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A historiografia 
sobre o Brasil 
colonial: 
debates e 
controvérsias 
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ESTUDOS DIRIGIDOS 
HISTÓRIA DO BRASIL I 
 
PROF. THIAGO DIAS 
 
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Leitura mediadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise de Fontes 
 
12/04/13 Folha de S.Paulo - A culpa é nossa - 13/02/2006
www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1302200605.htm 1/3
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São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006 
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A culpa é nossa
João Fragoso, historiador da UFRJ,
ataca "xiitas" da USP e defende sua
tese de que a responsabilidade pelo
"atraso" do país não pode ser
creditada a razões externas
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL 
Nunca 500 anos trouxeram tantas mudanças quanto na última
década. O responsável pela façanha temporal é João Fragoso,
48, autor da mais recente e inovadora interpretação sobre o
Brasil, que questiona clássicos como Celso Furtado e Fernando
Novais e modifica a compreensão de cinco séculos de história.
Fragoso tornou-se em dezembro professor titular da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro) e, no mesmo mês, dois
alunos seus -Maria Fernanda Vieira Martins e Tiago Luís Gil-
receberam o primeiro e o segundo lugares do mais prestigioso
prêmio de história do país, conferido pelo Arquivo Nacional.
Sujeito de trato pessoal tímido e voz baixa, avesso a entrevistas,
ele questiona a corrente tradicional que vê a história da
sociedade brasileira ditada desde o período colonial pela lógica
econômica dos países centrais. Sua tese, inicialmente ignorada
fora do Rio, tornou-se hegemônica na academia fluminense e
vem provocando crescentes debates no país.
Na entrevista a seguir, o historiador ataca seus principais
opositores. Um grupo de professores, segundo ele "xiitas", da
USP, que seria o último reduto das "teorias da dependência, no
sentido amplo". "O Brasil e talvez a Venezuela são os únicos
lugares onde ainda se leva isso a sério."
Ao defender que os caminhos que o país tomou desde pelo
menos o século 18 dependem fundamentalmente de escolhas
feitas pela elite local, Fragoso deriva conseqüências éticas de sua
tese. "O destino é nosso. É a sociedade com todos os seus
grupos, sem livrar a cara de ninguém. O mais pobre dos pobres,
o mais operário dos operários."
 
Folha - Há anacronismo nas idéias da tradição de
http://click.uol.com.br/?rf=barraparceiro&u=http://www.uol.com.br/
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/inde1302.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/indices/inde13022006.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1302200604.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1302200606.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/inde13022006.htm
12/04/13 Folha de S.Paulo - A culpa é nossa - 13/02/2006
www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1302200605.htm 2/3
Folha - Há anacronismo nas idéias da tradição de
interpretação do Brasil que o sr. vem contestando desde o
início dos anos 90, entre elas a mais recente, de Fernando
Novais?
Fragoso - Tenho que declarar que tenho o maior respeito pelo
Novais. Nosso tratamento sempre foi extremamente cordial.
Temos divergências -mas a academia é o local das divergências.
Mais radicais que o Novais são seus seguidores atuais, que eu
chamo de xiitas. Que querem sublinhar alguma coisa que nos
anos 60 já havia sido descartada, as teorias da dependência, no
sentido amplo. Aqui e talvez a Venezuela são os únicos lugares
no mundo em que ainda se leva a sério isso. Você tem aí um
ranço que é da Guerra Fria.
Isso é uma coisa. A outra é que ainda se acredita que as pessoas
são criaturas de um modo de produção -ou das estruturas. Você
tem o capitalismo, e as pessoas se comportam conforme essa
estrutura. Ele é gestado, conseqüentemente as pessoas têm que
ter um comportamento pertinente àquilo que o capitalismo algum
dia será. As pessoas são tratadas como marionetes.
Com isso, obviamente, não estou descaracterizando a existência
de um reino, de um centro de poder. Mas você tem negociações.
Você tem tensão.
Se você entende anacronismo desse modo, como a teimosia da
teoria da dependência e das estruturas, aí sim.
Folha - Você considera que a USP é xiita?
Fragoso - Classificar a USP como xiita seria injustiça. Mas, com
certeza, você tem um segmento da USP que continua a tomar
partido dessas idéias. Se você perguntar para eles, vai ouvir que
eu sou revisionista, "o grande traidor da causa marxista, dos
povos oprimidos" ou algo que o valha. Está no momento de nos
desarmarmos e discutirmos mais.
Folha - Essa resistência vem desde a publicação da sua
tese?
Fragoso - No início, havia uma resistência, mas em grande
medida a política era de não levar em conta. "Não existe." Hoje
em dia, quando as idéias ganharam embasamento empírico cada
vez mais contundente, vem a geração dos xiitas -e aí é uma
baixaria danada.
Folha - Os srs. são chamados de quê? Conservadores?
Fragoso - Sim. A coisa que eu mais escuto é me compararem
com alguma literatura salazarista.
Folha - Falou em império, o pessoal pensa em Salazar?
Fragoso - Sim. O grande império português, aquela coisa do
Salazar. Nos acusam de estarmos eliminando toda e qualquer
contradição. Não levaríamos em conta duas contradições
fundamentais: colônia x metrópole e senhores x escravos. É o
discurso marxista -olha, sou marxista, mas para tudo há limites.
Esses senhores da terra [proprietários rurais no Brasil] tinham
que ter legitimidade social, tinham que ter apoio da sociedade, e
esse apoio vinha principalmente dos escravos. Se eles achassem
que esses senhores não eram de nada, acabou. Não seriam mais
senhores.
12/04/13 Folha de S.Paulo - A culpa é nossa - 13/02/2006
www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1302200605.htm 3/3
Da mesma forma que há negociação desses senhores com
Lisboa, há uma tensa e rica negociação entre escravos e seus
senhores. Ao ponto de seu braço armado ser formado por
cativos, por escravos armados. Dão armas a escravos. Por quê?
Porque, como esses senhores têm projetos, os escravos também
têm.
Folha - A escravidão não pode ser fundada só na
violência?
Fragoso - Exato. Eles recebiam alguma coisa em troca. Eram
reconhecidos alguns direitos costumeiros, como por exemplo a
possibilidade de terem famílias, terras, de terem acesso a
maquinarias de beneficiamento. Isso lhes dá poder, e é fruto
dessa negociação. Se por um lado servem, ou lutam ao lado de
seus senhores, por outro recebem alguma coisa.
Se fosse apenas conflito, esse país seria um barril de pólvora e
explodiria. O Brasil tem 500 anos, dos quais 300 com
escravidão.
Folha - Do mesmo jeito que não explode hoje em dia,
porque os pobres também negociam?
Fragoso - Pois é. Esses miseráveis e pobres, de alguma maneira,
dão legitimidade a essa sociedade. É necessário que os mais
pobres dos pobres de alguma maneira compartilhem desse
projeto. Porque senão seria insustentável. Essa abstração que é a
sociedade tem que ser compartilhada pordiferentes grupos
sociais.
Folha - É correto ver uma dimensão ética nessa idéia de
não empurrar a responsabilidade pelo suposto "atraso"
brasileiro para as metrópoles européias?
Fragoso - Com certeza. Repetindo a frase de minha velha
professora Maria Yedda Linhares, ainda na Guerra Fria: "O
Brasil se tornou independente em 1822. Depois disso, é falta de
vergonha". Estendendo um pouquinho para trás... Ou seja, o
destino é nosso. É a sociedade com todos os seus grupos, sem
livrar a cara de ninguém. O mais pobre dos pobres, o mais
operário dos operários. Os mais humildes compartilham dessa
abstração chamada sociedade brasileira. Com todas as suas
contradições e desigualdade de renda. Não estou dizendo que
todo mundo cante a mesma música, mas sim que algumas coisas
básicas, em algum grau, são compartilhadas. Porque senão essa
bodega não funcionava.
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