, D. C. Manual de medicina legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
FRANÇA, G. V. Medicina legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
KIMURA, G. Os 23 alimentos mais perigosos do mundo. Exame, 2016. Disponível em:
https://exame.com/casual/os-23-alimentos-mais-perigosos-do-mundo/. Acesso em: 30 dez.
2021.
LOBO, F. Peixes e contaminação por metais tóxicos. Ecodebate, 2011. Disponível em:
https://www.ecodebate.com.br/2011/01/14/peixes-e-contaminacao-por-metais-toxicos-artigo-
de-frederico-lobo/. Acesso em: 30 dez. 2021.
O’MALLEY, G.; O’MALLEY, R. Intoxicação por peixe e mariscos. Manual MSD, 2020. Disponível em:
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/les%C3%B5es-e-
envenenamentos/envenenamento/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-peixe-e-mariscos. Acesso em:
30 dez. 2021.
OMS – Organização Mundial da Saúde. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Cinco chaves para uma alimentação mais segura [manual], 2006. 
ORSI, M. L.; MANCEBO, M. L. Alunos são socorridos com intoxicação em sete escolas de
Taquarituba. G1, 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/itapetininga-
regiao/noticia/2021/05/19/alunos-sao-socorridos-com-intoxicacao-em-escolas-de-
taquarituba.ghtml. Acesso em: 30 dez. 2021.
PERUZZO, C. Microrganismos em alimentos: conheça os mais comuns. Farma Júnior, 2020.
Disponível em: https://www.farmajunior.com.br/sem-categoria/microrganismos-em-alimentos-
conheca-os-mais-comuns/. Acesso em: 30 dez. 2021
Aula 3
Da intoxicação por drogas lícitas
Introdução
https://jundiai.sp.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/17/2015/01/Aula-1.pdf
https://exame.com/casual/os-23-alimentos-mais-perigosos-do-mundo/
https://www.ecodebate.com.br/2011/01/14/peixes-e-contaminacao-por-metais-toxicos-artigo-de-frederico-lobo/
https://www.ecodebate.com.br/2011/01/14/peixes-e-contaminacao-por-metais-toxicos-artigo-de-frederico-lobo/
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/les%C3%B5es-e-envenenamentos/envenenamento/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-peixe-e-mariscos
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/les%C3%B5es-e-envenenamentos/envenenamento/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-peixe-e-mariscos
https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2021/05/19/alunos-sao-socorridos-com-intoxicacao-em-escolas-de-taquarituba.ghtml
https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2021/05/19/alunos-sao-socorridos-com-intoxicacao-em-escolas-de-taquarituba.ghtml
https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2021/05/19/alunos-sao-socorridos-com-intoxicacao-em-escolas-de-taquarituba.ghtml
https://www.farmajunior.com.br/sem-categoria/microrganismos-em-alimentos-conheca-os-mais-comuns/
https://www.farmajunior.com.br/sem-categoria/microrganismos-em-alimentos-conheca-os-mais-comuns/
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Perícia Criminal e Toxicológica
Já tivemos a oportunidade de veri�car o que são intoxicações e quais as principais substâncias
que causam tais processos no corpo humano. Analisamos, ainda, os sinais deixados nos
cadáveres expostos, em vida, à toxidade dos elementos em questão – descobertos mediante a
atuação do perito criminal.
Nesta aula, estudaremos as intoxicações provocadas por drogas lícitas, ou seja, aquelas cujo
uso, embora permitido pela legislação, tem o condão de intoxicar, sobretudo causando males ao
coração, perturbações mentais e distúrbios no sistema nervoso central (SNC).
Neste material, apresentaremos as principais drogas consentidas em nosso país, que vão desde
o tabaco, adquirido em qualquer estabelecimento, até os medicamentos, que podem ou não
sofrer restrição de comercialização.
A intoxicação por drogas lícitas é a mais corriqueira (malgrado, muitas vezes, não leve ao
resultado morte). Consequentemente, deve o perito criminal – assim como os demais
pro�ssionais da área – dominar os conhecimentos acerca do tema.
Das substâncias cardíacas
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Conforme estudamos anteriormente, é considerada droga qualquer substância apta a
proporcionar perturbações no sistema nervoso central (SNC), por intermédio de alterações no
seu funcionamento. Essas variações podem ser singelas, como as decorrentes do consumo de
uma xícara de café (leve estímulo), ou extremamente notórias, como as causadas pelo usode
LSD (falta de percepção da realidade, alucinações, etc.), por exemplo.
Nesse sentido, é possível dividir as drogas em: ilícitas e lícitas. As primeiras são aquelas
elencadas taxativamente pela Portaria nº 334, de 12 de maio de 1998, da Secretaria de Vigilância
em Saúde/Ministério da Saúde, sob autorização da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2003. Já as
segundas, por exclusão, são quaisquer outras que não constem dessa lista.
Por óbvio, às condutas relacionadas ao uso e trá�co de drogas proibidas (em suas mais diversas
formas) são cominadas punições pela Legislação. De outro lado, as drogas permitidas têm o seu
consumo e comércio autorizado, livremente ou mediante restrições. O café talvez seja o melhor
exemplo de droga lícita de uso e comercialização livres (dado o seu baixíssimo ou inexistente
perigo à saúde, quando consumido com moderação). São exemplos de drogas lícitas que sofrem
restrição os remédios comercializados apenas sob prescrição médica, como o Bromazepam
(2021) e o álcool, vedado aos menores de 18 anos (SÃO PAULO, 2011).
A Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta sobre os efeitos nocivos que as drogas – lícitas ou
ilícitas – têm sobre o aparelho cardiovascular (SBC, 2021). No que diz respeito ao consumo de
drogas lícitas, as substâncias cardíacas são aquelas que afetam o coração, podendo alterar o
funcionamento do organismo e, até mesmo, causar a morte do indivíduo (ainda que a longo
prazo).
Um estudo recente demonstrou que o consumo de álcool causa �brilação arterial (A-�b),
disfunção arterial que consiste numa espécie de arritmia cardíaca, aumentando o risco de um
derrame (O’CONNOR, 2021).
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Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2021):
O álcool também tem efeitos tóxicos, diretos e indiretos, sobre o coração. Indiretos,
pois pode trazer alterações lipídicas na composição dos lipídios sanguíneos, com
aumento principalmente dos triglicérides, o que, a longo prazo, pode levar a uma
alteração pró heterogênica, culminando com a degeneração dos vasos. Em doses
elevadas também pode causar arritmias e dano cardíaco.
O tabaco (substância presente nos cigarros, cigarrilhas, charutos, dentre outros) é, segundo a
Associação Bene�cente Síria (HCOR), um dos maiores causadores de doenças cardiovasculares,
pois agride o endotélio (parede de células que recobre os vasos sanguíneos) (HCOR, 2018). 
Como explica Cury (2021):
Essa ação interfere com a produção de uma substância protetora conhecida como
óxido nítrico e faz como que as artérias �quem mais vulneráveis ao acúmulo de
gordura. Há também uma interferência no mecanismo de contração e relaxamento, o
que resulta numa maior di�culdade para o sangue circular.
Dentre os efeitos do tabagismo no sistema cardiovascular, podemos destacar: endurecimento
das artérias do fumante, redução do consumo de oxigênio e aumento de colesterol,
aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes das artérias), ampli�cação do risco de infarto,
etc. (HCOR, 2018).
Os fármacos, de seu turno, podem causar diversos efeitos no coração, dada a grande gama
existente no mercado e seus mais variados usos (analgésicos, antidepressivos, anti-
in�amatórios, e vários outros).
Contudo, nem sempre os impactos produzidos no corpo humano são negativos. Muito pelo
contrário: em se tratando de medicamentos, a tendência é que causem benefícios. Somente
haverá prejuízo à saúde de quem os consumir se houver intolerância, predisposição a alguma
enfermidade/complicação, ou, ainda, incorreta administração. 
Algumas medicações atuam diretamente no sistema cardiovascular e costumam ser
classi�cadas da seguinte forma: diuréticas (furosemida, clortalidona, hidroclorotiazida);
betabloqueadoras (propranolol, metoprolol, atenolol); inibidoras da ECA (captopril, enalapril,
benazepril); bloqueadoras do receptor de AT II (losartano, valsartano, candersatano);
bloqueadoras de canal de cálcio (verapamil, diltiazem, anlodipino); agonistas alfa de ação central
(clonidina, metildopa); alfa bloqueadoras (prazosina, doxazosina); vasodilatadoras diretas
arteriais e venosas (hidralazina e Minoxidil); vasodilatadoras coronarianas (dinitrato de
isossorbida, mononitrato de isossorbida, nitroglicerina, propatilnitrato) e inibidoras de Renina
(alisquireno) (LEONARDI, 2019).
Desta sorte, é imprescindível que o perito conheça os efeitos das drogas lícitas (bem como das
ilícitas), mormente no que tange às substâncias cardíacas, a �m de que elabore laudos com
qualidade e pro�ssionalismo.
Videoaula: Das substâncias cardíacas
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Você já aprendeu a diferença entre drogas lícitas e ilícitas. No vídeo desta aula, você poderá
conhecer melhor as primeiras e os principais efeitos que produzem no coração, assim como no
sistema cardiovascular. Trataremos do álcool, do cigarro (tabaco de modo geral) e dos
medicamentos no que diz respeito às substâncias cardíacas.
Das substâncias psicotrópicas
O termo droga advém da palavra droog, de origem holandesa, que pode ser traduzida como folha
seca, pois, nos primórdios da humanidade, os remédios eram naturais, produzidos a partir de
ervas e folhas (MATO GROSSO, 2006).
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A intoxicação por drogas também é chamada de toxicomania, vocábulo de origem grega,
composto pelos termos tóxico e mania, que signi�ca, portanto, a utilização aguda (por curto
espaç de tempo) ou crônica (de longa duração) de drogas.
Para a Organização Mundial de Saúde (1974), a expressão mais adequada é
farmacodependência, que corresponde ao estado psíquico e, às vezes, físico causado pela
interação entre um organismo vivo e um fármaco, de modo que fármaco ou droga é toda
substância que, introduzida no organismo vivo, pode modi�car uma ou mais de suas funções.
Para a legislação, a de�nição de drogas se encontra no parágrafo único do art. 1º, da Lei nº
11.343, de 11 de agosto de 2006, que as de�ne como as substâncias ou os produtos capazes de
causar dependência, assim especi�cados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União. Trata-se de uma lei penal em branco em sentido
estrito, que encontra seu complemento na Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998. Em
outras palavras, as substâncias proibidas são elencadas nesse último documento legal.
França (2017) explica “tóxico” ou “droga” como “um grupo muito grande de substâncias naturais,
sintéticas ou semissintéticas que podem causar tolerância, dependência e crise de abstinência”
(grifo do autor). É, praticamente, unânime entre os autores de Medicina Legal a divisão tripartite
das drogas em: depressoras do sistema nervoso central; estimulantes do sistema nervoso
central; e perturbadoras do sistema nervoso central. Essa é uma das classi�cações
apresentadas por Croce e Júnior (2012).
Explicita São Paulo (2020) que as drogas depressoras do sistema nervoso central, também
chamadas de psicolépticas, deprimem, ou seja, reduzem a atividade cerebral, fazendo com que o
usuário �que com o raciocínio lento, distraído e desinteressado. São exemplos desse grupo:
álcool, opiáceos (heroína, mor�na, ópio), barbitúricos (anticonvulsivos, sedativos), ansiolíticos
(calmantes), solventes (cola de sapateiro, respingo de solda, lança-perfume), dentre outros.
Já os estimulantes do sistema nervoso central, conhecidos como psicoanalépticos,
nooanalépticos ou timolépticos, aguçam o cérebro, aumentando sua atividade, deixando, por
consequência, o usuário em estado de agitação e alerta, sem sono. São eles: nicotina,
anfetamina, cocaína, crack, metanfetamina, etc. (SÃO PAULO, 2020).
De seu turno, os perturbadores do sistema nervoso central, alucinógenos, psicodélicos,
psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamór�cos ou alucinantes são tóxicos que, como
o próprio nome indica, perturbam,ou seja, alteram qualitativamente o funcionamento do cérebro,
deixando o indivíduo confuso, com a percepção alterada da realidade e, em alguns casos, com
alucinações. Exemplos dessas drogas são: maconha, LSD, cogumelo, cacto, anticolinérgicos,
êxtase e outros (SÃO PAULO, 2020).
Videoaula: Das substâncias psicotrópicas
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Assista as explicações do vídeo acima.
Do álcool e dos depressores da atividade do sistema nervoso central (SNC)
A partir da subdivisão abordada no Bloco anterior, o álcool é uma droga depressora do sistema
nervoso central.
A embriaguez alcoólica, nas palavras de França (2017), “é um conjunto de manifestações
neuropsicossomáticas resultantes da intoxicação etílica aguda de caráter episódico e
passageiro”. Cuida-se de um estágio (esporádico), que não se confunde com alcoolemia
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(concentração de álcool por litro de sangue) ou com alcoolismo (dependência do álcool – tratada
como doença pela Organização Mundial de Saúde).
A ação tóxica do álcool no organismo acarreta manifestações físicas (congestão das
conjuntivas, taquicardia, taquipneia, taquies�gmia, hálito alcoólico-acético), neurológicas (falta
de equilíbrio, marcha prejudicada, problemas de coordenação motora) e psíquicas (alteração de
humor, de senso ético, de atenção, da sensopercepção, falta de concatenação de ideias).
Prevalece, quanto às fases da embriaguez alcoólica, na literatura especializada, a classi�cação
adotada, dentre outros, por França (2017): 
1. excitação: momento em que o sujeito se mostra alegre, bem-humorado, gracejador, falante
(até demais, em alguns casos), com olhar animado.
2. Confusão: fase em que o indivíduo começa a demonstrar as perturbações psíquicas e
motoras (ex.: andar cambaleante), �ca irritado e com tendência à agressividade, com olhos
“baixos”. 
3. Sono ou comatose: o embriagado tem di�culdade para se manter em pé, caminhando
escorado nas pessoas ou obstáculos, é acometido por vômitos, náusea, sudorese
abundante, relaxamento intestinal e, �nalmente, quando cai ou é colocado deitado, não
costuma se levantar, “apagando” em sono profundo.
Comprova-se a embriaguez pela coleta da urina, da saliva (não recomendada), pelo líquor, pelo
exame clínico (de maior valor probante) e pelo ar alveolar (etilômetro/”bafômetro”). França
(2017) aponta que a alcoolemia se apresenta em três graus: 
1. Intoxicação aparente: 5 decigramas por litro de sangue. 
2. Distúrbios tóxicos: de 5 a 20 decigramas por litro de sangue. 
3. Embriaguez completa: acima de 20 decigramas por litro de sangue. 
Todavia, para a legislação brasileira, qualquer nível de intoxicação acima de zero é su�ciente para
sujeitar o indivíduo a sanções.
Representam também os depressores do SNC os solventes, os sedativos, os barbitúricos, os
ansiolíticos e os opiáceos (além de outras substâncias).
Os primeiros, também conhecidos como inalantes (pela forma como ingressam no corpo
humano), correspondem a uma das drogas mais consumidas pelas crianças em situação de rua,
que aspiram colas, aerossóis, tintas, solventes, dentre outros, como forma de enganar a fome
(MATO GROSSO, 2006).
Ansiolíticos e barbitúricos são fármacos voltados, em síntese, ao combate da ansiedade e da
insônia, respectivamente (MATO GROSSO, 2006). Geralmente, são administrados pela via oral,
mas também podem ser injetados na corrente sanguínea (mais comum em hospitais e centros
de tratamento).
É importante que o perito e os demais sujeitos envolvidos na elucidação de crimes tenham pleno
conhecimento das drogas depressoras e seus efeitos, sabendo diferenciar, na prática, umas das
outras.
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Videoaula: Do álcool e dos depressores da atividade do sistema nervoso
central (SNC)
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Assista as explicações do vídeo acima.
Estudo de caso
Conforme debatido em linhas anteriores, são representantes do grupo das drogas lícitas: o
álcool, os medicamentos, o cigarro e, até mesmo, o café (além de outros). Veri�cou-se que esses
tóxicos podem causar efeitos no corpo humano, principalmente no sistema cardiovascular e, por
isso, recebem o nome de substâncias cardíacas.
Você, perito criminal, é designado a acompanhar a autoridade policial num caso de óbito
envolvendo um famoso artista. Chegando ao local, se depara com a seguinte cena: o recém-
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falecido está deitado na cama de seu próprio quarto, usando pijamas, rodeado de remédios e
próximo a um copo d’água. Não há marcas externas no corpo da vítima (tiros, esganaduras,
queimaduras, feridas contusas, etc.)
Diante desse contexto, o Delegado de Polícia lhe formula a seguinte indagação: é possível que a
vítima tenha morrido em virtude do consumo excessivo de remédios? Em caso positivo, a parada
cardíaca é uma causa a se investigar?
Videoaula: Resolução do estudo de caso
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Face à pergunta formulada anteriormente, a resposta adequada se dá no sentido de que é
possível, sim, que a vítima tenha falecido por causa do consumo excessivo de remédios, desde
que seja intolerante a algum fármaco, predisposição a alguma enfermidade/complicação
decorrente disso, ou, ainda, incorreta administração. A ocorrência de parada cardíaca é uma das
possíveis causas da morte e merece ser investigada, pois, como vimos, a maior parte das
substâncias cardíacas atuam no sistema cardiovascular.
Saiba mais
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Consoante debatido em linhas anteriores, nem sempre os efeitos das drogas no sistema
cardiovascular são deletérios (como é o caso de remédios formulados para impedir infartos, por
exemplo).
Curiosamente, algumas pesquisas apontam que o álcool, embora consumido em excesso possa
causar problemas cardíacos, se utilizado com moderação, pode, inclusive, proteger o coração. É
o que sustenta o médico Drauzio Varella, no artigo intitulado O álcool e o coração.
Resumo visual
https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/o-alcool-e-o-coracao-artigo/
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Consoante exaustivamente debatido no presente material, é de suma importância que o perito –
e os demais operadores das ciências criminais – conheçam as drogas, sejam elas lícitas ou
ilícitas, dominando seus principais efeitos no corpo humano e espécimes.
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Figura 1 | Classi�cação das drogas e seus efeitos no sistema nervoso central.
Referências
CROCE, D.; JÚNIOR, D. C. Manual de medicina legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
Bromazepam. Curitiba: Neo Química, [s. d.]. Bula de remédio. Disponível em:
https://pro.consultaremedios.com.br/bromazepam-neo-quimica?
__cf_chl_captcha_tk__=Ms6C0Fpn84MdOkEjDp2pYgGbZxtQODH2m508MS5jdO4-1639576416-0-
gaNycGzND-U. Acesso em: 31 dez. 2021.
FRANÇA, G. V. Medicina legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
HCOR. Associação Bene�cente Síria. Cardiologista do HCor alerta: cigarro é um dos maiores
causadores de doenças cardiovasculares. HCOR, 2018. Disponível em:
https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/cardiologista-do-hcor-alerta-cigarro-e-um-dos-
maiores-causadores-de-doencas-cardiovasculares/. Acesso em: 31 dez. 2021.
HERCULES, H. C. Medicina legal: texto e atlas. São Paulo: Atheneu. 2011.
LEONARDI, E. ICTQ – Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade. Varejo Farmacêutico.
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https://ictq.com.br/varejo-farmaceutico/914-farmacoterapia-e-�siopatologia-do-sistema-
cardiovascular. Acesso em: 31 dez. 2021.
MATO GROSSO. Tribunal de Justiça. Drogas psicotrópicas. TJMT, 2006. Disponível em:
https://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Drogas_psicotr%C3%B3picas.p
df. Acesso em: 31 dez. 2021. 
https://pro.consultaremedios.com.br/bromazepam-neo-quimica?__cf_chl_captcha_tk__=Ms6C0Fpn84MdOkEjDp2pYgGbZxtQODH2m508MS5jdO4-1639576416-0-gaNycGzND-U
https://pro.consultaremedios.com.br/bromazepam-neo-quimica?__cf_chl_captcha_tk__=Ms6C0Fpn84MdOkEjDp2pYgGbZxtQODH2m508MS5jdO4-1639576416-0-gaNycGzND-U
https://pro.consultaremedios.com.br/bromazepam-neo-quimica?__cf_chl_captcha_tk__=Ms6C0Fpn84MdOkEjDp2pYgGbZxtQODH2m508MS5jdO4-1639576416-0-gaNycGzND-U
https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/cardiologista-do-hcor-alerta-cigarro-e-um-dos-maiores-causadores-de-doencas-cardiovasculares/
https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/cardiologista-do-hcor-alerta-cigarro-e-um-dos-maiores-causadores-de-doencas-cardiovasculares/
https://ictq.com.br/varejo-farmaceutico/914-farmacoterapia-e-fisiopatologia-do-sistema-cardiovascular
https://ictq.com.br/varejo-farmaceutico/914-farmacoterapia-e-fisiopatologia-do-sistema-cardiovascular
https://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Drogas_psicotr%C3%B3picas.pdf
https://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Drogas_psicotr%C3%B3picas.pdf
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O’CONNOR. A. Entenda como o consumo de bebida alcóolica, ainda que de forma moderada,
pode afetar seu coração. O Globo, 2021. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/bem-
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SÃO PAULO. Secretaria da Justiça e Cidadania. IMESC – Instituto de Medicina Social e de
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permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito)
anos de idade, e dá providências correlatas. Assessoria Técnico-Legislativa, São Paulo, SP, 19
out. 2011. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2011/lei-14592-
19.10.2011.html. Acesso em: 31 dez. 2021.
SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia. Consumo de drogas e álcool tem efeitos nocivos sobre
o aparelho cardiovascular. SBC, 2021. Disponível em:
https://www.portal.cardiol.br/post/consumo-de-drogas-e-%C3%A1lcool-tem-efeitos-nocivos-
sobre-o-aparelho-cardiovascular. Acesso em: 31 dez. 2021.
VARELLA, D. O álcool e o coração. Drauzio, 2011. Disponível em:
https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/o-alcool-e-o-coracao-artigo/. Acesso
em: 31 dez. 2021.
Aula 4
Da intoxicação por drogas ilícitas
Introdução
https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/entenda-como-consumo-de-bebida-alcoolica-ainda-que-de-forma-moderada-pode-afetar-seu-coracao-25183886
https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/entenda-como-consumo-de-bebida-alcoolica-ainda-que-de-forma-moderada-pode-afetar-seu-coracao-25183886
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https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/38851/WHO_TRS_551_spa.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/38851/WHO_TRS_551_spa.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://imesc.sp.gov.br/index.php/classificacao-das-drogas/
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2011/lei-14592-19.10.2011.html
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2011/lei-14592-19.10.2011.html
https://www.portal.cardiol.br/post/consumo-de-drogas-e-%C3%A1lcool-tem-efeitos-nocivos-sobre-o-aparelho-cardiovascular
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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A intoxicação por drogas ilícitas é um mal que a�ige a humanidade desde seus primórdios até os
dias atuais. Existem diversos fatores sociais, econômicos, psicológicos e outros que ocasionam
o uso de entorpecentes. Todavia, o objeto do nosso estudo são as drogas em espécie e seus
efeitos no corpo humano.
Já estudamos que essas substâncias atuam sobre o sistema nervoso central, ocasionando
alterações comportamentais, além de danos corporais, que vão desde meras disfunções à morte
cerebral e falência de órgãos. Na presente aula, conheceremos um pouco mais sobre algumas
das drogas mais famosas e consumidas no Brasil e no mundo: a cocaína, a maconha (cannabis
sativa) e o LSD (ácido lisérgico).
Não é demasiado frisar a relevância do tema na atuação do perito criminal e dos demais
pro�ssionais ligados às ciências médicas, biológicas e sociais. Por isso, preste atenção e estude
com a�nco, pois os temas versados na presente aula são alvos de provas de concursos e,
principalmente, da prática forense.
Da cocaína ou anfetaminas
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
O IMESC (Instituto de Medicina Social e Criminologia), atrelado à Secretaria da Justiça e
Cidadania do Governo de São Paulo, ordena as drogas nos seguintes grupos: depressores do
SNC; estimulantes do SNC; e perturbadores do SNC (SÃO PAULO, 2020).
A cocaína é uma droga de caráter básico (alcaloide), cujo princípio ativo é a folha da coca, uma
planta nativa da América do Sul. Foi isolada, pela primeira vez, em 1859, pelo químico alemão
Albert Niemann e difundida nos Estados Unidos em 1882 (LÓPEZ-MUÑOZ; GONZALES, 2020). Ela
também conhecida como poeira divina, pois se apresenta na forma de um pó branco (quando
não diluída ou misturada). É uma das drogas mais consumidas no mundo e no Brasil,
principalmente entre os artistas e pessoas de classe média alta.
Entra no organismo, comumente, pela via nasal, mas também pode ser injetada ou introduzida
por outras formas (mediantes cortes na gengiva, pelos orifícios, etc.), sendo que o tempo de
absorção varia conforme a via eleita.
Segundo Croce e Júnior (2012), os efeitos são:
(...) ausência de fadiga (tanto que os indígenas peruanos que mascam folhas de coca
aguentam longas caminhadas fatigantes carregando fardos excessivamente pesados
sem demonstrar cansaço), carecimento de fome, aceleração do pulso, respiração
rápida, insônia, aumento da atividade motora, sentimentos físicos e mentais
estereotipados, loquacidade, excitação eufórica com conservação da inteligência e da
consciência, e, amiúde, alucinações auditivas, visuais e táteis. Há indícios de que a
ideação e a atenção aumentam. Numa fase posterior, cessado o efeito, ocorrem
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
tristeza, melancolia, apatia, inapetência, cefaleia, diminuição do interesse pelo
trabalho, falta de ambição, negligência na higiene pessoal, distúrbios cardíacos e
respiratórios e uma intensa depressão cortical caracterizada por indisposição mental,
exaustão física e di�culdade de concentração que pode, em alguns casos, levar ao
suicídio, desenvolvida paulatinamente na mesma ordem em que se instalou a
manifestação do estado de exaltação; e, de permeio, comportamento estereotipado,
ilusões paranoides, insanidade cocaínica e tendência à violência.
Tais consequências podem ser sintetizadas como efeitos principais: 
Psíquicos – agitação motora, excitação, ansiedade, confusão mental e loquacidade.
Neurológicos – afasia, paralisias, tremores e, às vezes, convulsão.
Circulatórios – taquicardia, aumento da pressão arterial e dor precordial.
Respiratórios – polipneiae até síncope respiratória. 
Além desses, têm-se os efeitos secundários: náuseas, vômitos e oligúria (FRANÇA, 2017).
Outrossim, como leciona França (2017):
É tão grave a nocividade dessa droga que, mesmo depois da cura pela
desintoxicação, o viciado não se recupera das lesões mais graves do sistema
nervoso. Tem estados depressivos e de angústia, alucinações visuais e tácteis,
delírios de perseguição e complexo de culpa. Envelhece muito precocemente, e a
morte é quase sempre por perturbações cardíacas.
Existe uma forma de intoxicação super aguda (extrema) por cocaína que evolui, repentinamente,
para o colapso e morte, em virtude da ação tóxica direta da metilec gonanina benzoica sobre a
musculatura do coração (CROCE; JÚNIOR, 2012).
As anfetaminas assemelham-se muito à cocaína no que tange à intoxicação aguda, que, como
bem explicita França (2017), “caracteriza-se pela inquietação psicomotora, incapacidade de
atenção, obnubilação da consciência, estado de confusão com manifestações delirantes.”
Todavia, elas têm forma diferente (bolinhas ou comprimidos) e ingressam no organismo de
modo diverso (por meio de ingestão com água). É possível, outrossim, a introdução intravenosa
– assim como a cocaína.
Videoaula: Da cocaína ou anfetaminas
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Perícia Criminal e Toxicológica
Assista as explicações do vídeo acima.
Intoxicação por lisergia (LSD)
O LSD ou LSD-25, como prefere a literatura especializada, é uma droga semissintética, pois é
extraída da ergotina do centeio (dietilamina do ácido lisérgico) (FRANÇA, 2017) e sintetizada em
laboratório. Trata-se de um tóxico extremamente poderoso e alucinógeno, que pode ser
consumido em tabletes de açúcar, em fragmentos de papel/cartolina (manchado com a
substância) ou dissolvido em água.
Descoberto, por acaso, em 1943 pelo químico suíço Albert Hofmann, o LSD se difundiu entre os
jovens, principalmente na década de 60, com o movimento hippie, tendo sido, inclusive,
propagado por famosos artistas da época, como The Beatles, Jimi Hendrix e Aldous Huxley
(GARCÍA-ZIEMSEN, 2021).Partindo da classi�cação tripartite, utilizada em todo o nosso trabalho,
a droga em epígrafe é considerada perturbadora do sistema nervoso central. Há autores, porém,
que a classi�cam também como um químico despersonalizante (CROCE; JÚNIOR, 2012).
França (2017) assevera que “o viciado tem o aspecto de uma pessoa com náuseas. Mostra uma
intensa depressão, tristeza e fadiga.” Ele elenca, ainda, as seguintes consequências da
intoxicação:
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Perícia Criminal e Toxicológica
O comportamento transforma-se transitoriamente, como se observa nas doenças
mentais. Perturbação da percepção do mundo exterior, delírios e alucinações. Crises
constantes de convulsões, chegando até ao estado comatoso. Surgem pesadelos
terríveis, dos quais a vítima pode �car prisioneira para sempre. É o suicídio do
drogado.
Curiosamente, o LSD-25 provoca uma sequela denominada feedback, que é o retorno de algumas
sensações experimentadas durante o consumo da droga, mas em momentos aleatórios de
abstinência (às vezes, anos após o uso).
Estudos modernos demonstram que o LSD produz quatro grupos de reações: 
O primeiro deles con�gura-se pela falsa noção, do intoxicado, de que não há limites para as
suas potencialidades (megalomania). É nesse momento que alguns usuários se atiram de
prédios, pensando poderem voar.
Por sua vez, o segundo opõe-se ao primeiro grupo, eis que se caracteriza pela depressão
profunda, angústia, solidão e sentimento de culpa. É o que, comumente, leva o toxicômano
ao suicídio.
No terceiro grupo ocorrem as perturbações paranoicas. Os drogados se sentem
perseguidos, ameaçados pelos que os cercam e, não raras vezes, se tornam violentos,
agredindo e matando pessoas que estão à sua volta.
Por �m, o quarto grupo de reações, que pode ser rápido ou se prolongar demasiadamente,
manifesta-se mediante um estado de confusão geral, com ilusões, alucinações, ideias
irracionais, sentimentos absurdos, bem como incapacidade de se orientar no tempo e no
espaço (FRANÇA, 2017).
De acordo com BRASIL (2010):
O LSD-25 é utilizado habitualmente por via oral e bastam alguns microgramas
(micrograma é um milésimo de um miligrama que, por sua vez, é um milésimo de um
grama) para produzir alucinações.
De 10 a 20 minutos após tomá-lo, o pulso pode �car mais rápido, as pupilas podem
�car dilatadas, a pessoa produz muito suor e pode sentir uma certa excitação.
Fique atento às características e singularidades de cada droga, pois isso será salutar na sua
atuação pro�ssional.
Videoaula: Intoxicação por lisergia (LSD)
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No vídeo desta aula, serão descritas as principais características da droga conhecida como LSD
(ou LSD-25), bem como seus efeitos no corpo humano. Abordar-se-á a divisão quadripartite de
grupos de reações provocadas na pessoa que consome essa droga, a �m de que o perito e
demais pro�ssionais tenham subsídios para identi�cá-la.
Intoxicação por Cannabis Sativa
A maconha, também conhecida como diamba, marijuana, erva-do-diabo, dentre outros nomes
populares, é a droga obtida a partir das �ores e folhas da cannabis sativa. Conquanto as últimas
contenham o princípio ativo em menor quantidade, são prensadas juntamente com as primeiras,
a �m de produzir volume, para �ns de comércio.
O processo de fabricação é rudimentar e envolve, resumidamente, o cultivo da planta, colheita,
secagem das �ores/folhas e prensagem.
A substância ativa, obtida das in�orescências verde-escuras, de cheiro acre, do cânhamo da
Índia, é chamada de Tetrahidrocanabinol (THC) ou Delta-9-THC (9-gama-
transtetrahidrocanabinol) (CROCE; JÚNIOR, 2012).
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Perícia Criminal e Toxicológica
O consumo dessa droga se dá de diversas formas, a depender da �nalidade pretendida. Isso
porque, pode ser consumida, inclusive, como medicamento, por pacientes com câncer ou outras
doenças que causam dores (propriedades analgésicas e anticonvulsivas).
Comumente, a maconha é fumada (inalação da fumaça), por meio de cigarros (baseados,
�ninhos) ou cachimbos (maricas) (FRANÇA, 2017). Mas, como mencionado anteriormente, pode
ser absorvida pelo corpo humano mediante xaropes, pastilhas, bolos e doces, pastas, pomadas,
etc.Partindo da classi�cação tripartite das drogas quanto aos seus efeitos no sistema nervoso
central, pode-se a�rmar que a Cannabis sativa é um fármaco perturbador do SNC, pois perturba,
ou seja, altera qualitativamente o funcionamento do cérebro, deixando a pessoa confusa, com a
percepção alterada da realidade e, em alguns casos, com alucinações (UNIFESP, 2021). 
Seus efeitos são elencados por França (2017) do seguinte modo:
Muitos viciados permanecem em completa prostração, enquanto outros se tornam
agitados e agressivos. Traz, como regra, a lassidão, o olhar perdido a distância, um
comportamento excêntrico, uma memória afetada e uma falta de orientação no
tempo e no espaço. Perdem a ambição, valorizam apenas o presente. Têm uma ilusão
de prolongamento de vida e uma sensação de �utuar entre nuvens.
Moraes e Silva (2016) abordam as repercussões da maconha no corpo humano, categorizando-
as nos agrupamentos abaixo:
Gerais: relaxamento, euforia, pupilas dilatadas, conjuntivas avermelhadas, boca seca,
aumento do apetite, rinite, faringite. 
Neurológicos: comprometimento da capacidade mental, alteração da percepção,
alteração da coordenação motora, maior risco de acidentes, voz pastosa (mole). 
Cardiovasculares: aumento dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial. 
Psíquicos: despersonalização, ansiedade/confusão, alucinações, perda da
capacidadede insights, aumento do risco de sintomas psicóticos entre aqueles com
história pessoal ou familiar anterior.
Em Unifesp (2021), são elencados os mais diversos efeitos – físicos e psicológicos –, a
depender do tipo de uso do fármaco:
(...) boca seca, dilatação dos vasos da conjuntiva e aumento da frequência cardíaca.
(...) diminuição do hormônio sexual masculino e consequentemente infertilidade (...).
O uso prolongado provoca redução das defesas imunológicas do organismo.
(...) pode provocar euforia e hilaridade, (...) sonolência ou diminuição da tensão.
Podem surgir também os efeitos de ilusões, delírios e alucinações. Ocorre também
uma perda da noção de tempo e espaço e diminuição da memória (...).
Alguns autores apontam que a fase inicial do canabidismo (consumo de maconha) traz ao
sujeito uma sensação de equilíbrio à sua angústia existencial. Entrementes, leva a diversos
problemas (CROCE; JÚNIOR, 2017).
O perito deve, portanto, conhecer os sinais característicos do uso de cannabis sativa, a �m de
precisar se determinado sujeito pode ou não estar sob efeito dessa droga. Tem, ainda, a
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incumbência de identi�car, laboratorialmente, seu princípio ativo, com o �to de solucionar crimes
e fatos importantes à vida em sociedade.
Videoaula: Intoxicação por Cannabis Sativa
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Assista a explicação do vídeo acima.
Estudo de caso
Você é perito criminal na comarca de Borebota/RJ e foi convocado a auxiliar o Delegado de
Polícia a interpretar o laudo produzido, nos autos de um inquérito policial, por outro perito.
Segundo consta, foi apreendida uma substância com as seguintes características: pó branco,
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Perícia Criminal e Toxicológica
proveniente da mistura de uma certa planta com outras substâncias químicas, capaz de causar
excitação, taquicardia, aumento da pressão arterial, disposição, euforia, ausência de fadiga, etc. 
Baseado nos conhecimentos absorvidos na presente aula, indique a qual droga ilícita o
documento faz referência.
Resolução do estudo de caso
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Com supedâneo nos temas abordados na presente aula, é possível a�rmar, com certeza, que se
trata da droga ilícita denominada cocaína (também conhecida como poeira divina, além de
outros nomes populares), pois os efeitos que produz no corpo humano são exatamente os
elencados no documento. Além disso, a composição do fármaco supracitado nos permite
concluir que se trata, de fato, de cocaína.
Saiba mais
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Você sabe o que signi�cam os termos body packer e body pusher/stuffer? São expressões norte-
americanas utilizadas para designar os indivíduos que carregam drogas – principalmente,
cocaína e anfetaminas – respectivamente, no interior do seu intestino ou nas cavidades naturais
do corpo (ânus e vagina). Saiba mais lendo o artigo Transporte de drogas por ingestão ou
inserção no corpo, de O’Malley e O’Malley (2020).
Resumo visual
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo
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Perícia Criminal e Toxicológica
Na presente Unidade, aprofundamos nossos conhecimentos acerca de algumas drogas
comumente encontradas no seio social, quais sejam: a cocaína, o ácido lisérgico e a maconha. O
grá�co abaixo ilustra os principais efeitos e características de cada uma delas.
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Figura 1 | Principais efeitos das principais drogas ilícitas.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alcool_outras_drogas.pdf. Acesso
em: 3 jan. 2022.
CROCE, D.; JÚNIOR, D. C. Manual de medicina legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
FRANÇA, G. V. Medicina legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
GARCÍA-ZIEMSEN, R. 1943: Era descoberto o LSD. DW, 2021. Disponível em:
https://www.dw.com/pt-br/1943-era-descoberto-o-lsd/a-800116. Acesso em: 3 jan. 2022.
LÓPEZ-MUÑOZ, F.; GONZÁLEZ, C. Á. Como a heroína, a cocaína e outras drogas surgiram a partir
de remédios convencionais. BBC News Brasil, 2020. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-53201079. Acesso em: 3 jan. 2022.
MORAES, A.; SILVA, C. J. Efeitos negativos da maconha. Associação paulista para o
desenvolvimento da medicina, 2016. Disponível em: https://www.spdm.org.br/blogs/alcool-e-
drogas/item/2322-efeitos-negativos-da-maconha. Acesso em: 3 jan. 2022.
O’MALLEY, G.; O’MALLEY, R. Transporte de drogas por ingestão ou inserção no corpo. Manual
MSD. 2020. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/pro�ssional/t%C3%B3picos-
especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-
inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo. Acesso em: 3 jan. 2022.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alcool_outras_drogas.pdf
https://www.dw.com/pt-br/1943-era-descoberto-o-lsd/a-800116
https://www.bbc.com/portuguese/geral-53201079
https://www.spdm.org.br/blogs/alcool-e-drogas/item/2322-efeitos-negativos-da-maconha
https://www.spdm.org.br/blogs/alcool-e-drogas/item/2322-efeitos-negativos-da-maconha
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/drogas-il%C3%ADcitas-e-intoxicantes/transporte-de-drogas-por-ingest%C3%A3o-ou-inser%C3%A7%C3%A3o-no-corpo
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Perícia Criminal e Toxicológica
SÃO PAULO. Secretaria da Justiça e Cidadania. IMESC – Instituto de Medicina Social e de
Criminologia. Classi�cação das drogas. IMESC, 2020. Disponível em:
https://imesc.sp.gov.br/index.php/classi�cacao-das-drogas/. Acesso em: 3 jan. 2022.
UNIFESP. Maconha. Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Psicobiologia
UNIFESP/EPM. Disponível em: https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/back.htm. Acesso em:
3 jan. 2022.
,
Unidade 4
Avaliações toxicológicas
Aula 1
Dos equipamentos utilizados em análises toxicológicas
Introdução da aula
A análise toxicológica consiste no diagnóstico, prevenção e tratamento de intoxicações. Somado
a isso, ela serve para ajudar a desvendar crimes a partir do fornecimento de dados e informações
https://imesc.sp.gov.br/index.php/classificacao-das-drogas/
https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/back.htm
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Perícia Criminal e Toxicológica
de origem laboratorial. O laboratório de toxicologia, por sua vez, consiste em uma complexa
organização de recursos materiais, tecnológicos e humanos, sendo o farmacêutico analista o
pro�ssional responsável pelas análises realizadas no referido ambiente.
Sendo o laboratório toxicológico um ambiente complexo e repleto de equipamentos especí�cos,
entender quais são os instrumentos utilizados se faz fundamental para compreender a
importância deles nas rotinas laboratoriais.
Nesse sentido, inicialmente veremos informações basilares para a construção do conhecimento
pretendido, de modo a estudarmos os fundamentos do tema em questão. Em seguida, veremos
as principais funções do laboratório de toxicologia, e concluiremos aprendendo quais são os
recursos e equipamentos necessários.
Consideraçõesiniciais - fundamentos
Para que seja possível discutir sobre os procedimentos e os equipamentos necessários para a
realização das análises toxicológicas, é necessário abordar os fundamentos da toxicologia
forense, bem como a importância dos exames toxicológicos para o direito penal e a criminologia.
A toxicologia é a ciência que de�ne os limites de segurança dos agentes químicos,
analisando a probabilidade de uma determinada substância química produzir danos
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Perícia Criminal e Toxicológica
ao corpo humano em condições especí�cas (ALVES, 2005, p. 21).
Até meados do século XX, a toxicologia forense limitava-se a estabelecer qual era a
origem tóxica de um determinado crime. O toxicologista, por meio de uma análise
direta do cadáver e com mera intenção de pesquisar e identi�car o agente, tentava
analisar o envolvimento dos elementos químicos na prática criminosa (ALVES, 2005,
p. 24).
Na atualidade, a toxicologia forense analisa inúmeros outros fatores, estendendo o campo de
atuação para as perícias em indivíduos vivos, em cadáveres e circunstâncias de saúde pública,
tais como aspectos da investigação relacionados a eventual falsi�cação ou adulteração de
medicamentos e de acidentes massivos envolvendo agentes químicos reativos.
Nas análises toxicológicas de pessoas vivas, por exemplo, os exames têm o objetivo
de rastrear e con�rmar eventual presença de drogas de abuso para caracterização do
estado de toxicodependência e para reconhecer o descumprimento das normas do
regime legal da �scalização do uso de substâncias psicoativas nos utilizadores da via
pública (ALVES, 2005, p. 25). 
De acordo com a famosa política instaurada pela “Lei Seca”, considera-se que um motorista está
dirigindo sob efeito de álcool para �ns de penalização quando o exame de sangue constatar
concentração igual ou superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue. A blitz da lei seca
é um exemplo de operação que utiliza um aparelho popularmente chamado de “bafômetro”,
tecnicamente conhecido como etilômetro ou alcoolímetro, que mede a concentração de álcool
etílico na corrente sanguínea de uma pessoa por meio da análise do ar pulmonar profundo. Esta
constatação é feita por meio de uma análise toxicológica em vivos, mais especi�camente com a
análise do nível de álcool no sangue do indivíduo.
Os exames no vivo, de modo geral, têm como objetivo a avaliação da intoxicação como
circunstância de enquadramento de um fato como crime, como quali�cadora do delito, como
causa de periculosidade ou de inimputabilidade.
As análises toxicológicas podem ser feitas em uma gama de amostras, tais como
órgãos colhidos na autópsia, �uídos biológicos obtidos do cadáver ou do vivo, e
produtos orgânicos e inorgânicos suspeitos (líquidos, sólidos, vegetais, etc.) (ALVES,
2005, p. 25).
O caso a ser analisado de�ne qual é a amostra que deve ser coletada e investigada, ao passo que
as circunstâncias do fato interferem diretamente nas análises toxicológicas. Nesse sentido, cabe
destacar a relevância dos equipamentos utilizados para a realização dos exames da toxicologia
forense.
Com o avanço da tecnologia e o aperfeiçoamento das ciências, em especial da toxicologia
forense, tornou-se possível a realização de análises cada vez mais complexas e detalhadas, além
do melhoramento das já existentes.
Videoaula: Considerações iniciais - fundamentos
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Nesta videoaula, abordaremos mais sobre os procedimentos para a realização das análises
toxicológicas, bem como sobre a importância dos equipamentos utilizados na toxicologia
forense para a descoberta dos detalhes de um crime. Trataremos, por exemplo, da pureza das
amostras e dos principais tipos de exames.
Funções do laboratório de toxicologia
Compreender as funções do laboratório de toxicologia, necessariamente, perpassa pelo conceito
de análises toxicológicas, as quais consistem em avaliar, detectar, identi�car e, muitas vezes,
quanti�car drogas, fármacos e químicas no geral. As análises em comento contribuem para o
diagnóstico, a prevenção e o tratamento de intoxicações, por exemplo, mas também para
desvendar crimes, sendo este último o objeto da perícia criminal.
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Perícia Criminal e Toxicológica
O laboratório de toxicologia consiste em uma complexa organização de recursos materiais,
tecnológicos e humanos, a qual obrigatoriamente deve contar com o trabalho especializado do
farmacêutico analista, pro�ssional de saúde que desempenha um rol de tarefas rotineiras,
realizando análises bioquímicas, imunológicas, microbiológicas, morfológicas, toxicológicas,
entre várias outras, de materiais constituintes do organismo humano (CRF-PR, 2015).
O farmacêutico analista clínico, também intitulado bioquímico, tem, como função principal,
garantir resultados con�áveis e com alto padrão de qualidade, colaborando para o diagnóstico,
prognóstico, rastreamento e monitoramento de doenças (CRF-PR, 2015). Um exemplo da
responsabilidade que é atuar em um laboratório de toxicologia é que, para trabalhar nesta área, e,
especi�camente, no referido ambiente, é necessário ter conhecimentos sobre: biologia molecular,
bioquímica básica e clínica, citologia e citopatologia, endocrinologia básica e clínica, �siologia
humana, hematologia clínica, imunologia básica e clínica, líquidos biológicos e derrames
cavitários, microbiologia básica e clínica, metodologias diagnósticas, toxicologia analítica, além
de controle e garantia da qualidade e gestão em laboratórios (CRF-PR, 2015) e inúmeros outros
conhecimentos bastante especí�cos.
O laboratório de toxicologia tem como função o fornecimento de informações e dados que dizem
respeito a todos os campos até aqui explicitados, de modo que podemos perceber que é um
ambiente complexo, mas também extremamente rico da perspectiva da análise.
Nesse contexto, o laboratório de toxicologia possui diversas funções e �nalidades, mas a sua
principal funcionalidade é o diagnóstico de intoxicações, sejam ocasionadas por drogas de
abuso, medicamentos, praguicidas, animais peçonhentos ou outros. É importante destacar que o
laboratório de toxicologia é peça chave em diversas situações cotidianas, as quais vão da
descoberta de autores de crimes até a burla no esporte, conforme veremos.
Exemplo das atividades que ocorrem no laboratório de toxicologia são as análises de sangue,
plasma, urina e cabelo, as quais são fundamentais para a descoberta de doenças, identi�cação
de DNA, antidoping, concursos públicos e inúmeras outras situações. Cabe destacar que
incontáveis são as funções do laboratório de toxicologia, motivo pelo qual foram abordadas aqui
as principais, voltadas para a perícia criminal, que é o nosso objeto de estudo.
Por �m, cabe destacar que, sem o laboratório de toxicologia e suas funções, seria impossível
obter várias respostas técnicas do ponto de vista da perícia criminal, de modo que, por exemplo,
crimes de estupro não teriam resultados concretos pautados no líquido seminal do delinquente;
crimes de homicídio não poderiam ser desvendados a partir do sangue do criminoso deixado na
cena do crime e inúmeras outras situações cotidianas que dependem de análise técnica
laboratorial.
Videoaula: Funções do laboratório de toxicologia
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Perícia Criminal e Toxicológica
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Nesta videoaula, veremos as principais funções do laboratório de toxicologia, de modo a
correlacioná-las com o dia a dia, bem como com a perícia criminal e toxicológica. Falaremos, por
exemplo, sobre os intervalos ideais para cada tipo de exame, explicando como o referido período
afeta a qualidade dos resultados.
Recursose equipamentos necessários
Os laboratórios de toxicologia realizam, na atualidade, quatro tipos de exames, sendo eles:
exame de sangue, exame de urina, exame de suor e exame de tecidos, popularmente conhecidos
como exame do cabelo. Destaque-se que o exame de tecidos não utiliza apenas amostra de
cabelos do indivíduo (vivo ou morto), podendo ser feitos em outros tecidos corpóreos. 
Para a realização dos referidos exames, os laboratórios utilizam recursos e equipamentos
indispensáveis para as análises clínicas e toxicológicas. Neste momento, falaremos dos
principais instrumentos. Os microscópios são equipamentos indispensáveis para análises
toxicológicas, sendo o mais conhecido pelo público. Estes equipamentos (mais utilizado é o
óptico) amplia a imagem de objetos minúsculos, fazendo com que o examinador tenha uma
imagem nítida do que seria impossível de ser visto a olho nu. 
O colorímetro, outro equipamento importante para os laboratórios de toxicologia, tem a função
de avaliar a concentração de um elemento tomando como base a intensidade da cor do
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Perícia Criminal e Toxicológica
composto formado por uma determinada reação. Eles são digitais e podem ser portáteis ou de
bancada.
O analisador de bioquímica, por sua vez, é fundamental para qualquer laboratório de análises
clínicas e/ou toxicológicas, tendo a função de fornecer análises bioquímicas das amostras. Este
equipamento depende de reagentes especí�cos para gerar resultados (recursos). 
Os agitadores são equipamentos que possuem o papel de homogeneizar soluções. Não existe
apenas um tipo de agitador, ao passo que cada um destes equipamentos possui função
especí�ca que não pode ser cumprida por outros agitadores.
A estufa também é um dos equipamentos essenciais para o funcionamento de qualquer
laboratório. Ela possui duas funções: a esterilização de materiais e o cultivo de células, estas que
são alcançadas por meio de um processo de manutenção da temperatura e nível de dióxido de
carbono (CO2) constantes. Sem uma estufa de qualidade, torna-se impossível o funcionamento
de um laboratório de toxicologia. 
Os exames toxicológicos precisam ser extremamente precisos, sendo indispensável que um
laboratório tenha um equipamento de esterilização dos elementos não descartáveis. Esta função
é exercida pelo autoclave, equipamento de suma relevância para o laboratório de toxicologia. 
Também para cumprir com a precisão necessária para a realização dos exames toxicológicos, a
balança laboratorial é indispensável. A ideia é que este equipamento seja utilizado para realizar
medições de forma precisa, podendo ser uma balança analítica (para maior precisão) ou
semianalíticas. 
O banho-maria também é um dos equipamentos essenciais para montar um laboratório de
análises clínicas e/ou toxicológicas. Este equipamento serve para aquecer materiais em
temperatura moderada, impedindo que eles percam suas propriedades. 
Esses equipamentos mencionados são alguns dos principais instrumentos indispensáveis para
um laboratório toxicológico. Evidentemente que, quanto maior o porte do laboratório, mais
desenvolvidos são os recursos e equipamentos que podem ser utilizados e maior a precisão das
análises.
Videoaula: Recursos e equipamentos necessários
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Nesta videoaula, falaremos sobre os equipamentos necessários para a construção e
manutenção de um laboratório de análises toxicológicas. Trataremos de materiais como a
capela, a cabine de segurança e o destilador de água, de forma que você entenderá, de modo
didático, o funcionamento deles.
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Perícia Criminal e Toxicológica
Estudo de Caso
Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é policial e é um dos membros do
grupo responsável pela blitz que �scaliza condutores de veículos da sua cidade. Todo �m de
semana ocorre a intensi�cação da referida blitz, intitulada “blitz da lei seca”. Ocorre que, durante
uma operação, você se depara com um motorista embriagado, o qual facilmente é percebido na
�la por estar conduzido o carro de maneira desgovernada.
Ao iniciar o procedimento padrão, você sente um forte cheiro de álcool, percebe a fala
atrapalhada e, ao notar o corpo do condutor cambaleando, você questiona se o motorista
gostaria de fazer o teste do bafômetro. Porém, ele se recusa a fazê-lo, alegando não estar
alcoolizado. Diante disso, em razão das circunstâncias observadas, você o conduz para a
delegacia, com receio de que ele cause algum acidente em seu percurso.
Ao chegar na delegacia, acreditando que os resquícios do álcool ingerido já haviam sumido, o
motorista decide realizar o exame.
Diante do exposto, explique: como a toxicologia contribui para o caso em questão? Quais são os
equipamentos cotidianamente utilizados nesses casos?
Resolução do Estudo de Caso
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Perícia Criminal e Toxicológica
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No caso em questão, você é policial e é um dos membros da “blitz da lei seca” da sua cidade.
Durante uma operação você se deparou com um motorista embriagado, o qual facilmente foi
percebido na �la por estar conduzido o carro de maneira desgovernada.
Ao iniciar o procedimento padrão, você sentiu forte cheiro de álcool, fala atrapalhada e ao notar o
corpo do condutor cambaleando, você questiona se o motorista gostaria de fazer o teste do
bafômetro, mas ele se recusa e você o conduz para a delegacia. Ao chegar na delegacia, por
acreditar que os resquícios do álcool ingerido já haviam sumido, o motorista decide realizar o
exame.
Frente ao exposto, você precisa responder: como a toxicologia contribui para o caso em
questão? Quais são os equipamentos cotidianamente utilizados nesses casos?
A toxicologia é, em apertada síntese, a ciência que estuda os efeitos nocivos relacionados à
interação de substâncias químicas com o organismo. A análise toxicológica é realizada em
laboratórios toxicológicos e se volta para a detecção de agentes tóxicos em determinado
organismo.
Nesse sentido, a toxicologia é aliada demasiadamente importante para inúmeras situações do
dia a dia. A blitz da lei seca é um exemplo de operação que utiliza um aparelho popularmente
chamado de “bafômetro”, tecnicamente conhecido como etilômetro ou alcoolímetro, que mede a
concentração de álcool etílico na corrente sanguínea de uma pessoa por meio da análise do ar
pulmonar profundo.
A partir da referida detecção, o motorista pode sofrer punições previstas na lei, de modo que
esse tipo de teste contribui para coibir os motoristas a não dirigirem alcoolizados, de forma a
evitar acidentes em razão da redução dos re�exos, sonolência e outros efeitos do álcool.
Saiba mais
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Perícia Criminal e Toxicológica
Entender a importância dos equipamentos utilizados em análises toxicológicas requer
compreender também como a referida análise contribui para a resolução de investigações
policiais cotidianas. O artigo “Investigação policial: análise toxicológica post mortem” , Ferrari
Júnior, aborda o tema com propriedade, suscitando uma questão bastante especí�ca e que
precisa ser discutida: a análise toxicológica post mortem.
______
A toxicologia é a ciência que de�ne os limites de segurança dos agentes químicos, investigando
a probabilidade de uma determinada substância química não produzir danos ao corpo humano
em condições normais.
O laboratório de toxicologia tem inúmeras funções, mas a principal delas é o fornecimento de
informações e dados, por meio de análise, de modo a diagnosticar intoxicações, sejam elas
ocasionadas por drogas de abuso, medicamentos, praguicidas, animais peçonhentos ou outros.
Por �m, no que diz respeito aos recursos e equipamentos indispensáveis para as análises
clínicase toxicológicas, os laboratórios toxicológicos contam com vários deles, sendo os
principais os microscópios, o colorímetro, o analisador de bioquímica, os agitadores e a estufa.
https://jus.com.br/artigos/21390/investigacao-policial-analise-toxicologica-post-mortem
https://jus.com.br/artigos/21390/investigacao-policial-analise-toxicologica-post-mortem
https://jus.com.br/artigos/21390/investigacao-policial-analise-toxicologica-post-mortem
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Perícia Criminal e Toxicológica
Figura | Principais Funções do Laboratório de Toxicologia. Fonte: elaborado pela autora.
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
ALVES, S. R. Toxicologia forense e saúde pública: desenvolvimento e avaliação de um sistema de
informações como ferramenta para a vigilância de agravos decorrentes da utilização de
substâncias químicas. 2005. 151 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Fundação Oswaldo
Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
CRF-PR - Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná. Análises Clínicas e Toxicológicas:
guia da pro�ssão farmacêutica. Curitiba: Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná,
2015. Disponível em: https://crf-
pr.org.br/uploads/pagina/25817/Guia_Analises_Clinicas_e_Toxicologicas.pdf. Acesso em: 1 dez.
2021.
Aula 2
Do exame de traços biológicos
Introdução da aula
Os exames compreendidos pelo estudo da perícia criminal e toxicológica são muitos, diversos e
cada um deles possui contribuição especí�ca para a resolução de investigações de natureza
criminal. Entender quais são os procedimentos para os referidos exames é extremamente
importante para compreender que os seguir ou não pode determinar o sucesso ou o fracasso de
determinada análise.
https://crf-pr.org.br/uploads/pagina/25817/Guia_Analises_Clinicas_e_Toxicologicas.pdf
https://crf-pr.org.br/uploads/pagina/25817/Guia_Analises_Clinicas_e_Toxicologicas.pdf
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Perícia Criminal e Toxicológica
Nesse sentido, estudaremos, nesta aula, os procedimentos para o teste de manchas de sangue e
líquido seminais, os procedimentos para o exame de sangue, plasma, soro e humor vítreo e os
procedimentos para exame de urina, conteúdo estomacal, bile e fígado.
Procedimentos para teste de manchas de sangue e líquido seminais
Para que seja possível analisar os procedimentos necessários para realizar o teste de manchas
de sangue, importa, antes de tudo, apresentar a hematologia forense, ramo da biologia forense
que estuda salpicos, manchas e gotas de sangue, com o intuito de fornecer informações sobre o
cometimento do crime (local do crime, arma utilizada, golpes desferidos, dentre outros).
O sangue, quando cai em pequena quantidade e de certa altura, forma manchas que têm
conformação que permitem ao perito apreciar fatores como a direção em que o sangue foi
lançado e com que velocidade (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2002). As manchas de
sangue são imprescindíveis para a realização da perícia na hematologia forense, ao passo que o
perito, por meio de uma averiguação detalhada, coleta inúmeras informações úteis para a
informação do modo em que foi cometido o crime.
Para analisar as manchas de sangue encontradas na cena do crime, a perícia deve proceder com
a realização de exames de DNA, sorologia, dentre outros procedimentos. Pensemos na seguinte
hipótese: uma determinada perícia criminal deixa de realizar exame de DNA nas amostras
coletadas, como é possível descobrir de quem é o sangue da amostra coletada? Apenas com a
realização de testes de campo e de exames laboratoriais torna-se possível realizar a completa
investigação da cena criminal. 
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Perícia Criminal e Toxicológica
É importante destacar que a mancha de sangue pode estar clara, ou não, na cena do crime, pois
o criminoso, na maior parte das vezes, tenta se livrar de todos os elementos que possam vinculá-
lo ao crime. Assim, mesmo que ele tente esconder a arma utilizada e outros indícios, ele não
consegue limpar todos os vestígios das manchas de sangue, que podem ser identi�cadas
através de alguns aparelhos – até mesmo a olho nu.
O laudo pericial, ao reconhecer as manchas de sangue e após realizar todos os exames
laboratoriais e de campo, estabelecerá a cronologia dos fatos e auxiliará numa possível
reconstituição do crime, tornando possível esclarecer se os envolvidos estão falando a verdade,
se o transcorrer temporal é compatível com a versão do suspeito e com os elementos fáticos
disponíveis.
As mesmas análises podem ser feitas com outros vestígios humanos, tais como urina, líquidos
seminais, conteúdo estomacal, bile e fígado. As investigações das manchas de líquidos seminais
são, em determinados casos, tão importantes quanto as análises das manchas de sangue. Da
mesma forma, nas perícias sanguíneas, as análises dos líquidos seminais encontrados nas
cenas dos crimes também devem ser instruídas com a realização de exames de DNA, sorologia,
dentre outros procedimentos.
Os procedimentos para teste de líquidos seminais nos crimes sexuais são de suma importância
para que o perito consiga traçar os acontecimentos que culminaram no crime.
Videoaula: Procedimentos para teste de manchas de sangue e líquido
seminais
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Nesta videoaula, veremos mais sobre os procedimentos para a análise das manchas de sangue e
dos líquidos seminais encontrados nas cenas dos crimes. Além disso, aprofundaremos os
conhecimentos sobre a detecção e análise de sangue humano em cenas de crimes sexuais
simulados.
Procedimentos para exame de sangue, plasma, soro e humor vítreo
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A análise toxicológica forense tem, como objetivo, investigar elementos relacionados aos crimes,
de modo a extrair deles respostas, informações e dados que possam contribuir para a resolução
dos casos que se apresentam. Os exames de sangue, plasma, soro e humor vítreo são
extremamente importantes. Eles possuem procedimentos que devem ser seguidos
rigorosamente para que os referidos exames obtenham os resultados mais con�áveis quanto
possível, de modo que a violação a qualquer parte do procedimento possa culminar no
comprometimento da �dedignidade do resultado obtido.
Nesse sentido, o sangue consiste em um �uido complexo, constituído, em grande
parte, por água – aproximadamente 80% –, proteínas solúveis, gorduras, sais e
células suspensas (BORDIN et al., 2015, p. 3).
É importante que você saiba que o sangue é uma matriz convencional, rotineiramente
estudada nas análises toxicológicas forenses, ao passo que fornece, de forma
apropriada, a correlação da concentração do tóxico no sangue com o estado clínico
do indivíduo. Outro ponto importante é que o uso da razão droga/tóxico
original/metabólito pode ser bastante útil para informar o lapso temporal desde o uso
(BORDIN et al., 2015, p. 3).
A primeira etapa do procedimento para a realização do exame de sangue é sua coleta,
sendo indispensável a adição de anticoagulante e conservante, dependendo da
escolha do anticoagulante dos analitos a serem investigados (BORDIN et al., 2015, p.
3). Outro ponto fundamental para compreendermos o rito procedimental reside no
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Perícia Criminal e Toxicológica
fato de a amostra de sangue poder ser avaliada na forma de sangue total, plasma ou
soro (BORDIN et al., 2015, p. 3).
O sangue total é o sangue em sua completude, ou seja, antes do fracionamento. O plasma é o
sobrenadante proveniente do sangue adicionado de anticoagulante, com o conteúdo precipitado.
O soro, por sua vez, é o plasma sem os fatores de coagulação, o qual pode ser obtido a partir da
centrifugação do sangue já coagulado.
Se o objetivo da análise for compreender a quanti�cação da droga, ou seja, saber a
quantidade de droga no sangue, é mais indicada a avaliação em amostra de sangue
total, em razão de as drogas apresentarem diferentes a�nidades por proteínas e,
assim, podem ser descartadasse investigadas apenas em amostra de plasma ou
soro (BORDIN et al., 2015, p. 3).
Ademais, existe o humor vítreo, que é o líquido gelatinoso existente no interior do
olho, constituído, basicamente, por água, sais e proteína. A importância do
procedimento que o utiliza reside no fato de que, nesse �uido, estão ausentes as
esterases responsáveis pela rápida deterioração de substâncias como a cocaína,
heroína e 6-acetimor�na (BORDIN et al., 2015, p. 7).
É importante que você saiba que as drogas e toxinas chegam ao humor vítreo por
meio da passagem pela barreira sangue-retina, por meio de transporte ativo e passivo,
o que faz dele uma matriz de grande interesse para as análises toxicológicas pós-
morte (BORDIN et al., 2015, p. 7).
Por �m, percebemos que a escolha do material a ser analisado pode determinar os rumos da
análise toxicológica e, inclusive, comprometer ou contribuir com a investigação forense.
Videoaula: Procedimentos para exame de sangue, plasma, soro e humor
vítreo
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Nesta videoaula, veremos casos emblemáticos sobre como a análise pericial e toxicológica, por
meio de exames de líquido seminal, contribuíram para o desfecho de investigações criminais.
Procedimentos para exame de urina, conteúdo estomacal, bile e fígado
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Perícia Criminal e Toxicológica
Assim como o sangue, a urina é uma matriz biológica de escolha tradicional em
análises toxicológicas forenses, e seu uso é bem consolidado. Ela consiste em um
ultra�ltrado do sangue composto continuamente pelos rins, a partir do qual foram
reabsorvidas substâncias essenciais ao metabolismo do organismo, a exemplo da
glicose, dos aminoácidos e da água (BORDIN et al., 2015, p. 3).
Na composição da urina, existem substâncias químicas orgânicas, tais como ureia,
ácido úrico e creatinina, e inorgânicas, a exemplo dos íons cloreto e sódio, dissolvidas
em água. Em razão de ser a principal forma de eliminação de substâncias do
organismo, esta matriz é comumente objeto de investigação de metabólitos (BORDIN
et al., 2015, p. 3).
Por ter um per�l de amostra tradicional para análises toxicológicas, a urina é
compreendida como elemento de coleta fácil e não invasiva, além de possuir grandes
volumes disponíveis para análise e menor número de interferentes quando
comparada a outras matrizes (BORDIN et al., 2015, p. 3).
Outro fator que torna a urina objeto de procedimento mais simples é que, congelada,
apresenta alta estabilidade, possibilitando o armazenamento em longo prazo de
amostras positivas. Contudo, a urina é uma amostra de fácil adulteração, pois a
coleta vigiada, apesar de ser a mais segura, não é uma prática comum (BORDIN et al.,
2015, p. 3).
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Perícia Criminal e Toxicológica
No que diz respeito ao conteúdo estomacal/conteúdo gástrico, é importante explicar
que cerca de 30 mL de homogeneizado do conteúdo gástrico, o que abarca vómito e
aspirado gástrico, é extremamente útil em casos de intoxicações por via oral, devendo
ser colhida a referida amostra durante a autópsia (LISBOA, 2016, p. 19).
A ingestão via oral é a principal forma de administração de muitos medicamentos e
substâncias tóxicas, permitindo a detecção das substâncias em comento por meio da
análise do conteúdo gástrico, muitas vezes sendo possível encontrar comprimidos e
cápsulas ainda não dissolvidos (LISBOA, 2016, p. 19).
Acerca da bile, ela consiste em um �uido viscoso produzido pelo fígado e
armazenado na vesícula biliar. Ela atua na digestão de gorduras e absorção de
nutrientes no intestino. A bile abarca uma gama de substâncias, sendo muito utilizada
na determinação qualitativa de opiáceos, benzodiazepinas e cocaína, sendo
importante para diagnosticar o consumo crónico, por exemplo (LISBOA, 2016, p. 19).
A coleta deve ser considerada, em especial, nos casos em que não é possível coletar
uma amostra de urina, sendo diretamente aspirada da vesícula biliar com seringa
hipodérmica (LISBOA, 2016, p. 19).
Além disso, há o fígado, que, normalmente, é o órgão sólido mais escolhido. Suas
vantagens contemplam o fato de ele ser o local onde a maioria das substâncias é
metabolizada, além de possuir quantidade su�ciente para análise e de ser
relativamente pouco afetado por fenômenos de redistribuição e difusão (LISBOA,
2016, p. 23).
É importante destacar que o fígado é útil para diagnosticar antidepressivos tricíclicos
e outras substâncias que se vinculam fortemente às proteínas. A análise hepática
permite distinguir uma overdose aguda e a toxicidade crónica resultante do uso
extensivo de XB com janela terapêutica pequena (LISBOA, 2016, p. 23).
Por �m, percebemos que inúmeras são as possibilidades procedimentais, o que permite uma
gama de análises, além de contribuir fortemente para a ciência forense.
Videoaula: Procedimentos para exame de urina, conteúdo estomacal, bile e
fígado
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Nesta videoaula, abordaremos os procedimentos de outros exames, a exemplo do exame de
suor, exame de cabelo e exame de �uido oral, de modo a compreender a importância e utilização
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Perícia Criminal e Toxicológica
de cada um.
Estudo de Caso
Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é perito criminal e foi designado
como o responsável pela equipe indicada para analisar as manchas de sangue e líquidos
seminais de uma determinada cena de crime sexual que ocorreu na sua cidade.
Ocorre que, antes de se dirigir até o local, você se reuniu com a sua equipe para passar as
diretrizes básicas do procedimento que deve ser adotado pelos peritos. Para sua surpresa,
grande parte da equipe informou que não estavam realizando exames laboratoriais dos materiais
coletados, ao passo que, segundo eles, este procedimento é completamente dispensável, tendo
sido, inclusive, banido pelo perito anteriormente responsável pela equipe. 
Em razão do posicionamento da equipe, você optou por se dirigir imediatamente à cena do crime
e, depois de coletar todas as amostras, informará quais são os procedimentos que devem ser
adotados para a realização da perícia. 
Ao chegar ao local do ocorrido, mais uma surpresa: o local estava completamente limpo! O
criminoso, aparentemente, efetuou a limpeza de todo o local, claramente no intuito de esconder
qualquer indício da autoria.
Diante do exposto, explique: 
Dispensar os exames laboratoriais dos materiais coletados é um procedimento cabível? 
O que você deve fazer em uma cena completamente limpa? 
É possível realizar a perícia? 
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Perícia Criminal e Toxicológica
Ao ver as fotos da cena do crime, é provável que o juiz aceite a realização de perícia sobre
amostras de vestígios humanos se, a olho nu, não é possível ver o material?
Resolução do Estudo de Caso
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No caso em questão, você é perito criminal e foi designado como o responsável pela equipe
indicada para analisar as manchas de sangue e líquidos seminais da cena de um crime sexual
que ocorreu na sua cidade. 
Ao se deparar com o local completamente limpo e ao ver qual era o posicionamento da sua
equipe sobre a realização de exames laboratoriais, algumas dúvidas surgiram. 
Em primeiro plano, no que tange à aceitação da perícia pelo juiz, destaque-se que, apesar de não
estar vinculado ao parecer do laudo pericial, o juiz, por não ter o conhecimento técnico de um
perito, geralmente acompanha a perícia, principalmente no que tange às investigações criminais.
Geralmente, o juiz apenas não acompanha a perícia quando há outros laudos periciaisjuntados
aos autos que lancem dúvidas sobre a perícia “o�cial” ou quando há qualquer vício no
procedimento. 
Apesar de a cena do crime estar completamente limpa, é provável que se encontrem manchas de
sangue ou líquidos seminais, mesmo que não visíveis a olho nu. O criminoso, sem ter o
conhecimento técnico necessário, tenta limpar a cena do crime, mas não consegue apagar todos
os vestígios, que podem ser identi�cados através de alguns aparelhos e, até mesmo, a olho nu
(em determinados casos).
Assim, mesmo se a cena criminal estiver aparentemente limpa, é indispensável que seja
realizada a perícia para averiguar a existência de manchas de sangue ou líquidos seminais,
principalmente nos crimes sexuais e violentos.
Por �m, destaque-se que os exames de análise dos materiais coletados são indispensáveis. A
perícia deve proceder à realização de exames de DNA, sorologia, dentre outros procedimentos.
Estes testes são indispensáveis para saber, por exemplo, de quem é a amostra coletada, o que,
muitas vezes, soluciona uma investigação.
Saiba mais
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Perícia Criminal e Toxicológica
O estudo dos procedimentos a serem seguidos nos mais diversos tipos de exames toxicológicos
nos permite compreender a importância de cada protocolo, amostra e coleta.
A monogra�a Matrizes Biológicas de Interesse Forense, da autora Márcia Passadouro Lisboa,
traz um apanhado procedimental importante para a compreensão do tema.
______
As manchas de sangue são imprescindíveis para a realização da perícia na hematologia forense,
ao passo que o perito, por meio de uma averiguação detalhada, coleta inúmeras informações
úteis para reconstituir o modo como foi cometido o crime. As investigações das manchas de
líquidos seminais são, em determinados casos, tão importantes quanto as análises das manchas
de sangue.
Os exames de sangue, plasma, soro e humor vítreo são fundamentais para o desenvolvimento de
perícias criminais. Eles possuem procedimentos que devem ser seguidos rigorosamente para
que os referidos exames obtenham os resultados mais con�áveis possíveis, de modo que a
violação a qualquer parte do procedimento pode culminar no comprometimento da �dedignidade
do resultado obtido. Os exames de urina, conteúdo estomacal, bile e fígado são igualmente
importantes, tendo, cada um deles, a sua relevância em situações e necessidades especí�cas.
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/48554/1/M_Marcia%20Lisboa.pdf
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Figura | Principais exames utilizados na perícia criminal e toxicológica. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
BORDIN, D. C. M. et al. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse
forense. Scientia Chromatographica, v. 7, n. 2, p. 125-143, 2015. Disponível em:
https://www.iicweb.org/scientiachromatographica.com/�les/v7n2a04.pdf. Acesso em: 2 dez.
2021.
LISBOA, M. P. Matrizes Biológicas de Interesse Forense. 2016. 45 f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Farmacêuticas) - Universidade de Coimbra, Coimbra, 2016. Disponível em:
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/48554/1/M_Marcia%20Lisboa.pdf. Acesso em: 2 dez. 2021.
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual operacional da polícia civil: doutrina,
legislação, modelos. QUEIROZ, C. A. M. Q. (Coord.). São Paulo: Delegacia de Polícia, 2002.
Aula 3
Análises toxicológicas
Introdução da aula
Você aprenderá, nesta aula, sobre as análises toxicológicas. É uma etapa fundamental para a
resolução de um crime, pois envolve a detecção de substâncias em uma matriz, o preparo da
amostra, a quanti�cação e, principalmente, a interpretação dos resultados gerados nessas
análises. 
https://www.iicweb.org/scientiachromatographica.com/files/v7n2a04.pdf
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/48554/1/M_Marcia%20Lisboa.pdf
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
A partir do conhecimento obtido, será possível identi�car sinais e sintomas gerados pela
exposição a um composto especí�co. E, ainda, determinar se a substância em questão é
responsável pelo resultado da intoxicação e/ou morte do indivíduo. 
É necessário compreender que o entendimento de todas as etapas, desde a substância, os
resultados de uma autópsia, e quais as matrizes biológicas utilizadas, são fundamentais para
uma boa análise. Quanto maior o conhecimento sobre os compostos analisados, menores serão
os erros e equívocos na solução de um caso.
Dos sinais clínicos em análises toxicológicas
A partir das análises toxicológicas, é possível responder questionamentos levantados em uma
investigação criminal (FERRARI JÚNIOR, 2021; DORTA et al., 2018), porque o laudo gerado por
essas análises fornece informações acerca da intoxicação, presença/ausência de substâncias
no organismo do indivíduo, bem como suas respectivas concentrações e, até mesmo, no caso de
morte, as circunstâncias do óbito.
A intoxicação corresponde ao desequilíbrio do sistema biológico quando em contato com um
agente tóxico. Ela pode ser dividida em quatro fases: exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e
fase clínica. Essa última é caracterizada pela manifestação de sinais e sintomas resultantes da
ação tóxica da substância à qual o indivíduo foi exposto (PRITSCH, 2020).
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Assim, a partir de dados da toxicologia clínica, podemos correlacionar alguns sintomas com as
possíveis substâncias de exposição. Alterações dérmicas, com a presença de rash cutâneo
(erupção cutânea), acompanhada ou não por dermatites de contato, urticária e outros sinais
clínicos, podem indicar a exposição a herbicidas. Do mesmo modo, o surgimento de insu�ciência
renal e cegueira são resultados da intoxicação por metanol (DORTA et al., 2018; (PRITSCH, 2020).
Entretanto, como saber quais sinais e sintomas podem ser indicativos de uma intoxicação por
um xenobiótico? Por intermédio de estudos e observações clínicas, alguns manuais foram
criados para facilitar a identi�cação dos sintomas que devem despertar o alerta para uma
possível intoxicação, como os descritos no Manual da Toxicologia Clínica (2017): alterações
neurológicas, presença de odores característicos, alterações cutâneas, oscilações da
temperatura corporal, alteração das pupilas, alteração do nível de consciência, alterações
cardiovasculares, anormalidades respiratórias e alterações no aparelho digestivo (HERNANDEZ
et al., 2017). 
Ainda assim, qual seria a relação entre esses sinais/sintomas com a substância tóxica? Eles
podem indicar, direta ou indiretamente, a utilização ou exposição a compostos tóxicos. O uso da
Cannabis sativa L. (maconha), uma das drogas mais consumidas no Brasil, pode induzir
alterações neurológicas, como esquizofrenia e comportamentos psicóticos. Outrossim, a
presença de hálito etílico, ou seja, a presença de um odor característico, indica o consumo de
álcool. E a presença do aroma de alho pode indicar a utilização de inseticidas organofosforados.
E ainda, quando analisados em conjunto, esses sinais e sintomas podem identi�car síndromes
tóxicas comuns.
Destarte, através do entendimento do mecanismo de ação daquela substância, sua
metabolização, biotransformação e os sintomas já relatados na literatura, é possível tentar
identi�car o possível agente causador do quadro apresentado pelo indivíduo (DORTA et al., 2018;
HERNANDEZ et al., 2017).
Em janeiro de 2020, ocorreu a contaminação das cervejas da empresa Backer por dietilenoglicol,
também denominado DEG ou éter de glicol, que pode causar insu�ciência renal e hepática e levar
a óbito (RODRIGUES, 2020; BRASIL, 2020). Através de diversos dados coletados, a presença de
sintomas em comum e a identi�cação do consumo do mesmo produto pelos indivíduos
contaminados, foi possível identi�car o agente tóxico nas garrafas de cerveja, após a análise
pericial.
Vale ressaltar que, apesar de parecer uma análise simples, havia diversos elementos e indivíduos
para o caso da cervejaria. E, mesmo no caso citado, foram meses de investigações para atingir o
resultado �nal (BRASIL, 2020). Geralmente, o Perito Criminal encontra um cenáriosem essa
riqueza de dados. E, como é possível observar através das manifestações clínicas citadas, a
maioria das substâncias leva a sintomas e lesões inespecí�cos e são amostras complexas.
Dessa forma, é imprescindível a realização das análises toxicológicas em conjunto com um bom
conhecimento do analista, utilizando métodos analíticos que permitam o isolamento, a
identi�cação e a quanti�cação dessas substâncias, e quando for o caso, acompanhado da
autópsia.
Videoaula: Dos sinais clínicos em análises toxicológicas
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Neste vídeo, abordaremos a ocorrência prática de uma intoxicação por drogas facilitadoras de
crime (DFCs). A partir do entendimento do mecanismo de ação e sinais e sintomas que uma DFC
pode causar, será possível integrar o conhecimento com todas as etapas de uma intoxicação.
Dos resultados da autópsia
Uma autópsia toxicológica ideal segue a regra dos 5 Bs: “boa suspeita”, “boa autópsia”, “boas
colheitas”, “boa interpretação do resultado” e “bom senso” (DORTA et al., 2018). Conforme
podemos observar no �uxograma da Figura 1, a autópsia pode e deve ser feita sob diversos
parâmetros. E, através da análise de todos eles: autópsia macroscópia, análises toxicológicas,
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estudo histológico e, ainda, outras análises complementares. Pode-se chegar à conclusão ou não
da morte toxicológica. Assim, deve-se considerar coletar todas as amostras necessárias para a
autópsia. Sendo que, desta maneira, evitaria o desaparecimento de qualquer elemento, por
constituir uma ação única, que não há como repetir (DORTA et al., 2018).
Figura 1 | Fluxograma autópsia. Fonte: adaptada de Dorta et al., (2018, p. 453).
Quando há uma autópsia por suspeita de intoxicação, o perito precisa demonstrar e detectar que
a concentração da substância tóxica encontrada juntamente com os demais achados seriam a
causa mortis, devendo, portanto, constatar que não foi outra a causa da morte, por exemplo, por
algum trauma ou causas naturais (DORTA et al., 2018).
A existência de diversos compostos que podem causar intoxicação no ser humano e o fato de
que essas substâncias podem atuar em conjunto di�cultam a perícia tanatológica. O diagnóstico
correto em toxicologia ocorre quando todos os achados e fatores são integrados pelo perito
médico e pelo perito toxicologista.
 E se em uma autópsia não for con�rmada a suspeita toxicológica, isso quer dizer que não há
relação alguma com exposição e/ou consumo de substâncias potencialmente tóxicas? Muitas
vezes, ocorre um resultado negativo para as análises toxicológicas em relação à substância
procurada, mas nem sempre indica que realmente não há nenhuma substância de interesse
naquela matriz. Há algumas hipóteses para a ocorrência desse falso negativo. Pode haver uma
informação errada acerca do agente tóxico suspeito, o que faz com que o laboratório não
consiga detectar nenhum composto; em alguns casos, a metabolização e a sobrevida não
permitem que a substância e/ou seus metabólitos sejam detectados; bem como a limitação de
equipamentos ou substâncias catalogadas no laboratório impedem a identi�cação da substância
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de interesse. Há, ainda, outros fatores limitantes, como a concentração insu�ciente, e amostra
inviável para detecção. Quando se trata de álcool e algumas drogas de abuso, a di�culdade está
em determinar qual é a concentração necessária para ser a única justi�cativa pela morte do
indivíduo (DORTA et al., 2018).
E se não houver nenhum achado macroscópico, ou seja, lesões teciduais ou em órgãos, além do
resultado negativo para as análises toxicológicas? Aqui, pode-se observar a importância da
integração e coleta de todo o material possível para as análises. Caso não haja indícios de
as�xia, lesões ou nenhum indicativo de intoxicação, indica-se a morte orgânica, ou seja, natural.
Porém, uma análise demanda muita responsabilidade, podendo inocentar um indivíduo culpado,
ou condenar um inocente. Nesse caso, é importante um exame anatomopatológico robusto, bem
como todas as análises plenamente conclusivas e incontestáveis. Assim, diante de uma morte
cuja causa não se conhece, faz-se obrigatório coletar as amostras para anatomia patológica,
toxicológica, e todas as outras necessárias e complementares, tais como para análises
microbiológicas e histológicas (DORTA et al., 2018). 
A forma de coletar a amostra e sua preparação técnica são outros pontos cruciais que impactam
diretamente nas análises e resultados obtidos.
Videoaula: Dos resultados da autópsia
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Neste vídeo, serão exempli�cados resultados de uma autópsia realizada para identi�car a
utilização de um herbicida. O Paraquat é usado, principalmente, em casos de suicídio. E, ainda,
serão correlacionados os achados macroscópicos, anatomopatológicos e toxicológicos,
demonstrando a importância de todas as etapas para uma boa análise toxicológica.
Das amostras em análises toxicológicas
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Após a morte do indivíduo, podem ocorrer diversas alterações que di�cultam as análises
toxicológicas, desde a extrema decomposição até a destruição de órgãos por lesões, sendo
esses importantes reservatórios de compostos; assim como a redistribuição de substâncias post
mortem (DORTA et al., 2018; FERRARI JÚNIOR, 2021). Assim, um ponto crucial para um bom
resultado dessas análises é realizar, de forma adequada, a coleta e armazenamento dessas
amostras. Para isso, deve-se conhecer as principais matrizes biológicas e suas limitações
(DORTA et al., 2018; FERRARI JÚNIOR, 2021).
Fluidos Biológicos
Em análises post-mortem, pode-se utilizar diversas matrizes de �uidos biológicos, dependendo
da sua disponibilidade, sendo elas: sangue, humor vítreo, urina, conteúdo estomacal, vesícula
biliar e liquido cefalorraquidiano.
A amostra de sangue periférico normalmente utilizada provém da veia femoral; já o sangue
central é obtido a partir das artérias subclávias ou direto do coração. O humor vítreo, que é
menos afetado pela atividade bacteriana e pelos processos de putrefação do que o sangue e os
tecidos, recomenda-se que seja completamente coletado. A urina é de difícil acesso e, quando
presente, é coletada por punção da bexiga. O conteúdo estomacal, crucial em overdoses e
envenenamentos, normalmente é coletado através da abertura da cavidade abdominal. A
vesícula biliar, importante para detecção de benzodiazepínicos, canabinoides e opiáceos, é
removida e coletada na bile. O líquido cefalorraquidiano, retirado por meio de punção na região
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suboccipital, tem sido importante na Toxicologia forense por sua constituição para análises de
diversas substâncias, como álcool, sedativos e anestésicos (DORTA et al., 2018).
Tecidos 
Para uma melhor compreensão das circunstâncias da morte do indivíduo, os tecidos moles têm
sido utilizados. Normalmente, indica-se a coleta de cerca de 50g desses tecidos. São utilizados:
cérebro, fígado, ossos, músculo esquelético, pulmões, baço e rins (DORTA et al., 2018; FERRARI
JÚNIOR, 2021).
O cérebro pode ser coletado em diferentes regiões, dependendo das investigações a serem
feitas, da substância analisada e seu per�l de distribuição. O Fígado é afetado mais na sua
porção esquerda pela redistribuição das substâncias post mortem. Por isso, coleta-se o lado
direito. Os ossos são utilizados, principalmente, quando o cadáver se encontra em estado de
decomposição avançado. Normalmente são coletados os dentes e a medula óssea. O musculo
esquelético pode ser coletado da coxa e utilizadopara analisar a concentração de álcool,
estando menos sujeito à degradação (DORTA et al., 2018; FERRARI JÚNIOR, 2021).
O pulmão pode ser removido por inteiro para identi�car contaminação por mercúrio. É possível
também coletar apenas o ar dos brônquios e da traqueia quando a intoxicação for causada por
inalação. O baço é utilizado para comparar a concentração da substância com as outras
amostras já coletadas. Os rins podem concentrar compostos orgânicos e metais tóxicos, e, por
isso, também podem ser utilizados (DORTA et al., 2018).
Matrizes queratinizadas
As duas principais matrizes queratinizadas são o cabelo e a unha. Elas são estáveis e
começaram a ser utilizadas, principalmente, para a análise de intoxicação por metais tóxicos. O
cabelo é coletado a partir do couro cabeludo, dependendo da análise a ser realizada, pode-se
utilizar diferentes porções. A coleta da unha é feita pelo corte ou raspagem das bordas livres, ou
até mesmo, pela sua remoção completa (DORTA et al., 2018; FERRARI JÚNIOR, 2021). 
Matrizes alternativas
Além de todas as matrizes citadas acima, ainda pode-se utilizar o mecônio e espécies
entomológicas. O mecônio é coletado no interior de diferentes segmentos do intestino do feto, e
é útil para detectar utilização de drogas ilícitas pela mãe. Já as diferentes espécies
entomológicas podem ser utilizadas principalmente para tentar identi�car o intervalo post
mortem do cadáver encontrado (DORTA et al., 2018).
Videoaula: Das amostras em análises toxicológicas
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O fenômeno da redistribuição depende da matriz biológica e do tempo decorrido após a morte.
Neste vídeo, você aprofundará seus conhecimentos acerca da redistribuição de substâncias,
além de compreender a importância de utilizar diferentes matrizes biológicas para a análise
toxicológica post mortem.
Estudo de Caso
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você é um perito criminal diante do seguinte
relato: um homem, 35 anos, deu entrada no hospital. Poucas informações foram coletadas ante
mortem. Poucas horas depois, o indivíduo veio a óbito. A polícia foi acionada pelo hospital,
devido às circunstâncias suspeitas da morte, e o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico
Legal. Apenas a presença de odor de alho e hematomas constavam no laudo ante mortem. Por
isso, o patologista sugeriu que somente fosse feita a coleta de sangue para as análises
toxicológicas post mortem, pois, com certeza, se tratava de uma intoxicação comum por uma
substância conhecida.
Você concorda com o patologista? 
Qual é a substância à qual o patologista se refere?
Você seguiria apenas o que o patologista solicitou?
Qual é a matriz biológica de interesse?
Resolução do Estudo de Caso
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Você aprendeu as principais etapas e quais são os elementos importantes para considerar em
uma boa análise toxicológica. A presença de sinais e sintomas característicos são importantes
para servir de alerta para tentar identi�car as substâncias no organismo do indivíduo que estão
causando o quadro clínico. Porém, agora você já sabe que, muitas vezes, os sintomas são
comuns para diversas substâncias, mas às vezes são inespecí�cos, tornando importante a
análise conjunta com outros elementos – em muitos casos, com uma boa autópsia. Ressalta-se
que é necessário coletar e analisar diferentes amostras post mortem, e que a utilização de
diferentes matrizes biológicas torna a investigação mais con�ável.
Na situação apresentada, é possível notar que temos a presença de um sintoma clássico de
intoxicação por organofosforados: o odor característico. No entanto, diversas situações devem
ser consideradas, não apenas uma decisão presuntiva baseada em um elemento isolado. Dessa
forma, a maneira correta de se prosseguir seria coletar a amostra para análises toxicológicas.
Porém, investigar junto com a análise macroscópica e complementar. A matriz biológica de
interesse no caso de intoxicação por organofosforados seria a colheita gástrica. Deve-se
também investigar a origem dos hematomas.
Saiba mais
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O link a seguir conduz a um texto publicado na Revista Criminalística e Medicina Legal, Revista
CML. As edições desde 2016 estão disponíveis e podem ser acessadas, representando uma
ferramenta fundamental para consulta no dia a dia do perito criminal. Pode-se destacar um artigo
acerca do estudo dos agentes tóxicos nas ciências forenses, para saber mais acesse o site:
Toxicologia forense: o estudo dos agentes tóxicos nas ciências forenses, Izanara Cristine Pritsch,
Revista Criminalística e Medicina Legal.
______
Na �gura a seguir, é apresentada uma síntese dos principais pontos de uma análise toxicológica
adequada.
http://revistacml.com.br/2020/12/15/toxicologia-forense-o-estudo-dos-agentes-toxicos-nas-ciencias-forenses/
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Figura | Síntese dos conceitos apresentados. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
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BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.
Apurações Administrativas Cervejaria Backer. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem
Vegetal (Dipov), 2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-
br/assuntos/noticias/ministerio-da-agricultura-identi�ca-contaminacao-da-agua-utilizada-pela-
backer-na-producao-de-cervejas/ApresentaoEntrevistaColetivasobreCervejariaBacker.pdf. Acesso
em: 2 dez. 2021.
DORTA, D. J. et al. Toxicologia Forense. São Paulo: Blucher, 2018.
FERRARI JÚNIOR, E. Investigação policial: análise toxicológica post mortem. Revista Jus
Navigandi, 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/21390. Acesso em: 2 dez. 2021.
HERNANDEZ, E. M. M. et al. Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e
vigilância das intoxicações agudas. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. 
PRITSCH, I. C. Toxicologia forense: o estudo dos agentes tóxicos nas ciências forenses. Revista
Criminalística e Medicina Legal, Curitiba, v. 5, n. 1, p. 19-26, 2020.
RODRIGUES, A. Polícia indicia 11 funcionários da cervejaria Backer por contaminação. Agência
Brasil, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/policia-
indicia-11-funcionarios-da-cervejaria-backer-por-contaminacao. Acesso em: 2 dez. 2021.
Aula 4
Preparo de amostras para as análises toxicológicas
Introdução da aula
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-agricultura-identifica-contaminacao-da-agua-utilizada-pela-backer-na-producao-de-cervejas/ApresentaoEntrevistaColetivasobreCervejariaBacker.pdf
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-agricultura-identifica-contaminacao-da-agua-utilizada-pela-backer-na-producao-de-cervejas/ApresentaoEntrevistaColetivasobreCervejariaBacker.pdf
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-agricultura-identifica-contaminacao-da-agua-utilizada-pela-backer-na-producao-de-cervejas/ApresentaoEntrevistaColetivasobreCervejariaBacker.pdf
https://jus.com.br/artigos/21390
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/policia-indicia-11-funcionarios-da-cervejaria-backer-por-contaminacao
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/policia-indicia-11-funcionarios-da-cervejaria-backer-por-contaminacao
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Você aprenderá, nesta aula, sobre o preparo de amostras para as análises toxicológicas. Na sua
rotina de perito criminal, é necessário muita atenção e conhecimento para essa etapa crucial.A
partir de um bom preparo das amostras, será possível identi�car as substâncias de interesse e
resolver o caso em questão de forma justa e ideal.
É um processo complexo que envolve desde a seleção de métodos de preparo de amostra
adequados, o que requer vasto conhecimento sobre as mais diversas técnicas disponíveis e suas
aplicações, até o contínuo aprimoramento dessas técnicas. É importante lembrar que a avaliação
das particularidades dos compostos de interesse e as propriedades das matrizes biológicas deve
ser minuciosa. Ao adotar uma técnica especí�ca para processar as amostras, o desempenho da
análise vai depender dessa escolha, e a elucidação do crime também.
Considerações iniciais: Destilação
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É um desa�o, para o perito toxicologista, identi�car uma substância especí�ca em uma matriz
biológica, seja pela complexidade da amostra, sua concentração ou contaminação, além de
constituir uma etapa extremamente suscetível a erros. 
Em geral, as técnicas analíticas utilizadas na Toxicologia Forense para detecção de substâncias
exigem o preparo das amostras, pois não são compatíveis com a utilização das amostras in
natura. Assim, é necessário que ocorra um processo que precede as análises instrumentais.
 Mas a�nal, o que seria o preparo da amostra? Ele consiste no processo de isolar e concentrar o
analito, ou seja, a substância de interesse, a partir da matriz biológica, independente da matriz,
mas atentando às particularidades do preparo de cada uma. Assim, identi�cando e diminuindo
os interferentes, sejam eles endógenos ou exógenos, e, consequentemente, evitando
comprometer a seletividade e sensibilidade ao composto de interesse na matriz biológica. É uma
etapa crucial para a metodologia de detecção e quanti�cação de substâncias de interesse
forense, representando cerca de 80% da análise toxicológica.
Há algumas condições que a preparação da amostra precisa atender: ampla recuperação do
analito; perder a menor quantidade possível de amostra enquanto remove todos os interferentes;
utilizar o menor tempo possível a �m de manter a qualidade da análise; e buscar o menor custo.
As principais etapas que compreendem o preparo da amostra podem ser observadas na �gura a
seguir.
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Figura 1 | Principais etapas envolvidas no preparo da amostra para a toxicologia forense. Fonte: elaborada pela autora.
Porém, considerando as inúmeras matrizes biológicas (sangue, humor vítreo, urina, etc.) e a
in�nidade de ambientes em que elas podem ser coletadas (água, objetos, terra, cadáver, etc.),
essas etapas podem aumentar, repetir e adaptar os processos conforme o tipo de análise e
matriz especí�cas. Por exemplo, no caso do cabelo, que corresponde a uma matriz biológica
queratinizada, primeiramente é necessário que ocorra a digestão da matriz orgânica, porque é
indispensável que ocorra a “liberação” do analito que se encontra “dentro” dessa matriz orgânica.
Então, é feita sua solubilização para separar os interferentes e contaminantes do analito de
interesse. 
Para compreender melhor, imagine o caso de uma célula. Quando é necessário fazer uma análise
de proteínas, faz-se a lise para acessar seu conteúdo interno e, consequentemente, as proteínas,
que são os analitos de interesse. Outro exemplo: para fazer um chá, você precisa abrir o
recipiente plástico para ter acesso ao composto de interesse. Depois dessa primeira etapa é
possível prosseguir com os demais passos, como esquentar a água para extraí-lo.
Devemos também considerar que a quantidade de amostra é muito variável, podendo estar em
concentrações desde partes por milhão até partes por trilhão. Isso é importante, pois
dependendo da situação, será necessário diluir ou concentrar as amostras para as análises.
Normalmente, no contexto forense, as amostras são complexas e precisam ser concentradas.
Muitas vezes não há conhecimento sobre a substância que está sendo procurada, ou até mesmo
sua quantidade naquela matriz, sendo necessário realizar a análise toxicológica sistemática,
buscando diversos analitos em uma só matriz.
Outro ponto importante é a limpeza do ambiente físico de trabalho e dos materiais utilizados
(vidarias, equipamentos), principalmente quando há diversas análises sendo feitas em um
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mesmo ambiente.
Videoaula: Considerações iniciais: Destilação
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A separação de substâncias é uma etapa crucial para o preparo da amostra. Diversas vezes, você
se deparará com uma mistura. Há técnicas de separação ou extração importantes para o
contexto forense. Neste vídeo, será abordada a técnica de separação de substâncias
denominada destilação.
Extração por solvente
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Um dos primeiros passos para o preparo da amostra no contexto forense consiste em obter a
substância de interesse a partir da matriz biológica. Para isolar o analito de interesse da matriz,
faz-se necessário utilizar uma metodologia de extração. Há diversas técnicas que podem ser
aplicadas nessa etapa da preparação da amostra, podendo ser destacado um dos métodos
amplamente utilizados: a extração líquido-líquido, também chamada de extração por solvente ou
partição. 
Ela recebe esse nome porque seu mecanismo de ação se dá pela partição da amostra em duas
fases imiscíveis, ou seja, que não se misturam, normalmente orgânica e aquosa. Assim, é e�caz
em separar um ou mais compostos especí�cos de uma mistura.
Para realizar essa técnica, é necessário a utilização de um solvente extrator adicionado à mistura
de interesse. Após sua adição, é necessário agitar para que o solvente tenha contato com a
mistura. Esse processo gerará duas fases, uma com o extrator e a amostra de interesse e outra
com o restante da mistura. Para garantir a separação das fases, realiza-se a centrifugação, e
retira-se a fase de interesse para realizar a análise.
Mas como isso acontece? Imagine que você está no laboratório forense. Seu composto de
interesse é o A. Porém, você está diante de uma solução heterogênea com dois compostos, A e B
miscíveis entre si, ou seja, encontram-se misturados. Qual o seu primeiro passo? Sua atitude
inicial deve ser tentar separar os compostos. Como você irá fazer isso? Após lembrar da aula
sobre extração por solvente, você tem a brilhante ideia de utilizar um solvente extrator. Diante da
variedade de possibilidades, qual solvente escolher? Você deve lembrar que se o seu composto
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de interesse é o A, então é necessário que o solvente seja muito miscível em A, e pouco miscível
em B (o ideal seria não ser miscível em B, mas na realidade não há como realizar essa separação
completa). 
Ao adicionar o solvente, ele se misturará com A e formará uma mistura heterogênea, composta
pelas fases I (solvente + composto A) e II (composto B). Com o auxílio do funil de separação,
agora que você tem duas fases com densidades diferentes, e é possível fazer a separação do
composto A do composto B.
Um ponto para prestar atenção é o controle do pH, que pode ser utilizado de acordo com a
presença de grupos ácidos ou básicos na estrutura da substância analisada. Isso pode otimizar a
extração do analito, como, por exemplo, no caso dos benzodiazepínicos, que têm caráter básico.
Logo, a escolha do extrator terá de ser condizente com essa característica desse fármaco, caso
seja ele que você esteja procurando. 
Esse processo pode ser utilizado, por exemplo, para a extração de mor�na e codeína a partir da
matriz biológica de urina, o solvente orgânico acetato de etila. Assim como, a partir da mesma
matriz, e utilizando outro solvente, como o éter etílico, é possível fazer a extração de
canabinoides sintéticos da amostra.
Essa técnica é amplamente utilizada por apresentar características positivas,como a agilidade
para realizá-la. Ela é relativamente simples, pois dispõem de diversos tipos de solventes
extratores. Porém, alguns pontos negativos são: a produção de compostos tóxicos derivados dos
solventes adicionados que podem gerar prejuízos tanto para o pro�ssional que trabalha com a
técnica quanto para o descarte �nal.
Videoaula: Extração por solvente
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Para uma análise toxicológica ideal, é necessário que ocorra a extração correta do analito a partir
de amostras biológicas. A�nal, você precisa identi�cá-lo, quanti�cá-lo e detectar se aquele
composto foi responsável pelo caso que está sendo analisado. Neste vídeo, abordaremos
algumas técnicas de extração da substância de interesse.
Dos métodos mais utilizados na atualidade
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A partir da extração do analito de interesse, utilizando a técnica de preparo de amostra e
extração ideal para aquela matriz e/ou analito, é necessário utilizar uma técnica de análise para
aquele composto. Muitas dessas técnicas são precedidas e exigem essa etapa anterior de
extração, puri�cação e concentração da amostra antes da detecção, identi�cação e
quanti�cação. Basicamente, há duas etapas para a identi�cação das diferentes substâncias. A
primeira compreende a triagem, e a segunda, testes de con�rmação. A triagem corresponde a
uma análise qualitativa que indica apenas presença ou ausência da substância.
Os imunoensaios são os mais utilizados nessa etapa. Podem identi�car, de forma simultânea,
diferentes compostos, desde anfetaminas e opiáceos até benzodiazepínicos. O princípio do teste
é a ligação dos antígenos (composto de interesse) ao anticorpo. De acordo com o sinal emitido
nessa ligação, comparado com uma amostra conhecida e padronizada, é possível determinar a
presença ou ausência do analito na amostra em questão.
Também são utilizados os testes colorimétricos. Normalmente, são utilizados para a
identi�cação de pós e comprimidos, e, também, para detectar substâncias presentes na urina e
conteúdo estomacal. O princípio desses testes é a interação entre grupos funcionais presentes
na estrutura química do composto. A maioria deles dispensa o preparo e a puri�cação, ou
necessita de um preparo muito simples, rápido e de baixo custo. Seu ponto negativo é a baixa
especi�cidade.
Já no caso dos testes de con�rmação, é necessário utilizar metodologias com princípios físico-
químicos distintos dos utilizados para os testes de triagem. A rotina mais comum consiste na
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combinação de testes cromatográ�cos para a separação dos analitos da amostra com testes
espectroscópicos para a detecção e identi�cação dos analitos separados por cromatogra�a. 
Faz-se necessário destacar a cromatogra�a gasosa como uma das técnicas cromatográ�cas
mais utilizadas. Imagine-se em um cenário com uma amostra. Você quer separar seus
componentes. Logo, você pensa em utilizar a cromatogra�a, que consiste em uma técnica em
que uma mistura complexa é transportada por um líquido ou gás (chamada fase móvel, no caso
da cromatogra�a gasosa, é um gás inerte) em uma coluna. E, nesse movimento, tanto a fase
móvel quanto a mistura estão em contato com uma fase estacionária (no caso da cromatogra�a
gasosa é líquida, que é o constituinte da coluna), que pode ser liquida ou sólida, promovendo a
separação dos diferentes componentes da mistura complexa por meio da distribuição diferencial
(cada soluto possui a�nidade diferente com a fase estacionária e a fase móvel). Como assim?
Os diferentes componentes da sua amostra apresentam diferentes interações com a fase
estacionária. E, quanto maior a a�nidade com a fase estacionária, maior o tempo despendido
para sair da coluna, pois a fase móvel irá “arrastá-lo” para fora com mais di�culdade do que os
que não estão com uma interação tão alta com a fase estacionária. Extraindo um de cada vez, de
acordo com essa interação.
Já os métodos espectroscópicos correspondem a técnicas que, a partir da interação da amostra
de interesse com a radiação eletromagnética, possibilitam a identi�cação de dados físico-
químicos dessas amostras. Dentre eles, o mais utilizado, acoplado à cromatogra�a gasosa, é a
espectrometria de massas. Há diferentes detectores para a espectrometria de massas, mas o
funcionamento deles é extremamente parecido.
Essa combinação de técnicas altamente especí�cas geram uma preparação e análise da
amostra extremamente con�áveis.
Videoaula: Dos métodos mais utilizados na atualidade
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Agora você já compreendeu que o preparo da amostra é crucial para a análise forense e que a
etapa de extração, muitas vezes, é indispensável para a detecção da substância de interesse por
métodos de triagem e con�rmação. Neste vídeo, abordaremos o preparo, extração e detecção do
alcaloide cocaína.
Estudo de Caso
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você é um perito criminal diante da seguinte
situação: uma amostra foi coletada em uma cena de óbito e chegou ao laboratório para que você
e seu colega de trabalho analisassem. Primeiramente, ele sugeriu que não precisaria pensar em
nenhuma das opções de preparo da amostra, já que o caso teve ampla repercussão e todos na
mídia diziam que a morte ocorreu por overdose de cocaína. Dessa forma, apenas a análise por
um teste colorimétrico seria su�ciente para encerrar o caso, a�nal, só seria necessário atestar a
presença da substância, que, certamente, teria sido utilizada.
Você concorda com o seu colega? 
Qual a importância do preparo da amostra? 
Você seguiria apenas o que o seu colega sugeriu? 
Qual teste colorimétrico você utilizaria?
Resolução do Estudo de Caso
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Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
Você aprendeu as principais etapas do preparo da amostra para o contexto forense. A depender
da matriz biológica coletada, o analito que será analisado e as condições da amostra, uma
conduta diferente deverá ser adotada. No caso apresentado, surge o questionamento de qual
amostra foi coletada. Se for uma amostra de cabelo, é necessário incluir etapas de digestão da
amostra. Se forem matrizes heterogêneas, será necessário que ocorra a homogeneização antes. 
Então, um ponto crítico marca esse momento. Você deve prestar atenção na matriz biológica.
Caso isso não seja feito, pode não ocorrer, por exemplo, a extração do composto, e seu resultado
�ca negativo para a substância – situação que não pode acontecer, visto que, nesse caso, a
substância estava lá, mas, pelo preparo indevido da amostra, não foi possível detectá-la. 
Dessa forma, não há como considerar apenas os relatos de populares e/ou mídia para realizar a
sua análise. Independentemente da situação, a amostra deve ser preparada segundo as diretrizes
para o seu caso. Devem ser feitas análises de triagem e con�rmação. E, no caso, o teste
colorimétrico poderia ser utilizado com o teste com o reagente de Scott. 
É sempre importante frisar que o seu papel é imparcial. A análise, em si, depende de um olhar
crítico e imparcial que irá interpretar e analisar as provas de acordo com o contexto e as provas
cientí�cas.
Saiba mais
O link a seguir conduz à página da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. A
informação e internalização do conhecimento são as principais ferramentas no seu dia a dia de
trabalho. Neste site, é possível acessar diversas edições das revistas publicadas,nas quais
https://apcf.org.br/cat/revistas/
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
contêm diversos temas importantíssimos para o contexto forense, e descrição dos casos da
atualidade. Além disso há notícias atualizadas sobre o trabalho da perícia.
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Na �gura a seguir, é apresentada uma síntese dos principais pontos de uma preparação
adequada de amostras de interesse forense.
Figura | Síntese dos conceitos apresentados. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
Perícia Criminal e Toxicológica
BORDIN, D. C. M. et al. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse forense.
Scientia Chromatographica, v. 7, n. 2, p. 125-143, 2015.
CALIGIORNE, S. M.; MARINHO, P. A. Cocaína: aspectos históricos, toxicológicos e analíticos –
uma revisão. Revista Criminalística e Medicina Legal, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 34-45, 2016.
DORTA, D. J. et al. Toxicologia Forense. São Paulo: Blucher, 2018.

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