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Medicina laboratorial 2.3 Extensão sanguínea e diferenciação celular Objetivos de aprendizagem: 1- Caracterizar morfologicamente as células do sistema hematopoiético 2- Distribuição celular no sistema hematopoiético 3- Caracterizar a importância da interpretação correta da lâmina de extensão sanguínea e diferenciar as doenças hematológicas, imunológicas e parasitarias Sistema hematopoiético O sangue é um tecido conjuntivos formado por: 1- Células diferenciadas 2- Matriz extra celular fluida (plasma)- onde as células estão dispersar 3- O tecido sanguíneo corresponde cerca de 6 a 8% do peso corporal O plasma é constituído por água (91%) e elementos orgânicos e inorgânicos (9%) • Proteínas (ex: albumina, globulinas, fibrinogênio, protrombina) • Inorgânicas (ex: íons, nutrientes, gases, dejetos e substâncias reguladoras, como hormônios) Elementos figurados: • Hemácias (maior quantidade) de 4,2 a 6,2 milhões/mm3 • Leucócitos: funções especificas na imunidade • Plaquetas: participam no processo de coagulação Parâmetros de normalidade do sangue humano: Hematopoiese As células que compõe o nosso sangue derivam de uma célula comum (célula progenitora chamada de hemocitoblasto). A partir dessa célula ela se diferencia em células de origem mieloide e de origem linfoide • Tronco linfoide: linfócitos T e B • Tronco mieloide: todas as outras células que compõe o nosso sistema hematopoiético (hemácias, basófilos, eosinófilos, neutrófilos, monócitos). As plaquetas são fragmentos de uma célula maio chamada de megacariócito Sobre as células sanguíneas: 1- Apresentam morfologia distintas 2- Tamanhos distintos 3- Funções distintas Hemácias (eritrócitos) • Formato de disco bicôncavo • Diâmetro médio de 7um • As células adultas são anucleadas • Quando jovens, estas células tem núcleo e recebem o nome de eritoblastos • A principal função é de transportar os gases da respiração (feito basicamente pela hemoglobina que esta dentro da hemácia) Valores de referência: Características quanto a forma e cor • Normais: normocromicas são hemácias normais e normocitoses são hemácias de tamanho normal • Anisocitose: hemácias de tamanhos diferentes • Macrocitose: hemácias com tamanhos maiores que o normal • Microcitose: hemácias com tamanhos menores que o normal (geralmente associadas a casos de anemia) • Hipocromia: hemácias perdem a coloração (pode estar relacionadas com a diminuição da hemoglobina) • Hipercromia: hemácias coradas mais que o normal Plaquetas • Fragmentos citoplasmáticos de 1 a 4 um • Originadas dos megacariócitos • Associadas ao processo de coagulação sanguínea (participa da hemostasia sanguínea) • Vida media de 10 dias • Valor de referência: 150 a 400mil/mm3 • Em verde a plaqueta em seu estado normal e em vermelho a plaqueta ativada participando do processo de coagulação Leucócitos • Valores de referência de 5 a 10 mil/mm3 • Podem ser granulócitos (polimorfonucleares): apresentam grânulos grosseiros e fácies de serem observados Neutrófilos: 1- Diâmetro de 12um 2- Núcleos muito densos com 2 a 5 lóbulos (núcleo segmentado) 3- Quanto mais lóbulos o núcleo do neutrófilo possuir, maior sua atividade metabólica 4- Contornos geralmente irregulares e presença de grânulos rosa-azulados (azurofilicos) 5- Quando jovens tem núcleos não segmentados (bastonetes) 6- Possui meia no sangue periférico de 6 a 10h 7- Possuem motilidade, quimiotaxia, fagocitose e ação bactericida. Os neutrófilos atuam ativamente nos processos inflamatórios 8- Valores de referência: 2500 a 7500/mm3 (corresponde cerca de 60% a 70% dos leucócitos no sangue) Neutrofilia: aumento do número absoluto de neutrófilos, comuns em processos inflamatórios como artrite reumatoide, processo agudos como apendicite e peritonites, hemorragia aguda, hemólise e intoxicações Neutropenia: diminuição do numero absoluto de neutrófilos, comum em processos infecciosos como gripe, rubéola, mononucleoses, processos malignos e invasivos Eosinófilos 1- Maiores que os neutrófilos e caracterizam-se pela presença de núcleo bilobado (que possui uma ponte, chamada de ponte de cromatina), granulações grosseiras alaranjadas (peroxidase, fosfatase acida e fosfolipases que contribuem para o sistema de defesa do organismo) citoplasma 2- Vida media de 8 a 12 dias e diâmetro de 12-17um 3- Possuem receptores para imunoglobulinas, leucotrienos e histamina 4- Participam, principalmente, das respostas imunes contra helmintos e respostas alérgicas 5- Valor de referência: 40 a 500mm3 (2 a 4% dos leucócitos) Basófilos 1- Possuem forma esférica 2- Possuem núcleos irregulares e diâmetro de 10 a 15um 3- Grande quantidade de granulações, muitas vezes impedindo a visualização do núcleo 4- Núcleos segmentados ou bilobares 5- Granulações contendo histamina e heparina 6- Grande quantidade de sítios ativos para IgE 7- Nos tecidos tornam-se mastócitos (importante para o sistema imune) 8- Valor de referência: 20 a 90/mm3 (0 a 1% dos leucócitos no sangue) muito difíceis de ser observados na extensão sanguíneas Podem ser agrunulocitos (mononucleares): apresentam grânulos fins e difíceis de serem observados: Monócitos 1- Células grandes 2- Possui núcleo irregular e lobular (forma de feijão ou rim) 3- Diâmetro de 15 a 18um 4- Apresenta citoplasma com coloração azulada 5- Meia vida curta na corrente sanguínea 6- Nos tecidos amadurece e tornam-se macrófagos encarregados da fagocitose 7- Valores de referência: 300 a 900/mm3 (3 a 8% dos leucócitos no sangue) Linfócitos 1- Núcleo ocupa quase todo o citoplasma da célula, núcleo denso 2- Dividido em linfócitos T (75%) e linfócitos B (25%) sendo impossível destingi-los visualmente 3- Valores de referência de 900 a 4000/mm3 (20 a 30% dos leucócitos no sangue) 4- Diâmetro de 8 a 18um 5- Expressam receptores de antígenos Variação da morfologia da célula no dia a dia: Roteiro 2.3 Plaquetas Hemácias Linfócitos Monócitos? Eosinófilos Neutrófilos Basófilos Mieloide Mieloide Linfoide Mieloide Mieloide Mieloide Mieloide ? Sem núcleo Mononuclear Mononuclear Polimorfonuclear Polimorfonuclear Polimorfonuclear Associadas ao processo de coagulação sanguínea (participa da hemostasia sanguínea) Transporte de gases Desempenham papel central na defesa do organismo (possuem receptores de antígenos) Nos tecidos amadurecem e viram macrófagos, que realizam fagocitose Resposta imune contra helmintos e respostas alérgicas Possuem motilidade, quimiotaxia, fagocitose e ação bactericida. Eles atuam ativamente nos processos inflamatórios Nos tecidos tornam-se mastócitos, importante para a resposta imune Avaliação da medula óssea Esfregaço do sangue periférico: Esfregaço da medula óssea: No esfregaço de sangue periférico, a grande maioria dos eritrócitos são anucleados. Por outro lado, em um esfregaço de medula óssea, os eritrócitos em diferentes estágios de maturação podem apresentar núcleos, visto que a medula óssea é o local onde as células sanguíneas são produzidas e amadurecem. • No esfregaço de medula óssea é possível observar células nucleadas em diferentes estágios de desenvolvimento, incluindo eritroblastos (células percursoras dos eritrócitos) que possuem núcleos durante as fases iniciais de sua formação. À medida que os eritrócitos amadurecem, perdem o núcleo antes de serem liberados na corrente sanguínea. Isso explica a diferença na proporção de células nucleadas em esfregaços de sangue periféricos e de medula óssea, devido aos estágios de maturação das células eritrocíticas. Esses diferentes tipos de células são estágios-chavena formação e desenvolvimento das células sanguíneas, desenvolvimento das células sanguíneas, desenvolvimento das células sanguíneas • Eritroblasto: são células percursoras dos eritrócitos. São células imaturas que se originam a partir das células tronco hematopoiéticas na medula óssea e passam por estágios de maturam ate se transformarem em eritrócitos maduros. Conforme amadurecem, perdem o núcleo e ganham a capacidade de transportar oxigênio • Megacariócito: uma célula gigante da medula óssea responsável pela produção de plaquetas. Durante a maturação, o megacariócito sofre divisões celulares, mas não se divide completamente, resultado em fragmentação e liberação de pequenas porções citoplasmáticas que se tornam as plaquetas sanguíneas. • Precursor mieloide: refere-se a uma célula precursora na linhagem mieloide que da origem a uma variedade de células sanguíneas, como neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e macrófagos. Essas células desempenham papeis importantes no sistema imunológico, seja na resposta a infecções ou na limpeza de detritos celulares. • Precursor linfoide: é uma célula precursora na linhagem, dando origem aos linfócitos B e T. Os linfócitos são componentes essenciais do sistema imunológico, responsável por reconhecer e combater invasores, como bactérias, vírus e outros agentes patogênicos, além de regular a resposta imunológica. Linhagens Linhagem linfoide: 1- Medula óssea: é o principal local de formação das células tronco hematopoiéticas e portanto, o inicio da linhagem linfoide, onde se originam as células imaturas dos linfócitos 2- Timo: órgão linfático onde os linfócitos T migram e amadurecem. O timo é responsável por educar e treinar os linfócitos T, preparando-os para reconhecer antígenos e distinguir entre o próprio e o não próprio Linhagem mieloide: 1- Medula óssea: a medula óssea é onde as células percursoras das linhagens mieloides se desenvolvem, dando origem a células com eritrócitos, plaquetas e vários tipos de leucócitos 2- Sistema linfático e órgãos linfáticos: alguns tecidos e órgãos do sistema linfático, como baço, linfonodos e amigdalas, abrigam células do sistema imunológico, onde as células imunes podem se acumular e atuar na resposta a infecções e na filtragem do fluido linfático Encerramento da seção Pós aula A- Quando o baço é removido o organismo passa por adaptações para compensar a ausência desse órgão. 1- Funções esplênicas substituídas: o fígado e a medula assumem parcialmente as funções do baço. O fígado pode ajudar na filtragem e destruição de células sanguíneas antigas ou anormais 2- Aumento da função do sistema linfático e outros órgãos: eles podem ampliar a produção de células imunes e reforçar a resposta imunológica 3- Adaptações no sistema imunológico: ele passa por ajustes para compensar a falta do baço tentando reforçar suas defesas e adaptar-se a nova configuração do corpo B- A ausência do baço pode aumentar o risco de sepse devido a função crucial que ele desempenha no sistema imunológico. Ele é um órgão central na resposta imunológica do corpo e desempenha um papel fundamental na remoção de bactérias e outros patógenos da circulação. Sem o baço, o corpo pode ficar mais suscetível a infecções por bactérias encapsuladas. Essas bactérias tem uma capa ou capsula que as protege dos mecanismos normais de defesa do corpo, e o baço é um dos principais órgãos responsáveis por eliminar esses patógenos do sangue. Sem essa função de filtragem do baço, a capacidade do corpo de eliminar essas bactérias encapsuladas é reduzida, aumentando o risco de disseminação desses agentes infecciosos pelo organismo. Isso pode levar a uma resposta inflamatória sistêmica exagerada, conhecida como sepse, que é uma condição grave e potencialmente fatal. C- Antes de procedimentos invasivos em pessoas sem o baço, é necessário tomar algumas precauções como vacinação (vacinas para prevenir infecções graves por bactérias encapsuladas), antibióticos profiláticos (podem ajudar a prevenir infecções antes, durante e depois do procedimento)