Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

DOI: 10.4025/actascihealthsci.v32i1.4475 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
A dependência pela prática de exercícios físicos e o uso de recursos 
ergogênicos 
José Luiz Lopes Vieira1, Priscila Garcia Marques da Rocha2* e Ricardo Aparecido 
Ferrarezzi1 
1Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná, Brasil. 2Curso de Educação Física, 
Faculdade Ingá, Av. Colombo, 9727, Km 130, 87070-810, Maringá, Paraná, Brasil. *Autor para correspondência. 
E-mail: pgmrocha@uol.com.br 
RESUMO. Objetivou-se Investigar a ocorrência de dependência por exercícios físicos quanto às 
características de praticantes de musculação e ginástica em academias, como uso de recursos 
ergogênicos, sexo e índice de massa corporal. Participaram do estudo 80 sujeitos (27,12 ± 6,60 
anos), praticantes de ginástica e/ou musculação em academias, de ambos os sexos. Utilizou-se a 
Escala de Dependência por Exercícios Físicos, a listagem do tipo de suplemento alimentar 
utilizado como recurso ergogênico e o Índice de Massa Corporal – IMC (Kg/cm²). A análise 
estatística foi realizada por meio da correlação de Spearman e o teste de Wilcoxon (p < 0,05). Os 
resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significativa entre a 
dependência pela prática de exercícios físicos para homens (5,14 ± 1,28) e mulheres (5,60 ± 
1,45). O índice de massa corporal também não apresentou correlação estatisticamente 
significativa com os escores de dependência. No entanto, os homens dependentes apresentaram 
alta prevalência de uso de recursos ergogênicos (63,63%, p = 0,01) enquanto que para as 
mulheres dependentes, não houve resultados estatisticamente significantes. Concluiu-se que o 
índice de massa corporal não apresentou relação estatisticamente significativa com a presença de 
dependência por exercícios físicos. No entanto, mesmo com o IMC normal, o uso de recursos 
ergogênicos esteve presente em alta prevalência entre os homens dependentes. Em face disto, há 
evidências de que a dependência por exercícios físicos é um fator de risco para o desenvolvimento 
de distúrbios emocionais relacionados ao exercício físico, como dismorfia muscular e vigorexia. 
Palavras-chave: dependência, exercícios, índice de massa corporal. 
ABSTRACT. Physical exercise dependence and the use of ergogenic resources. The 
aim of this study is to investigate the occurrence of physical exercise dependence in regards to the 
characteristics of participants in weight training and exercises at gyms, such as the use of 
ergogenic resources, gender and body mass index. Eighty subjects (27.12 ± 6.60 years) from both 
genders took part in the study, all of whom practiced gymnastics and/or weight training in gyms. 
The study utilized the Exercise Dependence Scale, a check list of the kinds of nutritional 
supplementation used as ergogenic resources, and the Body Mass Index – BMI (Kg cm-²). 
Statistical analysis was performed using Spearman's correlation and the Wilcoxon test (p < 0.05). 
The results showed that there was no statistically significant difference between physical exercise 
dependence in men (5.14 ± 1.28) and women (5.60 ± 1.45). The body mass index did not show 
statistically significant correlation with the scores of dependency, either. However, dependent 
men showed high prevalence of use of ergogenic resources (63.63%, p = 0.01), while for 
dependent women there were no statistically significant results. The body mass index does not 
relate to the scores of exercise dependence. However, even with a normal BMI, the use of 
ergogenic resources presents high prevalence among dependent men. As a result, there is 
evidence that physical exercise dependence is a risk factor for the development of emotional 
disturbances related to exercise, such as muscle dysmorphia and overtraining. 
Key words: dependence, exercise, body mass index. 
Introdução 
O exercício físico regular tem sido recomendado 
para a população geral por importantes entidades 
médicas, incluindo o Centro de Controle e 
Prevenção de Doenças (CDC) e o Colégio 
Americano de Medicina do Esporte (ACSM), como 
meio de prevenção e tratamento de doenças crônico-
degenerativas (PATE et al., 1995; ACSM, 1998) e de 
ordem psiquiátrica (PELUSO; ANDRADE, 2005; 
VIEIRA et al., 2007). 
No entanto, de acordo com Hughes (1984), a 
prática excessiva de exercícios físicos tem 
36 Vieira et al. 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
preocupado pesquisadores pelo fato de hipotetizar o 
desencadeamento de transtornos compulsivos. 
Existem estudos, como os de Morgan (1985), Pierce 
et al. (1993), Rosa et al. (2003) e Antunes et al. 
(2006), que investigaram a dependência pela prática 
de exercícios físicos em atletas. No entanto, não há 
muitos estudos realizados no Brasil para se 
identificar o perfil de dependência por exercícios 
físicos na população não-atleta. 
Na população não-atleta, a prática excessiva de 
exercícios físicos pode estar associada a uma 
preocupação exacerbada com a imagem corporal 
(GREENSPAN et al., 1991; BAMBER et al., 
2000). Os estudos realizados apontam a anorexia e 
a vigorexia (YATES et al., 1983; DAVIS; FOX, 
1993) ou os processos aditivos (WEST, 2001; 
WISE; BOZARTH, 1987) na prática exagerada de 
exercícios físicos. Porém, a dependência pela 
prática destes parece ser fator de risco para o 
desencadeamento de transtornos alimentares ou 
obsessivos-compulsivos (DE COVERLY VEALE, 
1987; ROSA et al., 2003). 
Pelo fato de as desordens alimentares 
incidirem frequentemente com o perfil de 
dependência pela prática de exercícios físicos, os 
termos “dependência primária” e “dependência 
secundária” são utilizados para se diferenciar a 
prática excessiva como uma patologia 
independente (primária) de um perfil associado à 
desordem alimentar (secundária) (DE COVERLY 
VEALE, 1987; BAMBER et al., 2000). 
A “dependência primária” possui um caráter da 
prática de exercícios físicos encerrada em si 
mesma, ou seja, a motivação intrínseca é 
responsável pela presença indispensável do 
exercício físico na vida diária, e um rendimento 
melhor da performance física é meta para esses 
sujeitos (HAGAN; HAUSENBLAS, 2003). Na 
“dependência secundária”, o exercício físico 
apresenta-se como um suporte importante na 
manutenção do peso corporal, que, em casos 
extremos, desencadeiam anorexia e bulimia 
nervosa para o sexo feminino e a vigorexia, para o 
sexo masculino, com uso excessivo de recursos 
ergogênicos (DE COVERLY VEALE, 1987). 
Desta maneira, este estudo se propôs a 
investigar a ocorrência de dependência por 
exercícios físicos quanto às características de 
praticantes de musculação e ginástica em 
academias, como uso de recursos ergogênicos, 
sexo e índice de massa corporal. 
Material e métodos 
Participantes 
Foram credenciados para o estudo 80 praticantes 
de exercícios físicos regulares, selecionados 
aleatoriamente dentre 150 praticantes dos mesmos 
que atenderam os critérios propostos para esta 
pesquisa, de sete academias de ginástica e 
musculação. Os critérios para participação do estudo 
foram: tempo de prática ininterrupta de exercícios 
físicos regulares há pelo menos 12 meses, a idade 
entre 21 e 35 anos e a frequência às sessões de 
exercício de no mínimo três sessões semanais. A 
Tabela 1 apresenta as características dos participantes 
deste estudo: 
Tabela 1. Característica dos praticantes de exercícios físicos de 
academias de ginástica e musculação participantes deste estudo 
(n = 80). 
 Masculino 
(n = 53) 
Feminino 
(n = 27) 
Geral 
(n = 80) 
 M sd M sd M sd 
Idade 26,20 ± 6,49 28,92 ± 6,56 27,12 ± 6,60 
Índice de Massa 
Corporal (kg cm-2) 23,30* ± 4,03 21,59* ± 2,47 22,72* ± 3,66 
Tempo de Prática 
de Exercícios 
Físicos (meses) 
37,01 ± 39,89 39,40 ± 45,03 37,82 ± 41,43 
* Índice de massa corporal considerado normal (Organização Mundial da Saúde). 
Os participantes da pesquisa foram esclarecidos 
dos objetivos deste estudoe assinaram o termo de 
consentimento livre e esclarecido como requisito de 
concordância em ser sujeito da amostra. Esta 
pesquisa obteve aprovação prévia pelo Comitê de 
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da 
Universidade Estadual de Maringá. 
Procedimentos e instrumentos de medida 
Para verificação da existência de dependência 
pela prática de exercícios físicos utilizou-se a Escala 
de Dependência em Exercícios Físicos, com boa 
consistência interna (α = 0,86). A Escala de 
Dependência de Exercício Físico (HAILEY; 
BAILEY, 1982 apud ROSA et al, 2003) é um 
questionário auto-aplicável, que possui 13 questões 
que descrevem desde a frequência de sessões de 
exercício físico praticado semanalmente, as 
sensações da prática e de quando não há prática de 
exercícios até as relações intra e interpressoais 
pertinentes ao ambiente do exercício físico. Quando 
a pontuação alcançada é igual ou maior a quatro 
pontos, o sujeito apresenta perfil de dependente de 
exercícios físicos. 
Coleta de dados 
Os sujeitos foram abordados, no local da prática de 
exercícios físicos, e, em um primeiro momento, os 
Dependência e recursos ergogênicos 37 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
participantes atenderam a Escala de Dependência de 
Exercícios Físicos e uma anamnese, constando as 
informações referentes ao tempo de prática de 
exercícios, quantas sessões semanais e informações 
sobre o uso de recursos ergogênicos. A Coleta de dados 
foi realizada em academias de musculação e ginástica, 
no segundo semestre de 2007, por pesquisadores 
credenciados no grupo de pesquisa pró-esporte, 
vinculados ao CNPq e certificados pela Instituição. 
Tratamento dos dados 
Os dados estão apresentados por meio da 
estatística descritiva (média, desvio-padrão e 
frequência). Em face de os dados não atenderem os 
padrões de normalidade, após aplicação do teste 
kolmogorov-smirnov, utilizaram-se testes não-
paramétricos. Para constatação das relações entre os 
dados, utilizou-se a correlação de Spearman para 
idade, escore de dependência por exercícios físicos e 
índice de massa corporal. O Teste de Wilcoxon foi 
utilizado para se verificar diferenças estatisticamente 
significativas entre os grupos feminino e masculino 
para níveis de dependência por exercícios físicos e o 
Anova, para se comparar os grupos: feminino e 
masculino, dependentes por exercícios físicos e não-
dependentes; utilização de recursos ergogênicos e a 
não- utilização destes. Como nível de significância 
estatisticamente relevante, adotou-se p < 0,05. 
Resultados 
Os resultados estão organizados da seguinte 
forma: primeiramente será apresentado o perfil de 
dependência dos praticantes de exercícios físicos de 
academias, de ambos os sexos. Em seguida, será 
demonstrada a relação entre o índice de massa 
corporal e o perfil de dependência. Na conclusão da 
sessão de resultados serão apresentados o perfil de 
dependência e a incidência do uso de recursos 
ergogênicos. 
A Tabela 2 apresenta o perfil de dependência pela 
prática de exercícios físicos em praticantes de ginástica 
e/ou musculação. Não houve diferença estatisticamente 
significativa para o perfil de dependentes entre homens e 
mulheres (♂ 5,14±1,28; ♀ 5,60±1,45; p = 0,524), assim 
como para os não-dependentes (♂ 1,74±1,03; ♀ 
2,42±0,67; p = 0,167). Foram encontradas diferenças 
estatisticamente significativas entre dependência e não-
dependência para o mesmo sexo nos homens (♂ não-
dependente: 1,74±1,03; dependente: 5,14±1,28; **p = 
0,001) e nas mulheres (♀ não-dependente: 2,42±0,67; 
dependente: 5,60±1,45; **p = 0,001). 
Tabela 2. Descrição do perfil de dependência por exercícios 
físicos em praticantes de exercícios físicos de academias de 
musculação e ginástica (n = 80) de ambos os sexos. 
Dependência por 
exercícios físicos 
Masculino Feminino 
 M sd f % M sd f % 
Dependentes 5,14 ± 1,28 22 41,51 5,60 ± 1,45 15 55,55 
Não-dependentes 1,74 ± 1,03ª** 31 58,49 2,42 ± 0,67 b** 12 44,45 
** p < 0,01. ªDiferenças estatisticamente significativas para comparação entre 
dependência e não-dependência para o sexo masculino. bDiferenças estatisticamente 
significativas para comparação entre dependência e não-dependência para o sexo 
feminino. 
A correlação entre o índice de massa corporal, a 
idade e os escores de dependência pela prática de 
exercícios físicos para o sexo masculino e para o sexo 
feminino está apresentada nas Tabelas 3, 4, 5 e 6, 
respectivamente. É possível verificar que em 
nenhum dos casos houve correlação estatisticamente 
significativa, embora, tanto para os dependentes por 
exercícios físicos quanto para os não-dependentes, 
independente do gênero, o índice de massa corporal 
tenha apresentado correlação negativa com os 
escores de dependência por exercícios, que seria 
indício qualitativo de que, quanto menor é o índice 
de massa corporal, maior a chance de se ocorrer o 
perfil de dependente por exercícios, sendo também o 
inverso verdadeiro. 
Tabela 3. Correlação entre idade, índice de massa corporal e 
escores de dependência dos praticantes de musculação/ginástica 
dependentes por exercícios físicos do sexo masculino. 
Praticantes Dependentes pela Prática de Exercícios Físicos (n = 22) 
 Escores de 
Dependência 
Índice de Massa 
Corporal 
Idade 0,478 0,316 
Índice de Massa Corporal - 0,116 
Tabela 4. Correlação entre idade, índice de massa corporal e 
escores de dependência dos praticantes de musculação/ginástica 
não-dependentes por exercícios físicos do sexo masculino. 
Praticantes Não-Dependentes pela Prática de Exercícios Físicos (n = 33) 
 Escores de 
Dependência 
Índice de Massa 
Corporal 
Idade 0,186 0,352 
Índice de Massa Corporal - 0,210 
Tabela 5. Correlação entre idade, índice de massa corporal e 
escores de dependência dos praticantes de musculação/ginástica 
não-dependentes por exercícios físicos do sexo feminino. 
Praticantes Dependentes pela Prática de Exercícios Físicos (n = 12) 
 Escores de 
Dependência 
Índice de Massa 
Corporal 
Idade 0,187 0,143 
Índice de Massa Corporal - 0,061 
Tabela 6. Correlação entre idade, índice de massa corporal e 
escores de dependência dos praticantes de musculação/ginástica 
dependentes por exercícios físicos do sexo feminino. 
Praticantes Não-Dependentes pela Prática de Exercícios Físicos (n = 14 ) 
 Escores de 
Dependência 
Índice de Massa 
Corporal 
Idade 0,045 0,183 
Índice de Massa Corporal - 0,079 
38 Vieira et al. 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
A Figura 1 apresenta a frequência da utilização de 
recursos ergogênicos para ambos os sexos, para o 
perfil de dependência pela prática de exercícios 
físicos e os praticantes de ginástica e/ou musculação 
que não apresentaram o perfil dependente. 
 
Figura 1. Comparação entre os praticantes dependentes pela 
prática de exercícios físicos do sexo feminino (n = 15) e do 
masculino (22) e os praticantes não-dependentes mulheres (n = 
12) e homens (n = 22) quanto ao uso de recursos ergogênicos 
(**p < 0,01). 
Dentre os dependentes pela prática de exercícios 
físicos (♀n = 15 e ♂n = 22), assim como entre os 
não-dependentes (♀n = 12 e ♂n= 31), houve 
divergências quanto ao uso de recursos ergogênicos. 
Para o sexo feminino, 20% das dependentes (n = 3) 
e 16,66% das não-dependentes pela prática de 
exercícios físicos (n = 2) faziam uso de recursos 
ergogênicos, especificamente maltodextrina e 
complementos proteicos. Entre os homens, 63,63% 
(n = 14) dos dependentes e 25,81% (n = 12) dos 
não-dependentes pela prática de exercícios físicos 
faziam uso de recursos ergogênicos como 
maltodextrina e complementos proteicos com base 
em aminoácidos como BCAA, creatina e albumina. 
Foi criada uma classificação ordinal para se 
categorizar o uso de suplementos nutricionais como 
recursos ergogênicos para a análise de variância para 
se possibilitar a análise de possíveis existências de 
diferenças estatisticamente significativas entre 
dependentes e não-dependentespor exercícios 
físicos do sexo feminino e do masculino, que 
utilizam recursos ergogênicos e os que não os 
utilizam. Quando a utilização destes recursos foi 
positiva (o praticante admitiu o uso de 
suplementos), atribuiu-se “1” e, quando negativa, (o 
praticante negou usar suplementos), atribuiu-se “2”. 
A partir disto, compararam-se todos os grupos 
(feminino e masculino; dependentes e não-
dependentes; que utilizam recursos ergogênicos e 
que não os utilizam) e verificou-se diferença 
estatisticamente significativa para o grupo de 
homens dependentes por exercícios físicos que usam 
recursos ergogênicos (n = 14, **p = 0,001). 
Discussão 
Embora a dependência por exercícios físicos seja 
classificada pelo CID-10 por características comuns 
a outros tipos de dependência, como um forte desejo 
ou compulsão pelo objeto de desejo ou estado de 
abstinência fisiológica e psicológica na ausência da 
substância ou prática de alguma atividade, a sua 
definição e o seu diagnóstico são extremamente 
difíceis (JOHNSON, 1996; RUDY; ESTOK, 1989; 
MORGAN, 1985). 
Estudos como o de Morgan (1979) e o De 
Coverly Veale (1987) discutem a dependência pela 
prática de exercícios físicos como um 
comportamento observável em qualquer outro tipo 
de dependência com explicações fisiológicas 
(CARLSON, 2002) e psicológicas (CHAPMAN; 
DECASTRO, 1990), com caráter de diagnóstico 
psiquiátrico. Outros estudiosos como Lyons e 
Cromey (1989) e Yates et al. (1983) fomentam suas 
conclusões com o excesso de exercícios físicos 
relativos a transtornos alimentares como a anorexia. 
Neste estudo, a maioria de dependentes por 
exercícios físicos foi encontrada no sexo feminino, 
embora não tenha havido diferenças estatisticamente 
significativas entre os sexos, o que corrobora com 
estudo de Antunes et al. (2006). No entanto, quando 
se verificou o uso de recursos ergogênicos, os 
homens dependentes obtiveram a maior prevalência 
de consumo (63,63%), quando comparados aos 
homens não-dependentes e às mulheres 
dependentes e não-dependentes pela prática de 
exercícios físicos. 
Além de a prática excessiva de exercícios ser 
considerada uma dependência, pode ser classificada 
ainda, em suas características clínicas, como um 
transtorno obsessivo compulsivo (DAVIS et al., 
1994; YATES et al., 1983). Hagan e Hausenblas 
(2003) apontam que, na dependência secundária pela 
prática de exercícios físicos, é evidente a co-
existência de transtornos alimentares, havendo 
motivação extrínseca pela prática de exercícios com o 
intuito de se controlar ou se alterar o peso corporal. 
A idade dos dependentes também demonstrou 
um fato relevante a ser discutido, embora não tenha 
havido correlação estatisticamente significativa 
quanto à idade para os participantes deste estudo. A 
prevalência do perfil de dependência por exercícios 
físicos apresentou-se concentrada nos praticantes 
dos mesmos com idade acima de 24 anos. A este 
fato, é possível argumentar sob duas possibilidades. 
A primeira é que, quando ocorre acúmulo de 
responsabilidades no trabalho ou o início de carreira 
profissional, responsabilidade com a família, com 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Dependentes Não Dependentes Dependentes Não Dependentes
P
or
ce
nt
ag
em
 (
%
)
Utilizam recursos Ergogênicos
Não utilizam recursos ergogênicos
 
 Feminino Masculino 
Dependência e recursos ergogênicos 39 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
filhos, ou com outros compromissos que os 
indivíduos adquirem conforme a maturidade e as 
plenas funções cognitivas se reforçam, pode acarretar 
a necessidade de fontes de prazer que servem para 
aliviar o estresse físico e mental e que, em condições 
extremas, desencadeiam quadros de dependência por 
exercícios físicos (McKINLEY; RANDA, 2005; 
ANTUNES et al., 2006). A segunda possibilidade é 
que, com o avanço da idade, ocorra preocupação 
demasiada com a imagem corporal, quando a 
tentativa de se anular os efeitos que a idade 
cronológica e os hábitos de vida adquiridos têm 
sobre a aparência física, acarretando o perfil de 
dependência por exercícios físicos (DIONNE; 
DAVIS, 2004; SWAMI; TOVEÉ, 2007). 
O índice de massa corporal (IMC) é um 
indicativo da proporção do peso corporal em virtude 
da altura do indivíduo. Quando o IMC está baixo 
(abaixo de 18 kg cm-²) ou alto (acima de 25 kg cm-²), 
o sujeito deve se preocupar com os problemas na 
saúde que o baixo peso ou o sobrepeso podem 
causar. No entanto, na população estudada nesta 
presente pesquisa, o IMC apresentou-se na faixa de 
normalidade. Este fato, embora positivo para 
protocolos de saúde pública, é preocupante para os 
praticantes de exercícios físicos com dependência 
dos mesmos estudados, uma vez que os homens, 
mesmo apresentando IMC satisfatório, fazem uso de 
suplementos nutricionais para ganho de massa 
muscular. Em face disto, de acordo com Levine e 
Piran (2004), nota-se que a preocupação excessiva 
com a imagem corporal pode causar 
comportamentos equivocados quanto ao volume de 
exercícios físicos e, somada a isto, a utilização de 
recursos egorgênicos a fim de se obter músculos 
hipertrofiados a qualquer custo. Este 
comportamento pode apresentar-se como fator de 
risco quanto ao aparecimento de transtornos 
obsessivos-compulsivos e/ou alimentares 
(BUHLMANN et al., 2007). 
A preocupação com a imagem corporal, antes 
considerada exclusiva do universo feminino, apresenta 
crescente ascensão entre os homens. De acordo com 
Pope et al. (2000), os grupos de praticantes de 
exercícios físicos que usam recursos ergogênicos 
possuem uma excessiva preocupação com a aparência 
física. No caso dos homens, há incessante procura em 
se aumentar a massa muscular. Em casos patológicos, 
homens muito fortes se acham fracos, sentem-se 
coagidos em apresentar o peito nu em público e 
normalmente têm dificuldades de relacionamento 
(VENANCIO et al., 2004). 
Estudo de Hausenblas e Downs (2002) 
demonstrou que, em geral, as mulheres apresentam 
maiores escores de dependência pela prática de 
exercícios físicos do que os homens, o que corrobora 
com os resultados encontrados neste estudo. No 
entanto, nestes resultados,, constatou-se que as 
mulheres dependentes não usam recursos 
ergogênicos tanto quanto os homens dependentes. 
Neste caso, as mulheres não usam suplementos 
alimentares na tentativa da manutenção do baixo 
peso corpóreo (THOME; ESPELAGE, 2004). No 
entanto, neste estudo, as mulheres não foram 
questionadas sobre o uso de diuréticos e laxantes, 
característico de sintomas de anorexia e bulimia 
nervosa (KAYE et al., 2004; VARDAR et al., 2007). 
Entre os homens dependentes, pela incidência de 
uso de recursos ergogênicos, há evidências de que a 
dependência de exercícios físicos relativa ao uso de 
suplementos desencadeia um grupo de risco para o 
desenvolvimento da síndrome de Adônis ou 
dismorfia muscular, que é a visão distorcida do perfil 
muscular autopercebido e a vigorexia (POPE et al., 
2000). No entanto, todos os homens negaram uso 
de esteroides anabolizantes. 
Quanto ao desejo de um corpo forte entre os 
homens, de acordo com McKinley e Randa (2005), 
além da dismorfia muscular, outros dois perfis de 
homens podem fazer uso de recursos ergogênicos: as 
pessoas que sofreram violência na infância e que, ao 
praticar exercícios excessivamente e usar 
suplementos, estariam fortes o suficiente para se 
defender e grupos de adolescentes que buscam a 
aceitação social. 
Embora este estudo tenha apresentado resultados 
interessantes, existem limitações metodológicas 
quanto ao real diagnóstico de uso de medicamentos, 
além de suplementos, na busca de um corpo 
perfeito, tanto para homens quanto para mulheres. 
Pesquisas futuras são necessárias para se investigar o 
uso desses medicamentos aliados a testes de 
percepção da imagem corporal e distúrbios 
alimentares para que o ambiente do fitness seja 
compreendido e transformado em um ambiente 
psicológica e fisicamente saudável.Conclusão 
O perfil de dependência pela prática de exercícios 
físicos foi equivalente entre o sexo feminino e o 
masculino; no entanto, o uso de recursos 
ergogênicos foi mais evidente entre os homens 
dependentes. Tendo em vista que o índice de massa 
corporal apresentou-se dentro da faixa normal para a 
maior parte dos participantes deste estudo, o uso de 
recursos ergogênicos, aliado ao perfil de 
dependência por exercícios físicos, pode ser indício 
40 Vieira et al. 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
de risco para o desenvolvimento de transtornos 
obsessivos compulsivos como dismorfia muscular e 
vigorexia. 
Referências 
ACSM-American College of Sports Medicine. Position 
stand: the recommended quantify and quality of exercise 
for developing and maintaining cardiorespiratory and 
muscular fitness, and flexibility in healthy adults. 
Medicine Science of Sports and Exercise, v. 30, n. 6, 
p. 975-991, 1998. 
ANTUNES, H. K. M.; ANDERSEN, M. L.; TUFIK, S.; 
MELLO, M. T. O estresse físico e a dependência de 
exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do 
Esporte, v. 12, n. 5, p. 234-238, 2006. 
BAMBER, D.; COCKERILL, I. M.; CARROL, D. The 
pathological status of exercise dependence. British Journal 
of Sports Medicine, v. 34, n. 2, p. 125-132, 2000. 
BUHLMANN, U.; COOK, L. M.; FAMA, J. M.; 
WILHEM, S. Perceived teasing experiences in body 
dysmorphic disorder. Body Image, v. 4, n. 4, p. 381-385, 
2007. 
CARLSON, N. R. Fisiologia do comportamento. 
Barueri: Manole, 2002. 
CHAPMAN, C. L.; DECASTRO, J. M. Running addiction: 
measurement and associated psychological characteristics. 
Jounal of Psychology, v. 30, n. 3, p. 125-128, 1990. 
DAVIS, C.; FOX, J. Excessive exercise and weight 
preoccupation in women. Addict Behavour, v. 18, n. 2, 
p. 201-211, 1993. 
DAVIS, C.; KENNEDY, S. H.; RALEVSKI, E.; 
DIONNE, M. The role of physical activity in 
development and maintenance of eating disorders. 
Psychological Medicine, v. 24, n. 4, p. 957-967, 1994. 
DE COVERLY VEALE, D. M. W. Exercise dependence. 
British Journal of Addict, v. 82, n. 1, p. 735-740, 1987. 
DIONNE, M. M.; DAVIS, C. Body image variability the 
influence of body-composition information and 
neuroticism on young women's body dissatisfaction. 
Body Image, v. 1, n. 1, p. 335-349, 2004. 
GREENSPAN, M.; FITZSIMMONS, P.; BIDDLE, S. 
Aspects of psychology in sports medicine. British Journal of 
Sports Medicine, v. 25, n. 4, p. 178-180, 1991. 
HAGAN, A. L.; HAUSENBLAS, H. The relation 
between exercise dependence symptoms and 
perfectionism. American Journal of Health Studies, 
v. 18, n. 2-3, p. 133-137, 2003. 
HAUSENBLAS, H. A.; DOWNS, D. S. Relationship 
among sex, imagery, and exercise dependence symptoms. 
Psychology of Addictive Behaviors, v. 16, n. 2, p. 169-
172, 2002. 
HUGHES, J. R. Psychological effects of habitual aerobic 
exercise: a critical review. Preventive Medicine, v. 13, 
n.1, p. 66-68, 1984. 
JOHNSON, R. Exercise dependence: when runners 
don´t know when to quit. Sports Medicine and 
Arthroscopy Review, v. 3, n. 4, p. 267-273, 1996. 
KAYE, W. H.; BULIK, C. M.; THORNTON, L.; 
BARBARICH, N.; MASTERS, B. S. Comorbidity of 
Anxiety disorders with Anorexia and Bulimia Nervosa. 
American Journal of Psychiatry, v. 163, n. 2, p. 2215-
2221, 2004. 
LEVINE, M. P.; PIRAN, N. The role of body image in 
the prevention of eating disorders. Body Image, v. 1, n. 1, 
p. 57-70, 2004. 
LYONS, H. A.; CROMEY, R. Case report: compulsive 
jogging: exercise dependence and associated disorders of eating. 
Ulster Medical Journal, v. 58, n. 1, p. 100-102, 1989. 
McKINLEY, N. M.; RANDA, L. N. Adult attachment 
and body satisfaction An exploration of general and 
specific relationship differences. Body Image, v. 2, n. 1, 
p. 209-218, 2005. 
MORGAN, W. P. Negative addiction in runners. 
Physician Sports Medicine, v. 7, n. 2, p. 56-63, 1979. 
MORGAN, W. P. Affective beneficence of vigorous 
physical activity. Medine of Science of Sports and 
Exercise, v. 17, n. 1, p. 94-100, 1985. 
PATE, R. R.; PRATT, M.; BLAIR, S. N.; HASKELL, W. 
L.; MACERA, C. A.; BOUCHARD, C. Physical activity 
and public health: a recommendation from the Centers 
for Disease Control and Prevention and the American 
College of Sports Medicine. JAMA, v. 273, n. 5, 
p. 420-427, 1995. 
PELUSO, M. A. M.; ANDRADE, A. H. S. G. Physical 
activity and mental health: the association between 
exercise and mood. Clinics, v. 60, n. 1, p. 61-70, 2005. 
PIERCE, E. F.; McGOWAN, R. W.; LYNN, T. D. 
Exercise dependence in relation to competitive orientation 
of runners. Jounal of Sports Medicine and Physical 
Fitness, v. 32, n. 2, p. 189-193, 1993. 
POPE, H.; PHILIPS, A. K.; OLIVARDIA, R. O 
complexo de Adônis: a obsessão masculina pelo corpo. 
Rio de Janeiro: Campus, 2000. 
RUDY, E. B.; ESTOK, P. J. Measurement and significance 
of negative addiction in runners. Western Journal of 
Nursing Research, n. 11, n. 5, p. 548-558, 1989. 
ROSA, D. A.; MELLO, M. T.; SOUZA-FORMIGONI, 
M. L. O. Dependência da prática de exercícios físicos: 
estudo com maratonistas brasileiros. Revista Brasileira 
de Medicina do Esporte, v. 9, n. 1, p. 9-14, 2003. 
SWAMI, V.; TOVEÉ, M. J. Adult attachment and body 
satisfaction An exploration of general and specific 
relationship differences. Body Image, v. 4, n. 219, p. 391-
396, 2007. 
THOME, J.; ESPELAGE, D. L. Relations among exercise, 
coping, disordered eating and psychological health among college 
students. Eating Behaviors, v. 5, n. 4, p. 337-351, 2004. 
VARDAR, E.; VARDAR, S. A.; KURT, C. Anxiety of 
young female athletes with disordered eating behaviors. 
Eating Behaviors, v. 8, n. 2, p. 143-147, 2007. 
VENANCIO, P. D.; TUFIK, S.; MELLO, M. T. 
Esteróides Anabolizantes e Exercício Físico. In: MELLO, 
M. T.; TUFIK, S. (Org.). Atividade Física, exercício 
físico e aspectos psicobiológicos. Niterói: Guanabara 
Koogan, 2004. 
Dependência e recursos ergogênicos 41 
Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 32, n. 1, p. 35-41, 2010 
VIEIRA, J. L. L.; PORCU, M.; ROCHA, P. G. M. A 
prática de exercícios físicos como terapia complementar 
ao tratamento de mulheres com depressão. Jornal 
Brasileiro de Psiquiatria, v. 56, n. 1, p. 23-28, 
2007. 
WEST, R. Theories of addiction. Addiction, v. 96, n. 1, 
p. 3-13, 2001. 
WISE, R. A.; BOZARTH, M. A. A psychomotor 
stimulant theory of addiction. Psychological Review, 
v. 94, n. 4, p. 469-492, 1987. 
YATES, A.; LEEHEY, K.; SHISSLAK, C. M. Running: an 
analogue of anorexia? The New England Journal of 
Medicine, v. 308, n. 5, p. 308-520, 1983. 
 
 
Received on July 17, 2008. 
Accepted on March 20, 2009. 
 
 
License information: This is an open-access article distributed under the terms of the 
Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, 
and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Mais conteúdos dessa disciplina