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1. PORTUGUES INSTRUMENTAL
1.1. Linguagem e comunicação
Linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.
· Língua é um sistema abstrato de regras, não só gramaticais, mas também, semânticas e fonológicas, por meio das quais a linguagem (ou fala) se revela. Segundo Martinet, a linguagem designa propriamente a faculdade de que os homens dispõem para se compreenderem por meio de signos vocais.
· Dialetos são variedades originadas das diferenças de região, de idade, de sexo, de classes ou de grupos sociais e da própria evolução histórica da língua (ex.: gíria).
· Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. O que não podemos perder de vista é que nenhuma variação linguística é melhor que a outra, pois elas servem a suas comunidades e ao contexto no qual os interlocutores estão inseridos.
· Norma culta é a língua padrão, a variedade linguística de maior prestígio social.
· Norma popular são todas as variedades linguísticas diferentes da língua padrão.
Comunicação
A comunicação, do ponto de vista da linguística, nada mais é do que a interação entre um determinado grupo que usa a mesma língua ou o mesmo dialeto; tendo em vista a diversidade linguística e a heterogeneidade no discurso, faz-se necessário adequá-lo estrategicamente para que o fenômeno da comunicação se processe devidamente.
Dessa forma, comunicação e linguagem se relacionam, uma vez que só há comunicação por meio da linguagem, e esta última se realiza na língua, como infraestrutura (base ortográfica), dentro de uma dada sociedade. Ou seja, “se preestabelece num sistema convencional de signos e regras presentes em um dado grupo social por meio do seu código. Sendo alicerce nessa interação social intercomunicativa” (BARROS, 1991, 25). A linguagem é a capacidade do homem de comunicar-se por meio de um sistema de signos, a língua.
Língua
A língua é fundamental para a integração e coesão dos indivíduos dentro de uma sociedade, funcionando como um sistema de signos que permite a comunicação e o acesso à vida cultural. Segundo Borba (1998), enquanto a linguagem inclui uma variedade de fatores físicos, fisiológicos e psíquicos, a língua é um sistema uniforme de signos com uma função social predominante: a comunicação.
A linguagem, conforme Bourdieu (1998), possui um papel simbólico na construção da realidade social, pois ao estruturar a percepção dos agentes sociais sobre o mundo, a nomeação contribui para a construção da estrutura desse mundo. Assim, a linguagem é uma atividade do sujeito que permite a interação e a transformação contínua entre o homem e a sociedade.
1.2 Níveis de linguagem
O estudo dos níveis de fala visa ajudar os estudantes a distinguir entre a linguagem padrão e a coloquial, permitindo a escolha do registro adequado em diferentes situações comunicativas. A sociolinguística, que estuda a relação entre língua e sociedade, é essencial para compreender esses níveis e suas variações. O domínio desses níveis de linguagem facilita uma comunicação eficiente e melhora a interação e compreensão do falante em diversas instâncias sociais.
No processo de comunicação, o emissor envia uma mensagem (visual ou escrita) a um receptor, que geralmente responde para completar o processo. A resposta é crucial para que a comunicação seja eficaz. Segundo Jakobson (2005), os elementos essenciais da comunicação são:
· Emissor: quem elabora e transmite a mensagem.
· Receptor: quem recebe a mensagem.
· Mensagem: o conteúdo transmitido.
· Referente: o assunto da comunicação.
· Canal: o meio físico através do qual a mensagem é enviada.
· Código: o conjunto de signos e regras utilizados na comunicação.
Descrição da imagem: Fluxograma que apresenta o caminho de uma mensagem. Ela inicia pelo emissor (emotiva), que transmite uma mensagem (poética), que está ligada a um referente (referencial) a um código (metalinguística) e a um canal (fática). A mensagem vai para o receptor (conativa).
Funções da linguagem
As funções da linguagem, segundo Roman Jakobson, referem-se aos diferentes objetivos e efeitos que a comunicação pode ter. Cada função está associada a um elemento específico do ato comunicativo. Essas funções muitas vezes se sobrepõem em uma única mensagem, mas geralmente uma delas predomina dependendo do contexto e da intenção do emissor. As principais funções são:
· Função referencial: no processo comunicativo, predomina o assunto ao qual a mensagem faz referência. Nos textos jornalístico, técnicos e científicos destaca-se essa função, pois buscam transmitir uma informação objetiva.
· Função emotiva/expressiva: com essa função o emissor objetiva suscitar emoções, opiniões. Ela se destaca nas correspondências pessoais, em diários, discursos de formatura etc.
· Função conativa: seu uso objetiva persuadir o receptor da mensagem, seduzi-lo. Essa função é muito presente em mensagens publicitárias.
· Função fática: visa estabelecer uma relação com o emissor para verificar se a mensagem está sendo transmitida, ou para prolongar ou cessar uma mensagem. Quando atendemos uma chamada telefônica e dizemos ‘Alô’ ou perguntamos, em meio ao discurso, ao receptor ‘Você está entendendo?’, utilizamos da linguagem com essa função.
· Função metalinguística: consiste em usar a linguagem, a língua, para falar dela mesma, tornando-se seu próprio referente. Os dicionários e os textos que estudam e interpretam outros textos são exemplos do emprego da linguagem com essa função.
· Função poética: objetiva expressar sentimentos, descrições, visões de mundo, em textos que exploram a sonoridade, o ritmo, ou seja, novas possibilidades de combinação dos signos linguísticos. Predomina em textos literários, publicitários e em letras de música.
Função emotiva/expressiva
Centra no emissor- opiniões e sentimentos
Função referencial
Centra no conteúdo- informação objetiva
Função conativa/apelativa
Centra no receptor- convencimento (uso de verbos no imperativo)
Função fática
Centra no canal de informação – abertura, manutenção e fechamento do canal
Função metalinguística
Centra-se no código- código como instrumento de tradução do próprio código
Função poética
Centra-se na mensagem – a forma de transmissão da mensagem
*poesia: é o conteúdo
*poema: é a forma
1.4 Elementos da língua portuguesa
A gramática da Língua Portuguesa está dividida em grandes campos de estudo: a fonética, a morfologia, a semântica, e a sintaxe.
· A fonética que estuda os sons da fala.
· A morfologia estuda a forma das palavras, ou seja, a representação gráfica, o vocábulo.
· A semântica preocupa-se não só com a representação gráfica do vocábulo, mas com seu significado. Portanto, é um campo da gramática que estuda a palavra, não apenas o vocábulo.
· A sintaxe é o campo da gramática que estuda a unidade linguística em seu contexto oracional, ou seja, estuda os termos que compõem uma oração. A oração, em Língua Portuguesa, basicamente pode ter sujeito, terá sempre um predicado, e pode ter ou não complementos.
Pode-se dizer, então, que a fonética e a morfologia tratam cada qual de um dos aspectos dos vocábulos, a semântica trata do significado que determinada palavra assume e a sintaxe trata da colocação dos termos nas orações, encarregando-se a fonética de estudar os sons das palavras.
Quem deseja escrever bem, deve respeitar as normas da variante padrão, empregar sua criatividade e ter ciência de que um texto é muito mais do que a soma ou justaposição de orações. É antes uma unidade de sentido, coesa e bem articulada acima de tudo.
1.5 Interpretação e Intelecção
Na trajetória escolar, além de produzir textos, também aprendemos a interpretá-los. No entanto, a interpretação muitas vezes é erroneamente ensinada como a simples descoberta do que o autor quis dizer. Exercícios comuns incluem perguntas como “Quem é o autor do texto?” ou “O que o autor quis dizer?”. Contudo, interpretação verdadeira envolve estabelecerrelações, levantar hipóteses e comprová-las no texto, analisando os implícitos e pressupostos da mensagem.
· Interpretação: Não é apenas deduzir o que o autor quis dizer, mas estabelecer relações e hipóteses baseadas no texto.
· Intelecção: Envolve entender claramente as intenções do autor, retirando do texto o que está explícito. Deve-se descrever o que está claro e evidente, sem inferências pessoais.
A leitura eficaz exige interação entre o emissor e o receptor, mediada pelo texto, garantindo compreensão e interpretação precisas da mensagem.
1.7 Frase, oração e período
Vamos conhecer mais sobre frase, oração e período:
· Frase é todo enunciado de sentido completo, capaz de estabelecer comunicação. Pode conter verbo ou não
· Frase nominal: não há verbo
· Frase verbal: há, pelo menos, um verbo
· Oração é uma frase que se organiza dem torno de um verbo ou locução verbal. Ex: A menina sujou seu vestido.
· Período frase organizada por uma ou mais orações. Pode ser simples ou composto.
· Período simples: apresenta uma única oração (um verbo ou locução verbal). A menina ofereceu um livro a Joana.
· Período composto: apresenta mais de uma oração e mais de um verbo ou locução verbal. O povo anseia que haja uma eleição justa, pois, a última obviamente não o foi.
O Parágrafo: unidade de composição
O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
1.8 Coesão e coerência
Coesão:
A coesão, ou unidade, resulta do uso correto de termos conectivos, que ajudam a organizar as ideias de forma clara e relacionada. Mecanismos de coesão incluem concordância verbal e nominal, regência verbal, colocação pronominal, e retomadas por pronomes ou sinônimos. Produzir um texto coeso significa articular as partes de maneira que haja relação entre as ideias principais e secundárias, tornando o texto compreensível.
Exemplo de Coesão:
"Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra."
Coerência:
A coerência é a ligação lógica e harmoniosa das partes de um texto, de forma clara e ordenada. Um texto coerente apresenta ideias e argumentos de maneira consistente e sem contradições, considerando o público-alvo e o gênero textual.
Exemplo de Coerência:
"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?" (Carlos Drummond de Andrade)
Neste exemplo, há uma sucessão lógica de fatos que demonstram um processo de desagregação social, caracterizando a coerência textual.
Para produzir textos coesos e coerentes, é essencial garantir a relação lógica entre as ideias, evitar contradições, e não repetir questões já abordadas. Assim, o texto terá sentido e transmitirá a mensagem desejada de forma eficaz.
Coesão e coerência andam juntas.
Dica: coesão é como uno as palavras, como retomo o texto dentro do parágrafo, ou seja, fala-se de algo menor, como que ligou as ideias dentro dos parágrafos. Já a coerência é um pouco mais ampla, é como todas as ideias do textos estão conectadas, como todos os parágrafos estão conectados
Relaciona-se diretamente ao uso correto dos pronomes, advérbios, preposições e conjunções.
Escreva frases utilizando sujeito+verbo+complemento
1.9 Estrutura do texto
Uma redação bem estruturada deve ter introdução, desenvolvimento e conclusão. Conhecer essas partes é essencial para planejar o texto. O planejamento começa com a escolha do tema e inclui a pesquisa sobre o assunto, lendo diversos textos. Garcia (1985) afirma que escrever bem é, antes de tudo, aprender a pensar, o que implica organizar ideias e planejar a escrita para garantir uma lógica que conduza o leitor ao entendimento completo do texto.
Textos literários, por sua vez, têm licença para criar suspense e podem exigir múltiplas leituras para uma compreensão mais ampla. Eles utilizam palavras de maneira conotativa, atribuindo-lhes novos sentidos específicos ao contexto literário, como se usassem máscaras temporárias.
1.10 Forma e conteúdo
A separação entre forma e conteúdo nos livros didáticos facilita o aprendizado, mas eles estão intimamente ligados. A forma refere-se ao estilo pessoal de escrita, incluindo vocabulário, conectivos, tempos verbais e pontuação, enquanto o conteúdo é o assunto sobre o qual se escreve. Mesmo com o mesmo tema, diferentes pessoas tratam-no de formas diversas, resultando em diferentes gêneros textuais, como textos ficcionais ou técnicos.
Os gêneros textuais são a aplicação concreta dos tipos textuais, organizando as atividades comunicativas conforme o contexto. Por exemplo, a descrição do funcionamento de um automóvel resulta num manual técnico, enquanto a de uma experiência de química gera um relatório científico. A escolha do gênero textual depende da finalidade e do contexto da escrita, como jurídico ou jornalístico. Marcuschi (2008) descreve os gêneros textuais como eventos dinâmicos e flexíveis, que evoluem conforme as necessidades socioculturais e as inovações tecnológicas.
1.11 Pontuação
Vírgula ( , )
Seu uso se dá nos seguintes casos:
· Nas datas. Ex. Cacoal, 23 de junho de 2013.
· Após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase. Ex. Você gostou do jantar? – Sim, eu adorei!
· Após a saudação em correspondências. Ex. Atenciosamente,
· Para separar termos de uma mesma função sintática. Ex. A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.
· Para destacar elementos intercalados, como:
· Uma conjunção. Ex. Estudamos bastante, logo, merecemos férias!
· Um adjunto. adverbial Ex. Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.
· Um vocativo. Ex. Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.
· Um aposto. Ex. Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular.
· Uma expressão explicativa. Ex. O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em Deus
· Para destacar os objetos pleonásticos. Ex. As provas, eu as corrigi hoje.
· Para separar orações intercaladas. Ex. Felicidade, já dizia minha mãe, é amar e ser amado.
· Para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas orações alternativas. Ex. Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio. Vá devagar, que o caminho é perigoso. Estude muito, pois será recompensado. As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.
· Para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais (quando estiverem antes da oração principal). Ex. Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir. Quando voltei, soube que precisava estudar para a prova.
· Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Ex. A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.
Ponto e vírgula ( ; )
· Usado para marcar uma pausa mais longa, ou seja, é um sinal de pontuação que está entre a vírgula e o ponto final.
· Utiliza-se para marcar itens de uma enumeração. Ex. O portfólio conta com os seguintes documentos;
· Separar orações coordenadas que já possuem vírgulas. Ex. Após a realização da prova, 35 alunos foram aprovados; 5 alunos, não.
Ponto ( . )
· Usa-se o ponto para encerrar uma frase, período, oração declarativa. Ex. Vitor é uma criança muito feliz.
Ponto de interrogação ( ? )
Empregado após uma pergunta direta. Ex. Você está compreendendo as aulas de português?
Ponto de exclamação ( ! )
Para indicar surpresa, espanto, estados emotivos, chamamento. Ex. Vamos continuar nossa jornada!]
Dois pontos ( : )
· Usados para iniciar citações. Ex. Já dizia o ditado: filho de peixe, peixinho é.
· Marcar falas em um diálogo. Ex. A mãe encheu os olhos de lágrimas e disse: - Minha filha, eu te amo!
·Iniciar uma enumeração. Ex. O portfólio conta com os seguintes documentos: memorandos
Aspas ( “ ” )
· Empregam-se para marcar citações. Ex. “Vivemos em um país democrático”, destacou a presidente.
· Destacar palavras estrangeiras, gírias. Ex. O “show” foi maravilhoso!
· Destacar nomes de livros. Ex. O livro “Dom Casmurro” de Machado de Assis é um importante obra da literatura brasileira.
1.12 Concordância
Sintaxe é o estudo das regras que regem a construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso orais e escritos, incluindo a sua relação lógica entre as múltiplas combinações possíveis para transmitir um significado completo e compreensível. Logo, a concordância é o mecanismo através do qual as palavras alteram suas terminações para se adequarem harmonicamente umas às outras na frase. Assim, sintaxe de concordância é a harmonia de flexão das palavras de uma frase, e está se divide em dois tipos principais: a concordância nominal e a concordância verbal.
O que devemos levar em consideração no aprendizado da sintaxe de concordância é sua empregabilidade em situações significativas e reais de uso, ou seja, tanto na oralidade quanto na escrita. Vejamos alguns exemplos que, corriqueiramente, podem acontecer, principalmente a partir da concordância. Observe os exemplos a seguir, nos quais os termos destacados estão errados.
Em entrevista de emprego:
· Ex. Estou quite com o serviço militar. / Estou quites com o serviço militar.
· Estou meio nervosa. / Estou meia nervosa
O que é concordância nominal?
É a concordância em gênero e número do adjetivo, artigo, numeral e pronome com o substantivo a que se refere.
Ex.: Veja este carro quebrado.
Vendo moto e carro usados.
Tabela 1 - Regras especiais de concordância nominal
REGRAS ESPECIAIS
Casos
Normas
Exemplos
Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos
O adjetivo fica no plural ou concorda com o substantivo mais próximo
Comprei abacaxi e melancia maduros.
Comprei abacaxi e melancia madura.
Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Na sala, havia lindas fotografias e desenhos.
Na sala, havia lindos desenhos e fotografias.
· Se os substantivos pospostos forem sinônimos, o adjetivo deve concordar com o mais próximo.
Ex.: Cuidava dos doentes com carinho e ternura exemplar.
· Se os substantivos pospostos forem nomes próprios, o adjetivo deve ficar no plural.
Ex.: A torcida vibrava com os talentosos Zico e Sócrates.
Tabela 2 - Regras especiais de concordância nominal
LEMBRETE
Caso
Norma
Exemplos
Obrigado
Concordam com a palavra a que se referem.
Ou com o gênero e número do emissor.
Muito obrigado, disse Cristian.
Muito obrigada, disse Ingrid.
Muito obrigada! (Emissor do gênero feminino.)
Próprio/mesmo
Ele próprio/mesmo fez o trabalho.
Ela própria/mesma fez o trabalho.
Eu mesma fiz o trabalho. (Emissor do gênero feminino.)
Anexo
O documento segue anexo.
A carta segue anexa.
Quite
Estou quite com meus credores.
Estamos quites com nossos credores.
Meio
Maria comeu meia jaca e ficou meio enjoada.
· Anexo precedido da preposição “em” fica invariável.
Exemplos: Ex.: A fotografia vai em anexo. O livro segue em anexo.
Tabela 3 - Regras especiais de concordância nominal
LEMBRETE
Casos
Normas
Exemplos
Bastante
Se adjetivo, é variável.
Se advérbio é invariável.
Aprendemos bastantes (adj.) novidades hoje. Nossas aulas são bastante (adv.) interessantes.
Possível
Com a expressão o mais...possível, deve-se fazer a variação de acordo com o artigo que a precede.
Vencia obstáculos o mais difíceis possível.
Vencia obstáculos os mais difíceis possíveis.
Menos
Advérbio, portanto, invariável.
Há menos alunas do que prevíamos.
É proibido / É necessário / É bom
Essas expressões ficam invariáveis quando o sujeito não vem acompanhado de artigo ou pronome.
É proibido entrada de animais.
Dedicação é necessário ao candidato.
Água é bom para a saúde.
Mas:
É proibida a entrada de animais.
A dedicação é necessária ao candidato.
Esta água é boa para a saúde.
O que é concordância verbal?
· Na concordância verbal, o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
Ex: Nós vamos à praia. Paula vai ao supermercado.
Tabela 4 - Regras especiais de concordância verbal
REGRAS ESPECIAIS
Casos
Normas
Exemplos
O sujeito coletivo no singular + substantivo plural.
O verbo pode ficar no singular ou no plural.
Um grupo de garotos começou o tumulto.
Um grupo de garotos começaram o tumulto.
O sujeito é pronome de tratamento.
O verbo é empregado na 3ª pessoa.
Vossa Excelência conhece bem este caso.
Vossas Excelências ouvirão toda a verdade.
A maioria de, a metade de, parte de + substantivo plural.
O verbo pode ficar no singular ou concordar com o substantivo plural.
A maioria dos brasileiros vive na pobreza.
A maioria dos brasileiros vivem na pobreza. (Forma desprestigiada.)
*Porcentagens
O verbo pode concordar com o numeral ou com o substantivo a que a porcentagem se refere.
40% da população apoiam a política econômica.
40% da população apoia a política econômica.
90% dos alunos foram aprovados.
*Sujeito composto anteposto ao verbo
O verbo fica no plural.
O cão e o gato dormiam lado a lado.
Sujeito composto posposto ao verbo
O verbo fica no plural ou concorda com o núcleo mais próximo.
Viajaram a mãe e a filha.
Viajou a mãe e a filha.
*Pessoas gramaticais diferentes
O verbo vai para o plural, observando-se que a 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e 3ª.
Tu, eu e meus filhos partiremos hoje.
Sujeito composto resumido por palavra ou expressões no singular
O verbo fica no singular
O frio, a fome, o cansaço, nada o impediu de terminar a jornada.
Concordância do verbo ser:
· Quando o sujeito é nome de pessoa e o predicativo é nome de coisa.
· Nas indicações de horas, datas, distâncias.
· Nas expressões: é muito/ é pouco/ é bastante / é menos
· O verbo fica no singular. (sujeito sempre prevalece sobre objeto ou abstração.).
· A concordância se fará com a expressão numérica.
· Concordam com o predicativo do sujeito
· Vitor era as alegrias da casa.
· Manuel era só lamúrias.
· Hoje são 17 de dezembro.
· Daqui ao shopping são três quilômetros.
· Cem metros é muito.
· Dois reais é pouco.
· Dez quilos é suficiente.
*Verbo com índice de indeterminação do sujeito.
Verbo acompanhado de partícula se ficará obrigatoriamente no singular, caso se trate de verbo intransitivo ou transitivo indireto.
Precisa-se de digitadores.
Vive-se bem aqui.
Voz passiva sintética.
Verbo transitivo direto acompanhado de pronome apassivador se concorda com sujeito.
Vende-se galinha. (Uma galinha é vendida.)
Vendem-se galinhas. (Galinhas são vendidas.)
Verbos impessoais
Os verbos fazer e haver quando indicarem passagem de tempo. Em formas compostas, o verbo auxiliar também será impessoal.
Faz um ano que ele se mudou.
Faz dez anos que ele se mudou.
Deverá fazer dez anos que ele se mudou.
Havia meses que o dólar se desvalorizava.
O verbo haver, na acepção de existir.
Há poucas ofertas de emprego nesta época. (MAS Existem poucas ofertas de emprego nesta época.)
Verbos que indicam fenômeno da natureza: chover, nevar, trovejar etc.
Choveu meses nas regiões serranas.
1.14 O ato de escrever
Considerando que o redator só alcança o objetivo de produzir resposta, tornar comum suas ideias e persuadir se estiver usando um código conhecido do leitor, que é seu receptor, e que em certas circunstâncias a redação é feita para satisfazer necessidades curriculares, a pessoa que escreve uma redação escolar ou de vestibular, por exemplo, não pode esquecer que os examinadores estarão sempre levando em conta os conhecimentos básicos de Língua Portuguesa, bem como a clareza de raciocínio, demonstrada no modo como a redação é estruturada.
De forma simplificada, isso significa que toda boa redação deve ter começo, meio e fim. Cada uma dessas partes deve ter ligação com a parte anterior,para dar unidade (coesão) ao texto. Não se deve esquecer que o emissor codifica a mensagem que será enviada ao receptor e que este, ao recebê-la, inicia o processo de decodificação, interpretando-a. Por isso, é fundamental que os códigos utilizados pelo emissor sejam conhecidos do receptor. No caso de uma redação, o código (a Língua Portuguesa) deve ser entendido por todos os que escrevem e leem. Daí, ser uma necessidade básica de quem escreve ter conhecimentos da Língua Portuguesa.
Tipologia textual
A tipologia textual indica a forma como o sujeito da escrita apreende o objeto do qual está tratando, essa forma pode ser influenciada pelo próprio objeto. Uma corrida ou partida de futebol encaminham uma narração, um acidente requer uma descrição, a defesa de uma postura origina uma dissertação. A divisão tipológica de construção textual em Narração, Descrição e Dissertação nos possibilita, como emissor da mensagem/texto, estabelecer a finalidade, o objetivo da mensagem.
Você se lembra de que em nossa trajetória escolar produzíamos textos narrativos, descritivos e dissertativos? O tema de redação “Minhas férias”, que acompanhou muitos de nós nas primeiras séries escolares, contemplou a narração, a descrição e a dissertação. Hoje necessitamos trabalhar com textos diferentes de uma redação escolar.
Além disso, há três tipos de redação: a dissertação, a narração e a descrição. Essa divisão é meramente didática, pois, em um texto, um único autor pode usar os três tipos de redação, se julgar que os três gêneros lhe facultam uma forma mais clara e eficiente para o que ele quer comunicar. Dificilmente serão encontrados textos puramente dissertativos, narrativos ou descritivos.
1.15 Texto narrativo, descritivo e dissertativo
Texto narrativo
Narração é uma redação por meio da qual se escreve uma história, uma piada, um conto, uma novela ou qualquer outro tipo de texto que tenha dois elementos essenciais: ação e personagem. Quando se trata de uma narração literária, tentar narrar algo de maneira diferente do que as pessoas costumam imaginar é o primeiro passo para quem pensa em "escrever bem".
Quem escreve não deve esquecer que "escrever bem" é fazer boas escolhas, ter boas ideias, é dedicar atenção no trato dos padrões linguísticos já apontados aqui, é ser criativo procurando sempre ser entendido pelas pessoas que estão lendo o texto escrito. Lembramos, ainda, que você deve considerar os componentes básicos da narração, já comentados neste caderno, pois eles o auxiliarão a obter sucesso na escrita de sua narrativa. Assim, será sempre importante que as narrativas respondam às seguintes questões:
· QUEM? A resposta a esta pergunta aponta o personagem ou os personagens da narração.
· O QUÊ? Conduz ao fato central; é o que se pode chamar de "fio condutor". É como se fosse a estrutura do enredo (assunto). Na narração, poderíamos simplificar e dizer que se trata do conteúdo.
· QUANDO? É o tempo em que os fatos narrados ocorreram.
· ONDE? Marca o espaço, o local onde os fatos ocorreram ou estão ocorrendo.
· COMO? O enredo, ou seja, o conteúdo baseia-se nas respostas a essa pergunta.
· POR QUÊ? As razões, os motivos, as causas que levaram ao fato que se está narrando.
Como podemos ver, a narração carrega, em si, uma ideia de ação, de movimento. É como se quem narra estivesse acompanhando os fatos no exato momento em que se desenrolam. O narrador seria, pois, uma espécie de testemunha ocular do que está acontecendo, enquanto narra.
Ao contarmos um fato na forma oral ou escrita, estamos simplesmente narrando, assumindo a função de narrador. Narrar é encadear fatos em uma sequência lógica, as personagens da narração transitam em um determinado espaço e tempo cronológico. Ao construirmos uma narrativa, devemos considerar que há diferenciações entre a narrativa oral e a escrita. Em uma narrativa escrita, temos que levar em consideração que há um código linguístico a ser seguido, ou seja, nossa língua possui formas e regras estabelecidas.
Texto dissertativo
Todos nós, em algum momento, já fomos solicitados a dissertar, e em muitos desses momentos não tínhamos clareza do que isso significava. Ao colocar no papel nossas ideias e pensamentos, estamos dissertando, ou seja, expondo aquilo que pensamos.
Assim, dissertar ou produzir um texto dissertativo é explicar, avaliar, classificar, apresentar ideias sobre um determinado assunto, porém essas ideias devem estar fundamentadas, por isso temos os textos dissertativo-argumentativos. Nesses textos prevalece o poder de persuasão do emissor, o qual apresenta exemplos, demonstra e comprova fatos a fim de convencer o receptor/leitor das ideias expostas. Um texto dissertativo não se confunde com um texto narrativo ou descritivo, à medida que nesses dois últimos tipos textuais, pessoas, objetos e situações constituem-se os temas.
Agora pense em ARGUMENTAR e CONVENCER. A vida cotidiana traz constantemente a necessidade de exposição de ideias pessoais, opiniões e pontos de vista. Em alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou aceitarem uma nova forma de pensar. Em todas essas situações e em muitas outras, utiliza-se a linguagem para dissertar, ou seja, organizam-se palavras, frases, textos, a fim de, por meio da apresentação de ideias, dados e conceitos, chegar a conclusões.
Em suma, dissertar ou escrever uma dissertação implica apresentar uma discussão de ideias, oferecer argumentação e organização do pensamento, expor a defesa de pontos de vista, oferecer a descoberta de soluções. É, portanto, necessário que se tenha conhecimento sobre o assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada de posição diante dele.
Nas dissertações aceita-se o uso do plural majestático, ou seja, o uso da primeira pessoa do plural, e, modernamente, passou-se a aceitar o uso da primeira pessoa do singular. Mas, se você optar pela primeira pessoa do singular, evite "aparecer" no texto, usando inteligentemente essa escolha como um instrumento argumentativo, fazendo parecer ao leitor que as ideias expostas por você são de aceitação universal.
A dissertação expõe ideias, defende opiniões, apresenta reflexões sobre essas pessoas, objetos, situações, sobre fatos concretos etc. Logo, há também uma estrutura que organiza a produção de textos dissertativos: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Vamos identificar os elementos que compõem essa estrutura?
· Introdução: é o início do texto. É a exposição do assunto ou tema que será tratado, desenvolvido e concluído ao longo da redação. Ela pode ser iniciada por uma citação, por uma afirmativa ou até mesmo por um questionamento, a fim de despertar o interesse do leitor.
· Desenvolvimento: é o desenrolar do assunto, a parte em que as ideias, as informações, os conceitos e os argumentos serão desenvolvidos progressivamente.
· Conclusão: é a parte final do texto. Uma avaliação final do assunto, um fechamento, em que o assunto é retomado para ser concluído.
· Elaborar textos dissertativos é uma atividade em que você deve considerar os objetivos do seu texto e a quem se destina, pois devemos escrever para responder indagações, questionamentos e posicionamentos que objetivamos inicialmente alcançar.
Texto descritivo
· Enquanto, por meio da dissertação, quem escreve defende uma ideia e se posiciona a respeito do assunto sobre o qual escolheu dissertar, em uma descrição, a ênfase objetivará com maior detalhe descrever objetos, ambientes, estado de espírito, etc.
· O importante da descrição é que quem escreve consiga fazer com que o leitor entenda claramente aquilo que é descrito. Lembramos que outro fator importante na descrição é que o redator tenta apenas descrever algo, sem tomar partido, sem se envolver, apenas descrevendo de modo distanciado o que está observando. Descrever é representar verbalmente algo ou alguém, a partir de um ponto de vista.
· Enfatizamos, ainda, que a descrição "pura" não existe e que descrever é colocar no papel as características de objetos, de imagens, de locais, de pessoas, da forma mais próxima possível do real para, assim,o leitor ser capaz de reconstruir o que foi descrito. É como se o tempo não existisse e o leitor mergulhasse no assunto com a sensação de que a descrição é atual, não importando o tempo a que ela remete ou em que foi escrita.
Medeiros (2000, p 135) informa que as etapas para construção de um processo descritivo são:
· Pesquisa e seleção dos dados a serem apresentados;
· Rascunhar o que se escreve;
· Correção – revisão e redação final.
O texto descritivo tem como característica principal a exatidão da comunicação, pois seu objetivo é esclarecer, informar, comunicar.
1.16 Redação científica
Ao longo do tempo, percebemos que a falta de conhecimento linguístico e de normas que possam facilitar a vida dos alunos, professores e pesquisadores na elaboração dos seus trabalhos é uma constante quando se trabalha a língua como pressuposto científico.
Sendo assim, o principal objetivo da redação científica é fazer com que os trabalhos comumente realizados em cursos que você realiza sejam feitos por meio da pesquisa e dos seus embasamentos técnico-científicos, bem como sociais. Para Medeiros (1997, p. 12), apud Câmara Jr. (1978, p. 58): “A leitura exige objetivo preestabelecido, análise, síntese, reflexão, aplicação do que se leu”.
Ou seja, “Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que quer escrever”. No curso que está realizando e diante dos textos das aulas, acreditamos que você já percebeu que “A leitura exige objetivo preestabelecido, análise, síntese, reflexão, aplicação do que se leu” (MEDEIROS, 1997, p. 12) e temos que concordar com Câmara Jr. (1978) quando ele afirma que não é possível escrever bem quando não se sabe exatamente o que se pretende escrever.
Fichamento
O fichamento é um processo utilizado para elaborar fichas de leitura na qual devem constar as informações mais relevantes de um texto lido. São anotações que servirão posteriormente para consulta, na elaboração do seu trabalho. Lembramos que fichamento não é um resumo, mas sim um apontamento das principais ideias contidas num artigo ou obra lida. É válido ressaltar que o fichamento, segundo Medeiros (1997, p. 93), é precedido por uma leitura que atenta para o texto. Assim teremos: fichas de comentário, citação direta, resumo e crítica/analítica. A diferença entre os vários tipos de fichas é só o seu texto. As fichas compreendem o cabeçalho, referências bibliográficas, corpo da ficha e local onde se encontra a obra. O cabeçalho engloba título genérico ou específico e letra indicativa da sequência das fichas, se for utilizar mais de uma.
Resumo
É a captação da ideia maior do texto, o ponto central. A norma NBR 6028:1990 define resumo como “apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto”. Segundo Medeiros (1997, p. 142), resumo é "uma apresentação sucinta, compacta dos pontos mais importantes de um texto".
Resenha
Para Andrade (1995, p. 60), apud Medeiros (1997, p.132), a resenha é um tipo de trabalho que “exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com outras obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor”. Logo, observamos a resenha com algumas condições estruturais: delimitação, análise textual, temática, interpretativa, problematização e síntese pessoal.
Segundo Santos (2001), as partes essenciais de uma resenha são: identificação da obra (referência bibliográfica), credenciais do autor, conteúdo (resumo da obra/digesto), a crítica e a indicação do resenhista. A resenha não é um resumo. Medeiros afirma que, enquanto o resumo não aceita o juízo valorativo, o comentário e a crítica, a resenha exige esse elemento.
Para estruturar uma resenha deve-se compor os seguintes itens: referências bibliográficas, credenciais do autor, resumo da obra (digesto), apreciação (crítica do resenhista) e indicações do resenhista.
O estudo dessa tipologia é uma necessidade prática, que atende ao desempenho dos trabalhos técnicos voltados às áreas comerciais, administrativas e financeiras, lembrando que redigir é aprender manusear a língua (viva) como essência material na linguagem, seja técnica ou científica.
1.17 Textos técnicos e de instrução
Mensagem eletrônica (e-mail)
As mensagens eletrônicas, que também podem ter cunho técnico-administrativo, estão sendo muito usadas atualmente, e a celeridade de sua circulação requer cuidados quando utilizadas para fins profissionais. O emissor da mensagem deve atentar para sua clareza, coerência e coesão, não se esquecendo do uso de uma linguagem padrão, formal, uma vez que nas mensagens eletrônicas institucionais e profissionais não cabem abreviaturas, gírias, linguagem coloquial, tal qual usamos em mensagens eletrônicas pessoais.
Convocação
A convocação é uma produção textual utilizada para convocar, chamar, convidar alguém para uma reunião, encontro. É necessário especificar o local, a hora, a data e o objetivo da convocação, a exemplo da pauta de uma reunião ou assembleia.
Ata
É um texto elaborado a partir de relatos, fatos, deliberações ocorridas em uma reunião, encontro, assembleia. Suas principais características são:
· Texto constituído sem parágrafos, emendas ou rasuras, uma vez que a ata é um documento, não se admitindo modificações posteriores. Caso seja necessária alguma alteração, deve-se usar a expressão “Em tempo:”, com a anuência do presidente;
· Números são grafados por extenso;
· O texto poderá ser manuscrito em livro próprio para este fim ou digitado, este último com numeração para cada ata;
· A ata deverá ser assinada, obrigatoriamente, pelo presidente da reunião e pelo secretário desta. Poderá ser assinada pelos demais presentes à reunião, desde que necessário;
· Obrigatoriamente, o texto/ata deverá conter dia, mês, ano e hora da reunião, grafados por extenso; local da reunião; relação nominal dos presentes à reunião; pauta (ordem do dia) e o fecho da ata
Memorando
É um documento que objetiva a comunicação interna entre setores ou departamentos de uma mesma instituição ou empresa. A celeridade da comunicação é uma característica dessa redação. Sua estrutura consiste em:
· Destinatário (nome ou cargo/função)
· Emissor (nome ou cargo/função)
· Assunto: sobre o que o memorando está tratando
· Data
· Mensagem em si
· Fechamento
· Assinatura
Requerimento
É um texto produzido com a finalidade de solicitar, requerer algo dentro de uma mesma instituição pública ou privada. Esse documento é elaborado quando se tem a presunção de que a solicitação tem amparo legal. Como exemplo, tomemos a solicitação, via requerimento, da licença-maternidade.
Declaração
É um documento em que se declara, conceitua, ou explica algo a alguém. Quando queremos comprovar que estamos estudando em determinada instituição, por exemplo, solicitamos da secretaria escolar uma declaração de que estamos matriculados.
Procuração
Documento utilizado para que uma pessoa represente outra, legalmente. Nesse documento, delimitamos ou constituímos amplos poderes, ou seja, delegamos poderes ao procurador para realizar atos quando estiver nos representando. A procuração pode ser simples, redigida de próprio punho ou digitada, ou ainda feita em cartório, também conhecida como procuração pública. É importante ressaltar que a procuração, tal qual a ata, deve ser redigida sem parágrafos, uma vez que não são permitidas emendas ou rasuras. Ela só terá validade se a assinatura for reconhecida em cartório. Isso vale para os dois tipos de procuração, a simples e a pública.
Ofício
Documento de uso exclusivo de órgãos públicos, uma vez que os assuntos tratados nesse documento são sempre oficiais, logo ele pode ser emitido somente por órgãos públicos, porém o destinatário poderá ser a própria administração pública ou empresa/instituição particular. Por se tratar de um documento oficial, deve ser redigido em papel timbrado. Instituições ou empresas particulares utilizam a carta comercial para se comunicarem com outras empresas ou com a administração pública, uma vez que não podem utilizar o ofício.
Relatório administrativo
Com o intuito de comunicar algo a alguém,o relatório administrativo é um relato, opinião/ponto de vista do autor acerca de fato, ação ou ocorrência administrativa. Sua organização consiste em introdução do assunto, desenvolvimento minucioso das ideias/fatos/ocorrências elencadas na introdução e conclusão do que foi exposto, com possíveis recomendações.
1.18 Formas de discurso
Discurso direto
É aquele em que o autor reproduz exatamente o que escutou ou leu de outra pessoa.
Podemos enumerar algumas características do discurso direto:
· Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;
· Uso, especificamente para introduzir os diálogos, dos seguintes sinais de pontuação: dois-pontos e travessão.
Discurso indireto
É aquele em que o narrador reproduz com suas próprias palavras aquilo que escutou de outra pessoa ou leu sobre ela. No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação que introduzem o diálogo e usamos conjunções: que, se, como etc.
Discurso indireto livre
É aquele em que o narrador reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria, servindo-se de orações.
1.21 Como redigir: Bilhete e Correio Eletrônico (E-mail)
O que é específico na redação de textos empresariais e oficiais?
Esses tipos de escrita são atividades com formas de atuação e objetivos bastante específicos, têm estilos e características próprias, o que as distingue sobremaneira de redações literárias. A linguagem da redação de documentos considera, principalmente, a objetividade, a eficácia e a exatidão dos informes.
Usa-se para tal a linguagem denotativa (sentido real das palavras), estrutura simples, paragrafação clara e objetiva. Isso não quer dizer que não devamos preocupar-nos com a estética tanto da linguagem quanto do documento em geral, pelo contrário, isso é primordial para uma boa comunicação. Quando alguém recebe uma comunicação por nós enviada, está também recebendo uma imagem de nós mesmos por aquilo que escrevemos.
É bastante comum as empresas ofertarem treinamento para os funcionários responsáveis pela confecção de comunicação. Essa atitude mostra preocupação com a imagem da empresa, pois as pessoas responsáveis pela escrita não podem cometer erros de gramática, de vocabulário ou de estrutura textual.
Redação empresarial
A redação empresarial é um meio de se estabelecer comunicação entre pessoas por meio de papéis, cartas ou outros documentos. É o conjunto de instrumentos de comunicação escrita: cartas, bilhetes, memorandos, ofícios, requerimentos, contratos. Esse tipo de comunicação é utilizado por empresas, indústria e comércio, com o objetivo de iniciar, manter ou encerrar transações.
A redação empresarial e a correspondência ou redação oficial, às vezes, confundem-se porque se inter-relacionam e unem os objetivos e interesses do comércio, indústria e bancos. Daí pode-se denominar de empresarial ou oficial a reunião dessas comunicações (comerciais, empresariais e bancárias).
Correspondência oficial ou redação oficial?
A correspondência oficial é o meio de que as pessoas se utilizam para manter as relações de serviço na administração pública direta ou indireta, nos âmbitos federal, estadual ou municipal. Assim, redação oficial é a maneira de redigir a correspondência dos mais diversificados objetos de serviços, nos órgãos públicos.
Como redigir
As palavras integram a maior parte das situações que vivemos e, geralmente, expressam o que sentimos. Daí a importância de uma escrita clara e objetiva, ainda mais quando o nosso objeto é a redação empresarial ou oficial. A partir deste encontro, vamos aprender a produzir alguns gêneros textuais que circulam nas esferas sociais de empresas privadas e públicas, para ilustração de sua linguagem e características. Perceba em cada um deles sua finalidade, o perfil de seus interlocutores, sua estrutura e, ainda, o suporte no qual pode ou deve ser veiculado.
Produção textual por dois gêneros de uso habitual na comunicação empresarial e oficial: o bilhete e o correio eletrônico ou e-mail
Bilhete
É um gênero usado para comunicações breves; atualmente, está sendo substituído pelo e-mail. De uma forma ou de outra, há que se ter atenção para ser utilizado o padrão culto da língua. Não se deve esquecer o destinatário e a assinatura no bilhete. É um gênero textual que pode ter significados diversos, pois pode ser um tipo de documento de valor comprovado, ou um breve recado escrito para alguém.
Alguns podem ter código de barras ou uma tarja magnética para armazenar dados nele contidos.
Exemplos:
· Bilhete de loteria, que dá direito a concorrer a sorteios;
· Bilhete ferroviário, que é impresso e dá direito a viajar em transportes coletivos;
· Bilhete rodoviário, que comprova a efetuação de pagamento;
· Bilhete escolar;
· Bilhete (ingresso).
Correio eletrônico ou e-mail
O correio eletrônico ("e-mail"), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão de documentos. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação empresarial.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico (mensagem) deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pedido para confirmação de recebimento. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, e, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
1.22 Mala direta e release
Mala Direta
É um tipo de correspondência que atinge um número grande de pessoas. Deve ter linguagem simples, clara e objetiva, pois se destina a públicos diferentes, de diferentes classes sociais, objetivos e campos de atuação.
Exemplo de Mala Direta
Figura 1- Mala Direta
Fonte: Site Ferwdi
Release
O release é um material informativo distribuído entre jornalistas antes de eventos, solenidades, entrevistas, lançamento de filmes, livros, etc. Normalmente, traz informações sobre fatos, programas ou assuntos para os quais se quer atenção da mídia.
Exemplo de release:
Sala de Imprensa
Release
Refletir sobre dados abertos e democracia na era digital é uma das metas do IV Consegi. Evento convoca representantes de governos, movimentos sociais, hackativistas, pesquisadores e estudantes para o encontro gratuito, em maio.
A onda de abertura de dados governamentais e debates sobre o direito do acesso à informação pública pelo mundo já chegou ao Brasil e movimenta poder público, hackativistas, profissionais de tecnologia, comunidades e pesquisadores. Para reunir essas peças chaves e especialistas nacionais e internacionais, o IV Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi) oferecerá palestras, oficinas e debates, de 11 a 13 de maio, na Escola de Administração Fazendária (Esaf), em Brasília.
Entre os destaques do evento, está confirmada a participação do professor Nigel Shadbolt, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, que liderou com Tim Berners-Lee (um dos criadores da Web) o desenvolvimento do data.gov.uk, projeto do governo britânico para abrir quase todos os dados do setor público, desde estatísticas de tráfego a números de crimes para livre reutilização. O modelo é apontado como um dos mais avançados do mundo, junto com iniciativas dos Estados Unidos (data.gov), Espanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
A programação do Consegi 2011 divide-se em oito eixos temáticos, terá mais de 100 palestras e 70 oficinas. As inscrições pelo sítio www.consegi.gov.br já estão abertas e são gratuitas. Neste ano, são esperadas mais inscrições do queno ano passado, quando foram 6,5 mil inscritos incluindo 600 estudantes dos cursos de tecnologia de Institutos e Universidades Federais e Estaduais. As caravanas poderão acampar no Jardim Botânico de Brasília,que fica ao lado da Esaf, com infraestrutura disponibilizada pelo Consegi. Os interessados em organizar caravanas devem fazer a reserva, até 4 de abril, pelo e-mail caravanas. consegi@serpro.gov.br.
Eixos temáticos
A tônica da programação continua sendo o software livre e a evolução do governo eletrônico, assim como a cooperação e compartilhamento de conhecimento entre entes da Administração Pública, comunidades e países vizinhos. As oito trilhas temáticas abordam, além de dados abertos, assuntos como gestão de Tecnologia da Comunicação e Informação (TIC), e-democracia, multimídia, mobilidade, interoperabilidade, políticas de desenvolvimento tecnológico, educação e inclusão digital.
...
Consegi 2011
O Consegi é uma realização conjunta do Ministério da Fazenda e Esaf, com patrocínio do Serpro, Itaipu Binacional, BNDES, Caixa Econômica Fe deral, Banco do Brasil e Sebrae, além de parceria com a Presidência da Re pública, Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Educação (MEC), Telebrás, Governo do Distrito Federal e outras instituições públicas.
Informações para Imprensa:
Jornalista: João da Silva
Telefone: (xx) xxxx-xxxx email: release@release.gov.b
1.23 Convite e convocação
Convite
O convite é um meio de comunicação pelo qual podemos pedir o comparecimento de alguém a alguma cerimônia. A convocação, em última instância, passa a ser outro instrumento de comunicação, que parece mais formal do que o convite e, de certa forma, exige a presença do convidado. Quando usar a formalidade? A quem se dirigir?
Essas são algumas das questões que formulamos quando pensamos em fazer um convite ou convocação. O convite é menos formal, enquanto a convocação pede formalidade. No segundo caso, quem recebe a mensagem não se deve desobrigar do comparecimento ao evento (reunião). O convite é de livre aceitação.
Exemplo de convocação
CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÃO PARA REPRESENTANTES DOS EMPREGADOS NA CIPA
Ficam convocados os empregados desta Empresa para eleição dos membros da “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA”, de acordo com a Norma Regulamentadora – NR 05 atual, baixada pelo Ministério do Trabalho, a ser realizada, em escrutínio secreto, no dia _______ às _______ horas, no _____________________(local).
Apresentaram-se e, serão votados os seguintes candidatos: ..........(nome dos candidatos da cédula de votação).
Data ______________
(assinatura e carimbo do empregador)
ou
(Comissão Eleitoral)
Fonte: www.seconci-pr.com.br
1.24 Carta comercial
A carta comercial é um instrumento de comunicação de que se valem as empresas ou pessoas no relacionamento comercial. É, também, a imagem de quem a representa. Portanto, não basta que transmita um conteúdo, mas que o faça de maneira que impressione bem, por isso é necessário que sua apresentação cause uma impressão de ordem, organização e competência.
Como em qualquer comunicação, a clareza é uma qualidade imprescindível, pois não se podem esclarecer as dúvidas de imediato. Além da perda de tempo, pode haver como consequência, sérios prejuízos financeiros decorrentes de interpretação errônea motivada pela obscuridade do texto. Então, o mínimo exigido de uma carta é que ela seja inteligível.
Deve-se, também, usar um vocabulário simples, atual, com os termos bem estruturados nas frases. No mundo empresarial, tempo é dinheiro; tempo de quem redige e de quem lê. A carta tem de ser, portanto, concisa, ou seja, deve ter a informação completa com o menor número de palavras, sem se alongar em introduções ou encerramentos já em desuso há muito tempo.
A correção gramatical é importante: é necessário tomar cuidado com o emprego dos pronomes de tratamento que deve ser uniforme, sem que se misture a terceira pessoa gramatical com a segunda, como já estudamos em uma das aulas anteriores.
Exemplo de carta comercial
Lojas RPDP
Goiânia, 22 de março de 2011.
Senhor diretor:
Confirmamos o recebimento de uma reivindicação de depósito no valor de três mil reais referente ao mês de fevereiro. Informamos que o valor foi depositado no dia 1o de março, na agência 0003, conta corrente 3225, Banco dos empresários. Por favor, solicitamos a verificação do depósito e que o senhor nos comunique a efetivação do pagamento. Pedimos desculpa, por não termos feito o depósito anteriormente, porém não possuíamos a sua nova conta bancária.
Agradecemos a sua compreensão e aguardamos o contato.
Atenciosamente,
Amélia de Sousa
Gerente comercial
RPDP e Cia. Ltda.
Empresa de Comércio
Av. Brasil, 1200
Goiânia - GO
1.25 Aviso e circular
Aviso
Usado para manter a comunicação social em uma empresa, comunica com objetividade e eficácia a Rescisão de Contrato de Trabalho (aviso prévio), por exemplo.
Pode ser fixado em local visível ao público ou ser publicado em jornal de grande circulação.
O aviso pode ser:
· De cientificação, notícia, ordem ou prevenção, de texto e formato variados, transmitida direta ou indiretamente ao destinatário;
· Tipo de correspondência, semelhante ao ofício, assinado por ministro de Estado e dirigido a altas autoridades em assunto de serviço;
· Expediente pelo qual um ministro de Estado dá conhecimento, em sua área, de suas decisões de caráter administrativo e de ordem geral, caso em que o documento não traz destinatário expresso nem, logicamente, fecho com expressão de cortesia. (BELTRÃO. 2005)
Atualmente, os avisos são divididos em três tipos distintos:
· O tradicional, de caráter geral e feito através da imprensa ou afixado em quadro próprio, nos locais onde funcionam os serviços públicos (correspondência multidirecional);
· O ministerial, individual ou circular, com aspecto de ofício (correspondência uni ou multidirecional);
· Em fórmula, individual, igual ao utilizado nos escritórios comerciais, industriais e bancários (correspondência unidirecional). (BELTRÃO. 2005)
Quando com um aviso não se obtiver retorno, entrará em ação a carta, gênero que estudamos na aula anterior.
Exemplo de aviso - 1
“A aposentadoria do servidor regido pela C.L.T., rompe o vínculo empregatício a partir do recebimento pela Unidade de Ensino do comunicado de concessão do benefício pelo INSS, deixando de assinar o ponto, assim como praticar atos pertinentes às atribuições da função que exercia, não podendo o Diretor da Unidade de Ensino, como chefe imediato, permitir que ocorra a continuidade do exercício da função.”
Tendo esta Unidade de Ensino recebido, em ___/___/___,o Comprovante de Concessão de Aposentadoria expedido pelo INSS, com data de ___/___/___, estamos rescindindo a partir desta última, o Contrato de Trabalho existente entre o CEETEPS e Vossa Senhoria.
Atenciosamente,
Diretor
Exemplo de aviso - 2
Senhor(a) _____________________(nome do funcionário ou funcionária) _____________________, pelo presente o notificamos que a partir da data subsequente da entrega deste, não mais serão utilizados os seus serviços, pela nossa firma e, por isso, vimos avisá-lo, nos termos e para efeitos do disposto no art. 487 item II - cap. VI - título IV, do decreto lei n.º 5.452, de primeiro de maio de 1943, (consolidação das leis do trabalho).
Observações: aviso prévio indenizado
Saudações
Cuiabá,_______de ______________de ______.
Empresa:
CNPJ:
Assinatura
Circular
A circular é um documento noticioso remetido a diferentes pessoas, órgãos ou entidades. São objetos de circulares as notícias relativas à empresa, de uma forma geral. É toda comunicação reproduzida em vias, cópias, como documento. Destina-se a ordenar, avisar ou instruir.
Exemplo de circular
CIRCULAR Nº _______, _______ DE _______ DE _______.
Senhor Secretário:
Comunico a Vossa Excelência que, por determinação do Senhor Governador do Estado do Paraná, no dia 28 do mês em pauta, dia do Servidor Público, o expediente será normal nas repartições públicas do Estado. Porém, será considerado ponto facultativo o dia 1° de novembro, segunda-feira. A medidanão abrangerá serviços que, por sua natureza, não admitem paralisação.
Atenciosamente,
Nome,
Cargo do signatário.
Ao senhor
Nome,
Secretário de Estado _____________________,
Nesta Capital.
1.26 Ofício e procuração
Ofício
O ofício é um documento expedido entre os órgãos de serviços públicos. Entidades civis, religiosas ou comerciais se utilizam deste termo “ofício” para renomear a carta. É um documento público expedido por alguém superior para troca de informações de subalternos e entre a administração e empresas particulares, em caráter oficial.
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, se considerarmos o aviso oficial e o ofício, ambos: São modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. (MENDES, 2002)
Quais as partes que compõem o ofício?
· Cabeçalho ou timbre
· Índice e número
· Data
· Vocativo
· Introdução
· Explanação
· Fecho (despedida e assinatura)
· Anexo
· Destinatário
· Iniciais (redator e datilógrafo/digitador)
Exemplo de Ofício
Prefeitura de Manaus
Rua São Luis, nº 416
CEP 81000-600
(92) 5543-0050
OFÍCIO N.º 3536/2010
Manaus, 20 de julho de 2010.
Senhor Presidente,
Em atenção ao Ofício nº 026/2010, de 26/05/2010, informamos a Vossa Senhoria, conforme posicionamento da Subsecretaria de Logística desta Secretaria de Administração, que os serviços serão programados em possível Termo Aditivo, previsto para o segundo semestre de 2010.
Atenciosamente,
José Almeida
Secretário Municipal de Administração
Ao
Senhor
Antônio Monteiro Cavalcante
Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Habitacional Santa Clara
Rodovia Torquato, s/nº, Conjunto Santa Clara – Bairro Paz
Procuração
Instrumento pelo qual uma pessoa recebe de outra poderes para, em nome dela, praticar atos ou administrar bens.
A procuração pode ser:
· Pública: se lavrada em cartório;
· Particular: se passada de próprio punho pela pessoa que a dá. Mesmo assim esta deve subordinar-se a certas regras formais para que se identifique como ato perfeito.
Quem passa a procuração é o mandante, constituinte ou outorgante; e quem recebe o mandato é o mandatário, procurador ou outorgado.
· Substabelecer: nomear como substituto; transferir a outrem a procuração recebida de alguém.
· Outorgar: conceder, dar; declarar em escritura pública.
Exemplo de Procuração
Na procuração, deve ficar claro o objeto, ou seja, deve-se colocar todas as atribuições do outorgado para que problemas futuros sejam evitados.
Eu,_________________________ portador da RG n.o _____________ órgão emissor ________, Brasileiro, solteiro e domiciliado na rua ________________________, no ____, apto____, bairro _________________________, na cidade de _____________________, estado do (a)___________, nomeio e constituo o meu bastante procurador ____________
_______________, portador da RG no ____________, órgão emissor _______, Brasileiro, solteiro residente e domiciliado na rua _________________________, bairro ____________________, n.o_____, apto____, na cidade de ______________________, no estado do(a)______________, para______________ junto ao __________________.
Cidade, ____/____/____
Ass.________________________________________________________.
1.27 Ata
O que é uma ata?
É um documento em que se registram as ocorrências de uma reunião. É um ato de registro. A ata pode ser manuscrita em livro próprio ou digitada em folhas numeradas.
Como fazer uma ata?
A ata pode ser manuscrita em livro próprio ou digitada em folhas numeradas. Todas as folhas devem ser rubricadas pelos participantes e pelo presidente da reunião. É importante que se saiba da obrigatoriedade da assinatura do secretário e do presidente, os demais participantes da reunião assinam a ata se for o caso.
O texto deve ser escrito em linhas corridas, sem rasuras e emendas. Se isso ocorrer, deve-se escrever "digo" e em seguida grafa-se o termo exato. "Aos dezessete de julho, digo, junho, de 2006...".
Abre-se somente o parágrafo inicial. Não se devem utilizar números, a escrita deve ser feita por extenso. O tempo verbal a ser usado é o pretérito perfeito do indicativo (ontem). Deve-se ser objetivo. Se o secretário for nomeado no momento da reunião, deve-se usar o termo "ad hoc", que significa que o secretário só o é para aquela ocasião. Se, por um acaso, a ata contiver um erro e este só for observado após a digitação ou o término da grafia, deve-se, antes de se encerrar a ata com assinatura do presidente da reunião, colocar a expressão "em tempo: onde se lê... leia-se..."
Termo de abertura
Este livro contém X folhas numeradas e rubricadas por mim, (nome do secretário), e destina-se ao registro de Atas das reuniões de (colocar o nome condomínio, empresa).
Termo de encerramento
Eu, (nome do secretário), Secretário de (colocar o nome do condomínio, empresa), declaro encerrado este livro de atas/declaro encerrada esta ata de reunião.
Exemplo de ata formal
Ata da Décima Reunião da Diretoria da Empresa ABC
Aos dezenove dias do mês de outubro de dois mil e dez, às oito horas, na sala de reuniões da Empresa ABC, sito na Avenida Batel, número quinhentos e trinta, Curitiba, Estado do Paraná, sob a presidência da Srta. Meire Santos, estando presentes as sócias Andresa Pereira, Mara Lucia Bin e Silvana Vasconcelos. A Srta. Meire Santos abriu os trabalhos solicitando a Srta. Andresa Pereira que secretariasse a reunião e, de imediato lesse a ata da reunião anterior, que foi aprovada sem ressalvas. Pauta: A) Projeto de marketing para 2005. Em seguida a Srta. Andressa Dellabona leu o projeto de marketing para o ano de 2005, que foi aprovado e assinado pelos membros presentes. B) Relatório de custos de setembro. Após a Srta. Andresa Dellabona apresentou relatório de custos referente o mês de setembro de 2004. C) Contratação de funcionários. A gerente de RH Srta. Silvana Vasconcelos solicitou a contratação de mais uma secretária, aprovada a contratação por unanimidade. D) Orçamento para festa de encerramento do ano 2004. A Srta. Mara Lucia Bin apresentou orçamento para realização da festa de fim de ano que será no dia dezoito de dezembro de dois mil e quatro, no restaurante Toscana em Santa Felicidade. O orçamento foi aprovado e assinado pelos membros presentes. Sendo assim, e nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião, e eu, Andresa Pereira, secretária ad hoc, lavrei a presente ata, que, após lida e aprovada, será assinada por todos os presentes. Curitiba, dezenove de outubro de dois mil e dez. (Seguem-se as assinaturas).
Meire Santos – Presidente
Andressa Pereira – Secretária
Exemplo de ata informal
Ata da Reunião da Diretoria da Reality
Ata número: 101 do dia 23-11-2010 às 10h30.
Local: Av. Batel, 50 – Batel – Curitiba – PR
Presidente: Maria Barth Secretária: Andressa Dos Santos
Presentes: Mara Lúcia Bin, Joana da Silva, Carmem de Souza
Pauta e deliberações:
1. Apresentação do projeto para jornal informativo. O modelo apresentado ficou sob a responsabilidade da Sra. Mara Lúcia Bin, que fará as devidas alterações.
2. Compra de dois computadores. A Sra. Carmem solicitou a compra de dois computadores, um para o setor de marketing e outro para a recepção. Aprovada a compra dos dois equipamentos. A compra será feita pelosetor do CPD através de três orçamentos.
Encerramento: 11h30 do dia 23-11-2010.
Assinaturas:
1.28 Contrato
Documento por meio do qual se estabelecem acordos entre pessoas ou entidades. A partir de um contrato existe algum direito ou obrigação entre as partes interessadas.
Quando se faz um contrato?
Quando da compra e venda de bilhetes de loteria ou passagem, em caso de matrícula em uma instituição de ensino, casamentos, prestação de serviços, compra e venda em gera, locações etc.
O que deve constar em um contrato?
· O que geroua negociação? Detalhes
· Quais os direitos e deveres dos contratantes?
· Quais as penalidades, se o contrato for quebrado?
· Quais os prazos de pagamento, entrega, juros?
· Onde residem os contratantes?
· Qual o foro para esclarecimento de dúvidas?
· Quando e onde foi firmado o contrato?
· Quem assina?
· Precisa de registro em cartório?
Quanto à forma, um contrato pode ser:
· Solene: de acordo com a forma prescrita na lei. Exemplo: testamento, casamento.
· Não solene: quando não segue uma forma de existir prescrita na lei. Exemplo: contrato de compra e venda.
Quanto ao modo de existir, um contrato pode ser:
· Principal: não depende de outro para existir. Exemplo: contrato de locação.
· Acessório: depende de outro para existir. Exemplo: contrato de fiança.
Quanto à natureza, um contrato pode ser:
· Gratuito ou unilateral: quando a despesa acontece somente para um dos contratantes. Exemplo: doação, empréstimo.
· Oneroso ou bilateral: quando gera gastos para ambas as partes. Exemplo: compra de um imóvel.
Exemplo de Contrato
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS
Pelo presente instrumento particular, ________________ CGC ______________ estabelecida _____________________________, e aqui denominada CONTRATADA e _______________________, CPF/CGC: ______________________, RG/IE: ________________, estabelecido a ______________________________, aqui denominado CONTRATANTE, têm entre si justo e contratado o seguinte:
I – DO OBJETO DO CONTRATO
O presente contrato tem como objeto a formulação do conjunto de páginas eletrônicas e gráficas, aqui denominado simplesmente por ”SITE” ou “HOME PAGE”, para uso exclusivo na Internet, com referência institucionais da CONTRATANTE, demonstrando os seus produtos, serviços e tecnologia. Também incluso a prestação de serviço referente à manutenção deste “SITE”.
II - DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA
A CONTRATRADA se obriga a desenvolver o objeto deste contrato da maneira mais adequada e dinâmica, dando ênfase a marca e a qualidade dos produtos e serviços da CONTRATANTE. Faz parte ainda os seguintes serviços a serem executados pela CONTRATADA:
· Elaboração do projeto gráfico e fluxo das informações;
· Programação das páginas em HTML;
· Programação das páginas em ASP;
· Programação dos bancos de dados necessários;
· Manutenção do “SITE” assim que as partes acharem necessário.
III - DAS OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE
Ficará sobre responsabilidade da CONTRATANTE, a entrega de todo o material necessário para execução dos trabalhos ora tais como:
· Fotos e imagens a serem adicionadas nas páginas;
· Textos descritivos;
· Logotipo.
O CONTRATANTE deverá efetuar corretamente os pagamentos à CONTRATADA, segundo item V.
IV - DA MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS
A CONTRATADA através da manutenção dos serviços, sendo Preventivo e/ou Corretivo, manterá o “SITE” em condições de navegabilidade, efetuando os necessários ajustes, configurações e reparos visuais.
1º. Somente os técnicos da CONTRATADA poderão executar serviços técnicos preventivos e ou corretivos, a que se refere esta cláusula.
2º. A manutenção dos serviços aqui contratados não incluem:
· Os serviços adicionais aos mencionados neste contrato;
· Elaboração e construção de bancos de dados extras;
· Produção de fotos;
· Produção de vídeos;
· Configuração de estação de usuário da Internet;
· Problemas apresentados nos equipamentos de comunicação, tais como modems e cabos de redes;
· Problemas apresentados em consequência da presença de vírus no equipamento;
· Problemas apresentados em consequência de software defeituosos, mal instalados ou mal configurados;
· Criação de novas páginas ou alterações de layout diferenciado para o “SITE” do CONTRATANTE;
Problemas que não estão ligados diretamente à ___________________(nome da empresa contratada).
3º. A CONTRATADA se reserva no direto de inserir uma pequena imagem de aproximadamente 70x40 pixels na página principal da CONTRATANTE com a seguinte descrição:
“____________________”.
4º. A CONTRATADA se compromete a cadastrar o “SITE” do CONTRATANTE nos principais “SITES” de busca nacionais e internacionais.
V - PREÇO E FORMA DE PAGAMENTO
Para os serviços de construção, manutenção e inclusão do “SITE”, objeto deste contrato, ora estipulado terá um custo no valor de:
- Construção: R$ ____________
Uma vez que a CONTRATADA cumpra todos os requisitos, o CONTRATANTE efetuará o pagamento do serviço prestado de construção do “SITE” da seguinte forma:
(forma de pagamento)
- Manutenção: R$ ____________________, a serem pagos da seguinte forma:
- (forma de pagamento)
VI - DA RESCISÃO DO CONTRATUAL
O presente contrato poderá ser rescindido pelo CONTRATANTE, sem ônus algum, quando:
· A CONTRATADA não executar os serviços solicitados pelo CONTRATANTE, e que estejam de acordo com as ANOTAÇÕES cláusulas deste contrato.
· Quando a CONTRATADA descumprir alguma das cláusulas deste contrato.
O presente contrato poderá ser rescindido pela CONTRATADA, quando:
O CONTRATANTE na hipótese de inadimplência das obrigações ora assumidas, devendo a parte inocente notificar a parte culpada a sanar sua falha no prazo de 30 dias, após isso, não sanada a dívida, a CONTRATADA não efetuará qualquer tipo de trabalho para o CONTRATANTE.
VII - PRAZO DE VIGÊNCIA DO PRESENTE CONTRATO
Com exceção dos serviços de implantação do sistema o presente contrato vigorará por prazo determinado de 1 (um) ano, podendo ser renovado posteriormente. E, por assim estarem justos e contratados, firmam o presente contrato em duas vias de igual teor e forma,
São Paulo, ____ de ________ de _____.
Assinam CONTRATADA e CONTRATANTE.
1.29 Edital
Esta comunicação tem a finalidade de convocar, avisar ou informar. Deve ser afixado em local visível e publicado em jornais de grande circulação, pois se trata de um documento cujo teor não se pode desconhecer.
Pode ser dividido em:
· Edital de concorrência;
· Edital de concurso;
· Edital de convocação;
· Edital de leilão.
Como é um Edital de Convocação?
Exemplo de Convocação
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA PARA ELEIÇÃO DA DIRETORIA DA APAE DE ----------------------
A APAE de ____________________, com sede nesta cidade, na rua ______________, no ______, bairro ____________, através de sua Diretoria Executiva, devidamente representada por seu Presidente Sr. (a) ________________________, CONVOCA através do presente edital, todos os associados contribuintes e pais de alunos da APAE, para Assembleia Geral Ordinária, que será realizada na sede da APAE, às __________ horas, do dia __de __________de 2007, com a seguinte ordem do dia:
1- Apreciação e aprovação do relatório de atividades da gestão 2005/2007.
2- Apreciação e aprovação das contas dos exercícios 2005/2007, mediante parecer do Conselho Fiscal.
3- Eleição da Diretoria Executiva, Conselho de Administração e Conselho.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA PARA ELEIÇÃO DA DIRETORIA DA APAE DE ----------------------
A APAE de ____________________, com sede nesta cidade, na rua ______________, no ______, bairro ____________, através de sua Diretoria Executiva, devidamente representada por seu Presidente Sr. (a) ________________________, CONVOCA através do presente edital, todos os associados contribuintes e pais de alunos da APAE, para Assembleia Geral Ordinária, que será realizada na sede da APAE, às __________ horas, do dia __de __________de 2007, com a seguinte ordem do dia: Fiscal da APAE de ___________, em cumprimento ao disposto no artigo 18, “c” e 19 do Estatuto da APAE de ____________.
4- A inscrição das chapas candidatas deverá ocorrer na Secretaria da APAE até 20 dias antes da eleição, que se realizará dentre as chapas devidamente inscritas e homologadas pela comissão eleitoral. (art. 48, § 1º , do Estatuto) .
5- Somente poderão integrar as chapas os concorrentes associados da APAE há pelo menos 1 (um) ano, preferencialmente com experiência diretiva no Movimento Apaeano, quites com suas obrigações junto à tesouraria da APAE. (art. 48, § 2º , do Estatuto) .
6- É vedada a participação de funcionários da APAE na Diretoria Executiva, Conselhode Administração e Conselho Fiscal, ainda que cedidos ou com vínculo empregatício direto ou indireto. (art. 48, § 6º , do Estatuto)
7- A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação às ________horas, com a presença da maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número, meia hora depois, não exigindo a lei quorum especial (art.17, §2º , do Estatuto).
__________________, _____________, de 2007.
_________________________
(Presidente da APAE)
Fonte: site Apae Brasil
Atente para a linguagem coloquial utilizada no texto, característica marcante da internet.
Análise do edital do concurso do STJ (Superior Tribunal de Justiça)
Com a palavra Tiago Gomes
O edital começa com balde de água fria em todos os concurseiros, assim diz: “O STJ... torna pública a realização de concurso público para formação de cadastro reserva...”. É o fim para muitos. Acreditem, muitos bons candidatos deixam de fazer um concurso desses por conta de uma frase como essa. O que muitos não sabem é que corre um projeto de lei no Congresso Nacional para a criação de 121 vagas no STJ, além disso, no último concurso o número de convocados foi muito grande. O STJ, historicamente, chama muita gente (509 para TJAA, 409 para AJAJ...) em seus concursos. Portanto, concurseiro tem que ter o pé no chão, ser realista, mas não pode ser bobo em cair na “pegadinha” do cadastro reserva.
Mais embaixo, no item 1.3 mais uma bomba: “O concurso será realizada no Distrito Federal.”. Infelizmente ainda não temos uma lei que obriga que concursos para órgãos federais tenham prova, pelo menos, nas capitais dos Estados. Então, o candidato que veio fazer o concurso do STF e não foi tão bem pensa assim: “Brasília novamente? Para ter um resultado desprezível? Para gastar o dinheiro que não tenho?”. Pronto, aqui vai mais meio mundo de gente bem-preparada. Acontece que o pensamento negativo existe e está por aí para pôr medo em quem o deixa chegar e se apoderar da mente. Você que se encontra nesta situação, vai uma dica: Faça o concurso do STJ! Cada prova é uma prova, cada dia é um dia. Faça um esforço e não perca essa oportunidade.
O Item 2 do Edital fala sobre os cargos, seus requisitos, descrição das atividades, remuneração e jornada de trabalho. Este é um ponto importante do Edital, é aqui que o concurseiro tem a oportunidade de saber quais são as atividades que desempenhará se aprovado, a duração do trabalho e o salário que irá receber. Este ponto será mais bem analisado junto com o respectivo conteúdo programático.
ATENÇÃO!!! Para o cargo de Analista Judiciário – Apoio Especializado – Informática poderá prestar também o candidato que tenha diploma de curso superior em QUALQUER área, desde que acrescido de certificado em nível de pós-graduação na área de informática de, no mínimo, 360 horas. Ou seja, aqueles que não são formados na área, mas têm uma pós-graduação em informática, poderão prestar o concurso para este cargo.
O item 3 fala sobre as vagas destinadas aos candidatos portadores de deficiência. Apesar da Lei n. 8.112/90 afirmar que até 20% das vagas poderão ser destinadas aos candidatos portadores de deficiência, o Edital em seu item 3.1 afirma que apenas 5% das vagas serão providas por estes candidatos. Podendo, em caso de fracionamento, ser elevado ao primeiro número inteiro subsequente, desde que não ultrapasse 20% das vagas.
O Edital traz uma série de informações para estes candidatos que necessitam de um cuidado especial antes, durante e depois da prova. Nada mais certo, uma vez que a oportunidade é para todos os independentes de se ter ou não uma deficiência. Tanto é que o edital é claro em seu item 3.1.2: “O candidato que se declarar portador de deficiência, concorrerá em igualdade de condições com os demais candidatos.”.
ATENÇÃO!!! O portador de deficiência deve atentar ao prazo para a entrega dos laudos médico que será até o dia 27/08/2008, das 8h às 19 horas, exceto sábado, domingo e feriado. Também poderá mandá-lo via SEDEX ou carta registrada, não esquecendo que deverá postar até a data limite. O item 4 traz uma curiosidade. Vocês sabiam que é um requisito básico para a investidura no cargo ter sido aprovado no concurso? Nada mais óbvio não é verdade. Ironias à parte, este item nos revela os requisitos para a investidura. Além dos já mencionados na lei 8.122/90, constam os requisitos:1) Apresentar os documentos necessários na ocasião da posse; e 2) Cumprir as determinações deste edital. Também bastante óbvios.
1.30 Convênio
Um convênio é firmado para atender a interesses recíprocos. É um ajuste ou acordo entre duas ou mais pessoas, ou ainda, entre empresas para a prática de determinadas ações. São firmados pelas empresas convênios de assistência médico-odontológica, por exemplo.
Exemplo de convênio
Convênio que entre si celebram a UNIÃO, representada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e o Estado de ..., representado pela sua Secretaria de Fazenda, objetivando a integração dos cadastros e o intercâmbio de informações entre o Cadastro Sincronizado Nacional (CadSinc) e o sistema aplicativo de integração estadual.
A UNIÃO, por intermédio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão do Ministério da Fazenda, doravante denominada RFB, CNPJ no 00.394.460/0058-87, neste ato representada pelo Secretário, Senhor Otacílio Dantas Cartaxo, portador da Carteira de Identidade (CI) no 1.283.258 (SSP/ PE) e do CPF no 050.619.384-53, e o Estado de ..., por intermédio da Secretaria de Fazenda, doravante denominada Sefaz, inscrita no CNPJ sob o no..., neste ato representada por seu Secretário, Senhor ________________, portador da Carteira de Identidade (CI) no ___ (SSP/__) e do CPF no__________, com fulcro no art. 37, inciso XXII, da Constituição Federal, no Protocolo de Cooperação 01/2004 – I ENAT, de 17 de julho de 2004, no Protocolo de Cooperação 01/2005 – II ENAT, de 27 de agosto de 2005, no Protocolo de Cooperação 05/2006 – III ENAT, de 10 de novembro de 2006, no Protocolo de Cooperação 04/2007 – IV ENAT, de 7 de dezembro de 2007, e na Instrução Normativa RFB no 1.005, de 8 de fevereiro de 2010, resolvem celebrar, por seus representantes legais, o presente Convênio que se regerá pelas seguintes cláusulas:
CLÁUSULA PRIMEIRA - O presente Convênio tem por objeto o desenvolvimento de programa de cooperação técnico-administrativa visando à integração dos cadastros, ao intercâmbio de informações entre o Cadastro Sincronizado Nacional (CadSinc) e o sistema aplicativo de integração estadual, e à disponibilização das respectivas bases de dados cadastrais dos contribuintes em geral, para fins de agilização da obtenção, pelos contribuintes, do seu cadastramento junto à RFB, à Sefaz, aos demais órgãos estaduais e aos Municípios do Estado de ___________ que aderirem ao presente Convênio, com a mínima exigência possível de documentos em papel.
PARÁGRAFO PRIMEIRO - O programa de cooperação técnico-administrativa compreenderá o aperfeiçoamento, a organização e a uniformização de procedimentos para coleta, tratamento e armazenamento de dados cadastrais.
PARÁGRAFO SEGUNDO - A Sefaz, os demais órgãos estaduais e os Municípios que aderirem ao presente Convênio, no âmbito do programa, adotarão o número de inscrição no CNPJ como identificador cadastral.
PARÁGRAFO TERCEIRO - Para consecução dos objetivos previstos nesta cláusula, os convenentes e os partícipes que aderirem ao presente Convênio manterão independentes suas bases de dados cadastrais, observando o sincronismo das informações.
CLÁUSULA SEGUNDA – A adesão dos Municípios do Estado de __________ ao presente Convênio será formalizada pela assinatura de Termo de Adesão conforme minuta referencial constante do Anexo.
PARÁGRAFO ÚNICO – A Sefaz comunicará à RFB a relação dos Municípios que aderirem ao presente Convênio.
CLÁUSULA TERCEIRA – A Sefaz poderá repassar a outros órgãos do Estado de ________, bem como aos Municípios do Estado de _________ que tenham formalizado a adesão a este Convênio, informações exclusivamente cadastrais, relativas a pessoas jurídicas e físicas, obtidasjunto à RFB, quando indispensáveis aos procedimentos de registro e legalização de empresas e negócios.
CLÁUSULA QUARTA - A execução das atividades do presente Convênio ficará a cargo de comissão paritária, incumbida de praticar todos os atos relativos à atuação conjunta com vistas à consecução dos objetivos do Convênio.
PARÁGRAFO PRIMEIRO - A comissão será composta por quatro servidores, dois de cada convenente, indicados pelos respectivos representantes mediante comunicação escrita no prazo de trinta dias, contado da data de assinatura deste Convênio.
PARÁGRAFO SEGUNDO - Sem prejuízo das incumbências previstas nesta cláusula, a comissão poderá propor aos representantes:
1. adoção de projeto técnico de sistema eletrônico;
2. alteração de atos legais ou normativos;
3. alteração ou complementação dos termos do presente Convênio; e
4. alteração ou implementação de procedimentos técnicos ou administrativos.
CLÁUSULA QUINTA - Os convenentes e os partícipes que aderirem ao presente Convênio aceitam as limitações normativas impostas pelo seu respectivo Ente Federativo no que concerne a atos reguladores de coleta, tratamento e armazenamento de dados cadastrais.
CLÁUSULA SEXTA - As informações de interesse recíproco dos convenentes e dos partícipes que aderirem ao presente Convênio serão solicitadas às respectivas prestadoras de serviço ou aos setores responsáveis que mantêm suas bases de dados, por qualquer meio ou solução adotado de comum acordo, observados os procedimentos legais e normativos para sua obtenção.
CLÁUSULA SÉTIMA - Os convenentes e os partícipes que aderirem ao presente Convênio se comprometem a utilizar os dados que lhes forem fornecidos em decorrência da execução do presente Convênio somente nas atividades que, em virtude de lei, lhes compete exercer, não podendo transferi-los a terceiros, seja a título oneroso ou gratuito, ou de qualquer outra forma divulgá-los, sob pena de extinção imediata deste Convênio.
PARÁGRAFO ÚNICO - Os convenentes e os partícipes que aderirem ao presente Convênio poderão celebrar convênios com outros órgãos ou entidades, com a finalidade de assegurar a veracidade dos dados coletados, sem prejuízo da obrigação descrita nesta cláusula.
CLÁUSULA OITAVA - Cada convenente e cada partícipe que aderir ao presente Convênio responsabilizar-se-ão pela remuneração devida aos respectivos servidores designados para as atividades previstas neste Convênio, bem assim pelas despesas, no respectivo âmbito de atuação, com desenvolvimento e implementação de projeto, que deverão correr à conta de dotações orçamentárias próprias, ficando claro que este Convênio não envolverá a aplicação de recursos específicos ou ônus financeiro adicional para qualquer dos partícipes, tampouco envolverá transferência de recursos financeiros.
PARÁGRAFO PRIMEIRO – A RFB, a Sefaz, os demais órgãos estaduais e os Municípios que aderirem ao presente Convênio não arcarão com custos referentes ao acesso, por qualquer meio, às informações que lhes sejam disponibilizadas pelo outro partícipe, cabendo o ônus ao convenente ou ao partícipe aderente que estiver na posição de fornecedor das informações.
PARÁGRAFO SEGUNDO – A RFB será responsável pelo custo da disponibilização das informações até o sistema aplicativo de integração estadual.
CLÁUSULA NONA - O presente Convênio terá vigência por prazo indeterminado, a partir da data de sua assinatura, e poderá ser alterado, por consenso e formalizado em termo aditivo, ou denunciado por qualquer dos partícipes, mediante comunicação escrita, reputando-se extinto cento e vinte dias após o recebimento da comunicação por qualquer dos convenentes, sem que disso resulte ao partícipe denunciado o direito a reclamação ou indenização pecuniárias.
CLÁUSULA DÉCIMA - As eventuais dúvidas, omissões e controvérsias oriundas deste Convênio serão dirimidas pelos partícipes, de comum acordo, mediante proposta de solução a ser apresentada pela comissão paritária de que trata a cláusula quarta.
PARÁGRAFO ÚNICO - As eventuais controvérsias que não puderem ser dirimidas de comum acordo entre os partícipes serão submetidas ao Juízo da Justiça Federal, Seção Judiciária do Distrito Federal.
CLÁUSULA DÉCIMA-PRIMEIRA - A RFB e a Sefaz providenciarão a publicação deste Convênio, em extrato, respectivamente, no Diário Oficial da União no Diário Oficial do Estado de _____________.
E, por estarem de acordo os partícipes, foi lavrado o presente Convênio, em duas vias de igual teor e forma, assinadas pelos respectivos representantes, destinada uma para cada convenente.
Brasília, __ de ___________ de _______
Otacílio Dantas Cartaxo
Secretário da Receita Federal Brasil
____________________________________
Secretário de Fazenda do Estado de ______
Testemunhas:
1) Nome:
CPF: _____._____._____-___ e assinatura: ____________________
2) Nome:
CPF: _____._____._____-___ e assinatura: ___________________.
2 Matemática Financeira
Porcentagem
Porcentagem é uma maneira de expressar uma fração de um todo em termos de 100.
1. Definição e Cálculo:
- A porcentagem representa uma parte de 100. Por exemplo, 25% significa 25 de cada 100.
- Para calcular a porcentagem de um número, multiplica-se o número pela porcentagem desejada e divide-se por 100. Por exemplo, 20% de 50 é (20/100) * 50 = 10.
2. Conversão entre Frações, Decimais e Porcentagens:
- Para converter uma fração em porcentagem, multiplica-se a fração por 100. Por exemplo, 1/4 é 25% porque (1/4) * 100 = 25.
- Para converter um decimal em porcentagem, multiplica-se o decimal por 100. Por exemplo, 0,75 é 75% porque 0,75 * 100 = 75.
- Para converter uma porcentagem em decimal, divide-se a porcentagem por 100. Por exemplo, 45% é 0,45 porque 45/100 = 0,45.
3. Aumento e Diminuição Percentual:
- Para calcular um aumento percentual, adiciona-se a porcentagem de aumento ao valor original. Por exemplo, se um item custa $100 e há um aumento de 20%, o novo preço é $100 + ($100 * 0,20) = $120.
- Para calcular uma diminuição percentual, subtrai-se a porcentagem de diminuição do valor original. Por exemplo, se um item custa $100 e há uma diminuição de 15%, o novo preço é $100 - ($100 * 0,15) = $85.
4. Porcentagem de Mudança:
- Para encontrar a porcentagem de mudança entre dois valores, subtrai-se o valor antigo do valor novo, divide-se pelo valor antigo e multiplica-se por 100. Por exemplo, se o preço de um item mudou de $50 para $70, a porcentagem de mudança é ((70 - 50) / 50) * 100 = 40%.
5. Uso em Estatísticas e Probabilidades:
- Em estatísticas, porcentagens são usadas para descrever dados e probabilidades. Por exemplo, se 60 de 200 pessoas em uma pesquisa preferem uma marca específica, isso representa 30% do total.
6. Porcentagem em Contextos Financeiros:
- Em finanças, porcentagens são usadas para calcular juros, retornos de investimento, descontos, impostos etc. Por exemplo, um investimento com um retorno anual de 5% significa que ele cresce 5% a cada ano.
2.2 Conceitos da matemática financeira
Introdução à Matemática Financeira
A matemática financeira é um conjunto de técnicas e formulações matemáticas com o objetivo de analisar situações de investimentos ou financiamentos envolvendo o valor do dinheiro e o tempo. O valor muda no tempo, uma vez que o investidor poderá aplicá-lo e obter uma taxa de remuneração pelo capital. Essa remuneração do capital no tempo é chamada de juros. Portanto, a matemática financeira consiste em empregar procedimentos matemáticos para simplificar a operação financeira. Para isso empregará alguns elementos como, por exemplo, taxa, inflação, índice de preços, lucros, prejuízos, cotações de moedas, valor atual líquido e outros itens e alternativas econômicas.
Mas, na prática, o que significa o “valor do dinheiro no tempo”?
Vejamos, então. Intuitivamente, nós sabemos que determinado valor em dinheiro, como, por exemplo, R$ 4.000,00, hoje, vale mais que daqui a um ano. Você saberia explicar por que isso ocorre?
Conceitos:
· Juro (J) – é a remuneração do capital no tempo.
· Capital (C) - é qualquervalor expresso em moeda disponível.
· Taxa (i) – é a razão entre os juros recebidos (ou pagos) no fim de um período de tempo. Ela está sempre relacionada com uma unidade de tempo (dia, semana mês, semestre, ano).
· Montante (M) – é a soma do capital aplicado no início da operação financeira e dos juros acumulados no final do período de aplicação.
Vejamos o exemplo a seguir.
Uma pessoa vai fazer uma compra no valor de R$ 4.000,00, usando o que tem depositado na caderneta de poupança, que está rendendo 1% ao mês. Ela quer saber, do ponto de vista financeiro, qual plano de pagamento será mais vantajoso: 1. Pagar à vista; ou 2. “Pagar em duas prestações iguais, de R$ 2.005,00 cada uma” (DANTE, 2008).
Se você analisar bem, aplicando as técnicas da matemática financeira, você vai compreender que a melhor alternativa é o pagamento em duas parcelas iguais no valor de R$ 2.005,00. Vamos analisar juntos? Observe bem as duas situações:
· Pagar à vista;
· Pagar em duas prestações iguais de R$ 2.005,00 cada uma.
Pagando à vista: toda quantia de R$ 4.000,00 será gasta (sobrará zero). Pagando em duas prestações de R$ 2.005,00: como] a caderneta de poupança utiliza o sistema de juros compostos, após o pagamento da primeira prestação sobrará a quantia de R$ 1.995,00, que renderá juros de 1% até o pagamento da segunda prestação. Veja:
1% de R$ 1.995,00 = R$19,95
M = R$ 1.995,00 + R$ 19,95 = R$ 2.014,95
R$ 2.014,95 – R$ 2.005,00 = R$ 9,95
Logo, o segundo plano de pagamento é o melhor, pois ainda sobrará a quantia de R$ 9,95, que em relação à primeira significa lucro.
Nesse simples exemplo, podemos perceber que as situações corriqueiras exigem sempre uma decisão a tomar. Imagine isso na vida de uma empresa cujo faturamento seja bastante superior à renda de uma família. É fundamental que tenhamos sempre algum tipo de mecanismo que nos auxilie nessas tomadas de decisão. Assim, o estudo da matemática financeira se reveste de vital importância tanto para qualquer pessoa quanto para a situação financeira das empresas.
Agora, daremos continuidade aos termos apresentados no início desta aula. Mais detalhadamente, vamos falar sobre o capital. Inicialmente, você teve uma noção do significado desse termo, não é verdade? Seria o valor expresso em moeda disponível. Agora, você conhecerá outras terminologias. Veja:
Capital é o valor aplicado em alguma transação financeira. Nas operações de crédito, também é conhecido como principal (P). Você também pode classificá-lo como valor presente, valor atual ou valor aplicado – todas essas nomenclaturas possuem a mesma característica. Mas não importa como ele é chamado, o importante é que você entenda que sobre ele, ou seja, o capital, podem incidir rendimentos mediante aplicações financeiras –nesse caso seria um recebimento, ou ainda encargos financeiros, que são aqueles juros cobrados por instituições financeiras sobre algum valor emprestado, como, por exemplo, os empréstimos bancários.
Agora, vamos tratar dos juros, de uma forma mais abrangente.
Juro é a remuneração que recebemos ao aplicar um capital, seja pelo banco ou pela empresa. Quando aplicamos um capital, estamos tomando uma decisão de adiar o recebimento de um bem de consumo. Assim, você espera obter uma recompensa por ter deixado de consumir ou um prêmio por ter deixado de consumir e ter poupado. Essa recompensa é representada pelo juro que você recebeu, se for aplicado num CDB (Certificado de Depósito Bancário) de um banco ou qualquer outro tipo de aplicação financeira, como, por exemplo, a caderneta de poupança.
Mas juro não é só recompensa ou bonificações recebidas. Se você atrasa o pagamento de alguma obrigação financeira (duplicatas, boleto bancário, entre outros), o valor presente terá incidência de juros. Você se lembra de que já falamos sobre valor atual? Isso mesmo, estamos nos referindo ao capital.
O juro é uma das mais antigas aplicações da matemática financeira. Foi-se adequando ao longo do tempo de acordo com as necessidades de cada época, e buscando novas formas de trabalhar a relação tempo-dinheiro. Como dissemos anteriormente, a taxa de juros está sempre relacionada a uma unidade de tempo. A ideia de juros que conhecemos hoje veio, aproximadamente, de 2000 a.C.
Segundo estudiosos especialistas da área, os juros existem desde a época dos primeiros registros das civilizações existentes na terra. Nessa época, os juros eram pagos pelo uso de sementes ou de outros bens.
Como você pode notar, a matemática utilizada hoje teve origem há muitos séculos e foi se adequando às diferentes situações no tempo.
Vamos continuar nosso estudo?
Agora você vai saber um pouco mais sobre o que é montante. Montante é a soma do capital com os juros, podendo também ser chamado de valor futuro ou valor final. Veja bem, quando um investidor aplica um capital, por certo tempo, a uma determinada taxa, no final desse período, ele tem à sua disposição não só o valor inicial (valor presente ou capital) aplicado, mas também os juros que lhe são devidos. Esse total, que é a soma de capital e juros, é chamado montante.
Taxa de juros: é o valor do juro em determinado tempo, expresso como porcentagem sobre o valor do capital inicial. Pode ser expresso de forma unitária ou percentual (0,15 ou 15%, respectivamente).
Prazo e Períodos: As transações financeiras são feitas tendo-se como referência uma unidade de tempo (como um dia, um mês, um semestre etc.), ou seja, o capital ficará aplicado a uma taxa de juros nesse determinado tempo.
A seguir, vamos às notações de capital, taxa de juros, período de tempo, juros e montante, que farão parte das fórmulas usadas nas resoluções de aplicações financeiras.
Capital = C
Taxa de juros = i
Período de tempo = n
Juros ao capital inicial = C x i x n
Montante = C + J
Devemos tomar cuidado especial no emprego das taxas e dos períodos de tempo, pois a taxa de juros e o prazo devem estar sempre na mesma unidade tempo.
Nos exemplos a seguir, vamos escrever a taxa de juros e o prazo numa mesma unidade de tempo.
· taxa 5% a.a. e o período em meses.
· Temos que dividir a taxa 5 por 12, pois o ano tem 12 meses, transformando assim a taxa em mês. 5/12 = 0,41% a.m. Assim, 5% a.a. (5% ao ano) equivale a 0,41% a.m. (0,41% ao mês).
· 8% a.m. e o período em dias.
· Dividindo a taxa 8 por 30, pois o mês comercial tem 30 dias, obtemos 0,26. Logo, 8% a.m. equivale a 0,26% a.d. (ao dia).
· taxa de 12% a.m. e período de 2 anos.
· Nesse exemplo, podemos transformar o período em meses (2 anos = 24 meses) e teríamos, então, a equivalência. Você percebeu que se pode transformar tanto a taxa (i) como o período (n)? O importante é termos taxas equivalentes.
Precisamos prestar atenção também no fato de que os juros são calculados com base no mês e no ano comercial.
Ano civil = 365 dias
Ano comercial = 360 dias
Mês comercial = 30 dias
Regime da Capitalização
O regime de capitalização trabalha com dois sistemas distintos: regime de juros simples e regimes de juros compostos. Portanto, a sucessiva incorporação dos juros ao capital ao longo do tempo pode ser feita em um desses dois regimes.
No regime de juros simples, apenas o capital inicial rende juros; não incidem, pois, juros sobre juros. Nesse regime de capitalização, a taxa varia linearmente, ou seja, num alinhamento reto, em função do tempo. Já no regime de juros compostos, a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período anterior. Nesse regime, a taxa varia exponencialmente em função do tempo.
Vamos a um exemplo prático.
Analise a evolução de um capital inicial de R$ 100,00, aplicado por cinco anos a uma taxa de 10% a. a., no regime de juros simples (tabela 1) e compostos (tabela 2).
Tabela 1 - Regime de juros simples
Ano
Capital inicial
Juros do ano
Capital final
1
R$ 100,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 110,00
2
R$ 110,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 120,00
3
R$ 120,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 130,00
4
R$ 130,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 140,00
5R$ 140,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 150,00
Observe que a tabela 1 mostra a evolução do capital de R$ 100,00 ao longo de cada um dos cinco anos no regime de juros simples. Veja, nesse regime, o capital inicial cresce linearmente no tempo, a uma razão de R$ 10,00 (10% x R$100,00) por ano.
A tabela 2 mostra a evolução do capital de R$ 100,00 ao longo de cada um dos cinco anos no regime de juros compostos.
Tabela 2 - Regime de juros compostos
Ano
Capital inicial
Juros do ano
Capital final
1
R$ 100,00
10% x R$ 100,00 = R$ 10,00
R$ 110,00
2
R$ 110,00
10% x R$ 110,00 = R$ 11,00
R$ 121,00
3
R$ 121,00
10% x R$ 121,00 = R$ 12,10
R$ 133,10
4
R$ 133,10
10% x R$ 133,10 = R$ 13,31
R$ 146,41
5
R$ 146,41
10% x R$ 146,41 = R$ 14,64
R$ 161,05
Observe que, no regime de juros compostos, o capital inicial cresce exponencialmente com o tempo. A cada período, os juros são incorporados ao saldo anterior e passam a render juros.
Podemos constatar que o valor acumulado no final do quinto ano do regime de juros compostos – R$ 161,05 – é maior do que no regime de juros simples, R$ 150,00. A diferença de R$ 11,05 corresponde ao rendimento de juros sobre juros.
2.4 Juros Simples
Juros
Isso mesmo, juros são um percentual sobre um valor em dinheiro, o capital. Para falar sobre juro é necessário primeiramente falarmos sobre o termo taxa (%). Observe que na televisão, no rádio, em jornal, em folhetos de propaganda, entre outros meios de comunicação, é comum o uso desse termo
Esse recurso é muito utilizado por profissionais de marketing com objetivo de chamar a atenção do consumidor para a venda de bens, produtos ou serviços.
A taxa de juro é sempre apresentada em relação ao intervalo de tempo.
Por exemplo: 2% a.d. ( 2% ao dia) 12% a.m. (12% ao mês) 10% a.b. (10% ao bimestre) 24% a.t (24% ao trimestre) 15% a.a. (15% ao ano)
Você sabe por que isso ocorre? Isso acontece para que o cliente saiba antecipadamente o quanto ele se beneficiará em termos de economia com a compra de determinado produto, ou seja, o quanto ele pode lucrar com a oferta – além, é claro, de ser uma estratégia de mercado para tentar vencer os concorrentes.
Veja outra situação. Quando você vai a alguma loja comprar um produto, ou em um banco obter um empréstimo, você tem um prazo para pagar, certo? Isso mesmo, o prazo da operação financeira é dado em dias, meses, trimestres, anos etc. Lembre-se que falamos sobre isso na nossa primeira aula, dissemos que a taxa de juros e o prazo devem estar sempre na mesma unidade de tempo.
Nas transações financeiras e comerciais, são muito comuns situações de compra a prazo, empréstimo e aplicações. Ao comprarmos um produto a prazo, pagamos, além do valor do produto, uma quantia chamada juro. Quando tomamos emprestada certa quantia em dinheiro, pagamos, além dessa quantia, um determinado valor: é como se fosse um aluguel pelo tempo em que o dinheiro ficou emprestado. Esse acréscimo também é chamado de juro.
Veja: uma operação financeira com cheque especial, por exemplo, em certos casos, pode oferecer vantagens aos seus clientes. Mas, atenção, pois cada instituição bancária possui uma tabela de juros. Dessa forma, devemos verificar antecipadamente qual é o percentual de juros cobrados pelas instituições financeiras.
Além desses juros no saldo devedor do dia, incide também a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Então, vamos analisar como é feito esse cálculo? Hipoteticamente, vamos apresentar a conta bancária de um cliente que esteja utilizando o limite de seu cheque especial, no valor de R$ 5.000,00, por um período de 5 dias, cuja movimentação é descrita abaixo:
Tabela 1 - Conta bancária de um cliente
Dia
Saldo R$
Limite Disponível
Movimentação diária da conta bancária
01
R$ 0
R$ 5.000,00
O cliente não utilizou o seu limite
02
- R$ 500,00
R$ 4.500,00
O cliente utilizou R$ 500,00 do seu limite
03
- R$ 1.500,00
R$ 3.500,00
O cliente utilizou R$ 1.000,00 do seu limite
04
- R$ 2.700,00
R$ 2.300,00
O cliente utilizou R$ 1.200,00 do seu limite
05
- R$ 5.000,00
Utilizou todo o limite disponível
O cliente utilizou R$ 2.300,00 do seu limite
Observe que os valores utilizados são deduzidos do seu limite disponível. Suponha que esse banco tenha juros de 9,0% ao mês no cheque especial, calculando em percentual por dia, dividindo 9 por 30, temos 0,3% ao dia (o mês comercial tem 30 dias).
Tabela 2 - Descrição da movimentação
Dia
Cálculo de Juros
Valor de Juros
01
R$ 0 x 0,3%
R$ 0
02
R$ 500 x 0,3%
R$ 1,50
03
R$ 1.500 x 0,3%
R$ 4,50
04
R$ 2.700 x 0,3%
R$ 8,10
05
R$ 5.000 x 0,3%
R$ 15,00
Total
R$ 29,10
Observe que, em apenas cinco dias, o correntista irá pagar R$ 29,10 de juros, e ainda não podemos esquecer que sobre esse valor tem o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O que você pode perceber com esse demonstrativo é que os juros cobrados pelo cheque especial são muito altos, por isso o melhor é evitar manter saldo devedor na conta corrente.
Juros Simples
O juro simples é o juro calculado unicamente sobre o capital inicial, em qualquer período de tempo. No regime de juros simples, a taxa de juros incide somente sobre o capital inicial – não incide, pois, sobre os juros acumulados. Significa que os juros são todos iguais, porque são calculados sobre o capital inicial. Podem ser retirados no fim de cada mês, ou no final do período. A seguir temos a fórmula usada para o cálculo de juros simples.
J = C.i.n
Onde:
J = valor dos juros
C = valor do capital inicial ou principal
i = taxa de juros
n = tempo ou prazo (período)
Vamos entender como é feito o cálculo de juros simples, o modelo de calculadora utilizada nesse tipo de cálculo mais comum é a HP 12C.
Temos acima dois modelos de calculadoras científicas, porém a mais utilizada é a HP 12C, por apresentar mais recursos em operações financeiras, aproximadamente 50 operações diferentes. Apresentam teclas que correspondem a funções específicas. Pela rapidez e precisão nos cálculos, a HP 12C é uma ferramenta importante para quem trabalha em bancos e instituições financeiras.
Considere o exemplo:
Calcule o juro simples produzido por um capital de R$ 200,00, à taxa de juros de 5% ao mês, em três meses. Vamos fazer algumas perguntas, certo? Qual é o nosso capital? R$ 200,00. Temos que encontrar a taxa. E aí já sabe qual é? 5%. E para podermos fazer o cálculo temos ainda o prazo, certo? Qual o prazo? Três meses.
Possuímos alguns dados sobre a situação, vejamos:
Capital (C) = R$ 200,00
Taxa (i) = 5 % a.m. ou 0,05 (taxa unitária)
Para transformar a taxa porcentual em taxa unitária dividimos 5 por 100
Prazo (n) = 3 meses
Você viu que a taxa e o prazo estão na mesma unidade de tempo? Esse detalhe é muito importante.
Aplicando a fórmula, temos:
J = C.i.n
J = 200,00 x 0,05 x 3
J = 30,00
O juro simples produzido é de R$ 30,00
Vamos a mais um exemplo:
Calcular os juros de um capital de R$ 3.000,00, a uma taxa de 12% a.a., durante 5 meses.
Você já conhece os passos. Vamos lá, então?
Dados:
C = 3.000,00
i = 12% a.a.
n = 5 meses
Observe que o tempo e a taxa de juros não estão na mesma unidade. Nesse caso, é necessário fazer a transformação da taxa equivalente à mesma unidade.
Veja como é feito esse cálculo: Como o ano tem 12 meses, dividindo 12% por 12 meses, encontramos 1%. Logo, a taxa de 12% a.a. equivale à taxa de 1% a.m. Em seguida, escrevemos a taxa de 1% a.m. em taxa unitária, isto é, dividimos 1 por 100, obtendo 0,01. Agora, sim, podemos aplicar a fórmula para calcularmos os juros.
J = C. i .n
J = 3 000 x 0,01 x 5
J = 150,00
O juro simples produzido é R$ 150,00.
Observe que, nesse exemplo, podemos encontrar diretamente os juros multiplicando o valor do capital pela taxa unitária dos três meses.
Em algumas bibliografias, você poderá notar que na fórmula de juros o termo período (tempo) é representado pela letra t, porém o mais utilizado é a letra n.
Agora, vamos falar sobre o tempo,sobre o qual você viu apenas o conceito, na primeira aula. Vamos lá?
Identificar o tempo de aplicação de um capital de R$ 360,00 a 0,8% a.m. para render R$ 17,28 de juro simples. Veja que nessa situação não temos que encontrar o juro (J), mas, sim, o tempo (n). Vamos entender como se realiza esse cálculo?
Temos:
C = 360,00
i = 0, 8% a.m. = 0,8/100 = 0,008
17, 28 = 360,00 x 0,008 x n
J = 17,28
Cálculo
J = C.i.n
17, 28 = 2,88 x n
2,88 x n = 17,28
n = 17,28 : 2,88
n = 6 meses
O tempo de aplicação deverá ser de 6 meses.
Lembre-se de que, nos cálculos matemáticos, quando temos um termo desconhecido, este sempre fica no primeiro membro, pois ele é o valor que queremos descobrir. Lembre-se também de que, para esse tipo de cálculo financeiro, devemos utilizar três casas decimais após a vírgula.
Vamos, agora, a uma situação que envolva o cálculo do capital. Observe que não há muita diferença – vamos utilizar a mesma fórmula.
Qual o capital que, à taxa de 10% a.a, rende R$ 2.400 de juros, em 5 anos?
Vamos, primeiramente, organizar os dados do problema.
C = ?
i = 10% a.a. = 10/100 = 0,10
n = 5 anos
J = 2.400,00
J = C.i.n
2.400 = C x 0,10 x 5
2.400 = C x 0,5
C = 2.400: 0,5
C = 4.800
Logo, R$ 4.800,00 é o capital que, aplicado à taxa de 10% a.a., rende R$ 2.400 de juros, em 5 anos.
Então, não é fácil? Você só tem que saber abstrair os dados e converter a taxa em unitária e, em seguida, aplicar a fórmula do juro. Observe que a taxa e o tempo estão na mesma unidade de tempo.
Vamos, agora, aprender a calcular o montante. Na primeira aula vimos o conceito de Montante (capital + juros). Vamos agora entender melhor como é feito esse cálculo? Acompanhe os exemplos resolvidos.
a) Um investidor aplicou R$ 430,00 a juro simples, à taxa de 15% a.a. Vamos calcular o montante que receberá daqui a dois anos.
Observe que a taxa e o tempo estão na mesma unidade de tempo, ou seja, em ano. Isso significa que não há a necessidade de transformá-la, pois ambos estão na mesma unidade. Lembrando que o montante é a soma do capital inicial acrescido dos juros, vamos primeiro calcular o juro.
Dados:
C = 430,00
i = 15% a.a. = 15/100 = 0,15 (taxa unitária)
n = 2 anos
J = ?
Cálculo do juro:
J = C.i.n
J= 430,00 x 0,15 x 2
J = 129,00
Cálculo do montante
M = C + J
M = 430,00 + 129,00
M = 559,00
O montante daqui a dois anos será de R$ 559,00.
Como J = C.i.n, podemos reescrever a expressão M = C + J da seguinte maneira:
M = C + C.i.n (substituímos J por C.i.n na expressão M = C + J ).
Colocando C em evidência, temos:
M = C (1 + i.n )
Essa fórmula relaciona o montante com o capital, a taxa e o período de tempo. Portanto, temos o valor do montante, ou seja, do capital com o juro que encontramos após a aplicação da fórmula.
2.6 Juros Compostos
O juro composto é uma operação utilizada com muita frequência e o cálculo é feito de maneira um pouco diferente em relação ao juro simples. No regime de juros compostos, a taxa de juros incide sobre o montante acumulado ao final do período anterior, ou seja, ocorrerá a incidência de juros sobre juros. Esse regime é mais comum do que o regime de juros simples, sendo utilizado nas principais operações financeiras, tanto em investimento como financiamentos.
Vejamos então o juro simples.
Imagine um investimento de R$ 20.000,00, a uma taxa de 10% ao mês.
C = R$ 20.000,00
i = 10% a.m. = 0,10
t = 1 mês
Aplicando a fórmula:
J = C.i.n
J = R$ 20.000,00 x 0,10 x 1
J = R$ 2.000,00
Então, temos J = R$ 2.000,00, sendo de R$ 22.000,00 o montante (capital + juros) no final do mês. Ou seja, todo mês teremos juros de R$ 2.000,00 porque no juro simples o cálculo é feito com base no capital inicial.
Acompanhe a movimentação de uma aplicação através do demonstrativo abaixo, com base no cálculo dos juros simples.
Se o período fosse de quatro meses, teríamos o resultado demonstrado pela tabela:
Tabela 1 - Cálculo utilizando juros simples
Mês
Cálculo de Juros
Juros
Montante (capital + juros)
1º
20.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.000,00
R$ 22.000,00
2º
20.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.000,00
R$ 24.000,00
3º
20.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.000,00
R$ 26.000,00
4º
20.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.000,00
R$ 28.000,00
Total
R$ 8.000,00
R$ 28.000,00
Acompanhe a mesma situação utilizando, agora, o juro composto, cujo forma de cálculo é diferente.
Tabela 2 - Cálculo utilizando juros compostos
Mês
Cálculo de Juros
Juros
Montante (capital + juros)
1º
20.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.000,00
R$ 22.000,00
2º
22.000,00 x 0,10 x 1
R$ 2.200,00
R$ 24.200,00
3º
24.200,00 x 0,10 x 1
R$ 2.420,00
R$ 26.620,00
4º
26.620,00 x 0,10 x 1
R$ 2.662,00
R$ 29.282,00
Total
R$ 29.282,00
Verifique que a linha reta se refere ao juro simples (linear) e a linha curva se refere ao juro composto (exponencial).
Agora compare as duas tabelas e tente perceber qual é a diferença. Conseguiu identificá-la? Imaginamos que sim. Note que no final do quarto mês, aplicando o juro simples, pagar-se-ia R$ 8.000,00 de juros. O mesmo não acontece com o cálculo através do juro composto, pois pagaríamos R$ 9.282,00.
Então, podemos concluir que a taxa aplicada no juro composto é sempre em relação ao montante de cada período.
Você observou que, com o cálculo de juros compostos, estamos pagando mais? A diferença entre os dois é de R$ 1.282,00.
As instituições financeiras utilizam o cálculo de juros compostos em suas transações. Percebeu por que não é interessante manter uma dívida no cartão de crédito ou cheque especial por um longo período de tempo? Você sabia que o juro composto é muito mais utilizado nos bancos e instituições financeiras do que o juro simples? Sabe por quê? Porque o rendimento é maior – como se fosse a reaplicação do juro simples a cada período.
Então você conseguiu ver a diferença entre o juro simples e o juro composto. Que bom! Para resolvermos cálculos com juros compostos utilizamos a seguinte fórmula:
M = C (1 + i)n
Vamos agora resolver algumas situações-problema para entender melhor sua aplicação.
Lorena tinha algumas economias que totalizavam R$ 4.000, então decidiu aplicá-las durante 3 anos. O gerente lhe disse que a taxa seria de 10 % ao ano.
Agora, veja como é calculado o montante dessa aplicação.
Em primeiro lugar, vamos identificar as informações que a situação está nos fornecendo.
C = 4.000,00
i = 10% a.a. = 0,10 (lembre-se de transformar a taxa percentual em taxa unitária)
t = 3 anos
Utilizando a fórmula que foi citada acima temos:
M = C (1 + i)n
M = 4.000,00 x (1 + 0,10)3
M = 4.000,00 x (1,10)3
M = 4.000,00 x (1,331)
M = 5.324,00
Você percebeu que na fórmula do juro composto temos que trabalhar com expoente, e que devemos primeiro resolver o que está dentro dos parênteses para depois resolvermos a parte exponencial?
Cuidado! Preste atenção na hora dos cálculos.
Você poderá resolver manualmente através do cálculo de resolução de potências ou com o auxílio de calculadoras científicas ou financeiras.
Para efetuar as potências, utilize uma calculadora com função exponencial (calculadora científica) ou funções financeiras – HP 12 C). As imagens dessas calculadoras foram disponibilizadas na nossa segunda aula. Para facilitar seu manuseio, acesse sites de consulta que oferecem manuais de comando como, por exemplo: guiadicas.net/manual-da-calculadora-científica/inforum.insite.com.br>Universidade Virtual.
Agora vamos resolver outro tipo de situação também utilizando o cálculo de juro composto.
Calcule o juro composto produzido por uma aplicação de R$ 1.700,00, a uma taxa de juro de 27 % a.a., durante 720 dias.
Lembre-se de que já falamos que a taxa de juro (i) e o prazo (n) devem estar na mesma unidade de tempo.
Vamos determinar o prazo, em anos.
t = 720: 360 (precisamos dividir por 360 em referência ao ano comercial)
t = 2 anos
Agora podemos resolver, certo? Pois a taxa de juro e o prazo estão na mesma unidade de tempo.
Dados:
C = 1.700,00
i = 27 % a.a.= 0,27
t = 2 anos
Agora, veja como ficou o cálculo do montante:
M = C. (1 + i)n
M = 1.700,00 x (1 + 0,27)2
M = 1.700,00 x (1,27)2
M = 1.700,00 x (1,6129)
M = 2.741,93
Encontramos o montante, mas a pergunta da situação acima se refere ao cálculo do juro composto.
Então:
Se M = C + J, podemos afirmar que J = M – C
J = 2.741,43 – 1.700,00
J = 1.041,93
O juro composto produzido pelo capital de R$ 1.700,00 no período de 2 anos, à taxa de 27% a.a., é R$ 1.041,93
Então vamos dar continuidade aos estudos de juro composto. Na sequência, resolveremos situações em que encontraremos não só o montante, mas também a taxa e o tempo.
A partir da fórmula do montante M = C (1 + i)n, podemos deduzir a fórmula do capital:
Veja:
Como C (1 + i)n = M
C = M: (1 + i)n
E os juros podem ser calculados pela diferença entre o montante e o capital.
J = M – C
Você deve se lembrar de que resolvemos um exemplo no qual encontramos o juro utilizando a fórmula J = M – C.
Vamos acompanhar a resolução de alguns exemplos para entender melhor cada situação:
Primeira situação: Um certo valor foi colocado em um banco, que rendeu R$ 40.000,00 a juros compostos de 2% a.m., durante 5 meses. Calcule esse valor. Bem, na verdade, o que queremos encontrar é o capital aplicado. Para isso, vamos utilizar a fórmula descrita acima.
Dados:
M = 40.000,00
i = 2% a.m. = 0,02
t = 5 meses
C = ?
C = M : (1 + i)n
C = 40.000,00: (1 + 0,02)5
C = 40.000,00: (1,02)5
Usando a calculadora científica para efetuar a potência (1,02)5, proceda da seguinte forma: digite o número 1,02, logo em seguida aperte a tecla Yx em sua calculadora e depois o número que representa o expoente – neste caso, o número 5 -- e o sinal de igualdade. Pronto, aparecerá no visor 1,104080, ou seja, o resultado da potência (1,02)5. Substituindo a potência pelo seu respectivo valor, temos:
C = 40.000,00: 1,104080
C = 36.229,25
Observe que cada tecla da calculadora desempenha uma função que serve para cálculos rápidos.
Por exemplo: a tecla PV representa o capital inicial, já a tecla FV o valor futuro, podendo ser considerado como o montante.
Segunda situação: Em quantos meses um capital de R$ 200.000,00 produz um juro de R$ 38.203,20, quando aplicado a 6% ao mês, a juro composto?
Dados:
M = R$ 200.000,00 + R$ 38.203,20 = R$ 238.203,20 (capital + juro)
C = R$ 200.000,00
i = 6% ao mês = 0,06
n = ?
Cálculos:
M = C. (1 + i)n -- aplicando a propriedade simétrica da igualdade, se a = b então b = a.
C. (1 + i )n = M
(1 + i)n = M : C
(1 = 0,06)n = 238.203,20 : 200.000,00
(1,06)n = 1,191016
Para calcular o valor do expoente “n”, precisamos aplicar logaritmo a ambos os membros da igualdade.
log (1,06)n = log 1,191016
Aplicando a propriedade operatória dos logaritmos, log ba = a.log b, ao primeiro membro da igualdade, temos:
n.log 1,06 = log 1,191016
n = log 1,191016: log 1,06
Usando a tecla log da calculadora científica para calcular os logaritmos, chegamos a:
n = 0,075918: 0,025306
n = 3 meses
Logo, o capital deverá ficar aplicado durante três meses.
3) O capital de R$ 2.000,00, aplicado a juros compostos, rendeu R$ 165,00 após 4 meses. Qual foi a taxa de juros?
Então, vamos aos dados do problema.
C = 2.000,00
t = 4 meses
j = 165,00
M = 2.165,00 (2.000,00 + 165,00)
i = ?
Nesta situação, teremos que encontrar a taxa. Utilizando a fórmula que você já conhece e a calculadora.
M = C (1 + i) n
2.165,00 = 2.000,00 (1 + i)4
Aplicando a propriedade simétrica da igualdade.
2.000,00 (1 + i)4 = 2.165,00
Resolvendo a equação na incógnita i, temos:
(1 + i)4 = 2.165,00: 2.000,00
(1 + i)4 = 1,0825
(1 + i) = 4√1,0825
Extraindo a raiz quarta de 1,0825 utilizando a calculadora, vemos que:
1 + i = 1,020015981
i = 1,020015981 – 1
i = 0,020015981
i = 2,0015981
Transformando a taxa unitária em percentual, isto é, multiplicando 2,0015981 por 100 e acrescentando o símbolo %, identificamos que:
i = 2%
Então, a taxa de juros foi de aproximadamente 2% ao mês. Para encontrar o resultado da raiz utilizando a calculadora científica, você deverá digitar o número, em seguida a tecla que indica segunda função 2ndf, logo após a tecla em que aparece x√y e o índice do radical.
Na calculadora financeira, operando as teclas das funções financeiras conforme o manual, o resultado são imediatos.
2.9 Descontos simples – aspectos conceituais
Antes de abordarmos o desconto, vamos mostrar alguns títulos de crédito que são utilizados nas instituições financeiras e que podem ser descontados.
Títulos de Crédito
Ao contrair uma dívida a ser paga no futuro, é muito comum o devedor oferecer ao credor um documento denominado título, que é o comprovante dessa operação. Observe a situação abaixo, referente a esse tipo de operação.
Note que, na operação acima, a portadora concorda com as regras impostas pela instituição, nesse caso, há uma promessa de pagamento, podendo ser resgatada antecipadamente.
Isso significa dizer que alguns títulos de crédito podem sofrer a operação de desconto, que consiste no resgate do título antes do vencimento. Ao fazer isso, o portador recebe por ele um valor menor do que aquele que receberia se aguardasse a data de seu vencimento. Os títulos de crédito que podem ser descontados são:
· Letra de câmbio;
· Duplicata;
· Nota promissória.
Letra de câmbio é um título ao portador, emitido por uma financeira em operações de crédito direto para pessoas físicas ou jurídicas. Em uma letra de câmbio vêm especificados: o valor do resgate (que é o valor nominal acrescido de juros), a data do vencimento do título e a quem se deve pagar.
Note que aparecem algumas informações importantes, como nome do portador, valor nominal, data de vencimento, entre outros.
Agora, veja outro título de crédito muito utilizado pelas instituições financeiras: a duplicata. A duplicata é emitida por uma empresa (pessoa jurídica) contra seu cliente (pessoa física ou jurídica), para quem vendeu mercadorias ou prestou serviços a prazo. A emissão da duplicata decorre da emissão de uma nota fiscal.
Como é feita a operacionalização:
O cliente assina a duplicata dando o aceite, ou seja, declarando-se devedor daquela quantia e obrigando-se a pagá-la na data estabelecida. Devem constar na duplicata, além do valor nominal, a data de vencimento, o nome do credor/emitente e do devedor, e o número da nota fiscal que corresponde à mercadoria vendida ou aos serviços prestados.
Temos também outro título, a nota promissória, que pode ser usada entre pessoas físicas ou, ainda, pessoas físicas e jurídicas e instituições financeiras. Trata-se de um título de crédito que corresponde a uma promessa de pagamento na qual é especificado o valor nominal ou a quantia a ser paga (que é a dívida inicial, normalmente acrescida de juros), a data de vencimento do título (em que a dívida deve ser paga), o nome e a assinatura do devedor, o nome do credor e da pessoa que deverá receber a importância a ser paga.
Quando o portador de um título de crédito precisa de dinheiro, pode resgatá-lo antes do vencimento, mediante endosso, numa corretora de valores ou banco que procede à operação de desconto. Mas ao resgatar o título antes do vencimento, o portador não recebe o valor total ali declarado. Esse valor, que é o valor final ou valor nominal N do título, sofre um desconto D que será tanto maior quanto maior for a antecipação do pagamento em relação à data de vencimento.
O valor recebido pelo portador é o valor atual do título e representa a diferença entre o valor nominal e o valor do desconto. Esse desconto corresponde, assim, aos juros cobrados pelo banco pela antecipação do pagamento.
A ideia de desconto está associada ao abatimento dado a um valor monetário em determinadas condições. Assim, por exemplo, quando uma compra é feita em grande quantidade, é comum o vendedor conceder desconto no preço da unidade. No comércio, é bastante comum também o vendedor conceder um prazo para o pagamento; caso o comprador queira pagar à vista, geralmente é proporcionado um desconto sobre o preço oferecido.
Outra situação envolvendoo conceito de desconto, já citada anteriormente, seria quando uma empresa vende um produto a prazo; nesse caso, o vendedor emite uma duplicata (título de crédito), que lhe dará o direito de receber do comprador, na data futura, o valor combinado. Mas, caso o vendedor necessite de dinheiro, poderá ir ao banco e efetuar um desconto desse valor expresso na duplicata.
Com isso, a empresa cede ao banco o direito do recebimento da duplicata em troca do dinheiro recebido antecipadamente. Muitas empresas agem dessa forma quando precisam de capital de giro, mas se lembre de que toda transação efetuada pelo banco tem um custo: este pode antecipar o pagamento de algum título de crédito, mas o cliente vai receber menos do que o valor nominal do título.
Veja mais um exemplo:
Consideremos que, numa certa venda, uma empresa emitiu uma duplicata de R$ 5.000,00 para vencimento dentro de dois meses. Necessitando do dinheiro, a empresa levou a duplicata a um banco, que lhe propôs um adiantamento de R$ 4.800,00 em troca da duplicata. Podemos concluir, então que o banco propôs um desconto de R$ 200,00.
As operações de desconto com duplicatas e promissórias são bastante comuns no sistema financeiro, sendo uma ferramenta muito usada pelas empresas.
Desconto simples
Desconto é o abatimento no valor de um título de crédito, que é um documento comprobatório de uma dívida – ou seja, através desse tipo de documento, o credor pode cobrar de um devedor.
Existem basicamente dois tipos de desconto, o desconto comercial (por fora) e o desconto racional (por dentro).
Desconto comercial: é conhecido também como desconto bancário. As fórmulas que vamos utilizar para o cálculo de desconto bancário são semelhantes às de juros simples.
Observe:
D = desconto
N = valor nominal
VL = valor líquido recebido após o desconto
i = taxa
n = período de tempo
VL = N - D
D = N.i.n
Como já vimos em juro simples, também encontramos a variável n para representar o período de tempo.
Temos também a fórmula para encontrar o valor líquido, observe:
VL = N.(1 – i.n)
Vamos a um exemplo prático para entender melhor como funciona o cálculo de desconto.
Exemplo 1
Suponha que o credor Marcelo Santos, de posse de uma nota promissória, deseja resgatar sua dívida, antes do prazo, ou seja, ele quer receber a dívida dois meses antes da data da nota promissória. Vamos supor que o valor nominal desse título seja de R$ 100.000,00 e a taxa de 1,4% a.m. para o desconto. Em dois meses antes do vencimento, temos:
D = ?
N = 100.000,00
i = 1,4% a.m. = 0,014
n = 2 meses
Para o cálculo de desconto também transformamos a taxa percentual (1,4%), em taxa unitária (0,014), ou seja, 1,4 dividido por 100 = 0,014. Observe que o período de tempo é equivalente à taxa. Vamos resolver o problema? Veja como é fácil.
D = N.i.n
D = 100.000,00 x 0, 014 x 2
D = 2.800,00
Marcelo Santos deverá receber, então:
N – D = VL
R$ 100.000,00 – R$ 2.800,00 = R$ 97.200,00
VL é chamada valor atual comercial, ou valor líquido do título.
Assim, podemos chamar de desconto de título o abatimento dado sobre o valor nominal pela antecipação do pagamento. O desconto bancário é aquele em que a taxa de desconto incide sobre o valor nominal.
Vejamos mais um exemplo de desconto bancário (comercial).
Exemplo 2
Um título no valor de R$ 1.200,00, pago cinco meses antes do vencimento, ficou reduzido a R$ 900,00. Qual foi a taxa mensal utilizada?
Em primeiro lugar, vamos verificar as informações.
N = 1.200,00 (valor nominal)
n = 5 meses
L = 900,00 (valor líquido)
Esta situação pode ser resolvida de duas maneiras, usando o cálculo do desconto ou a fórmula do valor líquido.
Veja:
D = N - VL
D = 1.200,00 – 900,00
D = 300,00
D = N.i.n
300 = 1.200 x 5 x i
300 = 6.000i
6.000i = 300
i = 300 : 6.000
i = 0,05 – multiplicando por 100, temos a taxa percentual.
i = 5%
Agora, vamos aplicar a fórmula do valor líquido:
VL = N.(1 – i. n)
900 = 1200 (1 – i.5)
1.200 (1-5i) = 900
1 - 5i = 900 : 1.200
1 - 5i = 0,75
5i = 1 - 0,75
5i = 0,25
i = 0,25 : 5
i = 0,05 ou 5%
Você percebeu que encontramos o mesmo resultado usando fórmulas diferentes? Na primeira utilizamos duas fórmulas, pois tínhamos que encontrar o desconto. Na segunda, utilizamos apenas uma fórmula.
2.10 Desconto racional e desconto composto
Desconto racional
O desconto racional é também conhecido como desconto por dentro, e o seu valor é encontrado com base no valor líquido. Para calcular o desconto racional, usamos a fórmula:
Dr = L.i.n
Dr = Desconto racional
L = Valor Líquido
i = taxa
n = período (tempo)
Lembre-se:
N - L = Dr
Então, podemos calcular o valor líquido da seguinte forma:
VL = N : (1 + i.n)
Exemplo 1: Calcular o desconto racional de um título de R$ 6.864,00, a uma taxa de 12 % a.m., pago 1 mês e 6 dias antes do vencimento.
Primeiro, vamos às informações que a situação nos fornece:
N = 6.864,00
i = 12% = 0,12
n = 1 mês e 6 dias = 36 dias
Lembre-se de que a taxa tem que estar na mesma unidade do período (tempo). Como a taxa está ao mês e o tempo em dias, vamos dividir 12% por 30, pois o mês comercial possui 30 dias.
Solução:
VL = N : (1+i.n) que vem da fórmula de juros simples M= C(1+ i.t ) ou N= VL (1 + i.n)
VL = 6.864 : 1 + 0,004 x 36
VL = 6.864 : 1 + 0,144
VL = 6.864 : 1,144
VL = 6.000,00
Calculando o desconto:
Dr = R$ 6.864,00 – R$ 6.000,00 = R$ 864,00
Para chegarmos diretamente ao resultado do desconto racional, podemos utilizar a fórmula:
Dr = Nin : 1 + in
Vamos à sua aplicação. Veja o exemplo:
Qual o valor do desconto racional (por dentro) sofrido por uma nota promissória de R$ 4.160,00, descontada 8 meses antes do seu vencimento, à taxa de 6% a.a.? Vamos separar as informações: observe que o período (tempo) está em meses e as taxas em anos – temos que colocá-las na mesma unidade.
Dados:
N = 4.160,00
n = 8 meses
i = 6 % a.a. = 6/12 = 0,5% a.m. = 0,005
Dividimos a taxa por 12, pois o ano tem doze meses, para encontrar o valor da taxa mensal, ficando então na mesma unidade do período.
Dr = Nin : 1 + in
Dr = 4.160,00 x 0,005 x 8 : 1 + 0,05 x 8
Dr = 166,40 : 1 + 0,04
Dr = 166,40 : 1,04
Dr = 160,00
Então, temos o valor do desconto racional: R$ 160,00.
Vejamos agora uma situação que iremos aplicar os dois tipos de desconto e analisar qual seria mais vantajoso.
Um título com valor nominal de R$ 2.000,00, a uma taxa de 3% a.m., vai ser descontado oito meses antes do vencimento. Calcule a diferença entre os descontos bancário e racional.
Temos:
N = 2.000,00
i = 3% a.m. = 0,03
n= 8 meses
Então, você se lembra sobre qual valor o desconto bancário incide? Isso mesmo, parabéns! Sobre o valor nominal. Então vamos calcular o desconto bancário.
D = N.i.n
D = 2.000,00 x 0,03 x 8
D = 480,00
Já temos o valor do desconto bancário, R$ 480,00. Agora, vamos calcular o desconto racional. Queremos saber de você: sobre que valor o desconto racional incide? Que bom, vejo que você aprendeu! O desconto racional incide sobre o valor líquido. Como nesta situação não temos o valor líquido podemos utilizar a fórmula em que pede somente o valor nominal.
Dr = NIn : 1 + in
Dr = 2.000,00 x 0,03 x 8 : 1 + 0,03 x 8
Dr = 480,00 : 1 + 0,24
Dr = 480,00 : 1,24
Dr = 387,10
Diferença entre os descontos:
R$ 480,00 – R$ 387,10 = R$ 92,90
Logo, a diferença entre os descontos bancário e racional é de R$ 92,90.
Continuando nossa aula, vamos entender melhor como seria o cálculo de desconto bancário quando temos um conjunto de títulos. Analise o exemplo abaixo.
Uma empresa apresenta três duplicatas para desconto, à taxa simples de 21% a.m., a saber: a primeira, de R$ 150.000,00 e 18 dias de prazo; a segunda, de R$ 200.000,00 e dias 30 dias de prazo; e a terceira, de R$ 60.000,00 e 50 dias de prazo. Determine o valor líquido.
Solução:
Como temos a mesma taxa de desconto pra todos os títulos, podemos, então, determinar o prazo médio no qual se desconta o somatório deles. Observe:
Aqui temos todos os títulos e o prazo de cada um ao longo do tempo. Vamos agora ao cálculo para entender como chegamos ao valor líquido final.
Cálculo do prazo médio:
n = 150.000,00 x 18 + 200.000,00 x30 + 60.000,00 x 50 : 150.000,00 + 200.000,00 + 60.000,00
n = 28,5365837
VL = N · ( 1 – i · n ) (você, se lembra que utilizamos essa fórmula na aula anterior)
N = 150.000,00 + 200.000,00+ 60.000,00 = 410.000,00
i = 21% a.m. = 21/30 = 0,7% a.d. = 0,007 (taxa unitária)
n = 28,5365837
VL = 410.000,00 (1- 0,007 x 28,5365837)
VL = 328.100,00
Logo, o valor líquido é R$ 328.100,00
Então, não é fácil? Assim poderemos visualizar como é feito o resgate de vários títulos.
Desconto composto
Você se lembra de que, ao fazermos o estudo de descontos simples, procuramos estabelecer a diferença entre o desconto bancário e o racional?
Vamos relembrar. No primeiro, as taxas incidem sobre o valor nominal, enquanto, no segundo, as taxas incidem sobre o valor líquido.
Já o desconto composto é calculado sempre com taxas sobre o valor nominal.
O desconto composto é sinônimo de juros compostos. Quanto ao valor do desconto ou dos juros, poderíamos calculá-lo em função do valor atual ou em função do valor nominal. A fórmula que vamos utilizar é a seguinte:
Va = N x vn
Onde v = 1 : 1 + i
Vamos agora entender a fórmula:
Va = valor atual
N = valor nominal
n = período de tempo
i = taxa a juros compostos
Logo, a fórmula utilizada para calcular o desconto composto fica assim:
Dc = N - Va
Onde:
Dc = Desconto composto
N = valor nominal
Va = valor atual
Note que alguns dados apresentados acima já são do seu conhecimento, pois estamos trabalhando o cálculo do juro simples. O cálculo de desconto composto vai usar o exponencial, então você vai precisar da sua calculadora científica, pois esse cálculo é com base nos juros compostos.
Para que você entenda melhor, vamos a um exemplo prático.
De quanto será o desconto que um título de R$ 8.000,00, à taxa de 8% a.m., sofre ao ser resgatado dois meses antes de seu vencimento?
N = 8.000,00
i = 8% a.m. = 0,08
t = 2 meses
Para calcular o desconto, temos que encontrar primeiro o valor atual.
Va = N · vn
Va = 8.000,00 x (1 : 1 + 0,08)2
Va = 8.000,00 x (1 : 1,08)2
Va = 8.000 x (0,925925925)2
Va = 8.000 x (0,8573388)
Va = 6.858,72
Agora, vamos encontrar o desconto:
Dc = N - Va
Dc = 8.000,00 – 6 858,72
Dc = 1.141,28
Podemos concluir que o valor do desconto composto é de R$ 1.141,28
Para calcular o exponencial, basta digitar o número – no caso acima, 0,925925925. Logo em seguida, acione a tecla yx , o valor do expoente, no caso o 2, e o sinal de igual. No visor da sua calculadora aparecerá o valor 0,8573388. Você pode se perguntar: será que tenho que digitar todos esses algarismos? Sim, é necessário, senão seu resultado ficará errado. O arredondamento é feito apenas no final da operação.
Agora, vamos aplicar os conhecimentos adquiridos resolvendo uma situação que envolva os três tipos de desconto que estudamos nas últimas aulas, possibilitando assim, verificar a diferença entre eles.
Calcule três tipos de desconto possíveis para um título de R$ 9.000,00, à taxa de 5% a.m., resgatado cinco meses antes do vencimento. Vamos primeiro calcular o desconto comercial (bancário).
D = N . i . n
Desconto Comercial (bancário)
N = 9.000,00
i = 5% a.m. = 0,05 n = 5 meses
Aplicando a fórmula:
D = N.i.n
D = 9.000 x 0,05 x 5
D = 2.250,00
Desconto racional: Agora, vamos utilizar os mesmos dados para efetuar o cálculo do desconto racional. Você se lembra de qual é fórmula usada para calcular o desconto racional?
Dr = N . i . r : 1 + i . r
Dr = 9.000,00 x 0,05 x 5 : 1+ 0,05 x 5
Dr = 2.250,00 : 1,25
Dr = 1.800,00
Desconto composto
Tenho certeza de que você já sabe, pois estamos estudando nesta aula.
Va = N · vn Dc = N – Va
Va = 9.000,00 x (1 : 1 + 0,05)5 Dc = 9.000,00 - 7.051,73
Va = 9.000,00 x (1 : 1,05)5 Dc = 1.948, 26
Va = 9.000,00 x (0,952380952)5
Va = 9.000,00 x 0,783526166
Va = 7.051,73
Então temos o desconto bancário de R$ 2.250,00, desconto racional de R$ 1.800,00 e o desconto composto de R$ 1.948,27. Você deve ter notado que o desconto bancário é o maior que existe, depois o composto e em seguida o racional, desde que seja utilizada a mesma taxa. O desconto bancário é o mais utilizado.
3 Ética Profissional
3.1 Apresentação sobre as teorias do comportamento humano
De acordo com Cláudia Jorge (2008), a humanidade tem assistido a muitas mudanças em quase todos os sentidos da vida humana. O desenvolvimento tecnológico está atingindo termos jamais antes imaginados ou mesmo concebidos pelo ser humano. As mudanças decorrentes da evolução e dos acontecimentos históricos são muito significativas, e representam um exemplo do que pode acontecer com os esforços de criação da mente humana.
No campo das descobertas da medicina, da indústria, da tecnologia, jamais se assistiu tamanho desenvolvimento. Assistimos a um aumento de velocidade de produção de informações nunca conhecido.
Cláudia Jorge (2008) evidencia também, que dentro do campo das relações humanas no trabalho, também houve significativas mudanças de postura e de desenvolvimento das ações. Propomos, então, que através do conteúdo deste caderno, você reconheça alguns questionamentos e visões apresentados sobre o assunto em questão.
Para isso, iremos lhe trazer algumas questões que perpassam sobre algumas teorias acerca do comportamento humano para que você possa identificar um pouco sobre a teoria comportamental e das relações humanas. A intenção de lhe apresentarmos esse conteúdo, é na certeza de que ao reconhecer as teorias, elas irão auxiliar na escolha de seus próprios comportamentos e atitudes frente à sua profissão.
Teorias das relações humanas e a comportamental na administração
De acordo com o site Wikipédia, a Teoria das Relações Humanas, ou Escola das Relações Humanas, é um conjunto de teorias administrativas que ganhou força com a Grande Depressão criada na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929.
Com a “Grande Crise” todas as verdades até então aceitas, são contestadas na busca da causa da crise. As novas ideias trazidas pela Escola de Relações Humanas trazem uma nova perspectiva para a recuperação das empresas, de acordo com as preocupações de seus dirigentes, e começa a tratar de forma mais complexa os seres humanos.
Esse conjunto de teorias criou novas perspectivas para a administração, visto que buscava conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos. Até então, o trabalhador era tratado pela Teoria Clássica de uma forma muito mecânica. Com os novos estudos, o foco mudou e, do Homo economicus o trabalhador passou a ser visto como Homo social, que tem como características principais:
· O ser humano não pode ser reduzido a um ser cujo comportamento é simples e mecânico.
· O homem é, ao mesmo tempo, guiado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológica.
· Todos os homens possuem necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e autorrealização.
A partir de então, se começa a pensar na participação dos funcionários na tomada de decisões e na disponibilização das informações acerca da empresa na qual eles trabalhavam. Foram sendo compreendidos os aspectos ligados à afetividade humana, e perceberam-se os limites no controle burocrático por parte das organizações como forma de regulamentação social.
Com o impacto da “Teoria das Relações Humanas”, os conceitos antigos, tais como: organização formal, disciplina e departamentalização passam a conviver com novos conceitos como organização informal, liderança, motivação, grupos sociais, recompensas, entre outras.
A maior contribuição da teoria das relações humanas foi ressaltar a necessidade de boas relações humanas no ambiente de trabalho, o tratamento mais humano dado às pessoas, a adoção de uma administração mais participativa em que as pessoas possam ter um papel mais dinâmico. Como consequência dessa teoria, surgem os líderes a fim de melhorar o tratamento dado às pessoas e propiciar um ambiente motivacionalde trabalho mais favorável e amigável.
São fatores básicos da teoria das relações humanas:
· organização tratada como grupo de pessoas;
· ênfase nas pessoas e grupos sociais;
· sistemas psicológicos motivacionais;
· liberdade e autonomia do empregado e confiança nas pessoas.
Segundo Leandro L. Lara et al (2000), no decorrer da “Era Industrial Neoclássica”, surge a teoria comportamental, moderna sucessora da teoria das relações humanas.
A teoria comportamental trouxe novos conceitos sobre motivação, liderança e comunicação, que alteraram completamente os rumos da teoria administrativa, tornando-a mais humana e amigável.
Origens da teoria comportamental
A teoria comportamental surge no final da década de 1940, com uma redefinição total dos conceitos administrativos ao criticar as teorias anteriores, não somente reescalonando as abordagens, mas ampliando o seu conteúdo e diversificando a sua natureza. Exemplo disso, é que ela representa um desdobramento da teoria das relações humanas, porém, rejeitando concepções ingênuas e românticas existentes nela.
Em 1947 surge um livro que marca o início da teoria comportamental na Administração: O Comportamento Administrativo, de Herbert Simon. É um ataque aos princípios da teoria clássica e a aceitação - com os devidos reparos e correções das principais ideias da teoria das relações humanas.
Para explicar o comportamento organizacional, diz Leandro L. Lara et al (2000), a teoria comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas, e para explicar como as pessoas se comportam, estuda-se a motivação humana.
Estudiosos da área verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento e a motivação como poderosos meios para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações.
Teoria dos dois fatores de Herzberg
Frederick Herzberg, um psicólogo clínico norte-americano, provou que a motivação dos trabalhadores não tem origem apenas em fatores monetários, mas no desenvolvimento, satisfação pessoal e no reconhecimento da sua performance.
Ele foi um dos primeiros investigadores a levar em consideração as opiniões dos trabalhadores nas pesquisas acerca das condições de trabalho, tendo resumido as suas conclusões no livro The Motivation to Work.
Herzberg formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das pessoas durante o trabalho. Para ele existem dois fatores que contribuem para o comportamento das pessoas: fatores higiênicos e fatores motivacionais (insatisfação).
Esses dois fatores são independentes, mas se vinculam entre si. Os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto da satisfação profissional não é a insatisfação, mas a ausência de satisfação profissional.
A teoria dos dois fatores de Herzberg pressupõe os seguintes aspectos:
· A satisfação no cargo depende da presença dos fatores motivacionais.
· O conteúdo ou atividades desafiantes e estimulantes do cargo desempenhado pela pessoa.
· A insatisfação no cargo depende dos fatores higiênicos e motivacionais: o mau ambiente de trabalho, salário ruim, benefícios não recebidos, supervisão autoritária, colegas sem ética é contexto geral que envolve o cargo ocupado.
3.2 Fatores motivacionais
Para proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõe o “enriquecimento das tarefas” ou “enriquecimento do cargo”, que consiste em substituir as tarefas simples e elementares do cargo por tarefas mais complexas. O enriquecimento de tarefas depende do desenvolvimento de cada indivíduo e deve adequar-se às suas características individuais em mudança.
O enriquecimento de tarefas pode ser vertical (eliminação de tarefas mais simples e acréscimo de tarefas mais complexas) ou horizontal (eliminação de tarefas relacionadas com certas atividades e acréscimo de outras tarefas diferentes, mas no mesmo nível de dificuldade).
O enriquecimento de tarefas provoca efeitos desejáveis, como o aumento da motivação, aumento da produtividade, redução do absenteísmo e redução da rotatividade do pessoal. Contudo, pode gerar efeitos indesejáveis, como o aumento de ansiedade em face de tarefas novas e diferentes quando não são bem-sucedidas nas primeiras experiências, aumento do conflito entre as expectativas pessoais e os resultados do trabalho nas novas tarefas enriquecidas, sentimentos de exploração quando a empresa não acompanha o enriquecimento de tarefas com o enriquecimento da remuneração e a redução das relações interpessoais devido a maior concentração nas tarefas enriquecidas.
Estilos de administração
As organizações são projetadas e administradas, ainda que inconscientemente, de acordo com certas teorias administrativas. Cada teoria administrativa baseia-se em convicções sobre a maneira pela qual as pessoas se comportam dentro das organizações.
McGregor, economista e professor universitário estadunidense, foi um dos pensadores mais influentes na área das relações humanas. Ele compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o nome de Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (Teoria Y).
Teoria X
É a concepção tradicional de administração e baseia-se em convicções errôneas e incorretas sobre o comportamento humano, a saber:
· O homem é indolente e preguiçoso por natureza;
· Falta-lhe ambição;
· O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem-se, em geral, aos objetivos da organização;
· Resiste às mudanças;
· A sua dependência torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina.
A Teoria X reflete um estilo de administração duro, rígido e autocrático. As pessoas são visualizadas como meros recursos ou meios de produção. Para a Teoria X, a administração caracteriza-se pelos seguintes aspectos:
· A administração promove a organização dos recursos da empresa no interesse exclusivo de seus objetivos econômicos
· A administração é um processo de dirigir os esforços das pessoas, incentivá-las, controlar suas ações e modificar o seu comportamento para atender às necessidades da empresa;
· As pessoas devem ser persuadidas, recompensadas, punidas, coagidas e controladas: as suas atividades devem ser padronizadas e dirigidas em função dos objetivos da empresa.
Teoria Y
É a moderna concepção de administração de acordo com a teoria comportamental. A Teoria Y baseia-se em concepções e premissas atuais e sem preconceitos a respeito da natureza humana, a saber:
· As pessoas não têm desprazer inerente de trabalhar;
· As pessoas não são passivas ou resistentes às necessidades da empresa;
· As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento, padrões de comportamento adequado e capacidade para assumir responsabilidades.
A Teoria Y desenvolve um estilo de administração aberto, dinâmico e democrático, através do qual administrar torna-se um processo de criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar orientação quanto a objetivos. A administração, segundo a Teoria Y, caracteriza-se pelos seguintes aspectos:
· A motivação, potencial de desenvolvimento, capacidade de assumir responsabilidade, de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa, sendo que todos estes fatores estão presentes nas pessoas;
· A tarefa essencial da administração é criar condições organizacionais e métodos de operação através dos quais as pessoas possam atingir melhor os objetivos pessoais.
A Teoria Y propõe um estilo de administração participativo e baseado nos valores humanos e sociais. Enquanto a Teoria X é a administração através de controles externos impostos às pessoas, a Teoria Y é a administração por objetivos que realça a iniciativa individual. As duas teorias são opostas entre si.
Segundo McGregor, a Teoria Y é aplicada nas empresas através de um estilo de direção baseado em medidas inovadoras e humanistas, a saber:
1. Descentralizaçãodas decisões e delegação de responsabilidades;
2. Ampliação do cargo para maior significado do trabalho;
3. Participação nas decisões e administração consultiva.
3.3 Ética
Conceituando ética profissional
Para Rosana Glock et al. (2000), é extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Para a autora, a moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa independente das fronteiras geográficas, e garante uma identidade entre pessoas que mesmo sem se conhecerem, utilizam este mesmo referencial moral comum. O direito estabelece o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado.
As leis têm uma base territorial, pois elas valem apenas para aquela área geográfica onde determinada população ou seus delegados vivem. Se realizarmos uma consulta, veremos que muitos autores afirmam que o direito é um subconjunto da moral. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável.
Ética profissional é um conjunto de normas de conduta que deve ser posto em prática no exercício de qualquer profissão. Sendo assim, a ação reguladora da ética que interfere no desempenho das profissões, faz com que o trabalhador respeite seu semelhante quando no exercício da sua profissão.
Segundo o Prof. MSc. Luiz Almir Menezes Fonseca, no artigo A Ética Na Administração Pública, em geral, as profissões apresentam a ética firmada em questões relevantes que ultrapassam o campo profissional em si, como o aborto, pena de morte, sequestros, eutanásia, AIDS, e outros, que são questões morais que se apresentam como problemas éticos, pois pedem uma reflexão profunda e assim, um profissional, ao se debruçar sobre elas, não o faz apenas como tal, mas como um pensador, um filósofo da ciência, ou seja, da profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na moralidade de qualquer atividade profissional humana.
A ética, inerente à vida humana, é de suma importância na vida profissional, assim, para o profissional, a ética não lhe é somente inerente, mas indispensável. Na ação humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano. O agir da pessoa humana está condicionado a duas premissas consideradas básicas pela ética, segundo MOTTA (1984): o que é o homem e para que vive, logo, toda capacitação científica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da ética.
Reflexões sobre a ética profissional
Segundo informações do artigo Ética Profissional, de Cláudia Jorge, constantes no site http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_7714/artigo_sobre_etica-profissional , as reflexões realizadas no exercício de uma profissão devem ser iniciadas bem antes da prática profissional. A decisão por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório.
Cláudia Jorge diz, ainda no mesmo artigo, que toda a fase de formação profissional, abrangendo o aprendizado das competências e habilidades que se referem à prática específica numa determinada área, deve incluir a reflexão. Ao completar a graduação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa, o que caracteriza o aspecto moral da chamada ética profissional.
A autora escreve que, o fato de uma pessoa trabalhar numa área que não escolheu livremente como emprego por precisar trabalhar, não a isenta da responsabilidade de pertencer a uma classe, não a eximindo também dos deveres a cumprir. Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até esta tornar-se um hábito incorporado ao dia a dia, como por exemplo, perguntar a si mesmo se está sendo bom profissional, se está agindo adequadamente e se está realizando corretamente sua atividade.
É importante lembrar que existe uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que devem ser levadas em consideração por um bom profissional, como gostar do que se faz sem perder a dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando, aprendendo, experimentando novas soluções, criando novas formas de exercer as atividades, estando aberto a mudanças, mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer uma grande diferença na sua realização profissional e pessoal. Isso tudo pode acontecer com a reflexão ética incorporada a seu viver.
Ética profissional, relações sociais e individualismo
Seguindo a ideia apresentada por Rosana Glock et al. (2000), as leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a categoria e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento do profissional em ser eticamente correto, ou seja, fazer a coisa certa.
Outra referência que tem sido objeto de estudo de muitos estudiosos parece ser a tendência do ser humano de defender, em primeiro lugar, seus interesses e, quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem sérios problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da comunidade. Com base nas informações do site Professor Bacchelli, se o trabalho executado é só para auferir renda, têm em geral seu valor restrito. Se, por outro lado, os serviços realizados visam ao benefício de terceiros, com a consciência do bem comum, o trabalho passa a ter uma expressão social.
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade.
O número dos que trabalham visando primordialmente ao rendimento é muito grande, fazendo assim com que as classes procuram defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando para que uma luta dura não ocorra na disputa dos serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo.
Você pode analisar que a consciência de grupo tem surgido mais por interesse de defesa do que por altruísmo, pois garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão.
Maia e Fonseca (2010), escrevem que tal luta quase sempre acontece em virtude da ambição de uns em o egoísmo desenfreado de poucos, pode atingir um número expressivo de pessoas e até mesmo influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros.
As autoras narram ainda que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas em princípios de virtude, assim, a ética tem sido o caminho justo e adequado para o benefício geral.
3.5 Gênese, formação e evolução da ética
A palavra (êthos), da qual deriva “ética”, não significa somente “uso” ou “costumes” como tradicionalmente lembram os estudos introdutórios aos compêndios de Ética. Heidegger, muito oportunamente, recorda que tem também uma outra etimologia, mais antiga, fundamental e sugestiva: “moradia”, “lugar onde se habita”... , elucidam essa etimologia: “O lugar de habitação do homem é a proximidade dos deuses”.
Para apreender o sentido mais profundo dessa afirmação, Heidegger retoma um episódio relatado por Aristóteles: chegaram uns estrangeiros que queriam conhecer Heráclito e – para sua profunda decepção – encontram o famoso sábio prosaicamente aquecendo-se junto ao fogão. Ante o olhar de frustração dos visitantes, Heráclito dá de ombros e responde: “Mas, se também aqui estão os deuses...”.
E conclui: “como diz o próprio Heráclito: a morada (familiar) (geheure Aufenthalt) é para o homem, o aberto para a presentificação (Anwesung) de Deus(o in-familiar)”. Em suas análises, nosso autor volta-se para a forma da justiça e mostra que o, a morada do homem, é o ser! O é o ser que somos (e nos tornamos...) pelo agir livre e responsável.
O ser humano não habita apenas uma casa feita de tábuas ou de tijolos.
Como ser “humano”, vivendo junto com outros seres humanos, sua habitação – seu ethos – é feito de hábitos, de costumes e tradições, de sonhos e de trabalhos, formando um verdadeiro habitat, um ambiente vital onde a vida humana pode nascer, crescer e multiplicar-se.
Como toda casa necessita de alicerces, a ética necessita de estruturas e para a ética: são os princípios os seus alicerces, de maneira que os fundamentos da ética são absolutamente necessários para que ela possa se sustentar. Há também vigas mestras para apoiar os assoalhos e as paredes. Na ética, são os padrões, os modelos que determinam os espaços do que é ético e do que fica do lado de fora da ética.
Há, evidentemente, o telhado de uma casa, ou seja, para a ética aquilo que irá protegê-la para que não fique exposta continuamente às crises, às intempéries e aos ventos de doutrinas estranhas.
Os detalhes e acabamentos também são importantes em uma casa. As repartições que organizam de modo harmonioso o lugar de dormir, o lugar de comer, o lugar de acolher o hóspede, podem ser comparadas com as diversas orientações da ética: a intimidade das pessoas, a necessidade da economia, o desejo de relações sociais.
Enfim, como na casa, a ética ganha vida através de pequenos detalhes cotidianos. O lar é feito de um café da manhã, de uma música na sala, de um remédio à cabeceira, das fraldas do menino, do chinelo na porta.
A ética se dá através de pequenos e firmes costumes. Afinal, como na casa, quando esquecemos os alicerces, das vigas mestras internas e das paredes até o telhado, nada nos oferece de garantias para abrirmos a janela e respirar as folhas orvalhadas ao primeiro raio do sol ou pelo costume de tomar um chá antes do repouso, ou de beijar a amada ao sair para o trabalho, pois se torna uma casa frágil.
A ética é a casa, a estrutura global, feita de alicerces, vigas, paredes e telhados. A moral abrange os costumes estabelecidos, as normas de funcionamento da vida dentro da casa, os detalhes variados e às vezes tão arraigados nos costumes. Se esquecermos deles na vida nos tornamos frágeis aos vícios e maus costumes.
3.6 Sistemas conceituais fundamentais da ética
Egoísmo – é uma das tarefas da ética responder sobre as questões do egoísmo, que é a preocupação com os interesses de caráter individual ou corporativo, cujo conceito não inclui a avaliação moral, pois não nos diz se a preocupação com esses interesses é boa ou má.
Altruísmo – a ética responde a esse conceito que deve significar a preocupação com os interesses do outro, porém, não inclui a avaliação moral, pois não significa que uma ação altruística é boa ou má.
Moralidade – é um código de valores capaz de guiar a conduta do homem e suas respectivas escolhas e decisões, permitindo julgamento do certo ou do errado, do bem ou mal.
Bem objetivo – existem teorias sobre o bem subjetivo que dizem ser ele derivado de uma avaliação dos fatos da realidade em relação ao homem, segundo um padrão racional de valor, ou seja, validados por um processo de razão. Outras teorias vêm de escolas do pensamento, que olham o bem como produto da consciência do homem, indeçpendentemente da realidade e outro independentemente da consciência do homem.
Virtude – na época contemporânea a virtude é vista com certo moralismo antiquado. Na época clássica, como conceito central. Com base em vários autores poderíamos traduzir por “excelência”. “O que faz com que um ser humano seja de tal modo pleno ou autêntico é a virtude”.
Solidariedade – são princípios que se aplicam às instituições sociais, a cada pessoa e a toda organização, onde os homens devem aprender a viver para os demais e não somente com os demais. São obras concretas de serviços aos outros.
Subsidiariedade – é um princípio que volta-se ao respeito às relações entre os níveis de concentração de poder e os respectivos interesses sociais a serem satisfeitos. Nem o Estado ou a sociedade jamais deverão substituir a iniciativa e a responsabilidade das pessoas nos níveis em que eles podem atuar e também destruir o espaço para a sua liberdade. Cada ser humano deve ser o autor de seu próprio desenvolvimento. A iniciativa é ponto de partida para qualquer ação humana sob sua responsabilidade individual de edificar a sociedade em que vive. Para isso, é preciso maior liberdade possível e menor controle.
Participação – é a garantia de liberdade para se constituírem associações honradas que contribuem com o bem comum, capazes de reconstituir qualquer esfacelamento social e deficiências produzidas nas relações sociais.
Finalidade – este conceito está ligado à prática da moral vivida e à teoria da moral. “A finalidade significa aqui que o ser humano age para atingir um determinado objetivo ou fim”. Diferentemente do instinto e do comportamento predeterminado do animal, o homem tem a capacidade de introduzir uma indeterminação.
Consciência – é entendida como “capacidade de projetar, diante de si próprio, a representação do fim proposto e de escolher em função deste fim um meio, ou uma sucessão de meios”.
Consenso – na época contemporânea, muitos filósofos contestam a problemática do fundamento da moral. Essa situação depende da recusa da metafísica e da impossibilidade de impor ao outro ser humano a sua norma de comportamento.
Responsabilidade da ética – a consequência de procurar o consenso é: insistência sobre a responsabilidade pessoal e coletiva. Se o conflito entre morais reenvia cada um para a sua liberdade, a responsabilidade torna-se o fundamento da ética contemporânea. No entanto, o sentido comum de responsabilidade é o de assumir as consequências do ato praticado.
Sabedoria/Prudência – é a prudência que permite articular o que caracterizaríamos como ligação do real com o ideal. A prudência encarna uma proposta de universalidade ou uma excelência abstrata nas circunstâncias sempre individualizadas da ação.
Norma – Kant trouxe-nos a questão do dever e da obrigação. O que se impõe como força normativa à consciência moral é a realização do bem. A norma jurídica é a célula do ordenamento jurídico (corpo sistematizado de regras de conduta, caracterizadas pela coercitividade e imperatividade). É um imperativo de conduta, que coage os sujeitos a se comportarem da forma por ela esperada e desejada.
Moralismo – faz referência mais a determinados campos da conduta humana onde a visão estreita de moralidade deriva para moralismo - equivale a uma espécie de loucura da ética, quando se perde o sentido geral das coisas para se apegar a certos pontos ou normas, que são tomados de forma absoluta, sem levar em conta a amplitude, o conjunto. Moralismo é a doença da ética.
Eticidade – segundo Hegel, na sua filosofia do direito, a eticidade torna-se diferente da moralidade em face apenas de uma concepção institucional, mesmo que continue sendo a realização de atos humanos, oriundos de sua vontade.
Dever prima facie – o dever prima facie é uma obrigação que se deve cumprir, a menos que ela entre em conflito, numa situação particular, com um outro dever de igual ou maior porte.
Metaética – é o estudo dos aspectos lógicos de um discurso ou tratado moral. É o estudo do significado dos termos usados no discurso ético. É o tipo de reflexão que analisa o discurso moral, constituindo uma metalinguagem de caráter pretendidamente neutro ou não normativo.
3.7 Sistemas racionais da ética
Na eticidade, como identidade da vontade universal e particular, há uma coincidência entre deveres e direitos. “Por meio do ético, o homem tem direitos, na medida em que tem deveres, e deveres, na medida em que tem direitos”. Só pode ter deveres quem tem, ao mesmo tempo, direitos. Um escravo, portanto não pode ter deveres.
O Imperativo Categórico é uma das ideias centrais para a adequada compreensão da moralidade e da eticidade. Nesta propostaKant sintetizou o seu pensamento sobre as questões da moralidade. Kant valorizava esta ideia de lei moral. Ele cunhou uma das mais célebres frases a esse respeito:
Imperativo categórico – “Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo em que se torne lei universal.” É um dos principais paradigmas da filosofia de Kant. Sua ética vem a ser o dever de agir na conformidade dos princípios que se quer devendo ser aplicado por todos os seres humanos.
Imperativo universal – “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza.”
Imperativo prático – “Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio.”
A justiça não é o direito objetivo nem tampouco o direito ideal. Na melhor das hipóteses, esse último é o objeto das intenções do homem justo. Mas o uso da linguagem favorece o equívoco. Em sentido amplo, “justa” pode ser uma lei, uma disposição, uma determinada ordem, na medida em que correspondem à ideia do direito.
Nesse sentido, a palavra “justa” não significa o valor moral da pessoa. A pessoa aqui não é de modo algum o portador do valor; o valor, muito embora a ação humana possa inicialmente tê-lo realizado, é unicamente valor de um objeto, valor de uma situação, valor para alguém. Todo direito existente ou ideal é valioso.
Em outro sentido, porém justo é o indivíduo que faz o certo ou tem a intenção de fazê-lo e que trata os semelhantes – seja em disposição ou em conduta efetiva – à luz da igualdade requerida. Aqui a justiça é um valor de ação da pessoa, é um valor moral.
O Direito Civil é inspirado no Direito Romano. A primeira fonte do direito é a lei. O Código Civil constitui a base de todas as outras leis, que completam seus artigos ou definem as suas exceções. Os códigos civis caracterizam-se essencialmente por um alto nível de abstração que permite aos juízes interpretar e analisar todas as situações concretas, seja aplicando a lei, seja preenchendo suas lacunas por extrapolação.
“Não se esqueça de que o que é justo do ponto de vista legal pode não sê-lo do ponto de vista moral."
3.8 Debate teórico-filosófico sobre questões éticas da atualidade
A filosofia dos gregos e suas relações com o mundo
O nosso trabalho vai considerar a ética como a ciência da conduta humana, do fim a que se destina essa conduta e dos meios para atingir esse fim, apoiado nos filósofos que consideram a natureza do homem.
Como ciência da conduta dos homens, visa encontrar os motivos da conduta ou as forças que determinam a existência dos fatos, sendo necessária uma definição objetiva e racional dessa conduta voltada para o bem.
Precisamos entender que o mundo de Sócrates e, sua humanidade não mais existem e que, para substituir a divindade que norteava suas realizações e inspirações, hoje existe a razão. É necessário compreender a gênese deste raciocentrismo do mundo ocidental que, utilizando-se da ética, normatizou a conduta humana estabelecendo conceitos racionais do que seria o bem e do que seria o dever.
O propósito maior é o da reflexão que permitirá análises sobre o tempo em que Sócrates falava com o seu “daimom”, ou seja, com sua divindade ou “morada humana”, dizia-se “inspirado por um demônio”, e suas ações se justificavam naquilo que sua divindade lhe dizia.
A ideia é compreender desde o mundo pré-socrático, passando pelos filósofos das épocas onde o divino tudo permeava e se manifestava nas ações humanas e, como diziam Platão e Aristóteles: “um mundo onde o divino era polimorfo.”
O filósofo Heráclito dizia que o “éthos” se referia ao “espaço aberto onde mora o homem”, ou seja, o chamado “habitat”, que serve de morada para o homem e que este espaço era onde a divindade se fazia presente, ou era o seu “daimon”.
O nosso estudo vai perpassar todas as possibilidades da incompreensão e avançar no entendimento das relações entre o que seria éthos e moral e entender o divino que habita em nós.
É preciso buscar na Filosofia as bases para essa compreensão vencendo as dificuldades da cultura racioncêntrica que vive suas profundas crises morais e éticas e, olhando nossa humanidade sem dogmatismos, resgatar o sentido real do bem.
É preciso verificar que a humanidade antes de Platão não precisava justificar seus atos e suas relações, porque não existiam conceitos ontológicos e metafísicos que orientassem critérios para as ações humanas. Após Platão, as ações humanas começaram a ser explicadas, doutrinas foram surgindo, e o mundo das “cartilhas” ou dos “catecismos” foi formando um complexo na existência humana.
Precisamos da filosofia
Palavra de origem grega constituída por duas outras: “philo” e “sophia”. A primeira deriva de “philia”, que significa amizade, amor fraterno, respeito. A segunda significa sabedoria. É dela que deriva a palavra sábio, do grego, “sophos”.
A Filosofia significa o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, ou pelo que deseja saber.
Antiga Grécia
As teorias éticas gregas, entre o século IV e o século V a.C. são marcadas por dois aspectos fundamentais:
Polis
A organização política em que os cidadãos vivem – as cidades-estados – favorece a sua participação ativa na vida política da sociedade. As teorias éticas apontam para um dado ideal de cidadão e de sociedade.
Cosmos – algumas das teorias ético-políticas procuram igualmente se fundamentar em concepções cósmicas.
Teorias éticas fundamentais
Sofistas – defendem o relativismo de todos os valores, afirmando que cada cidadão deveria alcançar o prazer supremo que seria o poder político. No entanto, esse mesmo poder pertenceria a poucos mais fortes na força das palavras, e a maioria dos fracos deveria ser dominada por essa minoria.
Sócrates (470-399 a.C.) – defende o caráter eterno de certos valores como o bem, a virtude, a justiça e o saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição. Tudo deve ser feito em função desse ideal, o qual só pode ser obtido através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tem a obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o bem, sendo justos.
Platão (427-347 a.C.) – defende o valor supremo do bem. O ideal que todos os homens livres deveriam tentar atingir. Para que isto acontecesse, deveriam ser reunidas, pelo menos duas condições:
· Os homens deviam seguir apenas a razão, desprezando os instintos ou as paixões.
· A sociedade devia ser reorganizada, sendo o poder confiado aos sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela maioria composta por homens ignorantes e dominadas por instintos ou paixões.
Aristóteles (384-322 a.C.) – defende o valor supremo da felicidade. A finalidade de todo o homem é ser feliz. Para que isso aconteça é necessário que cada um siga a sua própria natureza, evite os excessos, seguindo sempre a via do “meio termo” (justa medida).
Aristóteles em sua obra Ética a Nicômacos, faz citação: Akrasia, ou “fraqueza de vontade”, é o problema apresentado por uma pessoa que pensa, ou professa pensar que deve fazer algo, mas não o faz.
Mundo helenístico e romano
Com o domínio da Grécia por Alexandre Magno e os impérios que lhe seguiram, alteraram-se os contextos em que o homem vivia.
As cidades-estados são substituídas por vastos impérios constituídos por uma multiplicidade de povos e de culturas. Os cidadãos sentem que vivem numa sociedade na qual as questões políticas são sentidas como algo muito distante de suas preocupações.
As teorias éticas são nitidamente individualistas, limitando-se, em geral, a apresentar um conjunto de recomendações (máximas) sobre a forma mais agradável de viver a vida.
Teorias éticas fundamentais
O desenvolvimento científico que mais afetou a ética depois de Newton, foi a teoria da evolução apresentada por Charles Robert Darwin. Suas conclusões foram os suportes documentais da chamada ética evolutiva, do filósofo Herbert Spencer, para quem a moral resulta apenas de certos hábitos adquiridos pela humanidade ao longo de sua evolução.
Friedrich Nietzsche explicou que a chamada conduta moralsó é necessária ao fraco, uma vez que visa a permitir que este impeça a autorrealização do mais forte.
Bertrand Russell marcou uma mudança de rumos no pensamento ético das últimas décadas. Reivindicou a ideia de que os juízos morais expressam desejos individuais ou hábitos aceitos. A seu ver, seres humanos completos são os que participam plenamente da vida social e expressa tudo o que faz parte de sua natureza.
Os filósofos que julgam que o bem pode ser analisado são chamados de naturalistas. Eles consideram os enunciados éticos como descritivos do mundo em termos de verdadeiro ou falso.
Ética como ciência normativa é fundamentada por princípios da conduta humana, diretrizes no exercício de uma profissão, estipulando os deveres que devem ser seguidos no desempenho de uma atividade profissional, também denominada filosofia moral.
Na história da ética esta se entrelaça com a história da filosofia. No século VI a.C., Pitágoras desenvolveu algumas das primeiras reflexões morais a partir do orfismo, afirmando que a natureza intelectual é superior à natureza sensual e que a melhor vida é a dedicada à disciplina mental.
Os sofistas se mostraram céticos no que se refere aos sistemas morais absolutos, embora, para Sócrates, a virtude surja do conhecimento, e a educação possa conseguir que as pessoas sejam ou devam agir de acordo com a moral. Seus ensinamentos forjaram a maior parte das escolas de filosofia moral gregas da posteridade.
Aristóteles considerava a felicidade a finalidade da vida e a consequência do único atributo humano, a razão. As virtudes intelectuais e morais seriam apenas os meios destinados a sua consecução.
O epicurismo, por sua vez, identificava como sumo bem o prazer, principalmente o prazer intelectual e, tal como os estóicos, preconizava uma vida dedicada à contemplação.
No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino viria a fundamentar na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção por meio da graça divina.
À medida que a igreja medieval se tornava mais poderosa, desenvolvia-se um modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude através da imortalidade.
Para Baruch Spinoza, a razão humana é o critério para uma conduta correta e só as necessidades e interesses do homem determinam o que pode ser considerado bom e mau, o bem e o mal.
Jean-Jacques Rousseau, por sua vez, em seu contrato social (1762), atribuía o mal ético aos desajustamentos sociais e afirmava que os seres humanos eram bons por natureza.
Uma das maiores contribuições à ética foi a de Emmanuel Kant, em fins do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve ser julgada por suas consequências, mas apenas por sua motivação ética.
As teses do utilitarismo, formuladas por Jeremy Benham, sugerem o princípio da utilidade como meio de contribuir para aumentar a felicidade da comunidade.
Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a história do mundo consiste em “disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a obedecer a um princípio universal e facilitar uma liberdade subjetiva”.
Epicuro (341-270 a.C.) – em seus 31º e 37º princípios doutrinários propunha que “as leis existem para os sábios, não para impedir que cometam, mas para impedir que recebam injustiça. (...) A justiça não tem existência por si própria, mas sempre se encontra nas relações recíprocas, em qualquer tempo e lugar em que exista um pacto de não produzir nem sofrer dano.”
Cínicos (Antístenes, Diógenes) – o objetivo da vida do sábio é viver de acordo com a natureza, afastando-se de tudo aquilo que provoca ilusões e sofrimentos: convenções sociais, preconceitos, usos e costumes sociais, etc. Cada um deve viver de forma simples e despojada.
Estóicos (Zenão de Cítio, Séneca e Marco Aurélio) – o homem é um simples elemento do cosmos cujas leis determinam o nosso destino. O sábio vive em harmonia com a natureza, cultiva o autodomínio, evitando as paixões e os desejos, em suma, tudo aquilo que pode provocar sofrimento.
Céticos (Pirro, Sexto Empírio) – defendem que nada sabemos, que nada podemos afirmar com certeza. Em face dessa posição de princípio, a felicidade só pode ser obtida através do alheamento do que se passa à nossa volta, cultivando o equilíbrio interior.
A concepção mecanicista defendida pelos sofistas, e por Epicuro separava as questões do homem da natureza. Aquilo que determinava o agir humano era a procura do prazer e o afastamento da dor. O comportamento humano era marcado pela instabilidade dessas motivações, dado que variava em função dos objetos de desejo.
A concepção finalista defendida por Platão e Aristóteles subordinava o homem ao cosmos. O sentido da sua existência tinha que ser pensado no quadro da ordem que reinava no cosmos. A ação humana orientava-se de acordo com a sua natureza, para o fim último a cujo cumprimento estava orientado. Não se trata de saber o que leva o homem a agir, mas onde reside a sua perfeição ou plenitude das suas tendências naturais.
A lei natural foi inspirada a partir de Heráclito, Platão e Aristóteles, os estoicos e outros filósofos segundo os quais essa lei governava o cosmos e definia a natureza dos homens e o seu lugar na hierarquia cósmica.
O cristianismo representado por S. Tomás de Aquino (século XIII) fortalece a existência de uma lei natural universal capaz de regular o comportamento humano e de todos os seres. No entanto, apenas o homem está submetido às leis morais, consideradas “leis naturais” que, colocadas como princípio ordenador da conduta humana, devem estar em harmonia com a ordem geral do universo, ou seja, com a Lei Divina.
Quando olhamos Descartes e outros filósofos que definem a natureza humana no plano racional e, com plena autonomia sobre a face da terra justifica-se por que desde o século XVII as teorias cosmológicas vão ruindo, de maneira que a Filosofia reconstitui as bases das teorias morais através da Teologia e na ética pelo comportamento natural do homem.
No século XVIII, com a identificação de Deus com a racionalidade dos homens afirma-se que a base de toda a sociedade humana está na razão e na natureza. O direito natural como o conjunto de regras determinadas pela razão regula a sociedade e está conforme a reta razão.
A vida, a dignidade humana e a propriedade são um direito natural e não podem, portanto, ser negadas a nenhum ser humano.
Desse momento, surgem os filósofos Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke. O primeiro desenvolve teorias políticas e de estado, enquanto John Locke afirma que o direito está enraizado numa “lei da natureza” da qual “deriva a própria constituição do mundo em que todas as coisas observam nas suas operações uma lei e um modo de existência adequados à sua natureza”.
John Locke mais tarde afirmou que a lei da natureza é a lei da razão. Foi só no século XVIII que o conceito “direitos naturais” foi substituído por “direitos humanos”. Essa designação surgiu pela primeira vez na obra de Thomas Paine, intitulada “Rigts of Man” (Direitos do Homem), 1791-1792.
Vários foram os pensadores contemporâneos que discorreram sobre o tema. Nenhum merece o desconhecimento. Todos os esforços despendidos vieram mostrar que a conduta humana é rica em sua produção de fenômenos e, portanto, vale o estudo no sentido de conhecê-la.
Buda acusava a ignorância como a causa dos erros e admitia que esta se operava quando se excluía a ação da consciência. Em síntese, há necessidade de suprimir a forte emoção do desejo, substituindo-a por uma consciência inteligente.
Hoje, quando buscamos as bases das teorias budistas, encontramos um ramo do conhecimento que se dedica para a ciência do “eu”, com objetivos de buscar os elementos para o controle das emoções, de maneira a não mascarar as condutas virtuosas, ou seja, as qualidades da ética.
Fundamentos éticos: perspectiva clássica
Isabel Renaud faz uma reflexão sobre o estudo da ética clássica afirmando ser mais um ato interpretativo contemporâneo que respeita e recria dados analisados. A autora começa por referir que toda a reflexão filosófica passa pela subjetividade dopensador. Essa situação “caracteriza o próprio ato de pensar”.
A filosofia contemporânea, no mundo em que vivemos das telecomunicações, da internet, dos programas espaciais, da física quântica, ou da medicina de alta tecnologia, a filosofia contemporânea desde o século XIX se fundamenta nos conceitos da história e da filosofia de Hegel pelas ideias de totalidade e de processo, sendo o homem um ser histórico, assim como a sociedade. Isto traz como uma das consequências a ideia de progresso e consagra a visão crítica diante das bases morais da sociedade ocidental, da religião e os abusos da própria ciência.
Na perspectiva dos gregos, não há escolha dos fins, os quais se impõem ao ser racional em virtude da sua constituição racional, mas a escolha incide sobre os meios para atingi-la.
Em poucas palavras, na nossa vida real estamos sempre às voltas com problemas morais práticos como atos, juízos, normas morais. Isso vale para todos.
Não se pode escapar aos problemas concretos e muitas vezes tão fáceis de perceber os aspectos morais envolvidos.
“A ética que surge da finalidade abre-se inevitavelmente ao conceito do bem.”
A filosofia e a ética a todo o momento precisam rever os conceitos de sabedoria/prudência e de normas.
3.9 Fundamentos éticos: perspectiva clássica – da razão à responsabilidade da decisão
A razão e o seu conteúdo
Com Kant, a razão torna-se formal, visto que é medida por ela própria. O imperativo moral passa a impor-se por si mesmo, e o dever ser já não provém da natureza humana empiricamente considerada.
O imperativo categórico é fundado ontologicamente na e pela liberdade transcendental. Essa liberdade é, portanto, humana, não empiricamente conhecida, racional, pura e, a priori, no sentido em que é compreendida como autonomia, não coincide com nenhum ato livre concreto.
É assim que se instauram as normas do diálogo social, que permitem a cada um o exercício da sua liberdade moral. E, desse modo, “a moral dirige ao direito um pedido para resolver a questão dos conflitos morais entre indivíduos. A própria liberdade muda de sentido, aproximando-se do seu sentido antigo e limitativo de livre-arbítrio”.
O conflito
O sociólogo da moral interpreta aqui o moralista, obrigando-o a basear-se no real. O sociólogo parte da verificação de um fato: a liberdade democrática deixa a cada um a responsabilidade moral de si próprio, sancionando apenas juridicamente os comportamentos que a sociedade considera como inaceitáveis.
O que o indivíduo faz além destas normas jurídicas, depende exclusivamente dele próprio. A moral clássica já havia dito que ninguém pode penetrar na consciência moral do outro. E assim, atualmente, a moral procura o fundamento “na gestão teórica e prática dos conflitos que surgem sempre das diferenças entre opiniões morais divergentes”.
Bases mentais e conduta – sem perder sua autonomia científica, a ética tem ligações muito fortes com as doutrinas mentais e espirituais. Os estudos científicos da mente chegaram a conclusões comuns no que tange à influência dos conhecimentos adquiridos nas primeiras idades.
Determinismo genético e educação ética – apesar de estar vencida no campo da ciência, uma pequena dúvida ainda paira sobre a crença de que nascemos bons ou maus em decorrência de atavismos e que isso não pode ser mais adaptável à vida. Parte-se do princípio de que a conduta advém da vontade e quando esta se manifesta obedece a um comando de estruturas já definidas. A vontade é que sucede à consciência e não esta àquela.
Influências ambientais – a educação é vulnerável a um ambiente adverso, especialmente se é ministrada com deficiências ou se ensejar espaços para incompreensões. O meio em que vive a mídia eletrônica, as publicações, enfim, tudo que possa interferir no sentido de corroer a moral educacional, pode acarretar a transformação das referências adquiridas na base educacional.
Acumulação dos problemas no curso da existência – essa teoria prevê que a formação ética depende de ambiência sadia, virtuosa, inspiradora de uma consciência no sentido de não prejudicar quem se forma moralmente.
Senão, diante de uma crise no curso da existência, o indivíduo abandonará sua formação ética, tornando-se menos capaz para a prática de ato virtuoso.
Controle na formação da consciência ética – não basta somente o sustentáculo da educação. É necessário acompanhar o educando para ver se ele cumpre corretamente o que lhe foi ministrado, aplicando-lhe os corretivos racionais e humanos, ou seja, sem rigor excessivo e sem motivar pânico, medo ou covardia. Há quase 2.000 anos Sêneca já advertia: “não se pode amar quem se teme”.
Ambiência despreocupada com a moral – entre os modelos que formam a mente do cidadão e os modelos da norma de que ele necessita cumprir como atitude, podem existir conflitos. O descumprimento de um dever ético pode estar explicado nos conceitos de virtude que foram absorvidos pela educação ou pela ambiência do ser.
O natural passa a ser a traição para quem conviveu em um ambiente deformado; natural ser corrupto onde se tolera a corrupção. A lesão aos bons costumes, quando se consagra como prática aceita socialmente, compromete o futuro das novas gerações, por desrespeito ao passado e negligência no presente.
Sabemos que o homem recebe a influência dos instintos, mas não é predeterminado por eles. Sua inteligência é vontade livre e soberana. Seus caminhos são dirigidos pela bússola mais íntima que é sua consciência, e ele tem algo que o diferencia dos animais: sua capacidade de perceber valores e contemplar o mundo, ultrapassando os determinismos biológicos.
A cultura acumulada na humanidade do homem e sua educação recebida possibilitam que, além de suas necessidades primárias atendidas pelo instinto, possa ele buscar bens e outros valores, tais como:
· Realização pessoal – habilidades, destrezas, conhecimentos, fama, posição social e política e êxito profissional.
· Valores – relações pessoais, costumes morais, bens estéticos, amizade e amor.
· Virtudes – todas as qualidades que o fazem um ser humano honrado e honesto.
As virtudes devem ser entendidas por força da interpretação relativa, como sua origem que, no latim, virtus, significa virilidade e excelência à perfeição moral. No grego, Arete, significava excelência, capacidade e valia. Ambos possuem significados que expressam a excelência do homem enquanto homem.
A partir desses conceitos iniciais, é possível se imaginar que os princípios básicos da conduta ética serão: “fazer o bem e evitar o mal, pois querer positivamente o bem dos outros como se quer o seu próprio e não querer um fim bom, empregando meios maus”. Isso deve permear todas as decisões humanas, pois quando se vive bem, com arte de fazer o bem, vive-se com ética.
Todos os grandes homens da História foram unânimes em reconhecer que Sócrates e Platão, tiveram suas vidas pautadas no princípio de que “é melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la”.
Sabemos que os hábitos coletivos são frutos dos comportamentos individuais, no entanto, não devemos contrapor o bem comum ao bem particular, pois o bem da comunidade torna possível o bem individual. Na máxima Aristotélica: “Se uma mesma coisa é um bem para um só homem e para a cidade, é melhor e mais perfeito, procurar defender o bem da cidade [...]“.
Quando nos referimos à ética, precisamos permanentemente compor e refletir sobre conceitos e princípios básicos da ordem social, das virtudes da justiça, de dar a cada um o que lhe é devido, de maneira que a aquisição das infinitas virtudes permita o desenvolvimento moral das pessoas e o cultivo da cidadania.
Diante desses argumentos, os pilares da justiça, que possuem suas estruturas no todo social a partir da justiça de permuta, justiça de distribuição e da justiça legal geral, suas possibilidades de querer saber sobre ética são quase irreversíveis.
O hábito e a arte de viver bem as relações de justiça devem primeiro estar na vida das pessoas. Vê-se o seu reflexo nos resultados coletivos, no convívio familiar e escolar, no trabalho ou no lazer.
Se nossos olhos virema ética como modismo, será preciso que ela ande na crista da onda, do dia e da humanidade, pois existe até a ética de quem fala e não vive a ética.
O exemplo significativo é a do nosso Betinho em muito mais do que discurso abraçou uma ação de cidadania contra a miséria e a fome com todas as suas consequências em cadeia, tais como saneamento, saúde, educação e falta de moradia dando exemplo aos maus políticos sobre o caminho para se mudar um país que depende principalmente da sua cultura e de seus valores éticos.
A ética quando colocada sem os fundamentos filosóficos, esvai-se como ciência, no entanto, como arte, ela adquire o brilho do que é bom, da excelência, dos bons costumes e, quando chega ao pluralismo cultural e no universo do consumismo, da globalização, ela necessita ser revista e reconstruída em seus referenciais que ficaram esquecidos na história.
Nas infinitas formas de relação entre os homens, a ética foi surgindo como resposta aos problemas básicos da convivência social. Nessa realidade, surgiram doutrinas, princípios, valores, normas. Quando eles entram em crise, surgem novas necessidades em face de sua substituição.
A exemplo dos sofistas, mestres que ensinavam a arte de convencer os outros pela retórica e pela intervenção em uma sociedade livre, entravam em cena, convencendo e colocando em dúvida as verdades e normas universais.
Sob esse ângulo, pode-se dizer que a ética é a ciência humana de caráter amplo que pode ser refletida em qualquer ciência, pois não existe sociedade humana sem valores humanos.
São eles que estabelecem conceitos de virtude comportamental e de moralidade.
Não podemos confundir ética com obrigações mínimas do cidadão. Tradicionalmente, a ética sempre esteve ligada aos aspectos da moral e dos bons costumes.
Sócrates, que muitos consideram fundador da ética, defendeu uma moralidade autônoma independente da religião e exclusivamente fundamentada na razão. Atribuiu ao estado um papel fundamental na manutenção dos valores morais, a ponto de subordinar a ele mesmo autoridade de pai e mãe.
Segundo a ética aristotélica: “Só será feliz o homem cujas ações sejam sempre pautadas pela virtude, e essa chamada virtude só poderá ser adquirida através da educação”.
Sócrates, Aristóteles, Descartes, Platão e todos os filósofos da humanidade buscaram a seu modo o estado ideal, no qual a felicidade e o bem humano fossem o centro da razão e do desejo, da justiça e do bem-estar espiritual. Esses pensadores, como todos nós, tiveram uma noção do bem que caracteriza as ações que separam a nossa humanidade dos animais.
A ética moderna dominante, a partir do século XVI até o século XIX, fragmenta a dominação, separando a razão da fé, o Estado da Igreja e o homem de Deus. Até o século XVIII com Kant, quase todos os filósofos afirmavam que o objetivo da ética era ditar leis de conduta. Para Hegel a ética aparece nas normas, leis e costumes da sociedade e culmina no Estado.
Sob esse ângulo, a humanidade encontra caminhos para atender à necessidade de buscar uma função para a ética, tornando-a norma universal e necessária para a humanidade no tempo e no espaço.
As teorias enciclopédicas advindas de um número imenso de abstrações carregaram a humanidade de teses fundamentais para a ética, onde Marx é um dos exemplos de modelo que resgata o homem concreto, transformado, numa unidade indissolúvel. Um ser espiritual e sensível, natural, teórico e prático, objetivo e subjetivo, produtor, transformador e criador.
Para Marx, a moral é função social e somente será válida quando for universal, para todos os tempos e para todas as sociedades. Até chegar a esse momento, tudo é relativo, sendo a moral o alimento espiritual da estrutura existente, sem impregnar-se de “falsos moralismos”, caminhando sempre como sujeito da história.
A ética contemporânea
A ética contemporânea encontra o século XIX fragmentando o formalismo existente e o absolutismo, que permitem ao homem transformar a partir da abstração do universo.
Desde a época em que Galileu afirmou que a terra não era o centro do universo, desafiando os postulados éticos religiosos da cristandade medieval são comuns os conflitos éticos gerados pelo progresso da ciência, especialmente na sociedade industrializada do século XX.
A Sociologia, a Filosofia, a Medicina, o Direito, a Engenharia Genética e as outras ciências se deparam a cada passo com problemas éticos. Em outro campo de atividade humana, a prática política antiética tem sido responsável por comoções e crises sem precedentes em todos os países.
Normalmente quando tratamos sobre ética, falamos sobre a moral que está relacionada aos bons costumes, ou seja, às ações dos homens segundo a justiça, a igualdade e o direito de cada indivíduo no meio social.
Daí a afirmação de que a ética fundamenta-se em valores morais. Portanto, o caráter moral do homem se define pelas escolhas que ele realiza. Suas virtudes determinam ações praticadas perante a sociedade como um todo.
As decisões que se tomam no dia a dia fazem com que se corra o risco de perder os valores éticos baseados nos valores morais, prejudicando seus semelhantes, tanto consciente como inconscientemente. Por exemplo, a frustração, a raiva, o ódio, a disputa e privações fazem parte do aprendizado de uma criança, tanto quanto, o amor, a atenção, o carinho e a afetividade que ela recebe.
Precisamos respeitar as diferenças individuais da humanidade, na família, na escola e no ambiente profissional, buscando a reeducação dos valores morais, éticos e humanos, estimulando nas novas gerações o sentimento para convívio social e contribuindo para a melhoria e desenvolvimento de todo o país, na luta por uma realidade melhor para todos, na reconstrução da cidadania.
À ética fora do espaço social e voltada para o universo do individual, faltam todas as possíveis relações que resgatam o universo filosófico e possibilitam a formação dos eixos centrais das condições de sobrevivência do sistema humano na busca do bem comum.
Quando temos normas privadas ou de grupos que visam apenas a interesses determinados ou de categorias de pessoas que não têm respeito ou dignidade, elas representam o máximo das atitudes antiéticas possíveis. Hoje, é comum confundir a ética com as normas éticas impostas pela tradição, pela dominação política e pela educação.
Existe uma definição universal da ética que preconiza sob os imperativos do consenso, ser a dignidade não dependente de nenhuma circunstância, pois é qualidade inerente ao ser humano, e a norma ética é interiorizada no seu real valor.
É mais fácil e mais cômodo obedecer à regra de não matar do que à de salvar o maior número de vidas possível. Matar não é significativamente pior do que deixar morrer. O que é pior, a intenção ou o descaso? Para você pode ter diferença, mas para quem morre tanto faz.
Ser ético é escolher a melhor premissa, perguntando-se sempre qual é o melhor caminho para fazer bem. O que é bem nessa situação? Ficar aberto ao questionamento é permitir ter uma perspectiva ética.
O que for moral oferece normas de como agir em direção do bem. Para cada situação ou realidade, novas perguntas devem ser feitas, pois a moral não se questiona, mas a ética, sim. Ela é dinâmica no tempo e nas circunstâncias.
Ética dos fins ou ética dos bens
É representada pela defesa de valores fundamentais denominados de bem comuns e suas manifestações mais importantes são: hedonismo, utilitarismo, eudemonismo e ética dos valores para os quais o fim último é respectivamente o prazer, o útil, a felicidade e os valores.
Morais deontológicas ou do dever ou da lei – as que afirmam que o critério supremo é o Dever ou as Leis. O termo deontologia surgiu das palavras gregas “déon, déontos” que significam dever e “lógos” e se traduz por discurso ou tratado.
Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adaptadas por um determinado grupo profissional. Logo, a deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício de uma profissão.
Morais situacionais e relativistas– são as que se recusam a construir a moral sobre um princípio absoluto, seja ele o fim último ou o dever.
Sem alguma base, algum critério objetivo, não é possível escolher um sistema moral bom em lugar de um ruim. Se ambos são igualmente emotivos e irracionais, são ambos igualmente arbitrários tornando qualquer diferença entre eles apenas produto de propensões acidentais ou caprichos pessoais. Nenhuma escolha poderia ser racionalmente defendida.
A humanidade é carregada de regras morais, fundamentada ora no cientificismo, ora no transcendente, mas ambos carentes de ética. Assim, “vale tudo” para você ser feliz (por exemplo, cometer adultério, mas desde que em segredo); “você pode” tudo (comer, beber, jogar, se drogar, assistir ao que quiser curtir a vida adoidado, até dizer coisas que depreciam os outros ou até passar por cima dos outros para conseguir sua meta).
Em outras palavras, alguém que assistiu a repetidas cenas fictícias de estupro, de assaltos, de corrupção, tende a ficar mais insensível diante de outras cenas semelhantes.
A ética é mais ampla e universal durando mais tempo, enquanto a moral é restrita e funciona em determinados campos da conduta humana em determinados períodos. A moral nasce da ética e se a ética desce de sua generalidade e de sua universalidade, fala-se da existência de uma moral.
Mecanismos que são fundamentos das regras do direito e da moral: para sobreviver, o homem se conforma com tais regras e não pode agir de outro modo. É preciso ser ético, porém, a Ética é algo maior, e a moral algo mais limitado, restrito; de maneira que podemos dizer sob esse ângulo de análise, que a ética é um estudo ou uma reflexão sobre o comportamento moral dos indivíduos em uma determinada sociedade.
3.10 A ética que analisa, investiga e explica a moral
Exemplos de falso moralismo:
· Pai que proíbe a filha de sair, mas sai escondido com pessoas mais jovens.
· Proíbe o uso de certas roupas, mas é inconveniente com pessoas na rua que usam as mesmas roupas.
· Virgindade.
As normas morais surgem na hora em que somos levados à dúvida de como devemos agir e do fato que julgamos e pelo mal de sermos julgados.
Normas morais – a dúvida de como devemos agir e o fato que julgamos ou pelo qual somos julgados pressupõem que haja princípios, normas, regras ou leis, que são os parâmetros de comportamento social e, que nos confrontam com o nosso julgamento do que significa ser leviano, imoral, incompetente ou simplesmente intrometido.
Todos os brasileiros são iguais perante a lei. O preconceito racial é crime. Devemos fazer o bem e evitar o mal.
Apesar das normas existentes (jurídicas, morais, etc.), muitas vezes ainda ficamos na dúvida sobre como agir com retidão. Isso porque ou não existem normas ainda, ou nós não as conhecemos, ou não sabemos interpretá-las.
Em poucas palavras, na nossa vida real estamos sempre às voltas com problemas morais práticos como atos, juízos, normas morais. Isso vale para todos. Não se pode escapar aos problemas concretos e muitas vezes não fáceis da moral.
A moral é uma forma de comportamento humano que compreende tanto o aspecto normativo (regras de ação) quanto o factual (necessidade de adequação dos atos humanos às normas).
A moral é também um fato social – com tendência a ajudar a sociedade a organizar suas ações com base em valores e fins para solucionar suas necessidades.
Quem recorda? Vinícius de Moraes: “é impossível ser feliz sozinho”. O bem é comum. O projeto pessoal e social deve ter a direção da solidariedade e do bem coletivo, capaz de conduzir a própria humanidade à realização daquilo que ela própria é: humana.
É mais fácil dizer que se vive uma crise ética e moral, vivendo todas as circunstâncias para justificar nossa falta de ética, onde o “importante é levar vantagem em tudo”. No entanto, quando a ordem econômica, política e social achar conveniente, resgatam-se imediatamente a ética e a moral segundo os preceitos da “onda ética” do momento. Isso se confunde com honestidade, dignidade e obrigações ou deveres com a ética profissional, ética na educação, na política, etc.
Ideologicamente quando nos referimos à ética como um padrão de comportamento individual e social, tendo como determinante a ideologia da quase totalidade da sociedade, é preciso observar que esse sistema de representação por imagens, por mitos, ou por ideias denominados ideologia tem funções bem definidas na sociedade pelas práticas e relações específicas.
Não podemos pensar em uma estrutura ou formação social sem as ideologias, pois a sociedade precisa e deve ter a função essencial de constituir e renovar o imaginário coletivo, dando ao povo identidade, aspirações e as linhas gerais para sua organização. Não dá para separar a vida social da vida política, pois são elas que produzem os significados e a evocação legitimada dos seus objetivos.
Athusser faz uma constatação afirmando a existência de duas práticas que complementam o processo de reprodução das relações sociais de dominação, o da repressão e o da aceitação social da ideologia.
Ele afirma que os aparelhos de estado vão reproduzindo a ideologia dominante bem devagar de forma mais cruel. A escola, através da educação, reproduz de forma mais violenta, depois vêm a igreja, a imprensa e a cultura. Por isso, quando se diz que é a vontade do povo ou da maioria, na verdade é a do grupo dominante, hegemônico que atua na sociedade.
O mundo não dá conta das múltiplas informações que chegam a cada segundo. Perde-se tempo absorvendo as que não possuem mais significado em padrões aceitáveis. Os nossos instintos primários e os sentidos naturais agora precisam da tecnologia química para ser aguçados e dar novos horizontes e novas fantasias.
A ética à nossa disposição não nos sustenta mais diante dos valores do passado, porém ela está presente cada vez mais na nossa vida, mascarando a construção das ideologias e das novas formas de dominação. Apenas queremos e precisamos gritar bem alto, que os elementos principais de todas as éticas não podem faltar: respeito e justiça.
A ética é o vetor por excelência do contexto sem pragmatismos, nunca de características compulsórias (leis), sendo o espectro da ação relativa a partir de preceitos regionalizados, particularizados e nunca universais.
A ética é como um divisor de águas, em parceria entre semelhantes, embora desiguais. Constitui uma espécie de contrato que delimita as ações no âmbito da fidelidade ao jogo institucional das relações humanas.
A constante banalização da quebra de ética pela imprensa mundial vai da banalização da sexualidade infantil e adulta até as notícias de uma guerra mundial.
Cada ser é a principal célula criadora de seu próprio destino. Logo, como vai ficar o destino da humanidade?
“Porque onde andar e estiver o meu tesouro, aí estará também o meu coração” (Mateus 6:21).
A razão se abre para baixo de onde emerge de algo mais elementar e ancestral: a afetividade. Abre-se para cima, para o espírito que é o momento em que a consciência se sente parte de um todo e que culmina na contemplação.
Portanto, a experiência de base não é “penso logo existo”, mas “sinto, logo existo”. Na raiz de tudo não está a razão (Logos), mas a paixão (Pathos). David Goleman diria que no fundamento de tudo, está a inteligência emocional. Afeto, emoção, numa palavra, paixão é um sentir profundo.
David Coleman, grande filósofo da atualidade, coloca a ternura como sendo o cuidado com o outro, o gesto amoroso que protege. O vigor é a contenção sem a dominação, a direção sem a intolerância. Aqui se funda uma ética capaz de incluir todos na família humana. Essa ética se estrutura ao redor dos valores fundamentais ligados à vida, ao seu cuidado, ao trabalho, às relações cooperativas e à cultura da não violência e da paz.
O normativo e o fatual
A moral é um conjunto de normas aceitas livre e conscientemente que regulam o comportamento individual e social dos homens.
Encontramos na moral dois planos: o normativo, constituído pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser. E ofactual, que é o plano dos fatos morais constituído por certos atos humanos que se realizam efetivamente.
Os atos adquirem um significado moral – são positivos ou moralmente valiosos quando estão de acordo com a norma; negativos quando violam ou não cumprem as normas. Portanto, certos atos são incluídos na esfera moral por cumprirem ou não uma determinada norma.
O normativo não existe independentemente do fatual, mas aponta para um comportamento efetivo, pois toda norma postula um tipo de comportamento que considera devido, exigindo que esse comportamento passe a fazer parte do mundo dos fatos morais, isto é, do comportamento efetivo real dos homens.
O fato de uma norma não ser cumprida não invalida a exigência de que ela seja posta em prática. Essa exigência e a validade da norma não são afetadas pelo que acontece no mundo dos fatos.
O normativo e o factual possuem uma relação mútua – o normativo exige ser realizado e orienta-se no sentido do factual; o realizado (o factual) só ganha significado moral na medida em que pode ser referido positiva ou negativamente a uma norma.
Diferenças entre moral e moralidade
A moral efetiva compreende as normas ou regras de ação e os fatos que possuem relação com ela. No entanto, esta distinção entre o plano normativo (ou ideal) e o fatual (real ou prático) leva alguns autores a propor dois termos para designar cada plano: moral e moralidade.
A moral designaria o conjunto dos princípios, normas, imperativos ou ideias morais de uma época ou sociedade determinadas. A moralidade seria um componente efetivo das relações humanas concretas que adquirem um significado moral em relação à moral vigente. A moral estaria no plano ideal e a moralidade no plano real.
A moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada. Por isso, cremos que é melhor empregar um termo só: moral, indicando os dois planos, o normativo e o efetivo. Portanto, na moral se conjugam o normativo e o fatual.
Caráter social da moral
A moral possui, em sua essência, uma qualidade social. Manifesta-se somente na sociedade, respondendo às suas necessidades e cumprindo uma função determinada. Uma mudança radical da estrutura social provoca uma mudança fundamental de moral.
A moral possui um caráter social.
Cada indivíduo, comportando-se moralmente, sujeita-se a determinados princípios, valores ou normas morais. O indivíduo não pode inventar os princípios ou normas nem os modificar por exigência pessoal.
O normativo é algo estabelecido e aceito por determinado meio social. Na sujeição do indivíduo, às normas estabelecidas pela comunidade, manifesta claramente o caráter social da moral.
As ideias, normas e relações sociais nascem e se desenvolvem em correspondência com uma necessidade social. A função social da moral consiste na regulação das relações entre os homens, visando manter e garantir uma determinada ordem social, ou seja, regular as ações dos indivíduos nas suas ações mútuas, ou as do indivíduo com a comunidade, visando preservar a sociedade no seu conjunto e a integridade de um grupo social.
O direito garante o cumprimento do estatuto social em vigor através da aceitação voluntária ou involuntária da ordem social juridicamente formulada, ou seja, o direito garante a aceitação externa da ordem social. A moral tende a fazer com que os indivíduos harmonizem voluntariamente, de maneira consciente e livre, seus interesses pessoais com os interesses coletivos.
O individual e o coletivo na moral
O indivíduo pode agir moralmente somente em sociedade. Uma parte do comportamento moral manifesta-se na forma de hábitos e costumes. O costume apresenta um caráter moral em razão de sua intuição normativa.
A moral implica sempre uma consciência individual que faz suas ou interioriza as regras de ação que se lhe apresentam com um caráter normativo, ainda que se trate de regras estabelecidas pelo costume.
Estrutura do ato moral
O ato moral se apresenta como uma totalidade de elementos: motivos, intenção ou fim, decisão pessoal, emprego de meios adequados, resultados e consequências.
O ato moral não pode ser reduzido a um de seus elementos, mas está em todos eles, na sua unidade e nas suas mútuas relações.
3.13 Conceitos da ética profissional
As lideranças sociais têm um poder e uma responsabilidade decisivos em relação à ética. Nenhuma nação, povo, ou grupo social pode realizar seu projeto histórico sem lideranças. A liderança social é o elemento de ligação entre os interesses do grupo social e as oportunidades históricas disponíveis para realizá-los. A responsabilidade ética da liderança, portanto, se pudesse ser medida, teria o tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles que ela representa e lidera.
A liderança social tem uma tripla responsabilidade ética: institucional, pessoal e educacional.
· Institucional, porque devem cumprir fiel e estritamente os deveres que lhe são atribuídos.
· Liderança pessoal porque devem ser cada uma delas, um exemplo de cidadania: justas e eticamente íntegras.
· Liderança educacional porque, além de ser um exemplo, deve dialogar com os que ela lidera, de modo a ampliar a sua consciência política e a fazê-los crescer na cidadania.
A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo. Tratam dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens, segundo a justiça e a equidade natural, ou seja, os princípios éticos e morais são na verdade os pilares da construção de uma identidade profissional e sua moral mais do que sua representação social contribui com a formação da consciência profissional.
Os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção de um profissional que representa o Direito Justo, distinguindo-se por seu talento e principalmente por sua moral e não pela aparência.
De forma sintética, João Baptista Herkenhoff (2001) exterioriza sua concepção de ética; o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo dos juízos de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juízos de realidade). Todavia, “a moral é a parte subjetiva da ética”.
“O homem nem sempre pode o que quer, nem quer sempre o que pode. Ademais, sua vontade e seu poder não concordam com seu saber. Quase sempre as circunstâncias externas determinam a sua sorte.” (D’HONDT, 1966, p. 105).
A Ética Profissional e a Filosofia do Agir Humano – O Ser Ético/Axiológico. É a vida do bem em organizações humanas. A vida plenamente humana.
Esse mundo humano – ser ético/axiológico não é uma dádiva da natureza. É uma conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua dimensão ético-profissional, a enveredar pelos obscuros caminhos da cidade sem lei.
A ética é aplicada no campo das atividades profissionais. A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
O estudo e o conhecimento da Deontologia (do grego deontos = dever e logos = tratado) se voltam para a ciência dos deveres, no âmbito de cada profissão.
É o estudo dos direitos, emissão de juízos de valores, compreendendo a ética como condição essencial para o exercício de qualquer profissão. A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que visam estabelecer certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.
A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-viver. Independente das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencialmoral comum.
O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, que valem apenas para a área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem.
A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos – Moral e Direito – pois não estabelece regras.
3.14 Ética profissional e relações sociais
Ética profissional: quando se inicia esta reflexão?
Esta reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da prática profissional.
A fase da escolha profissional, ainda durante a adolescência muitas vezes, já deve ser permeada por esta reflexão. A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que está prestes a assumir, tornando-se parte daquela categoria.
Toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades, referentes à prática específica numa determinada área, devem incluir a reflexão, antes do início dos estágios. Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isso caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, a adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o seu exercício.
É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as atividades que uma pessoa pode exercer.
Atitudes de generosidade e cooperação no trabalho em equipe, mesmo quando exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto maior de atividades que dependem do bom desempenho desta.
Uma postura proativa, por exemplo, é não ficar restrito às tarefas solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que temporário.
Se sua tarefa é varrer ruas, você pode se contentar em varrer e juntar o lixo, mas você pode também tirar o lixo que vê que está prestes a cair na rua, podendo futuramente entupir uma saída de escoamento, causando uma acumulação de água quando chover.
Ética profissional e relações sociais
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não saberá quem fez.
As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, as pessoas que dependem deles. Há, porém muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional com a ética, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa certa.
Ética profissional e atividade voluntária
Outro conceito interessante de examinar é o de profissional, como aquele que é regularmente remunerado pelo trabalho que executa ou atividade que exerce, em oposição ao amador. Nessa conceituação, diria-se que aquele que exerce atividade voluntária não seria profissional, e esta é uma conceituação polêmica.
Na realidade, voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a prática profissional não remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação de serviços em beneficência, por um período determinado ou não.
Ética profissional: pontos para sua reflexão
É imprescindível estar sempre bem-informado, acompanhando não apenas as mudanças nos conhecimentos técnicos da sua área profissional, mas também nos aspectos legais e normativos. Vá e busque o conhecimento. Muitos processos administrativos e jurídicos no âmbito da quebra da disciplina ética profissional nos conselhos profissionais, acontecem por desconhecimento da própria ética profissional e negligência com os valores éticos e morais. Quais sejam:
Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas, confidencialidade, privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento, afetividade, correção de conduta, boas maneiras, relações interpessoais verdadeiras, responsabilidade, confiança e outras formam composições para um comportamento eticamente adequado.
A função principal de um código de ética é começar pela definição dos princípios que o fundamentam e se articula em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres. Ao definir direitos, o código de ética cumpre a função de delimitar o perfil do seu grupo. Ao definir deveres, abre o grupo à universalidade. A definição de deveres deve ser tal, que por seu cumprimento, cada membro daquele grupo social realize o ideal de ser humano.
O processo de produção de um código de ética deve ser por si só um exercício de ética. Caso contrário, nunca passará de um simples código moral defensivo de uma corporação. A formulação de um código de ética precisa, pois, envolve intencionalmente todos os membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Isso exige um sistema ou processo de elaboração de baixo para cima, do diverso ao unitário, construindo-se consensos progressivos, de tal modo que o resultado final seja reconhecido como representativo de todas as disposições morais e éticas do grupo.
A elaboração de um código de ética, portanto, realiza-se como um processo ao mesmo tempo educativo no interior do próprio grupo. Deve resultar num produto tal, que cumpra ele também uma função educativa e de cidadania diante dos demais grupos sociais e de todos os cidadãos.
Quais os limites de um código de ética?
Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependerão sempre da existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitado. Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos comportamentos de seus membros.
Essa regulação só será ética quando o código de ética for uma convicção que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade. Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as chances de identificação dos membros do grupo com seu código de ética e em consequência, maiores as chances de sua eficácia.
O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O fundamento dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua liberdade (possibilidade) de viver plenamente.
As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não apenas por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser são parte de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência.
A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A moral tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção consciente e deliberada dos homens na sociedade.
Éticae sistema econômico
O sistema econômico é o fator mais determinante de toda a ordem (e desordem) social. É o principal gerador dos problemas, assim como das soluções éticas. O fato de o sistema econômico parecer ter vida própria, independente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade ética dos que estão em seu comando.
O sistema econômico mundial, do ponto de vista dos que o comandam, é uma vasta e complexa rede de hábitos consentidos e de compromissos reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua responsabilidade ética individual não existe.
A moral dominante do sistema econômico diz que pelo trabalho qualquer indivíduo pode ter acesso à riqueza. A crítica econômica diz que a reprodução da miséria econômica é estrutural. Sendo assim, dentro de uma visão ética, pode se dizer que se exigem transformações radicais e globais na estrutura do sistema econômico.
Ética e meio ambiente
A voracidade predatória do sistema econômico vigente o faz enxergar a natureza tão somente como fonte de matérias-primas para a produção de mercadorias. Com isso, a natureza a torna-se uma mercadoria.
O trabalho é a ação humana que transforma a natureza para o homem. Mas, para que cumpra essa finalidade de sustentar e humanizar o homem deve realizar-se de modo autossustentável para a natureza e para o homem. A voracidade predatória de nosso sistema econômico está rompendo perigosamente o equilíbrio de auto sustentabilidade entre a natureza e o homem.
Preservar e cuidar da natureza é o mesmo que preservar e cuidar da humanidade, das gerações atuais e futuras. Preservar e cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade ética diante da natureza humana.
O pensamento pós-moderno rejeita o conceito defendido pela modernidade de que existem verdades absolutas e fixas. Toda verdade é relativa e depende do contexto social e cultural em que as pessoas vivem. Cada um percebe a verdade de sua própria forma. Não há “verdade”, mas sim “verdades” que não se contradizem, mas se complementam. Isso inclui verdades religiosas. Conceitos como “Deus” são totalmente relativos. A única “inverdade” que existe é insistir em dizer que existe verdade fixa e absoluta!
Nesta época de pós-modernidade, surgiu o conceito do politicamente correto – na mentalidade pluralista e inclusivista, a opinião e as convicções de todos têm de ser respeitadas. A razão para este “respeito” é que a opinião de um é vista como tão verdadeira quanto a do outro. Assim, torna-se politicamente incorreto criticar as opiniões, a conduta e as preferências morais, políticas e religiosas de alguém.
O contemporâneo é incerto e ainda problemático, precisando de ressignificações dos papéis e das funções, cujos atores humanos têm a plateia humana sem bússola e sempre os temas centrais dos atos são a ética.
Existem quatro eixos de conteúdos relativos à ética. São eles: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade.
Quando nos referimos ao espectro ético em uma determinada prática social/profissional, de maneira que possamos reconhecer a existência de expectativas e de avaliações, cabe-nos sempre uma profunda indagação: o que se tem feito e dito a respeito de nós? Qual a nossa imagem de ética vivenciada?
A transgressão da ética surge pela inconformidade e pela falta do conhecimento e não necessariamente pela má-fé, se não estiverem atreladas ao não moral. No entanto, não podemos esquecer que no campo da ética, não devemos estabelecer configurações apriorísticas.
As regras dificilmente serão as mesmas, porém, mesmo quando o conhecimento e as competências são diferentes, a funcionalidade processual formal deve ser explicitada. Caso haja rompimentos de regras, é preciso rever o contrato e refletir a prática no campo da dialética, nascendo a semente ética do sucesso de qualquer profissão.
Reconstruir valores de forma contínua, convergentes e integradores ao conhecimento de outras disciplinas, permite desenvolver, no campo filosófico, espaços para a compreensão existencial sob vários ângulos da prática humana que dão real sentido à vida social e profissional.
Numa perspectiva mais ampla e comparativa, se o tecido social resulta dos diversos vetores individuais e coletivos, não é demais admitir que o vácuo ético – nas relações entre profissionais, organizações, fornecedores e consumidores – têm forte correlação com a fragilidade da ética pessoal, está hoje bem caracterizada pelo excessivo interesse do indivíduo por si próprio, pelo individualismo exacerbado, pelo narcisismo desmedido e pelo frágil sentido de solidariedade.
Com efeito, se as organizações são dirigidas por pessoas que assimilam não virtudes, e se estas pessoas moldam as crenças das organizações, na medida em que o homem despreza valores humanos, as organizações tendem a fazer o mesmo e a resvalar na moral e, às vezes, a abandonar a ética.
Reflexão
Escreveu Balzac, na França: "É natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se pode compreender e insuflar o que se inveja”. Ora, são as atitudes imorais e antiéticas que produzem esse sentimento tão mesquinho tendo como decorrências (calúnias, difamações, traições, resistências passivas, chantagens etc.).
O espírito humano é superador e busca, na essência, ações éticas para contrapor-se como remédio saneador dos males gerados, pois como já nos dizia a 2.500 a.C., Buda: “O bem se paga com o bem e o mal com a justiça”.
É preciso que todo profissional conheça seus direitos de imagem, no alcance dos direitos penais, uma vez que a presença de um patrimônio moral profissional, associado a um patrimônio social de classe, deve ter seus símbolos representativos preservados e respeitados. Mais que o indivíduo, existe a imaterialidade de seu conceito, sendo ético respeitar o nome profissional.
Quando decidimos falar sobre ética, estamos nos referindo à necessidade imperiosa de contextualizar no tempo e no espaço histórico todos os elementos filosóficos de maneira a podermos perceber, sob fragmentos, as condições dos problemas humanos.
Já existem autores que discordam da nomenclatura da ética, já que nenhuma profissão necessita de códigos de ética, mas de deveres e de direitos, ou seja, de um estatuto, com força de lei, com sanções para as profissões já devidamente reconhecidas. Qualquer forma de outorgar um código de ética, criando diferenças de classes, merece profundas reflexões.
3.15 Os códigos de ética profissional e suas regras deontológicas
É preciso discutir e refletir sobre o que temos sobre código de ética, moral, deontologia, etiqueta, código disciplinar, código de direitos e deveres e sanções, no âmbito dos direitos universais. Na formação profissional existem dois princípios fundamentais: o da eficácia e o da eficiência.
O primeiro exige que a formação seja feita tendo em vista um objetivo mensurável. O segundo que este seja atingido ao menor custo. Podemos ter um, uma formação eficaz, mas pouco eficiente, e vice-versa.
Segundo Edgar Morin: “A ética se manifesta em nós de maneira imperativa, como exigência moral”. Esse imperativo origina-se de três fontes interligadas entre si: uma fonte interior ao indivíduo que se manifesta como um dever; outra externa, constituída pela cultura, e que tem a ver com a regulação das regras coletivas; e, por fim, uma fonte anterior, originária da organização viva e transmitida geneticamente.
Edgar Morin diz que no mundo da globalização onde as relações desiguais sedimentam a natureza humana a existência de uma “ética da solidariedade” que rejeite todas as misérias, as desigualdades, a intolerância, as barbáries e fundamentalismo de toda ordem, daí, a necessidade de um princípio holístico que seja baseado numa totalidade simplificante.
Nossa preocupação encontra os filósofos modernos, defensores da filosofia analítica que afirmam que toda e qualquer manifestação moral é fundamentalmente forma de expressão emocional, sem nenhuma base racional. Sob essa reflexão, o mundo está cheio de pseudofilósofos que separam o “deve” do “ser”, distanciando qualquer fundamentação filosófica.
Sob esta ótica, como é possívelque seres humanos consigam concordar até de cultura para cultura quanto à variedade de princípios morais e legais? E, mais importante, como é possível que sistemas legais e morais evoluam, ao longo dos séculos, na ausência do próprio fundamento racional ou teológico que os filósofos modernos tão eficientemente estão destruindo.
É preciso refletir sobre a deontologia da ética profissional como uma ciência que estabelece normas diretoras das atividades profissionais sob o signo de retidão moral ou honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão.
Partindo do pressuposto de que toda atividade profissional é sujeita à norma moral, a deontologia profissional elabora sistematicamente os ideais e as normas que devem orientar a atividade profissional, devendo ter o seguinte esquema básico de conduta profissional:
· Na área da profissão, a deontologia interprofissional terá como norma fundamental – zelar, com sua competência profissional e honestidade, pelo bom nome ou reputação da profissão exercida. Sublinhamos competência e honestidade, pois a reputação da profissão não deve ser procurada por si mesma ou a qualquer preço, mas deve ser a consequência natural dos valores e princípios éticos dos membros de uma organização, no exercício das ações à luz do Direito Constitucional, comprometidos com o bem comum social segundo as atividades laborais que a profissão proporciona.
· Na área da ordem profissional, ou seja, na relação com seus pares e colegas de profissão, a norma fundamental será – culto de lealdade e solidariedade profissionais evitando críticas levianas, competição e concorrência desleal, sem descambar, naturalmente para o acobertamento de qualquer ação dos colegas, sem nunca ferir a verdade, a justiça ou a moral, fugindo de toda “máfia, de pactos de silêncio e de sociedades secretas”, pois não são necessárias.
· Na área da clientela profissional, composta por usuários dos serviços profissionais (verdadeiro coração da deontologia profissional), deverá haver três normas fundamentais – execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário. Sempre que o pedido seja moralmente lícito no plano objetivo, não vá contra o bem comum, contra terceiros ou contra o próprio solicitante.
Se, do ponto de vista técnico, o pedido é menos seguro, bom ou tem consequências não previstas pelo solicitante, deve o profissional esclarecer o cliente, mostrando-lhe as inconveniências existentes e os procedimentos para melhor execução. Após, pode deixar o cliente decidir e assumir toda a responsabilidade pelas consequências, exceto se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros.
A remuneração justa – nunca por motivo algum, deve ser excessiva. Nada impede que se prestem serviços a menor preço ou mesmo gratuitamente, em casos de necessidade financeira do usuário.
O segredo profissional – o que se vem a conhecer de íntimo e pessoal no exercício da profissão faz parte do que se denomina de segredo natural ou segredo confiado e só se pode usar para melhor prestação de serviço e não para outros fins, a não ser em casos de grave e urgente perigo para o cliente, para si, para terceiros ou para o bem comum.
Para qualquer profissão, é preciso aprofundar uma reflexão sobre o mundo da moral, dos atos humanos e o aspecto do bem ou do mal, de forma a avançarmos no mundo da moral que é objeto de estudo da ética e a refletirmos sobre os fundamentos, princípios, ideologias subjacentes, valores deontológicos, termos e conceitos atuais utilizados pela moral no mundo pós-moderno.
3.16 Códigos de ética
São símbolos ou signos de atitudes que preservam valores pessoais, coletivos e institucionais. Partindo-se do pressuposto maior de que profissão é o exercício habitual de uma tarefa a serviço de outras pessoas, segundo o caráter de especificidade nas distintas tarefas estabelecidas nos níveis de competências profissionais.
Como a prática busca relações e ambiências, é preciso conduta condizente com princípios éticos específicos. Faz-se necessário formar grupos de profissionais em atividades hegemônicas específicas. É preciso que haja um código de linguagem ética, que reflita os mesmos valores para cada realidade processante, seja perante o conhecimento seja no convívio com colegas, classe, sociedade, pátria e como fim universal, perante a própria humanidade como conceito de mundo.
Não há formação de conceitos profissionais com plena evidência a terceiros, das capacidades e virtudes de um ser humano no exercício habitual de suas tarefas, no nível da qualidade superior, se ele não percorrer o caminho das práticas de conduta também qualificadas e mensuradas em valores éticos.
Considerar a ética nas dimensões relativas significa caracterizar uma permanente reflexão e revisão, de maneira que cada vez mais possamos caminhar para um processo de generalizações, na medida em que caem fronteiras e são suprimidos as tradições e os costumes culturais.
Sabemos que ser ético é ser natural, estando as profissões a serviço do social, das células que as compõem, e do conjunto social indiscriminadamente. Ora, esse ideal de cooperação orgânica e social precisa de uma atmosfera moral competente. No entanto, nem sempre é observável em nossa época, pois o Estado como organização promovida pela sociedade oferece-nos exemplos contrários e contraditórios pelo exercício ineficaz do que são normas legais ao bem comum.
Estamos no 3º milênio, e os problemas se atropelam em todas as dimensões, esfacelando a moral das instituições de maneira que a civilização industrial, política e social vive na “UTI”, cuidando das sequelas históricas das corrupções e da apropriação da liberdade humana.
As contradições das histórias clássicas da humanidade, com o avanço do conhecimento e da tecnologia abrem verdadeiras lacunas diante da massificação dos problemas éticos.
Sob esse ângulo, novos rótulos de ideias antigas vão surgindo com uma proposta de resgate da ética do Estado. O eixo parametral da ética social e as aspirações de conduta humana para a prática do bem são formas de se buscarem novas relações.
Confundir a contribuição do sistema profissional com eixo parametral que encontra a filosofia das virtudes e da prática do bem é normalmente compulsório de exigências. No entanto, o sistema profissional deve e precisa estar de acordo com a lei e, sendo pertencente ao Estado que a manipula, muda sempre a “roupagem de ética para o baile das dominações” e muda tudo que deseja ser aceito como ético.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela ONU, em 1948, consagrou no plano mundial um conjunto de valores reputados de essenciais, não apenas para servirem de ideal à ação humana, mas também para definirem o enquadramento legal dentro dos quais os estados podem legislar, julgar e atuar.
Esses valores são assumidos como universais. Nesse sentido, apesar da diversidade de culturas e sociedades, as diferenças não podem ir contra esses valores. A Declaração serve não apenas para julgar os atos humanos (plano ético), mas também para avaliar e julgar a ação dos diferentes Estados em relação aos seus cidadãos, configurando também um modelo de uma sociedade global livre e democrática.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem a sua base voltada à dignidade humana, à liberdade, à igualdade e à fraternidade e desde o século XVI, a humanidade vem perseguindo esse fim maior.
O grande Filósofo E. Kant proclama a “pessoa humana como um valor absoluto” e, a partir desse momento, desenvolvem-se outros valores, normas e leis universais. A prova está consagrada na Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 1776, e na Assembleia Constituinte Francesa, de 1793, quando surge a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
A triste constatação é que no século XXI a humanidade está cada vez mais sob a autodestruição desses valores universais, mesmo diante da Declaração dos Direitos Universais do Homem pela ONU.
3.17 A ética e suas relações universais com o mundo do trabalho
Paradigmas da ética
É importante que não ocorram conflitos na tesede que, na conduta humana na aplicação dos preceitos éticos, não devemos negar nossa parcela de cooperação ao social, nem confundir o Estado com a sociedade e as ideologias do Governo com sentimentos individuais e nacionais.
É o direito que legitima o poder e este deve legitimar inúmeras situações de direitos que não venham jamais contrariar os princípios da ética. Não é possível confundir a obrigação ética com a obrigação legal imposta pelo poder instaurado como macrocélula social (Estado).
O nascimento do paradigma da ética é tarefa da humanidade, ou seja, de todos os sujeitos sistêmicos que traduzem a ciência ética e as ciências sociais sendo a permanente busca de modelos de conduta e felicidade em convivência humana, consagrada no respeito e na vitória do amor sobre todos os vícios, de maneira que sejamos o reflexo da nossa grandeza de alma, na pluralidade infinita de mundos.
A expressão profissional deriva da expressão primária “profissão”, que vem do latim profissione, do substantivo professio, que teve várias acepções no próprio latim, mas que ficou como “ação de fazer profissão de”.
Hoje, o conceito de profissão é trabalho, que se pratica com habitualidade a serviço de terceiros. É a prática constante de um ofício. No latim “offíciu” deriva de oficina, loja, fábrica, laboratório e escola, isto é, uma profissão, que vai proporcionar ao indivíduo ser útil à sua comunidade pela prática da solidariedade fazendo parte do tecido orgânico social.
A ética tem seu significado ao longo da História, sendo confundido com as expressões “mores” que no latim significa também hábito, costume e para nós, significa moral.
Para a Filosofia, não há diferenças até certos limites, pois, segundo os filósofos, a moral é uma ciência descritiva enquanto a ética é uma ciência normativa.
A moral somente é universal e totalitária, diz respeito ao que se é como homem. Mais do que conhecimentos teóricos, é preciso praticar a moral. A educação é um dos caminhos a serem percorridos, para viver bem e ter bons costumes. Não bastam boas intenções e bons desejos.
Deveres profissionais
Quando direcionamos nossas capacidades e níveis de competências para permitir um desempenho eficaz da profissão escolhida, estamos exercitando deveres éticos. A satisfação de quem recebe esses benefícios é o referencial das nossas atitudes que governam as ações do indivíduo perante o outro, ele próprio, a sociedade e o Estado.
O compromisso diante de um agregado de deveres éticos compatíveis com a tarefa profissional, precisa superar o “complexo de valores” pertinentes a cada profissão, até tornar-se um valor mais amplo da ética profissional universal.
O primeiro dever está na escolha da profissão seguida do conhecimento sobre ela para finalmente ser capaz de exercê-la dentro de uma prática plena de conduta cujos lastros de valoração profissional sejam os valores adotados pela classe, sociedade e pelo próprio indivíduo.
É preciso que o sujeito e sua profissão façam um “casamento” pleno de prazer e influxos de amor.
A escolha das tarefas deve ser a proveniência do dever a ser cumprido, visando à qualidade da execução, dentro de uma conduta valorosa e refletida por práticas úteis e cheias de usufrutos e benefícios. Aí, sim, ocorrerá o pleno dever ético.
A identificação prazerosa com as tarefas de um trabalho precisa de convicções da escolha e dos sentimentos envolvidos com a escolha autônoma, pois quando um aluno perguntou a Mozart: “O que devo compor mestre?” Ele respondeu: - “É preciso esperar”. A impaciência do aluno o fez retrucar, dizendo que o mestre já compunha desde os 5 anos, ao que o gênio da música lhe respondeu: “Mas eu nunca perguntei a ninguém o que deveria compor”.
O dever deve fluir como um sentimento que faz bem e não como algo que precisa ser cumprido a todo preço, para rapidamente se livrar do peso provocado pela falta de condições essenciais de opção. A consciência é que monitora as transgressões éticas que violentam a vontade humana e ela mesma é responsável pela corrupção que fragmenta o ser ao longo da vida.
Quem aceita tarefas sem ter a capacidade de exercê-las, é condenável como prática antiética em função dos prejuízos que pode vir a causar a terceiros, desde que anteriormente seu juízo os tenha identificado. Essa infração ética precisa ser superada pelo dever profissional de buscar conhecimentos e competências necessários para a execução de tarefas desafiadoras. Não reconhecer que uma decisão faz a grande diferença diante das possíveis consequências, já significa uma premissa antiética.
Como profissional deve-se permanentemente refletir sobre a condição humana para se reconhecer permanentemente aprendizado com os outros identificando situações em que o exigível não é executável. Ainda, o profissional tem o dever de conhecer e aprimorar-se no exercício da sua prática profissional como também produzir avaliações sobre os níveis de competências emocionais, profissionais, intelectuais e cognitivas necessárias para que o exigível seja algo natural e sem traumas.
Encontrar-se com os sentimentos que nutrem o dever ético profissional é buscar a consciência necessária para dominar o conhecimento, ter posse relativa do saber, percepção integral do objeto de trabalho e traçar seus objetivos voltados à qualidade ou eficácia das tarefas.
Não se deve esquecer os limites do cumprimento dos deveres e das condições pelas quais o dever da ética fica comprometido pelas circunstâncias alheias à vontade humana, permitindo que forças externas se sobreponham. Os “achismos do quase bom” ou das intenções por negligência, que levam a aceitar o “menos mau” não podem ser justificativa para o trabalho ineficaz.
O alcance da plenitude ética é decorrente do êxito profissional e do caminho percorrido pela prática valorosa e virtuosa em interação humana, social e institucional, interagindo com suas competências intrapessoais voltadas para o êxtase das realizações e aos sentimentos do dever cumprido.
É dessa matriz que surgem o zelo e a busca constantes da excelência que faz o grande encontro com os sentimentos de lealdade com aquele que é beneficiado. Cada virtude identifica uma capacidade desejável ou uma habilidade necessária que enseja deveres a cumprir, sempre de acordo com a natureza de uma determinada tarefa, normalmente normalizada no interesse de grupos profissionais.
A qualidade do desempenho das tarefas vai identificar uma relação entre o caráter do profissional e o exercício de sua profissão.
Qualquer profissão, dentro das doutrinas morais ou da ética, requer uma visão holística de mundo onde o microssocial interage com o macrossocial e em todas as relações imagináveis do indivíduo. Ainda, é através da profissão exercida que se consegue a liberdade do processo de dominação ou nos instalamos através dela, podendo chegar até o absolutismo ostensivo ou à ditadura.
Pela profissão exercida, abrem-se as dimensões dos “saberes das conveniências isoladas”, de grupos ou ambiências ligadas às causas e efeitos humanos próprios, capazes de construir sucessos ou fracassos nas múltiplas relações interpessoais e intrapessoais geradas no tempo e espaço e que, permanentemente exigem reflexões de conduta ética.
Reflexão
As infinitas formas de variáveis no campo das ambiências tornam complexas as condutas humanas no contexto profissional. Quanto mais impessoal for o processo de decisão, mais facilmente vivenciaremos uma conduta antiética, caso não venham existir rigidez de normas que obriguem uma prática da virtude.
Ora, a perda de sua importância social, dentro de uma organização de trabalho, abre espaços para a perda gradual dos valores éticos na mesma proporcionalidade em que vai enfraquecendo a sua vontade.
Se soubermos que ela está vinculada aos compromissos humanos, logo, perdida a vontade, não há lugar para duas formas de éticas: a do indivíduo e a do todo.
O exemplo simples seria comparar expressões como: a ética dos viciados em drogas com a ética dos traficantes. O direito do assaltado com o direito do assaltante [...].
O ideal é não confundir regrascom ética, pois, no mínimo, estaríamos negando a doutrina que busca a verdadeira conduta para o bem e a verdade e, demais valores humanos.
3.18 Competências éticas
Princípios que, quando analisados sob o ângulo da funcionalidade, significam o exercício do conhecimento adquirido e aplicado de forma adequada e pertinente à execução de uma tarefa, baseada sempre no domínio das habilidades no exercício da profissão.
Quando vista sob o aspecto potencial, no campo das virtudes básicas, é o conhecimento acumulado por uma pessoa, de forma a ser suficiente para desempenhar de maneira eficaz uma tarefa. Como esse aspecto possui uma natureza estática, torna-se ético quando há a garantia do indivíduo quanto à sua capacidade profissional, pois acumula a consciência da aceitação.
Qualquer profissional precisa de humildade, para evidenciar que a crítica não faz negação às verdades alheias, que inteligência e bom senso sempre serão fatores distributivos na humanidade. A ética permite confirmar o reconhecimento de que, a cada instante surge um conhecimento novo.
Nada pode ser mais lesivo à ética do que afirmarmos não ser verdadeiro que a ausência de competências interpessoais e intrapessoais no exercício profissional e o mau uso desta para o mal, não transgridem compromissos éticos profissionais, além de ferir a premissa maior do bem, que significa não fazer nada que prejudique a terceiros.
Uma tarefa profissional concluída, continua refletida pelos signos dos valores atribuídos a ela, seja pela história do profissional quanto pelas suas responsabilidades jurídicas a ela imposta, seja no âmbito da orientação dos valores éticos agregados, quanto na garantia da ausência da omissão profissional.
A ética profissional produz barreiras às próprias lesões, pois o valor humano não é resultado de subtrações a terceiros. É decorrência única da própria conduta e de seus próprios pensamentos.
A lei do “olho por olho, dente por dente” somente é válida em transplantes de órgãos. A filosofia da “remuneração” do bem, pela aplicação da justiça contra o mal é o único caminho pelo qual será possível obter forças para vencer a impunidade contra o vício que estimula toda a ação humana viciosa.
Ser austero e simples conclama respeito e entendimento. A altivez não se mistura com o pedantismo. No entanto, é necessária para o traçado das linhas da dignidade e respeitabilidade profissionais. Essa postura ética afasta a vulgaridade e as distorções de entendimentos, evitando a imputação de infrações éticas do reflexo coletivo.
A cada momento, a disciplina ética profissional permitirá resgatar inúmeras reflexões da história até a contemporânea de nossas vidas, estando ela permanentemente sendo transformada no seu conteúdo, permitindo que avancemos sempre no tempo e espaço, pois a vida consiste precisamente na liberdade que sempre se insere na necessidade de buscar, utilizando-se do conhecimento para encontrar benefícios. Nessa metodologia, essa subunidade não acabará jamais.
No princípio contábil, valor é expressão de grandeza patrimonial. No entanto, valor é uma expressão filosófica de um aspecto de aferição sobre o que se elege, escolhe ou atribui uma preferência. Caso se transforme em dever, vira uma acepção ética.
O valor deve ser desejável como norma e critério de juízo e da vontade inteligente na acepção moderna da vontade ética.
É preciso deixar de buscar a ética apenas como uma indagação, mas buscar o conhecimento da conduta humana como prioridade e objeto de estudo, pois “conduta é a ação mental variável observável e sujeita às avaliações”.
A ciência hoje já aceita a ideia filosófica da associação do metafísico com o físico, de maneira que o extra lógico já se encontra com o pensamento lógico. Como a ciência ética tem saberes cósmicos, logo, existe porque é necessária e não porque é obrigatória.
A ética científica não depende de opinião isolada do pensador. Depende do rigor e da racionalidade de sua forma acadêmica, desde que possa pressupor que as ocorrências dos fenômenos éticos possam estar na universalidade da existência humana.
A ciência em todas as hipóteses, hoje nega o determinismo de que o ser humano já nasce bom ou mau e que são as percepções e a vontade humanas que orientam e motivam o processo educacional e de convivência. Ora, influências no plano dos excessos e fanatismos, quando adquirem características normativas produzem instabilidades e lesões na estrutura moral em formação do “EU”.
Sabemos que a conduta humana é observável e registro da vontade que vem da consciência, então ela também está ligada às doutrinas mentais e espirituais, reguladoras das virtudes. Daí ser fundamental o estímulo à ética através da educação em todas as fases da vida.
A formação ética precisa de ambiência sadia, virtuosa, inspiradora de consciência livre na prática do bem, pois uma educação pode formar paradigmas e opiniões boas e ruins.
A filosofia contemporânea considera que a consciência ética é a relação íntima do homem consigo mesmo onde o “ego” (eu) se conecta com as energias espirituais que sustentam a vida do homem. Somos o nosso tribunal comandado segundo os psicanalistas pelo nosso “superego” dentro da estrutura pela qual é formada a nossa “psique”, dividida em: inconsciente, pré-consciente, censura e consciência.
A consciência ética agrega o “ego” e o “superego”, sendo um estado decorrente de mente e espírito, aceitação e julgamentos próprios. Ela é o que dizem ser o “disponível” que garante o cumprimento de nossas obrigações. Logo, é preciso ter um fundo de reserva de consciência ética formada de maneira a qualquer momento ser possível ativá-la, se necessário.
A prática do amor começa pelo “espírito (eu), (a consciência) e complementa-se pelo amor ao semelhante, ao grupo, à sociedade, às classes”. Nessa ordem não existem espaços para subjetividade. A transcendência desses valores está dentro de nós e de nosso cérebro, no plano espiritual e, embora não possa ser provado ainda, não pode ser negado pela ciência.
Estudar a consciência ética é tema vasto dentro de um grande vazio ou de um universo não explorado, em função das infinitas variáveis entre o ideal, o real, o eu, o ético e a consciência, fato de a mente se renovar infinitas vezes, incluindo e excluindo valores, decorrentes da aceitação e da negação diante das inúmeras circunstâncias ambientais.
A ética ou a conduta humana em seu sentido pleno e mais profundo é não causar malefícios a si mesmo e aos seus semelhantes. Se a virtude for praticada através de atos morais e essenciais, ela vai refletir a própria qualidade de vida do homem. Logo, não poderia ser jamais algo abstrato.
O caráter pressupõe ser a semente do bem, da liberdade, do amor e das suas formas negativas. No campo da ética, é um agregado de qualidades morais e intelectuais que cada indivíduo possui, formando uma energia positiva que solidificam atitudes e ações, caracterizando-se perante o que é perfeito. Por isso um homem “bom caráter” somente nasce em um ser virtuoso.
Você se acha um bom caráter?
Somente a educação pode aperfeiçoar a individualidade humana, o seu caráter e, se estiver nos eixos das virtudes e pelo exercício da vontade humana, ele será ético em todos os campos da conduta qualificando-se cada vez mais entre os homens.
Quando você sente o “dever ético” ou “dever moral” há imposição dos sentimentos que já existem em cumprir o que é certo e útil. É a sensibilidade que encontra a vontade e os valores universais que está estruturado no espírito, sendo o imperativo natural nos seres bem formados.
Se praticarmos as virtudes e cumprirmos os deveres éticos, serão apenas propósitos da vida e não podem restringir-se a apenas obrigações compulsórias, por atos sociais e nem por ambiências. Deve sim, serem realizadas ações éticas profissionais que impulsionadas pela vontade do dever cumprido, possam se consagrar como algo absolutamente natural, intuitivo fluindo naturalmente sem imposições ou por exigências normativas.
A racionalidade da ética deve nos oferecer condições de negação e nunca de doação, poiso bem pode ter faces de relatividade, de maneira que a consciência ética necessite de autonomia e de caráter, capazes de emergir do racional e do sensível.
Se o indivíduo já tem o caráter formado sob a gênese da ética, apenas a sua vontade conduz sua ação, sendo ela pura e reflexa. Caso as normas e os usos sejam estabelecidos, o seu cérebro reage de forma natural, segundo a qualidade da educação ética recebida.
Existe uma diferença entre o instinto ético e a conduta ética, que é a disposição natural, biológica de autoconservação, pela prática de uma ação, e essa conduta vai depender da ambiência social em que estiver.
Como estão seus pensamentos quanto a sua profissão e quanto a sua forma de vida social? O pensamento é livre e axiomático (não preciso provar), logo, quando se fala em pensamento ético, condiciona-se a uma liberdade geral, traduzido em sacrifícios de opiniões pessoais, sendo relativa em benefício próprio.
No entanto, ao se questionar uma ética normativa já ultrapassada, não está se contestando a ética em si, mas o que ela representa de normativo, pois “A liberdade não é um privilégio que se funda apenas entre o ser e a realidade, mas também entre o critério eleito e a vontade ética”.
A inteligência emocional sendo um exercício de razão em face da formação da consciência ética, precisa apenas coordenar o sentimental para trazer os benefícios para a conduta humana diante das emoções. Ela tem uma concepção voltada para intermediar o instinto com a razão, sendo subjetivo, vindo das emoções. Logo, o importante é harmonizar a razão e os sentimentos para uma conduta ética eficaz. Por isso é necessário o domínio emocional que estrutura a consciência ética.
Você reclama das motivações que são necessárias para servir de um complemento relevante na disciplina emocional e como o emocional age sobre o ético, sendo inquestionável, ou seja, axiomático que a motivação influencia diretamente sobre a ética humana.
Daí, a afirmativa de que o homem somente alcança seu sentido humano mais amplo quando adquire uma postura ética superior, harmonizada e em equilíbrio entre razão, emoção e os demais atributos do espírito humano.
O sentimento social é um imperativo para que o homem possa construir sua parte na sociedade dentro dos princípios éticos de maneira que nessa construção, esse sentimento interage plenamente com valores benéficos e esforços humanos, variáveis de acordo com seu alcance em face da comunidade em que vive.
A ética humana carrega atributos de qualidade onde o ser integral tem, como fim maior, ser instrumento do bem comum, sempre refletida na atitude virtuosa.
A necessidade de existir instrumentos reguladores em diversos campos da conduta humana, tem seu imperativo de existência justificado em códigos de ética profissional, porque somente nesse sentido, é possível existir uma forma de contrato formal e racional, sem que a identidade humana seja agredida.
Códigos de ética devem ter suas bases filosóficas sólidas cujos atributos ao bem comum não possam ter vínculos com os desvios do preconceito e do puritanismo inconsequente.
O sucesso do princípio universal da conduta humana nos infinitos exercícios éticos que fortalecem o espírito, somente chegará quando tivermos crença em nós mesmos, na reciprocidade dos bons sentimentos e, finalmente, se amamos o que somos e o que fazemos, seja no plano do racional ou nos eixos que norteiam as forças da metamoral, ou seja, uma doutrina que se situa além da moral, transcendental formada pelo nosso pensamento reflexivo para o bem ou o mal.
Mas o que temos visto são transgressões dos princípios éticos e suas insubordinações, o que significa que estão na relação direta e ainda da ignorância humana, vivendo práticas de “quebra de ética” pelas quais serão menores na medida em que o indivíduo faz investimentos na sua formação educacional e no fortalecimento da fé institucional, visando sempre à retidão dos homens que compõem os tribunais de ética.
Dizem que numa cidade apareceu um circo e que entre os seus artistas havia um palhaço com o poder de divertir as pessoas da plateia. O riso era tão bom, tão profundo e natural que se tornou terapêutico. Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crônicas eram indicados pelo médico do lugar para que assistissem ao tal artista que possuía o dom de eliminar as angústias.
Um dia, porém, um morador desconhecido, tomado de profunda depressão, procurou o doutor. O médico então, sem relutar, indicou o circo como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos do ser. O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direção à porta e, quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: “Não posso procurar o circo. Aí está o meu problema: eu sou o palhaço”.
Como professor, vejo que, às vezes, sou esse palhaço, alguém que trabalhou para construir os outros e não vê resultados, muito claro daquilo que faz. Tenho a impressão de que ensino no vazio (e sei que não estou só nesse sentimento) porque, depois de formados, encontro alguns poucos meus ex-alunos dando a impressão que se acostumaram rapidamente com aquele mundo de iniquidades que combatemos juntos.
Parece que quando alguns desses ex-alunos(as) entram no mercado de trabalho, a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando quem vai pagar a conta e nem se alguém vai ser lesado no processo.
Aprenderam rindo, mas não querem passar o riso à frente e nem se comovem com o choro alheio. Digo isso, até em tom de desabafo, porque vejo que cada dia mais, pessoas se gabam de desonestidades.
Os que passam os outros para trás são heróis; os que protestam são otários, idiotas ou excluídos: é uma total inversão dos valores! Vejo que alguns professores partilham dessas mesmas ideias e as defendem em sala de aula, mas na sala de professores se vangloriam disso. Essa ideia vem me assustando cada vez mais, desde que repreendi, numa conversa com os alunos, o comportamento do cantor Zeca Pagodinho no episódio da guerra das cervejas, e quase todos disseram que o cantor estava certo.
Tontos foram os que confiaram nele. “O importante, professor, é que o cara embolsou milhões”, disse-me um; outro: “Daqui a pouco ninguém lembra mais, no Brasil é assim, e ele vai continuar sendo o Zeca, só que um pouco mais rico”.
Todos se entreolharam e riram. Somente eu, bobo que sou, fiquei sem graça. O pior é quando a gente se dá conta de que, no Brasil, é assim mesmo, o que vale é a lei de Gérson: “O importante é levar vantagem em tudo” (Lei de Gérson... dá para rir). A pergunta é: “É possível, pela lógica, que todo mundo ganhe? Para alguém ganhar é óbvio que alguém tem de perder”.
A lógica é guardar o troco recebido a mais no caixa do supermercado; é enrolar a aula fingindo que a matéria está sendo dada; é fingir que a apostila está aberta na matéria dada, mas usá-la como apoio enquanto se joga forca, batalha naval ou jogo da velha; é cortar a fila do cinema ou da entrada do show; é dizer que leu o livro, quando ficou só no resumo ou na conversa com quem leu.
Minha saudosa ética é quando percebemos que é mais fácil marcar só o gabarito na prova em branco, copiado do vizinho e alegando que fez as contas de cabeça; é comprar na feira uma dúzia de quinze laranjas; é bater num carro parado e sair rapidamente antes que alguém perceba; é brigar para baixar o preço mínimo das refeições nos restaurantes universitários para sobrar mais dinheiro para a cerveja da tarde; é arrancar as páginas ou escrever nos livros das bibliotecas públicas; é arrancar placas de trânsito e colocá-las de enfeite no quarto.
Quando encontro alunos formados dizendo que foi mais fácil trocar o voto por empregos, pares de sapato ou cestas básicas é fraudar propaganda política mostrando realizações que nunca foram feitas. É a lógica da perpetuação da burrice. Quando um país perde, todo mundo perde.
E não adianta pensar que logo bateremos no fundo do poço, porque o poço não tem fundo. Parafraseando Schopenhauer: “Não há nada tãodesgraçado na vida da gente que ainda não possa ficar pior”. Se todos os desonestos brasileiros voassem, nós nunca veríamos o sol. Felizmente há os descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que querem manter o sol aceso, brilhando e no alto.
A luz é e sempre foi metáfora da inteligência. No entanto, de nada adianta o conhecimento sem o caráter. Que nas escolas seja tão importante ensinar Literatura, Matemática ou História quanto decência, senso de coletividade, coleguismo e respeito por si e pelos outros. Acho que o mundo (e, sobretudo, o Brasil) precisa mais de gente honesta do que de literatos, historiadores ou matemáticos.
Ou o Brasil encontra e defende esses valores e abomina Zecas, Gérsons, Dirceus, Dudas, Lulas e, todos os marketeiros que chamam “desonestidades flagrantes” de “espertezas técnicas”, ou o Brasil passa de país do futuro para país do só furo. De um Presidente da República, espera-se mais do que choro e condecoração a garis honestos, espera-se honestidade em forma de trabalho e transparência.
De professores, espera-se mais que discurso de bons modos, espera-se que mereçam o salário que ganham (pouco ou muito), agindo como quem é honesto, espera-se a ética da responsabilidade. A honestidade não precisa de propaganda, nem de homenagens, precisa de exemplos. Quem plantar joio, jamais colherá trigo. Quando reflexões assim são feitas, cada um de nós se sente o palhaço perdido no palco das ilusões.
Nesse sentido, você, que agora lê, reflete e sente, perceba que ninguém está sozinho no mundo, e não pode viver em sociedade, carregando um grande vazio, um senhor “buraco negro”.
Não esqueça: a disciplina de Ética Profissional significa apenas uma semente que depende de terra fértil humana e de cuidados para crescer junto com todos nós, humanidade. Porque tudo que aqui foi refletido não pertence a esse Professor e nem vai pertencer a vocês de forma individual. É a ética da humanidade.
Recordo-me de uma passagem muito feliz: “Um dia, um sábio perguntou a um professor o que ele estava fazendo. Ele respondeu: Estou trabalhando. A outro professor, fazendo a mesma pergunta, recebeu como resposta: Estou ganhando dinheiro. Finalmente, ele encontrou um Professor que lhe disse: Estou aprendendo um pouco mais do que ensino e ensinando alguém a construir comigo uma sociedade melhor”.
A característica principal da inteligência intrapessoal desse tipo de inteligência é a facilidade de quem a possui em compreender e identificar as suas próprias emoções e em lidar com elas de forma adequada às várias situações e aos seus objetivos pessoais.
A inteligência intrapessoal desempenha um papel importante no processo de escolhas para atingir objetivos quando temos consciência de nossas fragilidades pessoais, o que implica a necessidade de reflexão e de autoavaliação.
A inteligência intrapessoal é essencial para o exercício de diversas profissões. Os investigadores, os psicólogos, os filósofos, os autores e os atletas de alta competição são alguns dos profissionais que precisam refletir sobre essa habilidade nas relações humanas.
Os profissionais devem buscar essa habilidade pessoal cuja conexão com a própria consciência, permite dominarem seus sentimentos desenvolvendo a capacidade de reconhecer seus limites explorando suas experiências positivas ou negativas e tornando suas relações interpessoais cada vez mais fortes e harmônicas.
Segundo as obras que falam sobre o médico Austríaco no século XIX, Sigmund Freud, a maioria afirma ele sugerir que o homem não tinha controle nem mesmo de seus pensamentos e que frequentemente agimos em desacordo com nossa racionalidade. Sob essa reflexão fica a sugestão de pensarmos sobre as possibilidades de nosso inconsciente necessitar ser dominado seguindo a afirmativa de Stourt (1953, p. 49), quando afirma ser "A consciência é a janela do nosso espírito, o mal é a cortina”.
A inteligência intrapessoal é o correlativo interno da inteligência interpessoal e que devemos utilizá-la para resolver nossos problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprias. A capacidade para formular uma imagem precisa de si própria, e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguísticas, musicais e políticas.
No entanto, para reconhecer a existência da inteligência intrapessoal, inúmeros autores da Psicogênese do Comportamento Humano são unânimes em propor uma teoria que postula a existência de múltiplas inteligências, em oposição aos defensores da inteligência única. Daí, a necessidade de uma definição geral para inteligência, definições particulares para cada tipo de inteligência e, finalmente, critérios para validar a existência e argumentos em defesa de cada uma das inteligências propostas.
Autores como Howard Gardner, na sua teoria das Múltiplas Inteligências quanto Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a inteligência emocional em cinco áreas de habilidades:
1. Autoconhecimento emocional – reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre.
2. Controle emocional – habilidade de lidar com seus próprios sentimentos, adequando-os para a situação.
3. Automotivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.
As três primeiras se referem à inteligência intrapessoal. As duas últimas, à inteligência interpessoal, que é a habilidade de entender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. A inteligência intrapessoal: é a mesma habilidade, só que voltada para si mesmo. É a capacidade de formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva e construtiva. O ser humano consegue ter a capacidade de relacionamento consigo mesmo e autoconhecimento, além da habilidade de administrar seus sentimentos e suas emoções a favor de seu potencial de relacionamentos interpessoais, concluímos que ele alcançou a inteligência da autoestima.
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