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Professor Lucio Valente 
Crimes Ambientais 
Lei 9.605/98 
 
 
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CRIMES AMBIENTAIS (Lei 9.605/98) 
Lúcio Valente 
valente.chagas@me.com 
http://www.facebook.com/groups/luciovalente/ 
Conceito de meio ambiente 
O muro da sua casa faz parte do meio ambiente? A flor plantada no vaso da varanda de sua casa é protegida pela lei 
de crimes ambientais? 
Posso afirmar que tanto o muro da sua casa, quanto a flor plantada no vaso da varanda de sua casa são protegidos 
pela lei de crimes ambientais. 
Sério? Sim, o conceito jurídico de “meio ambiente” é apresentado pela Lei 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente), que assim o descreve: 
O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a 
vida em todas as suas formas. 
Dentro dessa perspectiva, meio ambiente é muito mais do que “ecologia”, abrangendo toda natureza original (solo, 
água, ar, energia, fauna, flora etc.) ou artificial (edificações, jardins e demais instalações de natureza urbanística). 
Classificação do meio ambiente 
A doutrina costuma fazer a seguinte classificação de meio ambiente: 
a) Meio ambiente natural: aquele que, criado originariamente pela natureza, não sofre qualquer interferência da 
ação humana que tenha como resultado a modificação de sua substância (ex.: os rios, os mares, lagos, flora, fauna, o 
solo etc.) 
b) Meio ambiente artificial: tudo que é construído pelo homem (edificações urbanas, jardins, lagos artificiais etc.) 
c) Meio ambiente cultural: relaciona-se com a história de um povo, sua formação, sua cultura. Sua defesa vem 
expressamente prevista no art. 216, da Constituição Federal de 1988, quando alude ao patrimônio cultural brasileiro. É 
constituído pelo patrimônio arqueológico, paisagístico, histórico etc. (ex.: um edifício tombado por seu valor histórico). 
mailto:valente.chagas@me.com
 
 
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Crimes Ambientais 
Lei 9.605/98 
 
 
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Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente 
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e 
científico. 
d) Meio ambiente do trabalho: nada mais é do que uma forma de meio ambiente artificial, mas que passou a ser 
tratado de forma autônoma, principalmente por ter sido expressamente previsto na Constituição da República, no art. 
200, inciso VIII, ao estatuir que o sistema único de saúde (SUS) deve colaborar na defesa do meio ambiente, inclusive o 
do trabalho. 
Assim, o Estado deve promover políticas de bem estar no ambiente de trabalho, estabelecendo normas de segurança, 
por exemplo. 
Responsabilidade penal da pessoa jurídica 
Pessoa Jurídica pode praticar crimes ambientais? 
Lembre-se que o Direito Penal é uma ciência e, por isso, tem seus próprios conceitos. Preciso dizer isso porque é muito 
importante que você entenda as concepções corretas para os termos que utilizaremos. 
Como o Direito Penal concebe o termo “conduta”? 
Conduta para o Direito Penal é a ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade. 
Temos, então, os seguintes elementos dentro desse conceito apresentado: 
 
 
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A ação ou omissão deve ser humana (praticada por ser humano). Somente o ser humano pratica conduta. 
Nesse sentido, animais, como exemplo, não têm conduta. Animais não “agridem”, mas podem ser utilizados como 
verdadeiras armas por seus donos. A “conduta” do cachorro de morder alguém só terá relevância para o Direito Penal 
se por trás desse ataque houver um ser humano que, por exemplo, o provocou ou o esqueceu solto. A conduta foi do 
homem e não do animal. 
Repito: somente ser humano pratica conduta! 
Mas, Valente, se o crime exige uma conduta de ser humano, como pode uma pessoa jurídica (criada pelo direito, como 
uma empresa, por exemplo) cometer crimes? 
Vamos fazer igual ao esquartejador. Vamos por partes! 
É verdade sim que a pessoa jurídica (ou pessoa moral) não pode praticar condutas, mas pode responder 
criminalmente por um fato. 
Como isso é possível? Calma, eu explico. Mas para isso vamos nos lembrar das aulas de Direito Constitucional. 
Como vimos, somente o ser humano pode praticar condutas com relevância para o Direito Penal. Pessoa Jurídica não é 
ser humano (óbvio), mas responde por crime porque a Constituição Federal e Lei Ambiental assim permitem. 
Não entendeu? Tudo bem, olha só! 
Lembra-se do conceito de “Poder Constituinte Originário”? 
O poder constituinte originário é aquele que tem a prerrogativa de criar uma nova Constituição de um Estado. Quando 
a Assembleia Nacional Constituinte promulgou a nossa Constituição de 1988, achou por bem colocar ali duas situações 
em que pessoas jurídicas poderiam responder criminalmente por um determinado fato. 
 E o constituinte poderia ter feito isso? 
CONDUTA 
AÇÃO OU 
OMISSÃO 
HUMANA 
CONSCIE
NTE 
FINALIDA
DE 
VONTADE 
 
 
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Poderia sim, uma vez que uma das características do poder que elabora uma nova constituição é a liberdade total para 
fazê-lo. Lembre-se que o poder constituinte é “originário, “incondicionado” e “ilimitado”. 
Então, hoje, temos a seguinte situação: 
Pessoa Jurídica pratica crime? 
Resposta: para a Teoria do Crime, não. Para a nossa Constituição da República de 1988, sim. 
E o que você vai marcar na prova? 
Ora, o que está na Constituição Federal, pois é assim que o CESPE, por exemplo, tem cobrado. 
Como vimos, então, pessoa jurídica pratica crime, uma vez que a Constituição assim permite. Essa permissão ocorre 
em duas situações: 
1ª hipótese: artigo 173, § 5º, CR. 
 “173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só 
será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme 
definidos em lei.” 
(...) 
“§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a 
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem 
econômica e financeira e contra a economia popular.” 
Essa situação ainda não pode ser aplicada porque, apesar de estar previsto na CR que pessoa jurídica pode responder 
por crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, ainda não existe uma lei que tenha 
complementado essa possibilidade na prática. Quero dizer que tem que existir uma lei infraconstitucional (inferior à 
Constituição) que instrumentalize essa hipótese prevista na Constituição Federal. 
2ª hipótese: art. 225, § 3º, CR. 
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as 
presentes e futuras gerações.” 
(...) 
 
 
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É PROIBIDO REPRODUZIR OU COMERCIALIZAR www.estudioaulas.com.br“§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 
Ao contrário da primeira hipótese, o art. 225§ 3º da CR foi regulamentado pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 
9605/98). 
No Brasil, portanto, pessoas jurídicas podem responder criminalmente por crimes contra o meio-ambiente, senão 
vejamos: 
“(Art. 3º, Lei 93605/98) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, 
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” 
“Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou 
partícipes do mesmo fato.” 
 
 
Muito importante o parágrafo único acima: A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, 
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato). 
Para solucionar o que eu falei acima sobre a impossibilidade da pessoa jurídica praticar conduta foi que a Lei 
Ambiental determinou que as pessoas físicas responsáveis pela pessoa jurídica em questão responderão em 
coautoria ou participação pelo crime desta última. 
A Lei sabe que quem praticou, de fato, a conduta criminosa foi uma pessoa física ou um grupo de pessoas físicas em 
nome da pessoa jurídica, simplesmente porque pessoas jurídicas não praticam condutas, como já dissemos. Explico, 
foi um funcionário da empresa que determinou que fossem jogados resíduos em um rio, agindo em nome da empresa 
e em seu benefício. 
Quem praticou o crime ambiental? O Funcionário em coautoria com a pessoa jurídica. É o que a doutrina denomina de 
TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. 
Previsão Constitucional 
para responsabilização 
criminal da Pessoa 
Jurídica 
Crimes Ambientais Crimes Financeiros 
 
 
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Por essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa 
física. 
Essa teoria se justifica porque, muitas vezes, as decisões de uma pessoa jurídica são impessoais, dependendo do 
tamanho da empresa. É por esse motivo que a lei diz que a responsabilidade da pessoa jurídica vai ocorrer sempre que 
a infração for cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no 
interesse ou benefício da sua entidade. 
A Teoria é amplamente aceita na doutrina e na jurisprudência: Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica 
em crimes ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome 
ou em seu benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação 
de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio (STJ, REsp 969.160/RJ, DJe 31/08/2009). 
 
Em resumo: 
1) Pessoas Jurídicas (ou entes morais) não praticam condutas por ser atributo de ser humano; 
2) Apesar disso, a CF e a Lei de Crimes Ambientais previram a responsabilização penal da pessoa jurídica; 
3) Adotou-se a teoria da dupla imputação, ou seja, é impossível imputar o delito ambiental exclusivamente à pessoa 
jurídica. Por trás do ato criminoso sempre existe uma pessoa física. 
 
 ( CESPE - 2009 - DPE - PI - Defensor Público) Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes 
ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu 
benefício, uma vez que não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma 
pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio. 
Correto 
( CESPE - 2009 - PGE-PE ) Nos termos da Lei nº 9.605/1998, as pessoas jurídicas não podem ser responsabilizadas 
penalmente por crimes ambientais. 
Errado 
 ( CESPE - 2009 - CEHAP PB ) Quanto à Lei dos Crimes Ambientais, julgue os itens subsequentes. 
 
I. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos casos em que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício 
 
 
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da sua entidade. 
 
II. A responsabilidade das pessoas jurídicas exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo 
fato. 
 
III. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
 
Assinale a opção correta. 
a) Apenas os itens I e II estão certos. 
b) Apenas os itens I e III estão certos. 
c) Apenas os itens II e III estão certos. 
d) Todos os itens estão certos 
GABARITO: B 
 
Penas aplicáveis à pessoa jurídica 
É claro que não pode haver prisão de pessoa jurídica. Isso seria impossível, já que a pessoa jurídica não é uma pessoa 
de “carne e osso”. Nesse sentido, a lei ambiental criou penas específicas para as pessoas jurídicas (art. 21): 
As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, 
são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
 
 ( FEPESE - 2010 – UDESC) Nos crimes ambientais a pessoa jurídica pode ser condenada à pena privativa de liberdade. 
Errado 
 
 
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 ( CESPE - 2009 - AGU - Advogado) As pessoas físicas e as jurídicas estão sujeitas às mesmas sanções penais 
decorrentes da prática de crime ambiental, quais sejam: penas privativas de liberdade, restritivas de direito e multas. 
 Errado 
 
 
Como o juiz fixa a pena de multa? 
A fórmula é aquela mesma utilizada para o cálculo da pena de multa, conforme expliquei na aula da Lei de Drogas. 
A fixação da pena de multa segue um critério duplo: 1º) as circunstâncias judiciais (culpabilidade, antecedentes etc. – 
art. 59, CP); 2º) na situação econômica do réu. 
Importante que aponte que a lei de crimes ambientais traz uma regra específica quanto à verificação do valor da pena 
de multa: 
A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para 
efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa (art. 19). 
Quais as penas restritivas de direito aplicáveis à pessoa jurídica? 
As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
I - suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições 
legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente; 
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: será aplicada quando o estabelecimento, obra ou 
atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de 
disposição legal ou regulamentar; 
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações: esta 
sanção não poderá exceder o prazo de dez anos. 
Quais os tipos de prestação de serviço à comunidade podem ser realizadas pela pessoa jurídica? 
 A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: 
 
 
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I - custeio de programas e de projetos ambientais; 
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
III - manutenção de espaços públicos; 
IV - contribuições a entidades ambientaisou culturais públicas. 
Obs1.: A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a 
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 
Desconsideração da pessoa jurídica 
O art. 4º afirma que: “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”, estando aí prevista expressamente a figura da 
“desconsideração da personalidade jurídica” no âmbito dos crimes ambientais. Isto é muito importante, pois a 
aplicação deste instituto permite a justiça inibir a fraude de pessoas que utilizam as regras jurídicas da sociedade para 
fugir de suas responsabilidades ou mesmo agir fraudulentamente. 
Na prática, o juiz pode agir diretamente sobre as pessoas físicas (dirigentes, diretores gerentes etc.), desconsiderando 
o escudo da pessoa jurídica em relação àquelas pessoas (ex.: as contas bancárias da pessoa jurídicas estão no 
vermelho, mas as de seus responsáveis estão em ótima saúde). 
Obs.: muito importante que o aluno leia atentamente os artigos 6º a 24 da Lei em estudo, os quais tratam da aplicação 
da pena nos crimes ambientais. 
Ação Penal nos Crimes Ambientais 
Como eu já expliquei em outra oportunidade, a ação penal pode ser de iniciativa pública incondicionada, exercida pelo 
Ministério Público; pública condicionada, exercida também pelo Ministério Público, mas só mediante representação 
do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça; privada exclusiva, exercida por queixa-crime, pelo ofendido ou seu 
representante legal; privada subsidiária, exercida por queixa-crime, pelo ofendido, no caso de o MP não oferecer 
denúncia no prazo legal (art. 29 do CPP). 
Muito bem. Nos delitos previstos na Lei Ambiental, a ação penal será sempre pública incondicionada. Nesse sentido, o 
MP pode oferecer denúncia à justiça independentemente da vontade de eventual ofendido. 
 (CESPE - 2008 - DPE - CE - Defensor Público) Esses crimes submetem-se à ação penal pública incondicionada e não 
admitem a transação penal, pois são crimes de ofensividade máxima, que atingem toda a coletividade 
Errado 
 
 
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Conforme a Lei 9.099/95, a transação penal (aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa) é possível para 
qualquer delito, desde que a pena máxima não seja superior a dois anos (menor potencial ofensivo). Nos crimes 
ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, 
prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha 
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada 
impossibilidade. 
Nos crimes de menor potencial (pena de até dois anos), o Ministério Público, ao oferecer a denúncia (e caso a 
transação penal não tenha sido aceita), pode propor a suspensão condicional do processo, por 2 a 4 anos, desde que a 
pena mínima do crime não seja superior a um ano. Ou seja, o processo fica parado pelo tempo determinado e , caso 
sejam cumpridas as regras impostas pelo juiz, fica extinta a punibilidade. 
A Lei Ambiental aceita a aplicação de tal instituto, desde que seja demonstrada a reparação total do dano, se possível 
(art. 28) 
 ( CESPE - 2008 - DPE - CE - Defensor Público; ) Em processo que trate de crime ambiental, admite-se suspensão 
condicional, caso em que a declaração da extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação 
do dano ambiental, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
Certo 
 
 
 ( CESPE - 2008 - DPE - CE - Defensor Público) Caso o laudo de constatação comprove não ter sido completa a reparação 
do dano ambiental, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto, acrescido de 
mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição. 
 
Certo (ver art. 28) 
 
A Lei prevê, além da suspensão do processo (ainda não há condenação), a suspensão da pena (que só é possível se 
houver condenação). Reza o art. 16 da Lei que: Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode 
ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. 
A suspensão condicional da pena (sursis penal) é um benefício concedido ao condenado, consistente na suspensão da 
execução da pena privativa de liberdade mediante certas condições e por determinado período de tempo. Sua 
finalidade é não levar à prisão o condenado não reincidente que recebeu uma pena de curta duração. 
 ( CESPE - 2009 - AGU - Advogado) A Lei de Crimes Ambientais prevê a suspensão condicional da pena nos casos de 
condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm
 
 
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Certo 
 
Competência para julgamento dos crimes ambientais 
Compete à justiça estadual ou federal julgar os crime contra o meio ambiente? 
Bom, a regra é que a justiça estadual deve julgar os crimes ambientais, salvo se praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Exemplo: o crime de 
“pichação” - Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano (art. 65) - pode ser 
cometido em um muro de um casa, competência da justiça estadual – ou em monumento pertencente à União, como 
na Pichação do Palácio do Planalto, caso em que a competência será da justiça federal. 
Outro exemplo: São bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que 
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;" (artigo 20, inciso III, da Constituição da República). 
Nesse sentido compete à Justiça Federal processar e julgar crime de pesca mediante a utilização de petrechos não 
permitidos (artigo 34, parágrafo único, inciso III, da Lei nº 9.605/98) praticado em rio interestadual. Incidência do 
artigo 109, inciso IV, da Constituição da República (STJ, CC 35.058/SP, DJ 19/12/2002). 
 
Importante: competia à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna, por determinação da 
Súmula 91 do STJ. Entretanto, tal súmula foi cancelada. Hoje, os crimes contra a fauna devem seguir a regra geral, qual 
seja, a competência será da Justiça Comum Estadual, salvo se houver danos à União. Inexistindo, em princípio, 
qualquer lesão a bens, serviços ou interesses da União (artigo 109 da CF), afasta-se a competência da Justiça Federal 
para o processo e o julgamento de crimes cometidos contra o meio ambiente, aí compreendidos os delitos praticados 
contra a fauna e a flora. 
Exemplo: Delito de caça ilegal em tese cometido na Estação Ecológica do Taim, unidade de conservação federal, criada 
pelo Decreto nº 92.963/86. Logo, sendo a área submetida a regime especial (bem da União), compete à Justiça Federal 
processar e julgar o feito. 
A fiscalização do IBAMA, órgão federal, sobre determinada área (ex.: reserva ecológica estadual) leva a competência 
para a justiça federal? 
Não. A atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio ambiente também não atrai a competência da Justiça 
Federal para processamento e julgamento de ação penal referente a delitos ambientais (STJ, CC 97.372/SP, DJe 
05/11/2010). 
 
 
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Dos crimes contra meio ambiente 
Amigos, as questões sobre crimes ambientais, com exceção dos temas que tratamos acima, costumam cobrar 
meramente a letra da lei, no que diz respeito aos crimes em espécie. Uma discussão ou outra jurisprudencial pode 
ocorrer, mas não é a regra. Então, a leitura atenta e repetida da “lei seca” é muito importante para pontuar em 
questões sobre os crimes ambientais. 
É muito importante que o aluno entenda que em provas objetivas o estudo também deve ser objetivo. Não gaste 
tempo com o que não costuma cair. Faça o óbvio! 
Dos crimes contra a fauna 
Os crimes contra o meio ambiente se iniciam criminalizando os crimes contra a fauna. De acordo com a Lei 5.197/167 
(Código de Caça), art. 1º: Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem 
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais 
são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. 
1) Art. 29 (caça de animais da fauna silvestre) 
Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida 
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
 Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
 § 1º Incorre nas mesmas penas: 
 I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; 
 II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
 III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta 
ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela 
oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da 
autoridade competente. 
Obs.: este artigo 29 não se aplica aos atos de pesca, uma vez que são tratados pelos arts. 34 e 35 da Lei Ambiental. 
Alguns conceitos para o correto entendimento do artigo estudado: 
a) Fauna: Conjunto dos animais próprios de uma região (ex.: a fauna brasileira). 
 
 
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b) Fauna silvestre: São espécimes da fauna silvestre todos aquelas pertencentes às espécies nativas, migratórias e 
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites 
do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras (§ 3º). 
c) Sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: a 
caracterização do delito depende da existência ou não de um ato de natureza administrativa previsto em legislação 
específica. Isso é muito importante, porque o Poder Público pode autorizar a caça de animais silvestres em situações 
específicas. 
A próprio Lei da Caça (5.197) estabelece que será permitida mediante licença da autoridade competente a destruição 
de animais silvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública (ex.: O Ibama orienta a destruição do 
Caramujo Gigante Africano - Achatina fulica) 
Ex.: A Instrução Normativa nº 15, de 22 de dezembro de 2010, Ibama, regulamenta a Resolução Conama n° 394, de 06 
de novembro de 2007, que estabelece os critérios a serem considerados na definição das espécies da fauna silvestre 
de passeriformes (aves de pequeno e médio porte), cujas criação e comercialização poderão ser permitidas. 
Outra informação importante é que o art. 52 da lei pune ao simples ingresso em unidades de Conservação conduzindo 
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem 
licença da autoridade competente. 
Perdão Judicial 
 ( CESPE - 2009 - PC - PB - Delegado ) Caso um indivíduo tenha a guarda doméstica de espécie silvestre não-
considerada ameaçada de extinção, que anteriormente apanhara, sem a devida permissão, licença ou autorização da 
autoridade competente, o juiz, considerando as circunstâncias, poderá deixar de aplicar a pena relativa ao crime 
contra o meio ambiente praticado por esse indivíduo. 
Correto 
O art. 29, § 2º traz uma hipótese de perdão judicial em que o juiz no caso de guarda doméstica de espécie silvestre 
não considerada ameaçada de extinção, pode, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
Na verdade, esse dispositivo, apesar de poder ser considerado, perdeu muito de sua força, em virtude do princípio da 
insignificância que afasta o próprio crime. Preste atenção nesse julgado do STJ: 
HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. GUARDA, EM 
3. A Lei 9.605/98 objetiva concretizar o direito dos cidadãos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
preservado para as futuras gerações, referido no art. 225, caput da Constituição Federal, que, em seu § 1o., inciso VII, 
dispõe ser dever do Poder Público, para assegurar a efetividade desse direito, proteger a fauna e a flora, vedadas, na 
 
 
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Lei 9.605/98 
 
 
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forma da Lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade. 
4 Dessa forma, para incidir a norma penal incriminadora, é indispensável que a guarda, a manutenção em cativeiro 
ou em depósito de animais silvestres, possa, efetivamente, causar risco às espécies ou ao ecossistema, o que não se 
verifica no caso concreto, razão pela qual é plenamente aplicável, à hipótese, o princípio da insignificância penal. 
5. A própria lei relativiza a conduta do paciente, quando, no § 2o. do art. 29, estabelece o chamado perdão judicial, 
conferindo ao Juiz o poder de não aplicar a pena no caso de guarda doméstica de espécie silvestre não ameaçada de 
extinção, como no caso, restando evidente, por conseguinte, a ausência de justa causa para o prosseguimento do 
Inquérito Policial, pela desnecessidade de movimentar a máquina estatal, com todas as implicações conhecidas, para 
apurar conduta desimportante para o Direito Penal, por não representar ofensa a qualquer bem jurídico tutelado pela 
Lei Ambiental. (HC 72.234/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 09/10/2007, 
DJ 05/11/2007, p. 307) 
 
 ( CESPE - 2010 - MPU - Analista) De acordo com entendimento jurisprudencial, não se aplica o princípio da 
insignificância aos crimes ambientais, ainda que a conduta do agente se revista da mínima ofensividade e inexista 
periculosidade social na ação, visto que, nesse caso, o bem jurídico tutelado pertence a toda coletividade, sendo, 
portanto, indisponível. 
Errado 
 
Aumento de pena 
O crime de caça ilícita terá a pena aumentada em ½, se o crime for praticado: 
a) contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; 
b) em período proibido à caça; 
c) durante a noite; 
d) com abuso de licença; 
e) em unidade de conservação; 
f) com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. 
A lei determina, ainda, que a pena seja TRIPLICADA se o crime decorrer de caça profissional. 
 
2) Exportação ilegal de peles e couros de anfíbios e répteis em bruto (art. 30) 
 
 
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O segundo crime da Lei Ambiental pune a conduta de quem exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e 
répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente. 
Uma primeira indagação que os alunos levantam é seguinte: professor, “exportar para o exterior” não seria 
pleonasmo? 
Bem, neste caso não! 
O dicionárioMichaelis dá os seguintes significados para a palavra “exportar”: 
(lat exportare) vtd 1 Vender para fora do país (produtos nacionais). 2 Mandar para fora de uma região (idéias, pessoas 
etc.). 
Perceba, então, que exportar pode significar “mandar para outra região”. O “pleonasmo” da lei se justifica, no caso, 
para deixar bem claro que estamos falando de envio internacional de tais produtos. 
Professor, e se a pele do réptil (ex.: jacaré) for exportado já transformado em bolsa? 
Não configura o presente crime, pois o material deve estar “em bruto”. Nada impede que o agente responda pelo 
crime previsto no art. 29, § 1º, III da Lei Ambiental. 
3) Introdução ilegal de espécime animal no país (art. 31) 
O artigo em comento pune a conduta de quem introduz espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável 
e licença expedida por autoridade competente. 
O órgão responsável por tal parecer é o IBAMA. Esse controle é importante, pois a introdução discriminada de 
espécies no país pode gerar desequilíbrio ecológico. 
Observe que a lei pune a conduta de introdução de qualquer espécime animal, seja silvestre ou doméstico. 
De quem é a competência para julgar? 
Para o STJ, esse crime deve ser julgado pela Justiça Federal, pois viola normatização federal - Instrução Normativa 
02/01 do IBAMA - (STJ, DJe 17/10/2008). 
4) Maus-tratos contra animais (art. 32) 
O presente delito pune a conduta de quem pratica ato de abuso, maus-tratos, fere ou mutila animais silvestres, 
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. 
 
 
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A grande discussão a respeito do presente delito refere-se à pratica de maus-tratos contra animais domésticos. Veja 
que a lei protege os animais silvestres (ex.: arara, papagaio, mico etc.), silvestres domesticados (ex.: papagaio criado 
em uma casa), domésticos (gato, cachorro, galinhas, porcos etc.) , sejam eles nativos ou exóticos. 
Ocorre que o art. 32, segundo alguns, acabou por punir condutas já há muito entranhadas na cultura nacional. Na 
região nordestina, por exemplo, existe a vaquejada, a cavalhada, além de esportes análogos. Na região sudeste e 
centro-oeste, da mesma forma, existem os rodeios com cavalos e touros. Os criadores de determinadas raças de cães, 
além disso, devem cortar a cauda dos animais para que estes fiquem dentro do padrão da raça etc. O Estado não tem 
a pretensão de impedir tais condutas, ao contrário parece fomentá-las. É por esse motivo que tramita no Congresso 
Nacional o Projeto de Lei 4.548/98, que corrige a redação do artigo 32, retirando as palavras “doméstico e 
domesticado” de seu texto. 
Existem fortes vozes contrárias no mundo jurídico, como a do Professor Fernando Capez de São Paulo: 
Ora, deixar de considerar crime toda forma de crueldade contra animais domésticos ou domesticados, a pretexto de 
que o art. 32 da Lei impede uma atividade cultural e econômica específica, como a vaquejada, rodeios, etc. é um 
gritante contra-senso. 
Argumentos econômicos não podem servir de alegação para justificar atos de crueldade. Se a Constituição Federal, no 
inciso VII do §1º do art. 223, determina a punição de atos de crueldade contra animais, não cabe ao legislador 
ordinário restringir a proteção legal (http://jusvi.com/artigos/43714). 
O CESPE chegou a cobrar o tema em prova, como se vê: 
 ( CESPE - 2009 - DPF - Agente da Polícia Federal) A prática de maus-tratos contra animais domésticos é considerada 
crime contra o meio ambiente, sendo a morte do animal causa especial de aumento de pena. 
Entretanto, o item acabou por se anulado com os seguintes argumentos: 
Para todos os efeitos, o objeto material do tipo penal do art. 32 da Lei n.º 9.605/1998 (lei de crimes ambientais) seria o 
animal silvestre (selvagem), podendo este ser doméstico (criado dentro de casa desde pequeno), domesticado 
(amansado, domado), nativo (oriundo da fauna brasileira) ou exótico (oriundo da fauna estrangeira). Todavia, houve 
dúvida quanto à interpretação de “domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” como apostos explicativos, razão 
suficiente para a anulação do item. 
O CESPE, na verdade, considerou posição minoritária da doutrina que interpreta os termos “domésticos ou 
domesticados” como adjetivos de “silvestres”. Quero dizer que os animais protegidos pela lei não seriam puramente 
domésticos (como os gatos), mas silvestres que foram domesticados desde novinhos (ex.: um papagaio que nasce em 
cativeiro) ou amansados. Essa interpretação visa justamente corrigir aquela situação que falei acima sobre a atividades 
culturais como os rodeios. 
http://jusvi.com/artigos/43714
 
 
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Observe, ainda, que incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que 
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos (§ 1º). 
Por fim, a pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal (§ 2º). 
5) Comentários ao art. 33 
Outro delito criado pela pune a conduta de quem provocar, pela emissão de efluentes (produtos líquidos ou gasosos 
produzidos por indústrias ou resultante dos esgotos domésticos urbanos, que são lançados no meio ambiente) ou 
carreamento (transporte) de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, 
açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras. 
O delito é muito similar ao do Art. 54: Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam 
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da 
flora. 
A aplicação de um ou outro vai depender do caso concreto, uma vez que o ar. 33 parece ser mais específico quanto à 
fauna aquática, aplicando-se, em caso de dúvida, o princípio da especialidade. 
O parágrafo único do artigo ainda pune a conduta de quem: 
a) causa degradação em viveiros, açudes (construção para represar águas de rio) ou estações de aquicultura de 
domínio público (locais onde se faz o controle de natalidade, crescimento e mortalidade, visando obter maior extração 
do animal); 
b) quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos (ex.: moluscos, medusas, corais, caramujos etc.) e algas 
(vegetal clorofilino sem raízes nem vasos, que vive na água do mar, na água doce, ou pelo menos no ar úmido), sem 
licença, permissão ou autorização da autoridade competente; 
c) quem fundeia (ancora) embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, 
devidamente demarcados em carta náutica. 
6) Pesca predatória (arts. 35 e 36) 
 Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esgoto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_ambiente
 
 
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II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos 
não permitidos; 
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: 
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; 
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: 
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.O que é pescar? 
Considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos 
dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas 
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora (art. 36) 
Pescar baleia ou golfinho incide nesse artigo? 
Não. A pesca de cetáceos ( mamíferos aquáticos) em águas brasileiras é punida com a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos 
de reclusão e multa pela Lei 7.643/87. 
Pesca em rio interestadual 
Tratando-se de possível pesca predatória em rio interestadual, que banha mais de um Estado da federação, evidencia-
se situação indicativa da existência de eventual lesão a bens, serviços ou interesses da União, a ensejar a competência 
da Justiça Federal. 
7) Excludentes de ilicitudes em crimes contra a fauna (art. 37) 
A lei, muito sabiamente, estabeleceu situações em que se afasta a ilicitude de algumas condutas que afetam a fauna. 
a) age em estado de necessidade o abate de animal para saciar a fome do agente ou de sua família; 
b) age em estado de necessidade quem abate animal para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória 
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; 
 
 
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c) age em estado de necessidade que abate animal por sua nocividade, desde que assim caracterizado pelo órgão 
competente. 
Crimes contra a flora 
Os principais crimes contra a flora são: 
1) Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente (art. 38) 
Importante: 
- admite-se a modalidade culposa. 
2) Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma 
Mata Atlântica (art. 38-A) 
Importante: 
- admite-se a modalidade culposa; 
- regulação do artigo pela Lei 11.428/2006. 
3) Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente sem a devida permissão (art. 39) 
4) Causar dano direto ou indireto às Unidades, independentemente de sua localização (art. 40) 
Importante: 
- Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os 
Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre; 
- A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de 
Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. 
- Admite-se a modalidade culposa. 
5) Incêndio em mata ou floresta (art. 41) 
Importante: 
- Admite-se a modalidade culposa; 
 
 
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- Se o incêndio não ocorrer em mata ou floresta, poderá configurar o crime do art. 250 do CP ( Causar incêndio, 
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem); 
- O CPP, art. 173, determina que os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele 
tiver resultado, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
6) Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de 
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano (art. 42). 
Importante: 
- Para que ocorra o crime, basta a fabricação, a venda, transporte ou soltura do balão, mesmo que não ocorra o 
incêndio. 
- E se, além de soltar o balão, este efetivamente causar o incêndio em floresta? O agente responderá pelo presente 
crime, além do crime de incêndio (doloso ou culposo) em concurso material (somam-se as penas). 
7) Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, 
areia, cal ou qualquer espécie de minerais (art. 44). 
Importante: 
- floresta de domínio público: pertencentes à União, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
8) Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, 
energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais (art. 
45) 
Importante 
- No início da colonização, o pau Brasil só poderia ser explorado após autorização da Coroa Portuguesa, para evitar que 
sua madeira fosse contrabandeada. Surge aí a “madeira de lei”. Madeira de lei, no sentido atual, é a madeira que 
possui maior durabilidade, resistência e solidez, própria para construções e trabalhos expostos às intempéries 
(ex.: ipê, o mogno, o cedro e o jacarandá ). 
9) Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros 
públicos ou em propriedade privada alheia (art. 49) 
Importante 
- Destruir jardins particulares ou públicos constitui crime ambiental e não dano comum. 
 
 
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- Destruir a samambaia da sua avó configuraria o presente crime, mas seria fatalmente atingido pelo princípio da 
insignificância. 
- Admite-se a modalidade culposa. Olha que interessante: homicídio culposo de plantas (hehehe). Pior que é verdade! 
10) Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da 
autoridade competente (art. 51) 
- Esse é um daqueles crimes que as pessoas não têm ideia que existem. De fato, a comercialização de motosserra, bem 
como sua utilização em florestas devem ser autorizadas pelo Ibama. 
JURISPRUDÊNCIA COMPILADA 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
1. (STJ, 104.942/SC, DJe 22/11/2012) A Justiça Federal somente será competente para processar e 
julgar crimes ambientais quando caracterizada lesão a bens, serviços ou interesses da União, de 
suas autarquias ou empresas públicas, em conformidade com o art. 109, inciso IV, da Carta 
Magna. Constatada que a área desmatada ilegalmente foi transformada no Parque Nacional das 
Araucárias, criado pela União e cuja administração coube ao IBAMA (art. 3º do Decreto de 19 de 
outubro de 2005), evidencia-se o interesse federal na manutenção e preservação da região, 
sendo certo que, tratando-se de competência absoluta em razão da matéria, não há que se falar 
em perpetuatio jurisdictionis, a teor do que dispõe o art. 87 do Código de Processo Civil. 
2. (STJ, REsp 1113359/SC, DJe 17/10/2012) REJEIÇÃO DA DENÚNCIA QUANTO AO CRIME DE 
DESTRUIÇÃO DE FLORESTA CONSIDERADA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, PREVISTO NO ART. 
38 DA LEI 9.605/98, CUJO PRECEITO SECUNDÁRIO PREVÊ PENA DE 1 A 3 ANOS DE DETENÇÃO. 
ABSORÇÃO PELO DELITO DESCRITO NO ART. 64 DA MESMA LEI DE CONSTRUÇÃO EM SOLO NÃO 
EDIFICÁVEL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 
O princípio da consunção tem aplicação quando um delito mais leve serve como fase preparatória 
ou de execução para um crime mais grave, restando absorvido por este, mostrando-se incabível, 
portanto, a rejeição pelo magistrado da denúncia quanto ao crime apenado mais severamente 
por considerá-lo fase executória de outro que apresenta menor lesividade. 
3. (STJ, AgRg no RHC 32.220/RS, DJe 15/10/2012) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, o princípio da insignificância tem como vetores a mínima ofensividade da conduta do 
agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. Considerando-se a inexistência 
de lesão ao meio ambiente (fauna aquática), tendo em vista a quantidade ínfima de pescado 
apreendido com o acusado, deve ser reconhecida a atipicidade material da conduta. 
4. (STJ, HC 192.486/MS,Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 
26/09/2012) Não se insere na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela a 
conduta do Paciente, pescador profissional, que foi surpreendido pescando com petrecho 
proibido em época onde a atividade é terminantemente vedada. E, apesar de terem sido 
 
 
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apreendidos apenas 05 kg (cinco quilos) de peixe, nos termos da jurisprudência desta Corte 
Superior: "A quantidade de pescado apreendido não desnatura o delito descrito no art. 34 da Lei 
9.605/98, que pune a atividade durante o período em que a pesca seja proibida, exatamente a 
hipótese dos autos, isto é, em época de reprodução da espécie, e com utilização de petrechos não 
permitidos." (HC 192696/SC, 5.ª Turma, Rel. Min. GILSON DIPP, DJe de 04/04/2011.) 
5. (STJ, RMS 27.593/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 
04/09/2012, DJe 02/10/2012) Nos crimes ambientais, é necessária a dupla imputação, pois não se 
admite a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física, que age com 
elemento subjetivo próprio. 
6. CC 113.345/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
22/08/2012, DJe 13/09/2012) Na hipótese, verifica-se que o Juízo Estadual declinou de sua 
competência tão somente pelo fato de o auto de infração ter sido lavrado pelo IBAMA, 
circunstância que se justifica em razão da competência comum da União para apurar possível 
crime ambiental, não sendo suficiente, todavia, por si só, para atrair a competência da Justiça 
Federal. 
7. (STJ, AgRg no CC 115.159/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
13/06/2012, DJe 21/06/2012) A mera circunstância de o bem transportado ser de propriedade da 
Marinha do Brasil, por si só, não tem o condão de atrair, no âmbito penal, a competência da 
Justiça Federal, já que o bem jurídico tutelado é o meio-ambiente. Ausente o interesse específico 
da União, o feito deve prosseguir perante a Justiça Estadual. 
8. (STJ, RMS 26.721/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 
12/04/2012, DJe 25/04/2012) Cabe à Justiça Federal o julgamento de crime ambiental praticado 
no Rio Amazonas, pois se cuida de Rio interestadual e internacional, afetando, assim, os 
interesses da união. 
9. (STJ, REsp 1032651/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 
06/03/2012) O delito previsto no art. 68 da Lei dos Crimes Ambientais, isto é, "[d]eixar, aquele 
que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse 
ambiental", está inserido no rol dos crimes contra a administração pública ambiental, 
classificando-se como crime omissivo impróprio em que o agente deixa de praticar o ato, 
contrariando o dever de fazê-lo para evitar o resultado lesivo ao meio ambiente. Com relação ao 
sujeito ativo, verifica-se que a melhor exegese conduz no sentido de que o crime pode ser 
praticado por qualquer pessoa incumbida desse dever legal ou contratual, não sendo exigido, 
como fizeram as instâncias ordinárias, tratar-se de funcionário público. 
10. Sob a orientação do art. 61 da Lei nº 9.099/1990, a jurisprudência desta Corte fixou prevalecer o 
Juízo comum ao Juizado Especial quando o(s) crime(s) imputado(s) ao réu sugere(m), em seu(s) 
preceito(s) secundário(s), reprimenda máxima que exceda a 2 (dois) anos de pena privativa de 
liberdade individual ou cumulativamente. Precedentes. 
11. (HC 169.536/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 
14/02/2012, DJe 19/03/2012) Compete, portanto, ao Juízo comum a apuração do crime previsto 
no art. 45 c/c o art. 53, II, c, da Lei nº 9.605/1998 (cortar ou transformar em carvão madeira de 
lei, com pena aumentada porque cometido contra espécie rara ou ameaçada de extinção), que 
tem a pena máxima de 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão. 
 
 
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12. O tipo penal, posterior, específico e mais brando, do art. 54 da Lei nº 9.605/98 engloba 
completamente a conduta tipificada no art. 271 do Código Penal, provocando a ab-rogação do 
delito de corrupção ou poluição de água potável. 
13. (HC 178.423/GO, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 
19/12/2011) Para a caracterização do tipo citado, mister a ocorrência de efetiva lesão ou perigo 
de dano, concreto, real e presente, à saúde humana, à flora ou à fauna. 
Mostra-se inepta a denúncia que carece de comprovação da possibilidade de danos à saúde 
humana pelo suposto fato de a paciente de ter deixado, em data específica, que seu rebanho 
bebesse em dique que abastece cidade, pela ausência de conclusão técnica sobre a salubridade 
da água. 
A mera descrição de dano a floresta de preservação permanente é insuficiente para a 
configuração do delito do art. 38, caput, da Lei nº 9.605/98, sendo necessária a demonstração de 
indícios mínimos de autoria. 
A simples descrição do dano ambiental e conseqüente atribuição da responsabilidade à 
proprietária do imóvel rural, quanto mais se recentemente adquirido, consiste em 
responsabilização penal objetiva, inadmissível no ordenamento jurídico. 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
Julgamentos do Plenário 
1. (ADI 1856, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 26/05/2011)A 
promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação 
ambiental, configura conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de 
animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 
153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural, de 
caráter meramente folclórico. 
2. O delito tipificado no art. 38 da Lei 9.605/98 (“Destruir ou danificar floresta considerada de 
preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de 
proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade”) não constitui infração de 
menor potencial ofensivo. Essa a conclusão da 2ª Turma ao denegar habeas corpus em que se 
pleiteava a declaração da competência do juizado especial federal criminal para apreciação do 
processo na origem, em face da possibilidade de imposição de multa como reprimenda. Na 
espécie, tratava-se de denunciado por, supostamente, edificar obras de forma ilícita às margens 
de lago de preservação ambiental. Salientou-se que a competência do juizado estaria afastada, 
uma vez que a pena máxima cominada superaria o limite de 2 anos (art. 2º da Lei 10.259/2001 c/c 
art. 61 da Lei 9.099/95). Concluiu-se ser competente a justiça federal comum. HC 112758/TO, rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, 16.10.2012. (HC-112758) 
3. A 2ª Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para aplicar o princípio da insignificância em 
favor de condenado pelo delito descrito no art. 34, caput, parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 
 
 
 Professor Lucio Valente 
Crimes Ambientais 
Lei 9.605/98 
 
 
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(“Art. 34: Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão 
competente: ... Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 21.8.2012. (HC-112563) 
4. É possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que haja 
absolvição da pessoa física relativamente ao mesmo delito. Com base nesse entendimento, a 1ª 
Turma manteve decisão de turma recursal criminal que absolvera gerente administrativo 
financeiro, diante de sua falta de ingerência, da imputação da prática do crime de licenciamentode instalação de antena por pessoa jurídica sem autorização dos órgãos ambientais. Salientou-se 
que a conduta atribuída estaria contida no tipo penal previsto no art. 60 da Lei 9.605/98 
(“Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território 
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou 
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e 
regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente”). Reputou-se que a Constituição respaldaria a cisão da responsabilidade das 
pessoas física e jurídica para efeito penal (“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as 
presentes e futuras gerações. ... § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”). RE 628582 AgR/RS rel. Min. 
Dias Toffoli, 6.9.2011. (RE-628582) 
5. Por entender caracterizada ofensa ao art. 225, § 1º, VII, da CF, que veda práticas que submetam 
os animais a crueldade, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada 
pelo Procurador-Geral da República para declarar a inconstitucionalidade da Lei fluminense 
2.895/98. A norma impugnada autoriza a criação e a realização de exposições e competições 
entre aves das raças combatentes (fauna não silvestre). Rejeitaram-se as preliminares de inépcia 
da petição inicial e de necessidade de se refutar, artigo por artigo, o diploma legislativo invocado. 
Aduziu-se que o requerente questionara a validade constitucional da integridade da norma 
adversada, citara o parâmetro por ela alegadamente transgredido, estabelecera a situação de 
antagonismo entre a lei e a Constituição, bem como expusera as razões que fundamentariam sua 
pretensão. Ademais, destacou-se que a impugnação dirigir-se-ia a todo o complexo normativo 
com que disciplinadas as “rinhas de galo” naquela unidade federativa, qualificando-as como 
competições. Assim, despicienda a indicação de cada um dos seus vários artigos. No mérito, 
enfatizou-se que o constituinte objetivara assegurar a efetividade do direito fundamental à 
preservação da integridade do meio ambiente, que traduziria conceito amplo e abrangente das 
noções de meio ambiente natural, cultural, artificial (espaço urbano) e laboral. Salientou-se, de 
um lado, a íntima conexão entre o dever ético-jurídico de preservação da fauna e o de não-
incidência em práticas de crueldade e, de outro, a subsistência do gênero humano em um meio 
ambiente ecologicamente equilibrado (direito de terceira geração). Assinalou-se que a proteção 
conferida aos animais pela parte final do art. 225, § 1º, VII, da CF teria, na Lei 9.605/98 (art. 32), o 
seu preceito incriminador, o qual pune, a título de crime ambiental, a inflição de maus-tratos 
contra animais. Frisou-se que tanto os animais silvestres, quanto os domésticos ou domesticados 
— aqui incluídos os galos utilizados em rinhas — estariam ao abrigo constitucional. Por fim, 
 
 
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rejeitou-se o argumento de que a “briga de galos” qualificar-se-ia como atividade desportiva, 
prática cultural ou expressão folclórica, em tentativa de fraude à aplicação da regra constitucional 
de proteção à fauna. Os Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli assentaram apenas a 
inconstitucionalidade formal da norma. Precedentes citados: RE 153531/SC (DJU de 13.3.98); ADI 
2514/SC (DJU de 3.8.2005); ADI 3776/RN (DJe de 29.6.2007). ADI 1856/RJ, rel. Min. Celso de 
Mello, 26.5.2011. (ADI-1856)

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